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Leda Bisol i (0RG) Ponti Universidade Catt do Rio Grade do Sul oot INTRODUGAO A ESTUDOS ace DE FONOLOGIA DO PORTUGUES BRASILEIRO edo eto ampiads bila Ninumndes p> fou /ay06 Se Ponto Alegre eepiruces = i: 198 2 to 1994 ego: 20; ee: 208 Capa os eran Fagnies de Azevedo Proprio digits: Bric Saha de Leos, esi: davai Revd ence: Liane Zana Sacie tora: Sl toga Ingress octamer ren EPECE dos neato de Calan Pubic (CP) Tot tnougo a sao de esog do pap eae “Gil seh nt ow camphor pe EDIPUCRS os 260. ISON s-rasa0.4 | Porapus Bri Fenlogi LBs Lad coo 46s ‘cha Casas lator peo Sor de rosa Foie de HCPUCRS souces ang 468 = Pri sual 129 613.00" PORTO ALEGRE RS ‘mast FONE (1) 3990952 Ramat 1825 ‘mal tive omnia! ay ly ‘SUMARIO PREFACIO, 1 INTRODUCAO A TEORIA FONOLGaICA. 1M Comsidragies prelininares:oosogie onda 12 Modelos tics - 12.1 Medeo linear de Choma 21.1 A tena peace aspects ges 12.12 O component fonaigio da gandiea, ves de reprvemagia 1213 Trager ditastos 1.2131 Oconto de wos do modo de Chomsky Hale 12132 A relevinca dos tags disinvos 12.133 Algumasevsds ds prostatic 1214 Chases eatris : 12.15 Tragos disumivos versus wap teddies 12.16 Regrsfoolotces 12.7 Ordemmentderegis 1.22. Moseos afta, 122.1 Fooologia Atop 123.11 Geomtn de gos 1221111 Jusueativa de urs 132112 Neder. 122.113 Neletingea 122.114 Nécavidade on 122.115 Né ponoe de connor 122.116 Névociice 122117 Né pons de veal 122.18 Noabertra 1.22.12 Tipos de segmentos 132.13 Prnpion bios, 1.222 Fonolgie Mets. Bxeriios f 6 AS CONSOANTES DO PORTUGUES VALERIA N. 0, MONARETTO: LAURA ROSANE QUEDNAU® DERMEVAL DA HORA" Neste capitulo, serio analisadas as eonsoantes do portugues se- ‘undo a vist estuuralista de Cimara Ir. (1953, 1984, 1985) g tivst de Loper (1979) ea notinear de diferentes autres (0 SISTEMA CONSONANTAL DO PORTUGUES: Na visio estruturalista de Camara J. ‘A consoante, segundo Camara (1953, 1984, 1985), 6 0 elemen- tw que se combina com a voga silbica para formar a silaha. Manes {2 diferengas articulaériae de acordo com & posiglo que ocupa na pilava: pré-voedliea ntrvoclica eps-vodlica "Na posigde pré-rocilica, ocore ma fs incial de desobstruyso| 6a passagem do ar Na posgio ps-vcdlica, a abertura da boca, pro- ‘vocada pela aticulago da vogal, se reduz ou se anula para produzi a onsoate, As inervocilicas,separando duas slabs, presenta una aniculagio enfaguecida, propiciando o apareimento de alofones posicionais das nio-itervedlicas, que slo mals fortes, no inicio ou fo meio de voedbulo, eCeraontee a Peruguts 207 Na posgdointervocdics,contexto mais favorivel so aparecimen to de consoantes, existem 19 tipos com oposiaessignificativa, div 4idas,fonologicamente, em labiais, anteriores & posteioes, como mosta © quadro absino: (1) Consoantesintervociticas ‘10 AP ld 1 i 1 (ara 1985, 50) [Na posgio nfo.ntervocdlic,faltam cera consoants, como 0! brando € ein palais, devido & newalizagdo das oposigdes entre ‘sorte brando, entre liquide dental e palatal e ene nasal dental € plata. A liquda e a nasal palais so raras em posieo ical e 35. sparecem em empréstimos (Ihamu:lam, nhatanata). 14 as vibrantes Ssomente se opbem em posi intervocdlica(erefee, eae). Em grupo consondnticopré-ecdlico, como segunda consoante, 56 aparecem lateraise vibranes anteriores, eriando-e contases como Auiriur, por exemple. esse modo, na posi pré-voelica, © quadro das consoantes passa aser: (2) Consoantes présvocslicas Em CV; quadro (1) exeeto/e,/./ 6 ‘Como segunda eonsoanteem CCV: 38/1/€/tf Na posigao ps-vocilica, 0 quaro (1) tambim se red, Permane- em a Hguida nfo-paatalizada / (mal, balde) como uma varantc posterior por alofonia posiional velar ou voralizada (1 ] ou [wh (bar, carta) velar [x], uvular [R] ou faringeo (has frcativa 1), 2), a/ea naa, As quatro fisativasnio-absis,siblanes ou ciantes,conforme 0 “al aca 7 7 isa i 210. nado 2 Eousce Feo do Porupts Bia * | ° . A partie desse quadro, Lopez (1979, p. 114) tece consideragdes ‘speciis em relagio is eonsoantes em final de siaba: Vn € 2. Em posgdo de final deslaa, realizado no portuguéseariocs ‘como a frcativa velar [x]. Segundo autora, esse € um exemplo de telescopa, pois um r tap ou lap apical tomou-se una vibrant, uma vibrante apical tomou-se una vibrant uvular, ¢ uma vibeante uvlar tomnou-se uma fiativa uvulr,e, por fim, uma Vear. Os estigis in- termodirios so preservados em outros daletos do portuguts, mas 0 ‘portugués carioa tem somente a duas formas extrema, Lopez (1979, p. 115) afirma, ainda, que as consoantes fins, bem ‘como as vogais Finis, esto, opcionalmente, seitasa sind. Antes de uma palavra qve comece or uma vogal, fr érelizado eomo um fap pica, como, por exemplo[ma'razue]. Por outro ldo, o tem fin de silabe ou de palavra esti iseno da regra geral de asimilagio de onoridade consoate-consoante~ no hi [x], sto €, a correspondente sonora *{ "ma verd3i ‘A nasalidade voclica também & uma queso bastante diseutids, ‘rineipalmente no que se refere& represenago subjacent (ef. 6.1.) Segundo Loper (1979, p. 116), hums altenca enre a nasalidade finale © (n] consonantalintervoclice: e . Por outro lado, hi vestigos da pescaga de uma consoante nasil antes de conso- antes continuds © ndo-continuas: e , ~ , Sim ~ sfnar>, “os Todavia, admitindose que a neutralizagio predomine em posigdo -vorilice, podemos, apoiados em Ciara Jr, fazer seguinte Osis consonanisl do ports reall plemameate mo nu ex reduces cotins cro seein ato anne vant) em agus deta, [an] em otros asl sbespeciicada que io de aru a vibrant, coma vara que lhe peculiar ue end ase sobstiuis plo elie oserie Na visao autossegmental; ‘consoante simples, complexa e de contorno As umidades bisicas para representagies fonoldgicas tém sido oncebidas, desde Trubetzkoy e fakobson até a teora gertiva, em termos de tragos, que so membros deur conjunto de eaegoras que formam os sons fala ou os segmentosfonoligicos das inguass A erin dos irgos se mnie pore ome expla pre mits ‘8 Fonologia Autossegmental prope que os ragos sjam uniddes independentes, dispostos em camadis superordensdas, Nesse cami, no, Clemens (1985, 1989, 1991) desenvoive uma tcoia sobre a ‘organizagdo dos tagos em unidades funcional expresas em nos de clas, denominadapeomaria de tragon, ja apreciada pine capitu, 212 mtg a Eesor do onl o Pots Base eS, J (s segmentes, de acordo com a sua geometria de tapos, podem 6 ser, conforme Clements e Hume (1995, p. 251), simples, se 0 nb de rai Tor caraeterizado por um nico tagoarticulador; comps, s© 0 1 deta for earacterizado, no minim, por dois tacos artculaeres, formando um segmento com consrgdes simultness, ede contorno, ‘quando dois nds de riz, em uma inca posigdo no esgueleto vere hierarquas de diferentes tapos (ver capitulo 1) [No portugués, as consoantes, na sua aio, slo segments sim ples, exceto as oclisivaspalatalizade, as ltrais vearizadas e, se undo Wetzels (1997), as latras e nasa plata. ‘Um pono a ser considerado & o da segunda atculago em con- soantes. Trat-se de uma aniculape com um grau menor de fecharmento ‘que oeorre a0 mesmo tempo que @srtiulagso maior. OS pos mais conhecides so palatalizac, labalizagio e velarizago, Essa segunda rculgdo € inferpretada com anculagio vovlica, Ness sentido, lama consoante que tem uma arculago consonant e uma arculao ‘vosica ou sea, primiriae secundéa, € ua consoante complex. ‘Anélises de consoantes eomplexas serio contempladas, como aI ter velarizads (62.2) e a oclusva palatalizada, assim entendida, [Je] em fang do ago vecslico (6.2.3). [AS VARIANTES DO SISTEMA CONSONANTAL Algumas das consoantes do portuguésaprsentam, assim com a consoantes de todo sistema de lingua natural, variabilidade no seu uso, ‘oeasionada, quer pelo ambiente fonéico no qual se encontrar, por Aisribuigto complementar, ou livre, quer por fatores exralingbsics, eogrificos clou sociais Esses elementos que possuem mais de tia forma com o mesmo significado slo chamados variant de um fonema ‘Camara J, (1977, p. 45) divide as variants em dois tipo: poi- ions, ques impriem pela posto na sila ou no voedbulo, através {de assimilagdo de trayos dos sons vzinhos, ou de wm affousament, ‘nr mesmo mudanca de arteulagdo em virtude da posigdo fraca em {que 0 fonema se aha, livre, que acorrem de scondo com a comuni- dade que as usa pias de um grup social ox regional peceranes oPomuuie 213 ‘scones com aii do portugues: O°T pissoctico que pode pronmsado como volar, v= ou ved aa} ~ nal 1] maf bale bal TH 2 wide); wos" pleco, qe pode sr romincado como slant ou chins, conormeo dito (hls ~ pal molsfn ~ moe sede sono, confent o once sepuin (boll alten wot, que pe wer ronncind como via (Hip), ea tva velar ipo uvaar (pda) e spade (po, ou como tun ibat singles (eos), ow sn comm a som Te. ew po, mae ©" co" dante de qe podem er pronncads como afvados (ime, [d]bo), alveolar (hn, (Saba) coma denis (sme abo natal pci, au em st pronincacndsionade elo context no guste encnt (camp, eae, eal au se, Sls), ‘A oconcia de varies de tab, confirmed acim, de scord com fala den determina comunidad Sob eautpoape. tetas ales qu 8 varao Ingen pe Sr exo or vers parimeos, de forma Sstenstica¢ revel, ene hind, avaés de dads chsrivels pat conta ou no pov dos eccs. Asim, rset evar exausivo de don da Ting sda pra se descrever a vane eins asc aaa: sos posses fates que fivorecem o so de uma erm Oude As variants da vibrant, nen com mero relativamentgran- de de rezagtes fonds, vesigade sb mc socilingea 4 Latoy, ttm oconecine lenders or ies. No ato do Rio de Jaco, hus tatlos de Vor (1978), Cala (1987, otic Paiva (191) Clon Moraes Lt (1954 1998) sobre « dsebuito da vba, Nese Ed, predoraina rela fre na posto psvoslea com as sunt vara ‘irate map, anterior, picoalveol, snes vibe mall Postriocalay, Sav ver, sua tate lrtigen goal urd, 20 fontin evan snpls quando «plas seus co ‘mca por vogal. Em poe conn, por vars, hi emda nee aa) ses de qua neta 214 nai a ues de Ferg do Prue isto & low, Moraes ¢ Leite (1994) analisam a distibuigdo do eps: voedlico ma fila culta de einco caps (Porto Alegre, io Paul, Rio de Janeiro, Salvador e Recife) afm de verifier se existe coincidéncia na distribuigho de dreas de ocorécia, obendo os resultados absixo 8 repido Sul (Porto Alegre ¢ Sto Paulo) opte-se regio note (Rio de Jencro, Salvador © Resfe) por apreentar a primeira regito Freqdéncia de vibrane apical simples supenir em relagdo & segunda, assim como freqdéncia inferior de ir frcatvo velar © asprado. A ‘ealizagto da aproximante retolexa &resnta i reido sale registr-se 4 ausénciaabsoluta de vibrane apical milipla 20 norte; “as norma de pronincia dot apontam para um processed pos terorizago (anterior para posterior) com eventual mudanga de vibran- te pra frcatva Em estudo posterior, Callou, Moraes ¢ Leite (1998) analisam o procesco de enffaquecimento de Rem posico final, em ts conjuntos ‘oletados em diferentes épocas:o primeiro na década de 70, constitu do de 66 informantes (NURC); © segundo, de 10 informantes. da mostra anterior, reconalado,¢ 0 treet, de 18 informantes, ambos fravados no periodo 1992-1996, Os autores concluem que 0 paga- rento do R final & um caso de mudanga de bai para cima, que j sting seu lite e & hoje uma varia estve, sem marca de classe socal (pct, P72, CConstatam que a vibrant, uma variagio estvel na amostra mais tga tende a ser mais apagada pelos homens a classe dos verbos. Prem as mulheres mostam-na como ura rudanya em progresso tanto em verbos como em nlo-veros [No disleto do Rio Grande do Sul, 05 tabalbos de Marquardt (1975) ede Monareto (1992, 1997) observam que a articulagdoalveo Tae € a predominante na regio e que os bling de colonizagto cur ‘péia cubstituem a vibrant milla pea simples em qualquer posigio ‘a palavea, Head (1987, p, 5) examina a variante “capi” pice das vari dades populares e ruras do portugus brasiero quanto & sua natureza te origem e cnelui que as suas realizagesretrofiexa egutural derivam ‘de tum proceso de varagdo e mudanga de consoantes liquids anterio- res com um processo de rerago seman ao dof ‘A lateral pbs-vocdliea, segunda Quednau (1993), em anise reali- zada com dados do Rio Grande do Sul, epesenta a variate vocalizada ‘como a predominante na fala dos monolingles de Porto Alegre, com paceman aoFomauis 215 perda quase toil da va res, ialianose da regio font, a vatante mais freqdente € a Intra velarzads, (Quanto a paatlizagto da oclusiva dental dante de no portugues falado do Rio Grande do Sul, dserva Bisol (1986, p. 163) que esse tegra tem aplicago quasecategrica em todos os ontextos na rexito ‘metropolitana e enconta-se em fare de expansio nas demas. No en tanto essa regra tende a io ser apliada dante de sibilane antior coronal, responsivel por hutuagdes do tipo penlt}is ~ pen{ts. penls| parlfliipante ~ parlthcipante ~ partslipane, Segundo & ‘mesma autora, 0 maior ou menor uso da platalzagio nesse Estado ‘epende das diferengasdiletas existentes apresenta 8 seguintehie- rarquia de uso em escala descendente: metroplitan, onteirigos, lems italanos. [No daletofalado da comunidade de Alagoinhas (Bahia), segundo Hora (199), a palatalizasao das oclusvas denais manifesa-teacen- tuadamente entre as classes socais alta e media, na fuixa era ere 15 €47 anos e nos esilos mais formas, independenemente do sexo, ‘consttuindo a forma de mais prestgio. Quanto a variagio de /s!pés-vocitico, Callou, Moraes ¢ Leite (1994), ao investiga na fala'de cinco capitas,consttam que, em Porto Alegre e Sao Paulo, bio predomini da realizado alveolar no Rio de Janeiro © em Recife, hi 0 predominio da realizagto palatal em Salvador, hd uma distibuigto homogénea dessas ds variants.” Em suma,o sistema consonantal apreseniavariantes condiciona- as pelo ambiente lingistico e por Ftores nlo-lingdistieos com disti- ‘buigto varivel de acordo como dialeto. Estudos nessa re tomantse importantes na medida em que a relag3o entre a variagto fonoldgca © 1 teora fonoligica constr6i-se com base em evidéncias empirioas Je certos fendmenos que auxiliam na eonstrugio e avaiagdo de teocas lingtstics. ‘na pris pase 0 pus pou oR deanery (lr sa srs Seseuemegen pues np mes i Se, ‘pu epeicon cance tsa SN Sine 26 Into ss de Fesoga Pog io ante velarzada. Jina fala dos blingdes ae i Avibrante Um som vibrante ocome por pequenas osluses produzidas pela lingua ou pela remnlapdo da ivula através da ago da corente dear (Os movimentos vibes slo feitos pela ponta ou pelo doso da lingua, ‘que bate repetidamente contra ateada dentiria superior, contra 0s lvls ou ainda contra vu palatina. A. lingua pode, em vez de produsir uma série de oclus6es, nio fechar por completo passagem {So ar, fazendo desaparecer a vbragopropriamente cits pars dar lugar ‘um som fiatvo ou aspirad (Malmberg, 1954, p. 82). Fssas moda- Tidades de artculago caractrizam os sons do r-farte, que pode, poi, ser tanto uma vibrante propramente dita, quanto uma fheativa ov aspreda, Oi forte & chamado também de vibrante miltipla e€ en- ‘quadrado a categoria das liquids ‘Camara J, (1984, p, 15), examinando o dale carioea, presenta quatro realizagdes do fre: “uma vbragdo miltipa da lingua junto freada dentria superior; ou uma vibra do dors da Tinga junto a0 ‘éu palatino; og ma tremula da Gvula; ou apenas uma forte ftc~ ‘Go de ar na parte superior da fargo”. O uso dessa modalidades Erscultérias nto sltera a fms lingistiea, ou ej, hi um s6 forte, 1 sons de r que podem ocorer com uma sé btida da lingua jn to aos alvéoos chamades de tepe ou de vibrante simples, branda ou fraca,encontrados em grupo consonantal (ravo)e ene Vogas (> 18 Tid outros sons der em que se encurva a pnts da ingua em dire- ‘0 regio palaloalveolar ou palatal, os retroflexos, encontados no {iat caipira(earactristico db regido norte de Sto Palo e sul de Minas Gerais. ‘As modaliades acuta do ro depenenies do daletoe do co texto lings. Na pongio pé-vocca (ao, hon), eco a vkrante fot, independentemcte de sua realy fendi em pos pos-voealicn {eame, mar 0 cofexo de air vaiay, predomina + snpls em daletos tt Sui etm grupo comoninico (prt, 26 aparece a vibra simples; oso incroeaca, a dierenga importante, pos dsivauesiticidos ono em caroarr, err, muraimaro. Ene vga pois, hiopesigbo frooligis 'A vibrante soft um processodiarbnico de passagem de aticula- so anterior para postriot (a segio 6.1.2), apontado por Camara It. (1984, p. 16) como uma Tents mudanga que vat gankando novas reas Ae Ceracines oFomigue 217 de falantes, Segundo esse autor, a pronincia da vibrante apical ests sendo substituid pela vibranteposterioe, “que vai da vbraglo da ruiz 6s lingua junto a0 véu paatno 4 remlaga da Gvuls€& mera rego fringes’ Essa mudanga parece datar do fim do século pasado, époea em que se atestam as pronineias uvulr [Re velar [x] para fort, an tes somente anticulado como uma vibrate alveoli (rl, segundo as sgramaticas, A vibranteuvularaperece no Portugués de Portugal, em {isbos,conforme Barbosa (1994, p. 38), como uma pronincia vulgar ro final do século XIX, e a aparigao de r como uma ffcstiva sonora [fr] €assinalada desde 1883, ete os joven, segundo Gongalves Vi« 1 (1973. Em conformidade com Cimara Jr, Callow (1987, p. 75) afirma ue, na pronncia da vibrante hoave rma madanga do pont de arti Jago, de anterior para posterior e de modo de artculasto, de vibrate para fricativa. A primeira j fr integrada no sistema fonolgico, ¢ Segunda, eonforme @ autre pelo menos no dialtacarocs, determina= ia uma reestruturaglo do sistema consonintio do portugues, que psssaria a spresetar mais uma oposigo de ordem qualitative (vibrant 'e anterior x fricativa posterior) do que quantitativa (quantidade de vibragdes). No dileto paulstae do Sul do Pais, aparece a vibrante alveolar, mas se nota que, nesses itimos anos, eonforme Cagliari (1981, p30), esta modaldade artculatén est senda substitulda por ‘uma fcativa velar no contexointervocdlico ou pré-vocdlico, No portugués carioc, segundo Lopez (1979, p. 114), of, em po- sigh de final de slabs, & realizado como uma fiative velats repre sentado por [x], exempiifcande um caso de elescopia, em que exe ios inermedkérios de uma derivacto fonoldgica Sio perdidos em favor de formas extremas. No caso do, digamos que a hist enh regisirado as seguintes pronincias: tepe apical > vibrante apical > vibrante uvular > fricativa wulsr > velar aspiada, No diet do Rio de Jani, conforme Lopez (1979) foram preservadas os duas formas extras, 6 tepe apical ea velar aspired, "Essa mudanga tom sido também observada no Rio Grande do Sul (Marquardt, 1977; Monareto, 1992), onde ha ndicos da teleseopia na tegito da metropole, confirmando a hipéese de Malmberg (1984, p 88) de que esse € um processo que se inicia nas grandes eidades. A vibrant alveolar predomina nas regies de comunidades bilingbes esse Estado, 218 ined aExusoe onl do Potato Todavia, 0 grande problema que cause controvérsia em relag30 vibrante & 2 questo de seu status fonoldgco.Tratase de um ov de ois fonernas? A ierdtura registra dus interretagses 4) oportuguds possui duas vibrates, a forte aca; 1) portugués possi spenas um fonema vibrant, que, para CSmara Sr, €a vibrant forte, para Lopea, 8 vibrante simples. ‘Vejamos os argumentosutlizados por Camara Je Lopez em re- lagto ds iterpretagdesacima, fim de defender a iia de que em portugués a vibrante mila ou forte e a vibrant simples ou inca ‘constituem uma s6unidade fonologica. A Interpretagao de Cémara Jt. Em sua tese de doutorado, Cimara Jr (1953) defende a ida, standonada poscriormene, de que existe um dnio fonema vibrate to sistema consonantal, a vibrante fort, A vibrante banda € interpre tada como tum varianleposiional enfaquecida. A oposiao exstente se faz em termos de geminada versus no-geminada, ‘Cimara Jr (197) alerta que, embora, do ponto de vista fonético, se possa pensar que o fort sja cnsiderado um aspecto especial do FHbrando, por possir maior mimero de vibragBes e por tera letra r Alobrada na ortorafa para corresponder 20 r-forte ene vogals, no se pode considearo rfraco como o fanemabisic, como se pode obser ‘ar na suinteargumentaao. No latin, entre vogas,existia um simples © um if geminado, ‘pela unido Je duas consoantes com arieulaes iénticas, para estabe- Tecer oposiges como ade frum (feroz) versus ferrum (feo) seme= Thante Bs oposigles do tipo: agger (colina) x ager (campo), mollis (ole) x mois (us mis, annus (ane) x anus (nel, et. Segundo 0 tutor, “no se tat, como ent nos, de um ie longo ou maltiplo em antraste com um simples, sendo'de um grupo de das consoantes ‘uate entre as quis incde a fronteiraslabica, & manera de qualquer ‘ovtra geminagdo” (Cimara J, 1983, p. 106). "A geminagto ve reduriu 8 uma Wibrante miipla em oposicto a tum ic simples. A oposigio manteves, pois, no mais como uma {geminada em lagi a uma simples, mas como uma vibrant ferte em relagio a uma fice, Ascomoanse Fergus 219 Teepe ure an eve pss enue [SSS mSSvC USPS nN SNES SES PSDP Car (198) ite 0 nino como um nfagucine: tnd spe sin em eqn posto merce, Esa odin ¢soelante seuteseordn m loo ds era sm, re wh gh tra ose melo) a sons gue cam (peepee enaqseme of para (bests O mille conespondera ao im vibrant aol, € mao, asim commas Joats enone, rn pose iso neil rere fe pos coe spender ‘a geminada (erra), ns uc cee pata do ti are poral 0 fonica do rimco cent Se us nung consonance, Essa repa canons Camry 195% p 100), enn vie en pores as ras ss calf gue ps, Steril quent em por npr ata var uch uma gemnuan pr neo i= nando conse ds ds ra mes pos, Car os {he nose pete fnctcaemt mo Glee prsegs de dhis membros spo even, a uo er em code Sl ‘no vocal comr pede poset como em aon on, em aroho, principe no em ela fo cares pres once masse apenas pls mat som foe do aegis ic ¢fonencanentenioierecdieo, © iene seria im po said tse com sl ome [putin cm conta com pa sia om ue, cat dst Consoans igi +s, se pdr una emer comonines, ej pms clenenio x verenem cinta ossulsr, Drsse modo suo con uso preps ps peas brane foremost sons © ren ¢ Un ‘ane eau Ms tad, tov: ee eo pose com bse finn, den ic oh qualquer genase, xn es Mirats qu se pc este ene snes ts pos, von 220. naan «Estos de Fong do Pogue tats rr es Tm A interpretaio de Lopaz Lopez (1979, p. 56:64), com uma visto gerativa, também er€ na hipétese da exstncin de um s6 fonema vibrante na estrutura subja- cent, mas, ao contro de Cima J. (1953), eonsidera-o como ume ‘brant simples, dante das seguintesevidéneas apesat de poder aparecer foneticamente tanto a vibrante forte ‘como a fraca em posiglo final de palavea (maf x J~ maf), 6 a v ‘rant simples acore nessa posigdo, quando Se acresenta um morte ma de plural ou um morfema deriativo (mar, mares, marti): “em carro, vibrate tem 0 mesmo ambiente do que em mare, cu sea, V__ V, 0 que serve de argumento em favor da idéia de que 0 fanema& 0 mesmo em ambos 0 esos; “a vibrante forte ndo assimila a Sonordade da consoante que & segue como acontece na pala carga, pr exemplo, que épronuncia- <6 com uma fricatva velar suds [kaxga] em vez de sonora i com a ‘sbvlante em final de slabs ocr assimilago de sonoridade (as casas = [as kavas; a borboletas ~ [az borboleias). Como as consoantes fiestivasassmilam e nb assimila, i808 se expica seo fonema fore brando: “em portugués, o¢ segmentos que ocorem em final de palavra so os mesmos que podem ocorrer em final de sab. Se /t €/ se- fguem este pad, somenteo 1 pode ocorrer em posiggo fina ‘6 ovorre o'r brand come segundo elemento de grupo conso- antl (pate): 4 presenga de uma vibrate forte em vex da brands quando pre- cedida pelo prefixo in tom a segunte explicapo: em i + regular, por exemplo,o fv assimila 2 consoante inicial da raiz (ir +r). Da ‘ombinagto de dos rr bandos, resulta 0 fertee dai [x] ‘0 [x] inervoclico pode sr derivado pelo mesmo processo. Fm ‘carro, por exemplo,o Seg 7 €fonemicarente it € 0 primo, por tsimilagdo também & fr, formando a geminada ie, que € fonetc mente (x. 'A autora conclu, ent, que [x] & mero alofone,reflexo de uma geminada entre vogais, sendo 0 fe brando 0 fonema que se encontra fe todos os ambientes lingisticos e que est presente na estrtura profinds, econo oPorugute 221 Uma visdo autossegmental Como os autores acima, Monareto (1992, 1997) admite a exis ia de-um 86 Tonems na estutura, mas, a0 contri de Cémara J. (1953) eem concordncia com Lopez (1979), considera esse fonema ‘ibrante branda, Tatase do fee" que contastana posi intervocd- Tice com uma vibrate fore, a geminada. Paraiso apbia-se nos pin cipios da Fonologia Autossegmental, levando em cont dados da fala {80 Sul do Pas. [Na teora autossegmentl (ver seqdo 1.22.1), 05 segmentos sdo Aefinides por nbs de riz em uma estrura ramified de tapos foo: 1Wgeos hieraruizados. Cad tag est representado em uma camada? independente, igada a outas por linhas de associa que no se po- dem eruzar, segundo ua Condigio de Boa-Pormaeao (ct, Goldsmith 1976). Em principio, cada segmento ocupa um posi X na linha tem poral. Contudo, por forea do Principio do Contorno Obrigatirio— | OCP, que proibe seqléncas de sepmentos idéntoos, Figados a dass unidades de rai, a8 geminadas slo representadas por um ne rate com ligagdo dupa, conforme a figura abaixo: De acordo com dados do portugués falado no Sul do Pais, vi- brant distrbui-se da seguite maneia: ‘Sn eR ees ose ae 222 it Esso Fnsoga do Porugies Basin ee wv te td fa _ 1) — im ro {fever ff) me veter xa we ext vee som = wre rs Vv arm ¥_V erouto [Nots-se, no qua acima, que hi um contexo exclusivo para a vibrane simples, 0 de grupo, ¢ ‘outro para a vibrante fre, ode posi iia; ha posigto ps-vodlice, a substituigo de um pelo outro io al- tera o sentido, «varagdo, nesse ambiente, éprevisivel “contrast entre 0s dis tpos de rocomesomente entre vogsis, onde a subsituigho de um pelo outro acarreta mudanga de signifieado. (0s dados mostram gue «vibrate simples tem contexto mais a plo, ofereeendo evidéncia de que a vibrate fraca € 0 fonema subj "A pesquisa sobre a vibrane na fla do Sul do Pas, que teve por ‘objetivo veriicar 0 emprego de determinadas variants desse sea mento e descrevé-as, verfcando © papel de flores socioculturis imtervenientes n fala de comunidades soeilinghisticamente represen- tatvas dessa regio, evelou que nto existe distribuigSo defetiva ex- tte as das vbrantes, nto em 2on binge, como em zona monoln- fle. Hi substtuigdo de uma variante por uta em todos os conte {os, até mesmo entre vogtis (onde, em prinepio, existe» fungdo dis tintva),exeluindose de grupo. s0 leva-nos a rer que os falantes| interpretam as duss vibrantes como variantes da mesma unidade fone- logic, 'Apreferéncia para o uso de determinados sons em relay &posi- «0 na sllaba nat linguas em geral tem sido notada, hi muito tempo, por gramiticos que fataram desse assuato em termos de valores de onoridad diferenciados para a posi dos segmentos na sila. No scence do Poros 223 aso da distibuigio da vibrant, especifcamente, Bonet © Mascaré (1996) propoem explic-i, mas Tinguas shencas, por meio de uma «scala de sonoridade altemativa, em que o fore se eoloca mesma posigdo que as ficativase rfaco se anena 0s ides, confarme (8) (8) Foeala de Sonoridade de Bonet e Mascars (1996) 0 as 4 5 oolsivas fort, fctivas~ mass —lnteais— faa, plies — vogais Valem-se do Ciclo de Sonoridade de Clements (1990), © qual in- ica que asia preferda em um ereseimenta maximo de sinc do inicio para o nicleo e decresce minimamente do miclo para a cod. Assim, oem inicio de silaba (rato, honra), ser Tote, ois esse seg- ‘nto esti em posigdo de ataque, onde deve haver um erescimento abrupto de soanca. A presenga do tepe na posigio de segunda con Sante em alagues complexos (pat) justiiea-se-ia por esse prin. pio, uma vez que um r-forte nessa posigio volaria a distaneia minima ‘de sonordade que devem ter os elementos prdximos ao ceo, je que ‘8 Sonoridade de um tepeé maior da que oda vbrante« menor do que 8 do nicleo, Na coda (mar, porta,» queda de sonoridade fem que set tadual, priorizindo-se 0 T-ffeco como 0 segmento mais adequado para ocupar tl posigto, ‘A sonoridade em ambientes ndo-contrasvos fomece, pos, uma explieagio para a distibuigdo de riaco e forte pela atuagio do Ci «lo de Sonridade.Todavia,conforme abservam Bonet © Massa (op. cit), it um problema: na posigéo intervoctlics, a de contaste (es rvearo), 0 tepe encontrase em posigdo de ataque com a predigio de ‘que um reforte ocorra neste context, Segundo esses autores, 0 ‘sfraco neste ambiente constitu: uma excesio, pois desobedece 40 Cielo de Sodncia. Para resolver essa questo, marcam o fraco por um tragoabstat| Para representa a vibrante no eontextointervocilice, Monareto (1992, 1997) apoia-se em Hares (1983, p, 68), na andlse da vibrate no espanol, dizendo que hé um dnicofonema re que a vibrate mil tila intervie funeiona como uma geminada hetero 224 enaitos Eee. Fecog do ParugtsBestavo 2 8 Eno, na palava caro, por exemplo,o fonema da subjacéncia se supericiliza, enquanto, na pasta curr, hi duas vibrates fracas: tuna em posigto de final de flab, outa em pogo inl. Junas, ormam uma vibrane fort, Eis a representagao do contrast ©) 9) cat bea =ka tee A A AW bAgd Tt (~t) WW im (9), existe ois facos qc, em vrde do OCP (rnin hu Sonlogi atoseamentl qu pike seymetos aces in sno nivel mse ver syto 122.13) sto redid m3, om ago dp indsando qu brane fre vupe ds posites tempore Em (0, a vibante ac € carci pela emia simples qu pesenia "O valrcetastvo dese oi serene pio rena de ua gemino, representa earn em (0a) ope (10 (10) 2) vibeante forte 1) vibrant roca com igag dupla com liga simples xX Xx k Admitindo-e #andlise spresentada, com 0 primero elemento ds ‘geminada feehando a silaba,o acento em palavras como a-gdr-ra,em- irra, so-cir-10, ec, fia, pois, jstifiead. Isso € uma evidénia de ‘que a slab intermediria,nestes caso, € pesda, pois, em ports, £ proibide polar a segunda saa pesada, 0 que cri proparoxtonas Hegiimas (*igarra, Fémpurra, *sicorv9, Aacarscnnee co Porque 225 a © forte no interior de presenta ligago duplano nivel medio: o epee a consoate prece- dente formam linhas duplas de associagdo na camada coronal, © que Ihe dio cariter de geminado como em (11) (11) A Vibvante Preeedida por Consoante i= fiseaen) Em inicio de paler, 0 tforte pode ser explicado por meio de uma rera que converte tfraco em rforte «2 Portano, de acordo com essa ands, a vibrate & representa na ‘struturasubjacente apenas por uma unidade fonoldgics, fac, que ‘sistema interpreta como r-fre, se ivr linas dupls de associ, «© como r-ffaco propriamente nas demas poses, coda e grupo, em ‘que se apresenta com ligago simples. No inicio de palavra, por uma ‘eg particular, el se convert em fore 228 cain Eee 6 Forla o Pats Bs ra, como em honra ¢ Israel, embém iL ‘ A lateral pos-vocdlica ‘Um som lateral & produ quando lingua entra em conato com ‘os deles 04 o palato. Masa oclusio decorene da ¢ parcial, pos esse ontato 38 se dia meio do canal bucal ou na zona alveolar, eo ar pode ‘stipes dos lados da 2ona de articulagdo (Malmberg, 1954). De acordo com Cimara Ir (1988), na lingua portugues, ese & uma Hiquida lateral, de artculagdo dental, uma vez que a ponta da lingua toca a areada dena superior ea comente de ar escapa pelos Ides. Na psigdo pée-vocdlica, essa consoanteapresenta-se, em quase todo o teritrio de lingua portuguesa, como uma variant posiciona. Ha, eno, uma elevago do dorso da fingua até 0 véu palatino, do que resulta ura artculagdo dental velarizada, ou ineiramente velar, pela supressio do movimento da ponta da lingua; nese timo caso, d-se 8 Nocalizagao d/l em fw, com eonseqientearredondamento 60s labios. Osorrendo iss, desaparecem oposigGes como entre maf 4] € ‘mafw) vif vif. Porta, tens a seguintes reslizagbes do JV na lingua port ese: © Posto CE wv a Posigdo VC: [4] ou [] 1 foncnn 7, rm posto pé-woclica (CV), realize com dental ox slveola (I). Escnplon fa, slo, la. Em posite pis-voclica, reali ‘como vearzado (+ Jou vocal ‘A realizagdo de /V ps-vociico come { +] ou [] €stestada pelos cestudos de Lopez (1979), Cagliari (1981), Séeco (1977) e Queda (1993), Esse timo di coma da lateral pés-vociiea no portugués ea ‘cho sob a perspectiva variaionista & interpretado 4 luz da teoria futossogmental. Dento da Fonologia Tradiciona,esss variantes sto ditas lives de apicagho imprevisivel,sendo aribuidas a um indivi- ‘duo ou 2 um grupo social oa regional Essa varigSo livre, a luz da proposta de Labov (1966, 1969, 1972) no € tio imprevisivel como parece ser. Afra, fatoreslingisticase extaligistcos podem priv Tegiar o uso de uma das formas, faneionando como condicionadores eceratnes a Ponugus 227 Passase, agora, a interpreta os fendmenos da velarizagdo © da vocalizagto da lateral pés-vocdica, com base na propos da Geome- tra de Tragos (Clements, 1985, 19896, 191). Logo depos ser dscu- ida a questo da localizag3o das regras de velarizagao © de voealiza- ‘o,f luz da Fonologia Lexical (Boo}) e Rubach, 1984, 1987). Uma andiise ndo-tnear e204 ‘Sob a ética da Geomatria de Tragos Para representar os segmentos [4] fw] em terms de tagos fo- noldgiens hierarquizados, Quednau (1993) buseou amare na tori da Geometra de Tragos de Clemens, que concebe o seymento como um ‘onjunto de tapos independentes, representados em nds separados, ligados uns 20s outos por linhas de associagio. Hi process que envolvem um eonjunto de tragos ou apenas um trag, sem afta of ‘outros. No easo da lateral pés-voclic, os processos de velrizagio € de vocalizagio envolvem apenas os tagos referents 40 no ponto de Ariculagdo; 0s demaisndoestto envolvidos, raza por que no fazer rooeeeene L i | eee | (dorsal) (1) 228 cago «Eaters Forlga Pati Bstse a ‘Como vemos na repesentagdo (1a), os rags primirios de ponto| de arteulago foram Tigadosdietamente 4 ecoeréncia mais alta do nd PC (Ponto de Articulagto de Consoante). Trata-se de wma consoante ‘simples, ou seja,constuida somente de tragos primis. a lateral alveolar, ‘Na caracterizagBo de [4] velarzado (1b), os tags primérios de ponto de aticulago de eonsounte esto Tigados PC, mas esa eonso- ante possui também traros de ponto de atculgo de vog (PV), que io ligados ao mais baixo dot dois n6s de ponto de ariculagdo (PV) ‘como aticulagdo secundéri, que Clements (1991) considera como fo de um né voeslco a una consoante. Assim, © que dé conta dt larizagdo do i! €otagovocdeo [dorsal]. | rate a | | Tom ol [dorsal] [4] [dorsal] [w] Na representaso (15%), tao [coronal], que carctetza a lateral ‘aria como consoante complexa, fi dshgado (linha cortada), © ‘0 segmento resullane ficou apenas com 0 trago voedtico [dorsal] (15b) A passagem de [+] vearizado para [6] €, pois, uma regra de {esigamento do tago consonantal (coronal), come (15) revel, que significa porda do cariterconsonantal. Por conseguinie, 9 procewo emvolvido ma velurizasd0 comise na aio do nb voilico & laera alveolar, enqunt ods woealizjo conte ma desasocin,20 Goto Ascermunes oPorugus 229 ‘Sob a 6tica da Fonologia Lexical Untiizando a proposta de Booije Rubach (1984, p. 2) — uma revi so do modelo de Kiparsky (1982), Quednau (1993) procura localizar sramaticalmente as regs em estudo (ver Capitulo 2) De acordo com ssa proposa, as repr lenicais que atuum no componente lexical podem ser celica, aquelas que sto resplcadas aps cada opersgao de ormagio de plavr,ineragindo com as egras morfligicas deforma dizeta, pés-elelicas, aquelas que nio interager com a morfologi, Isto €, do apicadas quando a palava esti prota. JA as regras pa Texiais sto aplicadas em sentengas derivadas da sintaxe Vise que oi, em posigdo pés-vocdlica, pode realzar-se como [Jou fv, ou sea, nessa posipdo, hi uma velarzagdo ou uma vocal zarho da lateral. O objetivo agora verfcar qual € o componente de ‘aplcacso (lexical ou pos-levcal) dessasduasreras ‘Vejamos inicialmente como a velarizag ea vocaliao se com- portam em rela a derivagio de palaves; portano, no componente Texel (16) Derivapto de palavras (componente lexical) soa 290 Aix solgo Sila. sono Vela. = (4emeantent) Vocal, <= (semeontex) Stida | Sof]ao, mas mio *5{ 1] a0 mm so)a70 a + esi Sind. maliesime Vela. {Gem conto) Voc (semeontexo) Shida malisimo, mas no “malssino nem “ma isino esse conjunto de exemplos, ni seria context para a aplicagd0 das regras de velarizago ede voealieapHo, surgindo, pois, na estrutra de superficie, a lateral alveolar da subjacénca. Com efeito, a silabacio te palaras no procesio de aréscimo de sufios primarios e de sfi- 10S especias iniciados por vogal coloca a lateral na posiglo pré- ‘veeéica como [] alveolar, sua forma oii 280 aosa0 «Esso Fondoge ao Fonts Bator ‘Admitindo-se que a composicdo sea um processosintitico (alu mas palavras composts se localiza no componente lexical e oueas no componente péslexcal), verifiquemos agora a atuapo das regras de velarizagdoe de vocalizagio em um exemplo de plavra composta «outro de frase em que o elemento que segue a lateral € ura val. E nocessrio lombrar que, no componente pés-lexical, 20 se combinar tama palavra qu termina por lsteral com outa que inicia por Vogal, havers uma resilabapdo,colocando a latral em posi pré-vocica Sequem os exemplos (17) Paavea compose ase (componente pds-lexical) afl + edueedo Ressil, madlesu-ca-do Velr (sem content) Vocal (Gem context) Stidamafljeducado © animal era mito grande animal + ee Ressil. animales Ver (Gem contexto) Voeal (Gem context) Seida animal} ers través dos exemplos, percebe-e que a ressilbago novamente desfaz 0 conexto de aplicagho das reras em estado, e4lteral,fcan- do em posigdo pré-vorlica, realzase como alveolar ara of individuos que produzem formas como murle-du-ca-do © «en-mar-fe-rae para os que possuem a variates (1) ~ fw], a regras de velrizagio e de vocalizapdo s6 podem atuar sobre a lateral ps- ‘vocdlica que sabrou, x que figura em posi final absolutaeem posi «lo de coda, dante de consoante as) mal small) ~ maf) fmaldage malt dade =~ maf ade seralmente sera} mente ~ —gerafw}mente mmalmequer —ma{t}-me-quer — —mafs]-me-quer il pessoes mit] pessoas ~ —_milw] pessoas peconecanos so Potugute 231 Isso nos leva supor que as gras de vearizaeo e de voealizacBo sejam regras pés-lexicas TTodavia admite-se que hajaindividuos ou comunidades de fala que possuam, na posigho pés-voedica, somente a lateral vocalizada ‘Sto individuos que tem [3] eomo forma categérica que peoduzem (19) maw)-educado nim] er De onde essas formas proxém? Bem, vise que a resslabagto que ovorre no componente pis-lexical impede que a repra de vocal 2a¢io se apligue. Entlo, essa regea tem dese aplicarnecessriamente antes da resslabagdo. Dante disso, admite-e que, nesse caso, a repro se apique no componente lexical, como segue: (20) Componente lexical mal! Silab. mal Voc. maf) Seida mal] nina Silab animal Woe. animal Stiga animals COdserve-se que, quando da combinago desss palavres no com: ‘ponent pis cna, a ressilbacdo e a aplicardo da tora de velariza~ ‘0 ndo tem vez, porque a lateral i est vcalizada, 21) Componente pés-lexicel rma(w] + educado > mafw]-educado animalw] + era > anima} ers [Na interpretaio de Quednas (1993), agueles individuos que pos- suem apenas a variante [ws] promovem & vocalizaglo @ um status de regracatepirica¢,portano, lexical. 232 gos Eee de Folge co Portuguese i op _Nesse caso, esa regra fem de necesariamente ser aplicada no fim do componente lexical, ou sea, depois de competados todos 0s sielos, para que se evitem formagdes incorretas, como *s0/wJaeo “pincepvjada, ef. Para esses indviduos, a ogra de vocalizagao da lateral pos-voedlica configara-se como lexical pés-cclica, admitindo- ‘= um componente lexical eslicoe outro p-cisic, conforme «peo- posta de Bool e Rubach (ver Capitulo 2). deme resumit os resullados dessa investigago, que visou a ‘estudar 05 fendmenos da velarizago e da voclizato da lateral ps- ‘osiica em portugues, da Seguin forma quanto aos arpetos tratados a pati ds pressupostos da Teoria 4a Geomerria. de Tragos,constatou-se que o processo de velarizayo 4a lateral poe-vcilia deve ser vislo como a adigio do n6 voedico & lateral coronal (alveolar), A esse nd ests associado PV, a0 qual se liga 0 tayo [drs 14 proceso de vealizagio consist no deslizamen- to-do traga fcoronall, que carateriza [1 | velarizado como con- soante, Com a perda desse wago, 0 sepmento resultant fia apenas om 0 trago voeslico [dorsal], Tus explicagbes foam fcitadas pola ‘iso dos segmentos como conjunts de rags hieraruizados. ro que tang & posigh das regrasno sistema de acordo com a linha da Fonologia Lexie, inferivse, através da anilise de alguns exemplos, que a varisgdo ( 1] ~ [6] € pos-exial para os individuos ‘que possuem as duas varanes. Esses esperam pela resslabacdo que ‘corre no componente péslexical e sé depois aplicam as mencionadas regras, Part os indivuos que no raticam 2 vatiago, isto &, sb tm [os] na vefenda posido, a eg fi alga para o componente Feil, configurando-se como lexical pés-ciclica, Poranto, a voealizapio & lexical e pir-exical {A palatalizagio da oclusiva dental ‘Como resultado de um processo essimilatrio, as consoantes oe sivas dentais do Portugués /V, sb infugncia da vogal [i] ou do ‘lide [], tornam-se paatlizadas” Este fendmeno ingistico acore ‘como veremos, em regibes diversas do Brasil, e pode ser anafisado ‘iferentemente,« deperder da perspecivateérica que se considers ecenoires oPemgute 233 Visdo linear Entre 0s estudos sobre a palatalizago das oclusvas dena ' ¢ Jd, no Brasil, que 12m sequdo 0s padrdes estabelecidos pelo SPE, cencontrase de Lopez (1979), que analisa 0 diletocarioca Depois de considerar que a oclisva dental surda se torma uma afficada palato-alveolare a sonora uma aficada ou uma continua Se ‘sonora, no dial cariocs, & autora apresenta diferentes versbes para a egra, ene as quais 2 (22) A palatalizacio aplia-se em todas 3s p= ‘sigs da pulavra, a exemplo de [ndyti fi) [sini @ Cc VG Foor = ant ~ant Zan | > | salt I cor ~ post + met ret, salt [eeont “post 1s: uma consoante [-eont, tant, ter], 04 se, fh! tomna-se fan, alt, *met ret) isto é, uma aficaa, dante de vogal ou glide [al -post. J. ou sea [iJ] Com essa regra, Lopez (1979) ama ter expresso a conexto fechada que existe entre as alveolarese a plat. alveolare, mostrando que ambas slo coronais. A autora observa, por ‘outro lado, que a assmilago tanto de anterior quanto de coronal entre vogaise consoants ¢assimilaedo espacial, que os tragos tém dife- rentessignificados para as duss classes de segmentos: todas a8 vogais ‘ho [-ant]e -e0r] no modelo do SPE. ‘Como toda descrigio que se fazia de processos assimilatéros, 3 palaalizago é vista camo cpia de tragas de segmento vizinho. Visdo Autossogmontal Concepsio diferente do processo de palatlizasio é a apresentads por Hore (1990,1993), com base no daleto biano, em palavras como ‘hima, via, Ratt, independentemente 6a posi em que spareys ‘a para também da acentuséo. Sua proposta€ pautads nos pri 296 gs ean de onl o Pats Bate sete bl © oe ’ 8

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