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|| ‘Tuts reHlexGes acudiram-me 4 mente a0 ttavar contate com a noticia de que haviam sido propostas varias agdes populares contra dectsdes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), proferidas favo- ravelmente a certos contribuintes. As pecas iniciais que veiculavam os pedidos, todas ajuizadas pela mesma pessoa, tam estruturas € contetdas muito assemelhados: em seu polo passivo figuram a Unido Federal, os contribuintes beneficiados ¢ até mesmo os conselheiros que participaram das respectivas sessdes de julgamento. Como fundamento para o pedido traz de volta toda a discussiin sobre a higidez do lancamento, questionando, assim, a propria atribuigio de competéncia legalmente feita ao CARF para anular esse ato administrativo ¢, consequentemente, eXtinguir a obrigacfio tibutaria. Ao fazé-lo, afirma a autora, estariao Conselho praticands grave “omissdo arrecadatiria causadora de lesdo ao patrimOnio piblico federal”, Deve notar-se, ainda, que ndo ha, no teor das pecas divulgadas, qualquer referéncia 4 existéncia de fraude, simulagao ou da pratica de qual- quer atividade dolosa pele contribuinte, pela Unido ou pelos conselheiros que pudessem viciar o procedimento administrativo jul- #ador. Verifica-se, apenas, o ataque direto a competéncia outorgada ao Conselho, A medida causou impacto no meio juridico @ teve significativa Tepercussao na imprensa, que, rapidamente, divulgou nao apenas o teor das demandas, expondo seus dtmumentos, como também se apressou em UMUNCiAE as primeiras decisées da Justica Federal, reconhecendo a inexisténcia das condigdes da ago ¢, por isso, extinguindo og Processos sem o@exame de mérite. Ao lomar ciéncia desses acontecimen- tos e cam o objetive de confrontar os dados oferecidos pela experiéncia com as categorias propostas pelas teorias juridicas mais avanca- das, decidi submetcr o assunto aos rigores do padrio cientifieo, a lim de verificaraadmissi- bilidade ou nao da iniciativa popular. Dessa maneira, para imprimir substan- cia ao estudo e poder chegar a conclusdes consistentes, penso que sera oportuno tratar, inicialmente, do sobreprincipio da certeza do direito, compreendendo a maneira com que esse valor impregna todo o ordenamento juridico e comparece em meio aos mecanis- mos de controle da interpretacdo das auto- ridades. Nesse passo, parece-me oportuno emitir algumas palavras sobre a instalagda da obrigacdo tributaria por meio da atividade administrativa denominada “lancamento”. Servirio tais dizeres para introduzir tépico que descreve o procedimento administrativo iributario instalado com a impugnacio do ato administrativo, tornado camo instrumento de controle da legalidade, mecanismo para a concretizacao dos valores da certeza do di- reito e da seguranea juridica. Feito um retrato da tarefa desempenhada pelo Conselho, sera possivel, entiio, passar ao exame do efeito de‘suas decisdes ¢, em seguida, avaliar se o ordenamento juridico brasileiro permite 0 reexame de langamento anulado pelo CARF por meio de acdo popular praposta na forma em que se deu comaquelas pegas que ganha- fam os noticiarias. 2. O primado da certeza do Direito 2a importincia do intérprete na compreensto dos textos juridicos Tenho considerado o direito como corpo linguistico que se manifesta sob a forma de textos, vertidos sobre a regiiio material das condutas intersubjetivas, etn funeao prescriti- vae cujo produto interpretativo ¢ denominado norma juridica, Dessa singela definigio ja se podem entrever dois importantes tragos impresses no fmbito de todo e qualquer ordenamento: (1) tem o direito finalidade de prescrever condutas aos sujeitos, atuando no propdsito de estabilizar as expectativas dos destinatarios e de imprimir estabilidade as relagGes interpessoais; ¢ (2) cabe ao interprete o papel de protagonista na construgao de sentido das regras que compdem dado orde- namento, pois é ele que adjudica conteudo a4 mensagem legislada, para compreender o comando juridico e dirigir as condutas intersubjetivas, A tomada de consciéncia com relagao a esses aspectos fundamentais é momento de ywande relevancia no processo de compreen- sao do sistema do direito positivo brasileiro. Isso porque o bom sucesso de urn ordenamen- io dependera do quao bem se desenvolva a comunicagao de suas normas: devem ser elas iransmitidas de maneira que evite, ao maxi- ino, a incerteza de suas diretivas, garantindo que os destinatarios das prescrigdes saibam, yiccisamente, a conduta que a eles é permiti- ila, proibida ou obrigada. A esse valor, qué se inanifesta em todo e qualquer enunciado que mostre a preferéncia em favor da objetivida- dle, uniformidade e efetividade da transmissao ilas preserigdes juridicas, tenho chamado de \ubreprincipio da certeza do direito. Por outro lado, a multiplicidade cres- cente e infindavel de aspectos com que se manifesta o real, exige dos sujeitos compe- icntes acentuado esfor¢o para produzir novos documentos normativos aptos a regular as condutas intersubjetivas, dirigindo-as em conformidade aos anseios da sociedade que se pretende disciplinar. Esse processo costuma vir associado ao incremento do numero de sujeitos credenciados para produzir ordens juridicas e, logo, da quantidade de agentes habilitados a interpretar — autenticamente, como dizia Kelsen - e inserir novas normas no sistema, De ver esta que o aumento dos focos «jetores de normas centribui para que também scja maior o numero de intérpretes autori- vados @, por conseguinte, de interpretaces ucatadas pelo sistema como legitimas. Tal pluralidade de sentidos construidos que apa- rece como sintoma da crescente e irreversivel complexidade da vida social, mostra-se ver- dadeiro obstaculo a pretensdo de objetividade v clareza que deve ter o direito para cumprir sua fungdo de ordenar a conduta de seus destinatarios. Nutro a conviccao de que a insergao do valor certeza juridica em um ordenamento qualquer da-se como decorréncia da propria funcao do direito: para que possa regular as situacdes aliorrelativas, devem as autoridades competentes exprimir seus comandos de maneira uniforme ¢ objetiva, garantindo a previsibilidade ¢ a estabilidade das diretivas em coeréncia com aquilo que se prescrevera nas nommas ja estabelecidas. Se, no entanto, é razoavel afirmar que essa estimativa esta presente em toda ordem juridica, nao se pode asseverar que 2 certeza do direito assumira a mesma forma também em todas elas, pois infinitas sio as moda- lidades segundo as quais se toma possivel outorgar objetividace a esse principio. No ordenamento juridico brasileiro percebe-se a preocupacao para com esse valor acada enunciado que, implicita ou explicita- mente, sugere a preferéncia pelo emprego de instrumentos que contribuam para a objetivi- dade e clareza de suas prescrigdes. E esse o timbre que advém da leitura de expedientes como o principio da legalidade, o duplo grau de jurisdico, o primado da seguranga juridi- ca, dentre outros tantos mais recentes, como acriacdo dos regimes de simulas vinculantes e recursos repetitivos. Todas essas medidas tm como veio condutor a preferéncia pela previsibilidade, uniformidade e estabilidade no produto da interpretacao e aplicacdo das nomnas, servindg como mecanismo para que se possa conferir certeza ao destinatario quanto 20 sentido dado aos comanidos juridi- cos, firmando-se o que dele se espera como conduta conforme ao direito. Importa chamar atencdo para a circuns- tancia de que essa certeza a que me refiro é de interesse nio apenas do individuo sujeito ao cumprimento da conduta prescrita, mas também — e especialmente — da pessoa que emite essas ordens ¢ pretende vé-las cum- pridas. Sem que seja conferida certeza ao teor da mensagem produzida pela autoridade juridica, nao haverd entendimento e nao se aperfeicoarao as condicdes para que atinja o direito aquele minimo de eficacia de que ja falava Kelsen. E por isso que os principios da certeza do direito ¢ da seguran¢a juridica espraiam- -se por todo o ordenamento, na qualidade de vigas-mestras que sustentam o sistema. Seus clicitos irradiam-se, inclusive, pelos processos administratives tributaries, concretizando-se mediante 4 observincia ao devido processo legal, assegurado pelo art. 5°, LV, da Consti- tuic¢do da Repiblica. Este realiza o sobreprin- cipio da seguranca juridica na medida em que o modo de seu processamento e os limites as suas decisies encontram-se integralmente prescritos na legislacao ordinaria. Da também objetividade ao valor da certeza do direito, pois atua como mecanismo de controle das interpretagdes do ordenamento que sip cons- truidas pelos muitos sujeitos competentes para lavrar lanc¢amentos tributarios, expur- gando aquelas consideradas dissonantes das orientagdes do sistema, fazendo-o sempre em concordancia com as disposicgdes lepais, 3. O surgimenta do crédito tributario € 0 papel do lancamento tributario Pois bem, apontados os vetores axio- ldgicos que-devem instruir o fluxo do percurso intefpretativo na compreensdo do papel reservade pelo direito As instancias do procedimenta administrativo fiscal desem- penhado no CARF, convém ainda esbogar algumas palavras sobre o surgimento do crédito tributario e as modalidades de normas individuais ¢ concretas que se ocupam de sua constituigao. Tal instante do discurso tem o propdsite de trazer ao centro da discussio algumas caracteristicas dessas normas que apresentam relevaneia para a justificacdo de um meécanismo administrative de controle de sia legalidade. Tomemos o crédito tributario em sua acepgdo estrita, vale dizer, como direito sub- jelivo do sujeito ative, ao qual se contrapde o débito tibutaria, entendido como dever juridice do sujet passivo. Como elemen- to indissociavel da obrigagdo tributaria, o crédito de que falamos surge no mundo juridico no exato instante em que se opera 0 fenémeno da incidéncia, com a aplicacao da fegra-matniz do tributo: Isso porque, como ja assinaiet finhas acima, antes do relato em linguagem competente, com emissio de norma individual ¢ concreta, ndo hd que se falar em fato juridico tributario e na respectiva obrigacdo. Alias, cogitar de incidéncta, nesse do- minio, implica pressupor a linguagem das autoridades competentes projetando-se sabre a campo material das condutas intersubjeti- vas, para objetiva-las deonticamente. E desse modo que atua o direito, vertendo-se sobre os comportamentas humianos. As unidades normativas descrevem ocorréneias, colhidas no ambiente social, 2 atrelam ao acontecimento efetivo desses eventos 0 nascimento de uma relacie juridi- ca entive dots ou mais sujeitos de direito. Na instancia normativa, tratando-se de regras ferais ¢ abstratas, temas a previsdo hipatéti- ca implicando a prescrigao de um vinculum juris; no plano da realidade, um enunciado factual que se quadra na classe da hipdtese €.0 surgimento de um liame correspondente, coma especificacdo das pessoas ¢ da conduta, bent.como do objeto dessa conduta, Agora, é importante dizer que nao se dard a incidéncia se nao houver um ser hu- mano fazendo.a subsun¢ao e promovendo a implicacdo que 6 preceito normative determi- na. As normas no incidem por forga propria. Numa visdo antropocéntrica, requerem 0 homem, como elemento intercalar, movimen- tando as estruturas do direito, extraindo de nommas gerais e abstratas outeas repras, gerais e abstratas, gerais e concretas, individuais ¢ abstratas, ou individuais ¢ concretas, Desse modo, conclui-se que o crédito tributario s6 nasce com sua formalizagio, que é o ato de aplicacio da repra-matriz de incidéncia. Formalizar o crédito tributario significa verter em linguagem juridica com- petente o falo ea respectiva relacdo tributaria, objetivando o sujeito ativo, o'sujeite passive eo objeto da prestagdo, no bojo de norma individual e-concreta. Essa é a configuracdo linguistica habil para constituir fatos ¢ rela- yes juridicas, sendo o veiculo apropriado & sua introdugao no ordenamento. Cumpre assinalar que a formalizagio do crédito tributario pode ser feita tanto pela autoridade administrativa, por meio do langamenio tributario (art. 142, do CTN), quanto pelo préprio contribuinte, em cum- ptimento a normas que prescrevem deveres instrumentais (art, 150, do CTN). Cabe a autoridade administrativa ou ao contribuin- te, conforme o caso, aplicar a norma geral e abstrata, produzindo norma individual e concreta, nela especificando os elementos do fate e da obrigarao tributdria, com o que fara surgir o comespondente crédito fiscal. Para os fins deste estudo, dediquemos nossa atenciio 4 primeira dessas modalidades: cons- tituigao do crédito tributario pela autoridade administrativa. Se celebrado pelo Poder Publico, me- diante iniciativa que a lei prevé, seja de mo- do originario, seja em carater substitutivo daquele que o contribuinte nao fez em tempo habil, utilizaremos o nome “langamento” referindo-se, assim, nfo apenas aos documen- tos que ja costumam carregar essa alcunha, mas também Aqueles insertos erm meio as prescrig6es veiculadas por autos de infragao e imposi¢do de multa. Presctreve o art. 142 do Cédigo Tributa- rio Nacional que “compete privativamente d autoridade administrativa constituir o crédito tributdrio pelo lancamento’’, podendo ser rea- lizado (i) com base na declaraco do sujeito passivo ou de terceiro que contenha informa- ¢des sobre matéria de fato, indispensaveis 4 realizacdo daquele ato administrativo; ou (ii) de oficio, quando ausente ou imcorreta a norma individual e concreta cuja emissfo incumbia ao proprio sujeito passivo (arts. 147 e 149 do CTN). Entre as decisées tomadas pelo le- gislador brasileiro no campo da percussio tributaria, releva acentuar o carater privativo da realizacio do lancamento para as auto- ridades administrativas.' Ao concretizar tal 1, Intuindo, contudo, que isso no seria possivel, porque a experiéncia juridica efetiva revela o empenho dos administrados, editando, também, normas indivi- ato, aplica-se a regra-matriz de incidéncia tributaria, emitindo norma individual ¢ con- creta que objetiva a incidéncia, constituindo 0 fato juridico tributario ¢ o correspondente vinculo obrigacional. Por isso mesmo, considero o langamento como ato administrativo, da categoria dos simples, constitutivos ou modificativas e vinculados, mediante o qual se insere na or- dem juridica brasileira u’a nomma individual e concreta, que tem como antecedente 0 fato juridico tributario ¢, como consequente, a formalizagao do vinculo obrigacional, pela identificagao dos sujeitos ativo ¢ passivo, a determinag¢ao do objeto da prestacao, for- mado pela base de calculo e correspondente aliquota, bem como pelo estabelecimento dos. termos espago-temporais em que o crédito ha de ser exigido. A natureza constitutiva do lancamento tributario decorre do fato de que, nado obstante seu antecedente se caracterize pela declaragdo do acontecimento do evento previsto na hipdtese da norma geral ¢ abstrata, esse relato constitu o fato juridico tnibutario. O enunciado projeta-se para o passado, reco- the os vestigios do evento e, ao descrevé-lo, constitui-se como fato juridico tributario. No consequente da norma individual e concreta, por sua vez, o enunciado relacional institui uma relacdo juridica de cunho patrimonial, perfeitamente individualizada quanto aos termos-sujeitos e quanto a conduta-prestagao, que é seu objeto. Temos, ai, outro enunciado, de indole relacional, constituindo, no hemis~- fério juridico, un direito subjetivo eum dever juridico que, até emtao, inexistiam. No rol das caracteristicas do lan¢amento tributario est4 a manifestagdo de voniade do Estado, sempre decorrente de disposicdes ex lege, expresso, de maneira individual, duais ¢ concretas no dmbito dos tributes, aquele mesmo legislador determinou que essa atividade do sujeito passivo, bem como seu produto, serao “lan¢amentos por bomologegao”, uma vez que fica sujeites ao controle do Poder Tributante. E dar-se-a esse controle por atos de homologacao, quer na forma expressa, praticada por agentes investides de competéncia especifica, quer na modalidade ticita. concreta, pessoal, para a Comsecugcao de seu fim, de eriagSo de utilidade publica, de mado dircto ¢ imediato, tudo, é4bvio, para produzir efeitos de direito. 4. O procedimente administrative eo controle de legalidade do lancamento Tem-se por procedimento administrati- vo a conjugacao de atos e termos, organizados hanrmonicamente, para a obtencao de resul- tado que se substancia em ato expressivo e final da vontade do Estado, enquanto Poder Piblico, no desempenho de suas fungdes, Interessa-nos aludir a uma forma precisa de procedimento administrativo, qual seja, a do procedimento administrativo tributario, que tem como conteiido a discussao do ato de lancamento, ou do ato de imposirao de penalidade, Cumpre acentuar que tal procedimento apresenta-sé como sistema de controle de fe-_. validade dos atos administratives € ¢ assegu- rado pelo art. 5°, LV, da Constituigaa da Repu- blica. A decisao de primeira instancia exerce 0 primeiro controle; o acérdao do tribunal administrative visa, também, a verificagiio da validade do ato exarado pela autoridade recorrida; e, 45 vezes, Camaras Superiores eacecitam a analise da legalidade do proprio icirdioexpedido pelo drgaa colegial, Se atinarmos a li¢do categdriea de Sea- hr Fagundes,? mediante a qual administrar é aplicara lei de officio, poderemos reconhecer ness alividade, de rigoroso e@ sistematica coutrole da l¢galidade, um signo expressive da lingdu udministrativa, exercitada na ple- tilude de seu contedido existencial, (uy quanta se disse, até aqui, ja é possi- vel upontur convlusdo de grande relevancia: uo procedimento administrative tributirio vompde-se de uni sucessdo deatos tendentes aexercitar o controle de juridicidade do lanca- 2..O Controle dos Atos Actininistrativos pelo Poder Judicidrio, Rio de Jangiro, Farense, 1967. mente, da imposi¢ao de muita, da notificagio de qualquer deles ou de ambos, a fim de que aatividade desenvolvida pelaAdministracao Publica atinja seu objetivo ultimo: cancretizar 0 primado da certeza do direito por meio da exata ¢ fiel aplicardo da lei tibutaria. Desse modo, sempre que pairar divida sobre a teor de juridicidade do lancamento, caberd ao sujeito passivo impugnar o ato, suscitando aquele controle. Desencadeara, assim, uma série de outros atos e termos, ptopiciando ensejo para a decisao de primeira instancia, que nada mais ¢ que amanifestapao acerca da compatibilidade do ato praticada para com as presericdes do ordenamento, manifesta¢So esta emanada por um dreao su- petior @ autoridade competente para realizar o ato de lancamento. Insatisfettas quaisquer das partes, o particular ou a autoridade fiscal langadora podem interpor recurso da decisao expedida pelo Grgdo a gue, provocando, no- vamente, um controle de legalidade, agora mais espectalizado, ¢ cercado de prerrogati- vas niais solenes ¢ importantes: a deliberacdo de um redo colegial, de estrutura paritiria, camo é 0 caso do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, Anecessidade de ser exercido o controle decorre do fato de que, apesar de a atividade administrativa trazet insita a presun¢ao (juris tantum) de legitimidade, cabe ao Fisco, a tequetimento do contnbuinte, examinar o assunto Com maior minicia, para apurar sua conformagio aos criténios fixados em lei. Tudo, para que sejam respeitados os direitos e garantias fundamentais assegurados ao sujeito passive da relagao tributaria, O poder que tem a Adniimistracae para reexaminar seus atos é reconhecido pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, que, acerca do tema, na esteira do que preconiza o art. 53 da Lei n. 9.784/1999, editou a Stimula n. 473: “A administragio pode anular seus proprics atos, civados de vicios que os tomem ilegais, porque deles nao se originam direitos, ou revogd-los, por motive de conveniéncia ou oportunidade, respeitados os direitos .lquiridos e ressalvada, em todos os casos, _ apreciagde judicial”. Referida Simula abrange os atos administrativos genéricos, devendo ser respeitadas, obviamente, as particularidades juridicas inerentes a cada modalidade especi- lica integrante dessa categoria de atos. No dm- bito tributario, por exemplo, é inadmissivel talar-se em revogacdo do ato de lancamento, fundamentada em razGes de conveniéncia ou oportunidade, pois uma de suas caracteristicas é a “vinculagdo”. O respectivo controle deve consistir, portanto, no exame da legalidade, de modo que o ato juridico administrativo de lancamento sera nulo se veiculado sem observancia de algum pressuposto norma- tivo (vg., caso o fato juridico tributario nao tenha ocorrido ou o sujeito passivo indicado for diverso daquele que deveria integrar a obrigacdo tributaria). Os caminhos pelos quais essa anulacdo pode ser desencadeada encontram-se no art, 145 do Cadigo Tributario Nacional, sendo - aubotizadamas’ hipéteses em que haja (i) iti- pugnacao do sujeito passivo; (ii) recurso de oficio; ou (iii) iniciativa de oficio da autorida- de administrativa, nos casos previstos no art. 149 daquele Diploma normativo. Verificados vicios no ato administrativo de langamento, a autoridade fazendaria nao s6 pode, como deve proceder 4 sua anulacdo, no exercicio do ja referido controle de legalidade. 5. Decisdo administrativa irreformavel como modo de extincdo da obrigagéo tributdria Ultrapassada toda a fase de controle de legalidade do ato administrative de langa- mento, este s¢ torna, nas palavras de Alberto Xavier, irrevisivel ou imodificavel pela Ad- Ininistracao. Trata-se de preclusao processual, que garante estabilidade as relagdes Estado- -contribuinte, limitando o poder de reexame 3. Do Langamento - Teoria Geral do Ato, do Procedimento edo Processo Tributdrie, Rio de Janeiro, Forense, 1997, p. 268, da situacao definitivamente julgada em pro- cesso administrativo tributario: (1) preclusdo intema, impedindo a reapreciagao do ato no proprio procedimento em que foi praticado; e (ii) preclusdo externa, inviabilizando novo julgamento em processo ulterior ¢ distinto, de natureza administrativa ou judicial. Por isso mesmo, a decisaio administra- tiva irreformavel (equivale a dizer, aquela da qual nao cabe mais recurso aos érgaos da Administracio) é posta como causa extintiva do crédito tributario, consoante o item IX, do art. 156, do Cédigo Tributario Nacional. O ato administrativo irreformavel que favorece o sujeito passivo, e, desse modo, extingue o crédito tributario, pode consistir na negacdo da existéncia do vinculo que se supunha instalado, como também decretar a anulacZo do langamento. Quanto 4 primeira hipotese, considera-se que o fato juridico tributdério ¢ a corelativa obriga¢ao foram constituidos pela linguagem que o sistema do direito positive da por competente, Vérificandé-se uma linguagem de sobrenivel que a desconstituiu, juridicamente. No quediz respeito a situa¢do da decisio administrativa irreformavel que ataca vicios de constituic¢io do crédito, anulando-o, sem ingressar no mé- Fito, o entendimento administrative volta-se para a ilegalidade do ato de lancamento. Em ambas as hipoteses, ha extingdo do crédito tributirio. Ora, quando um orgdo administrativo decide qualquer litigio entre o particular e a Administracao Publica, é o préprio Estado que esta manifestando sua vontade. Essa decisdo tem efeito vinculante para a propria administrag4o, acarretando duas consequén- cias: “a insuscetibilidade da revisGo judicial desses atos por iniciativa da propria Admi- nistracdo e o dever de execucGo daquelas decisGes”.* _ Adecis%o tenminativa do processo ad- ministrativo tibutario é definitiva para o ente tibutante, pois consiste no ato final do con- 4, Alberto Xavier, ob. cit., p. 320. trole de legalidade do lancamento, pelo qual a Administracao, exercendo competéncia pri- vativa legalmente fixada, examina aquele ato administrativo, decidindo manié-lo ou nao. Disso decorre que a decisdo administrativa favoravel ao contribuinte, que reconhece a inexisténcia do débito tributanio, nao consiste em mera reforma do langamento, mas em verdadeira anulapio da norma individual e concreta introduzida no ordenamenta por aquele ato. Com essa espécie de decisilo, o lancamento extingue-se, deixa de existir. Essa, por si 56, ja configura uma das razGes pelas quais o Judicidrio ndo pode re- formar a decisao administrativa extintiva do crédito tributario: no compete ac Judiciaria “lancar™ tributes. O “nao lancamento” pela Administragdo nao pode ser substituido pelo “lancamento” do Judiciario. Ademais, se o ordenamento juridico atribui a determinados érgaos o poder de julgar conflitos entre a Administracao ¢ o contribuinie, cabe a esses Orgaios manifes- tarem a vontade da propria Administragao, naquilo que julgam. No que diz respeito ao processo ad- ministrative federal, ha disposigao legal expressa nesse sentido. Nos termos do art. 42, do Decreto n. 70.235/1972, a decisio contraria @ Fazenda Nacional ¢, portanto, faveravel ao sujeito passivo, é definitiva, adquirindo a qualidade de uma verdadeira “coisa julgada formal” no sentido de que nao se ndmite que qualquer sujeito, inconforma- do com a apreciagdo feita pelos orgdos de autacantrole administrativo, va em busca de socorro judicial, no intuito de anular decisio desses Orpios. Alen disso, nao se pode olvidar que, uma vez desconstituido o lang¢amento por dectsic administrativa, é impossivel sua reconstituigio judicial, O art, 142, repito, nao admite “langamenta judicial”, ou seja, reconstituicdo do enédito tributario pelo poder Judiciario. A anulagio, pelo Poder Judiciario, de decisio doa Conselho Administrative de Rerurence Fieeaic cam a enaneeonent] fre\ constituicdo de crédito tributario extinto em processo administrativo, ferina, também, os principios da seguranga juridica ¢ da certeza do direito, a que aludi no inicio desde texto. Os atos administrativos sdo, por sua propria natureza, susceptiveis de revisao, Mas arevisao nao é uma possibilidade permanen- temente aberta ¢ ao aleance de qualquer um, Na verdade, ela deve ser exercida segundo as normas legais aplicaveis ¢ no tempo estipula- do pela lei. Assim, quando as normas legais preveem recursos voluntarios, especiais'e de oficio, como meios para revisao de pronun- ciamentos anteriores, e atribui seu julzamento a competéncia de determinado drgao, esgota oelenco de medidas administrativas que sfo necessarias para a obtenc’o do definitive ato da Administragdo Publica em tore do assunto, apés o que preclui a possibilidade de reabrir a quest&o por qualquer meio. Quando o Conselho Adminisirativo de Recursos Fiscais cancela um lancamento, re- conhece a inexisténcia da obriga¢ao tributana assim como formalizada na instancia inferior. Sendo esse um orgfio julgador administrativa da esfera federal, sua manifestacao implica afirmacao do proprio credor acerea da inexi- gibilidade de valores a titulo de tributo, fetta no ambito de procedimento proprio, com suporte em dispostgGes legais vigentes. Se a lei nao da respaldo 4 constituigao do crédito, conforme a propria Administracao tenha cer- tificado, deseabe qualquer tentativa de rever, em Juizo, o resultado de tats atos. 6. As condigées da acdo Ho Direito positive brasileiro é oS requisitos para @ processamento de acdo popular As chamadas “condicdes da a¢io” con- sistem nos requisites necessdrios ao exercicio do dirsito de ago, voltado a obtencio da prestago jurisdicional do Estado, Sao trés esses requisitos: (i) interesse de agir; (ii) legitimidade; e (iii) possibilidade juridica da nodidn O interesse de agir ou interesse proces- sual é aquele que leva alguém a procurar uma solucdo judicial para que possa ver satisfeita sua pretensdo. Verifica-se quando presente um obsta- culo impeditivo do gozo de determinado direito, sendo caracterizado pela necessidade ¢ utilidade do provimento jurisdicional, ou seja, a necessidade da realiza¢ao do processo ea adequacdo do provimento jurisdicional tutetado. A legitimidade ad causam ¢ a atribui¢ao, pela lei, do direito de demandar, de propor acdo. E a qualidade para estar em juizo, em relagio a determinado conflito trazido ao exame do magistrado. Normalmente, a legitimagio para a causa pertence ao possivel titular do direito material, posto que, nos termos do art. 6°, do Cédigo de Processo Civil, a ninguém é€ permitido pleitear, em nome proprio, direito alheio. Esse mesmo dispositivo, porém, traz uma ressalva (salvo quando autorizado por ‘ci), possibilitando hipdteses de “legitimidade extraordinana”, em que uma pessoa é, em ca- rater excepcional, autorizada a estar em juizo no interesse de outrem. Para tanto, porém, ¢ imprescindivel expressa prescri¢ado legal. A possibilidade juridica do pedido consiste na existéncia, no sistema do direito positivo, de normas que fundamentem a pretensdo buscada, bem como a auséncia de prescrigées impeditivas da concessao do provimento jurisdicional pleiteado. Nas palavras de Arruda Alvim, “ninguém pode intentar uma agdo, sem que essa providéncia esteja, em tese, prevista, ou que a ela dbice ndo haja, no erdenamento juridico”. Pode ser definida, ainda, como a compatibilidade entre a demanda e a ordem juridica nacional. Havendo algum conflito entre a agao proposta ¢ as nommas que integram o direito positive brasileiro, inexistira possibilidade juridica do pedido e, consequentemente, devera ser extinto o-processo sem: julgamento do meérito, por caréncia de acdo. 5. Marual de Direito Processual Civil, vol. 1, 5% Referida compatibilidade, esclarece Candido Rangel Dinamarco,‘ deve dar-se em relacio ao pedido ¢ 4 causa de pedir. “O petitum é juridicamente impossivel quando se choca com preceitos de direito material, de modo que jamais podera ser atendido, inde- pendentemente dos fatos e das circunstancias do caso concreto (pedir o desligamento de um Estado da Federagiio). Acausa petendi geraa impossibilidade da demanda quando a ordem juridica nega que fatos como os alegados pelo autor possam gerar direitos (pedir a condena- ¢4o com fundamento em divida de jogo)”. Tecidos esses esclarecimentos a res- peito das condigdes da acdo, salta aos olhos a impossibilidade do emprego de Acdo Po- pular para fins de anular decisfo proferida pelo Conselho Administrative de Recursos Fiscais, Nao obstante o cardter de extrema especialidade que envolve a acdo popular, sua admissibilidade também esta condicio- nada ao preenchimento das “condigées da acio”. Vejamos, entio, como os conceitos estabelecidos se amoldam as peculiaridades da acio popular, identificando os requisitos necessaries ao seu exercicio. O Texto Constitucional, em seu art. 5°, inciso LXXIIL, assegura, a quafquer cidadio brasileiro, o exercicio da a¢do popular, quando verifique a existéncia de ato nulo ou anulavel de que tenha decorrido au possa decorrer dano ao patriménio publico ou de entidade de que o Estado participe, 4 moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patriménio histérico e cultural. Sua reguia- mentacio deu-se pela Lei n. 4.717/1965 que, mesmo anterior a atual Carta Magna, foi por ela recepcionada, sendo valida e vigente. Tra- ta-se, portanto, de expediente previsto pelo constituinte ¢ devidamente regulamentado, dispondo sobre o pedido de desconstituigao do ato praticado em detrimento do patriménio publico ou de recomposicao do patriménio lesado (no caso de acSo popular corretiva). 6. Instituigdes de Direito Processual Cril, vo Consoante essa linha de raciocinio, sera carente de aco o autor, por impossibilidade juridica do pedido, quando a acdo popular proposta nfo indicar a lesdo ocasionada pelo ato impugnado ou vicio que o macule, pois nesse caso nfo haveria que se falar em anulacdo do ato ou comegao da lesio. Posto isso, ¢ considerando as particularidades da situagdo examinada, em que o CARF anulou langamentos tributarios, com a consequente extingao dos créditos neles consignados, em estrito cumprimento das atribuigdes que lhe foram legalmente estipuladas, nao s¢ verifi- cou qualquer lesio ao patrimdnio publico, Nao se trata de “dispensa arrecadatéria”, contniria aos interesses do Erano. Tem-se, nessa hipotese, aplicagdo da lei, que confere a0 citado Orgaio a competéncia para revisar os atos administrativos lavrados contra os contribuintes. O interesse de agir, consistindo na necessidade do uso das vias judiciais para a satisfacdo da pretensdo, ¢ verificado, no ambito da ago papular, pela necessidade do provimento judicial para que o cidadao possa salvaguardar o patrimonio piblico lesado ou ameacado de lesio por atos adminisiratives ilegais. Nesse caso especifico, o interesse de agir ndo corresponde a uma satisfagao do in- teresse pessoal do autor, mas a uma. aspiracao de toda a Sociedade, consistente na preser- vagia dos valores econdémicos, culturais ¢ morais do Estado. O interesse de agir estara conligurado, portanto, quando se verificar a correlagdo entre o ato lesive impugnado eo pedida de anulagao desse ato. A evidéncia, lumbem esse pressuposto n3o esté presente nes ugdes populares examinadas. N&o ha como couitar de interesse de agir relative a pretensiio anulatona de ato que, como de- monsinido, fol exarada com observancia as disposigdes lewats. Com cleo, nio estio presentes os requisites necessarios a0 regular processa- mente das agdes populares que propugnam pela anulagio de decisdes da CARF. Inexiste possibilidade juridiea do pedido ¢, por con- seguinte, ausente ¢ o interesse de agir, sendo imperativa a extincao das referidas demandas sem julgamento do mérito. 7, Cenclusdes Vimos de ver que a criacaoa de meca- nismo intemo para controle de legalidade das normas produzidas pelos agentes da Administracio tem forte inspiragdo nos so- breprincipios da certeza do direito ¢ da segu- tanga juridica. Sao instrumentos construidos no ordenamento para imprimir objetividade a esses valores fundamentais, cuja presenca se faz sentir em toda ¢ qualquer ordem Juridica, para que possa ela atingir seus propdsitos ¢ cumprir aquele minimo de eficacia de que fala Kelsen, Dadas as diretrizes que devem orientar o trabalho da Administragio, em especial @ importincia outorgada pelo ordenamenta #08 principios que compiem o art. 37 da Constituigao da Republica, ¢ imprescindivel que os sujeitos encarregados da producado das normas individuais e cancretas adminis- trativas — como é 0 caso do langamento de iributos —atenharn-se ao fiel cumprimento da legislardo tributaria, aplicando-a de maneira mais uniforme, objetiva e condizente com as demais presctig¢des do ordenamento juridico. A sequéncia de atos a que chamei de “procedimento administrative tributario™ contribui para que esses valores. sejam preservados em meio a pluralidade das interpretacdes construidas pelos diversos su- jeitos encarregados de produzir lan¢amentos tributdnios. A chancela de orgdo superior aos auditores, apto a exercer o controle de juridi- cidade dos atos administrativos, auxilia a di- ficil tarefa de dar harmonia as interpretagdes dos textos legais, proporcionando a clareza que interessa nfo apenas aos contribuintes, mas também 4 propria Administragio, ta qualidade, igualmente, de destinataria das normas juridicas tributarias, devendo-lhes obediéncia. Importante ressaliar que sio apenas duas as hipdéteses de constituigao do crédito previstas no Cédigo Tributario Nacional: (1) mediante fangamento, realizado pela \dministragao; e (ti) por norma individual ¢ concreta emitida pelo proprio sujeito passivo, procedimento este conhecido como “langa- mente por homologacao”. Portanto tomma-se possivel afirmar que, no sistema juridico brasileiro, nao se permite ao Poder Judiciario constituir crédito tributario por meio de deci- sdo em julgamento de acZo popular. 0 “lancamento tributario”, prescreve o art. 142 do Codigo, é de competéncia priva- liva da Administracao. Todavia, dada a maior praticidade e¢ facilidade de instrumentalizacao das obrigagdes tributarias, o ordenamento patrio prevé a possibilidade de norma indi- vidual e concreta, com contetido semelhante ao do langamento tributario, ser produzida pelo contribuinte. Ponto em comum de ambos os atos € sua sujei¢ao ao controle do Poder Tnibutante. Assim, mesmo se praticada pelo particular, a constituic¢do do crédita submete- -se a controle de legalidade, realizado pela Administracdo, podendo esta, caso concorde, homologa-lo expressa ou tacitamente, ou, discordando em algum aspecto, lavrar ato de lanc¢amento, substitutivo daquele trazido ao mundo juridico pelo particular. Em qualquer hipétese, a palavra final é sempre da Administracao. Como visto, o procedimento administrative tributario se consubstancia numa sucesso de atos ten- dentes a exercitar o controle de juridicidade do langamento, a fim de que a Administraclo Publica aplique a lei tributaria de forma exata ¢ fiel. No correr desse procedimento, comparecem tanto o contribuinte como a au- toridade fiscal, submetendo-se a julgamento do érgao administrativo competente. Ainda, insatisfeitas quaisquer das partes, é permitida a interposicaio de recursos, buscando, com isso, a manifestagao de um érgao adminis- trativo mais especializado, que esctareca eventuais dividas e proceda 4 apropriada aplicacao da lei. Desse “jogo de linguagens” que é o procedimento administrativo, participam os particulares e a Administrapio, reconhe- cendo, ambos, a supremacia da deliberacao do Orgao competente, in casu, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Por esta raz4o, ultrapassada toda a fase de controle de legalidade do ato administrativo de langa- mento, a ltima palavra do Ente Tributante vincula seus atos e de terceiros. A decisio final do CARF que seja favoravel ao sujeito passive e da qual nZo caiba mais recurso na esfera administrativa é, assim, irreversivel e imodificavel, ficando precluso o direito da Administracao de reapreciar o ato por ela exarado, tanto no préprie procedimento em que foi praticado, como em novo julgamento, de natureza administrativa ou judicial. Por isso também descabe o emprego de agao popular contra tal decis&o, excepcionando-se os casos em que se prove ter havido conluio fraudulento entre os sujeitos encarregados de decidir o caso na esfera administrativa, o que nao se alegou, nem muito menos se provou nos autos das agdes de que falamos. Nao é, portanto, licito ao Judiciario (re) constituir langamento tributario ja cancelado pela Administrasao, como se depreende do acima exposto. Essa proibigio mostra-se ainda mais evidente quando se pretende “reavivar’ o lancamento anulado, fazendo-o coma mesma motivardo que ja fora apreciada —e rechacada — pela propria Administracao. Cumpre ao Judiciario rejeitar iniciativas dessa natureza.

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