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Caderno de Transcrições - D.comercial Iv
Caderno de Transcrições - D.comercial Iv
Prova: 11 de julho
Segunda chamada (com justificativa e pré-aprovada pela professora): 18 de julho
AULA 1 (11/04):
● Direito falimentar:
○ Quando o empresário entra em crise, ele precisa de uma legislação bem
preparada para atendê-lo.
○ Brasil: Código Comercial de 1850 falando das quebras
○ Só teremos uma maior preocupação para tratar do período anterior à quebra
no Decreto 917 de 1890. No curso deste decreto, há uma preocupação de
pensar numa espécie de concordata para evitar a quebra daquele
empresário.
○ O empresário pode entrar em crise por diversos motivos: produto
obsoleto; guerras e outros eventos externos à atividade empresarial; a
entrada de um ente mais poderoso (que destrói a concorrência) no mercado;
evolução dos comportamentos do consumidor, além da incompetência do
empresário (que é só um exemplo).
■ Assim, não necessariamente quando um empresário quebra é porque
ele é incompetente. Os motivos que fazem um empresário quebrar
são diversos.
○ Por isso, ter uma legislação adequada para tratar dessa crise, para dar
conta desse momento de crise do empresário é algo muito importante
para a manutenção do mercado. Senão, virão os agiotas, as ameaças de
morte, ao passo que existirem ferramentas adequadas para lidar com a crise,
que possam criar um ambiente adequado de negociação com credores, para
conseguir manter viva uma atividade empresarial é tão fundamental para o
mercado.
○ Normalmente, o que acontece nessas crises é que o empresário tem esse
elemento externo mais um despreparo interno ou até uma quezília societária.
É necessário poder lidar com essa situação, porque isso significa que
dentro dessa jurisdição, aquele tribunal e aqueles agentes econômicos
estarão preparados para enfrentar esse momento de crise, o que faz
toda a diferença.
○ Quando olhamos para o mercado europeu e americano, vemos que em todas
essas jurisdições existe uma legislação especial para tratar da crise do
empresário.
○ No Brasil, temos uma legislação hoje bastante adequada para lidar com isso.
Só que isso vem de uma evolução paulatina, de discussões; de
especializações dos profissionais, inclusive dos advogados; da defesa do
direito comercial separado do direito civil.
○ Já tivemos 7 legislações falimentares no Brasil:
■ Código Comercial de 1850;
■ Decreto nº 917 de 1890;
■ Lei nº 859 de 1902: vai tratar da reforma da lei de falências
■ Lei nº 2024 de 1908: também promove uma profunda reforma na lei
de falências
■ Decreto nº 5746 de 1929: também modifica a lei de falências
■ Decreto lei (revogado) nº 7661 de 1945 : essa é a legislação que
antecede a legislação atual (Lei 11.101 de 2005).
● Traz uma consolidação do procedimento da concordata,
que era o instrumento que havia para lidar com a crise do
empresário antes da recuperação judicial;
● Até hoje este decreto rege alguns processos falimentares:
art 192 da Lei 11.101/05 - regra de direito intertemporal. Um
determinado procedimento falimentar será regulado a
partir da data em que aquela falência é decretada. Existem
falências bem antigas que ainda estão tramitando nas
varas empresariais.
● Sua redação é muito mais responsável que alguns dispositivos
da lei 11.101 (atual), que foram transmutados ao longo do
tempo, às vezes sem muita técnica.
● Diferenças da Lei 11.101 para o Decreto Lei 7661 revogado
de 1945:
○ Neste decreto revogada, fala-se em concordata ao
invés de recuperação judicial. A concordata era uma
ferramenta possível de ser utilizada pelo devedor, mas
apenas e somente se o juiz autorizasse. É um favor
legal que é concedido pelo juiz autorizado pela
legislação.
○ No decreto lei revogado, o devedor propunha a dilação
do prazo do pagamento das suas obrigações ou até do
vencimento delas, ou o perdão parcial de algum de
seus débitos (remissão) para solucionar o seu passivo.
Há também o parcelamento; quando menor o
parcelamento, maior a remissão e vice-versa.
○ Concordata: instrumento de repactuação financeira
dos débitos. Parcelamento e desconto. Haviam dois
tipos:
■ Concorda primitiva: requerida antes do
decretamento da sua falência
■ Concordata suspensiva: requerida depois do
decretamento da sua quebra
○ Segundo o decreto lei revogado, os débitos podem ser
pagos à vista ou a prazo, com descontos percentuais
predeterminados pela legislação falimentar
○ O decreto/a concordata só abrangia apenas os
credores quirografários, ou seja, aqueles credores
sem garantias. Comumente são fornecedores de
serviços e produtos da recuperanda, normalmente são
credores que irão sofrer na carne os efeitos da
recuperação judicial. O sujeito que processou a
empresa que está em recuperação judicial também é
credor quirografário, se não tiver garantia.
○ O que torna um credor com garantia é a garantia
real. Normalmente quem tem garantia real é uma
instituição financeira ou fundo de investimento que
pegou como garantia algum bem.
AULA 2 (14/04):
AULA 3 (18/04):
● Art. 47, Lei 11.101/05: A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação
da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção
da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores,
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica.
○ Fundamenta o pedido de recuperação judicial.
○ É interessante falar em função social da empresa, sendo que inúmeras delas não
cumprem com todas elas.
○ Devemos ter uma visão mais macro quando pensamos em função social da
empresa.
● Art. 48, Lei 11.101/05: Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no
momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos
e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
○ Trata dos critérios objetivos e subjetivos do pedido de recuperação judicial
(especialmente os subjetivos, na visão da professora).
○ Muitas vezes é burlado ou flexibilizado. Isso porque há o exercício da atividade,
mas não há o registro.
○ Por vezes, na prática, nós temos a atividade empresarial sendo explorada, mas
não há registro, apesar da obrigatoriedade de registro perante a respectiva
Junta Comercial há pelo menos 2 anos para pedir a recuperação judicial. Logo,
muitos advogados sustentam que esse registro não é necessário. Se o juízo vai
ou não aceitar não é definido, pois fica a cargo dele.
○ Quando não há o registro perante ao Registro Público de Empresas Mercantis o
exercício da sua atividade empresarial é irregular. Você pode ser até empresário,
mas aí haverá aquela sociedade incomum, o sócio será responsável
ilimitadamente se não estiver definido qual é o regime pelo qual a sociedade
será constituída para fins de uma atividade empresarial.
○ Já houve o caso da professora pedir a recuperação judicial de um empresário
que antes era controlado por uma americana; isto é, o controle dele era realizado
nos EUA. Ele só foi adquirido e registrado regularmente no Brasil há cerca de
5 anos.
○ Como eu comprovo o cumprimento dos requisitos do art. 48?
■ Boa-fé objetiva - obtenção de certidões, que servem para atestar o
quanto declarado pelo empresário quando do pedido da recuperação
judicial.
● I - não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada
em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
○ Você consegue comprovar que a empresa não é falida tanto com a
certidão de distribuidores, quanto com a certidão de interdição e tutela.
○ Normalmente, quando há decretação de falência, um dos distribuidores
será comunicado. Na própria certidão/boleta processual dos
distribuidores terá logo abaixo qual é o registro do distribuidor ao qual
aquele processo estará vinculado naquela jurisdição estadual e é assim
que você consegue verificar, por exemplo, se aquela pessoa (jurídica ou
natural) tem ou não processos judiciais distribuídos contra ela no
momento em que você irá adquirir um bem imóvel dela.
○ A Lei de Registros Públicos afirma que você não precisa exigir as
certidões para registrar a aquisição de um bem imóvel. No entanto, é um
risco.
○ É um jeito de você verificar quais são os problemas da vida daquela
pessoa, como por exemplo, um crime ou muitos processos e muitas
execuções.
○ Você consegue comprovar que ele não foi ou não é mais falido com a
apresentação desta certidão que não poderá apresentar o apontamento de
uma falência. Logo, é com a ausência daquele apontamento que fará
com que aquele sujeito cumpra com o requisito esse inciso I.
○ No caso da certidão de apreensão e tutela, quando você tem a decretação
da falência, acontece o desapossamento. O sujeito perde os poderes de
administrar a sociedade e quem passa a fazer isso é o administrador
judicial. Este será necessário em 2 situações: a) ainda que não haja a
continuidade daquela atividade empresarial, ele precisa administrar a
massa de ativos e passivos separados para poder fazer uma conta e ver
o que sobra para poder pagar os credores; b) existem também o que
chamamos de falências continuadas, que significa que apesar da
decretação da falência, haverá a continuidade daquela atividade, o que é
possível quando você tem o exercício da atividade que é uma concessão,
como o fornecimento de energia, gás e tratamento de água.
● II - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
judicial;
○ Isso serve para que a empresa recuperanda, num curto lapso temporal,
não tenha repactuado suas obrigações, logo em seguida tente repactuar
novamente.
○ É preciso que tenham passado 5 anos após a data da concessão do plano
e sua homologação. Devem ter passado 5 anos após o encerramento da
recuperação judicial. Conta do final do processo inteiro para que, ao
final de 5 anos, seja repactuado o plano de recuperação judicial.
○ Contudo, empresas como a Saraiva e a Livraria Cultura, por exemplo,
repactuaram seus planos de recuperação judicial na pandemia com o
aval do juiz, pois foi entendido que todas as condições estavam presentes
para a repactuação do plano de recuperação judicial. No caso da Saraiva,
ela teve a sua recuperação concedida, mas, em razão da pandemia, ela
apresentou um aditivo ao seu plano de recuperação judicial, repactuando
aquelas obrigações.
■ Em razão da pandemia, alguns pedidos que já tinham sido
processados, planos deliberados e recuperações concedidas, foi
autorizado pelo Poder Judiciário que estas mesmas empresas
voltassem aos autos de suas recuperações judicias e dissessem:
"Juiz, eu não tenho mais condições de cumprir esse plano. Eu
preciso reconvocar a assembleia, além de precisar mudar as
condições que propus anteriormente".
● III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
○ Dedicado a tratar do plano especial que pode ser convocado por
empresas de pequeno porte e microempresas e somente estudaremos lá
na frente.
○ Esse plano especial é mais "amarradinho", dizendo quais são as
condições que você precisa cumprir, inclusive subjetivas, para convocar
esse plano.
○ É como um plano pré-arranjado.
● IV - não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
○ Comprovado por certidão.
● § 1º - A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge
sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.
○ Trata da legitimidade para pedir a recuperação judicial.
○ Fala do empresário individual que estava enfrentando diversas
dificuldades e, no curso da crise, morre. Esse dispositivo trata, então, de
quem é legítimo para pedir a recuperação.
○ O cônjuge sobrevivente poderá pedir a recuperação judicial, a fim de
tentar repactuar aquelas obrigações.
○ Esse critério de sócios remanescentes é mais comum nas
companhias/sociedades anônimas constituídas na forma de ações. Nesse
caso, deve haver uma deliberação da assembleia de acionistas para
autorizar o pedido de recuperação judicial.
■ Geralmente a professora pede em seus casos, mesmo que a
companhia seja de responsabilidade limitada, que não somente
os administradores, como também os sócios assinem e autorizem
o pedido ou que eles façam uma ata deliberando pelo pedido.
Isso porque a recuperação judicial é um caminho sem volta,
podendo haver desistência apenas antes do deferimento do
processamento ou desde que ele convoque uma assembleia para
que os credores concordem.
○ Usualmente, quando a gente pede a recuperação judicial, quem faz o
pedido normalmente é o devedor se for uma sociedade empresária
representada por seus administradores e autorizada devidamente por
seus sócios.
● § 2º - No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a
comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da
Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou por meio de obrigação legal de registros
contábeis que venha a substituir a ECF, entregue tempestivamente.
○ Redação alterada pela Lei 14.112/20.
○ Criado para facilitar a vida do produtor/empresário rural. Criou
facilidades para promover o acesso da recuperação judicial por aquela
pessoa jurídica que exerce aquela atividade rural. O legislador, então,
está dizendo que ele aceita um documento mais simples do que essa ECF
com a apresentação dos registros contábeis que ele possa utilizar na
característica de substituição dessa ECF.
● § 3º - Para a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo, o cálculo
do período de exercício de atividade rural por pessoa física é feito com base no
Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de obrigação legal
de registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela Declaração do
Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e balanço patrimonial, todos
entregues tempestivamente.
○ A gente vai ver que quando do pedido de recuperação judicial, vários
documentos e registros contábeis são apresentados ao juiz.
○ Novamente, busca simplificar a vida do produtor rural para que ele possa
fazer uso dessa ferramenta da recuperação judicial com mais facilidade.
● § 4º - Para efeito do disposto no § 3º deste artigo, no que diz respeito ao período
em que não for exigível a entrega do LCDPR, admitir-se-á a entrega do livro-
caixa utilizado para a elaboração da DIRPF.
○ Novamente, busca simplificar a vida do empresário rural para que ele
possa fazer uso dessa ferramenta da recuperação judicial.
● § 5º - Para os fins de atendimento ao disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, as
informações contábeis relativas a receitas, a bens, a despesas, a custos e a
dívidas deverão estar organizadas de acordo com a legislação e com o padrão
contábil da legislação correlata vigente, bem como guardar obediência ao
regime de competência e de elaboração de balanço patrimonial por contador
habilitado.
○ Se assegura que o livro-caixa esteja minimamente organizado; que o
balanço contábil esteja de acordo com as normas contábeis; que um
contador habilitado tenha analisado as informações contábeis para que
estas estejam devidamente organizadas, que sejam verossímeis e
guardem obediência ao regime de competência e de elaboração de
balanço patrimonial. Assim, o contador assumirá a responsabilidade.
● Art. 48-A, Lei 11.101/05 - Na recuperação judicial de companhia aberta, serão
obrigatórios a formação e o funcionamento do conselho fiscal, nos termos da Lei nº
6.404, de 15 de dezembro de 1976, enquanto durar a fase da recuperação judicial,
incluído o período de cumprimento das obrigações assumidas pelo plano de
recuperação.
○ O conselho fiscal não precisa estar ativo a todo momento na companhia aberta.
Contudo, quando esta pede recuperação judicial, ela necessita,
obrigatoriamente, que esteja instalada durante todo o procedimento.
● Art. 49, Lei 11.101/05 - não é importante para o presente momento, pois não é matéria
desta aula.
● Art. 51, Lei 11.101/05 - A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:
○ Faz um "parzinho" com o art. 48.
○ Diferenciação meramente didática: enquanto o art. 48 trata dos critérios
subjetivos, o art. 51 trata dos critérios objetivos.
○ Contém inúmeros documentos necessários para instruir o pedido de recuperação
judicial. Quem os prepara são os contadores e/ou acessoria especializada.
○ I - a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das
razões da crise econômico-financeira;
■ Se não estiver bem feita, é causa de indeferimento da petição/pedido de
recuperação judicial. Deve ser exposto o que aconteceu com a
empresa/sociedade que deram razão ao pedido; a forma que a crise a
afetou.
○ II - as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais
e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita
observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
■ Quando ele fala em exercício social, cada um dura 1 ano e aponta quais
são os documentos (abaixo) contábeis dos últimos 3 exercícios sociais
necessários para que seja deferido o pedido.
■ a) balanço patrimonial;
■ b) demonstração de resultados acumulados;
■ c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
■ d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
■ e) descrição das sociedades de grupo societário, de fato ou de direito;
AULA 05/05/2022
Continuação art 51, art 51-A e art 52 da lei 11.101/2005
a) balanço patrimonial;
Art 51- A: Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, poderá o juiz, quando reputar
necessário, nomear profissional de sua confiança, com capacidade técnica e idoneidade, para
promover a constatação exclusivamente das reais condições de funcionamento da requerente
e da regularidade e da completude da documentação apresentada com a petição inicial.
(Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 1º A remuneração do profissional de que trata o caput deste artigo deverá ser arbitrada
posteriormente à apresentação do laudo e deverá considerar a complexidade do trabalho
desenvolvido. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 2º O juiz deverá conceder o prazo máximo de 5 (cinco) dias para que o profissional
nomeado apresente laudo de constatação das reais condições de funcionamento do devedor e
da regularidade documental. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 3º A constatação prévia será determinada sem que seja ouvida a outra parte e sem
apresentação de quesitos por qualquer das partes, com a possibilidade de o juiz determinar a
realização da diligência sem a prévia ciência do devedor, quando entender que esta poderá
frustrar os seus objetivos. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
Esse dispositivo foi incluído na legislação por conta de uma alteração promovida
pela lei 14112/2020 para prever e formalizar a perícia prévia/ constatação prévia.
Basicamente, quando chega uma petição inicial de recuperação judicial ao juiz,
ela vem com todos os documentos e certidões mencionados anteriormente, ou seja,
com uma enorme documentação contábil, que o juiz, para deferir o processamento,
tinha que verificar se a recuperanda cumpriu todos os requisitos do art 48 e 51.
O que acontece é que pela extensa documentação, muitos juízes não faziam
uma análise minuciosa desses documentos.
Quando há a designação da perícia prévia, designa-se um administrador judicial
(AJ) para fazer a análise dos documentos e ser o fiscal dentro da recuperanda, ou seja,
fiscalizar se a recuperanda está cumprindo todas as obrigações impostas pela lei
(aferição presencial e documental), para isso, esse AJ, precisa de uma equipe
interdisciplinar.
O que constatou-se foi que quando há perícia prévia, o número de
processamentos de recuperação judicial sobe, porque usualmente o mesmo AJ que
constatou a documentação, é o que será designado no futuro para ser o administrador
daquela recuperação, então ele já apresenta, prepara e regulariza todos documentos.
Quando o laudo é bem feito, o juiz imediatamente defere o processamento
porque não só os requisitos legais estavam cumpridos, mas também toda a
documentação contábil da qual ele não precisa ter conhecimento estava também
cumprida.
Art 52: Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o
processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:
§ 1º O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá:
a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III
do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105
desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação
da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito;
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados;
c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem
de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos;
II – na recuperação judicial:
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do
devedor, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo
devedor; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
f) assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios, inúteis ou,
em geral, prejudiciais ao regular andamento das negociações; (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020) (Vigência)
III – na falência:
a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à
sua disposição os livros e documentos do falido;
j) proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo máximo de 180 (cento
e oitenta) dias, contado da data da juntada do auto de arrecadação, sob pena de
destituição, salvo por impossibilidade fundamentada, reconhecida por decisão
judicial; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10º (décimo) dia do mês seguinte
ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a
receita e a despesa;
q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob
pena de responsabilidade;
Além disso, o artigo dispõe também que serão apresentadas três listas de credores:
(i) a primeira delas é oferecida pelo devedor e consiste em uma fase administrativa e
gratuita; (ii) a segunda é apresentada pelo próprio Administrador Judicial, após de apurar
a lista oferecida pelo devedor e de receber habilitações de crédito e divergência (na
hipótese de haver credores que desejem alterar seu crédito); e, por fim, (iii) a terceira lista
consiste na consolidação da lista de credores, que é elaborada após de ultrapassada a fase
administrativa e houver ocorrido a apreciação de habilitações e de divergências (art. 22,
I, f, c/c art. 18, da Lei 11.101):
(...)
Ainda acerca das listas, vale pontuar que a segunda delas se trata de uma fase
administrativa e gratuita (com exceção do TJRJ, que exige o pagamento de custas). Além
disso, sua previsão legal é: art. 22, I, e, c/c art. 7º, parágrafo 2º, ambos da Lei 11.101:
(...)
Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com
base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos
documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o
auxílio de profissionais ou empresas especializadas.
Por fim, vale pontuar que a alínea j, do inciso III, trata de uma nova obrigação que
recai sobre o Administrador Judicial e que determina que o AJ rapidamente avalie os vens
do falido e os venda, sob pena de destituição.
AULA 09/05
§ 1º: O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial (..)
A expedição do edital para publicação no órgão oficial é a primeira vez que aquele juízo
recuperacional se dirige aos credores, a fim de dizer que o devedor pediu a recuperação
judicial, juntamente com o resumo do pedido do devedor (exemplos: dívida bancária muito
alta que não consegue pactuar, produto obsoleto, presença de um problema fiscal que não
consegue dirimir etc) e que o processamento foi deferido.
O edital também irá versar sobre a relação nominal dos credores. O que acontece é que, na
realidade, cada caractere que é publicado no diário oficial do Rio de Janeiro custa 0,67
centavos, configurando um valor extremamente caro. Assim, há o pedido, por parte dos
advogados dos recuperandos, para que o juiz realize uma publicação sumária no edital, ou
seja, a publicação apenas da parte que conste as causas do pedido e o deferimento do
processamento da recuperação judicial. Caso os credores queiram saber o valor do crédito
habilitado para eles, devem recorrer ao site do administrador judicial e do Tribunal de Justiça.
Portanto, essa lista de credores ficará disponível nos autos do processo, sendo posteriormente
veiculada por meio de edital (podendo aparecer no edital ou não, caso o recuperando tenha
pedido a publicação sumária).
O credor não é considerado parte do processo, mas ele é diretamente atingido, visto que tem
um crédito que, ao invés de ser regularmente pago na data prevista para seu vencimento ou na
data ordinariamente pactuada naquele contrato, será revisitado na forma do plano de
recuperação. Por conta disso, há uma obrigação por parte do administrador judicial de ter tais
informações disponíveis para os credores.
Para a prova da OAB, considera-se que no edital previsto no artigo 52, parágrafo 1o, Lei
11.101/2005 precisa sempre constar a relação nominal dos credores. Com base no fato de que
o devedor está passando por uma crise, pagar pelos caracteres se torna um problema. Ou seja,
na "vida real", o devedor poderá verificar a lista por meio do administrador judicial.
III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do art. 7º ,
§ 1º , desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação
judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei;
Esse edital, além de determinar que tal sujeito entrou em recuperação judicial e o valor do
crédito que cada credor tem habilitado com ele, determina também que, se o credor foi
habilitado na recuperação judicial mas seu crédito está errado, será intimado neste ato e por
meio deste edital a apresentar sua divergência. Se for credor do recuperando e não tiver sido
habilitado, precisará habilitar seu crédito na recuperação judicial, iniciando neste momento
seu prazo.
A recuperação judicial é um "caminho sem volta". O devedor pode desistir até o deferimento
do processamento, após esse processo ele precisará convocar uma assembleia-geral de
credores.
É quem diz ao juiz se todas as obrigações que o recuperando precisa cumprir, enquanto
recuperanda, estão sendo adimplidas. Além disso, é responsável por fiscalizar as contas e
balanços, preparando um relatório mensal para ser juntado aos autos do processo. Os
honorários do administrador judicial são fixados entre 1% e 5% dos créditos sujeitos ao efeito
do pedido. O administrador precisa de um time interdisciplinar de profissionais capazes de ler
balanços patrimoniais, fluxos de caixa, laudo de viabilidade, business plan etc.
Antigamente, o juiz arbitrava o valor dos honorários do administrador judicial. Hoje em dia, a
proposta é apresentada nos autos, tendo uma limitação legal de 5%. Também é possível
dividir essa verba ao longo do tempo, para que seja paga mensalmente (caso precise substituir
o administrador judicial, não haverá dinheiro para realizar o pagamento de quem o
substituirá).
Aula 23/05/22
Trata de questões sobre quais ferramentas o devedor pode invocar para se recuperar e como invocá-las.
O art. 50 da Lei 11.101/05 traz um rol exemplificativo dos meios que o devedor pode usar para se
recuperar. Como o rol é exemplificativo, isso traz um conforto ao devedor, que pode escolher o meio que
desejar, incluindo outros que não estão presentes no artigo.
I → isso tem a ver com o art. 49, que submete aos efeito da RJ os créditos vencidos e existentes na data
do pedido.
V → utilizado, por exemplo, na RJ da Saraiva. Ou seja, colocou na mão dos credores o poder de veto para
substituição de assentos no conselho de administração. Isso é feito porque, na maioria dos casos, há
problema na gestão da empresa em RJ. Às vezes, uma troca de gestão é importante. Mas também é
importante que o administrador tenha um grande conhecimento da empresa durante o processo de RJ.
VI → às vezes é feito aumento do capital social para emitir ações e converter créditos em participação
acionária.
XI → venda parcial dos bens. O devedor não pode vender bens do ativo não circulante sem autorização
judicial.
XII → repactuar os encargos previstos nos contratos que ele usualmente celebra com fornecedores ou com
instituições financeiras.
XIII → esse usufruto não pode ser de forma gratuita, até mesmo para que o devedor possa pagar os
credores da empresa.
XV → emissão de valores mobiliários (companhia constituída por ações) como bônus de subscrição,
ações, debêntures etc.
XVI → adjudicação é forçar que alguém promova o cumprimento da obrigação que ela prometeu
anteriormente. A constituição da sociedade de propósito específ ico é para que seja possível fazer uma
distribuição mais fácil e equânime dos ativos do devedor para os credores.
XVII → conversão de dívida em capital social. Em vez do devedor pagar a dívida ao credor, ele diz que
o credor pode ser acionista. Assim, o credor poderia vender essas ações a terceiros. Isso teria vantagem?
Teria alguém para comprar essas ações? Às vezes sim, pois nem todos possuem as mesmas informações
sobre a situação de determinada empresa ou do mercado no geral. Por isso, acabam comprando ações de
empresas em recuperação judicial. Ou compram de propósito mesmo.
Parágrafo primeiro → preciso respeitar as garantias que tenham sido constituidas eventualmente aos bens.
Exemplo: se um imóvel da empresa está hipotecado, ele não pode vender esse imóvel para pagar uma
dívida.
Parágrafo terceiro → ou seja, o credor que se tornou sócio devido à conversão do crédito em ação, ele não
será responsável pelas dívidas do devedor.
Transcrição aula de Direito Comercial III – data: 30/05/2022
A fase de verificação de créditos é relevante pois o crédito representa o poder que o credor
terá para participar da assembleia de credores, principalmente se for credor classe II e classe
III, pois estes votam por cabeça (seja PF ou PJ) + crédito.
OBS: Rememorando: Classe I – trabalhista / Classe II – Com garantia real / Classe III –
quirografários (sem garantias) / Classe IV – quirografários (ME e EPP).
A partir dos valores habilitados na recuperação judicial, ele vai saber o quanto vai
receber (art. 49 da lei 11.101/05). Saber o direito de quanto está habilitado para votar e para
receber o crédito.
Prevista no art. 7º da Lei 11.101. Ocorre tanto na Recuperação Judicial (RJ) quanto na falência.
- Caráter administrativo
- Responsabilidade do AJ
PROCEDIMENTO
OBS3
- É permitido ao credor pleitear perante o administrador judicial (AJ) habilitar, excluir ou
notificar os créditos de natureza trabalhista. O processo deve tramitar todinho e ser
liquidado perante a justiça do trabalho.
Hoje será falado de algo bem básico que é a proposição e aprovação do plano de
uma recuperação judicial e algo mais sofisticado que é o plano de credores. A fase de
verificação dos créditos basicamente serve para que os credores tenham os seus créditos
devidamente habilitados nos autos da RJ (recuperação judicial) para que possam receber
o que lhes é devido e não foi pago, por força, inclusive, da suspenção temporária das
execuções do devedor e do peso que esse credito tem para que esse credor exerça seu
direito de voto na Assembleia de Credores. Como cada classe vai votar numa deliberação
assemblear? Será determinado pelo artigo 41 da Lei 11.101, em que os incisos dividirão
as classes de credores e os parágrafos definirão as regras de votação:
Se parte do credito tem garantia e a outra parte não (Exemplo: se parte do crédito
é de classe II, e outra parte é de classe III), o credor vai votar nas duas classes até o valor
do bem e o que não tiver garantia, o credor vai votar na classe III, como se quirografário
fosse.
Quando se fala em deliberação assemblear, o modo como serão computados os
votos para aprovação dependerá da matéria do que se está votando. Em suma, existem
várias matérias que podem ser deliberadas em uma Assembleia de Credores, sendo que a
que versar especificamente sobre a votação do plano apresentado pela recuperanda, o
modo de computo dos votos se dará nos termos do artigo 45, mas se tratar de qualquer
outro assunto, a votação deverá seguir o disposto no artigo 42. Dentre as matérias que
podem ser deliberadas pela assembleia, encontra-se a suspensão daquela assembleia e a
constituição do comitê de credores, por exemplo.
Em outras palavras, os artigos 42 e 45 vão trazer as formas de deliberação, com a
diferença na forma de coleta de voto.
O Art. 42 comporta todas as matérias que forem levadas à deliberação assemblear,
exceto a deliberação do plano de RJ (recuperação judicial). Para ser aprovada, a matéria
deve ter 50% mais 1 dos créditos (não colocar que é 51%, porque 50,1% já basta), em
relação a 100% dos créditos presentes na AGC (Assembleia Geral de Credores). Por sua
vez, para instaurar a assembleia, em sede de primeira convocação, você deve ter 50%
mais 1 dos créditos em cada classe, por exemplo. Dito isso, tem-se a redação do artigo:
Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia-geral, exceto nas
deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea a do inciso I do caput do art. 35
desta Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de realização do ativo nos termos do
art. 145 desta Lei.
O Art. 45 vai tratar apenas da deliberação do plano de RJ, e nela todas as classes
têm que aprovar a proposta, conforme visto a seguir:
Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores
referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.
§ 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II (com garantia real) e III (quirografários)
do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do
valor total dos créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores
presentes.
§ 2º Nas classes previstas nos incisos I (trabalhistas e honorários) e IV (Microempresa e Empresa
de pequeno porte) do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores
presentes, independentemente do valor de seu crédito.
§ 3º O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quórum
de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de
pagamento de seu crédito.
CLASSE I – (imagem de pessoas)
Portanto, nas classes 2 e 3, a proposta tem que ser aprovada com mais da metade
do valor dos créditos presentes à assembleia além da maioria simples de pessoas (número
de cabeças), é um duplo critério de aprovação, dinheiro + cabeças. Enquanto isso, nas
classes 1 e 4, basta a maioria simples das pessoas presentes para a aprovação do plano de
RJ, independentemente do valor de seus créditos, lembrando que as classes votam
separadamente. Dessa forma, a recuperanda tende a se aproximar dos credores da classe
2 e 3 que possuem mais créditos, pois eles acabam por ter um peso maior na votação. No
entanto, se esse credor não se mostrasse de acordo com o plano, era comum (ainda
acontece hoje, mas tempos atrás era mais comum) que a recuperanda o ameaçasse com o
abuso do direito de voto, previsto no Artigo 39, parágrafo 6°:
A jurisprudência tem tido mais cuidado ao interpretar esse artigo, para não
esvaziar o direito de voto do credor. A recuperando a dizia que aquele credor com um
peso muito grande que negou o seu plano na Assembleia estava na verdade abusando do
seu direito de voto e exercendo uma pressão enorme sobre aquele devedor não se
importando com aquelas consequências. No entanto, você anular o voto de um credor
baseando-se na premissa de que ele exerceu aquele voto em abuso de direito é muito
grave, esvazia todo o poder dele. Quando empresários fazem contratos, eles alocam riscos
e precificam o negócio, então isso gera um aumento substancial desse risco que eles
calculam.
É importante diferenciar, no entanto, a diferença entre o quórum de aprovação do
plano de RJ e o quórum para instauração da Assembleia.
Art. 56 § 3º: O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembleia-geral, desde
que haja expressa concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição dos direitos
exclusivamente dos credores ausentes.
Trata-se de uma inovação trazida em 2020, em que até janeiro de 2021, quando
cessou a vacatio da Lei 14.112, não conhecíamos essa figura que veio importada tanto do
direito Frances quanto Americano. Consiste na possibilidade de os credores apresentarem
um plano para aquela recuperanda, devendo ser observadas as seguintes
hipóteses/condições: (, elencadas pelo Art. 56, parágrafo 6°:)
1. Quando cessa o período de Stay Period, aquele período de suspensão de
180 dias, ou, se prorrogado, de sua prorrogação, sem que o devedor tenha
convocado a Assembleia
2. Quando o plano de RJ é rejeitado na assembleia, de acordo com o Art. 56,
parágrafo 4°.
Art. 56 § 6º: O plano de recuperação judicial proposto pelos credores somente será posto em
votação caso satisfeitas, cumulativamente, as seguintes condições:
I - não preenchimento dos requisitos previstos no § 1º do art. 58 desta Lei (Cram-Down – Goela
Abaixo);
II - preenchimento dos requisitos previstos nos incisos I, II e III do caput do art. 53 desta Lei;
III - apoio por escrito de credores que representem, alternativamente:
a) mais de 25% (vinte e cinco por cento) dos créditos totais sujeitos à recuperação judicial; ou
b) mais de 35% (trinta e cinco por cento) dos créditos dos credores presentes à assembleia-geral
a que se refere o § 4º deste artigo;
IV - não imputação de obrigações novas, não previstas em lei ou em contratos anteriormente
celebrados, aos sócios do devedor
V - previsão de isenção das garantias pessoais prestadas por pessoas naturais em relação aos
créditos a serem novados e que sejam de titularidade dos credores mencionados no inciso III deste
parágrafo ou daqueles que votarem favoravelmente ao plano de recuperação judicial apresentado pelos
credores, não permitidas ressalvas de voto;
VI - não imposição ao devedor ou aos seus sócios de sacrifício maior do que aquele que decorreria
da liquidação na falência.
Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor
cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado
pela assembleia-geral de credores na forma dos Arts. 45 ou 56-A desta Lei.
§ 1º O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação
na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembleia, tenha obtido, de forma cumulativa:
I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos
presentes à assembleia, independentemente de classes;
II - a aprovação de 3 (três) das classes de credores ou, caso haja somente 3 (três) classes com
credores votantes, a aprovação de pelo menos 2 (duas) das classes ou, caso haja somente 2 (duas) classes
com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas, sempre nos termos do art. 45 desta Lei
III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores,
computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei.
§ 2º A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1º deste artigo se o
plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado.
§ 3º Da decisão que conceder a recuperação judicial serão intimados eletronicamente o
Ministério Público e as Fazendas Públicas federal e de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios
em que o devedor tiver estabelecimento.
Art. 58-A. Rejeitado o plano de recuperação proposto pelo devedor ou pelos credores e não
preenchidos os requisitos estabelecidos no § 1º do art. 58 desta Lei, o juiz convolará a recuperação judicial
em falência.
Parágrafo único. Da sentença prevista no caput deste artigo caberá agravo de instrumento
4. II - Preencher os requisitos dos Incisos I, II e III do Artigo 53;
Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável
de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob
pena de convolação em falência, e deverá conter:
I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art.
50 desta Lei, e seu resumo;
II – demonstração de sua viabilidade econômica; e
III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por
profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.
Art. 56 § 8º Não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º deste artigo, ou rejeitado o plano de
recuperação judicial proposto pelos credores, o juiz convolará a recuperação judicial em falência.
“Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz
convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação.
§ 8º Não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º deste artigo, ou rejeitado o plano de
recuperação judicial proposto pelos credores, o juiz convolará a recuperação judicial em
falência.”
OBS: Prof. "Supor que o devedor decida pedir a falência. Se o devedor não regulou, a única
regra que poderia incidir nesse caso seria colocar o óbice. Se o devedor quer pedir a
falência, é admitido, porque ele continua tendo a faculdade de não prosseguir na sua
atividade, e o credor não pode ser dono dele. No entanto, tal situação é complicada."
Artigo 56-A:
“Até 5 (cinco) dias antes da data de realização da assembleia-geral de credores convocada
para deliberar sobre o plano, o devedor poderá comprovar a aprovação dos credores por
meio de termo de adesão, observado o quórum previsto no art. 45 desta Lei, e requerer a
sua homologação judicial.”
“Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial
do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei
ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na forma dos arts. 45 ou 56-A
desta Lei.
§ 1º O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não
obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha
obtido, de forma cumulativa:
II - a aprovação de 3 (três) das classes de credores ou, caso haja somente 3 (três)
classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 2 (duas) das classes ou, caso
haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma)
delas, sempre nos termos do art. 45 desta Lei;
III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos
credores, computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei.”
Em caso de não alcançar o quorum necessário, se aplica o artigo 58 desta lei (usa-se o
cram-down (goela abaixo), ou seja, faz uma "forcinha" para o plano de credores ser
aprovado).
Assim, força o plano mesmo que não aprovem.
As classes devem aprovar o plano por maioria (deve ter mais de 50% de todos os credores)
e os incisos do artigo 58 devem ser cumulativos para que haja a aprovação.
- Esclarecimentos acerca dos critérios usados nos incisos do artigo 58 da Lei
11101/05:
- I: mais da metade do valor de todos os créditos, o critério é dinheiro.
- II: o critério é o maior número de classes, se só tem 4 (quatro), deve ser aprovado
em 2 (dois) e em 2 (dois), deve ser aprovado em 1 (um).
- III: classe que houver rejeitado tem que ter tido mais de ⅓ da aprovação dos seus
credores.
OBS 3: "Céu de brigadeiro"- ocorre quando todas as classes aprovaram o plano. Mas se
não aprovaram, deve ir pro goela abaixo “cram-down”, e há condições.
● Além disso, caso o plano seja rejeitado, o devedor terá que suportar esse efeito: O
Juiz terá que convolar a recuperação judicial em falência.
● Efeito de novação acontece por força da Recuperação Judicial.
OBS 4: Há a possibilidade do plano não ser aprovado, por ser considerado muito agressivo,
e consequentemente não gostarem. Na vida real, muitos credores, principalmente
quirografários, aceitam o plano com medo da falência, achando que nesse cenário nada
será recebido e pago. Nesse contexto, trouxe a possibilidade do credor apresentar o seu
próprio plano.
Assim, os devedores estavam ameaçando os credores com a possibilidade de falência.
“Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao
pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias,
observado o disposto no § 1º do art. 50 desta Lei.
-Efeitos da R.J aqueles créditos que antes não podiam. Tem que negociar com o
sindicato palacete e aquele trabalhador não tem a mesma paridade que um credor
quirografário.
& 1 os mesmo créditos não estão submetidos a recuperação judicial não estão
submetidos a extrajudicial.
-Art.49 & 3, L.11101 (créditos excetuados dos efeitos da R.J) c/c Art.85 , 86 da LRF (
restituição na falência).
-Art.161 & 2
OBS : Devedor pega o telefone e marca com esses credores dessa recup.extraj. ,
uma reunião . Pode ser por exemplo um estaleiro. Ele fala que vai fazer uma r.extj
mas só vai submeter aos efeitos da R.J.. contratos específicos ( por exemplo projetos
que esteja desenvolvendo, credores de SPE( sociedade de propósito específico) –
preveem prazo determinado .
-Uma sociedade anônima pode ser uma sociedade SPE e ocorre também a
afetação(destinação ) de patrimônio . Ex : incorporadoras ( fazem muitas SPEs).
-SPE integralizar com o próprio terreno - contrata uma empresa de engenharia para o
projeto para fazer o lançamento- pega o memorial e leva ao registro para vender no
modelo de incorporação imobiliário(terreno virtual).
-Falência não terá efeito sobre a SPE - afetação do patrimônio, está salvaguardando
de não fazer parte de um processo de falência.( Direito a uma parte do terreno, fracos
pq sua propriedade horizontal está construindo em cima do outro).
OBS: Escândalo da Encol - usava os recursos para comprar outros terrenos .
Medo das pessoas comprar imóvel na planta. O legislador venda essa insegurança
jurídica , resolveu fazer modificações na legislação para inserir o patrimônio de
afetação para assegurar que o adquirente (futuro proprietário ) na segurança de
hipótese não estaria submetido aos efeitos da falência. ( Mas não é obrigatória a
construtora inserir o patrimônio de afetação, mas pelas incorporadoras sim ).
OBS : O fato do devedor pedir uma r. extrajudicial não impede que ele peça
um recuperação judicial .
- Art. 163 - assinado por credores por mais da metade de créditos de cada espécie
abrangido pelo plano. Devedor poderá requerer desde que assinados por mais da
metade de cada espécies (natureza ) abrangidos pela recuperação .
50 % + 1 ( pode ligar para os credores que possuem maior poder político- crédito) :
aprovação do plano de recuperação extrajudicial para assinar o plano .
Apesar de não previsto na lei, o Juiz aceita e chama o administrador judicial para
montar um quadro de credores para verificar se o quórum foi atendido.
Na forma do & 6° a petição vai ter q conter a explicação patrimonial I , & 6 163 . (na
petição de pedido juntar a exposição dele e demonstrações contábeis relativos ao
último exercício social / documentação de minuta e III , documentos que comprovem
os poderes dos subscritores para provar ou transigir na transição nominal dos
credores com a i ).
Art.163 §7° - o pedido previsto no caput poderá ser apresentado com a anuência do
crédito por eles abrangidos com prazo prorrogável de noventa dias por meio de
adesão expressa ou . Necessário 1/ 3 e tem 90 dias para se reunir com os outros . Se
obter adesão dos demais da metade tem a adesão , se não conseguir pode pedir em
para conversão em r.j,:
Isso que vai dar força para pedir a homologação do plano de r. extrajudicial .
OBS : Se não conseguir o quórum pode pedir para uma recup. extrajudicial ( só
apresentar o resto de documentos).
Art.167 - não é pq ela pediu r.j em determinadas espécies de crédito que não pode
acordo com outros credores que não estão presentes .
Espécies de R.extrajudicial :
Quando não tem todos precisa ir para impor o plano aos que não aceitaram.
Juiz competente mesmo juiz que deste a r.extj.( sede de volume maior dos negócios).
163 - & 1 -( Art.83, II, IV , V , VI , VIII) . Quadro de credores da falência diferente da
r.j.
Dentro da espécie poderá separar grupos. ( tem q ter uma lógica sem distinção de
credores).
20/06
Hoje será tratado o tema da falência. Para se falar de falência, partiremos para a
convolação da recuperação judicial em falência, que corresponde à transformação da
recuperação judicial em falência. Existem algumas hipóteses em que a recuperação pode se
convolar em falência (art. 73).
Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia-geral, exceto
nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea a do inciso I do
caput do art. 35 desta Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de
realização do ativo nos termos do art. 145 desta Lei.
Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo
improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da
recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:
1
O inciso III dispõe da hipótese de não conseguir aprovar o plano com Cram Down e
quando o plano dos credores for rejeitado. Ou seja, são requisitos: o plano foi rejeitado, não
passou com ferrou e não passou o plano dos credores (se é que houve um).
O inciso IV, trata de quando o devedor descumprir o plano, onde também terá sua
recuperação judicial convolada em falência. Quando a recuperação judicial é convolada em
falência dentro do período de fiscalização (art. 61), o crédito do credor volta ao status quo ante,
voltando ao valor original. Então o efeito de um crédito reduzido em 50%, por exemplo, de um
milhão para 500 mil, volta a ser um milhão, se ocorrido, conforme o art. 73, inciso IV, dentro
do período de fiscalização.
Por outro lado, o artigo 94, inciso III, alínea G, trata da hipótese de decretação da
falência do devedor que descumprir uma obrigação assumida no plano de recuperação. Se
difere, portanto, do art. 73, inciso V, pois, no caso do artigo 94, a recuperação judicial já foi
encerrada.
Art. 68. As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir,
nos termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação
judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966
- Código Tributário Nacional.
Antes, o fisco não podia pedir a convolacao da recuperação judicial em falência, mas
agora o fisco pode fazer isso, por força do inciso V, quando o devedor descumpre o seu
parcelamento.
2
Art. 73. (...)
VI - quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que implique liquidação
substancial da empresa, em prejuízo de credores não sujeitos à recuperação judicial, inclusive
as Fazendas Públicas.
O parágrafo segundo tenta dar um remédio para o inciso VI, dizendo que a hipótese
prevista no inciso VI não implica invalidade ou ineficácia de atos.
O parágrafo terceiro dispõe que considera-se substancial quando não forem reservados
bens, direitos ou projeção de caixa futuro suficiente para manutenção da atividade econômica.
Então aqui é conceituado o que é liquidação substancial do inciso VI.
3
Art. 74. Na convolação da recuperação em falência, os atos de administração, endividamento,
oneração ou alienação praticados durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde
que realizados na forma desta Lei.
O artigo 74 se trata de um dispositivo que confere segurança jurídica para quem faz
negócio com a recuperanda.
Na próxima aula serão tratados os pressupostos da falência.
4
AULA 27/06/2022
A falência frustrada é o reconhecimento de que não só não estão sendo encontrados bens
para pagamento dos credores como não há recurso nem para pagar as despesas
processuais.
Versa sobre quem pode requerer a falência: o próprio devedor, o cônjuge sobrevivente ou
qualquer herdeiro do devedor ou inventariante. No inciso IV fala que pode qualquer credor
também.
Para fazer o requerimento de falência existe algumas pegadinhas. O empresário que for
irregular não pode requerer a falência de outro devedor porque é uma espécie de punição
que a Lei dá para quem não está inscrito regularmente. Isso está no parágrafo primeiro do
art.97. Vulgarmente, quer dizer que: “Primeiro arruma a sua casa, antes de falar da casa dos
outros”.
E se o empresário, cuja quebra seja requerida não estiver regularmente inscrito? Aí eu
posso pedir a falência dele. Haverá responsabilidade regular de todos os sócios.
E se o empresário irregular quiser pedir sua auto falência? Pode e está no art.105, IV da Lei
11101/05. O legislador parte da premissa de que nessa situação vai atingir os bens de
todos os sócios particulares. Existe uma corrente minoritária amparada no art. 105, V da Lei
11101/05. O EMPRESÁRIO irregular tem que apresentar livros obrigatórios. Esses livros
devem ser levados ao registro, mas como é irregular, não vale como livro, pois deve ser
registrado perante a junta comercial. Antes de começar a usar os livros tem que levar a
registro.
O legislador é claro no art.105, inciso IV. Focar somente no que a Lei prever.
A falência referenciada prevista no inciso III, art.97 da Lei 11101/05, o cotista ou acionista
na forma da Lei só se aplica as sociedades empresarias porque os seus sócios, em seu
próprio nome, pode requerer a falência da pessoa jurídica. O sócio minoritário também
pode fazer isso. Em tese, está amparado pelo legislador.
A falta de interesse para o cotista requerer a falência poderia ser identificado quando o
sócio minoritário discorda e ele pode ser considerado naquela deliberação ser um sócio
dissidente e ele tem direito de RETIRADA. Entretanto, o direito de retirada não exime a
responsabilidade dele.
Quando o credor for empresário tem que prestar atenção na regrinha de está registrado
também na junta comercial.
Existe uma doutrina majoritária, que diz que a fazenda pública não poderia requerer a
falência, assim não entra no concurso de credores. Uma professora renomada da USP
discorda e acha que poderia requerer sim. Hoje, a fazenda pública pode requerer a falência
do empresário e muitos dispositivos tratam disso como art.73, inciso VI da Lei 11101/05.
Existe também doutrina que entende que a fazenda pública tem interesse de requerer a
quebra do devedor. A Fazenda Pública se submete ao concurso material de credores,
apesar de não se submeter ao concurso de credores.
Se a fazenda pública descobre um bem valioso e arrecada para a falência, por que a
fazenda tem interesse de continuar cuidando da execução? Porque não quer receber da
massa falida. Quer receber dos sócios e os bens dos sócios não têm a ver com os bens da
sociedade empresária e não é arrecadado. Assim, não vai ter que dividir com os demais
credores. A fazenda atinge os bens dos sócios a partir da insolvência civil.