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Caderno de Direito Comercial IV

Prof. Thalita Almeida


Aluna: Beatriz Neves de Almeida

Prova: 11 de julho
Segunda chamada (com justificativa e pré-aprovada pela professora): 18 de julho

AULA 1 (11/04):
● Direito falimentar:
○ Quando o empresário entra em crise, ele precisa de uma legislação bem
preparada para atendê-lo.
○ Brasil: Código Comercial de 1850 falando das quebras
○ Só teremos uma maior preocupação para tratar do período anterior à quebra
no Decreto 917 de 1890. No curso deste decreto, há uma preocupação de
pensar numa espécie de concordata para evitar a quebra daquele
empresário.
○ O empresário pode entrar em crise por diversos motivos: produto
obsoleto; guerras e outros eventos externos à atividade empresarial; a
entrada de um ente mais poderoso (que destrói a concorrência) no mercado;
evolução dos comportamentos do consumidor, além da incompetência do
empresário (que é só um exemplo).
■ Assim, não necessariamente quando um empresário quebra é porque
ele é incompetente. Os motivos que fazem um empresário quebrar
são diversos.
○ Por isso, ter uma legislação adequada para tratar dessa crise, para dar
conta desse momento de crise do empresário é algo muito importante
para a manutenção do mercado. Senão, virão os agiotas, as ameaças de
morte, ao passo que existirem ferramentas adequadas para lidar com a crise,
que possam criar um ambiente adequado de negociação com credores, para
conseguir manter viva uma atividade empresarial é tão fundamental para o
mercado.
○ Normalmente, o que acontece nessas crises é que o empresário tem esse
elemento externo mais um despreparo interno ou até uma quezília societária.
É necessário poder lidar com essa situação, porque isso significa que
dentro dessa jurisdição, aquele tribunal e aqueles agentes econômicos
estarão preparados para enfrentar esse momento de crise, o que faz
toda a diferença.
○ Quando olhamos para o mercado europeu e americano, vemos que em todas
essas jurisdições existe uma legislação especial para tratar da crise do
empresário.
○ No Brasil, temos uma legislação hoje bastante adequada para lidar com isso.
Só que isso vem de uma evolução paulatina, de discussões; de
especializações dos profissionais, inclusive dos advogados; da defesa do
direito comercial separado do direito civil.
○ Já tivemos 7 legislações falimentares no Brasil:
■ Código Comercial de 1850;
■ Decreto nº 917 de 1890;
■ Lei nº 859 de 1902: vai tratar da reforma da lei de falências
■ Lei nº 2024 de 1908: também promove uma profunda reforma na lei
de falências
■ Decreto nº 5746 de 1929: também modifica a lei de falências
■ Decreto lei (revogado) nº 7661 de 1945 : essa é a legislação que
antecede a legislação atual (Lei 11.101 de 2005).
● Traz uma consolidação do procedimento da concordata,
que era o instrumento que havia para lidar com a crise do
empresário antes da recuperação judicial;
● Até hoje este decreto rege alguns processos falimentares:
art 192 da Lei 11.101/05 - regra de direito intertemporal. Um
determinado procedimento falimentar será regulado a
partir da data em que aquela falência é decretada. Existem
falências bem antigas que ainda estão tramitando nas
varas empresariais.
● Sua redação é muito mais responsável que alguns dispositivos
da lei 11.101 (atual), que foram transmutados ao longo do
tempo, às vezes sem muita técnica.
● Diferenças da Lei 11.101 para o Decreto Lei 7661 revogado
de 1945:
○ Neste decreto revogada, fala-se em concordata ao
invés de recuperação judicial. A concordata era uma
ferramenta possível de ser utilizada pelo devedor, mas
apenas e somente se o juiz autorizasse. É um favor
legal que é concedido pelo juiz autorizado pela
legislação.
○ No decreto lei revogado, o devedor propunha a dilação
do prazo do pagamento das suas obrigações ou até do
vencimento delas, ou o perdão parcial de algum de
seus débitos (remissão) para solucionar o seu passivo.
Há também o parcelamento; quando menor o
parcelamento, maior a remissão e vice-versa.
○ Concordata: instrumento de repactuação financeira
dos débitos. Parcelamento e desconto. Haviam dois
tipos:
■ Concorda primitiva: requerida antes do
decretamento da sua falência
■ Concordata suspensiva: requerida depois do
decretamento da sua quebra
○ Segundo o decreto lei revogado, os débitos podem ser
pagos à vista ou a prazo, com descontos percentuais
predeterminados pela legislação falimentar
○ O decreto/a concordata só abrangia apenas os
credores quirografários, ou seja, aqueles credores
sem garantias. Comumente são fornecedores de
serviços e produtos da recuperanda, normalmente são
credores que irão sofrer na carne os efeitos da
recuperação judicial. O sujeito que processou a
empresa que está em recuperação judicial também é
credor quirografário, se não tiver garantia.
○ O que torna um credor com garantia é a garantia
real. Normalmente quem tem garantia real é uma
instituição financeira ou fundo de investimento que
pegou como garantia algum bem.

■ Lei nº 11.101 de 2005:


● Também lida com a crise do empresário
● Hoje, o poder que estava na mão do juiz (concordata) foi
transferido para a mão dos credores (recuperação
judicial), que são os maiores afetados num processo de
reestruturação. São eles que vão sofrer descontos,
parcelamentos, conversão de dívida em participação acionária,
etc.
● Hoje, há muito mais liberdade para propor meios de
recuperação, formas de pagamento desse crédito, sem que o
legislador tenha que se meter nessa vontade do devedor.
● A lei 11.101 fala em recuperação judicial, ao invés de
concordata: há mais espaço para a criatividade.
● A recuperação judicial, diferentemente da concordata, é
uma ferramenta de reestruturação da atividade
empresarial. Pode ter alteração da administração ou não,
depende dos credores.
● Aqui, é livre a disposição da forma de pagamento e a
implementação de deságios.
● A recuperação judicial não abrange somente os credores
quirografários, mas também os credores trabalhistas, os
credores com garantia e as ME (microempresa) e EPP
(empresa de pequeno porte). Essas últimas pessoas
jurídicas foram separadas dos credores quirografários porque
se entendeu que as ME e EPP normalmente detinham créditos
menores, se comparadas com alguns dos credores
quirografários, que muitas vezes figuram numa classe de
credores da recuperação judicial com créditos milionários.
Para dar mais poder para eles, estes foram isolados numa
classe, por meio de uma alteração (Medida Provisória 147
de 2014)

■ Lei nº 14.112 de 2020:


● Reforma que alterou vários dispositivos da lei 11.101, além de
ter incluído diversos dispositivos. Incluiu dispositivos
ratificando jurisprudência e também buscando estimular a
utilização da conciliação e da mediação. Ainda, aborda a
falência transnacional.
● Essa lei não é a nova lei falimentar. A que vigora ainda é a
11.101. A lei 14.112 trouxe apenas modificações e
inclusões à lei falimentar, fazendo uma consolidação da
jurisprudência e trazendo ferramentas, muitas importadas do
direito americano e dos tribunais.
● Uma outra alteração que a lei 14.112 trouxe foi o dip finance
(financiamento do devedor em recuperação judicial). É
uma ferramenta que garante ao financiador o tratamento
especial, diferenciado, para aquele credor que empresta
dinheiro para o devedor em recuperação judicial.
● Isso é importante porque se o sujeito está em recuperação
judicial, é um caminho sem volta. Ou você recupera, tem seu
plano aprovado/homologado, ou você quebra.
● A reforma tinha a pretensão de trazer respostas para os
problemas econômicos e sociais que estavam se verificando
no nosso país. Assim, aborda a consolidação processual e
substancial para lidar com grupos econômicos ou societários.
○ Consolidação Processual: existem diferentes
empresários ocupando o polo ativo de uma
determinada recuperação judicial
○ Consolidação Substancial: além dos diferentes
empresários no polo ativo, também se consolidam
ativos e passivos. Pegam todas essas obrigações e
misturam tudo. Se há confusão patrimonial, é
necessário ter consolidação substancial, pois é um jeito
de formalizar aquilo que estava sendo feito de maneira
errônea, fazendo com que o patrimônio aparentemente
separado responda pelas obrigações que ele
indiretamente se responsabilizou
● A lei 14.112 também melhorou a posição do fisco. O fisco
fez um trabalho muito forte no congresso nacional de defender
seus próprios interesses nessa reforma.
● Além disso, a lei 14.112 deu celeridade ao procedimento
falimentar (fresh start).
● O encerramento da falência e a extinção das obrigações
só podem ocorrer quando atendidas certas premissas.
Essa previsão de celeridade do procedimento falimentar
só pode ocorrer se atendidas essas premissas (art 158, V
da lei 11.101)
● O fresh start basicamente é vendido como o rápido
ressuscitamento daquele empresário que teve sua falência
decretada, mas isso não é verdade. Um dos efeitos da
falência é a dissolução da sociedade, quem volta para
empreender é o sócio. Só no caso do empresário individual é
que há o fresh start.
● Empresário é gênero das quais são espécies a sociedade
empresária e o empresário individual
● Se a decretação da falência é da sociedade empresária, quem
tem sua falência decretada é a sociedade empresária. Logo,
existe alguma situação envolvendo a pessoa do sócio? Não,
ele é sócio de uma sociedade empresária que faliu, que agora
irá constituir uma massa falida.
● Tanto é assim, que se chegado o fim do processo falimentar,
sobrar algum ativo, os sócios ainda o recebem. Ou seja,
significa que o sócio não teve a sua falência decretada, a
menos que haja o fenômeno do Incidente de Desconsideração
da Personalidade Jurídica ou o fenômeno da
responsabilização. Nesse caso específico, ele pode ter
praticado confusão patrimonial e desvio de finalidade, ou
praticou algum crime falimentar, ou contratou um advogado
incompetente, ou ele caiu na mão de um juiz que não
entendeu o que estava fazendo. Somente assim você terá a
pessoa do sócio responsabilizada.
● O empresário individual, por sua vez, usualmente responde
com todos os seus bens pessoais pelas obrigações que
contrair em nome da pessoa jurídica que ele está constituindo.
Esse sujeito quando tem a falência decretada, ele sim é falido
fisicamente, ele sofre as consequências de não poder voltar ao
exercício regular da atividade até que ele tenha em relação a
ele extinta as obrigações. Esse sujeito tem pressa, já que
como empresário ele está acostumado a ganhar a vida
empreendendo. Para ele, o fresh start é importante.
● A decretação da falência causa a dissolução da sociedade
empresária. Então, quando falamos em fresh start da
sociedade empresária, é como ressuscitar um morto.
○ Obs.: Falência continuada: ocorre muito em sociedades
empresárias que prestam serviços essenciais a uma
comunidade, como o fornecimento de água. São
concessões que podem ser levadas a cabo por uma
empresa privada. Assim, uma vez decretada a falência,
aquele conjunto de bens, agora arrecadado numa
massa falida, continuará exercendo aquela atividade,
só que agora administrado pelo administrador judicial.
○ Normalmente, sociedade empresária não ressuscita,
porque um dos efeitos da falência é a sua dissolução.
● O empresário individual, como está confundido com a pessoa
natural que exerce aquela atividade, quando há a decretação
da falência existem efeitos da falência para o devedor. Um
deles é a inabilitação ao exercício da atividade empresarial
(art. 102). Para que ele volte, ele terá que buscar uma
ferramenta chamada extinção das obrigações.
● O fresh start vai falar sobre isso, um rápido recomeço.
Basicamente, quer dizer que você encerra a falência e
extingue obrigações mais rápido. Assim, o fresh start só
se aplica ao empresário individual.
● O fresh start só vale para a falência (do empresário individual);
na recuperação judicial, a sociedade não chega a ter
dissolução. A sociedade continua vivendo normalmente, só
que um administrador judicial fica fiscalizando tudo.
■ Atenção: Direito falimentar é gênero do qual recuperação judicial,
falência e recuperação extrajudicial são espécies

AULA 2 (14/04):

● Direito falimentar (continuação):


○ Como se deu a reforma da legislação falimentar?
■ Em 1945, quando o Decreto 7661 se tornou um Decreto-lei revogado,
muitos desses conceitos ainda persistiram muito firmes, ainda que
tivéssemos o ingresso da recuperação judicial em nosso sistema. Isso
significa abandonar a concordata (só pode repactuar dando
parcelamento e dando desconto) para algo mais criativo
■ O plano de recuperação judicial hoje, quando comparamos com a
concordata, ele pode prever desconto, prazo de pagamento, mas ele
também pode prever uma reestruturação, por exemplo, da
administração; ele pode prever que essa administração vai ser
substituída; ele pode prever a venda de unidades produtivas isoladas
(UPI) (são ativos que a companhia ou o empresário detém que não
são essenciais ao exercício regular da sua atividade)
■ Dessa forma, quando pensamos que existe uma forma de pedir essa
reestruturação, de fazer esse pedido de recuperação judicial, aquele
que faz esse pedido vai ter que cumprir determinados pressupostos.
Isso começou a ser uma preocupação porque, quando a legislação
entrou em vigor em 2005, a recuperação judicial acabou virando um
instrumento de pagamento que o devedor utilizava para privilegiar
aqueles credores que ele mais gostava.
■ Então, quando o sujeito fala que vai vender uma unidade produtiva
isolada isso representa, por exemplo, um imóvel que seja de
titularidade do devedor.
● Estabelecimento: todos os bens organizados em conjunto que
se prestam ao exercício de uma atividade organizada que tem
a intenção de gerar lucro
● O estabelecimento, que é essa unicidade de bens que
conjuntamente funciona para uma finalidade, aquilo não pode
ser simplesmente alienado porque você irá esvaziar a
atividade.
● Agora, se você tem uma empresa (sociedade empresária),
quando falamos desse ativo, é algo que está destacado desse
estabelecimento, desse todo de bens, cujo conceito inclusive é
dado pelo CC (conceito de empresa e conceito de
estabelecimento).
● Quando falamos em vender ativos, falamos em vender
automóveis, imóveis, mas não do centro em que ele utiliza
para o exercício regular da sua atividade.
■ Novidades trazidas pela reforma de 2020 (Lei 14.112) para o
ordenamento jurídico:
● Insolvência de grupo econômico
● Financiamento do devedor em recuperação judicial
(financiamento dip)
● Celeridade do procedimento falimentar
● Implementação do reempreendedorismo
● Posição do Fisco nos processos de insolvência, que obteve um
tratamento mais benéfico
● Insolvência transnacional, que é algo que diz sobre a saúde do
nosso mercado, que hoje é cada vez mais globalizado e
precisa saber lidar com credores estrangeiros

● Princípios que regem o procedimento da recuperação judicial


○ A recuperação judicial ingressa em nosso ordenamento jurídico com a lei
11.101 de 2005, que foi reformada pelas alterações trazidas pela lei 14.112
de 2020 (lei que atualizou a lei 11.101)
○ Princípios:
■ Tratamento igualitário de credores (par conditio creditorum):
basicamente, a recuperação judicial é divida em 4 grandes classes e
os credores da mesma classe devem ser tratados de forma igualitária,
em regra
● Classe 1: Trabalhistas (não podem sofrer deságio). Em regra,
precisam receber em até um ano da homologação do plano de
recuperação judicial. Esses credores podem continuar a
trabalhar na empresa. Comumente, eles deixam de receber
alguma verba como de férias, ou há falta de recolhimento do
FGTS, e por isso esses trabalhadores integram o plano de
recuperação judicial.
● Classe 2: Credores com garantia real: normalmente, é
constituída por bancos
● Classe 3: Credores quirografários: normalmente, é constituída
por fornecedores.
○ No entanto, pode-se criar uma cláusula no plano de
recuperação judicial que separem credores parceiros e
credores ordinários (isso não está previsto em lei, mas
a jurisprudência tem aceitado). Os juízes entendem que
o credor que continua fornecendo para aquele devedor
em recuperação judicial continua se expondo ao risco
do inadimplemento; por isso, esse credor merece um
tratamento diferenciado, por permitir e incentivar que a
atividade empresarial continue.
○ Essa cláusula vale para as outras classes também,
exceto a classe I, que são prepostos. Não há como
criar um tratamento diferenciado para empregados, em
tese. No entanto, muitas recuperações judiciais
passaram a prever um corte (até tal valor recebe em 1
ano, passou disso será tratado como credor
quirografário, por exemplo). Em tese, isso não poderia,
mas na prática às vezes tem sido aceito.
○ Obs: deságio/hair cut = desconto. Para a classe 1,
não está prevista em lei a possibilidade de deságio.
● Classe 4: Também são credores quirografários, mas são ME e
EPP. Estão no mesmo patamar da Classe 3.
■ Universalidade do juízo falimentar: universalidade do juízo
recuperacional.
● Entende-se que uma vez decretada a falência, a quebra do
devedor, arrecadam-se todos os bens, num procedimento que
chamamos de arrecadação (art. 108 da lei 11.101). Quem vai
determinar o destino de cada um destes bens é o juízo
falimentar, porque é na falência que se instala o concurso
de credores.
● O concurso de credores é justamente a organização dos
credores em classes de preferência, que são determinadas
pelo legislador. Não é algo que fica flutuando na jurisprudência.
A jurisprudência não mexe nisso. Essa ordem de preferência é
dada pela lei;
● Quando falamos, então, que na falência se instaura um
concurso de credores, significa que o credor não vai receber
um centavo fora da falência, ele só vai receber dinheiro dentro
da falência e na ordem.
● Universalidade: quem decide o destino de todos os ativos
daquela massa falida é o juiz da falência. Ele é o senhor de
todas as coisas para falar sobre aquela massa falida. O
concurso de credores se instaura na decretação da falência.
● O credor que se submete aos efeitos da falência é chamado de
credor concursal.
● Hoje em dia, costuma-se dizer que um credor que se submete
aos efeitos da recuperação judicial é chamado de credor
concursal, mas o certo é credor recuperacional. Isso porque
o concurso de credores só se instaura na falência, até
porque na recuperação judicial não necessariamente você
precisa submeter todo mundo aos efeitos da recuperação.
■ Celeridade e eficiência no sistema da recuperação e da falência
(art. 189, §1°, Lei 11.101): os prazos previstos na lei ou que dela
decorram são contados em dias corridos, inclusive os de recursos.
■ Função social (art. 47, Lei 11.101) e preservação da empresa: o
que você recupera na recuperação judicial é a atividade, e não a
figura subjetiva do empresário; é a atividade que tem que ter
viabilidade e sua função social resguardada, porque ela gera
emprego, recolhe impostos, etc.
■ Participação ativa dos credores na recuperação da empresa: os
credores que aprovam o plano recuperacional, eles que dizem se
concordam com aquelas condições ou não.
● Essa discussão pode ser feita na Assembleia. O momento da
deliberação assemblear é o mais adequado para que o credor
possa defender seus interesses e contagiar os outros
credores.
● Plano alternativo de credores: se o devedor utilizar uma
extensão do prazo (suspensão de todas as suas execuções),
ele abre uma possibilidade para que os credores apresentem
um plano alternativo.

AULA 3 (18/04):

● Aspectos procedimentais da recuperação judicial (arts. 1, 2, 3, 5, 6, 6b, 48, 51a,


52 da Lei 11.101):
○ Legitimidade: quem pode pedir recuperação judicial?
■ Art. 1 - O empresário, que é quem exerce atividade econômica de
forma organizada, profissional, de forma continuada (sociedade
empresária e empresário individual são espécies do gênero
empresário), referido como devedor
● Devedor é o jeito correto e técnico de você chamar o
empresário em dificuldade.
● Possibilidade de associações pedirem recuperação judicial: é
estranho, porque, em tese, a associação teria alguns
benefícios tributários e ela não teria algumas obrigações que
devem ser cumpridas pelo empresário (manter livros, registro,
contador, recolher determinados tipos de impostos). É mais
caro ser empresário, então é óbvio que o tratamento desse
sujeito na crise vai ser diferente.
■ Art. 2 - Esta lei não se aplica a empresa pública e sociedade de
economia mista.
● A estatal é criada para colocar muito poder na atividade que
está sendo empreendida. Não existe acionista mais poderoso
e mais rico que a União. As estatais colocam uma determinada
jurisdição de determinado país em outro patamar, diante de
outros agentes econômicos, diante de outros países.
● A estatal não pode se submeter ao regime falimentar, dada
a importância da atividade econômica exercida e poder a
ela conferido. O poder que ostentamos enquanto país tendo
estatais, explorando determinadas atividades, nos coloca
numa posição mais independente em relação a outros países.
● O regime falimentar, portanto, é feito para as sociedades
empresárias de capital privado
● Há um regime especial para estatais, cuja sobrevivência ou
cuja morte terá que ter outro tipo de regulação, outro tipo de
tratamento, de olhar, tanto pelo legislador e poder executivo,
quanto pelo poder judiciário.
■ Art. 2, inciso 2 - A lei 11.101 também não se aplica a instituições
financeiras públicas ou privadas, cooperativas de créditos, consórcios,
entidades de previdência complementar, sociedade operadora de
plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às
anteriores.
● Uma instituição financeira não pode quebrar simplesmente,
pedir recuperação judicial, pois exerce uma atividade regulada.
Então, se ela enfrentar um problema, ela vai passar por um
processo de liquidação acompanhado pelo órgão regulador da
atividade.
● Da mesma forma, a sociedade operadora de plano de
assistência à saúde é exercício de atividade regulada.
● Todas essas atividades que são muito relevantes, que fazem
parte da estrutura da nossa sociedade, podem causar
problemas tão graves que você dá um tratamento diferente.
Isso não é despropositado.
○ Competência
■ Art. 3 - É competente para homologar o plano de recuperação
extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o
juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial
de empresa que tenha sede fora do Brasil.
● Principal estabelecimento: não é necessariamente a sede,
mas sim onde acontece o maior volume de negócios e de
operações, onde fica o centro de comando da sociedade
empresária. Ou seja, não necessariamente onde dá mais lucro
ou onde está a sede.
○ Efeitos que a recuperação judicial e a falência vão ter - parte de
disposições comuns à recuperação judicial é à falência:
■ Art. 5 - Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na
falência:
● I - as obrigações a título gratuito;
○ Se você torna ineficaz a doação do empresário em
crise, como você pode exigir dele uma obrigação a
título gratuito? O sujeito está em crise, devendo
dinheiro para o Fisco, para funcionários, para
fornecedores; então, não cabe obrigá-lo a dar coisas de
graça.
● II - as despesas que os credores fizerem para tomar parte
na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas
judiciais decorrentes de litígio com o devedor.
○ Os incidentes processuais da recuperação judicial às
vezes têm custos. Como têm custos, o credor pode
achar que vai poder reembolsar esses custos às custas
do devedor. Esse inciso já diz que não poderá.
○ O devedor terá que reembolsar apenas as custas de
processos judiciais que ele travou com o devedor fora
do âmbito da recuperação judicial ou da falência
(custas judicias de uma ação de responsabilidade,
honorários sucumbenciais, etc). Agora, as custas que
ele pagou para impugnação de crédito na recuperação
judicial ou eventuais custas que ele pagou na
divergência (não exigidas pela lei, mas exigidas pelo
TJRJ) não serão reembolsadas e portanto, não podem
ser cobradas da recuperanda.
■ Art. 6 - A decretação da falência ou o deferimento do
processamento da recuperação judicial implica:
● Inciso 1: suspensão do curso da prescrição das obrigações do
devedor sujeitas ao regime desta Lei;
○ Se você tiver uma quezília para tratar com o
empresário que está entrando em recuperação judicial,
o prazo prescricional para você agir fica suspenso.
○ Isso se dá porque um dos efeitos da recuperação
judicial é justamente suspender a execução, o
pagamento de determinadas obrigações certas,
líquidas e vencidas.
○ Suspende-se, então, o curso da prescrição e deixa
passar um tempo para que aqueles credores possam
se acostumar com essa situação nova de recuperação
judicial.
● Inciso 2: suspensão das execuções ajuizadas contra o
devedor, inclusive daquelas dos credores particulares do sócio
solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à
recuperação judicial ou à falência; (c/c art 49, exceções dos
parágrafos 3 e 5- sujeição de créditos)
○ Existe uma diferença entre protocolo e deferimento do
processamento de recuperação judicial. Todos esses
efeitos previstos em lei só acontecem quando o juiz
defere o processamento da recuperação judicial.
○ Enquanto você pediu e ele ainda não decidiu, você está
no limbo, você não tem a proteção que você está
perseguindo.
○ Assim, todas as ações judiciais que já estejam em
curso, em fase inclusive de arresto, penhora e
sequestro, todos esses atos expropriatórios ficarão
suspensos, por força da lei.
○ Esse efeito do art. 6 só acontece para quem está
sujeito aos efeitos da recuperação judicial. Quem
não está sujeito aos seus efeitos, como o Fisco/os
créditos tributários, não terão suas execuções
suspensas. As execuções fiscais, portanto, não estão
suspensas.
○ Sócio solidário: sócio do tipo societário que é
ilimitadamente responsável pelas obrigações sociais
contraídas pelo empresário; ou seja, o empresário
individual ou o sócio que responde ilimitadamente com
seu patrimônio pessoal pelas obrigações contraídas
pela sociedade.
○ Esse dispositivo, portanto, não suspende as
obrigações do sócio avalista ou fiador
● Inciso 3: proibição de qualquer forma de retenção, arresto,
penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou
extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas
judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações
sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência.
○ Esse dispositivo é basicamente um reforço, uma
proteção, para dizer que não se suspende só a
execução e a obrigação do pagamento, como também
esses atos expropriatórios, que podem esvaziar aquele
devedor que está tentando sobreviver, continuar no
exercício da sua atividade.
● Parágrafo 1: Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se
processando a ação que demandar quantia ilíquida.
○ Ou seja, se você tiver uma ação tramitando no poder
judiciário em face de uma empresa em recuperação
judicial, aquela ação não será suspensa, porque está
só na fase do processo de conhecimento, por exemplo.
○ Uma cautelar de arresto não caberia, já que segundo o
inciso anterior, este está suspenso.
○ O que está suspenso são as execuções, os atos de
constrição do patrimônio da empresa
● Parágrafo 2: É permitido pleitear, perante o administrador
judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos
derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza
trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º
desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada
até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no
quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença.
○ A correção de todos os outros créditos, de todos os
outros credores (fornecedores, instituições financeiras)
eles terão que fazer uso ou de habilitação, ou de
divergência, ou de impugnação para corrigirem os seus
créditos.
○ Já o trabalhista, o credor classe 1, poderá pedir a
correção de seu crédito diretamente pelo administrador
judicial. A ação dele continua tramitando perante à
justiça do trabalho, continua sendo julgada pelo juízo
especializado. Quando termina-se de liquidar todas
aquelas verbas que são devidas ao trabalhador, o juiz
da vara do trabalho vai mandar um ofício para o juiz da
recuperação judicial ou da falência, e vai falar para
habilitar em favor de pessoa x o crédito y.
○ As outras ações, que tramitam perante outros juízos,
serão atraídas para o juízo da recuperação judicial?
Não. A única diferença do trabalhista para as outras, é
que o trabalhista pode fazer isso com um simples
ofício. Os demais créditos terão que se submeter a um
incidente, ou da fase administrativa (habilitação ou
divergência), ou a impugnação.
○ Obs.: Gratuidade de Justiça na recuperação judicial:
■ Se você pede recuperação judicial dizendo que tem passado por
dificuldades, mas que essas dificuldades são momentâneas, que eu
posso me recuperar, que posso continuar gerando empregos,
recolhendo impostos, gerando riqueza, faz sentido eu pedir gratuidade
de justiça?
■ Se eu entro num procedimento que é caro, com advogados caros,
com administrador judicial caro, não faz sentido pedir gratuidade. O
juiz irá pensar que você não pode pedir recuperação judicial, que você
deve estar tão mal que você, na verdade, deveria ter pedido sua
autofalência. Assim, esse seria um pedido semelhante a um tiro no pé.
■ A falência também tem custos. O que paga esses custos normalmente
são os próprios ativos da massa falida. Existe um interesse, até dos
sócios do falido, de que o procedimento chegue ao final. Assim, é
melhor pro falido colocar um dinheiro para aquele procedimento
encerrar mais rápido.
Transcrição da aula 05 - Direito Comercial IV
Turma C
Professora: Thalita Almeida

● Art. 47, Lei 11.101/05: A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação
da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção
da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores,
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica.
○ Fundamenta o pedido de recuperação judicial.
○ É interessante falar em função social da empresa, sendo que inúmeras delas não
cumprem com todas elas.
○ Devemos ter uma visão mais macro quando pensamos em função social da
empresa.

● Art. 48, Lei 11.101/05: Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no
momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos
e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
○ Trata dos critérios objetivos e subjetivos do pedido de recuperação judicial
(especialmente os subjetivos, na visão da professora).
○ Muitas vezes é burlado ou flexibilizado. Isso porque há o exercício da atividade,
mas não há o registro.
○ Por vezes, na prática, nós temos a atividade empresarial sendo explorada, mas
não há registro, apesar da obrigatoriedade de registro perante a respectiva
Junta Comercial há pelo menos 2 anos para pedir a recuperação judicial. Logo,
muitos advogados sustentam que esse registro não é necessário. Se o juízo vai
ou não aceitar não é definido, pois fica a cargo dele.
○ Quando não há o registro perante ao Registro Público de Empresas Mercantis o
exercício da sua atividade empresarial é irregular. Você pode ser até empresário,
mas aí haverá aquela sociedade incomum, o sócio será responsável
ilimitadamente se não estiver definido qual é o regime pelo qual a sociedade
será constituída para fins de uma atividade empresarial.
○ Já houve o caso da professora pedir a recuperação judicial de um empresário
que antes era controlado por uma americana; isto é, o controle dele era realizado
nos EUA. Ele só foi adquirido e registrado regularmente no Brasil há cerca de
5 anos.
○ Como eu comprovo o cumprimento dos requisitos do art. 48?
■ Boa-fé objetiva - obtenção de certidões, que servem para atestar o
quanto declarado pelo empresário quando do pedido da recuperação
judicial.
● I - não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada
em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
○ Você consegue comprovar que a empresa não é falida tanto com a
certidão de distribuidores, quanto com a certidão de interdição e tutela.
○ Normalmente, quando há decretação de falência, um dos distribuidores
será comunicado. Na própria certidão/boleta processual dos
distribuidores terá logo abaixo qual é o registro do distribuidor ao qual
aquele processo estará vinculado naquela jurisdição estadual e é assim
que você consegue verificar, por exemplo, se aquela pessoa (jurídica ou
natural) tem ou não processos judiciais distribuídos contra ela no
momento em que você irá adquirir um bem imóvel dela.
○ A Lei de Registros Públicos afirma que você não precisa exigir as
certidões para registrar a aquisição de um bem imóvel. No entanto, é um
risco.
○ É um jeito de você verificar quais são os problemas da vida daquela
pessoa, como por exemplo, um crime ou muitos processos e muitas
execuções.
○ Você consegue comprovar que ele não foi ou não é mais falido com a
apresentação desta certidão que não poderá apresentar o apontamento de
uma falência. Logo, é com a ausência daquele apontamento que fará
com que aquele sujeito cumpra com o requisito esse inciso I.
○ No caso da certidão de apreensão e tutela, quando você tem a decretação
da falência, acontece o desapossamento. O sujeito perde os poderes de
administrar a sociedade e quem passa a fazer isso é o administrador
judicial. Este será necessário em 2 situações: a) ainda que não haja a
continuidade daquela atividade empresarial, ele precisa administrar a
massa de ativos e passivos separados para poder fazer uma conta e ver
o que sobra para poder pagar os credores; b) existem também o que
chamamos de falências continuadas, que significa que apesar da
decretação da falência, haverá a continuidade daquela atividade, o que é
possível quando você tem o exercício da atividade que é uma concessão,
como o fornecimento de energia, gás e tratamento de água.
● II - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
judicial;
○ Isso serve para que a empresa recuperanda, num curto lapso temporal,
não tenha repactuado suas obrigações, logo em seguida tente repactuar
novamente.
○ É preciso que tenham passado 5 anos após a data da concessão do plano
e sua homologação. Devem ter passado 5 anos após o encerramento da
recuperação judicial. Conta do final do processo inteiro para que, ao
final de 5 anos, seja repactuado o plano de recuperação judicial.
○ Contudo, empresas como a Saraiva e a Livraria Cultura, por exemplo,
repactuaram seus planos de recuperação judicial na pandemia com o
aval do juiz, pois foi entendido que todas as condições estavam presentes
para a repactuação do plano de recuperação judicial. No caso da Saraiva,
ela teve a sua recuperação concedida, mas, em razão da pandemia, ela
apresentou um aditivo ao seu plano de recuperação judicial, repactuando
aquelas obrigações.
■ Em razão da pandemia, alguns pedidos que já tinham sido
processados, planos deliberados e recuperações concedidas, foi
autorizado pelo Poder Judiciário que estas mesmas empresas
voltassem aos autos de suas recuperações judicias e dissessem:
"Juiz, eu não tenho mais condições de cumprir esse plano. Eu
preciso reconvocar a assembleia, além de precisar mudar as
condições que propus anteriormente".
● III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
○ Dedicado a tratar do plano especial que pode ser convocado por
empresas de pequeno porte e microempresas e somente estudaremos lá
na frente.
○ Esse plano especial é mais "amarradinho", dizendo quais são as
condições que você precisa cumprir, inclusive subjetivas, para convocar
esse plano.
○ É como um plano pré-arranjado.
● IV - não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
○ Comprovado por certidão.
● § 1º - A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge
sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.
○ Trata da legitimidade para pedir a recuperação judicial.
○ Fala do empresário individual que estava enfrentando diversas
dificuldades e, no curso da crise, morre. Esse dispositivo trata, então, de
quem é legítimo para pedir a recuperação.
○ O cônjuge sobrevivente poderá pedir a recuperação judicial, a fim de
tentar repactuar aquelas obrigações.
○ Esse critério de sócios remanescentes é mais comum nas
companhias/sociedades anônimas constituídas na forma de ações. Nesse
caso, deve haver uma deliberação da assembleia de acionistas para
autorizar o pedido de recuperação judicial.
■ Geralmente a professora pede em seus casos, mesmo que a
companhia seja de responsabilidade limitada, que não somente
os administradores, como também os sócios assinem e autorizem
o pedido ou que eles façam uma ata deliberando pelo pedido.
Isso porque a recuperação judicial é um caminho sem volta,
podendo haver desistência apenas antes do deferimento do
processamento ou desde que ele convoque uma assembleia para
que os credores concordem.
○ Usualmente, quando a gente pede a recuperação judicial, quem faz o
pedido normalmente é o devedor se for uma sociedade empresária
representada por seus administradores e autorizada devidamente por
seus sócios.
● § 2º - No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a
comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da
Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou por meio de obrigação legal de registros
contábeis que venha a substituir a ECF, entregue tempestivamente.
○ Redação alterada pela Lei 14.112/20.
○ Criado para facilitar a vida do produtor/empresário rural. Criou
facilidades para promover o acesso da recuperação judicial por aquela
pessoa jurídica que exerce aquela atividade rural. O legislador, então,
está dizendo que ele aceita um documento mais simples do que essa ECF
com a apresentação dos registros contábeis que ele possa utilizar na
característica de substituição dessa ECF.
● § 3º - Para a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo, o cálculo
do período de exercício de atividade rural por pessoa física é feito com base no
Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de obrigação legal
de registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela Declaração do
Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e balanço patrimonial, todos
entregues tempestivamente.
○ A gente vai ver que quando do pedido de recuperação judicial, vários
documentos e registros contábeis são apresentados ao juiz.
○ Novamente, busca simplificar a vida do produtor rural para que ele possa
fazer uso dessa ferramenta da recuperação judicial com mais facilidade.
● § 4º - Para efeito do disposto no § 3º deste artigo, no que diz respeito ao período
em que não for exigível a entrega do LCDPR, admitir-se-á a entrega do livro-
caixa utilizado para a elaboração da DIRPF.
○ Novamente, busca simplificar a vida do empresário rural para que ele
possa fazer uso dessa ferramenta da recuperação judicial.
● § 5º - Para os fins de atendimento ao disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, as
informações contábeis relativas a receitas, a bens, a despesas, a custos e a
dívidas deverão estar organizadas de acordo com a legislação e com o padrão
contábil da legislação correlata vigente, bem como guardar obediência ao
regime de competência e de elaboração de balanço patrimonial por contador
habilitado.
○ Se assegura que o livro-caixa esteja minimamente organizado; que o
balanço contábil esteja de acordo com as normas contábeis; que um
contador habilitado tenha analisado as informações contábeis para que
estas estejam devidamente organizadas, que sejam verossímeis e
guardem obediência ao regime de competência e de elaboração de
balanço patrimonial. Assim, o contador assumirá a responsabilidade.
● Art. 48-A, Lei 11.101/05 - Na recuperação judicial de companhia aberta, serão
obrigatórios a formação e o funcionamento do conselho fiscal, nos termos da Lei nº
6.404, de 15 de dezembro de 1976, enquanto durar a fase da recuperação judicial,
incluído o período de cumprimento das obrigações assumidas pelo plano de
recuperação.
○ O conselho fiscal não precisa estar ativo a todo momento na companhia aberta.
Contudo, quando esta pede recuperação judicial, ela necessita,
obrigatoriamente, que esteja instalada durante todo o procedimento.

● Art. 49, Lei 11.101/05 - não é importante para o presente momento, pois não é matéria
desta aula.

● Art. 51, Lei 11.101/05 - A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:
○ Faz um "parzinho" com o art. 48.
○ Diferenciação meramente didática: enquanto o art. 48 trata dos critérios
subjetivos, o art. 51 trata dos critérios objetivos.
○ Contém inúmeros documentos necessários para instruir o pedido de recuperação
judicial. Quem os prepara são os contadores e/ou acessoria especializada.
○ I - a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das
razões da crise econômico-financeira;
■ Se não estiver bem feita, é causa de indeferimento da petição/pedido de
recuperação judicial. Deve ser exposto o que aconteceu com a
empresa/sociedade que deram razão ao pedido; a forma que a crise a
afetou.
○ II - as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais
e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita
observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
■ Quando ele fala em exercício social, cada um dura 1 ano e aponta quais
são os documentos (abaixo) contábeis dos últimos 3 exercícios sociais
necessários para que seja deferido o pedido.
■ a) balanço patrimonial;
■ b) demonstração de resultados acumulados;
■ c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
■ d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
■ e) descrição das sociedades de grupo societário, de fato ou de direito;
AULA 05/05/2022
Continuação art 51, art 51-A e art 52 da lei 11.101/2005

Art 51: A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:

I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da


crise econômico-financeira;

II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as


levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da
legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:

a) balanço patrimonial;

b) demonstração de resultados acumulados;

c) demonstração do resultado desde o último exercício social;

d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;

e) descrição das sociedades de grupo societário, de fato ou de direito; (Incluído pela


Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

O artigo apresenta os documentos que devem instruir a petição inicial para


pedido da Recuperação Judicial e que não necessariamente são elaborados pelo
advogado, uma vez que a recuperação judicial é um processo interdisciplinar, daí a
necessidade de uma consultoria.
A própria lei diz o que se espera para que seja deferido o pedido de RJ. Além de
haver o preenchimento de determinados requisitos de condições e legitimidade, tem
que apresentar os documentos descritos do artigo (balanço patrimonial, demonstrações
financeiras…), ou seja, a empresa deve estar totalmente regular com suas obrigações
contábeis. Será o contador que providenciará esses documentos.
Alínea “e”: consolidação processual e substancial para regular os grupos
societários (sociedades que se interligam de alguma forma, seja pela coincidência de
sócios e acionistas, seja pela existência de garantias cruzadas ou alguma outra ligação
societária) e econômicos (algo que se verifica no âmbito fático, como por exemplo, uma
garante obrigação da outra, uma empresta dinheiro para outra etc.). A substancial é
juntar os ativos e passivos da sociedade para dar conta das obrigações, já a
processual é juntar mais de uma sociedade empresária no polo ativo ou no polo
passivo. Esse dispositivo busca dar a oportunidade da empresa ser transparente
quanto à sua vida empresarial.
OBS: Discussão sobre desconsideração da personalidade jurídica na
recuperação judicial: desconsidera-se a personalidade jurídica em dois grandes grupos,
aquela responsabilidade da teoria menor (responsabilidade que advém de dano
ambiental, dano causado ao consumidor, dano perante o trabalhador - grupos que
precisam ser protegidos e direitos que precisam ser preservados) e a teoria maior,
onde desconsidera a PJ quando há presença de desvio de finalidade e confusão
patrimonial. Quando não está se referindo a teoria menor, fala-se em teoria maior. Se a
empresa está em recuperação judicial, ou seja, demonstrando para a sociedade e
poder judiciário que passa por um momento de crise, mas que pode se recuperar
(porque este é o pressuposto do pedido, se não pediria autofalência), professora
entende que não faz sentido pedir a desconsideração da personalidade jurídica.
No caso de uma sociedade empresária entrar em recuperação judicial, cheia de
dívidas, mas as outras sociedades que participam do grupo não, e se existirem fortes
indícios de confusão patrimonial e desvio de finalidade, a consolidação processual e
substancial se fazer presente: o juiz irá obrigar que as outras sociedades que estão
fora da recuperação judicial entrem, para que também os seus ativos e passivos
concorram na RJ.

Art 51- A: Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, poderá o juiz, quando reputar
necessário, nomear profissional de sua confiança, com capacidade técnica e idoneidade, para
promover a constatação exclusivamente das reais condições de funcionamento da requerente
e da regularidade e da completude da documentação apresentada com a petição inicial.
(Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

§ 1º A remuneração do profissional de que trata o caput deste artigo deverá ser arbitrada
posteriormente à apresentação do laudo e deverá considerar a complexidade do trabalho
desenvolvido. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

§ 2º O juiz deverá conceder o prazo máximo de 5 (cinco) dias para que o profissional
nomeado apresente laudo de constatação das reais condições de funcionamento do devedor e
da regularidade documental. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

§ 3º A constatação prévia será determinada sem que seja ouvida a outra parte e sem
apresentação de quesitos por qualquer das partes, com a possibilidade de o juiz determinar a
realização da diligência sem a prévia ciência do devedor, quando entender que esta poderá
frustrar os seus objetivos. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

§ 4º O devedor será intimado do resultado da constatação prévia concomitantemente à


sua intimação da decisão que deferir ou indeferir o processamento da recuperação judicial, ou
que determinar a emenda da petição inicial, e poderá impugná-la mediante interposição do
recurso cabível. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 5º A constatação prévia consistirá, objetivamente, na verificação das reais condições de
funcionamento da empresa e da regularidade documental, vedado o indeferimento do
processamento da recuperação judicial baseado na análise de viabilidade econômica do
devedor. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

§ 6º Caso a constatação prévia detecte indícios contundentes de utilização fraudulenta da


ação de recuperação judicial, o juiz poderá indeferir a petição inicial, sem prejuízo de oficiar ao
Ministério Público para tomada das providências criminais eventualmente cabíveis. (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

§ 7º Caso a constatação prévia demonstre que o principal estabelecimento do devedor


não se situa na área de competência do juízo, o juiz deverá determinar a remessa dos autos,
com urgência, ao juízo competente. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

Esse dispositivo foi incluído na legislação por conta de uma alteração promovida
pela lei 14112/2020 para prever e formalizar a perícia prévia/ constatação prévia.
Basicamente, quando chega uma petição inicial de recuperação judicial ao juiz,
ela vem com todos os documentos e certidões mencionados anteriormente, ou seja,
com uma enorme documentação contábil, que o juiz, para deferir o processamento,
tinha que verificar se a recuperanda cumpriu todos os requisitos do art 48 e 51.
O que acontece é que pela extensa documentação, muitos juízes não faziam
uma análise minuciosa desses documentos.
Quando há a designação da perícia prévia, designa-se um administrador judicial
(AJ) para fazer a análise dos documentos e ser o fiscal dentro da recuperanda, ou seja,
fiscalizar se a recuperanda está cumprindo todas as obrigações impostas pela lei
(aferição presencial e documental), para isso, esse AJ, precisa de uma equipe
interdisciplinar.
O que constatou-se foi que quando há perícia prévia, o número de
processamentos de recuperação judicial sobe, porque usualmente o mesmo AJ que
constatou a documentação, é o que será designado no futuro para ser o administrador
daquela recuperação, então ele já apresenta, prepara e regulariza todos documentos.
Quando o laudo é bem feito, o juiz imediatamente defere o processamento
porque não só os requisitos legais estavam cumpridos, mas também toda a
documentação contábil da qual ele não precisa ter conhecimento estava também
cumprida.

§ 3: o juiz pode autorizar o administrador judicial a comparecer a empresa a


qualquer momento, não é preciso o devedor estar sabendo.
§ 4: Procedimentalmente o juiz pode deferir a perícia prévia junto ao deferimento
ou indeferimento da recuperação judicial, assim como determinar a emenda da petição
inicial. O recurso cabível é o agravo de instrumento.
Ou seja, não adianta correr para pedir processamento se não tiver organizado a
documentação. Se a recuperanda tiver muita urgência para obter efeito do stay
(suspensão das execuções e eventuais constrições que estejam acontecendo no
patrimônio), existe a tutela antecedente que pode ser pedida ao juiz para que
liminarmente ele mande suspender todas as execuções em curso do devedor para que
depois de mais ou menos 30 dias ele possa fazer o pedido da recuperação judicial. O
tempo que ele consome na tutela antecedente vai ser descontado do prazo de 180 dias
do stay.
Obs: quando o juiz indefere o processamento, não necessariamente ele dará
prazo para emendar a inicial

Art 52: Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o
processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:

I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei;

II - determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor


exerça suas atividades, observado o disposto no § 3º do art. 195 da Constituição Federal e no
art. 69 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma


do art. 6º desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam,
ressalvadas as ações previstas nos §§ 1º , 2º e 7º do art. 6º desta Lei e as relativas a créditos
excetuados na forma dos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei;

IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais


enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores;

V - ordenará a intimação eletrônica do Ministério Público e das Fazendas Públicas federal


e de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, a
fim de que tomem conhecimento da recuperação judicial e informem eventuais créditos perante
o devedor, para divulgação aos demais interessados. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)

§ 1º O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá:

I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da


recuperação judicial;

II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a


classificação de cada crédito;
III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do art. 7º , §
1º , desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial
apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei.

Quando há o deferimento do processamento da recuperação judicial, a empresa


passa a ter a proteção necessária e a sua disposição o juízo recuperacional ajudando a
se defender dos abusos cometidos por credores.
O primeiro efeito subjetivo é o custo reputacional.
I: O mesmo AJ que fez a constatação prévia pode ser o nomeado depois do
deferimento do processamento da RJ.
II: Dispensa das certidões fiscais
III: A lei não está correta, o juiz ordenará a suspensão de todas as execuções,
não tem porque ele determinar a suspensão de ações ordinárias de conhecimento que
ainda estejam tramitando perante o Poder Judiciário. Só faz sentido suspender
execução, ou seja, potenciais atos de constrição.
IV: Todo o mês o AJ deverá apresentar um relatório sobre as contas
apresentadas da recuperanda. Esse é o jeito do AJ exercer a fiscalização. Se a
empresa não apresentar as contas o AJ relatará isso ao juiz e a penalidade é que o
administrador da sociedade empresária poderá ser destituído.
V: Para que o Ministério Público atue em determinados momentos da
recuperação e para que as fazendas digam quais são os créditos tributários que elas
têm contra aquele devedor, porque o fisco não se submete aos efeitos da recuperação
judicial.
Obs: é possível pedir segredo de justiça para alguns documentos (por exemplo, relação
de bens de sócios, relação de empregados e salários).
§ 1: esse edital é como se fosse o primeiro proclama para a sociedade e para os
credores que o devedor está em recuperação judicial, sendo preciso verificar se o
crédito está correto ou não.
AULA – DIREITO COMERCIAL IV – 09/05/2022
As competências do Administrador Judicial, que são comuns tanto à Falência
quando à Recuperação Judicial. Previsão Legal: artigo 22, inciso I, da Lei 11.101/2005.

As competências do Administrador Judicial exclusivas da Recuperação Judicial.


Previsão Legal: artigo 22, inciso II, da Lei 11.101/2005.

As competências do Administrador Judicial exclusivas da Recuperação Judicial.


Previsão Legal: artigo 22, inciso III, da Lei 11.101/2005.

Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê,


além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:

I – na recuperação judicial e na falência:

a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III
do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105
desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação
da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito;
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados;

c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem
de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos;

d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações;

e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei;

f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei;

g) requerer ao juiz convocação da assembleia-geral de credores nos casos previstos


nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões;

h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas


para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções;

i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;

j) estimular, sempre que possível, a conciliação, a mediação e outros métodos


alternativos de solução de conflitos relacionados à recuperação judicial e à falência,
respeitados os direitos de terceiros, na forma do § 3º do art. 3º da Lei nº 13.105, de
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020) (Vigência)

k) manter endereço eletrônico na internet, com informações atualizadas sobre os


processos de falência e de recuperação judicial, com a opção de consulta às peças
principais do processo, salvo decisão judicial em sentido contrário; (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

l) manter endereço eletrônico específico para o recebimento de pedidos de


habilitação ou a apresentação de divergências, ambos em âmbito administrativo, com
modelos que poderão ser utilizados pelos credores, salvo decisão judicial em sentido
contrário; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

m) providenciar, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, as respostas aos ofícios e às


solicitações enviadas por outros juízos e órgãos públicos, sem necessidade de prévia
deliberação do juízo; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

II – na recuperação judicial:

a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação


judicial;

b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano


de recuperação;

c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do
devedor, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo
devedor; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o


inciso III do caput do art. 63 desta Lei;

e) fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das negociações entre devedor


e credores; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

f) assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios, inúteis ou,
em geral, prejudiciais ao regular andamento das negociações; (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020) (Vigência)

g) assegurar que as negociações realizadas entre devedor e credores sejam regidas


pelos termos convencionados entre os interessados ou, na falta de acordo, pelas
regras propostas pelo administrador judicial e homologadas pelo juiz, observado o
princípio da boa-fé para solução construtiva de consensos, que acarretem maior
efetividade econômico-financeira e proveito social para os agentes econômicos
envolvidos; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

h) apresentar, para juntada aos autos, e publicar no endereço eletrônico específico


relatório mensal das atividades do devedor e relatório sobre o plano de recuperação
judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da apresentação do plano,
fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo devedor,
além de informar eventual ocorrência das condutas previstas no art. 64 desta
Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

III – na falência:

a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à
sua disposição os livros e documentos do falido;

b) examinar a escrituração do devedor;

c) relacionar os processos e assumir a representação judicial e extrajudicial, incluídos


os processos arbitrais, da massa falida; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não
for assunto de interesse da massa;

e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de


compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e
circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a
responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta
Lei;

f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos


termos dos arts. 108 e 110 desta Lei;

g) avaliar os bens arrecadados;

h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para


a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa;

i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores;

j) proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo máximo de 180 (cento
e oitenta) dias, contado da data da juntada do auto de arrecadação, sob pena de
destituição, salvo por impossibilidade fundamentada, reconhecida por decisão
judicial; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de


dívidas e dar a respectiva quitação;

m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados,


penhorados ou legalmente retidos;

n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos


honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores;

o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento


desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração;

p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10º (décimo) dia do mês seguinte
ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a
receita e a despesa;

q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob
pena de responsabilidade;

r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar


ao cargo.

s) arrecadar os valores dos depósitos realizados em processos administrativos ou


judiciais nos quais o falido figure como parte, oriundos de penhoras, de bloqueios,
de apreensões, de leilões, de alienação judicial e de outras hipóteses de constrição
judicial, ressalvado o disposto nas Leis nos 9.703, de 17 de novembro de 1998,
e 12.099, de 27 de novembro de 2009, e na Lei Complementar nº 151, de 5 de agosto
de 2015. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

• Considerações pertinentes acerca das disposições do artigo 22:


Conforme se observa, a alínea a, do inciso I, faz menção aos artigos 51, III, artigo
99, III, e 105, II, todos da lei 11.101. Por sua vez, o artigo 51, III, refere-se ao devedor
(ou seja, a sociedade não é recuperanda ainda, uma vez que o pedido de processamento
da Recuperação Judicial ainda não foi deferido pelo Juiz). Já o artigo 99, III, refere-se ao
falido (isto é, a sociedade que teve a sua falência decretada). Por fim, o artigo 105, II,
trata da hipótese de autofalência.

Além disso, o artigo dispõe também que serão apresentadas três listas de credores:
(i) a primeira delas é oferecida pelo devedor e consiste em uma fase administrativa e
gratuita; (ii) a segunda é apresentada pelo próprio Administrador Judicial, após de apurar
a lista oferecida pelo devedor e de receber habilitações de crédito e divergência (na
hipótese de haver credores que desejem alterar seu crédito); e, por fim, (iii) a terceira lista
consiste na consolidação da lista de credores, que é elaborada após de ultrapassada a fase
administrativa e houver ocorrido a apreciação de habilitações e de divergências (art. 22,
I, f, c/c art. 18, da Lei 11.101):

Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê,


além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:

I – na recuperação judicial e na falência:

(...)

f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei;

Art. 18. O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro-geral


de credores, a ser homologado pelo juiz, com base na relação dos credores a que se
refere o art. 7º , § 2º , desta Lei e nas decisões proferidas nas impugnações oferecidas.

Ainda acerca das listas, vale pontuar que a segunda delas se trata de uma fase
administrativa e gratuita (com exceção do TJRJ, que exige o pagamento de custas). Além
disso, sua previsão legal é: art. 22, I, e, c/c art. 7º, parágrafo 2º, ambos da Lei 11.101:

Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê,


além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:

I – na recuperação judicial e na falência:

(...)

e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei;

Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com
base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos
documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o
auxílio de profissionais ou empresas especializadas.

§ 2º O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na


forma do caput e do § 1º deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de
credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo do § 1º
deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas
indicadas no art. 8º desta Lei terão acesso aos documentos que fundamentaram a
elaboração dessa relação.

Dentre as obrigações do Administrador Judicial, caberá a ele ainda apresentar um


relatório mensal acerca de todas as observações feitas por ele sobre a recuperanda nesse
período de tempo.

Desapontamento: trata-se de evento que ocorre apenas na falência e, uma vez


decretado, o o falido perda a administração da sociedade empresária e a capacidade de
dispor sobre os seus bens.

Por fim, vale pontuar que a alínea j, do inciso III, trata de uma nova obrigação que
recai sobre o Administrador Judicial e que determina que o AJ rapidamente avalie os vens
do falido e os venda, sob pena de destituição.
AULA 09/05

Artigo 52, Lei 11.101/2005

§ 1º: O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial (..)

Trata, basicamente, sobre os efeitos que o devedor observa quando do deferimento do


processamento da recuperação judicial. O parágrafo 1 determina que o juiz irá ordenar a
expedição de edital, para a publicação no órgão oficial. Tal edital é o meio oficial por meio do
qual o juízo recuperacional comunica aos credores que está acontecendo um evento que é do
interesse deles.

Atualmente, principalmente no Rio de Janeiro, o que mais tem acontecido é o entendimento


por parte dos juízes de que o credor não é parte da recuperação, mas sim interessado, o que
não admitiria que seu advogado fosse cadastrado pessoalmente naquele processo para receber
sua intimação. Dessa forma, o entendimento é o de que, normalmente, o credor interessado
será comunicado por edital, todas as vezes que um ato relevante para esse credor acontecer.

I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da


recuperação judicial;

A expedição do edital para publicação no órgão oficial é a primeira vez que aquele juízo
recuperacional se dirige aos credores, a fim de dizer que o devedor pediu a recuperação
judicial, juntamente com o resumo do pedido do devedor (exemplos: dívida bancária muito
alta que não consegue pactuar, produto obsoleto, presença de um problema fiscal que não
consegue dirimir etc) e que o processamento foi deferido.

II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a


classificação de cada crédito;

O edital também irá versar sobre a relação nominal dos credores. O que acontece é que, na
realidade, cada caractere que é publicado no diário oficial do Rio de Janeiro custa 0,67
centavos, configurando um valor extremamente caro. Assim, há o pedido, por parte dos
advogados dos recuperandos, para que o juiz realize uma publicação sumária no edital, ou
seja, a publicação apenas da parte que conste as causas do pedido e o deferimento do
processamento da recuperação judicial. Caso os credores queiram saber o valor do crédito
habilitado para eles, devem recorrer ao site do administrador judicial e do Tribunal de Justiça.
Portanto, essa lista de credores ficará disponível nos autos do processo, sendo posteriormente
veiculada por meio de edital (podendo aparecer no edital ou não, caso o recuperando tenha
pedido a publicação sumária).
O credor não é considerado parte do processo, mas ele é diretamente atingido, visto que tem
um crédito que, ao invés de ser regularmente pago na data prevista para seu vencimento ou na
data ordinariamente pactuada naquele contrato, será revisitado na forma do plano de
recuperação. Por conta disso, há uma obrigação por parte do administrador judicial de ter tais
informações disponíveis para os credores.

Para a prova da OAB, considera-se que no edital previsto no artigo 52, parágrafo 1o, Lei
11.101/2005 precisa sempre constar a relação nominal dos credores. Com base no fato de que
o devedor está passando por uma crise, pagar pelos caracteres se torna um problema. Ou seja,
na "vida real", o devedor poderá verificar a lista por meio do administrador judicial.

III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do art. 7º ,
§ 1º , desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação
judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei;

Esse edital, além de determinar que tal sujeito entrou em recuperação judicial e o valor do
crédito que cada credor tem habilitado com ele, determina também que, se o credor foi
habilitado na recuperação judicial mas seu crédito está errado, será intimado neste ato e por
meio deste edital a apresentar sua divergência. Se for credor do recuperando e não tiver sido
habilitado, precisará habilitar seu crédito na recuperação judicial, iniciando neste momento
seu prazo.

§ 2º Deferido o processamento da recuperação judicial, os credores poderão, a qualquer


tempo, requerer a convocação de assembleia-geral para a constituição do Comitê de
Credores ou substituição de seus membros, observado o disposto no § 2º do art. 36 desta
Lei.

Quando falamos em órgãos da recuperação, estamos falando dos atores do processo de


recuperação judicial. Temos a assembléia-geral de credores como um importante órgão de
deliberação, podendo tratar sobre aprovação e rejeição do plano, quebra do devedor,
consolidação ou não substancial de grupo de devedores (hoje a lei tira esse poder da mão dos
credores em determinadas ocasiões, passando para as mãos do juíz).

Também temos o Comitê de credores, que funciona como um Centro Acadêmico


Universitário. O Comitê de credores, apesar de ser um direito dos credores de se ter
constituído e que ganha determinados poderes de fiscalização mais profundos do que um
credor isoladamente, não é usualmente constituído, é muito raro. O Comitê fala em nome de
todos os credores, e não apenas de uma parte deles.

§ 3º No caso do inciso III do caput deste artigo, caberá ao devedor comunicar a


suspensão aos juízos competentes;
Um dos efeitos da recuperação judicial é a suspensão das execuções que correm em face do
devedor. Esse dispositivo discorre que o juízo recuperacional irá determinar a suspensão dos
processos e será o devedor quem irá comunicar isso.

§ 4º O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o


deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na
assembleia-geral de credores.

A recuperação judicial é um "caminho sem volta". O devedor pode desistir até o deferimento
do processamento, após esse processo ele precisará convocar uma assembleia-geral de
credores.

Órgãos da Recuperação Judicial

● Administrador Judicial (Artigo 21, Lei 11.101/2005)

Art. 21: O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado,


economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.

É quem diz ao juiz se todas as obrigações que o recuperando precisa cumprir, enquanto
recuperanda, estão sendo adimplidas. Além disso, é responsável por fiscalizar as contas e
balanços, preparando um relatório mensal para ser juntado aos autos do processo. Os
honorários do administrador judicial são fixados entre 1% e 5% dos créditos sujeitos ao efeito
do pedido. O administrador precisa de um time interdisciplinar de profissionais capazes de ler
balanços patrimoniais, fluxos de caixa, laudo de viabilidade, business plan etc.

Antigamente, o juiz arbitrava o valor dos honorários do administrador judicial. Hoje em dia, a
proposta é apresentada nos autos, tendo uma limitação legal de 5%. Também é possível
dividir essa verba ao longo do tempo, para que seja paga mensalmente (caso precise substituir
o administrador judicial, não haverá dinheiro para realizar o pagamento de quem o
substituirá).

O administrador judicial precisará se submeter a um curso e necessita estar devidamente


habilitado na lista do Tribunal. Esse curso envolve diferentes profissionais da insolvência
para dar diferentes módulos, tendo uma prova ao final, para que possa ser habilitado de fato.
Resumo por: Ana Beatriz Fernandes Pereira (DRE: 118147168)

Aula 23/05/22

Meios de Recuperação Judicial

Trata de questões sobre quais ferramentas o devedor pode invocar para se recuperar e como invocá-las.

O art. 50 da Lei 11.101/05 traz um rol exemplificativo dos meios que o devedor pode usar para se
recuperar. Como o rol é exemplificativo, isso traz um conforto ao devedor, que pode escolher o meio que
desejar, incluindo outros que não estão presentes no artigo.

Quando falamos de meio de recuperação, podemos estar falando de ferramentas societárias, de


renegociação, do estabelecimento etc.

Comentários sobre alguns incisos e parágrafos do artigo 50:

II, III, IV, V, VI, X, XIV, XV → exemplos de ferramenta societária.

I → isso tem a ver com o art. 49, que submete aos efeito da RJ os créditos vencidos e existentes na data
do pedido.

V → utilizado, por exemplo, na RJ da Saraiva. Ou seja, colocou na mão dos credores o poder de veto para
substituição de assentos no conselho de administração. Isso é feito porque, na maioria dos casos, há
problema na gestão da empresa em RJ. Às vezes, uma troca de gestão é importante. Mas também é
importante que o administrador tenha um grande conhecimento da empresa durante o processo de RJ.

VI → às vezes é feito aumento do capital social para emitir ações e converter créditos em participação
acionária.

VII → a venda do estabelecimento.

VIII → renegociação das condições de trabalho daqueles prepostos.

IX → exemplo: dar um bens em vez de dinheiro para pagar uma dívida.


X → ocorre quando credores constituem sociedade e integralizam o capital social (pagar a quota que
constitui a sociedade por meio de dinheiro ou bens).

XI → venda parcial dos bens. O devedor não pode vender bens do ativo não circulante sem autorização
judicial.

XII → repactuar os encargos previstos nos contratos que ele usualmente celebra com fornecedores ou com
instituições financeiras.

XIII → esse usufruto não pode ser de forma gratuita, até mesmo para que o devedor possa pagar os
credores da empresa.

XIV → adm. compartilhada (talvez por administrador eleito por credores).

XV → emissão de valores mobiliários (companhia constituída por ações) como bônus de subscrição,
ações, debêntures etc.

XVI → adjudicação é forçar que alguém promova o cumprimento da obrigação que ela prometeu
anteriormente. A constituição da sociedade de propósito específ ico é para que seja possível fazer uma
distribuição mais fácil e equânime dos ativos do devedor para os credores.

XVII → conversão de dívida em capital social. Em vez do devedor pagar a dívida ao credor, ele diz que
o credor pode ser acionista. Assim, o credor poderia vender essas ações a terceiros. Isso teria vantagem?
Teria alguém para comprar essas ações? Às vezes sim, pois nem todos possuem as mesmas informações
sobre a situação de determinada empresa ou do mercado no geral. Por isso, acabam comprando ações de
empresas em recuperação judicial. Ou compram de propósito mesmo.

Execeções: limites do plano de RJ.

Parágrafo primeiro → preciso respeitar as garantias que tenham sido constituidas eventualmente aos bens.
Exemplo: se um imóvel da empresa está hipotecado, ele não pode vender esse imóvel para pagar uma
dívida.

Parágrafo terceiro → ou seja, o credor que se tornou sócio devido à conversão do crédito em ação, ele não
será responsável pelas dívidas do devedor.
Transcrição aula de Direito Comercial III – data: 30/05/2022

Verificação dos créditos

A fase de verificação de créditos é relevante pois o crédito representa o poder que o credor
terá para participar da assembleia de credores, principalmente se for credor classe II e classe
III, pois estes votam por cabeça (seja PF ou PJ) + crédito.

OBS: Rememorando: Classe I – trabalhista / Classe II – Com garantia real / Classe III –
quirografários (sem garantias) / Classe IV – quirografários (ME e EPP).

OBS2: Na assembleia de credores o quórum de instalação é diferente do quórum de votação.

A partir dos valores habilitados na recuperação judicial, ele vai saber o quanto vai
receber (art. 49 da lei 11.101/05). Saber o direito de quanto está habilitado para votar e para
receber o crédito.

FASE DA VERIFICAÇÃO DE CRÉDITO

Prevista no art. 7º da Lei 11.101. Ocorre tanto na Recuperação Judicial (RJ) quanto na falência.

Pressupostos: - Estando suspensas a tramitação de atos de execuções contra o devedor

- Caráter administrativo

- Responsabilidade do AJ

PROCEDIMENTO

Uma vez habilitado um crédito em favor do credor, quem verifica o crédito é o AJ

Crédito líquido, certo e exigível

Quantias líquidas (ainda estão sendo apuradas por ainda


estarem tramitando) – terão prosseguimento presente os
juízes que já tramitam.

OBS3
- É permitido ao credor pleitear perante o administrador judicial (AJ) habilitar, excluir ou
notificar os créditos de natureza trabalhista. O processo deve tramitar todinho e ser
liquidado perante a justiça do trabalho.

Se estiver tramitando arbitragem: tranto na recuperação judicial quanto na falência o


procedimento continuará tramitando (art 6º
TRANSCRIÇÃO DE COMERCIAL IV – AULA DIA 06/06/2022

PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E PLANO DE CREDORES

PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL:

Hoje será falado de algo bem básico que é a proposição e aprovação do plano de
uma recuperação judicial e algo mais sofisticado que é o plano de credores. A fase de
verificação dos créditos basicamente serve para que os credores tenham os seus créditos
devidamente habilitados nos autos da RJ (recuperação judicial) para que possam receber
o que lhes é devido e não foi pago, por força, inclusive, da suspenção temporária das
execuções do devedor e do peso que esse credito tem para que esse credor exerça seu
direito de voto na Assembleia de Credores. Como cada classe vai votar numa deliberação
assemblear? Será determinado pelo artigo 41 da Lei 11.101, em que os incisos dividirão
as classes de credores e os parágrafos definirão as regras de votação:

Art. 41. A assembleia-geral será composta pelas seguintes classes de credores:


I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de
trabalho;
II – titulares de créditos com garantia real;
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou
subordinados.
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte.
§ 1º Os titulares de créditos derivados da legislação do trabalho votam com a classe prevista no
inciso I do caput deste artigo com o total de seu crédito, independentemente do valor.
§ 2º Os titulares de créditos com garantia real votam com a classe prevista no inciso II
do caput deste artigo até o limite do valor do bem gravado e com a classe prevista no inciso III
do caput deste artigo pelo restante do valor de seu crédito.

Se parte do credito tem garantia e a outra parte não (Exemplo: se parte do crédito
é de classe II, e outra parte é de classe III), o credor vai votar nas duas classes até o valor
do bem e o que não tiver garantia, o credor vai votar na classe III, como se quirografário
fosse.
Quando se fala em deliberação assemblear, o modo como serão computados os
votos para aprovação dependerá da matéria do que se está votando. Em suma, existem
várias matérias que podem ser deliberadas em uma Assembleia de Credores, sendo que a
que versar especificamente sobre a votação do plano apresentado pela recuperanda, o
modo de computo dos votos se dará nos termos do artigo 45, mas se tratar de qualquer
outro assunto, a votação deverá seguir o disposto no artigo 42. Dentre as matérias que
podem ser deliberadas pela assembleia, encontra-se a suspensão daquela assembleia e a
constituição do comitê de credores, por exemplo.
Em outras palavras, os artigos 42 e 45 vão trazer as formas de deliberação, com a
diferença na forma de coleta de voto.
O Art. 42 comporta todas as matérias que forem levadas à deliberação assemblear,
exceto a deliberação do plano de RJ (recuperação judicial). Para ser aprovada, a matéria
deve ter 50% mais 1 dos créditos (não colocar que é 51%, porque 50,1% já basta), em
relação a 100% dos créditos presentes na AGC (Assembleia Geral de Credores). Por sua
vez, para instaurar a assembleia, em sede de primeira convocação, você deve ter 50%
mais 1 dos créditos em cada classe, por exemplo. Dito isso, tem-se a redação do artigo:

Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia-geral, exceto nas
deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea a do inciso I do caput do art. 35
desta Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de realização do ativo nos termos do
art. 145 desta Lei.

O Art. 45 vai tratar apenas da deliberação do plano de RJ, e nela todas as classes
têm que aprovar a proposta, conforme visto a seguir:

Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores
referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.
§ 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II (com garantia real) e III (quirografários)
do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do
valor total dos créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores
presentes.
§ 2º Nas classes previstas nos incisos I (trabalhistas e honorários) e IV (Microempresa e Empresa
de pequeno porte) do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores
presentes, independentemente do valor de seu crédito.
§ 3º O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quórum
de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de
pagamento de seu crédito.
CLASSE I – (imagem de pessoas)

CLASSE II – + (imagem de dinheiro e de pessoas)

CLASSE III – + (imagem de dinheiro e de pessoas)

CLASSE IV – (imagem de pessoas)

Portanto, nas classes 2 e 3, a proposta tem que ser aprovada com mais da metade
do valor dos créditos presentes à assembleia além da maioria simples de pessoas (número
de cabeças), é um duplo critério de aprovação, dinheiro + cabeças. Enquanto isso, nas
classes 1 e 4, basta a maioria simples das pessoas presentes para a aprovação do plano de
RJ, independentemente do valor de seus créditos, lembrando que as classes votam
separadamente. Dessa forma, a recuperanda tende a se aproximar dos credores da classe
2 e 3 que possuem mais créditos, pois eles acabam por ter um peso maior na votação. No
entanto, se esse credor não se mostrasse de acordo com o plano, era comum (ainda
acontece hoje, mas tempos atrás era mais comum) que a recuperanda o ameaçasse com o
abuso do direito de voto, previsto no Artigo 39, parágrafo 6°:

Art. 39. Terão direito a voto na assembleia-geral as pessoas arroladas no quadro-geral de


credores ou, na sua falta, na relação de credores apresentada pelo administrador judicial na forma do art.
7º , § 2º , desta Lei, ou, ainda, na falta desta, na relação apresentada pelo próprio devedor nos termos dos
arts. 51, incisos III e IV do caput, 99, inciso III do caput, ou 105, inciso II do caput, desta Lei, acrescidas,
em qualquer caso, das que estejam habilitadas na data da realização da assembleia ou que tenham créditos
admitidos ou alterados por decisão judicial, inclusive as que tenham obtido reserva de importâncias,
observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Lei.
§ 6º O voto será exercido pelo credor no seu interesse e de acordo com o seu juízo de conveniência
e poderá ser declarado nulo por abusividade somente quando manifestamente exercido para obter
vantagem ilícita para si ou para outrem.

A jurisprudência tem tido mais cuidado ao interpretar esse artigo, para não
esvaziar o direito de voto do credor. A recuperando a dizia que aquele credor com um
peso muito grande que negou o seu plano na Assembleia estava na verdade abusando do
seu direito de voto e exercendo uma pressão enorme sobre aquele devedor não se
importando com aquelas consequências. No entanto, você anular o voto de um credor
baseando-se na premissa de que ele exerceu aquele voto em abuso de direito é muito
grave, esvazia todo o poder dele. Quando empresários fazem contratos, eles alocam riscos
e precificam o negócio, então isso gera um aumento substancial desse risco que eles
calculam.
É importante diferenciar, no entanto, a diferença entre o quórum de aprovação do
plano de RJ e o quórum para instauração da Assembleia.

QUORUM DE INSTALAÇÃO DA QUORUM DE VOTAÇÃO DO PLANO


ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Art. 37 § 2º Classe I (trabalhistas) e Classe IV
(microempresas e empresas de pequeno
A assembleia instalar-se-á, em 1ª porte): Votam apenas por cabeça, nos
(primeira) convocação, com a presença de termos do Art. 45 § 2º.
credores titulares de MAIS DA
METADE DOS CRÉDITOS de cada Classe II (credores com garantia) e Classe
classe, COMPUTADOS PELO III (credores quirografários): Votam por
VALOR, e, em 2ª (segunda) convocação, cabeça e pelo valor do seu crédito, nos
com qualquer número. termos do Art. 45 § 1º: a proposta deverá
ser aprovada por credores que
representem mais da metade do valor total
dos créditos presentes à Assembleia e,
CUMULATIVAMENTE, pela maioria
simples dos credores presentes.
*Quadro comparativo do Insta da prof: @thalitaalmeida.adv

Na instalação da AGC (Assembleia Geral de Credores), o valor do crédito é


importante nas Classes I e IV, mas no momento de deliberar sobre o plano, o valor é
desimportante e o que levará o plano a ser aprovado ou rejeitado nessas classes é o número
de credores.
Isso é importante porque é bom para a recuperanda que a assembleia não seja
instalada na 1° convocação, para que ela possa mapear quem foi na Assembleia, já ver
com quem precisa mais conversar. No final do dia, o que importa mesmo é o crédito,
porque quanto às cabeças a recuperanda pode ir atras de credores com créditos menores,
pois são mais numerosos.
Já entendida a dinâmica da aprovação, é preciso lembrar que o plano proposto
pelo devedor já vem compondo os autos e se ninguém propor objeções em 30 dias ele é
considerado como aprovado tacitamente pela assembleia de credores. A mera objeção
sobre qualquer matéria do plano por um credor já faz com que a assembleia seja
convocada.
Além disso, a Assembleia tem o poder de, durante o curso da sua duração,
promover alterações no plano de recuperação judicial (art. 56, p.3), devendo o devedor
concordar com essas alterações.

Art. 56 § 3º: O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembleia-geral, desde
que haja expressa concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição dos direitos
exclusivamente dos credores ausentes.

No entanto, a alteração promovida pela Lei 14.112 de 2020 trouxe a possibilidade


de haver agora um plano dos credores.

PLANO ALTERNATIVO DE CREDORES:

Trata-se de uma inovação trazida em 2020, em que até janeiro de 2021, quando
cessou a vacatio da Lei 14.112, não conhecíamos essa figura que veio importada tanto do
direito Frances quanto Americano. Consiste na possibilidade de os credores apresentarem
um plano para aquela recuperanda, devendo ser observadas as seguintes
hipóteses/condições: (, elencadas pelo Art. 56, parágrafo 6°:)
1. Quando cessa o período de Stay Period, aquele período de suspensão de
180 dias, ou, se prorrogado, de sua prorrogação, sem que o devedor tenha
convocado a Assembleia
2. Quando o plano de RJ é rejeitado na assembleia, de acordo com o Art. 56,
parágrafo 4°.

Art. 56 § 4º: Rejeitado o plano de recuperação judicial, o administrador judicial submeterá, no


ato, à votação da assembleia-geral de credores a concessão de prazo de 30 (trinta) dias para que seja
apresentado plano de recuperação judicial pelos credores.

Nessa situação, a Assembleia está instalada e os parâmetros de aprovação não


foram atendidas, seja por não ter sido aprovado por crédito, seja por cabeça, seja por não
ter aprovado em alguma classe (O Cram-Down – Goela Abaixo – vai trazer suas
especificações para esses casos e será falado mais adiante). Assim, como plano de RJ
rejeitado, o AJ (Administrador Judicial) irá perguntar na Assembleia o interesse dos
credores de apresentarem um Plano Alternativo dos Credores. Se os credores não
quiserem apresentar plano alternativo, entende-se que a assembleia quer ver a quebra
daquele devedor e o juiz deverá convolar a RJ em falência.
Se, no entanto, os credores aprovam a pauta de que irão apresentar o plano
alternativo na assembleia, eles irão prepara-lo. Nesse sentido, os credores também terão
que preparar um laudo de viabilidade econômica do cumprimento do plano por eles
apresentado, que mostrará que o plano é exequível, que a recuperanda tem patrimônio
suficiente para cumprir o plano, ou tem negócios suficientes que vão gerar o faturamento
para ela cumprir aquele plano, etc. A recuperanda também precisou apresentar o mesmo
plano quando apresentou seu plano, agora os credores devem fazer o mesmo.
O plano dos credores era uma arma para ser mostrada, mas não para ser usada,
uma vez que era uma forma dos credores diminuírem os abusos da recuperanda que
propunham planos cada vez mais agressivos, prejudicando os interesses e o credito dos
seus credores, aplicando deságios de forma abusiva. Quando o legislador importou esse
dispositivo para nossa legislação, ele trouxe algumas condições, que estão previstas no
parágrafo 6° do Art. 56:

Art. 56 § 6º: O plano de recuperação judicial proposto pelos credores somente será posto em
votação caso satisfeitas, cumulativamente, as seguintes condições:
I - não preenchimento dos requisitos previstos no § 1º do art. 58 desta Lei (Cram-Down – Goela
Abaixo);
II - preenchimento dos requisitos previstos nos incisos I, II e III do caput do art. 53 desta Lei;
III - apoio por escrito de credores que representem, alternativamente:
a) mais de 25% (vinte e cinco por cento) dos créditos totais sujeitos à recuperação judicial; ou
b) mais de 35% (trinta e cinco por cento) dos créditos dos credores presentes à assembleia-geral
a que se refere o § 4º deste artigo;
IV - não imputação de obrigações novas, não previstas em lei ou em contratos anteriormente
celebrados, aos sócios do devedor
V - previsão de isenção das garantias pessoais prestadas por pessoas naturais em relação aos
créditos a serem novados e que sejam de titularidade dos credores mencionados no inciso III deste
parágrafo ou daqueles que votarem favoravelmente ao plano de recuperação judicial apresentado pelos
credores, não permitidas ressalvas de voto;
VI - não imposição ao devedor ou aos seus sócios de sacrifício maior do que aquele que decorreria
da liquidação na falência.

INTRODUÇÃO AO CRAM-DOWN (Goela Abaixo):


O Cram-Down, previsto Art. 58, p. 1°, é como uma colher de chá que o legislador
dá para quando a recuperanda não consegue alcançar todos os quóruns previstos no Artigo
45 para aprovar seu plano de RJ. Em suma, se a recuperanda não conseguir aprovar o
plano em todas as classes, mas se conseguir aprovar na maioria delas, e na maioria que
aprovou você consegui a aprovação da maioria dos créditos, o juiz considerará seu plano
como aprovado. O legislador entende que você se esforçou muito para aprovar aquele
plano e chegou muito perto, então ele te dá uma relativizada para que ele seja aprovado.
O Cram-Down é chamado de Goela Abaixo porque o plano foi rejeitado pelos
credores e mesmo assim foi forçada a sua aprovação.

VOLTA PARA O PLANO DE CREDORES:


Volta-se, portanto, a falar das condições para o plano dos credores, relembrando:
1. Quando cessa o período de Stay Period;
2. Quando o plano de RJ é rejeitado na assembleia;
As condições a seguir seguirão os incisos Art. 56 § 6º, já colocado acima:
3. I - Quando o plano do devedor não é Cram-Down, na forma do Art. 58,
parágrafo 1°;

Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor
cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado
pela assembleia-geral de credores na forma dos Arts. 45 ou 56-A desta Lei.
§ 1º O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação
na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembleia, tenha obtido, de forma cumulativa:
I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos
presentes à assembleia, independentemente de classes;
II - a aprovação de 3 (três) das classes de credores ou, caso haja somente 3 (três) classes com
credores votantes, a aprovação de pelo menos 2 (duas) das classes ou, caso haja somente 2 (duas) classes
com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas, sempre nos termos do art. 45 desta Lei
III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores,
computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei.
§ 2º A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1º deste artigo se o
plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado.
§ 3º Da decisão que conceder a recuperação judicial serão intimados eletronicamente o
Ministério Público e as Fazendas Públicas federal e de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios
em que o devedor tiver estabelecimento.
Art. 58-A. Rejeitado o plano de recuperação proposto pelo devedor ou pelos credores e não
preenchidos os requisitos estabelecidos no § 1º do art. 58 desta Lei, o juiz convolará a recuperação judicial
em falência.
Parágrafo único. Da sentença prevista no caput deste artigo caberá agravo de instrumento
4. II - Preencher os requisitos dos Incisos I, II e III do Artigo 53;

Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável
de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob
pena de convolação em falência, e deverá conter:
I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art.
50 desta Lei, e seu resumo;
II – demonstração de sua viabilidade econômica; e
III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por
profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.

5. III - Apoio por escrito de credores que representem, alternativamente:


a) mais de 25% dos CRÉDITOS TOTAIS sujeitos à recuperação judicial, não
apenas os presentes na assembleia e independentemente da classe, não existe distinção
entre os créditos, até os retardatários entram; ou
b) mais de 35% dos créditos dos credores PRESENTES À ASSEMBLEIA-
GERAL a que se refere o § 4º deste artigo;
6. IV - Não imputação de obrigações novas, não previstas em lei ou em
contratos anteriormente celebrados, aos sócios do devedor. Seria uma
estipulação em favor de terceiro, como uma contação em nome de outra
pessoa sem que ela autorizasse;
7. V - Previsão de isenção das garantias pessoais para os credores que
votarem favoravelmente ao plano de recuperação judicial apresentado
pelos credores. Em outras palavras, se você é credor e possui uma garantia
pessoal do devedor (Ex: o devedor quando te pediu um empréstimo, te deu
uma garantia pessoal para se a sociedade falir, você poder executar essa
garantia na figura do sócio) e adere ao plano dos credores, você perderá
sua garantia, renunciará ao aval;
8. VI - Não imposição ao devedor ou aos seus sócios de sacrifício maior do
que aquele que decorreria da liquidação na falência (esse inciso pegou
sociedade empresária e sócio, colocou em um mesmo saco e está
misturando figuras que a todo momento se tenta separar, entendendo que
existe uma relação próxima entre sócio e sociedade empresária, como se o
sócio pudesse sentir na pele o que for decidido no plano dos credores).
Sempre se achou que o dispositivo que faz com que os credores renunciem à
garantia pessoal fosse suficiente criar uma espécie de entrave para que os credores
exercessem seu direito. Até que aparece a recuperação judicial da SAMARCO, em que
aparecem dois planos de credores, um elaborado por investimentos de credores e outro
elaborado pelo sindicato dos trabalhadores da Samarco. Então o que antes era uma arma
apenas para ser mostrada e fazer com que as recuperandas parassem de fazer planos
abusivos, acaba de se tornar uma ferramenta extremamente poderosa na mão de credores,
que no plano da Samarco os credores inclusive prevê tomar o controle da Samarco, formas
melhores de pagamento e afastar a atual administração.
No entanto, o plano alternativo dos credores não parece que será usado em
qualquer recuperação, sendo mais provável que apareça nas recuperações muito grandes
e com credores sofisticados. Só o tempo dirá se em recuperações menores os credores
terão organização e dinheiro para elaborarem seu plano.
Além disso, outra crítica possível está no paragrafo 7° do Artigo 56:

Art. 56 § 7º O plano de recuperação judicial apresentado pelos credores poderá prever a


capitalização dos créditos, inclusive com a consequente alteração do controle da sociedade devedora,
permitido o exercício do direito de retirada pelo sócio do devedor.

Isto é, os credores podem utilizar os créditos para capitalizar, para fazer a


capitalização desses créditos, alterando o controle da sociedade, o que é basicamente
como se ele transformasse o credito dele em participação acionária para tomar o controle.
(é exatamente o que é previsto no plano da Samarco). Além disso, se nada der certo, a RJ
será convolada em falência como versa o Art. 56 § 8º:

Art. 56 § 8º Não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º deste artigo, ou rejeitado o plano de
recuperação judicial proposto pelos credores, o juiz convolará a recuperação judicial em falência.

Se o plano da recuperanda não teve seu plano aprovado em assembleia e se os


credores não quiseram apresentar um plano ou o plano alternativo apresentado por eles
também não foi aprovado em assembleia na forma do §6°, o juiz convolará (mudará,
modificará, transformará) a recuperação judicial em falência.
DIREITO COMERCIAL IV

AULA DO DIA 09/06.

Hipótese de rejeição do plano

Artigo 56, § 8º da Lei 11101/05.

“Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz
convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação.
§ 8º Não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º deste artigo, ou rejeitado o plano de
recuperação judicial proposto pelos credores, o juiz convolará a recuperação judicial em
falência.”

● Quando o plano não é aprovado, nem o plano devedor nem o alternativo, é


momento do Juiz transformar aquela recuperação judicial em alguma coisa.

OBS: Prof. "Supor que o devedor decida pedir a falência. Se o devedor não regulou, a única
regra que poderia incidir nesse caso seria colocar o óbice. Se o devedor quer pedir a
falência, é admitido, porque ele continua tendo a faculdade de não prosseguir na sua
atividade, e o credor não pode ser dono dele. No entanto, tal situação é complicada."

Artigo 56-A:
“Até 5 (cinco) dias antes da data de realização da assembleia-geral de credores convocada
para deliberar sobre o plano, o devedor poderá comprovar a aprovação dos credores por
meio de termo de adesão, observado o quórum previsto no art. 45 desta Lei, e requerer a
sua homologação judicial.”

Quorum do artigo 45:


“Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de
credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.”

Artigo 58, § 1º da lei 11101/05:

“Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial
do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei
ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na forma dos arts. 45 ou 56-A
desta Lei.

§ 1º O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não
obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha
obtido, de forma cumulativa:

I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos


os créditos presentes à assembléia, independentemente de classes;

II - a aprovação de 3 (três) das classes de credores ou, caso haja somente 3 (três)
classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 2 (duas) das classes ou, caso
haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma)
delas, sempre nos termos do art. 45 desta Lei;

III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos
credores, computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei.”

Em caso de não alcançar o quorum necessário, se aplica o artigo 58 desta lei (usa-se o
cram-down (goela abaixo), ou seja, faz uma "forcinha" para o plano de credores ser
aprovado).
Assim, força o plano mesmo que não aprovem.

As classes devem aprovar o plano por maioria (deve ter mais de 50% de todos os credores)
e os incisos do artigo 58 devem ser cumulativos para que haja a aprovação.
- Esclarecimentos acerca dos critérios usados nos incisos do artigo 58 da Lei
11101/05:
- I: mais da metade do valor de todos os créditos, o critério é dinheiro.
- II: o critério é o maior número de classes, se só tem 4 (quatro), deve ser aprovado
em 2 (dois) e em 2 (dois), deve ser aprovado em 1 (um).

OBS 2: Classes de credores


Classes I e IV: aprova com cabeça;
Classes II e III: aprova com dinheiro e cabeça.

- III: classe que houver rejeitado tem que ter tido mais de ⅓ da aprovação dos seus
credores.

OBS 3: "Céu de brigadeiro"- ocorre quando todas as classes aprovaram o plano. Mas se
não aprovaram, deve ir pro goela abaixo “cram-down”, e há condições.

● Além disso, caso o plano seja rejeitado, o devedor terá que suportar esse efeito: O
Juiz terá que convolar a recuperação judicial em falência.
● Efeito de novação acontece por força da Recuperação Judicial.

Artigo 73 da lei (hipóteses de convolação da RJ em falência)


- Poderá na hipótese que o devedor não cumprir o seu plano de RJ.
- O plano é um título executivo, ou seja, pode ser levado em execução. - "Quantia
líquida certa e exigível ou convolar em falência."

Hipóteses em que essa convolação existe:

“Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial:

I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei;

II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art.


53 desta Lei;
III - quando não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 56 desta Lei, ou
rejeitado o plano de recuperação judicial proposto pelos credores, nos termos do § 7º do art.
56 e do art. 58-A desta Lei;

IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação,


na forma do § 1º do art. 61 desta Lei.

V - por descumprimento dos parcelamentos referidos no art. 68 desta Lei ou da


transação prevista no art. 10-C da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; e

VI - quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que implique


liquidação substancial da empresa, em prejuízo de credores não sujeitos à recuperação
judicial, inclusive as Fazendas Públicas.”

OBS 4: Há a possibilidade do plano não ser aprovado, por ser considerado muito agressivo,
e consequentemente não gostarem. Na vida real, muitos credores, principalmente
quirografários, aceitam o plano com medo da falência, achando que nesse cenário nada
será recebido e pago. Nesse contexto, trouxe a possibilidade do credor apresentar o seu
próprio plano.
Assim, os devedores estavam ameaçando os credores com a possibilidade de falência.

● A assembleia é soberana na deliberação do plano, porque aprovar o plano é melhor


do que rejeitar e esperar pela falência. O plano tem efeito de novação.

Artigo 59, § 2º e 3º:

“Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao
pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias,
observado o disposto no § 1º do art. 50 desta Lei.

§ 1º A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo


judicial, nos termos do art. 584, inciso III, do caput da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973
- Código de Processo Civil.

§ 2º Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que


poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público.

§ 3º Da decisão que conceder a recuperação judicial serão intimadas


eletronicamente as Fazendas Públicas federal e de todos os Estados, Distrito Federal
e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.”

Artigo 58 (termo geral):


“Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do
devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou
tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na forma dos arts. 45 ou 56-A desta
Lei.”
- O plano pode ser aprovado em três hipóteses:
● Quem aprova o plano são os credores, em sede de deliberação assemblear ou o
devedor coleta por meio de termo de adesão (Artigo 56-A) ou “dormem”, ou seja,
não apresentam objeção, acontece a aprovação tácita (basta que o credor perca o
prazo de 30 (trinta) dias corridos para apresentar objeção em face do plano antes de
acontecer uma assembleia, quedam-se inerte)
- “Art. 56-A. Até 5 (cinco) dias antes da data de realização da assembleia-geral
de credores convocada para deliberar sobre o plano, o devedor poderá
comprovar a aprovação dos credores por meio de termo de adesão,
observado o quórum previsto no art. 45 desta Lei, e requerer a sua
homologação judicial.”
● Uma vez aprovado o plano na assembleia de credores, ele é remetido ao magistrado
(Artigo 57).
- “Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembléia-geral
de credores ou decorrido o prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção
de credores, o devedor apresentará certidões negativas de débitos tributários
nos termos dos arts. 151, 205, 206 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966
- Código Tributário Nacional.”
● Após, o Juiz promove a homologação do plano. Assim, ele tem o plano devidamente
aprovado e certidões negativas (significa que o devedor não tem nenhum débito
tributário) -> certidão positiva com efeito de negativa.
● Uma vez estando em RJ entre a data do deferimento do processamento e a
aprovação do plano, ele deve procurar a procuradoria de diversos locais.
● Se o plano tiver aprovado e certidões negativas estiverem presentes, o Juiz
concedeu a RJ. Independente da decisão conceder o plano ou homologar o plano, é
a mesma decisão.
● O efeito da novação só acontece com a homologação ou concessão da recuperação
judicial.
Aula 13 / 06 –Direito Comercial IV

-Recuperação extrajudicial prevista inicialmente no art.161da L.11.101/2005.

- §1° - Antes da reforma da L.14112/2020 não era possível repactuação das


obrigações trabalhistas no âmbito extrajudicial. Contudo, agora é possível desde que
tenha a participação do sindicato( parte do pressuposto que o trabalhador não tem
mesma paridade do credor quirografário) .

-Efeitos da R.J aqueles créditos que antes não podiam.  Tem que negociar com o
sindicato palacete e aquele trabalhador não tem a mesma paridade que um credor
quirografário.
 

-Art.161 e   Art.48(pressupostos subjetivos)

&  1 os mesmo créditos não estão submetidos a recuperação judicial não estão
submetidos a extrajudicial.

-Art.49 & 3, L.11101 (créditos excetuados dos efeitos da R.J) c/c Art.85 , 86 da LRF (
restituição na falência).

-Art.161 & 2

OBS : Devedor pega o telefone e marca com esses credores dessa recup.extraj. ,
uma reunião .  Pode ser por exemplo um estaleiro. Ele fala que vai fazer uma r.extj
mas só vai submeter aos efeitos da R.J.. contratos específicos ( por exemplo projetos
que esteja desenvolvendo, credores de SPE( sociedade de propósito específico) –
preveem prazo determinado .

-Uma sociedade anônima pode ser uma sociedade SPE e ocorre também a
afetação(destinação ) de patrimônio . Ex : incorporadoras ( fazem muitas SPEs).

-SPE integralizar com o próprio terreno - contrata uma empresa de engenharia para o
projeto para fazer o lançamento- pega o memorial  e leva ao registro para vender no
modelo de incorporação imobiliário(terreno virtual). 

-Falência não terá efeito sobre a SPE - afetação do patrimônio, está salvaguardando
de não fazer parte de um processo de falência.( Direito a uma parte do terreno, fracos
pq sua propriedade horizontal está construindo em cima do outro).
OBS: Escândalo da Encol - usava os recursos para comprar outros terrenos . 
Medo das pessoas comprar imóvel na planta. O legislador venda essa insegurança
jurídica , resolveu fazer modificações na legislação para inserir o patrimônio de
afetação para assegurar que o adquirente (futuro proprietário ) na segurança de
hipótese não estaria submetido aos efeitos da falência. ( Mas não é obrigatória a
construtora inserir o patrimônio de afetação, mas pelas incorporadoras sim ).

O legislador Fez modificações para garantir a afetação para aquele proprietário


e na hipótese de quebra não estaria submetido a falência, podendo se reunir com os
condôminos para terminar a obra.

Patrimônio de afetação (destinação do patrimônio para a construção do terreno )

Óbice à Recuperação Extrajudicial . :

-Art. 161 & 3 - Tem que dar uma distância de 2 anos .

-O devedor escolhe alguns grupos específicos, pode chamar credores quirografário (


classe III)  e pode chamar com garantia real ( Classe II ). Chama e se os credores
concordarem, assina. (é mais seguro repactuar essas obrigações extrajudicial do que
para uma r.j.)

OBS : O fato do devedor  pedir uma r. extrajudicial não impede que ele peça
um recuperação judicial .

-Art. 161 & 4  - pedido de homologação não afetará (...)

- Art. 163 - assinado por credores por mais da metade de créditos de cada espécie
abrangido pelo plano. Devedor poderá requerer desde que assinados por mais da
metade de cada espécies (natureza ) abrangidos pela recuperação .
50 % + 1 ( pode ligar para os credores que possuem maior poder político- crédito) :
aprovação do plano de recuperação extrajudicial para assinar o plano .

Apesar de não previsto na lei, o Juiz aceita e chama o administrador judicial para
montar um quadro de credores para verificar se o quórum foi atendido. 

Art.164 - Recebido o pedido de homologação , juiz ordenará (...)

& 2- Os credores terão o prazo de 30 dias , contado da publicação do edital , para


impugnarem o plano , juntando a prova do seu crédito. Matéria elencadas no & 3

§3° Para opor-ser, em sua manifestação a homologação do plano , os credores


somente poderão alegar :

I- Não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do art.163


desta LEi
II- Prática de qualquer dos atos previstos no inciso III do art.94 ou do art.130
destra Lei, ou descumprimento de requisito previsto nesta lei.
III- Descumprimento de qualquer outra exigência legal .

Art.94 – chamado de falência por atos ruinosos/fraudulentos.

Prova na adesão e todos os credores . Homologação do plano de recuperação

Matéria restritas para o credor impugnar o plano ( art.164 § 3°)

Recorrível por Agravo – sobre decisão por impugnação. 

Recorrível por Apelação- sobre decisão de homologação ou não homologação


do plano de recuperação .

-Quórum de aprovação de um plano de Recuperação Extrajudicial : Mais da metade


dos créditos por ele abrangidos.
-Quórum necessário para protocolizar um pedido de homologação de um plano de
Recuperação extrajudicial : 1/3 dos credores.

Quando o sujeito pede a R.extrajudicial tem que apresentar 2 Documentos : a base


total dos credores que estão submetidos aos efeitos daquela R.ex. com a prova de
que ele tem a aderência, adesão / assinatura no plano de mais da metade desses
créditos , além disso o próprio plano com a assinatura de todos os credores que
aderiram a ele .

Na forma do & 6° a petição vai ter q conter a explicação patrimonial I , & 6 163 . (na
petição de pedido juntar a exposição dele e demonstrações contábeis relativos ao
último exercício social / documentação de minuta e  III , documentos que comprovem
os poderes dos subscritores para provar ou transigir na transição nominal dos
credores com a i ).

A sentença que homologa ou denega é recorrível por apelação . Contrariando a maior


parte desta lei que é agravo. Ex : Caso LEADER .

Art.163 §7° - o pedido previsto no caput poderá ser apresentado com a anuência do
crédito por eles abrangidos com prazo prorrogável de noventa dias por meio de
adesão expressa ou . Necessário 1/ 3 e tem 90 dias para se reunir com os outros . Se
obter adesão dos demais da metade tem a adesão , se não conseguir pode pedir em
para conversão em r.j,:

Isso que vai dar força para pedir a homologação do plano de r. extrajudicial .

OBS : Se não conseguir o quórum pode pedir para uma recup. extrajudicial ( só
apresentar o resto de documentos).

& 8 com apenas 1 / 3 – STAY ( suspensão de todos os atos constritivos e


expropriatórios dos créditos submetidos aos efeitos da recuperação extrajudicial,
suspende a execução dos créditos submetidos aos efeitos da Recuperação
extrajudicial). Suspensão mais restrita do que a r.j pois só atinge quem estiver
envolvido.

- Art.164 & 5 - Credor terá 5 dias 

-30 dias apresentação de impugnação a plano de R.E.


1/ 3 dos credores para implementação 

Perfeita fase; extrajudicial e uma segunda judicial.

Art.167 - não é pq ela pediu r.j em determinadas espécies de crédito que não pode
acordo com outros credores que não estão presentes .

Conceito de recuperação extrajudicial : Acordo firmado entre  devedor e certos


credores sujeito a homologação judicial podendo alcançar credores que não aderirem (
por força da homologação do quórum ) a ele de forma voluntária. 

Natureza jurídica da recuperação extrajudicial :

1 corrente: negócio jurídico formal - acordo


negocio jurídico formal ( natureza contratual ) e é formal porque precosa ser escrito e
está sujeita a homologação judicial .

2 corrente : tem natureza processual , poruqe seria processo j. com.fase extrajudicial (


corrente minoritária).

Espécies de R.extrajudicial  :

Uma recuperação meramente homologatória do plano - recuperação com


homologação facultativa ( pois tem a previsão no art.162 dizendo que o devedor
poderá reabrir homologação em juízo (...) ). Facultativa pois Pode ter 100 % de
aderência dos credores ( poderia ser apenas extrajudicial não precisaria ir ao
judiciário ).

Quando não tem todos precisa ir para impor o plano aos que não aceitaram.

163 - parte que não aderirem de forma voluntária. 


Proteção de determinados atos que iria praticar dentro do p.j- e.esticar determinação 
de estabelecimentos de unidades produtivas isoladas sem que isso configure crime
falimentar e pode transformar em judicial e uma vez homologado  poderá ser
oponíveis a terceiros .

Juiz competente mesmo juiz que deste a r.extj.( sede de volume maior dos negócios).

E outra espécie homologatória para ser coercitiva/ de obter a aderência de forma


involuntária dos credores que não aderiram o plano de recuperação extrajudicial.(
Art.163 & 6 ).

Obs ; na r extrajudicial não cabe impugnação de crédito( só cabe impugnação  ao


próprio plano)  e não há previsão de administrador judicial ( já que é em juízos com
adesão dos credores ou já com aderência de mais da metade ).

50 % + 1 ( dos créditos abrangidos pelo plano ) 

163 - & 1 -(  Art.83, II, IV , V , VI , VIII)  .  Quadro de credores da falência diferente da
r.j.

Dentro da espécie poderá separar grupos. ( tem q ter uma lógica sem distinção de
credores).
20/06

Hoje será tratado o tema da falência. Para se falar de falência, partiremos para a
convolação da recuperação judicial em falência, que corresponde à transformação da
recuperação judicial em falência. Existem algumas hipóteses em que a recuperação pode se
convolar em falência (art. 73).

Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial:


I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei;

Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia-geral, exceto
nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea a do inciso I do
caput do art. 35 desta Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de
realização do ativo nos termos do art. 145 desta Lei.

A primeira hipótese é quando os credores se deliberam em assembleia. A recuperação


judicial é um caminho sem volta, pois simplesmente os credores podem expurgar a recuperanda
do mercado ao deliberar pela sua quebra.

Art. 73. (...)


II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta
Lei;

Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo
improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da
recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:

A segunda hipótese é quando o devedor não apresenta o plano de recuperação no prazo


(60 dias corridos). Se não apresentar, a falência é decretada. Pode existir muito ativismo
judicial, muita flexibilização, mas esse prazo de apresentação do plano é extremamente grave.
O plano deve ser apresentado, ainda que seja alterado depois, pois não se deve correr o risco
de ter a falência decretada.

Art. 73. (...)


III - quando não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 56 desta Lei, ou rejeitado o plano
de recuperação judicial proposto pelos credores, nos termos do § 7º do art. 56 e do art. 58-A
desta Lei;

1
O inciso III dispõe da hipótese de não conseguir aprovar o plano com Cram Down e
quando o plano dos credores for rejeitado. Ou seja, são requisitos: o plano foi rejeitado, não
passou com ferrou e não passou o plano dos credores (se é que houve um).

Art. 73. (...)


IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma
do § 1º do art. 61 desta Lei.

O inciso IV, trata de quando o devedor descumprir o plano, onde também terá sua
recuperação judicial convolada em falência. Quando a recuperação judicial é convolada em
falência dentro do período de fiscalização (art. 61), o crédito do credor volta ao status quo ante,
voltando ao valor original. Então o efeito de um crédito reduzido em 50%, por exemplo, de um
milhão para 500 mil, volta a ser um milhão, se ocorrido, conforme o art. 73, inciso IV, dentro
do período de fiscalização.

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:


(...)
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
(...)
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação
judicial.

Por outro lado, o artigo 94, inciso III, alínea G, trata da hipótese de decretação da
falência do devedor que descumprir uma obrigação assumida no plano de recuperação. Se
difere, portanto, do art. 73, inciso V, pois, no caso do artigo 94, a recuperação judicial já foi
encerrada.

Art. 73. (...)


V - por descumprimento dos parcelamentos referidos no art. 68 desta Lei ou da transação
prevista no art. 10-C da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; e

Art. 68. As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir,
nos termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação
judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966
- Código Tributário Nacional.

Antes, o fisco não podia pedir a convolacao da recuperação judicial em falência, mas
agora o fisco pode fazer isso, por força do inciso V, quando o devedor descumpre o seu
parcelamento.

2
Art. 73. (...)
VI - quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que implique liquidação
substancial da empresa, em prejuízo de credores não sujeitos à recuperação judicial, inclusive
as Fazendas Públicas.

O inciso VI dispõe sobre o esvaziamento patrimonial. Então, por exemplo, a pessoa


jurídica vai vender seu único imóvel, para pagar os credores e não sobrará dinheiro para o fisco,
poderá recair no inciso VI. Essa operação de compra do imóvel, portanto, poderia ser desfeita.
É importante, assim, verificar, ao comprar, se aquele ativo configura esvaziamento patrimonial
do devedor. Isso retira segurança jurídica. A lei não define os critérios do que caracteriza
liquidação substancial da empresa, sendo isso muito subjetivo e nem esvaziamento patrimonial.

Art. 73. (...)


§ 1º. O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por inadimplemento de
obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos dos incisos I ou II do caput do art. 94
desta Lei, ou por prática de ato previsto no inciso III do caput do art. 94 desta Lei.

O parágrafo primeiro dispõe que o disposto no artigo não impede a decretação da


falência por descumprimento da recuperação judicial. Ou seja, o fato de estar em recuperação
judicial não impede a decretação da falência. O fisco pode pedir diretamente a decretação de
falência.

Art. 73. (...)


§ 2º A hipótese prevista no inciso VI do caput deste artigo não implicará a invalidade ou a
ineficácia dos atos, e o juiz determinará o bloqueio do produto de eventuais alienações e a
devolução ao devedor dos valores já distribuídos, os quais ficarão à disposição do juízo.

O parágrafo segundo tenta dar um remédio para o inciso VI, dizendo que a hipótese
prevista no inciso VI não implica invalidade ou ineficácia de atos.

Art. 73. (...)


§ 3º Considera-se substancial a liquidação quando não forem reservados bens, direitos ou
projeção de fluxo de caixa futuro suficientes à manutenção da atividade econômica para fins
de cumprimento de suas obrigações, facultada a realização de perícia específica para essa
finalidade.

O parágrafo terceiro dispõe que considera-se substancial quando não forem reservados
bens, direitos ou projeção de caixa futuro suficiente para manutenção da atividade econômica.
Então aqui é conceituado o que é liquidação substancial do inciso VI.

3
Art. 74. Na convolação da recuperação em falência, os atos de administração, endividamento,
oneração ou alienação praticados durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde
que realizados na forma desta Lei.

O artigo 74 se trata de um dispositivo que confere segurança jurídica para quem faz
negócio com a recuperanda.
Na próxima aula serão tratados os pressupostos da falência.

4
AULA 27/06/2022

Falência: citação, de contestação, depósito elisivo, legitimidade em matéria de falência.

O conceito de falência frustrada foi introduzido no nosso Ordenamento jurídico pelo


decreto Lei revogado 7661/1945. É a Lei que precede a Lei 11101/05 de comercial. A
falência frustrada se prestava a tratar dos casos em que o devedor não dispunha de bens
para arrecadação ou eram insuficientes para custear as despesas do processo, ou seja,
além de não ter bens para pagar credores, cabia aos credores arcar com essas custas para
que esse processo caminhasse. Inclusive, com expectativa de que algum bem fosse
encontrado. O credor que custeasse tinha preferência de pagamento com fulcro no art.75
do decreto 7661/1995. Atualmente essa regra está contida no art.114-A da Lei 11101/05.
Antes disso, não tinha regra similar.

A jurisprudência quanto a esse dispositivo do art.114-A da Lei 11101/05 passou a acolher a


tese de caução que é quando se não for encontrado bens para serem arrecadados o
Administrador Judicial informará imediatamente para o juiz que ouvido, fixará o edital.

A falência frustrada é o reconhecimento de que não só não estão sendo encontrados bens
para pagamento dos credores como não há recurso nem para pagar as despesas
processuais.

Quando falamos de ordem de credores na falência, todos os créditos contraídos depois da


falência, têm preferência. É concursal. O crédito anterior fica lá embaixo.

• Legitimidade e ilegitimidade do processo de falência: art.97 da Lei 11101/05

Versa sobre quem pode requerer a falência: o próprio devedor, o cônjuge sobrevivente ou
qualquer herdeiro do devedor ou inventariante. No inciso IV fala que pode qualquer credor
também.

O tratamento adequado que se dá a falência quando você se encontra em estado de


insolvência. É importante que quando estiver no seu exercício de administrar seus bens, se
você não tem ativo suficiente para dar conta de suas obrigações só existe uma forma de
resolver que é decretando o pedido de falência. Se fizer ao contrário disso, sendo omisso,
há desconsideração da personalidade jurídica e vai atingir os bens daquele sócio.

Para fazer o requerimento de falência existe algumas pegadinhas. O empresário que for
irregular não pode requerer a falência de outro devedor porque é uma espécie de punição
que a Lei dá para quem não está inscrito regularmente. Isso está no parágrafo primeiro do
art.97. Vulgarmente, quer dizer que: “Primeiro arruma a sua casa, antes de falar da casa dos
outros”.
E se o empresário, cuja quebra seja requerida não estiver regularmente inscrito? Aí eu
posso pedir a falência dele. Haverá responsabilidade regular de todos os sócios.

E se o empresário irregular quiser pedir sua auto falência? Pode e está no art.105, IV da Lei
11101/05. O legislador parte da premissa de que nessa situação vai atingir os bens de
todos os sócios particulares. Existe uma corrente minoritária amparada no art. 105, V da Lei
11101/05. O EMPRESÁRIO irregular tem que apresentar livros obrigatórios. Esses livros
devem ser levados ao registro, mas como é irregular, não vale como livro, pois deve ser
registrado perante a junta comercial. Antes de começar a usar os livros tem que levar a
registro.

O legislador é claro no art.105, inciso IV. Focar somente no que a Lei prever.

Requerido a falência, o juiz é obrigado a decretar a falência? A primeira corrente,


minoritária, o juiz não está vinculado ao pedido de falência e poderia rejeitar o pedido de
auto falência e a majoritária, o juiz está vinculado ao pedido de falência e o devedor é o
único apto para dizer se sua atividade é ou não viável. Se for fraudulento o pedido, o juiz
não pode decretar a falência. É a única hipótese em que o juiz deve recusar.

Falência póstuma é a requerida após a morte do devedor. Essa é a hipótese do art.97, II da


Lei 11101/04. Vai falar da falência do empresário individual que é a pessoa natural.
Chamada falência sem falido.

A falência referenciada prevista no inciso III, art.97 da Lei 11101/05, o cotista ou acionista
na forma da Lei só se aplica as sociedades empresarias porque os seus sócios, em seu
próprio nome, pode requerer a falência da pessoa jurídica. O sócio minoritário também
pode fazer isso. Em tese, está amparado pelo legislador.

A falta de interesse para o cotista requerer a falência poderia ser identificado quando o
sócio minoritário discorda e ele pode ser considerado naquela deliberação ser um sócio
dissidente e ele tem direito de RETIRADA. Entretanto, o direito de retirada não exime a
responsabilidade dele.

Parágrafo único do art.1003 do CC LER:

QUALQUER CREDOR TEM LEGITIMIDADE PARA REQUERER A FALÊNCIA DO DEVEDOR

Quando o credor for empresário tem que prestar atenção na regrinha de está registrado
também na junta comercial.

Existe uma doutrina majoritária, que diz que a fazenda pública não poderia requerer a
falência, assim não entra no concurso de credores. Uma professora renomada da USP
discorda e acha que poderia requerer sim. Hoje, a fazenda pública pode requerer a falência
do empresário e muitos dispositivos tratam disso como art.73, inciso VI da Lei 11101/05.
Existe também doutrina que entende que a fazenda pública tem interesse de requerer a
quebra do devedor. A Fazenda Pública se submete ao concurso material de credores,
apesar de não se submeter ao concurso de credores.

O fisco não se submeteria ao concurso de credores porque não se submete ao concurso


processual se não quiser e se for receber o dinheiro, recebe na falência. Aqui fala sobre a
fazenda pública não se submeter ao concurso de credores.

Se a fazenda pública descobre um bem valioso e arrecada para a falência, por que a
fazenda tem interesse de continuar cuidando da execução? Porque não quer receber da
massa falida. Quer receber dos sócios e os bens dos sócios não têm a ver com os bens da
sociedade empresária e não é arrecadado. Assim, não vai ter que dividir com os demais
credores. A fazenda atinge os bens dos sócios a partir da insolvência civil.

A CDA, fazenda pública, é um título executivo extrajudicial. Então é sim credora.

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