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UNIVERSIDADE UNIGRANRIO

GABRIEL CARNEVALE – 2212044


MARIANA REIS – 2212352
GABRIELA CILIPRANDI – 2212359
RAISSA RIBEIRO DA FONSECA SILVA – 2212322
NÁTHALYA FERRARI CAPITA – 2212423
BRYAN GRAVINO DUARTE - 2212555

Desde sua concepção como República Federativa Democrática, nosso país passou por inúmeras
crises institucionais, e é algo que hoje é muito mais acentuado, dado a grande interferência do
poder judiciário nos outros poderes.
A judicialização das relações políticas, sociais e econômicas é um fenômeno mundial, que foi
iniciado na década de 40, no período pós guerra, onde o mundo estava aterrorizado com as
barbáries do conflito, buscando a segurança do Judiciário para a resolução de suas contendas.
Porém, mesmo com mais de meia década é algo que ainda encontra-se em aperfeiçoamento.
Em território Nacional, a judicialização ficou ainda mais notável após a promulgação da
Constituição Federal de 1988, que foi utilizada como ferramenta para a retomada da democracia
e de garantias fundamentais que foram suprimidas no período da ditadura militar. Em cenário de
ausência de políticas públicas e privadas efetivas para soluções extrajudiciais de solução de
conflitos. Na maioria dos países desenvolvidos, as políticas de arbitragem, mediação e outras
formas adequadas de resolução de conflitos já ocorriam há bastante tempo.
O termo judicialização ou ativismo judicial, hoje em dia é visto de forma bem pejorativa, tendo
em vista que as pessoas que lá estão não foram eleitas de forma democrática, ou seja, o povo
não participa da escolha daqueles que nos representaram no judiciário, fazendo com que as
decisões tomadas pelos mesmos, muitas vezes não sejam de agrado de boa parte da população.
Talvez nesse quesito resida o principal problema enfrentando pelo ativismo judicial, pois essa
imprevisibilidade das decisões gera então óbvia insegurança jurídica. O decano do STF,
Ministro Celso de Mello, nesse sentido, foi preciso: “...a ação direta de inconstitucionalidade
não pode ser utilizada com o objetivo de transformar o STF, indevidamente, em legislador
positivo, eis que o poder de inovar o sistema normativo constitui função típica da instituição
parlamentar” (ADI 1.063/MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18/5/1994, Plenário,
DJ de 27/4/2001).
Definição de judicialização

Existe uma divergência sobre a origem do termo ativismo judicial. Porém, prevalece o
entendimento de que o termo fora criado pelo jornalista americano Arthur M. Schlesinger Jr.,
em 1947, em uma matéria jornalística para a revista “Fortune”.
No artigo, o jornalista teve a missão de construir o perfil político e ideológico dos nove
membros da Suprema Corte norte-americana, que na época enfrentava um momento de tensão
política com o governo Franklin Delano Roosevelt, cujo teor consubstanciava-se em aprovar um
plano político e econômico conhecido como new deal.
O plano político envolvia algumas medidas legislativas marcadas pelo traço da
inconstitucionalidade. Tinha o principal escopo de resgatar o desenvolvimento econômico da
nação americana, que entrou em declínio após o ocorrido pela grande depressão da década de
30. O artigo se intitulava “The Supreme Court: 1947”, de Schlesinger Jr.
Naquele contexto, o termo ativismo judicial não tinha muita relação com o conceito atual. O
artigo escrito por Arthur Schlesinger narrou a postura tomada por alguns juízes da Suprema
Corte, que diante de um comportamento de jurisdição defensiva (judicial restraint), oriunda de
um pensamento eminentemente positivista, se esquivavam de enfrentar casos relevantes e
essenciais à sociedade.
Não vamos aprofundar mais nesse contexto histórico. Afinal, não é tão relevante para o nosso
artigo, tampouco para a definição contemporânea desse termo.
Passado esse breve momento histórico, para entender o que é ativismo judicial, temos que ter
em mente o conceito de judicialização, já que é comum confundi-los.
A judicialização é um fenômeno contemporâneo, oriundo da quantidade de demandas que têm
sido levadas ao judiciário para que seja dada uma sentença de mérito, resolvendo o caso
concreto.
Trata-se de um aumento de demandas que buscam o judiciário para resolver questões que,
primordialmente, deveriam ser resolvidas no âmbito dos outros poderes (legislativo e
executivo).
O fenômeno da judicialização se deu a partir da promulgação da Constituição de 1988, já que a
Carta Magna vigente redemocratizou o país, e passou a dar acesso para que o Poder Judiciário
intervisse em várias demandas.
Em síntese, judicialização significa que uma parcela do Poder Político está sendo transferido
das instâncias políticas tradicionais para o Poder Judiciário. Significa dizer que a última palavra
sobre questões econômicas, sociais ou morais de largo alcance, estão tendo a sua instância final
de decisão perante o Poder Judiciário.
A judicialização no Brasil é um fato decorrente de um certo arranjo institucional. Esse arranjo
produziu uma constitucionalização abrangente, aliada a um modelo de controle de
constitucionalidade que faz com que todos os juízes de direito sejam juízes constitucionais e
também permite que caibam as ações diretas proponíveis diretamente perante o STF.
Além disso, devemos sempre lembrar que temos uma Constituição analítica, que “cuida” de
tudo: idosos, previdência, educação, finanças, saúde, família, crimes. Como diz o Ministro
Barroso, nossa Constituição só não traz a pessoa amada em 3 dias. Ou seja, qualquer assunto é
passível de chegar ao Supremo
Caso Concreto

‘’AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO 26. DISTRITO FEDERAL. RELATOR:


MIN. CELSO DE MELLO. ÓRGÃO JULGADOR: TRIBUNAL PLENO. JULGAMENTO: 13/06/2019.
PUBLICAÇÃO: 06/10/2020. REQTE.(S): PARTIDO POPULAR SOCIALISTA. ADV.(A/S): PAULO
ROBERTO IOTTI VECCHIATTI. INTDO.(A/S): CONGRESSO NACIONAL. INTDO.(A/S): PRESIDENTE
DO SENADO FEDERAL. PROC.(A/S) (ES): ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO. ADV.(A/S): JOSÉ
ALEXANDRE LIMA GAZINEO. ADV.(A/S): FERNANDO CESAR DE SOUZA CUNHA. ADV.(A/S):
EDVALDO FERNANDES DA SILVA. AM. CURIAE.: GRUPO GAY DA BAHIA – GGB. ADV.(A/S):
THIAGO GOMES VIANA. AM. CURIAE.: ASSOCIAÇÃO DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS,
TRAVESTIS E TRANSEXUAIS – ABGLT. AM. CURIAE.: GRUPO DE ADVOGADOS PELA DIVERSIDADE
SEXUAL - GADVS

(...)

E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO – EXPOSIÇÃO E


SUJEIÇÃO DOS HOMOSSEXUAIS, TRANSGÊNEROS E DEMAIS INTEGRANTES DA COMUNIDADE
LGBTI+ A GRAVES OFENSAS AOS SEUS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM DECORRÊNCIA DE
SUPERAÇÃO IRRAZOÁVEL DO LAPSO TEMPORAL NECESSÁRIO À IMPLEMENTAÇÃO DOS
MANDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAÇÃO INSTITUÍDOS PELO TEXTO
CONSTITUCIONAL (CF, art. 5º, incisos XLI e XLII) – A AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO COMO INSTRUMENTO DE CONCRETIZAÇÃO DAS
CLÁUSULAS CONSTITUCIONAIS FRUSTRADAS, EM SUA EFICÁCIA, POR INJUSTIFICÁVEL INÉRCIA
DO PODER PÚBLICO – A SITUAÇÃO DE INÉRCIA DO ESTADO EM RELAÇÃO À EDIÇÃO DE
DIPLOMAS LEGISLATIVOS NECESSÁRIOS À PUNIÇÃO DOS ATOS DE DISCRIMINAÇÃO
PRATICADOS EM RAZÃO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL OU DA IDENTIDADE DE GÊNERO DA VÍTIMA
(...)’’. Inteiro teor disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=423925>. Finda-se a breve exposição da ementa da ADIO nº 26 – STF, passo em
que passamos a opinar:

 O julgado acima trata de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão em relação à
exposição e sujeição sofridas pelos LGBTI+. Em consequência dessa inércia do Poder
Legislativo em criminalizar as práticas homofóbicas e transfóbicas pode-se observar uma ofensa
direta aos direitos e garantias fundamentais do indivíduo. Em razão da demora, os Ministros
Celso de Mello, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz
Fux, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, votaram positivamente para que condutas semelhantes
sejam enquadradas como tipo penal definido na Lei n° 7.716/1989 (Lei do Racismo),
evidenciando assim o chamado Ativismo Judicial. Diferente dos votos vencidos dos Ministros
Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli que defendem que tais atos discriminatórios devem ser
punidos mediante Lei específica aprovada pelo Poder Legislativo.
Ante o exposto, frisa-se que o Ativismo Judicial configurado acima, se deu por conta da
necessidade da implementação de um posicionamento jurídico, em relação a um tema que não
possui normatização. Ultrapassando assim o limite dos poderes estabelecidos, em que o poder
judiciário sai da sua esfera constitucional de atuação e interfere na competência do Poder
Legislativo.

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