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CIP-Brasl. Catalogasdo-ne-Fonte CCimara Brasileira do Livro, SP L997 de So Paulo, 1979, sée. 5, + Letras © lingiistica ; v. 13) Bibliografia. 1, Gramética comparada e geral 2, Lingistica 1 reams ‘Tita. epp-4i0 415 para catélogo_ sistemético: LingUistica 415 10 1.1 - Introdugio LL.1 — Definigdo da Lingitistica da lingua se entende a inv meio-de observacdes controladas e verificiveis empirica- éncia a uma teoria geral da sua estrutura, vvezes observado que @ terminologia ou 0 “jargio” da Linguistica moderna € mais complexo do que o necessirio. E fas vao surgindo no decorrer da sua obra jente por aqueles que se aproximam do seu ia € sem preconceito. Nao se deve esquecer que rmos que emprega 0 ndo-lingtista para falar sobre gem em termos técnicos da gramitica tradicional e ndo its” na sua referencia do que as mais recentes istas. Se o lingtiista contempordneo exige termos 1 diferentes dos que sio familiares aos leigos, ow em adi isso se deve, em parte, ao fato de que o emprey muitos dos termos da gramitica tradicional os tornow in fato de que a Lingiiistica moderna, eral da estrutura da livro serdo introduzidos gradativamente, com ex} sempre que possivel, com referéncia aos termos tra geral. Como veremos, o uso de um vocabulirio especial ‘mina um bom niimero de ambiglidades e de possiveis mal-entendidos. 1gua. Os termos técnicos preg 1.1.3 — Abordagem objetiva da lingua. iem pela primeira vez preparado para liares. Nem é apenas a nossa lingua que nos impede de um exame objetivo. Ha toda de preconeeitos sociais ¢ nacionalistas associados com a lingua, € muitas falsas concepgdes populares, estimuladas pela versio de- formada da gramitica tradicional que € comumente ensinada nas escolas. E é realmente dificil libertarmos nossa mente desses pre- cconceitos © dessas falsas concepeSes: mas esse primeito passo necessirio e compensador, 1.1.4 — Historia da Lingitistica Nada ajudar melhor ao leigo, ou a quem entra em contato com o estudo cientifico da lingua, do que algumas nogdes.da Histéria dda Lingiiistica. Muitas das idéias a respeito da lingua que o ling 1, se ndo as rejeitar inteiramente, o leigo comegari a sen- ‘menos claras ou evidentes, se conhecer algo da sua origem E isso é verdade ndo somente de muita coisa que é for- ensinada na escola, mas também de muita coisa que 4 primeira vista poderia parecer de absoluto bom Acerca do modo como 0 senso-comum trata de questées lingiisticas, notou Bloomfield que “muita coisa mais que se apresenta como do senso- 2 fins ciemieos,|2e em parte pelo simples comum é antes altamente sofisticada, e deriva, em ndo grande dis- tincia, das especulagdes dos filésofos antigos e medievais". Como ‘exemplos de tais posiges do “senso-comum” acerca da linguagem, dessas que Bloomfield declara como “especulagdes de filésofos antigos e medievais"” podemos citar a crenga comum de que todas, refletem, como ainda ais de reunir \s categorias da Gra- Logica © da Metafisica, Outras opinides comumente derivam nao tanto da especulagdo filo- séfica como da subordinagio da Gramética a tarefa de interpretar ferpretar as obras literrias res classics. € hoje de interesse nfo apenas certas concepgdes falsas, © cor- consiri sobre © pasado; 0 faz no somente desafiando e refutando doutrinas tradicionais, mas também desenvolvendo-as, ¢ reformulando-as, Como uma ajuda para a compreensio dos prin- ica pode oferecer uma con que tem 0 seu lado posi Jado negativo. Isso se abundantemente no decorrer deste livro. Vem ressaltado aqui por- gue mutas obras fects sobre «Linas ao etporen os gan tea da lingua nestas ‘deixado de dar Enfase& continuidade da teora ‘nés continuaremos a usar esse termo) € muito m diversificada do que fica em geral sugerido nas referéncias que de passagem a ela fazem mui nuais modernos de Linguistica, Uma boa parte da histéria do pensamentolingistico ocidental€ obscura ou controvertia, Isso se deve sobretudo ao fato de que a maioria das fontes originais de- do que sobreviveu, é claro que, embora se possa tra- 1a continua de desenvolvimento de Plato ¢ dos sofistas medievais, em toda a extenso desse periodo houve pensamento original. Ainda esti ‘Bes acadé uma determinada in a0 lego, diziam Reconheciam-se lavra podia ser “naturalment 4 1.2.1 — Suas origens filosdficas A gramatica tradicional, como tantas outras das nossas tradi- remonta a Grécia do séc. v aC. Para os gregos a “Gramatica” foi desde o inici | ‘que os cercava e das suas in vonsio" ea um fgurcomum de cpa | era natural ea homem, ¢ era por isso inviolavel; dizer que era cont de algum acordo tacito, ou “contrato comunidade — “contrato” que, por ter sido feito pelos homens, jiolado. ingua, a distingZo entre “natureza” ¢ “con- mente sobre se havia qualquer conexio 1.2.2 ~ “Natureza” e “eomensio” ternos ¢ imutaveis fora do proprio riadas por natureza as coisas que clas significavam. Ainda que isso nem sempre pudesse ser evidente . Podia ser demonstrado pelo filésofo capaz de realidade” que estava atras da aparéncia das coisas, Nasceu assim a pritica da etimologia consciente ¢ deliberada. O termo em si—formado do radical grego etym “veal” —denuncia a sua origem filosofica. Estabelecer a origem x — :vacas. im-se por estabelecer os varios modelos arménio, do sirio, do arabe e do hebrai- €o J tinham sofrdo forte inluéneia da tradigfo greco-romana, antes {que essaslinguas chamassem a atengio dos estudiosos europeus na Renascenga. 1.2.10 — A tradigdo hindu'®) Antes de voltarmos nossa atengdo para 0 periodo da “Lingils tica Comparativa” na proxima secgdo, devemos examinar rapida: te outra tradigdo de an: independente da greco-romana como também mais antiga, ras suas manifestagdes e, em certos aspectos, super (séc. 1v aC.2), conhecido ‘como o maior gramitico hindu, cita inimeros antecessores ¢ deve- ‘mos admitir que ele trabalhava com uma tradigdo comegada alg culos antes dele. Quanto a diversidade ea extensio da obra grat hindu, aproximadamente doze diferentes escolas de teoria gram: foram reconhecidas nessa ti certo ponto dependentes de mil obras gramaticais diferent ss hindu € greco-romana sejam independen- tes uma da outra, a0 que sabemos, tanto nas suas origens como na sua evolugdo, ha nelas algumas semelhangas. Na India, como na Grécia, houve controvérsia quanto a condigdo da lingua, se era “na- tural” ou “convencional”; e, como os fildlogos de Alexandria, traba- Ihando com classicos do passado, redigiram glossirios e comenta- ros para explicar palavras ou construgdes ndo mais correntes no _erego helenistico da época, assim também os gramiticos hindus com- pilaram glossdrios ¢ comentarios sobre os textos sagrados hindus, 08 19 © romdnico, ow neolatino ~ termo usado para design: derivadas do latim —,compreendendo 0 romeno, francs, 0 espanhol, o portugués ete; 0 grego: 0 in reendendo 0 sii dernos, 0 persa, tes esti'longe de ser completa; mas é bastante para dar ui curopéia. Out uyu, Zulu, etc.) a altaica és, tibetano, ete), a algonguina, que ink ias da América do Norte, As realizagdes mais significativas da ciéncia xix podem resumir-se nestes dois fatos: ipios e dos métodos para a especificos, acabou por substituir, na durante o sée. x1X, © antigo, e menos arativa e, embora menos comumente préprios ‘je em dia pelos wuistas (que tendem a preferir Linguistica Comparsativa encontra-se com freqiiéncia em livros que tratem de wuisticos de modo geral e, como outros termos impré- Prios acabou se perpetuando nos titulos das cadeiras e dos depar. famentos universititios © dos programas de estudo'"*!O impor. notar & que Filologia neste caso nada tem a ver com a critica fextual e com a critica literdria, ramos bem diferentes de estudo para os quais também se emprega essa palavra, se beim Comumente na Inglaterra e na América do Norte do que na ingua comegaram a ser idos cuidadosa e objetivamente e depois explicados por hipoteses indu- tivas, Nao nos esqueyamos, poréi, de que essa concepedo da cién. cia € de desenvolvimento recente, A gramitica especulativa dos escolisticos ¢ dos seus sucessores filoséficos de Port-Royal era cien. 22 tifica segundo a idéia que eles tinham do que era conhecimento seguro. Suas demonstragdes logicas da razdo por que as linguas eram ‘como eram baseavam-se em principios admitidos como vilidos uni rente. A diferenga entre esse modo de encarar as questdes iliisticas © 0 que lo imensamente fecundo da 23 porque o ultimo fosse mais cuidadoso em observiclos ¢ € ndo causa — mas porque no final do uma insatisfagdo geral com as im chamadas, historico. uma. preferé 1.3.3 — Ponto de vista evolucionista ‘A mudanga de perspectiva que levou & adogio do ponto de vista histérico foi geral e nio s ao estudo da lingua. O aban- dono do raciocinio aprioristico deu-se primeiro nas assim chama- das cigncias “naturais”, Mais tarde essa atitude estendeu-se igual- mente ao estudo das instituigdes humanas. Observow-se que todas c leis, 0s costumes, as praticas religiosas, linguas — mudavam continua- ‘mente endo mais se sentiu satisfatério explicar o seu estado numa determinada época por principios at lugdo a partir de um estado prévio diferente e pel digdes externas ‘pro da tradigio cristd geral, era cada vez mais co tuida pelas teorias evolucionistas e leigas da ‘acabou subst folugdo humana, 1.3.4 — Presenga de maior mimero de linguas nna Renascenca ja havia aumentado bastante 0 da Europa, além de ter-se intensi- ido 0 estudo do grego, do latim e do hebraico. A partir do séc. plificavam um nimero crescente de mitado) de linguas do Médio ¢ do Extremo Oriet ‘América. Fizeram-se varias tentativas de agrupat as linguas em fa- ‘milias; a maioria delas frustradas pela hipotese de que, sendo 0 hebraico a lingua do Velho Testament, era a fonte da qual deviam derivar todas as outras, 1.3.5 — O Romantismo No estudo da lingua teve uma importincia especial 0 novo 23 price emaname Que se desenvolieu no fim do sé. xv, fortes ¢ duradouros, que haviam unido a Grécia © Roma; ¢ isso 2 30 Clascamo Para expla as smtthana ete oases, SS Bee [24 0s chefes do. mo- do sée. Xvi havin bastante informasdo disponivel sabre lngins 08 cinones da per. fimento romintico rejeitavam a idéia de qu ham sido fixados para semy Gisto que as semelhancas observadas entre as linguas clissicas ta Furopa eo sinscrito eram tio surpreendentes que previsavany de uma explicagio. 13.7 — 4 importincia das linguas indo-européias Que o sinscrito, a antiga com o latim e cor detalhes dessas relagi 35e8 certam inca. poderiam ter sido resolvidos sem o auxiio dos textos antigen Essa descoberta foi ingiistas. Desses, 0 mais i 4 1.3.8 ~ Os empréstimos ico, Sir William Jones, que declarou ymnaram famosas, que o sAnscrito mos- Att agora temos falado como se um certo grau de semethanga oe ae seis no vocabulirio ena gramatica — um grau de semelhanga maior do Sirs ossivel consideté-a casual: tdo forte, em verdade, suc ne, de parece ne £ as tui 9 acaso ~ fase prova scene hum lingiista poderia examini-la sem c de parentesco. Isso € uma sim, aquil “de uma fonte comum que talvez nao mais ‘ginar a excitagdo e a surpresa que tal pirito dos estudiosos ocidentais, 44 conheciam de longa data as semelhar © 0 latim. Mas conheciam também os lacos culturais «| ‘hamamos, tecnicame; E um fato bem conheci através de fronteiras geo- objeto ou costume a que se referem, le diferentes linguas podem entao 25 ser conseqiiéncia de empréstimos reciprocos de palavras ou de cempréstimos de uma terceira. |26 Basta pensarmos na grande quan- tidade de palavras de origem grega e latina existentes no vocabul rio das linguas modernas da Europa para percebermos a impo! desse fato Note-se de passagem que, se usamos o termo empréstimo para nos referirmos no apenas a palavras tomadas diretamente das linguas clissicas, mas também a palavras criadas recentemente, postas de modo intencional com partes de palavras gregas ¢ latinas, entdo devemos dizer que a maior parte dos modernos termos cientificos, por exemplo, os nomes de modernas invengdes como telefone, televisdo, automével, cinema, etc, foram empréstimos indi- retos do grego ¢ do latim. ‘Os empr ‘explicam muitas das mais evidentes se diferentes Gragas a0 nosso conhecim has gerais da evolugdo da ci ‘que, se ndo fOssemos capazes de identificar os emprést € de climini-los dos nossos célculos, muito provavelmente supe- to. Os fundadores da Lingi cios de que as palavras pass: ingua para outra, ‘mas ndo tinham um meio seguro para do restante do vo cabulirio os empréstimos lexicos. Por essa razio eles a confiar principalmente nas semelhangas gramaticais cor Ihangas léxicas, exceto onde estas se fundamentavam n« “bisico” das linguas em questo ~ as palavras essenciai primeiro se aprendem e que se usam constantemente, Hoj que a gramatica de uma lingua pode também ser influen as palavras que podemos chamar eruditas tenham mai « se tomarem como empréstimos, & pouco provivvel que um grupo qualquer de palavras se tornem tio fundamentais na lingua que Seja impossivel a sua substituigdo por empréstimos. Contudo, essa questdo € menos importante do que poderia parecer, pois no caso das linguas que tm sido estudadas com maior éxito do ponto de vista comparativo, a nogdo vaga de semelhanga foi abandonada em Se eee 1.3.9 — A lei de Grimm Correspondéncias ciais entre os sons de pala- IL. p onde outras linguas tinham b. II. 0 fonema th onde outras tinham t. IV. t onde outras tinham d. Partindo desses fatos, péde-se levantar o quadro seguinte, par~ cial ¢ um tanto simplificado, para o gotico — que & a variedade germanica de mais antiga documentagdo ~, para o latim, 0 grego © 0 sanscrito: Quadro | Gotico bgtd Latim =p f erat Grego p ph doth Sanser. p bh t do dh Note-se que 0 simbolo 9 na transcrigio do gotico indica o th jo do grego e do sinscrito, designam oclusivas aspira- ingdo entre as oclusivas fricativas e aspiradas, cf. 3.2.6), Eis exemplos de palavras que ilustram algumas dessas corres- nt pedis gr padds, nse. pados pe"; as aspir. LE. bh dh gh passam as son. b dg: b dg passam as surd. pt k: aspir. ph th kh (o Classica empregados por importante, distingue, | 28 foneticamente, en cembora excepcionais, segundo ficamente no quadro abaixo): Quadro 2 Siaver da época anterior; a corrente da inova \ pode ter sido uma fricat | 4o inglés father) podiam exp 1.3.10 — Os Neogramdticos Uns cingiienta anos mais tarde, um pri diferente foi proclamado por um grupo de Ii alto alemio”, que se deu em época aplica apenas ao alemio. 28 correspondéncias apa- 0 estudiosos, |29 tivas indo-européias e as posteriores al — A lei de Verner e outras leis fonéticas regulares, desde qué essa lei fosse modificada para explicar a posigao do acento nas palavras sanscritas correspondentes (marcadas gra ater Verner supunha que o snscrito havia conservado a posigao primitiva sto das palavras indo-curopéias ¢ que a alteragio fonética da “mutagdo fonética do famente recente € que se Além da “lei de Verner”, uma série de outras importantes leis onéticas foram fixadas mais ou menos na mesma época, as quais explicaram com éxito algumas das mais perturbadoras excey correspondéiitias gerais estabelecidas entre as varias linguas indo- europtias. O efeito geral dessas “leis fonéticas” foi dar aos linglis- tas uma idéia muito mais clara da cronologia relativa das inova- es no interior dos diferentes ramos do indo-europeu € aumentar a sua confianca no principio da regularidade na evolugdo fonética. Embora esse principio encontrasse por toda parte uma oposigio violenta e generalizada, |30 quando os Neogramdticos 0 proclama- ram, ele acabou por ser aceito pela maioria dos comparatistas ali pelo fim do séc. xix. AA significagao metodolégica do principio da regularidade na evolugio fonética foi enorme, Concentrando a sua atengio nas aj ue tinham estabelecido, os lingiistas viram-se forgados a formular essas “leis” de modo mais preciso (como a “lei de Grimm” ‘mais precisa com a “lei de Verner") ou a dar para as palavras que nao haviam evoluido ‘cujas condigdes elas pareciam_preencher. 1.3.12 — Excegdes explicadas por empréstimos Muitas excegdes aparentes as “leis fonéticas” poderiam expli- ccar-se como empréstimos feitos a alguma lingua parente e vizinha, ‘ou a um dialeto, depois da aplicacdo da “lei” que essas excedes pareciam violar. Exemplo disso uma das palavras latinas para “ver- rufis. Ela tem um f onde a comparagio com palavras de mulada para o latim (ndo entraremos em detalhes aqui), nos a esperar um b. E existe em latim outra palavra para “vermel ruber, que apresenta o esperado b essa aqui). A © las, provavelmente se explicar com a bi de que o latim tomou emprestado rufus de um dos dialetos vi bastante aparentado, no qual, como sabemos por outras evidéncias, © f era uma evolugio regular. 1.3.13 — O papel da anatogia © segundo fator principal que 0s Neogramdticos invocavam para explicar as excegdes das suas leis fonéticas era o que cles cha- mavam analogia. Ha muito ja se reconhecia que a evolugio da lingua 30 tinha sido freqiientemente influenciada pela tendéncia de se criarem novas formas “por analogia” com padres mais comuns ou mais regulares de formagao na lingua. E essa mesma tendéncia que explica, por exemplo, a producdo de formas como flied, goed, tooths por flew, “voou", went, “foi”, © teeth, “dentes”, na linguagem das criangas de fala’ inglesa. Porque se julgou que essa tendéncia era a respon- sivel pela introdueao de formas “incorretas” na lingua, foi ela con- de “corrupgao” da lingua numa 31 E pensava-se que, exatamente as formagoes anald- sicas falsas das “falsas analogias”, : se (0 dispensada ao desenvolvi- mento histérico € pré-historico das linguas clissicas € verniculas da Europa durante 0 séc. xix, notou-se afinal que a analogia foi lum fator importantissimo no desenvolvimento das linguas em todas as épocas, € niio poderia ser atribuida simplesmente a épocas de declinio € corrupeao. A influéncia da analogia e a sua forea explicativa nos casos de excegdes das “leis fonéticas” podem ser ilustradas com uma deter- kin e que podem ser 2: gr génos, génous, traduzidas por “fami ; lat. genus, gé inscr. janas, janasas. Com base nas correspon~ géneos > génous): im, © *8 original: se antes € depois de consoantes, ¢ também em by passa a r quando intervocilico (dai, *genesis > generis) 31 08 termos lei fonética, reconstrusdo € analogia: podemos reconhecer ‘com mais clareza do que os nossos predecessores que a transforma- io lingiiistica ndo & simplesmente uma fungdo do tempo, mas também das condigdes sociais ¢ geogrificas; e podemos admit que, sob certas condigdes, & possivel as linguas “convergirem”, assim como “divergirem”, no decurso do tempo. Contudo, nenhuma dessas modificagdes € suficiente para invalidar tanto os métodos ‘como as primeiras conclusdes da Lingiiistia Comparativa, | 34 ‘Como o objetivo deste livro ndo é a histOria da Lingtistica em si, ndo examinaremos mais a fundo os principios do método com- parativo como foram eles elaborados durante o$ sées. XIX © XX. Concluiremos esta seccio com uma exposicio daquilo que deve- ‘mos & Lingtistica ‘Comparativa da formagdo dos pontos de vista € das hipoteses caracteristicas da Lingiiistica Tedrica contempo- anea. ‘Um dos efeitos mais imediatos tantes da preocupa- fo do sée. x1x com a evolugdo s bservagiio de que as modificagdes das formas das palavras e das locugdes, nos textos ‘escritos e nas inscrigdes antigas em geral se podiam explic 3 postuladas na correspondent s herdaram a concepsio clissica de que certo sentido, tinha precedéncia em relagio a falada, e continua- ram a descrever as tt formagoes fonéticas como transformagdes: das “letras” que con: beram que qualgui ica da evolucio Linguistica deve reconhecer, pit de que as letras (um sistema de eser formulagio de “leis Nao menos importante, a partir da metade do sé. sgradual evolugdo de uma compreensio mais precisa das relagdes entre lingua e dialeto. O estudo intensivo da histdria das lassicas © modernas da Europa tornou bem claro que os dialetos regionais, longe de serem versGes imperfeitas.¢ deformadas ddas linguas literarias padro — como freqiientemente se julgava —, haviam evoluido de modo mais ou menos independente. Nao eram ‘menos sistematicos — tinham suas préprias regularidades de es- trutura gramatical, de pronincia e de vocabulirio — ¢ nao eram ‘menos adequados, como instrumento para comunicago nos con- textos em que eram usados. Com efeit sua grande maioria, politicas © eulturais, ao invés de linguistcas co 0 que gcralmente se tana, portugues ete) 38 De um ponto de vista est considera como linguas ( slo apenas dialetos que, de Roma e adjacéncias ter se expandido juntamente com 0 Império Romano e ter-se tornado a “lingua” que chamamos latim: no hit nada na estrutura do latim que explique esse desenvolvimento. Naturalmente, © uso de um “dialeto” particular na literatura, na administragao, na filosofia © num largo nimero de outras atividades, pode dar como resultado que esse dialeto desenvolva um vocabu- lario proporcionalmente extenso, incorporando as distingdes neces- sitrias para operar satisatoriamente nesse sentido. Mas isso € outra conseguida pelo falar iguas-padrio de varios gua ou de linguas ides do mundo em que tem havido freqiientes mu- dangas de fronteiras politicas ou em que as princi mércio de comunicagio cruzam as fronteiras politicas, 0 que se considera como ‘menos impercey Por exemplo, et a Alemanha hi dialetos falados que se © holandés ou com o alemao afastam. Se julgarmos que eles devem’ ser

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