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Joo de Fernandes Teixeira Como ler a filosofia da mente aulus nuk fin es Sons open deena me aaa0 2 ediao, 2008 emus -2008 sus anc cr 9+ 851709 So ado Fant s5960 We (15083700 ‘ncpnhacombeedtoaapocsconbs ssva7ess. 2.20212 Para meus amores Malu e Jujuba da vaca amarela Sento na minha poltrona de filésofo e penso em estrelas coloridas. Em seguida, imagino uma vaca amarela e reclamo para minha esposa que estou sentindo calor. Entretanto, se alguém pudesse abrir 0 meu cérebro examiné-lo, no ve- tia estrelas coloridas nem wma vaca amarela. Veria apenas neurdnios e tempestade elétrica ocorrendo, A observagio da atividade elétrica de meu cérebro no permite saber se ‘estou pensando em estrelas coloridas ou numa vaca amarela. Alguém poderia até inferir—a partir de algum tipo de obser- vvasio do que ocozre no meu cérebeo — que estou sentindo ca- los, mas no saberia dizer se esse calor é maior ou menor do que o calor que ele proprio, o observador, pode estar sentindo.. Sei que estou pensando, mas nfo tenho condigdes de ‘observar meus pensamentos. Nao tenho como relacionar {que ocorre no meu cérebro com aquilo que ocorre na minha ‘mente, ou seja, nfo consigo encontrar renhum tipo de traducdo entre sinais elétricos dos neurénios € aquilo que percebo, ou sinto, como sendo meus pensamentos, Essas estrelas colori- das, bem como a vaca amarela, ex tem apenas para mim. Se ninguém mais pode observéclas, posso entio, dizer que estes sio estados subjetivos, Estados subjetivos so encontrado ‘em nossa mente, mas nfo na natureza. © Pewsador de Rodin 10 Come lera fof da mente Mas 0 que &a mente? Néo hbumarelacioentremente consigo responder a essa pergun~ ‘ecorpa ouentre mente © Mf ta,mas o que sei é que, se eu da- nificar 0 eézebro de uma pessoa, sua mente sera afetada também. Sei também que, se bebermos. virias doses de uisque, nossa mente ficard alterada, Deve ha- ‘yer uma relagio entre mente ¢ cérebro, entre estados mentais ccestados cerebrais. Hé uma relagio entre mente e corpo ou fentre mente € cérebro. Mas que tipo de relaglo sera essa? TH duas maneiras de pensar sobre esse problema, Uma diz que s6 existe 0 eézebro e que a mente é na verdade, uma ilusio. Outra diz que existem duas coisas, a mente eo cérebro, ‘que este apenas abriga a primeira, ou seja, que 0 cérebro € apenas o hospedeiro biol6gico da mente. A primeira posisio {chamada de monismo materialista ou simplesmente materia~ Tismo. A segunda é chamada de dualismo, pois aposta na exis- ‘éncia de duas coisas distintas: a mente ea matéria (0 cérebro}. (© monista acredita que a ja resolvers o problema das relagies entre mente ¢ cérebro. Cerebro. Mas que tipo 6& elagho sera e5507 © monisa acredita que © Serco ener F tudo uma questio de tempo, ‘chrebro. Etude uma quests pois a neurociéncia avanga cada detoneoporanesrt> Hey mais. Todos os das apace em nas revistas noticias acerea dda descoberta de novas éreas do cérebro correspondentes a novos tips de pensainentos f emosdes que um dia permiirio comprovar que mente © “érebro ao a mesma cosa. Mas as cosas podem no ser to simples assim. ‘Consideremos novamenteo neurocentsta examinando «oérebro para entar encontrar a vaca amazla. Hojeem dia, Gispomos de tenias mas aperfeigoadas para realizar ese tipo ddeinvestigagio. Contamos com virios recursos para produzie otto de Fermindes Teixeira imagens do oérebro em funcionamento ou mesmo para medir sua atividade elétrica, Um deles ¢ 0 eletroencefalograma ou EEG, Por intermédio dele, podemos determina, durante 0 sono, quando alguém esta sonhando. Masa dificuldade con tinua: pelo exame do EEG, podemos saber que o individuo esta sonhando, mas no podemos saber com 0 que cle est sonhando. Da mesma maneira, podemos, pelo exame da atividade quimica do corpo de uma pessoa, saber se cla est tendo um ataque de firia, pois havera mais adrenalina em seu sangue; porém, o resultado do exame nio nos permitirs saber com 0 qite ow comt quem a. pessoa est enfurecida. S6 saberemos se ela nos contar, ou seja, se ela nos fizer um relato de estados subjetivos. ‘A mesma coisa vale para a neuroimagem. Ao examinat- mos as areas ativadas de um eérebro, podemos ter alguns palpites sobre o tipo de pensamento que ocotre i pessoa, mas 86 poderemos saber com certeza 0 que cla esta pensando se cla nos contar, Para fazer a neuroimagem de alguma atividade ‘mental minha, € preciso que ew conte sobre 0 gue penso, ou alguém, em algum momento, diga-me sobre o que pensar; © isso viria sempre na forma de um relato subjetivo que prece- deria o imageamento. E 0 relato subjetivo que orienta a ide! tificago das imagens — pelo menos quando 0 insageamento é feito pela primeira vez. Se eu olhasse para uma neuroimagem do meu proprio oé- rebro, no saberia que essa era uma imagem do mew eérebro até alguém me contat. A imagem do meu préprio eérebro me Gio esteanha quanto a do meu figado: s6 sei que aquela é a imagem de meu figado se alguém me disser ou se eu estiver ‘numa méquina de ultra-som com o propésito de examiné-lo, ‘© mesmo vale para o meu cérebro. Em outras palavras: a interpretagio fisica de fenémenos mentais niio participa de nossas experiéneias subjetivas; no maximo, podemos tragar algumas correlagdes, mas estas nao explicam a passagem en- BB Como lara floofia da mente ‘te 0fisico o subjetivo. Nao podemos, de dentro da nossa ‘mente, saber 0 que a produz. Nosso cérebro esta tao fora de ‘nbs quanto o resto de nosso corpo. Ha duas reaidades que ‘nfo se comunieam: de um lado, nossa mente enossosestados subjetivos; de outro, o cérebro estudado pela neurociéncia, © dualsea nfo enfrentapro- blemas menores. Se as mentes nio tém neshuma propriedade ‘material ~ nfo tém peso, nem imassa, nem localizagio espa- cial -, como poderiamos supor aque nossos pensamentosinfluen- ciam nossas agées? Se estados rentais so imaterais, como cles podem afetar nossos comporta- rmentos? Nio parece intuitivo {que nossos comportamentos se- jam, dealguma forma, causados cou guiados por nossas intengdes ou desejos? Mas como algo material pode afetar nosso corpo? Como minha intengo ou desejo de levantareir abrir a porta poderiacausaralgono mun- do fsico como, por exemplo, meus movimentos musculares? ‘© dualista no consegue explicar como a mente pode alterar 0 corpo. Mas isso vale nao apenas para a agio como também para disfungBes organicas. Uma noticia ruim pode aumentar meus batimentos cardiacos ou até me eausar uma azia, Uma sequéncia de eventos infe- lines pode me levar a uma depressio «, hoje em dia, sabemos que o ofte- bro dos deprimidos sofre alteragdes profundas. Ora, como explicar que noticias ruins tém esse poder? Se 0 rmonista precisa saber como, de of rebros, podem emergir mentes, 0 du- CO dualsta do enfrenta pro: blemas menores, Seas men: tes no tem nenhuma pro: priedade material—nao tem peso, nem massa, nem loca lizagio espacial, como po- derlamos supor que nossos pensamentos influenciom owes aches? Se estados Imentalssto inatrials como sles podem afetar nossos omportamentos? Tose de Femandes Taixeina 13. alista precisa, por sua ver, saber ‘como estas filsimas podem alte ar océrebro.o resto do corpo. Resta ainda um problema crucial a ser enfrentado por ambos, materialistas e dualistas: 1 conscigncia. Como 0 eérebro {ou a matéria) pode produzir 0 aspecto especifico de um pensa- ‘mento que 0 torna consciente? Que tipo de propriedade ou ue tipo de circunstancia leva ‘a matéria (0 cérebro) a peoduzir consciéncia? Serio as leis naturais suficientes para explicar os aspectos especificos ‘que levam a produgiio da conscigncia? Ser a neuro-imagem ccapas de detectar diferencas entre éreas cerebrais que cor respondem a estados conscientes ¢ a que correspondem 1 estados nio-conscientes? Haveria ainda outras dificuldades, rio apenas técnicas. A cigncia € produto da nossa consci- Encia e, assim sendo, podemos perguntar até que ponto ela poderia explicar nossa propria consciéncia sem girar em cfrculos, Mas parece que até hoje estivemos, de fato, girando ‘em circulos. Resta ainda um problema ‘ruil ser enfrantado por ambos, materiales e dua. Tstas conser. Como 0 cérebro (ous matéra) pode produzroaspecto especii adem persamento cues torna coreconts? Que tipo {e proprledade ou que tipo fe crcunstancle love a max ‘tia (0 eérebro) a produzir conscencia? ‘CONTINUAR A PENSAR Veet acreita que a mente poss aterar 0 ctrebro @0 corpo? Que as ‘pessoas pssam adecer po amar ou mame de desgsta E como iso seria poste? HA uma velha piada, que ja contei em outros lugares, acerca do materialismo. Ela relata que, certa vez, um cé- lebre professor de filosofia australiano foi & Universidade de Londres fazer uma palestra. © tema era “A identidade rmente-cérebro”. Ele falava com grande entusiasmo, tentando defender sua teoria de que mente e cérebro seriam a mesma coisa, até que, de repente, um estudante ergueu 0 brago € perguntou: “Mas, professor, se mentee cérebro so a mesma coisa, ¢ se sabemos que quase 70% do eérebro & composto, de agua, entio o senhor quer dizer que muitos de nossos pensamentos nada mais sto do que gua? E, se assim for, por que a agua que esta no cérebro ‘pensa’c a gua que esta no jarro ‘nao pensa’?”. O professor ficou meio aténito, olhou para o teto,alisou a gravata, rfletiu por alguns segundos ¢ respondeu: “Como voc’ sabe que a Agua que esté no jarro ‘no pensa?’ ssa piada mostra que esta questio ~ as relagies entre pensamento e eérebro ~ leva-nos invariavelmente a virios paradoxos. Na verdade, pouco avancamos nas reflexdes acerca © materiale & a grands dest tipo de problema sera que J pada dacs doen existe algo como uma alma ou dos séculos XX @ XXI, Sua peers "um espitito, algo imaterial cinvi- tela bésica € que toda = tide onder origina noses, (APR RI samentosouserdque ado. ff tuto dsretasr ume romremencurtccended ea ree sree eT 22 Come! 2 flosofia da mente toda a hist6ria da filosofia, com oscilagées pendulares entre ‘o materialism e 0 dualism. © materialismo é a grande moda da filosofia da mente dos séculos XX e XI. Sua idia basiea € que toda a nossa vida mental nada mais seria do que uma grande variagio dos cestados quimicos e fisicos de nosso eérebro. Para o maceria- lista, a angistia existencial nao é um problema filos6fico, ‘mas algo que melhora com medicamentos antidepressivos, como, por exemplo, a fluoxetina (Prozac). Para ele, Cambes no precisaia ter sofrido tanto a ponto de eserever sonetos se na sua €poca existssem medicamentos estabilizadores de humor. © materialismo comporta algumas variagdes te6rieas ‘que delinciam possiveis solugdes paca o problema mente- cérebro:estados mentais so estados cerebras (teins daiden- tidade) ou so redutiveis a estados cerebeas (ceducionismo}. A palavra fisicalismo & também frequentem ‘como sindnima de materialismo, no sentido de que estados mentais sio estados fiscos. A alirmacio popular de que a mente seria algum tipo de energia & um tipo de fisicalismo, pois a encrpia € uma entidade fisica. Os primeiros materialistas contemporaneos, aqueles dos anos 1950, pouco fizeram. Limitaram-se a afirmar que mente ecérebro si0 a mesma coisa, escrevendo tuma espécie «que se resumia ems “estados mentais = estados Defenciam a teoria da identidade mente-cérebro. Apregoacam que a neucociéncia, num futuro néo muito dis- tante, provaria defintivamente a verdade de sua “equacio”. ssa eraa “escola australiana”, pois seus representantes esta- vam quase todos na Austelia: U.T. Place, J.J C. Smart, D. M, Armstrong. F interessante notar que até hoje a Australia rmantém uma teadigio materialista na filosofia da mente ‘Uma formulagao interessante da tcoria da identidade encontramos no flésofo U. T. Place, Ele nos diz.que, quando Jodo da Fernandes Teixciva 25 ‘observamos uma nuvem, vemos sua forma e sua cor. Contudo, se vocé refinar a sua observacio através de um instrumento cientifico vera que a nuvem &, na verdade, composta de uma ‘multiplicidade de goticulas de gua, ou seja, ela €apenas uma aparéncia, sua realidade é esse imenso conjunto de goticulas de gua. O mesmo ocorre com aquilo que chamamos de “estados mentais”: eles sf0, na verdade, a aparéncia de um imenso conjunto de eventos neurais no cérebro. A lingua- gem psicologica © a linguagem fisica designam, na verdade, lum tinico ¢ mesmo conjunto de objetos, a saber, os eventos neurais no eérebro. Criticos da teoria da iden- tidade, inspirados no fildsofo austrfaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951) sugeriram que, se y supusermos que estados men tais sdo estados cerebrais ¢ ‘ocorrem no espago, alguns pa- radoxos surgiriam, como, por cexemplo, eu ter de supor que a sentenga “minhaansiedadeocor- re a cinco centimetros do he- misfério esquerdo de meu cére- bro” faz sentidos ou que uma sentenga semelhante como “meu sonho ocortew a 5 centi- metros do hemisfério esquerdo do cétebeo” faria sentido, ‘Tais paradoxos, porém, sio apenas aparentes. Por meio de técnicas de neuroimagem, poderiamos detectar quais so as Areas cerebrais ativadas quando sofro de ansiedade ow quando sonho~téenicas que ainda nio estayam disponiveis na época fem que essas criticas foram formuladas. A ideia de que essas sentengas nao fazem sentido vieram, entio, por agua abaixo, Hii uma diferenga entre teorias da identidade e teorias reducionistas, Enquanto as primeiras afirmam que estados Ludvig Wigenatein 24 Como ler a filosofia da mente 1mentais sdo estados cerebrais, ima diferengaenueteo- If aS teorias zeducionista aicmam fis datentdedeeteoras MM que estados mentais podem ser reduconitas Enauanio as HE yeducidos a estados cerebras {ados mentas 380 extados ff Um outro tipo de materalsmo é Cerebral asteeriasreducio. fo reducionismo, A grande aliada do reducionismo é a neurocita cia, que passou, na iltima déca- da, a utilizar-se, cada vex mais, das téenicas de neuroimagem. Essas téenicas permitem localizar, no cétebro, quais sio as {reas ativadas quando sonhamos, quando calculamos ou quando realizamos vérios tipos de atividades mentais e, a partir dai, protende-se red mente a cérebro, Quase todos 0 neurocienistas atuais so reducionistas ~ mesmo sem 0 saber, Para o reducionsta estados cerebrais, por sua ver, po- deriam ser descrtos através de tori fiscas, o que toma o reducionismo um imenso programa te6rico que visa areduzir teorias etermos psicol6gicos a teorasetermos fisicos. A redi- ‘cdo gue se busca pressupée a possibilidade de uma traducio. ‘ede uma redugao entre as diversas teorias cientificas, come- cando pela psicologia, passando pela biologi pela quimica ¢ terminando na fisica, As teorias fsicas que descrevem 0 rmundo seriam a descrigio completa e privilegiada da reali dade, comand as descrigBesbiolGgicasepsicolbgicas apenas variagies da descrigfo do mundo fisco. © rreducionismo no se contenta simplesmente com a proposigio de que fenémenos mentais sfo ou correspondem a algum tipo de mecanismo cerebral. Seu projeto fisicalista prope uma reduio mais radical, na qual o que importa sio as propriedades fisico-quimicas dos fendmenos que ocorrem no eérebro. Em outras palaveas, os fendmenos mentas seriam cexplicados pela natureza de algunas substincias quimicas que Tota de Farencaatale cstariam presentes no cérebro, especialmente algumas pro- teinas, eas macromoléculas que as compdem.Essas eagles ¢ propriedades quimicas podem ser especiicas do cérebro, mas So, cm iiltima andlise,expliciveis através de teoriasfisicas. Este 6 0 ideal do educionismo: Psicologia —> neurociéncia > bioguimica > quimica - fisica (Mas, se sso for verdade, um dia o caminho inverso de- vend poder ser feito. E 0s fsicos nio vio gostar da redugio da fisica a psicologia!) Seria muito fil caricaturar esse projeto e muitos fil6- sofos jd o fizeram, © anti-reducionista podetiaalegar que cexplicr fendmenospsicol6gicos pela sua reduc a fendmenos fisicos equivale a tentar explicar porque Joana D'Arc acabou queimada numa fogueira durante a Idade Média, simples- mente invocando um conjunto de leis fsicas que mostram como e porque a combustio da lenha pode ocorret. Pouco importa a lenha que foi usada para queimar Joana D’Are ¢ suas propriedades fsicas, o que queremos saber sio as causas hist6ricas que alevaram a tal tipo de condenagio, A explica- siio que fisico di para esse fenéimeno em nada pode ajudar © historiador, Da mesma maneira, pouco importaria para 0 Psic6logo se estados mentais forem fisicos; a explicagio que cle busca é de outro tipo. Em outras palaveas, 0 que 0 mate- vialista enfrenta€ 0 problema da tradueao, Eis o problema da traducao: suponhamos que alguém leve tum coice de um jumento na pernadireta e que digamos que a situagio foi ridicula. Nao hé como traduaic a propriedade “ser ridicula” para uma descigio microsc6pica da biologia e da neurofisologia desse acontecimento, ou seja, do trabalho ‘muscular do jumento e do impacto causado na pera dircita atingida, Da mesma maneira io tenho como corelacionar as propriedades do que ocorrena minha mente com as proprieda- des daquilo que ocorre no meu cérebro, Haveria sempre algo 26 Coma lero flosoia da mente ue nio poderia ser traduzido de uma linguagem para outra, no caso, da linguagem comum para a linguagem da biologia Talvez o maior paradoxo do materalismo ~ ow da redue- ‘ao psiconesral, como hoje ele 4 chamado ~ esteja ele mesmo. Pois, a0 sustentar que o estado mental cortespondente i propo- sigio “Todos osestados mentais so estados cerebrais”, 0 ma- terialismo esti afirmando que Tetsteltamber ests pro. também esta proposicio nada posgdo nada mais edo que | maisé do que um estado cerebral um estado cerebral entre Ht enire outros. Ora, nao estaria ‘6 materialista correndo 0 risco de afiemar que essa proposigio setia apenas um estado cerebral efémero e no uma verdade independente dos estados de seu proprio cérebro? Mas, sendo assim, essa proposigio poderia mudar no instante seguinte ou ser alrerada pela ingestio de alguma droga. Ora, isto no tornaria 0 materialismo uma tese autocontradit ‘O materalista acaba dando um tro no pé. E uma pena, (© materilismo ¢ uma teovia fascinante. Exceto para alguns fil6sofos que tem medo de assombragies. Talvez omsir paradoxo do Iaterializma —ou da rea CONTINUAR A PENSAR. Seo mateasmo esver caret, qunde tenho uma propos vets era ela dover correspender alguns estas ceebrss. Omesmo dew + quando tea una poposcaofaka, Mascomodstinguiestades Cereb verdad de ertades cerebro? Sera iso possvel? MereRmeneRae’ LL Existem outros dois tipos de materialismo na filosofia da mente do século XX dos quais ainda nfo falamos. O primeiro Eo emergentismo; 0 outro, 0 materilismo eliminatvo. Comecemos pelo primciro. Um bom exemplo para itusrar 0 que & 0 emergentismo vem da observagao do que corre com a gua, Sabemos que agua, se refrigerada a una temperatura inferior a 0°C, romnase glo. Passa do estado Iiguido para o estado sélido. As propriedades da égua no estado sido sio diferentes da agua em estado liguido. A Solider e a impenetrabilidade s40 exemplos de propriedades {que ocorrem quando a agua encontra-se em estado sélido a propriedades que nao sio comuns a0 estado liquido, Sera “ser sélido” o resultado da alteragdo de cada um dos 4tomos dia agua? f bem provivel que, para produzir a solider, cada ‘um dos étomos da agua tenha de sofrer uma alteracao, F tretanto, “ser sélido” no parece ser uma propriedade que poderia ser aplicada individualmente a cada um dos étomos. da agua, pos nao parece fazer sentido dizer que “um étomo é sélido", embora cada wm deles concorra para a produio da propriedade “ser sido”. Nesse sentido espetfic, solider & uma propridade emergente da agua quando esta &trans- formada em geo. {© que ocorre quando se rea conceher a relagio entre mente eeétebro como uma propriedade emergente? Uma das wrantagens € poder estipula a existéncia de uma dependéncia {de uma eo-variagao entre fendmenos mentais efendmenos cerebrais, sem, enretanto, ter de estipila ou mostrar como BE or eo flemfcta ent uns poderiam ser reduzidos aos outros. Certamente a ideia de propriedade emergente pode auxiliar-nos a resolver alguns problemas colocados pelo ma- terialismo reducionista ou pela teoria da identidade. Por exem- plo, os paradoxos da localizagio estrita dos estados mentais no espaco desaparecem. O mental, como propriedade emergente, no precisa ser localizado neste ou naguele ponto do espaco. Uma ideia de distribuicio do mental pelo sistema nervoso como um todo pode surgi —e essa ésem civida uma concep fo maisadequadaAsideiasncurol6gicas contemporsineas que descartam a localizagio especifica de fungées no cérebeo. De ‘modo geral, livamo-nos de quase todos os paradoxos do redu

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