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12/03/2023, 08:14 Falar a respeito de saúde emocional

Falar a respeito de saúde emocional


Élder Erich W. Kopischke
Dos setenta

Gostaria de compartilhar algumas coisas que observei enquanto nossa


família passava por provações.

Embora nossa família tenha desfrutado de ricas bênçãos enquanto


trilha alegremente o caminho do convênio, também temos nos
deparado com altas montanhas a serem escaladas. Gostaria de
compartilhar algumas experiências muito pessoais relacionadas à
doença emocional, o que inclui a depressão clínica, a ansiedade severa,
o transtorno bipolar, o TDAH e até mesmo a combinação de todas essas
coisas. Compartilho essas delicadas experiências com a aprovação das
pessoas envolvidas.

Durante meu ministério, deparei-me com centenas de pessoas e famílias


em situações semelhantes. Às vezes me pergunto se a doença desoladora
que cobrirá a terra, conforme lemos nas escrituras, pode também
abranger as doenças emocionais. 1 Isso acontece no mundo todo,
abrange todos os continentes e culturas e afeta todos os tipos de pessoas
— jovens, velhos, ricos e pobres. Os membros da Igreja não são uma
exceção.

Ao mesmo tempo, nossa doutrina nos ensina a nos esforçar para nos
tornarmos como Jesus Cristo e nos aperfeiçoarmos Nele. As crianças
cantam: “Eu quero ser como Cristo”. 2 Desejamos ser perfeitos assim
como nosso Pai Celestial e Jesus Cristo são perfeitos. 3 Uma vez que a
doença emocional pode interferir em nossa percepção de perfeição, ela
costuma ser vista como um tabu. Como resultado, há muita
incompreensão, muito sofrimento em silêncio e muito desespero.
Muitas pessoas, sentindo-se sobrecarregadas por não alcançarem certos
padrões, acreditam erroneamente que elas não têm lugar na Igreja.

Para combater tamanho engano, é importante lembrar que “o Salvador


ama cada um dos filhos de Seu Pai Celestial. Ele entende perfeitamente
a dor e os desafios que muitas pessoas enfrentam ao conviverem com
uma enorme gama de desafios de saúde emocional. Ele sofreu ‘dores e
aflições e tentações de toda espécie; (…) [tomando] sobre si as dores e as
enfermidades de seu povo’ (Alma 7:11; grifo do autor; ver também
Hebreus 4:15–16; 2 Néfi 9:21). Por entender todas as aflições, Ele sabe
como ‘curar os quebrantados de coração’ (Lucas 4:18; ver também
Isaías 49:13–16)”. 4 Os desafios geralmente indicam a necessidade de
ferramentas e apoio adicionais e não são um defeito de caráter.

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12/03/2023, 08:14 Falar a respeito de saúde emocional

Gostaria de compartilhar algumas coisas que observei enquanto nossa


família passava por provações.

Em primeiro lugar, muitas pessoas vão chorar conosco; elas não vão nos
julgar. Devido a severos ataques de pânico, à ansiedade e à depressão,
nosso filho voltou para casa depois de apenas quatro semanas na
missão. Em nossa condição de pais, foi difícil lidar com a decepção e a
tristeza, pois havíamos orado muito pelo sucesso dele. Como todos os
pais, queremos que nossos filhos prosperem e sejam felizes. A missão
deveria ser um marco importante para nosso filho. Também nos
perguntávamos o que outras pessoas iriam pensar.

Não imaginávamos que o retorno de nosso filho seria infinitamente


mais devastador para ele. Saibam que ele amava o Senhor e desejava
servir, mas ainda assim, não foi capaz de fazê-lo por razões que ele não
compreendia. Em pouco tempo, ele passou a sentir total desespero,
lutando contra uma culpa profunda. Ele não se sentia mais aceito;
sentia-se espiritualmente insensível. Ele passou a ser consumido por
constantes pensamentos suicidas.

Enquanto se encontrava nesse estado irracional, nosso filho acreditava


que a única saída era tirar a própria vida. Foi necessário o auxílio do
Espírito Santo e de uma legião de anjos em ambos os lados do véu para
salvá-lo.

À medida que ele lutava pela vida durante essa época terrivelmente
difícil, nossa família, os líderes da ala, os membros e os amigos fizeram
de tudo para nos apoiar e para ministrar a nós.

Nunca senti tamanha manifestação de amor. Nunca senti tão


profundamente e de modo tão pessoal o que significa consolar aqueles
que necessitam de consolo. Nossa família sempre será grata por essa
demonstração de amor.

Não consigo descrever os incontáveis milagres associados a esses


acontecimentos. Felizmente, nosso filho sobreviveu, mas foi necessário
muito tempo e muitos cuidados médicos, terapêuticos e espirituais para
que ele fosse curado e aceitasse que é amado, valorizado e importante.

Reconheço que nem sempre esse tipo de situação termina como a nossa.
Sofro com aqueles que perderam entes queridos demasiadamente cedo
e que agora se deparam com grande sofrimento e com perguntas sem
respostas.

Outra coisa que observei é que pode ser difícil para os pais identificar
os problemas dos filhos, mas precisamos nos educar. Como podemos
saber a diferença entre as dificuldades associadas a um desenvolvimento
normal e os sinais de doença? Como pais, temos o dever sagrado de
ajudar nossos filhos a passar pelos desafios da vida; entretanto, poucos
de nós são especialistas em saúde emocional. No entanto, precisamos
cuidar de nossos filhos ajudando-os a aprender a contentar-se com seus
esforços sinceros à medida que buscam alcançar expectativas

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apropriadas. Cada um de nós sabe, por nossas próprias falhas, que o


crescimento espiritual é um processo contínuo.

Agora entendemos que “não existe fórmula mágica para atingirmos o


bem-estar emocional e mental. Todos vivenciaremos estresse e
turbulências, pois vivemos em um mundo decaído e temos um corpo
mortal. Além disso, muitos fatores poderão contribuir para um
diagnóstico de doença mental. Seja qual for nossa condição mental e
emocional, concentrar-nos no crescimento é mais saudável do que ficar
obcecados com nossas limitações”. 5

Para minha esposa e para mim, algo que sempre nos ajudou foi
permanecer o mais próximo possível de nosso Senhor. Agora
enxergamos como o Senhor nos ensinou pacientemente naqueles
momentos de grande incerteza. Sua luz nos guiou passo a passo nas
horas mais sombrias. O Senhor nos ajudou a ver que o valor de uma
alma é muito mais importante no plano eterno do que qualquer tarefa
ou realização terrena.

Reitero que aprender sobre doenças emocionais nos prepara para


ajudar a nós mesmos e a outras pessoas que possam estar sofrendo.
Conversas francas e honestas farão com que esse importante assunto
receba a atenção que merece, afinal de contas, a informação precede a
inspiração e a revelação. Esses desafios geralmente invisíveis podem
afetar qualquer pessoa; e quando somos nós que os enfrentamos, eles
parecem impossíveis de ser superados.

Uma das primeiras coisas que precisamos aprender é que certamente


não estamos sozinhos. Convido-os a estudar o tópico Saúde mental, na
seção Ajuda para a vida, no aplicativo Biblioteca do Evangelho. O
aprendizado resultará em mais entendimento, mais aceitação, mais
compaixão e mais amor. Esse aprendizado pode atenuar a tragédia à
medida que nos ajuda a desenvolver e a administrar expectativas e
interações saudáveis.

Minha última observação: precisamos zelar constantemente uns pelos


outros. Devemos amar uns aos outros e ser menos críticos —
especialmente quando nossas expectativas não são imediatamente
correspondidas. Devemos ajudar as crianças e os jovens a sentir o amor
de Jesus Cristo em sua vida, mesmo quando eles tiverem dificuldade de
sentir amor por si mesmos. O élder Orson F. Whitney, que serviu como
membro do Quórum dos Doze Apóstolos, aconselhou os pais sobre
como ajudar os filhos que estão passando por dificuldades: “Orem por
seus filhos; apeguem-se a eles com fé”. 6

Tenho ponderado com frequência sobre o que significa apegar-se a eles


com fé. Creio que isso inclui atos simples de amor, mansidão, bondade
e respeito. Significa permitir que eles se desenvolvam em seu próprio
ritmo e prestar testemunho para ajudá-los a sentir o amor do nosso
Salvador. Exige que pensemos mais neles e menos em nós mesmos ou
em outras pessoas. Significa geralmente falar menos e ouvir mais, muito

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mais. Devemos amá-los, fortalecê-los e elogiá-los com frequência em seu


empenho de ser bem-sucedidos e de ser fiéis a Deus. E, finalmente,
devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para permanecermos
próximos deles — assim como permanecemos próximos de Deus.

Para todos aqueles que são afetados individualmente por doenças


emocionais, apeguem-se a seus convênios mesmo que não sejam capazes
de sentir o amor de Deus neste momento. Façam tudo o que for possível
e depois “[aguardem] (…) para ver a salvação de Deus e a revelação de
seu braço”. 7

Testifico que Jesus Cristo é nosso Salvador. Ele nos conhece. Ele nos
ama e não desistirá de nós. Durante nossas provações familiares, percebi
que Ele está muito próximo de nós. Suas promessas são verdadeiras:

“Se Deus é convosco, a quem temereis?


Ele é vosso Deus, seu auxílio tereis.
Se o mundo vos tenta, se o mal faz tremer,
Com mão poderosa vos há de suster”.

Sabendo quão firme é o nosso alicerce, que sempre declaremos


alegremente:

“A alma que em Cristo confiante repousar,


A seus inimigos não há de se entregar.
Embora o inferno a queira destruir,
Deus nunca, oh, nunca, o há de permitir”. 8

Em nome de Jesus Cristo, amém.


Notas
1. Ver Doutrina e Convênios 45:31.

2. “Eu quero ser como Cristo”, Músicas para Crianças, p. 40.

3. Ver 3 Néfi 12:48.

4. “Como um vaso quebrado”, Saúde Emocional: Princípios


Gerais, ChurchofJesusChrist.org.

5. Sheldon Martin, “Ser melhor — Um padrão de crescimento e


de bem-estar mental e emocional”, Liahona, agosto de 2021,
p. 14.

6. Orson F. Whitney, Conference Report, abril de 1929, p. 110.

7. Doutrina e Convênios 123:17.

8. “Que firme alicerce”, Hinos, nº 42.

https://www.churchofjesuschrist.org/study/general-conference/2021/10/25kopischke?lang=por 4/4

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