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448 COLABORAGAO ESPECIAL A LENIENCIA E VARGAS: FALAS DA HISTORIA ‘The Leniency towards Vargas: the narratives of history La indulgencia hacia Vargas: los discursos de la historia ELIZABETH CANCELLI™ DoF pt.’ og0.159052178-14942020000300002 "Unesidae de io Pao ~ So Paul (Bal * Professor dutora le dacerte ele Universade de So Paul (caceletgnallcom) © hrpsores.om0000-0002-7511-9923 _Atigorecbido em 07 de malo de 2020 eaprovado pa publica em 03 de juho de 2020, ESTUDOS HISTORICOS Bi de fe, vl 53, #71, p 448-465, Seb Dcemb 2020 eno [A LENIENCIAE VARGAS FALAS BA HISTORIA Resumo Este artigo analisa correnteshistriogrsica que se debrucaram sobre os anos Vargas. Seu ponto de partida 0 de que andlses estruturas advindasfundamertalmente das Céncias Socials acebaram por deservoher uma visdo lenient sobre esse perodo da historia, Perspectives ctias a esas interpretaoes conrapuseram 8s teotias da modernizacao e sua sucedsneateora da dependénca,e questionara, do ponto de vista ‘eérico, a precedéncia da questo social como questdo pliica. Mudangas de paradigmas de anise ru zaram as Fonciras ds limites nacionais, do etnacenrsma e da visio regional dehistéra, da dependénciae 62s disputas palacanas des elites potas. PALAVRAS-CHAVE: £3 Vargas; Historogafia: Questo Soca Facismo, ABSTRACT ‘This paper analyzes ciferent histor‘ogaphicl perspectives focused onthe Vargas’ regime, Is starting point 's that structural analyses derived mainly fromthe Social Sciences ended up developing a lenient view of this historical period. Critical analyses ofthese interpretations were opposed o the modernization theories, and its successive dependency theory, questioned, ftom a theoretical pont of view, the precedence ofthe socal {question asa politcal issue. The changes that thase new paradigms brought to historiography crossed the limits of national Boundaries, ethnocent'sm, and the regional vew of history dependence and the disputes, of politcal eles, KEYWORDS: Vargas Perio Historiography, Socal question: Fascism, RESUMEN st artcula anata las conenteshistoriograticas que se han centrado en lo aos Vargas. Su punto de part 2 esque los ands estrucuralesdervadosprncpalmente dels Ciencias Socalesterminaron desarrallardo una vst indulgente de este perodo de a historia, Andis crticos de estas interpretacioes se opusieron als teoras de la moderizaciény su sucesiva teria dela deperdenca, ycuestionaon, desde un punto de vista tebric, la precedencia del problema social como un problema politica Los cambios en los paradigmas de andlisiscruzaron tos limites de las fontees nacionales, del enocentiso y de la visién regional de la historia, dela dependencia y dels disputas palaciegas dels elites poics, PALABRAS CLAVE: ra Vargas; Historogratia; Cueston social Fascsmo. az ESTUDOS HISTORICOS Bo dene, 8, 7, p 448-465, Sere Dezel 2020 449 450 No martal can keep a secret. if hsp are silent, he chaters with his fingertips; betrayal oazes out of him at every pore. Freud (1956, p. 77-78) E 1964, o historiador norte-americano Robert Levine chegou ao Brasil para conduzir a pesquisa do doutorado que cursava com Stanley Stein na Universidade de Princeton, Era © ano do golpe de Estado, e tocar neste assunto sensivel,o legado varguista, era um proble ima nas terras brasileira, Levine defendeu em 1970 sua tese The Vargas Regime: the critical ‘years, que foi imediatamente publicada pela Columbia Univesity Press, Tentou-se por duas vezes que a tradugdo de Raul de Sa Barbosa ganhasse as lvrarias no Brasil, mas a censura do regime vetou 2 publicagéo. Somente em 1980, a Nova Fronteira trouxe a piblico o lvro do historiador (Levine, 1980). O trabalho de Levine era inovador por varias razGes. Em primeiro lugar, explorava 0 acervo de documentos de forma intensa,artculando, no sentido de chegar a analises politicas mais profundas, a riqueza de material 20s relatérios e observacoes de época que coletou, 18 1no capitulo inicial("O quadro sociale ideolagico”), por exemplo, a primeira nota de referencia faz alusdo ao artigo de Agnes Waddell de 1931 publicado na Foreign policy reports (Levine, 1980: 59), associando-o aos despachos da embaixada brasileira nos Estados Unidos. Levine cruzou fontes oficias brasleras com o acesso privlegiado a acervos oficaise particulares no pais, além de ter feito muitas entrevstas, Priorizou, pela primeira vez na historiografia, arqui vos policias, o que Ihe permitria conclusdes inéditas. £m segundo lugar, o trabalho inovava ao sustentar a andlise em tradigéo académica fortemente ancorada nos principios das teorias socialégicas do desenvolvimentismo dos anos 1950 — tradicéo & qual Florestan Fernandes, fortalecido pelas publicacées de seus orientandos, era um dos maiores expoentes no Brasil. Nesses trabalhos, um dos pressupos tos fundamentais de andlise era a contraposicéo do que convencionaram clasifcar de so cledades moderas e sociedades tradicionais®, Nessa perspectiva, sua bibliografia de apoio vinculava-se a trabalhos como 0 de Albert Hirschman (lourneys toward progress: studies of economic policy making in Latin America, 1963), 0 de Jacques Lambert (Requirements for rapid economic and social development, 1963), 0 de seu orientador Stanley Stein (The Brazilian cotton manufacture: textile enterprise in an underdeveloped area, 1850-1950, 1957) e na coleténea de Irving Horowitz (Revolution in Brazil: polities and society in a de veloping nation, 1964), por exemplot, Eram trabalhos caudatérios do fundamento de que a estabilldade democratica era ume decorréncia da modernizacio e da industializagio, como preconizara Seymour Martin Lipset em seu Some social requisites of democracy, de 1959 ESTUDOS HISTORICOS Ai de fancy, 3, 1 p $4846 SeombreDezembr 2020 eno [A LENIENCIAE VARGAS FALAS BA HISTORIA Além da matriz norte-americana, 05 trabalhos de Flrestan Fernandes, coma Pattern and rate of development in Latin America e o cléssico Mudangas sociais no Brasil, de 1960, for ram informando os fundamentos de analise de Levine sobre a sociedade brasileira no século XX. Erecorrente em sua bbliografia a remissao a autores de formacao uspiana, como Bres- ser Pereira, Fernando Henrique Cardoso, Octavio lanni Paul Singer. Alguns economistas, ‘outros socidlogos, mas todos caudatérios da tradigao modernizent. Em terceio lugar, 0 trabalho de Levine era inovador porque se cakava em pressu- ppostos relativamente novos nas andlises sobre o Brasil do periodo, em particular nas te- ses construldas por Samuel Huntington desde a segunda metade dos anos 1950. Huntin- ton critcava a premissa praticamente consensual dos teéricos da modernizagao de que ela, a modernizagao, invariavelmente levaria & democratizagao: inspirados em Weber, tais te6ricos acreditavam em uma espécie de recorréncia evolutiva do desenvolvimento do capitaismo, buscando na modernizagéo a instituigdo de um ethos que transformaria essas sociedades tradicionais, suas elites e suas gentes. Em linhas gerais, Huntington advogava que, nos patses tradicionais, os processos de modernizagao néo levavam & de- ‘mocracia, mas a grave instabilidade politica, na medida em que novos segmentos socials emergentes nessa moderniza¢io fariam pressdo por espaco politico, fator que geraria, ademas, inseguranga. Em Political order in changing societies, texto que Levine tinha como releréncia, Huntington afirmava: ‘0 que foi responsével por essa vialéncae instablidade? A tese principal deste fro € que essa violencia e instablidade foram em grande parte produto de répidas mudancas socials © da rida mobilzacdo de novos grupos em cireio 8 pola, juntamente com o lento desenvohi mento das insttuigdespolticas, “Entre as leis que regem as sociedades humanas®[...] A ins tabilidade paltica na Asia, Afica e América Latina deriva pecsamente dofracasso em cumprir «esta condigo: 2 igualdade de partcinaco politica esta crescendo muito mais rapidamente do ‘que “a arte de se congregar”, Mudancas socials e econdmicas —urbanizagéo, aumento daa: {abeizagdoe educagio,industralizacdo, expansto da midia — ampliam a conscéncia politica, mutplicam as demandas polticas, ampliam a partcipacso politica, Essas mudangas minam as fontes radiconais de autoridade poltica eas instituiges poticas tradicional; eles complicam ‘enormemente os problemas de ciaclo de navas bases de assocacio polticae novas institu ‘Bes pltcas que combinem legitimidade eeicicia (Huntington, 1968: 5, traducSo lire). Embora Huntington estea aqui chamando a atencBo para a necessidade de entender a instabilidade gerada pela maderizaco econémica no pés-guerra, 0 quacto teéico de andlise 6 0 de que a modernizagao em paises sem tradi¢do democratica geraria instabilidade. Citando James Madison, o autor sentencia: az ESTUDOS HISTORICOS Bo dene, 8, 7, p 448-465, Sere Dezel 2020 451 492 "A grande dficuldade reside nisso: primeiramente voc deve permitr que 0 governo controle 1s gavernados; e, em seguida, obrigélo a se controlar". Em muitos patses em processo de modernizacdo, 05 governos ainda so incapazes de desempenhar a primeira fungio, muito ‘menos a segura, O problema principal nda éliberdade, masa ciao de uma ordem publica legitima. Os homens podem, claro, ter ardem sem Iiberdade, mas eles ra padem tr liberdade sem ordem, A autoridade tem que existir antes que possa se limitad, e & 2 autordade que é escassa nos palses em modernizagdo onde o governa est & mercé de intelectuas aenads, insubordinados coronéis e antes tebeldes (Huntington, 1968: 5, wadugéo lie} ‘A questo estava agora assim posta: ndo era absolutamente estranho que para pro mover a moderizacdo se recorresse a regimes que garantisser, em primero lugar, a ordem, a estabilzacéo, Assim, @ maior inovagéo do livto de Robert Levine residia justamente na formulacdo de seu problema: tentar entender a dinmica politica que teria garantido 0 passo gerador dessa moderizacéo, a instalagdo da industria de base. Ou, como dita Levine ao fim da introdugéo Va ddadescivis a fim de assegurar a establidade poi ‘gTupes identiicados com a ardem anterior 2 1930 voltassem ao poder abcecava a tal panto a atgas consolidou o seu poder, silencianda fantes potencais de oposigao, sacificando lier 2 ¢a unidade nacional. 0 temor de que classe média que ela abriu mao gostosamente dos uxos de democraca em troca de um gover no forte num quatro autoritéro (Levine, 1980: 32) (u mais adiante, quando ele cita Hélio Jaguaribe: “O processo — observou um bra sileio — era a contrapartida politica da substituigdo das importagdes” (Levine, 1980: 256)’ Para entender “0 proceso”, o estudo de Levine centrou-se nao $6 na dindmica do desenvolvimento industrial do Brasil, mas especialmente na movimentacao e no com portamento das elites ¢ das classes médias emergentes — exemplares do novo ethos politico capitaista, inovadoras em relagéo & sociedade tradicional e que, como sugere © autor, seriam capazes de abandonar o “constitucionalismo liberal das oligarquias”. O foco de andlise nas classes médias era, ento, fundamental porque, associadas & bur guesia emergente, elas promoveriam o nacionalismo ecanémico e o desenvolimento do pais, num reformismo de mudangas progressivas contra as oligarquias dominantes, Por 888 fazo, Levine ia buscar uma bibliografia que oferecesse suporte & compreensdo da dinémica de tal modernizacéo, ocorrida sob @ bandeira do nacionalismo. Assim, Levine utiliza-se da produgdo de Florestan Ferandes e Jacques Lambert, Fernando Henrique Cardoso, Octavio lanni e das teses de doutoramento de Warren Dean e de Richard Morse, este j6 com livio publicado’, Como o chileno Luis Ratinoff, a tese de Levine era a de que © nacionalismo dessas classes médias foi importante como forca de pressdo — chegando ESTUDOS HISTORICOS Bie defame, vl 3, 0° 71, p448-46, Stembr> Draembr 2020 eno [A LENIENCIAE VARGAS FALAS BA HISTORIA elas a ser progressistas — até consolidar suas vitérias (empregos pibblicos, servicos de satide e educacéo, direitos de trabalho etc). E mais, o nacionalismo desenvolvimentista de Vargas (leia-se modernizacSo/substituigdo de importagées) teria abafado as vozes contrarias ao autoritarismo politico (Levine, 1980: 259). Considerando tais pressupostos, Levine buscava, nos “anos criticos de Vargas’ (1934-1938), compreender a base {undacional do Estado Novo. ito porque o interregno (upostamente democrético) entre 0 governo provisério eo periode um pouco além da de- cretacéo do Estado Novo, em 1937, teria sido de instabilidade poltica , portanto, anterior 2 implantago de um regime capaz de iniciar 0 processo de industrializaco® De forma que o que Levine — bem como grande parte dos autores que baseavam suas andlises nas teotias dda modernizacio e posteriormente na teoria da dependéncia — chama de “populismo” de Getilio era @ implementacao de uma controlada politica urbana cistibutiva®, Para 0 autor, a instabilidade poltica estara instaurada de maneira intensa na vida politica e expressava-se nos embates da esquerda, da dirita, da frente de oposigdo (Aliana Nacional Libertadora — ANA), passando por politicos liberais da Primeira Repiblica (ou “oligarquias” — sic), pelos tenentes e pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), findando com a insureicdo integralista de 1938, 0 “maquiavelismo” e 0 “populismo” de Vargas residriam, justamente, na habilidade em estabilizar os atores politicos Na procura de ordem e de estabilidade, fundamentais para que o regime implemen- tasse seu projeto de modernizacéo, Levine traz uma quarta grande inovacéo: a importancia que o aparato repressivo e a censura tiveram na estailizagdo do regime. Assim, articula-os no na perspectiva de que os desmandas criminosos da atuacSo poliial correspondessem a0s desvios de caréter da personalidade de Flinto Miller, mas como parte desse projeto de estabi- idade poltica. De fato, para desconforto da maior parte da historiografia sobre Vargas, Levine firma que, assentado em forte aparato de repressao e propaganda, Getilio definitivamente nao fora um “pai dos pobres”, j8 que sua politica de “direitos sociais e trabalistas na verdade, a maneira de controlar esse processo de modemizacéo sem mudar a estrutura social ou a concentragéo de renda, Essa “revolucéo incompleta de Vargas”, dia ele em lvra posterior, era consequencia desse processo de modernizacio e das caracterisicas pessoais de exercicio de poder do ditador (Levine, 2001)" Mesmo que suas matrizes teéricas estivessem presas a0 que a drea de Ciencias Sociais via como legitimo ou correto para pensar 0 Brasil, e até mesmo para entender as ditaduras o-americanas nos anos 1960 e 1970, Levine abria perspectvas ao recorrer& cerificagéo ddocumental para, 30 menos, tentarcolocar por terra 0 “mito Vargas”. Seria de esperar, por 50, que a tese de Levine tivesse grande repercussao no pats, era, 48-46, Scembre Dezembro 2020 ea ESTUDOS HISTORICOS Ri defona 8m 493 454 Enttetanto, sequindo em grande parte o arcabougo das teorias da modernizacdo e, como frisado, de sua consequente teora da dependéncia,o trabalho de Boris Fausto, mesmo carente de pesquisa documenta, e talvez justamente por iso, tomnau-se referéncia de intr pretagGes sobre 2 Era Vargas. (A primeira das muitas edicdes de A Revolugo de 30: historia ¢ historiografia foi publicada em 1970 pela Editora Brasliense,) Sobre ele, Angela de Castro Gomes dira 38 anos depois: (Fausto revistaro periodo da Primera Republica, sustentando su futuratese que serd reafimada na colegdo Histria da Civilizacdo Brasileira: com os epstidias de 1930, 0 Brasil néo viveré nem uma revolucdo burguesa, nem uma revolugo das classes médias, como sustenta vam as interprerages correntes Tal episdio deveta ser expcado em outa chav: a dos con fltos regionals intraoigarquicos, que vinham agitando a década de 1920 e envolvenda novos atoresno jogo da polticarepubicana (Gomes, 2008: 23) E mais adiante: ‘A Revolucio surge entdo,fundamentalmente, como produto da questo poltica do regional mo, a que se constitu numa das mas signifcantes cnclusbes econtrougbes do vo (Gomes, 2008: 33) [1 De forma sinttica Fausto lemora que afrmar a Revolucdo de 1930 como produto “de uma frente cifusa em equltroinstvel,reunindo dissidénciasoligdrquica esetres militares, alk do apoio das classes médias até do operariado,ndo respondia& questo de quem subsitura a hegemonia da oligarcuia cafecira. Eno, assume o conceito de “Estado de Compromisso", tomado de Francisco Wetfart, como a melhor respostapossivel. Por essa razBo,procura fxar 0 principais elementos da proposta inerpretativaescolida: como nenhum dos grupos que paticipam do movimento oferecesse lestimidade ao Estado, abre-e um “vazio de poder”, © que conduz a um compromisso entre as vias faces de classe © “aqueles que cantrlam as, fungées do governo", sem vinculo de representagéo dreta (Gomes, 2008: 35) Ha dois pontos-chave na interpretacSo de Boris Fausto: as crticas as teses dualistas, presentes em “socledades dependentes latino-americanas” e as teses de que 30 teria sido Uma revolugio das classes médias urbanas, Para Fausto, 1930 nao foi uma revolugdo burgue- a, mas um acontecimento marcante por colocar fim & hegemonia do capital cafeicultor — dat ‘oadvento do Estado de Compromisso,espécte de lcenca interpretative ancorada na teoria da dependéncia eno recurso a Gramsci, apontando para a necessidade de establizagéo social A QUESTAO POLITICA Ainda em 1972, Gliucio Soares publicou na Revista Mexicana de Sociologia esenta bastante negativa sobre o trabalho de Fausto: ESTUDOS HISTORICOS Bi de fe, vl 53, #71, p 448-465, Seb Dcembr 2020 aa [A LENIENCIAE VARGAS FALAS BA HISTORIA Espero que seu autor prossiga seu trabalho de pesquisa, coletando novas informagées novos dados que so indispensiveis,utlizando-os de mancira sistemética. A informacdo factual apresentade no constitu novidade,¢ errstica e selecionada pelo autor. Outro con junta de informagées, como trechos de dscursos, podera ser retirado das mesmas fontes para ilustar pasigGes radcalmente diferentes. No meu entender, a tara de pesquisa esté longe de completa erecuer imeginacSo metodoldgica de todos os que pretendem estuder © problema, A ciferenca entre a execugéo @ a no execucdo dessas pesquisas pode ser a iferenca entre substtur uma série de mitos por outros ou substituir 0s mitos por um trabalho cientifica (Soares, 1972), Pouca depois, em 1978, numa andlise abertamente critica as teorias da moderni- 2ag80, Maria Sylvia de Carvalho Franco, em trabalho sobre o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), ia um pouco além na avaliacao dos pardmetros tebricos estruturantes de analises como a de Fausto. Tatando das miragens do jargdo centifio, ele postulava que 0 autoritarismo vinha, com a utiizacéo de definigdes indemonstradas, disfarcado de revolucéo social, construindo uma realidade em que nagéo, cométcio e indistria se antropologizam como sujeitos da histéria, na mia do progresso, telealogicamente, em diego & ordem cap- talista, Segundo essas definigdes, taispremissas teriam tornado possivel esquecer a critica 8s ideologias e sua historicidade, inocentando-as (Franco, 1978: 115 e 209). Diria mesmo, em 2011, explctando suas crticas, que Na producodessededrio, a Faculdade de Filosofia no salu de mas impas ou vias: el fe receu um pensamento diverso do produzio pelo ISEB, certamente menos vincuado & prtica politica, mas na flow na tarefa de fornecero substrate doutinsro pare a desenvolvimentis moe suas reformas...]omou entdo orende vigor a teria da dependéncia, que se encaregou dd apontar as tis de aranha do mansmo, repentinamente tornado obscleto enecessitando revises, face 8s navas formas assumias pelo captalsmo, rotadamente 0 desaparecimenta das determinagbes de classe. Mas outa faceta da apolagia do progesso, caja propaganda atravessou novarente a sociedade (Franco, 2011). O texto de 1978 tornava pilblicas as crtcas que Maria Syvia vinha fazendo ao grupo em torno de Florestan Fernandes e do qual ela, no inicio, fzera parte, até que profundas - vergéncias teéricas a tivessem afastado, Ela e Marlena Chau’ externaram, em fvro conjunto, ‘a maneira critica como uma gama expressiva de pensadores vinha-se posiionando intelectual « polticamente em varias universidades brasileras. Tatava-se de um rompimento, especial ‘mente com as representacbes académicas: ‘* presas 8 velorizacdo dos mitos de identidade nacional (fossem quas fossem); de uma pseudoincompletude burguesa; ESTUDOS HISTORICOS Bo dene, 8, 7, p 448-465, Sere Dezel 2020 455 456 ‘+ da procura dos tipos ideais weberianos, do ethos des classes médias e da burque sia; ‘© da aposta em modelos de desenvolvimento econdmico como explicago do mun do dos homens; ‘+ da busca desenfreada e incessante de um standard de comportamento para 0 homem brasileiro; da historia brasileira como carecendo de organizagdo e consisténcia préprias, ex plicada sempre com base no vazio, naquilo que ela deveria ser, mas no é u seja, as autoras apontavam para uma historiografia de rompimento com as repre. sentacbes que buscavam nos “males do passado" as jstificativa intelectuaise politicas para projetos de Brasil”, Na Apresentacdo de Ideologia e mobiizacéo popular, Marlena Chaui (1978)" cham atengSo, de forma incisva, para 0 fato de que encontrara, na bibiografia telativa 8 Primeira Repdblica, uma impressionante simileridade de abordagens. Em sua quase totaldade, os estudos se distanciavam da andlise dos sujeitos (e, portanto, do discurso e da ago dos homens) para se aterem aos predicados (Aquilo que resulta da ago dos sujeitos, como, por exemplo, o Estado), Chauf cancluiu que, em virtude dessa inversdo, exstiam eixos permanentes nas analises e que, nelas, a histéria do pals resultaria da combinacdo: + conflituosa das quetelas da luta de classe dominante, inapaz de hegemonia, © do despreparo e imaturidade da classe operéria, sempre manipulad ‘© do radicalismo inoperante das classes médias, sempre rebocadas; ‘+e do peso do capitalism internacional avancado sobre o passado petiférico. (Chaui, 1978: 22) A historiografia teria construido uma histéria no do que foi, mas do que “teve de ser”. Essa, digamos assim, anomalla historiogréfica — a do que teve de ser — terse-ia constituida sobre um arcabougo conceitual que parte do que faka. Condicionantes que, do onto de vista da pesquisa, a nosso ver, apontam para a procura da comprovacéo do que deve vir a ser. E dessa forma que se tora possivel a construgio das categorias de tardio, retardado, atrasado, de despreparado e imaturo e de ideias fora do lugar, Tais postulagbes subentendem o estabelecimento nao sb de um pardmetro de modernidade, mas também de tum encadeamento histérico evolutivo, de uma linha do tempo em diregdo @ alguma coisa De forma avessa & tradigéo historiogréfica, resultado de anos de trabalho em arquivos no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, Paulo Sérgio Pinheiro enfrentou a questdo politica dos anos Vargas de forma a privilegiar projetos poltcos, suas herancas e as estratégias de ESTUDOS HISTORICOS Ai de fancy, 3, 1 p $4846 SeombreDezembr 2020 eno [A LENIENCIAE VARGAS FALAS BA HISTORIA poder de atores sociais, Mesmo tendo centrado seus estuds nas estratégias do PCB para o movimento de 1935, a metodologia transdisciplinar — para usarmos nomenclatura contem- porénea — utlizada pelo autor 20 analisar o acervo documental ressalta a miopia do PCB em relagio & centralizagdo do poder em Getilo, & manipulagéo dos sindicatos, & formacéo de um estado policial e de seu aparato de repressio e a forca do corporativismo. Para Pinheiro, Vargas enfatizara 0 recudescimento dos abusos cometidos pelo Estado, no Brasil, durante 0 periodo anterior 20 Estado Novo: prises arbitréias, tortura, execucbes e deportagies @ as recorréncias ao Estado de Sitio. A historiogrfia, aponta ele, tratava com enorme leniéncia os anos de poder de Vargas até o golpe que ele mesmo arquiteta em 1937. Segundo Pinheiro, e concordamos com ele, 0 governo provisério de 1930-1934 jé era uma ditadura — interrom- pida por um brevissimo periodo que sera retomado pelo golpe de 1937 (Pinheiro, 1997: 269) O trabalho de Pinheito fazia erergir um incémodo aos historiadores:estaria alenién- ia historiografica assentada na forma pela qual 2 questéo politica fora negligenciada pela questéo social? Ou, disfarcada de revolucéo social, como sublinharam Matia Sylvia e Chaul, assentada em pressupostos telealégicos de que a esfera piblica fora esvaziada e mascarada pele questéo socal? Ou seja, o exericlo de poder, o caréter ditatoral teria, de certa forma, sido redimido? E notério, a esse respeito, a forma com que a contracapa da primeira edigdo de A Re- politica cedera volugéo de 1930 de Fausto ja inscrevera hstoriograficamente como a quest terreno a este novo lugar, o da questéo socal A politica de marginalizagéo pura e simples, realizada pelas velhas classes dominantes, no tinha mais condigGes de se sustentar. Se na plataforma da Alianga Liberal se encontravam (9s tragos de um maior interesse pelo chamado problema social, as agitagées operrias dos pri ‘meiros anos da década de trinta acabaram por “sensbizar” o governa em definitive (Fausto, 1970: contracapa,grifo nosso) Na virada dos anos 1970/1980, alguns autores reaizaram,ultrapassando os limites da conceituagéo de populsmo de Fausto, uma renovada interpretacéo historia sobre a Era Var gas — embora mantivessem a mesma chave tebrica do autor. A chave de interpretacéo néo partia mais do “populismo”, mas ia além dele, Houve aqui a preocupacéo em resgatar aluta 05 avancos da classe trabalhadora, ou de suas liderancas, como lutas contra uma especie de "Iiberalismo excludente” ! 0 principio interpretativo partir principalmente das postulacBes cde Wanderley Guilherme dos Santos em A préxis liberal no Brasil: dever-se-iaficar atento aos diversos tipos de autoritaismo e, em particular, ao autoritarismo instrumental. “O Estado Novo", dz ele, “deu forma ao Estado forte pretendido pelos autoritarios instrumentais” ESTUDOS HISTORICOS Bi defn, 13.71, pA48-68, Sere Dezel 2020 457 498 0s trabalhadores urbanos foram ceconhecides como membros plenas da sociedade civil, por tadotes de demandas legitimas, embora os canais de articulagao fossem autorzacs e patroc- nados pelo governo. Uma mistura paradoxal de medidas econémicasliberalizartes,associacas ag aumento da intervengéo regulatria nas relacbes socials, e complementadas por ocasionals e intermitentes polticas de restrbuicéo" (Santos, 1978: 50). Adiante, Santos conclu a sequéncia “I6gica” de pensamento que marcatia profunda mente a historiograia brasileira Somente depo's da crise de rendncia de Jénia Quadros, cam Joo Gaulat no poder, € que uma espécie de autoritarsmo instrumental tentou se frmar no cenério paltica brasileiro, Sua meta no era, entetanto a liberalizacdo de sociedade, nem mesmo da econamia — mas, a0 cantré- fio, 0s objtivos visacos pela nova versio do autoritaismo instrumental eram a intervengSo do Estado, o nacionaism eo maior avango possvel em dirego ao sodalismo. (Santos, 1978: 50). Nessa sequéncia, essa interpretaco do passado no s6 leitimava o primeiro perio do Vargas (1930-1945) pelo reconhecimento que teria dado & classe trabalhadora™, como prenunciava sua interpretagio teleolégica sobre a histéria politica do Brasil até o golpe de 1964. Na verdade, segue uma interpretagéo, vigente nos anos 1970, sobre o surgimento e a consolidagéo de uma nova forma de dominacéo autortaria: a coalizdo de militares, bur 4uesia e burocraca estatal. Coalizo que fez surgir um novo tipo de autoritarismo, diferente ddos anteriores, que néo tinha na oligarquia fundisria sua base. Seria fruto de nova etapa de modernizacéo, Uma modemizagdo que néo fortaecia as instituigbes, mas visava conter a uta de classes em meio & crise econémica pela qual passavam patses “perfércos", vtimas de umm modelo estrutural de acumulacéo"®, Aqui, Gulhermo O'Donnell cunhariao termo “Estado bouroctatico autoritaio”. 0 periodo Vargas ndo seria esse tino de ditadura instrumental jé que teria reconhecido o trabalhador urbano como “portador de demands leqitimas”. £m 1982, aeditora Zahar lancou Estado Novo: ideologia e poder, de Lica Lippi, Mn: «a Velloso e Angela da Castro Gomes (Lippi, 1982: 8). A proposta do livro vinha ao encontro das referidas postulagGes de Wanderley Guilherme e das que Bolivar Lamonier formulara em 1974 O paradaxo da mobilzacdo autritéria€ precsamente este: afim de atvar grandes masses, poder € obrigado a cra simbolos que, se efetivamente comunicados, estabelecem o contra onto para que elas se “obetfiquem” e se consttuam subjetivamente como grupo, NSO quero dizer cam isso que tal processo se dé com facade, pos ele € obviamente dependente da crganizaga de estuturas organizacionals e de atiidades concretase recorentes(Lamouriey, 1974: 86) ESTUDOS HISTORICOS Bi de fe, vl 53, #71, p 448-465, Seb Dcembr 2020 aa [A LENIENCIAE VARGAS FALAS BA HISTORIA Oeestudo das representagSes dos anos 1930 tornara-se assim fundamental, pois aden trar a simbologia tornava possivel afastar o regime de “uma identficagéo aparentemente Draembr 2020 eno [A LENIENCIAE VARGAS FALAS BA HISTORIA sobre a Revolugdo de 30, Sobre o conceito de “populsmo” no Brasil, Gomes dé um panorama interessante para nossa discussao (Gomes, 2001: 17-53). As formulagGes de Gino Germani e Torquato de Tella, base de incorporacio da terminologia nas Ciéncias Socais, partiam justa- mente da premissa de que 0 populismo ocorria em situagies de transi¢do, do atrasado para 0 ‘moderno, Para uma critica 8 utiizagdo do “Estado de Compromisso” e 8s pecularidades do pais, ver Munakata (1984), 111 A publicacSo nos Estados Unidos foi em 1998, Para Levine, Vargas nao tinha ideologia, 12 Nessa gama, actca ia dos pensadores do ISEB e da Comissao Econémica para a América Latina e 0 Carle (CEPAL), passando por Florestan Fernandes, Celso Furtado, Sérgio Buarque de Holanda, Boris Fausto, Fernando Henrique Cardoso e Fernando Novaes até os chamados “modemistas”, como Paulo Prado. 13 Para entender o pensamento do integralsmo dos anos 1930, Chaui fez uma andlise dos trabalhos que, historicamente, vinham tentando interpretar os anos 1920 e 1930. 14 Nessa perspectiva, do que no esté no seu lugar, 0s trabalhos de Roberto Schwartzman, ‘Ao vencedor as batatas,e 0 de José Murilo de Carvalho, Os bestalizados da Replica, apre- se uma espécie de complementaridade. 15 Embora o trabalho de Wanderley Guilherme dos Santos fosse de 1978, jé em 1975 Paulo ‘Sérgio Pinheiro indicava e lamentava essa tradi¢ao que nd s6 encarava o periodo republicano anterior @ 1930 como de trevas, como apontava a irelevancia do movimento operatio antes da outorga varguista (Pinheiro, 1975: 10). 16 Essa tradigdo de interpretacdo tem em O'Donnell seu maior expoente 17 Ao falar sobre o movimento operdrio no Brasil, Michael Hall faz uma observacéo interes- sante sobre o cardter peculiar na histéria: “Acho que todas as historiografias nacionais ten- dem a considerar a experiéncia do seu pats como tinica e peculiar, embora haja uma insat facio crescente entre os historiadores com esse tipo de abordagem” (Fontes; Macedo, 2016). 18 Sobre o livro de Bresciani, ver Cancel (2006). 19 Como chama atengéo Michael Foucault ao longo de sua obra, 20 Citamos coma importantes nessa bibliografia: Edgar de Decca, 0 siléncio dos vencidos; Carlos Alberto Vesentin, A teia do fator uma proposta de estudos sobre a memériahistérica; Aci Lenharo, A sacralizagéo da politica; Maria Luiza Tucci Carneiro, O antissemitismo na Era Vargas (1930-1945); Elizabeth Cancel, 0 mundo da violéncia: a polica na Era Vargas; Eliana de Freitas Dutra, 0 adil totalitério e a dupla face na construc do Estado Novo; Daniel Bar bosa de Andtade Faria, O mito mademista ea ESTUDOS HISTORICOS Re dew 38.m 7 p #464, StenbeDezmde 020 465 466 21 Segundo Arenal, somente duas atividades so poiticas: a aco e o discurso, edelas nasce a esfera dos negécios pilicos. 22 Hé uma critica um tanto lgeira a essa historiografiafelta por Angela de Castro Gomes ‘em uma apresentagdo de livo de Jorge Fertera, um dos grandes defensores do trabalho, 460 governo Jango como redentor da classe operdria e do “Iberalismo excludente". Nessa citica, tanto Gomes como Ferreira dizem que as andlses so reducionists. Para Gomes, para entender Vargas e 0 “povo” (sc, sobre as questées da repressdo e da propaganda politica, “tratase de considerélas te6rica e empircamente equivocadas para dar conta do fenéme. 10 que esta sendo examinado, considerando-se sobretudo seus desdobramentos através do tempo"! (Gomes, 2005: 10). Nesse Ivo, Ferrera chega a afar que “afinados com os es ‘quemas socoligicos dos teéricos do ‘totalitrismo' (sic, alguns autores aproximam o govern Vargas dos regimes politicos de Hitler e Stalin (sic) (Lenharo, 1986; Cancel, 1993)" (Gomes, 2005: 15) 23 Sobre a importancia da documentagéo para reconstruir a historia do movimento operétio 10 Brasil fruto de leitura aprofundada de Thompson, ver Halle Pinheiro (1979; 1981) REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ARENDT, M.A condi humana, io Ge Jane: Forese Unive, 1963, BRESCIAMI, M.S. M.Asvoltas de um parafuso, So Paul: Brasilien; AUPHI, 1977. 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