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4.

Comente criticamente “África está condenada ao subdesenvolvimento”

Esta afirmação está intrinsecamente ligada à Teoria da Escola da Dependência. Esta teoria é
apresentada nos anos 60 na América Latina, e é formulada por autores oriundos destes mesmos países
(De Terceiro Mundo), que acreditavam que mesmo tendo conseguido a sua independência mais cedo
(Sec. XIX) que os países Africanos, apresentava fortes sinais de subdesenvolvimento. Esta conclusão
emana da deterioração dos termos de troca, ou seja, estes países necessitavam de exportar cada vez
mais para importar a mesma quantidade. Por detrás desta deterioração está a especialização destes
países que assenta sobretudo em produtos agrícolas e mineiros, que seguia o modelo de especialização
de David Ricardo.

Nesta teoria os autores defendem que o subdesenvolvimento destes países se prende com a
dependência de outros países, ou seja, o subdesenvolvimento não é um atraso mas sim um resultado da
dependência destes países. Esta conclusão resulta do facto de a relação destes países, que eram
colónias, com o país colonizador era de dominação e dependência. Assim afirmam que a dependência se
prende com a Economia, e nesta lógica existem países de centro e países da periferia, sendo que o
desenvolvimento dos países de centro (Colonizadores, por exemplo) é feito à custa dos países da
periferia. Em suma estes autores acreditam que o desenvolvimento é justamente a causa do
subdesenvolvimento, e que os países que se encontram nestas situações estão condenados a ficar
subdesenvolvidos, já que não têm as condições para ultrapassar esta relação de dependência. Esta
teoria surge como critica às perspetivas de W.W Rostow, etapas do desenvolvimento económico, e à
Teoria da modernização de Arthur Lewis (Baseava-se na modernização seguindo s passos dos Europeus),
criticando principalmente a perspetiva uniformista (Os modelos Europeus podem-se aplicar nos outros
países de forma igual) destes dois autores. Assim os autores desta Teoria apresentam 3 soluções para o
subdesenvolvimento (Dependência!): Fecho da Economia às economias externas (Impedir os países de
centro de explorarem a periferia); Aposta na industrialização interna e adoção de politicas IS (Import
Substitution); E criar movimentos de cooperação entre países, que se encontravam na mesma situação.

Se tomássemos apenas por base esta Teoria, a resposta seria óbvia, África está condenada ao
subdesenvolvimento, pois sendo justamente um continente de Ex- Colonias (Com independências
recentes) estaria condenada ao subdesenvolvimento. Assim a Teoria do Sistema mundo vem apresentar
outra perspetiva.

A Teoria do Sistema Mundo defende que a leitura do desenvolvimento deve ser feita por etapas
Históricas; de uma forma Global, e não isolada; e de uma perspetiva de longo prazo. Fazendo esta
análise claramente se pode observar que ao longo da História mundial se verificam diferentes
Economias-Mundo com países no centro e na periferia diferentes, não existindo assim lugares fixos no
desenvolvimento, mas sim dinamismo. Esta teoria afasta-se da Teoria da Escola da Dependência,
quando afirma que a análise é tricotómica (Além do Centro e periferia, existe também a semiperiferia,
um elevador tanto para o centro, como para a periferia). Assim existindo este dinamismo e capacidade
de transição entre centro e periferia, que é o que se verifica na prática, esta teoria rejeita a hipótese de
que um país esta eternamente condenado à periferia, bem como que um lugar no centro é fixo. Ainda
assim esta teoria não rejeita a hipótese que o subdesenvolvimento é uma relação de dependência, logo
refuta que as estratégias Europeias de modernização resultem “Preto no Branco” nos países da
periferia. Desta forma esta Teoria apresenta-se como um “meio termo”, e a meu ver o mais equilibrado,
pois existem vários exemplos desta progressão, como os Newly Industrialized Countries, os Emirados
Árabes Unidos ou o Catar.

Baseando-nos em ambas as Teorias obtemos respostas completamente diferentes, em que a Teoria da


Escola da Dependência vai ao encontro da afirmação apresentada, e a Teoria do Sistema Mundo, que
baseando-se na Historia Global, defende que existe caminho para a progressão de uma periferia para o
centro, utilizando o elevador que é a condição de semiperiferia, refutando a afirmação que África esta
condenada ao subdesenvolvimento.

Analisando ambas as teoria, a meu ver a teoria do sistema mundo é aquela que vai mais de encontro à
realidade, pois alem de não admitir a estacionariadade, existem exemplos de países que claramente
fizeram esta ascensão bem como de países que claramente perderam o seu lugar no topo, como é o
caso de Portugal, que não tendo naturalmente descido ao nível de periferia, perdeu claramente a sua
posição no topo (Posição ganha nos descobrimento).

4. François Perroux fez uma análise crítica à ideia de progresso defendida por outros autores (Como
Arthur Lewis).

Começa por afirmar que sendo as sociedades são estruturas complexas, não homogéneas e não
homotéticas, ou seja não evolui tudo ao mesmo ritmo, sendo assim as sociedades definidas pela
heterogeneidade. Neste prisma a mudança é classificada como assimétrica, ou seja, as partes não
evoluem todas ao mesmo ritmo existindo ganhos para uns e perdas para outros no processo de
mudança. Assim o autor transpõe esta logica para o Progresso, fazendo a distinção entre o mesmo e
progressividade, ou seja, não sendo as mudanças homogéneas há que clarificar onde é que elas existem,
remetendo assim para a ideia que o progresso é a mudança nas partes, enquanto a Progressividade é o
resultado de todos os progressos. A mesma logica se aplica ao Desenvolvimento e ao Crescimento
Economico, o desenvolvimento é o todo (Progressividade), enquanto o Crescimento Economico é
apenas uma parte do Desenvolvimento (Progresso). Assim o corolário também se verifica, pois, o autor
admite que possa haver Desenvolvimento sem Crescimento económico, classificando-o como
necessário, mas não suficiente.

François Perroux defende também que com o Progresso por vezes se perde a dimensão humana,
sobrepondo-se o dinheiro à condição Humana, que resulta em injustiças, custos de equidade, e até
custo de vidas Humanas.

Em suma podemos classificar a leitura do autor sobre o progresso, como uma leitura cautelosa e
rigorosa, que recusa generalizações e defende uma análise incisiva na mudança das partes. A meu ver
este é o tipo de análise que se deve fazer, pois sendo a sociedade heterogénea não podemos cair na
falácia que uma mudança numa parte causará um efeito em cadeia nas outras, e caso não façamos esta
analise mais incisiva na mudança das partes, corremos o risco de negligenciar certas áreas da sociedade.

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