You are on page 1of 69

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


ESCOLA DE MÚSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

PROJETO TRALALÁ:
PRÁTICAS MUSICAIS POR MEIO DO CANTO CORAL EM ESCOLAS
DA REDE MUNICIPAL DE NATAL

KELLINE CHRISTINE DE LIMA

NATAL – RN
2011
1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN


ESCOLA DE MÚSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

PROJETO TRALALÁ:
PRÁTICAS MUSICAIS POR MEIO DO CANTO CORAL EM ESCOLAS
DA REDE MUNICIPAL DE NATAL

Monografia apresentada à Universidade Federal do


Rio Grande do Norte como requisito parcial para a
obtenção do grau de licenciada em Música.

Orientador: prof. Dr. Jean Joubert Freitas Mendes

KELLINE CHRISTINE DE LIMA

NATAL – RN
2011
2

Catalogação da Publicação na Fonte

Biblioteca Setorial da Escola de Música

L732p Lima, Kelline Christine de.

Projeto Tralalá: práticas musicais por meio do canto coral em


escolas da rede municipal de Natal / Kelline Christine de Lima. –
Natal, 2011.

68 f.: il.

Orientador: Jean Joubert Freitas Mendes.

Monografia (Graduação) – Escola de Música, Universidade


Federal do Rio Grande do Norte, 2011.

1. Educação musical. 2. Coros infantis. 3. Educação infantil. 4.


Coral (música). I. Projeto Tralalá. II. Mendes, Jean Joubert Freitas.
III. Título.

RN/BS/EMUFRN CDU 78:37


3

KELLINE CHRISTINE DE LIMA

PROJETO TRALALÁ:
PRÁTICAS MUSICAIS POR MEIO DO CANTO CORAL EM ESCOLAS
DA REDE MUNICIPAL DE NATAL

Monografia apresentada à Universidade Federal do


Rio Grande do Norte como requisito parcial para a
obtenção do grau de licenciada em Música.

Orientador: prof. Dr. Jean Joubert Freitas Mendes

Aprovada em 07 de dezembro de 2011

BANCA EXAMINADORA

_________________________________

Prof. Dra Valéria Lázaro Carvalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________

Prof. Ângela Maria do Nascimento

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________

Orientador: prof. Dr Jean Joubert Freitas Mendes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

NATAL-RN

2011
4

Dedico este trabalho aos meus filhos Caio César e Karla


Monique que são o meu maior estímulo de viver e
continuar a cada dia aprendendo e compartilhando novos
conhecimentos e experiências. Eles me ensinaram a não
desistir e a confiar em cada nascer do sol, sempre na
esperança de um dia melhor e de um futuro promissor,
aprendendo sempre com as dores ou com as alegrias,
compartilhando cada segundo, alcançando dia a dia o
crescimento e o equilíbrio que todo ser almeja. A eles todo
o meu esforço em vencer o tempo e nunca dizer que é
tarde demais para desistir dos meus sonhos e anseios.
5

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a “Deus”, meu Pai e Senhor, pelo dom da vida e pela força
que faz despertar em mim em cada amanhecer.
Agradeço aos meus pais Carlos Alberto e Terezinha Paulino (in memória), por todo
amor e esforço dispensado em minha educação e formação.
A minha tia Maria de Fátima pela confiança em mim e por todas as palavras de
incentivo.
Aos meus filhos Caio e Karla por todo amor.
Aos meus irmãos Carlos Alessandro, Marco Rodrigo e Júlio César pela união.
Aos meus tios Walter e Mágnos, por serem tão presentes em minha vida.
A Sra Noilde Ramalho (in memória), diretora da Escola Doméstica de Natal, por todos
os ensinamentos passados.
Aos meus queridos professores: Wilma, Eliene, Zélia, Maria da Paz, Amires, Vera,
Pontes, Adailton, Ivani Bastos, Alcir enfim a todos que contribuíram para a minha formação.
Aos meus primeiros professores de música: Isméria Maria e Glênio Maciel.
As professoras Ângela Maria e Cristiane Otutumi que me deram a base para a
construção deste trabalho com as suas disciplinas: canto coral e atividades II.
A todos os meus professores da faculdade em especial a amiga e Mestra Cleide Alves,
por toda a cooperação na construção desse trabalho.
Ao Padre Pedro Ferreira, por todos os ensinamentos valiosos passados nestes muitos
anos de convívio em coro.
A todos os meus amigos coralistas, em especial aos contraltos, por todas as
experiências maravilhosas em grupo e pela sublime afinação.
Ao meu orientador prof. Dr. Jean Joubert de Freitas Mendes pela disponibilidade e
atenção.
Aos meus colegas de turma em especial Diego Bezerra, Maria Cristina, Caio Hígor,
Kaíque Paulo, Anne Charlyenne, Denice Maria e Adriano Bento por todos os momentos
compartilhados, pela amizade e companheirismo.
As minhas amigas Zuleika e Cristina Nagahama por toda força e incentivo.
Aos meus colegas de trabalho João Evangelista e Osiel Lobo pela ajuda valiosa no
material de metodologia de pesquisa.
6

A professora Rosângela Albuquerque e a todas as componentes do Coral Sons da


Terra da Secretaria Municipal de Natal, por toda atenção e paciência no período da pesquisa
de campo junto a esse coral.
Aos regentes dos corais Tralalá aqui pesquisados: Ana Lúcia Carneiro de Oliveira,
Fábio Rogério Cruz de Souza e Silvinha Oliveira, por toda disponibilidade junto a esta
pesquisa.
Enfim a todos que de alguma forma estiveram envolvidos na pesquisa e que me
acompanharam nesse período tão importante de minha vida.
7

“Assim como o coração produz o primeiro ritmo da vida, a música


nos devolve o pulsar da vida.”

Yehudi Menuhin
8

RESUMO

A presente monografia tem como objetivo analisar as práticas desenvolvidas em três corais infantis
das Escolas da Rede Pública Municipal de Natal que fazem parte do Projeto Tralalá, projeto que visa a
formação de corais infantis nesta comunidade escolar. O intuito deste trabalho é, por meio da
aplicação de questionários aos coordenadores/regentes que encontram-se a frente dos coros
investigados, apontar as diferentes práticas de educação musical por meio do canto coral que
acontecem nestes corais que apesar de seguirem as diretrizes do projeto, e terem o mesmo intuito,
diferem em alguns pontos. O presente trabalho, além de apontar possíveis falhas e propostas de
melhorias, ressalta pontos importantes para o sucesso da atividade. Foram notadas diferentes maneiras
de formação musical usadas nessas escolas, considerando o material humano, crianças e professores
de música. Foi possível perceber ainda a situação precária de algumas escolas e que, em consequência
disso, as chances de educação são desproporcionais. Além disso, observamos a grande importância do
projeto para o desenvolvimento do autoconhecimento da criança em aspectos como o seu corpo, sua
voz, sua capacidade de colaboração com os demais, incluindo o desenvolvimento de uma pequena
habilidade para a criação estética. Sob outra ótica o projeto também pode ser visto como um
estimulador para a criação de novos coros e formação de platéias.

Palavras-chave: Projeto Tralalá; Educação Musical; Coral Infantil.


9

ABSTRACT

This paper aims to analyze the activities developed in three children’s choirs in Public Schools of the
City of Natal that are parto f the Tralala Project, which aims the creation of children’s choirs in this
school community. The aim of this work is to point out, trough the application of questionnaires with
coordinators/conductors that are ahead of the investigated choirs, the different music education
practices that occur through choir singing despite following the guidelines of the project, and have the
same goals, differ in some points. The present work point out some possible failures and make
proposals of improvements and also highlights important aspects for the success of this activity. We
noticed different ways of musical teaching in these schools, considering the human material, children
and music teachers. It was still possible to see the plight of some schools and as a consequence, the
chances of education are disproportionate. Furthermore, we note the great importance of the project
for the development of the children’s self-consciousness in aspects such as their own body, voice,
ability to collaborate with others, including the development of a small ability to create beauty. From
another perspective the project can also be seen as stimulator for the creation of new choirs and
audiences.

Keywords: Tralalá Project; Music Education; Infant Choir.


10

LISTA DE ABREVIATURAS

ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência Social

CD - Compact Disc

CDL - Câmara dos Dirigentes Lojistas

DETRAN – Departamento de Trânsito

ENCONAT - Encontro de Corais de Natal

INSS- Instituto Nacional do Seguro Social

IFRN- Instituto Federal do Rio Grande do Norte

MARCO- Mostra de Arte, Cultura e Conhecimento

PDE- Plano de Desenvolvimento da Escola

SEBRAE- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEJUC- Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania

SME- Secretaria Municipal de Educação

UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte


11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Concerto Didático na Escola Municipal Arnaldo Monteiro dia 28/04/11............... 21


FIGURA 2 - Concerto Didático na Escola Municipal Professor Zuza dia 17/06/11.................. 21
FIGURA 3 - Concerto Didático na Escola Municipal Professor Zuza dia 17/06/11.
Apresentação da Música Fome-Come..................................................................... 22
FIGURA 4 - Concerto Didático na Escola Municipal Arnaldo Monteiro dia 28/04/11 .
Momento de interação com o público infantil......................................................... 22
FIGURA 5 - Concerto Didático Escola Municipal Arnaldo Monteiro dia 28/04/11. Professora
Rosângela respondendo as indagações dos............................................................. 22
FIGURA 6 - Ensaio geral dia 15/06/11 no prédio da CEMURE ................................................ 24
FIGURA 7 - Momento de ensaio das coreografias, CEMURE dia 15/06/11............................... 24
FIGURA 8 - Ensaio do Coral Tralalá, Escola Ascendino de Almeida, dia 18/10/11- Regente
Fábio Cruz............................................................................................................... 29
FIGURA 9 - Ensaio do Coral Tralalá, Escola Ascendino de Almeida , dia 18/10/11-Momento
de leitura das músicas.............................................................................................. 29
FIGURA 10 - Apresentação do Coral Tralalá na XIII Marco, dia 17/10/11, Campus da
UFRN...................................................................................................................... 30
FIGURA 11 - Ensaio do coral Canto e Encanto dia 07/10/11, na Escola Maria Cristina-
Exercícios respiratórios. ......................................................................................... 32
FIGURA 12 - Ensaio do coral Canto e Encanto dia 07/10/10, na Escola Maria Cristina -
Regente Ana Lúcia.................................................................................................. 32
FIGURA 13 - Coral Canto e Encanto- Momento de relaxamento............................................... 33
FIGURA 14 - Ensaio do coral Pequenos Trovadores, pátio da escola Santa Catarina dia
18/10/11. Exercícios de relaxamento...................................................................... 36
FIGURA 15 - Ensaio do Coral Pequenos Trovadores dia 18/10/11- Regente Silvinha Oliveira. 37
FIGURA 16 - Ensaio do Coral Pequenos Trovadores dia 18/10/11............................................. 37
12

SUMÁRIO

1. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO............................................................................. 14
1.1 Escolha do tema................................................................................................ 16
1.2 Trabalho de campo............................................................................................ 17

2. CAPÍTULO 2 – CORAL SONS DA TERRA: AÇÃO E REAÇÃO NA


COMUNIDADE ESCOLAR POR MEIO DE CONCERTOS
DIDÁTICOS....................................................................................................... 19

3. CAPÍTULO 3 – PROJETO TRALALÁ: HISTÓRICO, METAS E


AVALIAÇÕES.................................................................................................... 25
3.1. Escola Municipal Ascendino Henrique de Almeida - Projeto Tralalá- coral
28
Tralalá.....................................................................................................................
3.2. Escola Municipal Professora Maria Cristina Osório - Projeto Tralalá-Coral
31
Canto e Encanto......................................................................................................
3.3. Escola Municipal Santa Catarina- Projeto Tralalá - Coral Pequenos
35
Trovadores..............................................................................................................

4. CAPÍTULO 4 – Contrastando as escolas estudadas.............................................. 39

5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 43

6. REFERÊNCIAS...................................................................................................... 45

7. APÊNDICES........................................................................................................... 47
Apêndice A............................................................................................................. 47
Apêndice B.............................................................................................................. 49
Apêndice C.............................................................................................................. 51
Apêndice D............................................................................................................. 52
Apêndice E.............................................................................................................. 54
Apêndice F.............................................................................................................. 55
Apêndice G............................................................................................................. 56
Apêndice H............................................................................................................. 57
Apêndice I............................................................................................................... 58
Apêndice J............................................................................................................... 59
Apêndice K............................................................................................................. 60
Apêndice L.............................................................................................................. 61
13

ANEXOS .................................................................................................................... 62
Anexo A.................................................................................................................. 62
Anexo B.................................................................................................................. 63
Anexo C.................................................................................................................. 64
Anexo D................................................................................................................. 65
Anexo E.................................................................................................................. 66
Anexo F.................................................................................................................. 67
Anexo G.................................................................................................................. 68
14

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo observar as diferentes práticas de educação musical
em três corais infantis da Rede Municipal, pertencentes ao Projeto Tralalá, com base nos
relatos dos coordenadores que se encontram a frente desses grupos.
Por ser uma atividade desenvolvida em grupo, o canto coral ajuda no processo de
sociabilização da criança permitindo um aumento da criatividade e da auto-expressão assim
como, desenvolvendo o senso crítico, estético e humanitário, pontos importantes na formação
do caráter humano.
Segundo Ellmerich Luiz (1964, p.199) “coral (do grego “khoros”) é o conjunto a
várias vozes, com ou sem acompanhamento, sendo os componentes profissionais ou pelo
menos instruídos na arte vocal”. Tal definição não se encaixa quando aplicada ao contexto do
nosso trabalho, visto que o mesmo enquadra uma realidade que a cada dia torna-se mais
comum em nossa sociedade, e que é foco do presente estudo: a formação de coros infantis em
Escolas Públicas. Crianças que por meio do canto iniciam-se na música e têm sua base de
educação musical nos experimentos com a voz e o corpo, por meio basicamente da percepção.
A partir da percepção inerente a todo ser humano, percebemos o mundo das mais
variadas formas, dependendo do contexto no qual estamos incluídos, e também das
experiências vivenciadas no transcorrer de nossas vidas. É por meio da percepção que
formamos a nossa identidade e o nosso caráter. Segundo Granja (2006) “a percepção humana
é um processo que traz em si não apenas as manifestações sensoriais, mas também a
significação dessas manifestações” (GRANJA, 2006, p. 47). Precisamos constituir valores aos
sentidos, por meio das experiências. Perceber o mundo, as cores, os sons é fundamental para
que possamos formar nossos conceitos, opiniões e gostos. Segundo Marina (1995) “Perceber
é dar significado a um estímulo” (MARINA, 1995, p. 45)
A percepção está ligada aos significados e é a partir dela que passamos a valorizar
um objeto, uma música ou uma idéia. É com base nela, que criamos conceitos, construímos
valores e a nossa identidade. Quanto mais exercitamos a percepção, mais ampliamos os
nossos sentidos e inteligência.
Cantar é antes de tudo perceber. Segundo Santaella (1993; 2001) “olho e ouvido são
os órgãos dos sentidos mais diretamente ligados ao cérebro” (SANTAELLA, 1993; 2001) e
15

estes são as janelas de nossa percepção. No canto, ouvir é extremamente necessário. O ato de
ouvir vem em primeiro lugar: ouvir e tentar reproduzir. Deve ter sido assim com o primeiro
homem que, ao perceber um som provavelmente vindo da natureza, tentou reproduzi-lo. Esse
instante se repete com a criança: ouvir, repetir e dar significado a este som através de sua
percepção e experiências. Segundo Menuhim (1990) “A música é a nossa mais antiga forma
de arte, começa com a voz e com a nossa necessidade de se dar aos outros” (MENUHIN;
DAVIS, 1990, p. 1). Desde o período pré-histórico, achados arqueológicos (como os da
Caverna de Cogul na Espanha 1) nos levam a tirar estas conclusões, de que o homem desde os
mais remotos tempos já fazia uso de diversos materiais (ossos, madeira, pedras, corpo e a voz)
com a intenção de produzir sons e criar meios para comunicar-se. O homem construía a partir
de sua percepção seus significados sonoros. Provavelmente estes sons não eram usados com
fins estéticos ou contemplativos, mas como toda a arte da pré-história, com uma intenção
funcional, ligada a cerimônias e rituais.
O som está presente em nossas vidas antes de nos tornarmos seres conscientes. O
ritmo nos acompanha desde o ventre materno, nos batimentos cardíacos da mãe, no nosso
coração, em nossa respiração, no mundo que nos circunda, mesmo quando não temos uma
concepção do que ele seja, e nenhum significado tenha sido dado a ele por nós. Segundo
Menuhin (1990) “alguns hospitais experimentam aquietar os bebês recém-nascidos fazendo-
os ouvir gravações do batimento cardíaco humano, constatando em certos casos, que os bebês
se tranqüilizam e se acalmam ao ponto de esquecerem de respirar” (MENUHIM; DAVIS,
1990, p. 3). O som do coração lhes reportam ao ventre materno. Mesmo inconscientemente,
existe uma percepção e associação desse som que transfere à criança a lembrança daquele
ambiente confortável de segurança e aconchego.
Fora desse mundo ritmado pelo batimento de um coração, a audição passa a
desenvolver-se e as experiências sonoras aumentam dia após dia afetando nossas emoções,
sensações, unindo-se aos outros sentidos, criando relações, significados e chegando ao ápice
deste primeiro processo que é a capacidade não só de ouvir e perceber os sons, mas de
produzi-los. O primeiro veículo dessa produção sonora é a voz. É a partir dessa comunicação
sonora que a música passa a existir em nossas vidas, resultado da cultura na qual estamos
inseridos, das vivências e de uma gama de fatores que vão influenciar no nosso modo de fazer
e ouvir música.

1
Dança de Cogul – registro de pintura rupestre datada do período neolítico.
16

No canto coral o papel do regente, é de suma importância para que o coro trilhe a
construção do perfil do grupo e de cada componente em particular. No Projeto aqui abordado
este papel é intensificador visto que esta experiência sonora para a maioria dessas crianças
significa o seu primeiro fazer musical. O regente tem esse papel facilitador que transforma o
desejo musical em realidade nas vozes daquele grupo, participando ativamente da construção
do fazer musical dessas crianças a partir do estímulo da percepção. Ao valorizar cada
componente em particular, é também responsável pela significação desses valores que fazem
parte dessa complexa trama que é a formação do ser humano e de seus potenciais. Segundo
Gainza (1988) “musicalizar é tornar um indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro,
promovendo nele, ao mesmo tempo, respostas da índole musical” (GAINZA, 1998, p. 101).
A visão de cada regente é única, pois o mesmo em particular une suas experiências
às necessidades vistas em cada grupo assumido. De acordo com Granja (2006) “A percepção
não é um processo passivo à espera de um estímulo externo que o conduza. A percepção
humana é dirigida pelo sujeito, orientada segundo um projeto, uma intencionalidade”
(GRANJA, 2006, p. 52-53). A junção e trocas de informações é essencial para que a música
aconteça de acordo com suas especificidades, construindo a identidade do coro, do cantor e
alcançando seus objetivos musicais, valorizando as experiências por meio inicialmente das
percepções.

1.1. Escolha do Tema

Um ditado popular diz “Quem canta, seus males espanta”! Acredito que toda pessoa
que teve o mínimo contato com a música coral seja cantando, regendo ou mesmo assistindo,
desenvolva uma simpatia por esta prática.
Devido a minha profissão como coralista onde me encontro desde os 17 anos,
observo nessa atividade benefícios para quem dela participa. Deste modo, resolvi investigar o
Coral Sons da Terra por este desenvolver regularmente, nas Escolas da Rede Municipal de
Natal, concertos didático-pedagógicos na área do canto coral, agindo como formador de
platéias. Dentro dessa ação tivemos o conhecimento sobre o Projeto Tralalá fato que nos
levou a um novo foco visto que a atividade coral no projeto acontece nas escolas de forma
continuada, favorecendo a esses alunos os benefícios que o canto pode proporcionar: um
despertar musical, uma vivência com um novo tipo de música, assim como conhecimentos
sobre sua voz, seu corpo e as potencialidades que cada um encerra. Além de propiciar a
integração da criança na sociedade por meio das apresentações feitas em grupo. Essa ação
17

entra em acordo com o pensamento de Sekeff (2007) quando esta educadora musical comenta
que “o acesso à música, enquanto bem cultural da humanidade, favorece ao educando uma
integração ao mundo e propicia o seu desenvolvimento como ser social” (SEKEFF, 2007, p.
145).
Sabemos que a música em muitas regiões do Brasil passou certo tempo, afastada de
nossas escolas. Resgatando a história musical brasileira, as idas e vindas dessa prática em
nossos currículos escolares, podemos hoje avaliar o impacto que esta ausência criou em
crianças, jovens e adultos. Com a Lei nº 11.769 de 18 de agosto de 2008 que altera a Lei nº
9.394 de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) para dispor a
obrigatoriedade do ensino da música na educação básica, é trazida uma nova realidade para as
escolas, onde surgem oportunidades de se fazer música, usando os mais variados meios de
construção musical e o canto coral é uma valiosa ferramenta, visto que trabalha o ser de forma
conjunta e ao mesmo tempo única. Cada componente tem a oportunidade de se descobrir na
sua voz, nas suas potencialidades e num espírito de união partilhar suas experiências em
grupo.

1.2. Trabalho de Campo

A pesquisa foi desenvolvida em uma perspectiva qualitativa. As técnicas de coleta


utilizadas foram: a pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, entrevistas, fotos, gravações de
áudio/vídeo, elaboração de questionários e avaliação dos métodos e desempenho dos
envolvidos no processo dessa forma de Educação Musical.
Os questionários dividiram-se em quatro tipos: 2 para a regente e coordenadora do
Projeto Tralalá Rosângela Albuquerque com questões referentes ao Sons da Terra (Apêndice
A) e ao Tralalá (Apêndice C) em específico, 1 (Apêndice B) para as componentes do Coral
Sons da Terra ( Luciana Soares Ferreira, Maria de Fátima da Costa, Márcia Soraya Praxedes
da Silva, Edineuza Monteiro de Medeiros, Rosaneide Lopes de Souza Trigueiro e Deise da
Costa Crispim) e 1 (Apêndice D) para os coordenadores/regentes do Tralalá (Ana Lúcia,
Fábio Cruz e Silvinha Oliveira) aplicado em três das cinco escolas: Ascendino Henrique de
Almeida, Maria Cristina Osório Tavares e a Santa Catarina que compreendem a três zonas
distintas da cidade de Natal respectivamente: Zona Sul, Oeste e Norte.
O período destinado a coleta de dados teve início no dia 28 de abril de 2011, com
visita a Escola Municipal Arnaldo Monteiro às 14:00h (Apêndice E) e Escola Municipal
18

Antônio Severiano às 15:30h (Apêndice F), bairro do conjunto Pirangí, local onde
aconteceram 2 concertos didáticos do coral Sons da Terra.
A este coral foram dispensadas mais 2 visitas com intuito de observar os concertos
didáticos e entrevistar as componentes: dia 15 de junho de 2011, ensaio geral que antecedeu
os concertos didáticos do mês de junho no prédio da SEJUC às 19:30h e no dia 16 de junho
de 2011 aos concertos na Escola Municipal Professor Zuza, bairro de Dix-Sept Rosado
14:00h (Apêndice G) e Escola Municipal São Francisco de Assis às 15:30h (Apêndice H),
bairro de Nazaré .
As entrevistas com a regente/coordenadora Rosângela Albuquerque foram feitas em
2 momentos: dia 12 de maio de 2011, onde foram abordadas as questões sobre o coral Sons
da Terra, e no dia 17 de outubro de 2011 com questões referentes ao Projeto Tralalá.
Quanto as escolas envolvidas no projeto Tralalá e que são o foco desta pesquisa
foram feitas 3 entrevistas com os regentes/coordenadores e quatro visitas assim distribuídas:
dia 07 de outubro de 2011 às 9:00h, visita a Escola Maria Cristina no bairro de Felipe
Camarão (Apêndice I), 13 de outubro de 2011 visita a Escola Ascendino de Almeida ás
15:00h bairro de Pitimbú (Apêndice J), 17 de outubro de 2011 ás 09:00h ida a apresentação
do Coral Tralalá do Ascendino de Almeida na XIII MARCO, Leitura e Escrita: Formação do
Pesquisador no Campus da UFRN (Apêndice K) e dia 18 de outubro de 2011 visita a Escola
Santa Catarina ás 13:30h no bairro de Santa Catarina (Apêndice L).
Esta monografia está organizada em 4 Capítulos. No capítulo 1 é feita a introdução
em que há a exposição dos objetivos e justificativa da pesquisa. O capítulo 2 trata acerca do
Coral Sons da Terra, coro esse que foi o incentivador do Projeto Tralalá. O capítulo 3 é
dedicado ao Tralalá com base nas informações do projeto de criação no ano de 2003 e na
coleta de dados por meio de questionários aplicados aos envolvidos nesta ação, subdividindo-
se em 3 sub-tópicos dedicados ao estudo da atuação das praticas desenvolvidas em 3 das 5
escolas onde o mesmo acontece e que compreendem realidades diferentes, e também
localizações diferentes: Zona Sul, Oeste e Norte da grande Natal. No capítulo 4, contrastamos
as escolas estudadas observando como se desenvolve as atividades coral dentro de cada
instituição, ressaltando as diferentes visões dos regentes/coordenadores que se encontram a
frente do projeto, observando as diferenças em suas práticas no ensino da educação musical
por meio da atividade coral e as divergências dessas práticas, assim como possíveis mudanças
na atuação do projeto dentro desses 8 anos de existência por meio da ação individual de cada
regente/coordenador. Com a conclusão encerramos o nosso trabalho com as considerações
finais, apontando as contribuições do projeto para os alunos participantes e para a sociedade.
19

CAPÍTULO 2

2. CORAL SONS DA TERRA: AÇÃO E REAÇÃO NA COMUNIDADE ESCOLAR


POR MEIO DE CONCERTOS DIDÁTICOS

O interesse pelo Projeto Tralalá surgiu após pesquisa realizada junto ao Coral Sons
da Terra, coro da Secretaria Municipal de Educação da cidade de Natal que vem
desenvolvendo desde 1990 um trabalho nas Escolas da Rede Municipal, promovendo
Concertos Didáticos com o objetivo de despertar na comunidade escolar o gosto pela música
coral e assim a formação de platéias no âmbito do canto coral. Partindo da premissa que para
toda ação existe uma reação, vemos o projeto aqui estudado como um despertar para o
trabalho musical, desempenhado por esse coro. Por esse motivo, é relevante falarmos da
história desse coral e suas ações que resultaram em uma nova forma de se abordar a música
em algumas Escolas da Prefeitura da cidade de Natal que optaram pelo Projeto Tralalá,
utilizando a prática coral como um dos meios de musicalização dos seus alunos.
O coral Sons da Terra foi fundado em setembro de 1991, trata-se de um coro
exclusivamente feminino e é composto por funcionárias da rede municipal de Natal, em sua
maioria educadoras, totalizando 25 componentes: a regente, 10 sopranos, 9 mezzo-sopranos e
6 contraltos. A sua regente Rosângela Albuquerque, encontra-se a frente do coral desde a sua
fundação e foi a responsável pela primeira formação do coral quando ocorreu o deslocamento
dos componentes do antigo madrigal da UFRN na época (1990), para a Secretaria Municipal
de Educação. Rosângela era cantora do madrigal e viu a oportunidade de iniciar um coral na
Secretaria de Educação, aproveitando o grupo da escola de música que acabara de se desfazer.
Trazendo um coro já formado para a secretaria seria um meio de despertar o interesse dos
funcionários municipais em ingressarem no coral.
Esta primeira fase do Sons da Terra durou um ano. Tinha uma formação mista de 32
componentes e era regido pelo professor Glênio Maciel 2, mas como a maioria dos
componentes não tinha nenhum vínculo profissional com a prefeitura, começaram a surgir
alguns impasses que levaram ao fim do coral. Não querendo desistir do seu projeto,
Rosângela continuou com um pequeno grupo vocal, agora como regente, ensaiando nos
mesmos dias do antigo coral: segundas e quartas-feiras a noite mantendo desta forma uma
pequena chama do canto coral viva na instituição. Enquanto isso na secretaria tramitava um

2
Professor de música da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
20

documento para a criação do coral da prefeitura de Natal. Em setembro de 1991 com a


assinatura da portaria de criação pela Prefeita Vilma Maia, o coral Sons da Terra foi
oficialmente criado.
Com a criação do coral o primeiro passo seria o preenchimento das vagas. A
princípio deveria ser um coro misto. Devido o pouco interesse dos funcionários do sexo
masculino em cantar em um coral, tomou-se um novo rumo em sua formação e o coral Sons
da Terra passou a ser um coro formado apenas por mulheres. No início houve dificuldade em
encontrar um repertório que satisfizesse as necessidades do grupo, visto que era formado por
vozes femininas e iguais. Com a ajuda do professor, compositor e arranjador Danilo Guanais 3
esse problema foi sanado, pois o mesmo escreveu vários arranjos exclusivos para o coro.
Depois com o tempo os contatos com outros grupos favoreceram as trocas de partituras,
resultando no aumento do acervo musical desse grupo.
Desde a sua primeira formação não oficial em 1990, o coral tem como objetivo
principal a formação de platéias no âmbito do canto coral por meio de concertos didático-
pedagógicos, visando despertar o gosto pelo canto coral e a divulgação dessa arte entre a
comunidade escolar. Nesses 20 anos de atividades, mais de 1000 apresentações foram feitas
pelo coral levando a música coral para adultos e crianças nos mais variados espaços e
contextos. Segundo a regente “as escolas são o carro chefe do coral” (ROSÂNGELA, 2011),
uma vez que os concertos didáticos foram usados como justificativa para a criação do coro da
prefeitura. O objetivo dos concertos didáticos foi alcançado, pois em várias escolas visitadas,
viu-se crescente interesse dos alunos, em cantar em um coro. Tal interesse fez com que os
dirigentes das escolas procurassem a Secretaria Municipal de Educação e demonstrassem o
desejo na criação de coros infantis em suas escolas, daí surgiu o Projeto Tralalá.
Há 20 anos esses concertos didáticos acontecem mensalmente. Atualmente, ocorrem
duas vezes por mês e seguem um calendário de apresentações fixo que vai de março a
outubro, já determinado no início do ano letivo. O roteiro das apresentações e o repertório
vêm impressos no programa que é distribuído durante os eventos. Com raras exceções o
mesmo é alterado, geralmente segue-se o repertório determinado e apenas no caso de uma
platéia onde os contemplados sejam jovens ou adolescentes são feitas pequenas alterações,
mas sem fugir ao tema proposto, (visto que o público alvo geralmente são crianças do 1º ao 5º
ano). Desde 2010 o repertório escolhido aborda o meio ambiente, todas as músicas são
associadas a este tema, músicas como: “Cio da Terra”, de Milton Nascimento e Fernando

3
Professor de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
21

Brant; “Planeta Sonho”, de Flávio Venturini, Vermelho e Márcio Borges; “Defensores da


natureza” de Aloísio Reis, Biafra e Nilo Plinta além de canções do folclore brasileiro como
“Nesta Rua Tem Um Bosque” e Coco Peneruê, dentre outras mais que se encontram na
programação anual em ANEXO A e B no presente trabalho. Outros temas foram abordados
nos Concertos Didáticos durante todos esses anos dentre eles: O Folclore e o Circo.
O concerto didático traz às crianças e jovens a oportunidade de um contato com um
tipo de música não tão comum a esse público, despertando o interesse pelo novo e diferente.
Atualmente não existe outro projeto ou ação voltada para a formação de platéias no âmbito do
canto coral em nossa cidade e a oportunidade oferecida a esse público vem dando bons frutos.
Os alunos, por meio dessas apresentações, aprendem a ouvir questionar e analisar a prática
coral. Conhecimentos como: os tipos de vozes e a exploração desses timbres e o contato com
um repertório não tão conhecido, já que o mesmo é composto por músicas eruditas, populares,
folclóricas e infantis, vem só enriquecer o universo musical dessas crianças.

FIGURA 1 – Concerto Didático na Escola Municipal FIGURA 2 – Concerto Didático na Escola Municipal
Arnaldo Monteiro dia 28/04/11. Professor Zuza dia 17/06/11.

As apresentações seguem um fio condutor, intercaladas por textos, as músicas vão


sendo apresentadas de forma divertida e curiosa, com coreografias dando um caráter dinâmico
ao evento. Dentre as canções que mais se destacam no repertório infanto-juvenil temos o
“Fome-Come” música de Paulo Tatit e Luiz Tatit na qual ocorre uma maior interação das
coralistas e a platéia por meio do corpo e expressões faciais. Com caretas e movimentos
corporais a música tira risadas e caras de susto da platéia, sendo sempre reprisada no final das
apresentações por insistência do público.
22

FIGURA 3 – Concerto Didático na Escola Municipal Professor Zuza


dia 17/06/11. Apresentação da Música Fome-Come.

Após o concerto a regente conversa com a platéia sobre a apresentação, passa


algumas informações sobre o coral e abre um espaço para responder as muitas indagações que
surgem sobre o assunto.

FIGURA 4 – Concerto Didático na Escola FIGURA 5 - Concerto Didático Escola


Municipal Arnaldo Monteiro dia 28/04/11. Municipal Arnaldo Monteiro dia 28/04/11.
Momento de interação com o público infantil. Professora Rosângela respondendo as
indagações dos alunos.

A regente Rosângela Albuquerque é natural de Natal RN, é graduada em Educação


Artística com habilitação em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, tem
especialização em Educação Infantil e teve seus conhecimentos musicais intensificados na
área de Canto e Teoria Musical na Escola de Música da UFRN e no Instituto Waldemar de
Almeida, além de participar de diversos cursos, congressos e seminários nas áreas de
Regência Coral e Canto. Foi componente de vários corais de Natal como contralto dentre os
quais podemos citar: o “Madrigal” da Escola de Música da UFRN (1980 a 1988) e o grupo
23

“De Coro e Alma” (1989-1997). No ano de 1997 foi escolhida para o cargo de presidente da
Ordem dos Músicos do Brasil- Conselho Regional do RN, sendo a primeira mulher a ocupar
este cargo. Foi reeleita duas vezes e permaneceu no cargo até 1999.
Sua atuação como regente se deu em diversos coros da cidade de Natal onde muitos
deles foram criados pela própria, dentre eles: o dos Correios, da Guarda Municipal,
DETRAN, ANASPS/INSS, da Secretaria Estadual de Administração, Escola FREINET, entre
outros. No momento rege o “Coral Sons da Terra” parte integrante desse trabalho e o Coral do
SEBRAE/RN. A mesma também coordena o Encontro Nacional de Coros da Cidade de Natal
(ENCONAT) que acontece no período de novembro.
Atualmente o coral ensaia nas segundas e quartas-feiras das 19h30min as 22h00min
no prédio da CEMURE (Centro Municipal de Referência em Educação Aloísio Alves)
localizado na Avenida Coronel Estevam, ao lado da rodoviária Estadual, no bairro de Nossa
Senhora de Nazaré.
Na dinâmica de ensaios existe sempre a preocupação por parte da regente em trazer
ao grupo inovações para não correr o risco da rotina do ensaio tornar-se enfadonha.
Basicamente a seqüência das práticas no ensaio é: o relaxamento, o aquecimento vocal e por
fim o estudo das partituras. Dinâmicas de grupo também são usadas com o fim de sanar
eventuais problemas internos que possam afetar o coro, assim como os exercícios voltados
para a expressão corporal visto que em suas apresentações, principalmente com as crianças o
uso do corpo está sempre presente na interação com as músicas e o público. Nos ensaios são
trabalhadas a percepção rítmica e sonora, a técnica vocal, a afinação e a expressão corporal
das componentes; pontos importantes na formação musical das coristas.
24

FIGURA 6 – Ensaio geral dia 15/06/11 no prédio do FIGURA 7 – Momento de ensaio das coreografias,
CEMURE (Centro Municipal de Referência em CEMURE dia 15/06/11.
Educação Aluísio Alves).

Além dos concertos didáticos, o coral conta com uma agenda de apresentações
mensais em vários âmbitos da sociedade e também em outros estados do país, levando o
nosso jeito de fazer música para além das fronteiras potiguares. “O nosso repertório é
composto de músicas eruditas, populares, regional nordestina, folclóricas e infantis, bem
acessíveis ao nosso público alvo” comenta a regente Rosângela Albuquerque.
Em 2004, o coro gravou um CD com coletâneas de hinos, com destaque para o Hino
a Natal, de composição do ex-secretário de educação do Município, Professor Waldson
Pinheiro (ver encarte em Anexo C).
O trabalho desempenhado por esse coro é apaixonante e poderia ser estudado por
várias óticas, porém, direcionamos nosso trabalho ao Projeto Tralalá, fruto dessa ação
desenvolvida nas escolas, por se encontrar mais diretamente ligado a área de Educação
Musical.
25

CAPÍTULO 3

3. PROJETO TRALALÁ: HISTÓRICO, METAS E AVALIAÇÕES.

O Projeto Tralalá, como foi citado anteriormente, nasceu da vontade de alguns


alunos de Escolas Municipais da cidade de Natal que, após assistirem os concertos didáticos
do Coral Sons da Terra em suas escolas, manifestaram o desejo de se integrarem em um coral.
Os dirigentes dessas comunidades escolares procuraram a Secretaria Municipal de Educação e
levaram os anseios dos seus alunos por terem um coral em suas escolas. Como forma de
satisfazer as necessidades desses grupos que surgiam, foi criado o Projeto Tralalá.
Baseado no fato que a canção tem um valor considerável na educação das crianças,
fazendo parte de sua bagagem inicial nos primeiros anos da escola, e que o trabalho
desenvolvido nessa área favorece na criança o desenvolvimento de sua percepção rítmica,
sonora, memória musical além de todas as atribuições ligadas a sociabilização e sensibilização
do indivíduo, beneficiando também a concentração e o raciocínio, também ajuda na
coordenação motora e na parte fonoaudiológica da criança. Os responsáveis pelo projeto,
reconhecendo todas essas vantagens, entenderam que o canto devesse não só ser preservado
no ambiente escolar, mas cultivado e desenvolvido como meio de atender as necessidades do
desenvolvimento infantil. Com essa justificativa apresentaram o projeto para implantação de
corais infantis nas Escolas da Rede Municipal de Ensino de Natal, objetivando a disseminação
da arte coral nas unidades escolares municipais.
Com base no projeto de criação, o Tralalá teve início no ano de 2003 e apresentou
como ponto de partida a formação de um pólo formado por três escolas situadas no bairro de
Pitimbú/Planalto, expandindo para mais cinco escolas da rede municipal, totalizando oito
escolas sob a responsabilidade dos professores de música de cada instituição envolvida no
projeto. As ações do projeto são monitoradas pelo setor de Cultura e Desporto/SME onde se
planejam as ações a serem desenvolvidas uniformemente pelas escolas através de encontros,
visitas e reuniões com esses profissionais.
Os principais objetivos do projeto seria a disseminação da arte coral através da
criação desses coros nas Unidades Escolares Municipais, oportunizando um contato direto
dessas crianças com a música através dessa prática, utilizando um repertório apropriado para
cada faixa etária com intuito de desenvolver a sociabilidade do aluno e sua integração social,
auxiliando também na fixação da aprendizagem.
26

Dentre as principais metas do projeto estaria a formação de oito corais nas escolas:
Ascendino Henrique de Almeida, Otto de Brito Guerra, Emanuel Bezerra, Carlos Belo
Moreno, Antonio Severiano, Emília Ramos, Ulisses de Góis e Berilo Wanderley com a
participação desses coros nos eventos programados pelo SME e outras instituições e no
ENCONAT- Encontro de Corais da Cidade do Natal.
As ações e atividades, envolvidas na manutenção do projeto, seriam feitas por meio
das reuniões com professores e com os dirigentes das escolas participantes, unindo-se em prol
do planejamento das ações a serem desenvolvidas, divulgação do projeto, seleção do
repertório e o acompanhamento sistemático a todas as escolas.
Para que o projeto acontecesse em cada escola seria necessário um professor de artes
habilitado em música (do qual 8 horas/aula seria dedicado ao projeto) e quarenta alunos na
faixa etária de 7 aos 10 anos. A coordenação do Setor de Cultura e Desporto, responsável pelo
projeto, ficou a cargo na época das professoras Rosângela Albuquerque e Maria de Fátima
Mendonça.
A princípio, os recursos materiais para o funcionamento do projeto em cada escola
seriam: a aquisição de um armário de aço com chave, instrumentos de bandinha rítmica,
fardamento oficial (Fornecido pelo SME), fardamento opcional (Escola), CD Player,
instrumento harmônico: teclado ou violão elétrico, caixa amplificada e sala ambiente.
A avaliação do projeto seria feita por meio do acompanhamento das atividades
propostas e da observação contínua dos envolvidos na ação, como também do resultado a ser
apresentado.
O resultado desse projeto vem sendo acompanhado em vários eventos internos das
escolas de origem, em convites vindos de outras escolas, instituições filantrópicas, empresas
privadas e nos concertos natalinos promovidos por alguns Shoppings Centers de nossa cidade.
Destacamos a participação dos coros infantis no ENCONAT- Encontro de Corais da
Cidade do Natal, realizado anualmente no mês de Novembro, onde é dedicada uma tarde aos
coros infantis de nossa cidade, denominada sessão infanto-juvenil. Com a intenção de
divulgar o trabalho desenvolvido nos coros infantis que compõem o projeto, propiciando a
chance de integração entre os corais e a troca de experiências. Outra ação importante que vem
acontecendo também nesse âmbito de divulgação e integração dos corais infantis é o Projeto
Tralalando que é realizado no Centro de Referência do Professor no mês de outubro desde o
ano de 2007 e visa promover a integração e intercâmbio cultural dos grupos participantes,
contribuir para o crescimento do movimento coral infantil em nossa cidade, além de
desenvolver a sociabilidade do aluno com o estímulo da apreciação do canto coral investindo
27

assim na formação de platéias voltadas para esse gênero musical. A primeira edição ocorreu
nos dias 01 e 02 outubro de 2007, a segunda nos dias 18 e 19 de outubro de 2009 e a edição
desse ano acontecerá durante a realização do ENCONAT e se chamará: Tralalando no
ENCONAT ( ANEXO F e G).
Atualmente o projeto acontece em cinco Escolas Municipais de Natal: Ascendino
Henrique de Almeida (Pitimbú), Maria Cristina Osório Tavares (Felipe Camarão), Santa
Catarina (Santa Catarina), Almerinda Bezerra Furtado (Guarapes) e Celestino Pimentel
(Cidade da Esperança), sob a coordenação dos respectivos professores de música : Fábio
Cruz, Ana Lúcia Carneiro, Silvinha Oliveira, Gueidson Lima e Nicodemos. A coordenação
do projeto está a cargo da Professora Rosângela Albuquerque.
Durante estes oito anos várias Escolas Municipais fizeram parte do Tralalá, mas
algumas não conseguiram desenvolver o projeto, dentre elas tivemos a Escola Mareci Gomes,
Berilo Wanderley e Emília Ramos que não prosseguiram no projeto devido ao remanejamento
dos professores responsáveis por motivos particulares. Nesse ponto chegamos ao principal
entrave na aplicação e desenvolvimento do projeto que seria o número reduzido de
professores habilitados em música nas escolas, o que dificulta a substituição de um ou outro
professor que tenha que se afastar por qualquer motivo que seja. Segundo Rosângela
coordenadora do projeto:

O problema continua, pois mesmo com a contratação de professores


habilitados em música, aprovados no último concurso realizado pela SME, a
prioridade da carga horária tem sido dada para sala de aula, o percentual
destinados a projetos, no momento, não está sendo autorizado.
(ROSÂNGELA, 2011).

Na visão da coordenadora, a mudança dentro do projeto deverá ocorrer no sentido de


ampliação, “com a adesão de novas escolas e uma equipe central que possa oferecer um
assessoramento mensal” (ROSÂNGELA, 2011).
No critério de escolha das escolas aqui abordadas foi levado em conta primeiramente
o tempo de atuação do projeto em cada escola e a localização das mesmas, além da
disponibilidade dos coordenadores em nos atender.
A seguir este capítulo subdivide-se em 3 subtítulos onde com base nas respostas
obtidas por meio aplicação dos questionários, abordamos com mais profundidade a ação do
Projeto Tralalá nas 3 escolas escolhidas e que são foco de nossa pesquisa.
28

3.1. Escola Municipal Ascendino Henrique de Almeida- Projeto Tralalá- Coral Tralalá.

A Escola Ascendino Henrique de Almeida está situada na Rua Engenheiro Joaquim


Cardoso nº220 Vale do Pitimbú Natal-RN, Zona Sul de Natal e constitui a escola mais antiga
dentro do Projeto Tralalá, a iniciativa para a criação do projeto na escola partiu da Professora
Rosângela Albuquerque. O Professor Fábio Rogério de Oliveira Cruz está à frente do Projeto
Tralalá desde o seu início na função de regente há 8 anos, quando foi criado um pólo que era
constituído por 3 escolas situadas no bairro de Pitimbú/ Planalto (Ascendino Henrique de
Almeida/Pitimbú, Otto de Brito Guerra/Satélite e Emanuel Bezerra/Planalto). O mesmo é
graduado em Educação Artística com Habilitação em Música pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte.
A Escola Ascendino Henrique de Almeida faz parte do primeiro pólo de criação do
projeto aqui em questão. Das 3 escolas citadas anteriormente e que foram ponto de partida do
Projeto, é a única que continua ativamente desde o ano de 2003. Devido a vários fatores o
projeto não se desenvolveu nas outras duas escolas pertencentes ao pólo (Oto de Brito
Guerra/Satélite e Emanuel Bezerra/Planalto) nesse caso, tendo o apoio necessário na atual
escola, o regente resolveu investir no projeto e iniciou outras atividades envolvendo a música
para completar a sua carga horária nessa instituição, dentre elas a criação do Festival de
Música Ascendino de Almeida e a criação de outro coral que não faz parte do Projeto Tralalá.
O regente divide a sua carga horária na escola de 30 horas com 4 projetos musicais, 3
corais: o Tralalá, formado por 40 alunos das turmas de 3º, 4º e 5º anos (ensaiam no contra
turno), um segundo coral dos 1º e 2º anos (4 turmas de manhã e 4 a tarde) e um terceiro coral
formado pelos alunos da educação infantil (2 turmas de manhã e 2 turmas a tarde) além do
Festival de Música do Ascendino de Almeida onde todos os alunos participam ativamente,
inclusive as professoras nas salas de aula do 3º,4º e 5º, totalizando 7 turmas pela manhã e 7
turmas a tarde.
O primeiro projeto a se desenvolver na escola foi o Tralalá, mas a criação de outras
possibilidades musicais tornou-se necessária visto que, o projeto por abarcar um número
limitado de alunos, não contemplava todos os interessados em participarem de uma prática
musical. Segundo Machado (2002): “é fundamental a percepção da existência de demandas
individuais e de grupos, valorizando-se a diversidade cultural e buscando-se construir
instrumentos eficazes para a comunicação intercultural” (MACHADO, 2002, p. 63).
29

O número de componentes no Tralalá é sempre impreciso, por questões específicas


da comunidade escolar varia bastante, este ano está em torno de 20 a 30 alunos e a faixa etária
varia entre 08 e 11 anos com a quantidade aproximada de 10 meninos e 16 meninas.
A escolha do repertorio é feita pelo próprio professor do coral, fazendo uso de
músicas infantis (cantigas de roda, folclóricas), músicas conhecidas do grande público e
músicas sugeridas pelos cantores, professoras ou compostas na escola para o Festival de
Música.
A dinâmica de ensaios começa com o acolhimento dos alunos (conversa informal),
estudo do repertório, letra, audição das músicas, coreografias e encenação com intervalos
freqüentes e rápidos para idas ao banheiro, beber água e conversas. A aprendizagem musical
se dá por meio da escuta e acompanhamento da letra durante os ensaios.
Os encontros acontecem nas 5ª feiras pela manhã (9 às 10:30h) e a tarde (14 às 15:30
h) na biblioteca da escola e as apresentações ocorrem nas escolas da Rede Municipal, eventos
da SEM (Secretaria Municipal de Educação) e outros poucos convites da comunidade externa
(Postos de Saúde, IFRN e UFRN).

FIGURA 8: Ensaio do Coral Tralalá, Escola FIGURA 9: Ensaio do Coral Tralalá, Escola
Ascendino de Almeida, dia 18/10/11- Regente Ascendino de Almeida, dia 18/10/11-Momento
Fábio Cruz. de leitura das músicas.

A escolha dos componentes do coral se dá com base em uma lista feita pelas
professoras de cada turma onde são colocados os nomes dos interessados em participar do
coro, após isso é feito um sorteio para o preenchimento das vagas. O regente não utiliza teste
apenas a classificação das vozes com os sorteados e afirma que em 99% dos casos de crianças
desafinadas que mostram o interesse em participarem do coral, com o tempo obtêm êxito e se
afinam com as outras vozes.
Além do Tralalá, dos outros dois corais e do Festival Ascendino de Almeida, a escola
conta com aulas de música dentro da disciplina de Artes. Quanto aos planejamentos das ações
30

desenvolvidas no projeto, elas ocorrem na escola e quando há solicitação da coordenação do


projeto (Setor de Cultura da SEM). Os recursos destinados ao fardamento vêm da SME e o
material necessário para o funcionamento do coral é fornecido pela escola e pelo professor.
Dentro das dificuldades enfrentadas na ação do projeto, o regente relata a distância
da escola da moradia da maioria dos alunos, pois sendo o projeto voltado para as crianças, o
número de componentes fica sempre menor do que deveria ser.
Dentre as muitas contribuições do projeto para a comunidade escolar e as crianças
que dele participam o regente destaca todas as contribuições que a música oferta dentre elas: o
desenvolvimento da disciplina, a socialização, sensibilidade, consciência corporal,
desinibição, elevação da auto-estima e para a comunidade escolar grande alegria, confiança e
apoio às crianças.
Na visão do regente, a melhoria do projeto se dará quando ocorrerem mais encontros
de planejamento e cursos onde os professores/regentes e coordenação possam trocar suas
experiências no âmbito do projeto.
Como citado anteriormente, o projeto Tralalá apesar de ter sido o primeiro projeto
musical a se desenvolver dentro da escola não é a única alternativa de experimentação
musical dos alunos. Além do referido projeto têm-se o coral, o Festival de Música Ascendino
de Almeida e as aulas de música que acontecem regularmente dentro da disciplina de artes.

FIGURA 10- Apresentação do Coral Tralalá na XIII


Marco, dia 17/10/11, Campus da UFRN.

Quanto à continuidade da música na vida dos alunos que participaram dos projetos na
escola, sabe-se de ex-cantores querendo formar bandas com amigos, outros cantando em suas
atuais escolas, igrejas e compondo músicas.
O trabalho aqui desenvolvido dentro do Projeto deu frutos dentro da própria escola
como vimos com a criação de outros coros e da participação em massa no Festival de Música
31

onde são mostradas várias composições feitas com a colaboração dos alunos, professores e
regente. Tal ação estimula e desperta a criatividade e o prazer em cantar tanto nos alunos
como em toda comunidade escolar que se deleita com as criativas composições e com bela
interpretação dada pelo coro a estas canções.

3.2. Escola Municipal Professora Maria Cristina Osório - Projeto Tralalá - Coral Canto
e Encanto.

O Projeto Tralalá acontece na Escola Municipal Professora Maria Cristina Osório


Tavares há 7 anos e está situada na Rua Antônio Carolino S/N Bairro de Felipe Camarão,
Zona Oeste de Natal. Desde o início a professora Ana Lúcia Carneiro de Oliveira encontra-se
a frente do projeto, a regente é Bacharel em Música com habilitação em Canto e Regência
Coral, Licenciada em Artes Visuais e Especializada em Artes. A mesma já trabalhava com
coral em outra escola e foi convidada pela professora Rosângela, coordenadora do projeto
para fazer parte do Tralalá. Até então na atual escola não existia nenhum projeto. Sua carga
horária na instituição é de 20 horas semanais onde 6 são destinadas ao projeto.
A professora tem 3 grupos na escola e ensaia em momentos diferentes. O grupo mais
antigo tem 5 anos e é formado por ex-alunos. Seus componentes migraram para outras escolas
como o Veríssimo de Melo e a Fundação Bradesco, ambas no bairro de Felipe Camarão, mas
apesar do coro não fazer mais parte do Tralalá, pois foge às propostas do mesmo, continua
ensaiando na escola e quando necessário, dão um suporte aos novatos que ingressam no
Projeto.
Esse grupo antigo é formado por 22 componentes e apenas 6 são alunos dessa escola
e cursam o 5º ano. O repertório desse grupo é diferenciado por serem pré-adolescentes e
também pela extensão das vozes. A professora continua com o grupo ensaiando nas quintas-
feiras no espaço cedido pela escola aos ex-alunos visto que os componentes manifestaram o
desejo de continuarem cantando em um grupo coral.
Já o “Canto e Encanto” coral do projeto Tralalá da presente escola, é formado por 47
alunos, na faixa etária dos 6 aos 11 anos. Os ensaios acontecem nas sextas-feiras de 11:20h às
12:20h para os alunos da manhã e de 17:20h às 18:20h para os alunos da tarde, não
ultrapassando uma hora cada encontro, as vezes até menos pois as crianças se cansam
facilmente. A respeito disso Schimiti (2003) chama a atenção para o papel do regente,
principalmente aquele que se encontra a frente de um coro infantil que além de conhecer bem
o que faz, deve ter uma bagagem musical, ser conhecedor de sua voz, respeitar a faixa etária e
32

limitações das vozes de seus cantores e ser capaz de identificar sinais de cansaço e
desinteresse no seu grupo, procurando sempre meios de tornar divertido o aprender
(SCHIMITI, 2003).

FIGURA 11- Ensaio do coral Canto e Encanto dia FIGURA 12-Ensaio do coral Canto e Encanto dia
07/10/11, na Escola Maria Cristina- Exercícios 07/10/10, na Escola Maria Cristina-Regente Ana
respiratórios. Lúcia.

A dinâmica dos ensaios se inicia com o relaxamento, aquecimento, vocalizes e


exercícios respiratórios e em seguida a entonação das músicas ensaiadas. Todas as fases do
processo (relaxamento, aquecimento, vocalize, postura) são feitas com acompanhamento de
um CD contendo músicas de relaxamento, cada etapa do ensaio faz-se de maneira lúdica a fim
de tornar natural e prazeroso o ato de cantar, relacionando os exercícios a coisas do cotidiano
e a gestos. Como o ato de se imaginar soprando uma vela nos exercícios respiratórios. Como
cita o início do ensaio, tempo de preparação e conscientização vocal, é o momento para
desenvolvermos certas atitudes de escuta, de atenção e de memória, de percepção melo-
rítmica, de postura corporal, de emissão sonora e de afinação. É talvez, um dos momentos
mais preciosos de nosso ensaio! (BARHAM; NELSON, 1991).
A escolha do repertório se dá por meio de pesquisa, visto a dificuldade em adequar o
repertório a cada faixa etária e maturidade do grupo, além da extensão vocal das crianças
envolvidas. O critério para escolha dos componentes é a afinação. É feito um teste de afinação
que vai do grave ao agudo, o último teste feito foi com o número de 100 alunos de onde foram
escolhidos 47. A aprendizagem se dá por meio de uma lista com a letra das músicas e de um
CD que é entregue para que cada criança possa ouvir em casa e memorizar as canções,
facilitando a integração do grupo nos ensaios e mantendo a afinação.
33

FIGURA 13 – Coral Canto e Encanto- Momento


de relaxamento.

As apresentações do grupo acontecem em lugares variados desde os promovidos pela


Secretaria Municipal de Educação a convites de outras instituições como Shoppings,
Escritórios e Empresas privadas onde por meio destes participam apresentando-se em:
congressos, jantares, eventos culturais, formaturas, encontro de corais, etc. Já tiveram a
oportunidade de apresentarem-se no Hotel Pirâmide, no Centro de Convenções na Convenção
Internacional da CDL, na Programação que teve de Lisboa em Natal, participando do jantar
com os portugueses, enfim, muitos desses convites são provocados pela regente que sempre
que tem a oportunidade oferece o que o coral tem de melhor (ANEXO D). As empresas que
se interessam tornam-se amigos do coral e sensibilizados, ajudam o grupo de diversas formas,
com a doação de CD’s, camisetas, transporte para passeios, presentes e brindes para serem
sorteados entre os componentes. Dessa forma a professora estabelece um vínculo com essas
empresas e por meio dessas parcerias supre algumas carências financeiras como: transporte,
fardamento e materiais para o ensaio como os CD’s. O apoio financeiro para custear o projeto
seria exclusivamente da Secretaria Municipal de Educação, mas nem sempre é possível contar
com essa ajuda, ficando a cargo dessas parcerias e sendo essa, segundo a regente, uma das
maiores dificuldades enfrentada na execução do projeto.
A regente também promove encontro com os pais das crianças, porque a
participação dos pais é muito importante (ANEXO E). Durante esses anos, a regente
conseguiu estabelecer um a relação de amizade com os familiares que participam ativamente
dos eventos. No ano passado, foi oferecido um jantar aos pais dos alunos pela regente onde
foram distribuídos vários brindes entre os que ali estavam e doações feitas pelas empresas
colaboradoras do coral, proporcionaram um momento de interação entre o coral, os familiares
e a escola.
34

Segundo a regente, o projeto tem uma importância bastante significativa na vida das
crianças que dele participam, não só das crianças, mas de seus familiares que acabam se
envolvendo desde o teste até as apresentações participando do processo de aprendizagem das
músicas em casa, prestigiando as apresentações, apreciando.
Na visão da regente, as melhorias no projeto vão se dar por meio da capacitação dos
regentes envolvidos assim como a conscientização nas escolhas dos repertórios infantis e a
ampliação de ações voltadas para eventos que incluam coros infantis.
Hoje, na escola, o projeto não é a única alternativa de experimentação musical dos
alunos. Tem-se a flauta doce e nos 3ºs anos os alunos têm música como componente
curricular obrigatório em sala de aula.
Existem vários relatos de continuidade na música dos componentes que participaram
do projeto, dentre eles a ação que acontece dentro da própria escola com o coral formado por
ex-alunos que continuam ensaiando regularmente dentre outros que se encontram na Escola
de Música da UFRN, uns mais que se engajaram em outros projetos como: o de flauta do
projeto Vida e Movimento, Conexão Felipe Camarão, Banda de Música da Fundação
Bradesco entre outros mais.
É certo afirmar que o coral aqui pesquisado devido aos resultados alcançados durante
a atuação do projeto, trata-se de um espaço de motivação, inclusão social e integração. A
partir das ações desenvolvidas pela regente que não só trabalha junto aos alunos, mas também
entre os familiares, a comunidade escolar e a sociedade, incluindo e tecendo uma teia de
relações em volta desse trabalho, vemos que a motivação está presente em cada etapa, desde o
trabalho vocal de seus pequenos cantores por meio da atividade vocal em grupo resultando no
prazer de cantar e apresentar-se em público, quanto na interação com os familiares e escola, a
partir do momento que as etapas do trabalho são acompanhadas de perto pelos familiares dos
componentes e pela escola e pelos demais patrocinadores, além do público que prestigia as
apresentações em diversos espaços e ambientes no qual o coral se apresenta.
Segundo Herzberg (MAXIMIANO, 2004), a motivação concretiza-se a partir da
presença de fatores extrínsecos e intrínsecos. Já para Maslow (apud MAXIMIANO, 2004), a
motivação ocorre a partir do cumprimento das necessidades do indivíduo. Dessa forma o
regente tem o papel motivador dentro do grupo, no papel facilitador, a partir das metas
estabelecidas cobra os resultados, divulga o conhecimento, valoriza a educação, patrocina as
boas idéias e sempre busca o consenso do grupo (AMATO NETO, 2005).
35

3.3. Escola Municipal Santa Catarina- Projeto Tralalá- Coral Pequenos Trovadores.

A Escola Municipal Santa Catarina está localizada na Rua Profª Maria Arlete Lima
Nascimento s/n, bairro de Santa Catarina, Zona Norte de Natal. O Projeto Tralalá está atuante
na escola há 5 anos e há 3 vem sendo coordenado pela professora Silvinha Oliveira que é
formada em Educação Artística com habilitação em Música.
A fundação do coral neste âmbito se deu por meio da diretora da escola com a antiga
professora de artes Ana Lúcia Carneiro de Azevedo que hoje se encontra a frente do Projeto
Tralalá na Escola Maria Cristina e que também é alvo de pesquisa no presente trabalho.
Das 20 horas de carga horária da professora Sílvia, 4 horas são destinadas ao projeto,
ou seja, 4 horas a menos do que o projeto exige. O grupo é composto por 25 crianças, (10
meninos e 15 meninas) com a faixa etária dos 7 aos 11 anos de idade.
A escolha do repertório do coral se dá por meio de um consenso entre a regente e os
alunos. Um processo de escuta onde tanto os alunos levam músicas que gostariam de cantar
quanto à regente disponibiliza a audição de novas canções para que haja a escolha do
repertório. A professora afirma: “procuro músicas que despertem neles valores, onde eles
possam utilizá-los no dia-a-dia. Músicas que os ajudem a se expressar e utilizo o corpo para
auxiliar nessa expressão (SILVINHA, 2011). Quanto a escuta Granja comenta (2006): “Por
meio de uma escuta atenta o ouvinte pode ampliar o seu repertório de “relações sonoras”
conhecidas. Quanto maior for seu repertório, melhor será sua compreensão musical.
(GRANJA, 2006, p.67)
A dinâmica de ensaios se inicia sempre com aquecimento corporal (alongamentos) e
vocal, depois se passa para a leitura das músicas, principalmente as que impõem mais
dificuldade. Os ensaios acontecem duas vezes por semana quando não há eventualidades, nas
terças e quintas-feiras, no horário das 13 às 15:00h. As apresentações acontecem dentro da
própria escola, como em outras escolas da comunidade, festas de formaturas infantis,
comemorações escolares, no ENCONAT (Tralalando), no fim de ano na árvore com o Coral
Sons da Terra, na MARCO e igrejas. O fardamento fica por conta do PDE. Quanto a
freqüência das apresentações variam, às vezes passa-se meses sem que haja uma apresentação
sequer, e por vezes surgem várias apresentações em um único mês.
36

FIGURA 14 – Ensaio do coral Pequenos Trovadores, pátio da


escola Santa Catarina dia 18/10/11. Exercícios de relaxamento.

O critério de escolha dos componentes do coral Pequenos Trovadores se dá por meio


de testes de percepção rítmica e afinação com o uso de músicas simples. A professora chama
a atenção para os casos de crianças que estão no coral com o intuito da socialização, sendo
uma prática bastante usada na escola, visto que é comprovada a melhora no desempenho e
comportamento destes alunos em sala, no ambiente escolar e em casa. Lev Vigotsky (1998)
comenta que o processo de socialização é o que capacita psicológica e culturalmente o
homem em formação a ser um cidadão de uma coletividade e de uma cultura
(VIGOTSKY,1998).Também sobre este assunto Brunner e Zeltner (1994) comentam:
“socialização é o processo pelo qual um indivíduo desenvolve suas formas específicas e
socialmente relevantes de comportamento e de vivência, convivendo ativamente com outras
pessoas”( BRUNNER e ZELTNER, 1994, p. 241).
Normalmente o planejamento é feito pela professora uma vez por mês na segunda-
feira. Ela afirma que: “Durante este ano de 2011, nós só nos encontramos uma vez, devido
vários fatores da secretaria” (SILVINHA, 2011). Segundo a regente não houve um
planejamento em comum.
A aprendizagem das músicas se dá por meio da imitação, o aluno escuta a música e
tenta reproduzir, ficando a cargo da regente os ajustes quanto a dinâmica e uso de
coreografias em cada canção escolhida. A respeito desse processo de aprendizagem
perceptivo Granja (2004) comenta: “A percepção humana é dirigida pelo sujeito, orientada
segundo um projeto, uma intencionalidade” (GRANJA, 2004, p. 53).
A maior dificuldade vista pela regente quanto à ação do projeto em sua escola é a falta
de um ambiente próprio para se ensaiar, materiais e o fundamental que é o silêncio, fatores
37

que dificultam a concentração dos coralistas durante as práticas musicais e prejudicam a


dinâmica dos ensaios.

FIGURA 15 – Ensaio do Coral Pequenos Trovadores


dia 18/10/11- Regente Silvinha Oliveira.

Quanto à importância do projeto para a comunidade escolar e para as crianças a


regente comenta: “olha tenho recebido elogios por parte dos pais que notaram que seus filhos
melhoram com a participação no coral” (SILVINHA, 2011) e afirma: “A música vai aonde as
pessoas muitas vezes não conseguem entrar” (SILVINHA, 2011).
Quando indagada sobre os pontos que deveriam melhorar no projeto quanto à
aplicabilidade em sua escola, a regente cita: a questão da carga horária que é de 8 horas e ela
só dispõe de 4 e a obtenção de uma verba para construção de um ambiente adequado com
materiais de música na escola.

FIGURA 15: Ensaio do Coral Pequenos Trovadores dia


18/10/11.

O projeto aqui também não é a única alternativa de experimentação musical dos


alunos pois o currículo contempla a música em sala de aula, mas a única informação de
38

continuidade de música na vida dos estudantes é de ex alunos que, a pedidos, após saírem da
escola continuam freqüentando os ensaios do coral.
Observando o ensaio ao ar livre, percebe-se as dificuldades já citadas pela regente
como: a falta de uma sala apropriada, o silêncio e materiais de apoio pedagógicos que sejam
usados como suporte durante os ensaios. É certo afirmar que os problemas físicos dificultam a
aplicação do projeto nessa instituição, além da carga horária reduzida da regente que
impossibilita explorar o potencial do grupo.
Apesar de todos estes fatos que contam negativamente, é notório o entusiasmo e
interesse dos alunos em cantar e participarem ativamente do ensaio, mesmo em condições
pouco apropriadas, as crianças respondem positivamente aos exercícios e parecem ter uma
boa aprendizagem quanto ao repertório musical.
39

CAPÍTULO 4

4. CONTRASTANDO AS ESCOLAS ESTUDADAS

O canto coral favorece práticas bem sucedidas de educação musical, não só pelo
aspecto socializador, mas por despertar a sensibilidade afetiva em seus participantes e a
elevação da auto-estima. Avaliando a aprendizagem musical em grupo, percebemos que
praticamente todas as dificuldades enfrentadas são compartilhadas, o que evita os
desestímulos e as frustrações. A partir do momento que se enxerga no outro as dificuldades
que também são suas, fica mais fácil vencer em conjunto, criando uma atmosfera de
cumplicidade e aceitação de si e do próximo. Outro fator importante de motivação são as
músicas executadas em grupo que por mais simples que sejam, trazem grande satisfação ao
aluno que vê sua capacidade de superação em cada repertório vencido.
A partir da proposta do projeto, o ensino nestes espaços é contextualizado com o
universo sociocultural dos seus alunos, guiado pelas concepções pedagógicas dos seus
coordenadores que levam em consideração as múltiplas realidades dos alunos assim como os
contextos e as particularidades do seu grupo no momento de trabalhar a música coral.
Dentre os benefícios observados pelos coordenadores dos corais aqui pesquisados, no
que se refere aos seus componentes, podemos destacar: o desenvolvimento da disciplina, a
socialização, a consciência corporal, a desinibição, a elevação da auto-estima assim como
uma significativa melhora do comportamento tanto em casa quanto no ambiente escolar por
parte destes. Quanto a importância para a comunidade escolar, podemos enfatizar a
participação das famílias nas apresentações e o envolvimento em massa da comunidade
escolar nos eventos em que o coral participa, quando estes têm a oportunidade de desfrutar
momentos de experiências estéticas que vivificam o ambiente escolar.
O projeto Tralalá segue um propósito, o de disseminar a arte coral nas escolas da
Rede Pública Municipal de Natal. Sem fugir a intencionalidade da ação, cada espaço em que
ocorre a aplicabilidade deste projeto, deve ser observado em particular, visto que, as
diferenças existentes em todo o meio, é que vão ditar o sucesso ou não de uma ação. A
respeito disso Souza (2004) aponta: “E nós professores, não estamos diante de alunos iguais,
mas de jovens ou crianças que são singulares e heterogêneos socioculturalmente, e imersos na
complexidade da vida humana” (SOUZA, 2004, p. 10). Mesmo que a intenção seja a mesma,
o processo irá se desenvolver de diferentes formas: seja no espaço que acontece os ensaios,
40

nos meios que dispõem cada professor para trabalhar as potencialidades dos seus alunos, no
repertório escolhido enfim, tudo vai depender de uma série de fatores que diferentemente vão
agir e chegar a um fim proposto ou não. Segundo Queiroz,

a capacidade dos indivíduos de construir grupos, de criar e compartilhar


conceitos, comportamentos e produtos dentro de um determinado meio,e a
forte utilização da música nos distintos contextos sociais da humanidade,
demonstram que os fenômenos musicais, determinados pela cultura e
também determinantes dessa, estão presentes nos mais variados universos
ocupados e estabelecidos pelo homem em seu convívio social. (QUEIROZ,
2005, p. 49).

De forma contextualizada devemos observar o ensino da música nesses corais, levando


em consideração também o propósito de cada regente, suas visões perante o grupo, seus
gostos, sentimentos e toda a estrutura que é disponibilizada para que este possa elaborar seus
processos de ensino e aprendizagem da música, devemos levar em consideração o mundo de
experiências que cada um encerra assim como, o seu modo de viabilizar o conhecimento.
Vamos notar que o processo de ensino aprendizagem difere ou coincide de um coral
para outro, enquanto um regente trabalha todas as etapas de relaxamento, vocalize,
aquecimento, outro por dispor de pouco tempo, pula essa etapa e inicia os ensaios já com as
canções. Tais diferenças vão existir e depender tanto de fatores externos quanto da
preparação e intenção de cada regente em particular.
No Projeto Tralalá, cada regente tem autonomia dentro de seu grupo quanto a escolha
do repertório, ao modo de seleção usado na escolha de seus componentes, os meios de se
trabalhar a música, enfim, ele tem a liberdade de planejar da melhor forma os meios de atingir
os seus objetivos. Granja (2004) comenta: “objetivo maior da educação deve ser o
desenvolvimento das personalidades individuais, dos projetos pessoais de existência”
(GRANJA, 2004, p. 101). O educador tem que adequar os seus saberes em prol do aluno e do
grupo, procurando meios de viabilizar o conhecimento de forma clara e facilitada.
A escolha do repertório nos 3 corais se dá de maneira parecida visto que há um
consenso entre o regente e os cantores quanto a escolha das canções, respeitando os gostos e
as opiniões, levando em consideração o fato de se ter ainda hoje uma carência quanto ao
repertório coral infantil, o processo se dá por meio de pesquisa.
Os métodos de aprendizagem das músicas geralmente se dão também de forma
parecida, por imitação, visto que os alunos não dominam a escrita musical. Primeiramente
recebem a letra da música para que possam acompanhar e fixar o texto e a melodia é tocada
pelo professor ou ouvida em CD. No caso da Escola Maria Cristina, a professora passa para
41

cada aluno, além da letra digitada um CD contendo o repertório para que eles possam ouvir
em casa as músicas, fato este que na visão da regente, auxilia a memorização das músicas e
ajuda na afinação do grupo.
A idade do grupo também é um fator importante no momento em que se avalia um
repertório ou a interação entre os componentes. O tempo irá permitir uma relação mais
próxima entre os componentes e o regente favorecendo a dinâmica dos ensaios. Dentro do
grupo o tempo e as experiências vivenciadas em conjunto vão favorecer o processo de
sociabilização e com ele o cumprimento de várias etapas que ditam o amadurecimento de um
grupo.
A música faz parte da grade curricular das 3 escolas, sendo que em 2 (Ascendino de
Almeida e Maria Cristina), encontramos outros grupos musicais (corais) que foram criados
logo após a inserção do Tralalá nestes espaços. Na Escola Maria Cristina além do já citado se
tem o ensino da flauta doce e no Ascendino de Almeida temos o Festival de Música.
O relato de continuidade dos alunos na música, após saírem do projeto, é presente em
todas as 3 escolas, seja a continuidade em outras instituições ou no coral Tralalá, como
acontece na Escola Santa Catarina.
Quanto as dificuldades para o desenvolvimento do projeto em cada espaço em
particular, registramos as seguintes observações: No Ascendino de Almeida o problema
encontra-se na distância da escola da casa dos alunos fato que favorece a diminuição do
numero de componentes no projeto. No Maria Cristina a maior dificuldade está ligada ao
apoio financeiro para custear fardamentos, transporte o que impossibilita a ida do grupo a
alguns eventos e no Santa Catarina a dificuldade encontra-se na ausência de um espaço físico,
uma sala onde se possa ensaiar, favorecendo o silêncio e a concentração, pontos tão
importantes nesta atividade.
Com exceção da Escola Santa Catarina que elegeu como prioridade para melhoria do
projeto a construção de um espaço destinado a música onde esta possa trabalhar
tranquilamente com seu grupo e o aumento de sua carga horária de 4 para 8 horas, os outros 2
regentes apostaram na capacitação dos regentes e no aumento do número de planejamentos
direcionados para esta ação que incluam cursos voltados para este fim e que contemplem as
trocas de experiências entre os envolvidos, além do apoio financeiro por parte da Secretaria,
ponto fundamental no planejamento e desenvolvimento do projeto.
O espaço onde acontece a ação, a aquisição de materiais como fardamento e materiais
de apoio e a carga horária dos professores, são fatores que influenciam no desenvolvimento
do projeto, mas que não dependem dos professores/regentes. A responsabilidade dessas
42

questões fica a cargo da Secretaria Municipal de Educação ou da escola onde o projeto se


desenvolve, partindo destes as mudanças necessárias para que o projeto no âmbito
administrativo siga a risca as diretrizes contidas no projeto de criação do Tralalá e tenha seus
objetivos alcançados, não afetando de forma negativa seu desenvolvimento nas escolas.
O Projeto Tralalá é uma ação que deve receber incentivo e investimento para que
assim possa ampliar sua abrangência em outras escolas da rede municipal de Natal,
permitindo desta forma o contato das crianças com esta prática e seus benefícios. Talvez com
o aumento do número de professores de música em sala de aula, a carga horária destinada a
este trabalho pudesse ser aumentada, e conseqüentemente contemplasse um maior número de
alunos por escola (hoje o projeto contempla o número de no máximo 40 alunos em cada
instituição). Este projeto no meu ver é muito importante na formação de futuros apreciadores
musicais, músicos e cantores, além de ser divulgador desta arte.
43

5. CONCLUSÃO

Sob a ótica dos regentes/coordenadores, podemos constatar as atividades do Projeto


Tralalá se desenvolvendo em diferentes espaços e também de diferentes formas, visto que
vários fatores como tempo, espaço, formação dos professores dentre outros aspectos,
influenciam no modo como seus coordenadores conduzem seus grupos, sem alterar os
resultados. Apesar das diferenças, a perspectiva continua a mesma, o fazer musical se dá de
formas diferentes, mas atingem os objetivos do projeto e dos regentes.
Vimos como é intensificador o papel do regente na construção do fazer musical
dessas crianças que por meio do estímulo da percepção nas crianças, consegue dar significado
as manifestações sonoras e um novo sentido a música, permitindo por meio desta, a
descoberta do uso das vozes e um contato com um novo tipo de música. Por este motivo é
importante que se invista na formação destes professores para este fim, aumentando os
encontros e planejamentos em comum para que neles aconteçam as trocas de experiências e
de suas vivências em cada grupo em particular.
Além de todas as vantagens que a música dentro desta ação oferece quanto a
formação da personalidade das crianças, ela permite que barreiras como a timidez sejam
vencidas por meio da convivência e de todas as práticas educacionais desenvolvidas em
grupo, propiciando também um alargamento social quando por meio das apresentações as
crianças têm a oportunidade de participarem de eventos que envolvem a sociedade em
diferentes espaços.
No meu modo de ver o Projeto Tralalá é uma semente hoje, para um amanhã
musicalmente falando mais consciente. Além de divulgar o Canto Coral é muito importante
na formação dos alunos quanto a futuros apreciadores musicais, músicos ou cantores. As
crianças assistidas por esta ação, mesmo que não permanecendo envolvidas em atividades
musicais futuramente, devido a experiência musical vivida nesta idade, serão capazes de
opinar esteticamente sobre uma música com um mínimo de propriedade sobre o assunto visto
que, na infância, tiveram o estimulo da percepção sonora, fato importante para a formação de
um ouvinte educado, crítico e consciente. O Projeto age como um iniciador musical que virá a
despertar nestas crianças este mundo amplo, curioso, motivador e belo que é a música.
Para a sociedade o projeto age como um formador cultural seja na formação de
platéias, futuros músicos, cantores, críticos musicais ou qualquer outra profissão que exija ou
não o uso do senso estético. O projeto investe na disseminação da arte coral e favorece a
44

criação de grupos representantes desta arte, assim como favorece a participação dos grupos
em encontros divulgando os potenciais culturais do nosso estado.
Tendo em vista a nossa atual realidade educativa, é relevante a iniciativa de projetos
que contemplem a música coral nas escolas, a prática esta ligada ao desenvolvimento da
criatividade estética e emocional tão importante na formação humana que contribui para a
recuperação da ação educativa e cultural dos indivíduos, formando cidadãos críticos e
atuantes culturalmente na sociedade.
45

REFERÊNCIAS

AMATO NETO, João. Organização e motivação para produtividade. São Paulo:


FCAV/EPUSP, 2005.

BARHAM, T.J.; NELSON, D.L. The boy’s changing voice: New solutions for today’s
choral teacher. CPP/ Belwin, Inc. Miami, Florida, 1991.

BRUNNER, Reinhard; ZELTNER, Wolfgang. Dicionário de Psicopedagogia e Psicologia


educacional. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

ELLMERICH, Luis. História da Música. São Paulo: Fermata do Brasil, 1977.

GAINZA, Violeta Hemsky de. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo: Summus
Editorial, 1988.

GRANJA, Carlos Eduardo de Souza Campos. Musicalizando a escola: música,


conhecimento e educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2006.

MACHADO, N.J. Educação: projetos e valores. São Paulo: Escrituras, 2002.

MARINA, J.A. Teoria da inteligência criadora. Lisboa: Caminho, 1995.

QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. A música como fenômeno sociocultural: perspectivas para
uma educação musical abrangente. In: MARINHO, Vanildo Mousinho; QUEIROZ, Luis
Ricardo Silva (Orgs.). Contexturas: O ensino das artes em diferentes espaços. João Pessoa:
Editora Universitária/ UFPB, 2005.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2004.

MENUHIN, Yehudi; DAVIS, Curtis W. A música do homem. São Paulo: Martins fontes,
1981.

ROSA. Entrevista concedida à autora em 12 de maio de 2011. Gravação em formato digital.

SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1993.

______. Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual e verbal. São Paulo:


Iluminuras/Fapesp, 2001.

SCHIMITI, Lucy Mauricio. Regendo um Coro Infantil... reflexões, diretrizes e atividades.


Revista Canto Coral. Associação Brasileira de Regentes de Coros, Ano II n. 1, p. 15-18,
2003.

SEKEFF, Maria de Lourdes. Da Música –seus usos e recursos. São Paulo: UNESP, 2007.
SILVINHA. Entrevista concedida à autora em 18 de Outubro de 2011. Gravação em formato
digital.
46

SOUZA, J. Educação musical e práticas sociais. Revista ABEM. Porto Alegre, nº10, p.07-11,
2004.

SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. Trad. Alda Oliveira e Ana Cristina
Tourinho. São Paulo: moderna, 2003.
47

APÊNDICES

APÊNDICE A: Modelo de questionário aplicado a regente do Coral Sons da Terra.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN

ESCOLA DE MÚSICA-EMUFRN

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA PLENA

CORAL SONS DA TERRA-QUESTIONÁRIO DA REGENTE

* Este questionário tem como objetivo coletar dados sobre a regente do Coral da
Prefeitura Municipal de Natal “Sons da Terra”, para a pesquisa de monografia
sobre o referido coral.

Entrevistado (a):________________________________________________

Local: _____________________________________ Data:_____________

1 – Qual foi o seu primeiro contato com a música?

2 – Você pode me falar um pouco sobre a sua trajetória e formação musical?

3 – Quando, como e porque o coral “Sons da Terra” foi formado?

4 – Quais eram suas expectativas quanto à criação do coral?

5 – Porque um coro feminino

6 – Quantas componentes têm o coral?

7 – Qual o critério de escolha para o nome do coral?

8 – Como se dá a escolha do repertório?

9 – Como você adapta as músicas as vozes femininas?

10– Que público alvo o coro visava atingir no início?

11– E hoje mudou ou continua o mesmo?

12 – E seus objetivos mudaram com o tempo ou continuam os mesmos?


48

13 – Na sua opinião quais as principais dificuldades técnicas enfrentadas pelas


componentes do coral?

14 – Qual foi seu maior desafio frente ao coro?

15 – Quais critérios você usa para a seleção das componentes do coral? Esse
critério mudou com o tempo?

16 – Dentro dos ensaios e apresentações e apresentações que áreas da formação são


trabalhadas?

17 – Como se dá a dinâmica dos ensaios? É a mesma usada desde o início do coral?

18 – Quais as dificuldades enfrentadas pelo coral durante esses anos no âmbito


administrativo?

19 – Qual o momento junto ao coral lhe trouxe maior realização?

20 – Na sua opinião qual a importância do canto coral para a sociedade e que papel
o “Sons da Terra” desempenha nesse âmbito?

21 – Na sua opinião que benéficos o canto traz para a vida das coralistas?

22 – Vocês promovem concertos didáticos? Desde quando?

23 – De quem foi a iniciativa do concerto didático?

24 – Quais os objetivos do concerto didático?

25 – Como, quando e com que freqüência acontece as apresentações?

26 – Na sua opinião qual o ganho real para o público contemplado pelo concerto
didático?

27 – Como se dá a escolha do repertório para essa ação?

28 – Você mudaria algo no coral?


49

APÊNDICE B: Modelo de questionário aplicado as componentes do Coral Sons da Terra.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN

ESCOLA DE MÚSICA-EMUFRN

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA PLENA

CORAL SONS DA TERRA-QUESTIONÁRIO DAS COMPONENTES

* Este questionário tem como objetivo coletar dados sobre as componentes do


Coral da Prefeitura Municipal de Natal “Sons da Terra”, para a pesquisa de
monografia sobre o referido coral.

Entrevistado (a):________________________________________________

Contralto ( ) Mezzo ( ) Soprano ( ) Idade______________

Profissão:______________________________________________________

Local da entrevista: ______________________________________________

Data:_____________

1 – Em que ano você ingressou no coral?

2 – O que lhe motivou a procurar o coral?

3 – Você tem alguma formação musical?

4 – Quando iniciou no coral você já desempenhava alguma atividade musical?


Qual?

5 – Suas expectativas mudaram quanto ao coral do tempo que você nele até hoje?

6 – Como é a convivência entre as coralistas?

7 – Você acha que o coral contribuiu de alguma forma para o seu crescimento
pessoal ou profissional?

8 – O que você aprendeu cantando?

9 – O que a música desperta em você?


50

10– Você sentiu algum tipo de dificuldade quando ingressou no coral? Se sim,
conseguiu superar? Como?

11– Quais os benefícios do canto coral para você?

12 – Na sua opinião quais os benefícios do canto coral para a sociedade?

13 – Na sua opinião qual o principal objetivo do cora “Sons da Terra”?

14 – Na dinâmica de ensaios e apresentações qual o momento que você mais gosta?

15 – Qual experiência junto ao coral lhe foi mais prazerosa?

16 – O que você acha do repertório que vem sendo ensaiado?

17 – Quanto aos concertos didáticos que vocês atuam, na sua opinião qual o ganho
real para o público e para o coral?

18 – Qual a importância para você dessas apresentações?

19 – Você acha que o coral contribuiu para o seu crescimento musical? Por quê?

20 – Você mudaria algo no coral?


51

APÊNDICE C: Modelo de questionário aplicado a coordenadora do Projeto Tralalá


Rosângela Albuquerque.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN

ESCOLA DE MÚSICA-EMUFRN

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA PLENA

PROJETO TRALALÁ-QUESTIONÁRIO DO COORDENADOR

* Este questionário tem como objetivo coletar dados sobre o Projeto Tralalá, por
meio de informações fornecidas pelo coordenador do projeto, para a pesquisa de
monografia sobre o referido projeto.

Entrevistado (a):________________________________________________

Local:_________________________________________Data:_____________

1. Como se deu a criação do projeto?

2. Quais os benefícios do projeto para as crianças que participam do Tralalá?

3. E para a comunidade escolar?

4. Quais as principais dificuldades quanto à aplicação do projeto nas escolas?

5. Em sua opinião o projeto teria que sofrer alguma mudança? Qual?

6. Qual o principal motivo no seu ver levou a desistência do projeto em


algumas escolas?
52

APÊNDICE D: Modelo de questionário aplicado aos coordenadores/regentes do


Projeto Tralalá.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN

ESCOLA DE MÚSICA-EMUFRN

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA PLENA

PROJETO TRALALÁ-QUESTIONÁRIO DO COORDENADOR

* Este questionário tem como objetivo coletar dados sobre o Projeto Tralalá ,por
meio de informações fornecidas pelo coordenador do coral entrevistado, para a
pesquisa de monografia sobre o referido projeto.

Entrevistado (a):________________________________________________

Local: _____________________________________ Data:_____________

1 – Qual a sua formação?

2 – Há quanto tempo você está à frente do projeto?Você foi o primeiro coordenador


do projeto em sua escola ou tiveram outros antes de você?

3 – Há quanto tempo existe esse projeto na sua escola?

4 – De quem foi a iniciativa para a criação do projeto em sua escola?

5 – Você conhece a história do projeto?

6 – Como é a sua carga horária na escola? Quanto tempo é dedicado ao projeto?

7 – Quantas crianças fazem parte?

8 – Qual a faixa etária dos componentes?

9 – Quantos meninos e meninas?

10– Como se dá a escolha do repertório?

11– Como é a dinâmica dos ensaios?

12 – Quantos encontros semanais vocês têm?


53

13 – E as apresentações, onde acontecem e com que freqüência?

14 – Que critério você usa para a escolha dos componentes?

15 – O coral tem um nome?

16- Como se dá a aprendizagem das músicas?Só aprendem no projeto ou têm aula


de música na escola?

17 - Como e quando acontecem os planejamentos das ações desenvolvidas no


projeto?

18-De onde vem o recurso destinado ao fardamento e material necessário para o


funcionamento do coral?

19- O repertório seguido é o mesmo para todas as escolas ou diferem entre si?

20-Quais as maiores dificuldades no seu modo de ver dificultam a ação do projeto?

21- Para você qual a importância desse projeto para a comunidade escolar e as
crianças que dele participam em particular?

22- O que acha que precisa melhorar no projeto?

23- O projeto é a única alternativa de experimentação musical dos alunos?

24-Há informações de continuidade de música dos alunos após o projeto?


54

APÊNDICE E: Fotos da apresentação do Coral Sons da Terra na Escola Municipal


Arnaldo Monteiro dia 28/04/2011.
55

APÊNDICE F: Fotos da apresentação do Coral Sons da Terra na Escola Municipal


Antônio Severiano dia 28/04/2011.
56

APÊNDICE G :Fotos da apresentação do Coral Sons da Terra na Escola Municipal


Professor Zuza dia 15/06/2011.
57

APÊNDICE H: Fotos da apresentação do Coral Sons da Terra na Escola Municipal


Francisco de Assis dia 15/06/2011.
58

APÊNDICE I: Visita a Escola Maria Cristina- Coral Canto e Encanto dia 07/10/2011.
59

APÊNDICE J: Visita a Escola Ascendino de Almeida- Coral Tralalá dia 13/10/2011.


60

APÊNDICE K: Visita a XIII MARCO- Apresentação do coral Tralalá dia 17/10/2011


61

APÊNDICE L: Visita a Escola Santa Catarina- Coral Pequenos Trovadores no dia


18/10/2011.
62

ANEXOS

ANEXO A: Programação dos Concertos Didáticos 2011- Frente


63

ANEXO B: Programação dos Concertos Didáticos 2011- Verso


64

ANEXO C: Encarte do CD do Coral Sons da Terra


65

ANEXO D: Apresentações do coral Canto e Encanto no Midway Mall dia 06 de dezembro de 2007,
Projeto Árvore dos Sonhos e no ENCONAT dia 15 de novembro de 2008.
66

ANEXO E: Apresentação no Salão Nobre da Igreja Batista de Barro Vermelho no jantar de


Natal oferecido pela professora Ana Lúcia aos pais dos coralistas.
67

ANEXO F: Programação do ENCONAT 2011 – Concertos Infantis dia 17/11/11.

Prefeitura Municipal do Natal

Secretaria Municipal de Educação

Departamento de Ensino Fundamental

Setor de Cultura e Desporto


ENCONAT – CONCERTOS INFANTIS/2011

DIA: 17 de novembro/2011 – Hora: 15h

Local: Escola Municipal Maria Cristina

PROGRAMAÇÃO

Nº Nome do Coral Regente Instituição

01 E.M. Mª Cristina Ana Lúcia Proj. Tralalá-SME

02 E.M. Celestino Pimentel Nicodemos Proj. Tralalá-SME

03 E.M. Almerinda Bezerra Gueidson Pessoa Proj. Tralalá/SME

04 Coral Infantil do CEI Janilson Colégio CEI

05 Coral SEDUC Prata SEDUC-CE


68

ANEXO G: Programação do ENCONAT 2011 – Concertos Infantis dia 18/11/11.

Dia: 18 de novembro de 2011 – Hora: 15h

Local: E. M. Ascendino de Almeida – Conj. Pitimbu

PROGRAMAÇÃO

Nº Nome do Coral Regente Instituição

01 E.M. Ascendino de Almeida Fábio Proj. Tralalá-SME

02 E.M. Mareci Gomes Edna Proj. Tralalá-SME

03 E. M. Vovó Mulata Kléber Colégio Vovó Mulata

04 E.M. Sta. Catarina Silvinha Proj. Tralalá/SME

05 Coral Canto Jovem Marcelo Projeto Petrobras-


Guamaré/RN

You might also like