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Universidade Presbiteriana Mackenzie

Fichamento sobre as Fases do Surgimento


do Direito do Trabalho no Brasil

Maria da Graça Piffer Rodrigues Costa

Disciplina: Direitos Fundamentais no Trabalho – Aspectos Constitucionais/Inter. Do Trabalho

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Freire Sampaio

São Paulo
2019
Fichamento sobre as Fases do Surgimento do Direito do Trabalho no Brasil

Trilha de Aprendizagem 6 – O trabalho enquanto elemento constitucional-econômico


brasileiro.

Considera-se, inicialmente, o “papel modificador na história do direito do trabalho,


como realização da democracia, e não como mero instrumento de ratificação da desigualdade
social e proteção dos mais privilegiados” (p. 6). Nesse sentido, o texto, a partir das posições
doutrinárias colocadas, entende o direito do trabalho como mecanismo garantidor de direitos
de uma classe hipossuficiente.

Revisita-se o “trabalho na antiguidade grega como noção de pena, castigo (causava


fatiga no corpo e entorpecia o espírito do ser humano), era considerada uma atividade menor,
destinada àqueles que não tinham liberdade” (p. 8). De forma semelhante era entendido o
trabalho no cristianismo, ao passo em que através do labor se alcançaria o reino de Deus.

Por outro lado, para o protestantismo o trabalho “passa a ser uma espécie de vocação
divina (Calvino e Lutero): inspiração para o meio de produção capitalista” (p. 8). O trabalho
então tem finalidade econômica e significado em si mesmo, visto apenas como algo a que se
estava predestinado.
Notadamente, “a ideia da valoração do trabalho se consolida no renascimento, com o
humanismo, a exaltação do racionalismo e a importância do trabalho como fio condutor da
história do ser humano; ao mesmo tempo há perda da influência divina às ideias” (p. 9).
Privilegia-se, nesse momento, o trabalho intelectual sobre o mecânico.
Na sequência, o pré-capitalismo surge como “modelo justificador do direito do
trabalho; exploração do trabalho alheio mediante alienação e contraprestação” (p. 10).
Levando em conta todas as premissas expostas, discute-se acerca do direito ao não
trabalho, ou seja, das limitações à jornada de trabalho e da imposição de padrões capazes de
garantir a saúde e a dignidade dos trabalhadores. O direito do trabalho se mostra inicialmente
contraditório frente ao desemprego estrutural.
Destacam-se períodos históricos de exploração do trabalho, como a escravidão
predominante na antiguidade; a servidão na idade-média, caracterizada pelo imobilismo social;
o trabalho livre, que, com a ascensão do comércio e da burguesia, marcou o início do
sindicalismo; e, por fim, o trabalho assalariado, a partir do período de pré-capitalismo,
caracterizado pelo acúmulo de capital.
Com a consolidação do capitalismo, se dá a “intensificação do comércio e
disseminação do trabalho livre prestado a outrem; desenvolvimento do sentimento de classe
entre os trabalhadores” (p. 16). Esse modelo se fortalece a partir do liberalismo, que estabelece
o livre comércio entre as nações e proporciona o “fortalecimento da força obrigatória dos
contratos” (p. 17). A revolução industrial também assume papel de destaque nesse processo,
representando uma “transformação definitiva da sociedade em um modelo reproduzido até os
dias atuais; surgimento das grandes cidades” (p. 17). Ademais, percebe-se acentuada
exploração da classe trabalhadora e “forte utilização no séc. XIX do trabalho infantil” (p. 17).
Instituída a figura clássica do capitalista, verifica-se o “surgimento do espírito de
solidariedade social” (p. 17) que proporcionou a emergência de movimentos dos trabalhadores,
tais como ludismo (p. 18), os quais foram naturalmente reprimidos. Nesse sentido, coloca-se
que “a liberdade no início do capitalismo-liberalismo tem relação apenas com a venda livre da
mão de obra laboral. Em todos os demais aspectos da prestação do trabalho, essa liberdade não
existe; não há espaço bilateral para se construir as obrigações laborais e patronais” (p. 19).
Vislumbra-se a necessidade de uma justiça social ante as repressões sofridas pela
classe operária. Não obstante, ressalta-se que “o direito do trabalho não surge como espécie de
proteção, com concessões gratuitas, da classe burguesa dominante aos trabalhadores, mas fruto
da soma de pequenas conquistas históricas da classe trabalhadora” (p. 21).
A saber, a característica básica do direito do trabalho é o trabalho livre prestado a
outrem. Direito do trabalho não se pode reconhecer como existente no Brasil enquanto houve a
escravidão (1888) (p. 22). Esse ramo do direito teve sua evolução em três fases, sendo a primeira
marcada por “manifestações incipientes” (p. 22), a segunda pela “institucionalização do direito
do trabalho” (p. 22), e a terceira por uma transição democrática ocorrida com o advento da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/188).
O ilustre mestre Ives Gandra Martins em artigo publicado no jornal O Estado de São
Paulo sobre a Evolução do Direito do Trabalho no Brasil, em 11/11/2017, escreveu que dividiu
esta história em datas emblemáticas.
➢ Fase embrionária – com início em 13/05/1888;
➢ Fase da Consolidação - com promulgação da CLT em 1.º de maio de 1943 – era
um modelo corporativista controlado pelo Estado sobre os sindicatos, pela
unicidade sindical e imposto sindical obrigatório, por outro, colocava-se a Justiça
do Trabalho dentro do Poder Judiciário, pela Constituição de 1946;
➢ Fase da Expansão - há uma verdadeira “constitucionalização da CLT”, pelo
aumento do rol de direitos laborais, tais como aviso prévio proporcional ao tempo
de / serviço, abono de 1/3 de férias, adicional de penosidade, proteção em face da
automação, e tantos outros. Nela se desenvolveu um forte movimento sindical de
esquerda. A Justiça do Trabalho passou a ser mais técnica, mas houve um
enrijecimento do Direito do Trabalho, ante a aplicação de indisponibilidade de
direitos, com a respectiva redução da autonomia negocial coletiva e a sistemática
anulação de cláusulas de acordos coletivos pela Justiça do Trabalho;
➢ Fase de Balanceamento – marcada pela crise econômica do final da primeira
década do século 21 - entrada em vigor da Lei 13.467/17, aparelhando o Brasil
para enfrentar a revolução digital do século 21, ao disciplinar questões relativas às
novas tecnologias, como teletrabalho, novas formas de organização laboral, como
terceirização e trabalho intermitente, ou novas temáticas, como a dos danos morais.
Busca uma maior flexibilização das relações, prestigiando meios alternativos de
composição dos conflitos laborais, como por exemplo a conciliação, mediação e
arbitragem, com prevalência do negociado sobre o legislado em negociação
coletiva.
O objetivo da reforma foi o de dar maior segurança jurídica às empresas e melhor
proteção legal aos trabalhadores. A verdade é que as empresas já arcam com um fardo bem
grande correspondente à alta carga tributária, falta de investimento em escoamento da
produção/falta de infraestrutura, ausência de condições de competição no mercado mundial,
dentre outros percalços de conhecimento geral. É evidente que se chegou a um ponto em que a
criação de postos de trabalhos e consequente retomada do crescimento da economia esbarrava
nas regras inflexíveis da legislação trabalhista, o que dificulta a contratação.
Espera-se que a reforma possibilite o incremento da empregabilidade e da produtividade,
atraindo investimentos para Brasil, fomentando novos negócios, no intuito de superar a crise
econômica e promover o desenvolvimento econômico e social de nosso País.

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