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Dados Internacionais de Catalogacso ma Publicagio (CIP) (Ciara Brasileira do Livro, SP, Brasil) [Botta Norn 1909 — © Posinamo tree Lies de Flexo do ii Nebo Bobbio; compilads por Nello Morr: trade e oles Marcio Puss ‘Edson Bini, Carlos E. Rodrigues. — Sto Paul: leone, 1995 ISBN s5-274.01285 1. Dirsto 2 Direito — Filosofia 3. Positivismo L. Mora, Nelo 1 Tita, cpu-n4o.2 95.04 Indices para catéloge siatemsitcn: 1. Positivism jeri: Dirt: Filosofia Moa NORBERTO BOBBIO O POSITIVISMO JURIDICO LIGOES DE FILOSOFIA DO DIREITO compiladis pelo Dr. NELLO MORRA “Tradugto © notes Marcio Puglisi, da Faculdade de Direito da Universidade se Sis Pau, Edson Bini da Faculdade de Filosofia da Universidade de Sio Paulo Carlos E, Rodrigues, da Faculdade de Direita da Pontificia Universidade Cates de Sio Pau, te editors © G. Giepichel Eaton SRA Torine— li. © Direios Reservagos para lingua portuguesa feane Editors Lids, 1999, Colegio Blementos de Direito Coordenagi Técnica Carlos E, Rodrigues “MareioPuglies Producéo e Capa ‘Anlgiode Oliveira Diagramasio Rosicler Freitas Teodoro Revisto Rosa Mara Cuy Cardoso Proibida 8 reprodugio toa! ou parcial desta obra, de qualquer forma ‘uma eletrinico, mectnivo, inclusive aravés de prooessos ‘Netogrdticos, sem permissio expressa do editor (Lei nt 5.988, 14/12/1973). ‘Todos os iris zeservados pela ICONEEDITORA LTDA. Rua das Palmeiras, 213 — Sta, Cecil CEP 0126-010 — Sio Paulo — SP ‘Tes Fax: (011)3066-3095 INDICE Prefiefo& nova edigto Parte 1 AS ORIGENS HISTORICAS DO POSTTIVISMO JURIDIC INTRODUGAO 1, Direito naturale ditto positive no pensamentoclssico 2, Ditelto natural edreto positva no pensamento medieval 3. Direito natural edieito postvo no pensamento dos jusnatualists dos séculos XVII e XVII . 4, Chtgrios de dstingio entre ditcita naturale dirt postive. Capitulo — 0S PRESSUPOSTOS HISTORICOS Relages ene direito natural e dreto positivo.. 0 context histrico do positivism jurisico. [A posigo do juz quant formacso do ditto antes e depois do surgimento do Estado madera0. . Os eventos histéricas do direito romano “Common fw e “statue la” na Inglatere ‘ward Coke e Thomas Hobbes. ‘A monapolizagdo do diteito por parte do legislador na ‘concep absolut ena liberal. Montesquieu ¢ Beccaria 10, A sotvevivéncla do diveito natural nas concepges |usoséfleas do racionlismo na século XVII ‘As “Taeunas do dtcito™ eae at 15 19 er) 2 26 30 32 a7 2 Capitulo Il — AS ORIGENS DO PostTivisMo- IURIDICO NA ALEMANHA, 11, A “Escola hinsries do dzeito” como predecessora {o positivsmo jridico. Gustavo Hugo. 12, Ascarscteristicas do historicismo. ‘De Maiste, Burke, Méser 13. A cscolahist6rien do dieito, C.F. Sevigny 14. O movimento pels eadifcagio do dicito. Thibaut 15. A.polémica entre Thibau eSavigny sobre a coifieagéo ‘do diel ns Alemanhs Capitulo Il —0 CODIGO DE NAPOLEAO E AS ORIGENS ‘DO POSITIVISMO JURIDICO NA FRANCA 16. O significado histérico do Codigo de Napotedo. A coMitieagoJustiniana ea napolebnica 17. Asconcepgéesfilosbfco-juridieas do fluminismo ‘nspieadoras da coitfeago francesa ‘As deciaraghes programaticas das Assemblsias revolucionirias 18, Os pojeos de codificagio de inspiragio jusnatuaiss: Cambaceet| 19, _Aclaboragéoe a sprovagio do projto defintvo: Portalis a St 53 37 64 or 7 20, As telagéesenteo julz eI sogundo 0 an, 4 do Cédigo Civil 0 discurso preliminar de Portals, 21. Aceseola da exegese: as casas histircas do sew advent, 22. Acscoln da exegese: sous mares expoentes ess ‘caesctersticasfondamentais (Capitulo IV — AS ORIGENS DO POSITIVISMO JURIDICO, NAINGLATERRA: BENTHAM E AUSTIN 23. Bentham: rags biogfico. A inspiragto iluminista de sn ten wits ~ 6 7 78 83 ot 24, Bentham: a critica & common law e ator da codifcagio 25. Austin: a tentativa de mediagho entze a escola histrica lem eo utlarismo inglés 26, Austin: sua concepsio do dirt poxitivo 27. Austin a disingso entre ditto legislative e dircito Judiettios a erties ao dieitojudierio 28. Austin:o problema da coitiagéo. (CONCLUSAO DA PARTE HISTORICA 96 101 10s 109 a 29. 0 fatohisérico da produgio lepisltiva do dreto€ o funda ‘mento do positivism jurdiceso significado da leislago 19 30. A codiicagéoinexisteme na Alemunha &fungio histtica do iret cienco 31. tering ométoda da cinta juridca Parte ADOUTRINA DO POSITIVISMO JURIDICO INTRODUGAO 32, Ospontosfundamentais da dostrina uspositvsa Capitelo 1— 0 POSTTIVISMO JURIDICO Como. ABORDAGEM AVALORATIVA DO DIREITO 3.0 positivism juidien como posture cientiica ‘rete ao dete: juizo de validadee juigo de valor. 34. Cidncia do direito ¢ filosofia do diteito: detinighes avalorativsedefinigaes valortivas 35, "Positvismo juridico” e“realismo jurdico": a definigio do dieiio como norma vida ou como noma efcsz 1 2 Las 138 142 36, O“formalismo” como carsteristica da definigio jusposiivisa do dicta Capi ti — a DEFINIGAO DO DIREITO EM FUNGAO DACOAGAO 37. As origenshistrias ds concepeio coeriiva do leit: MhomBSivs nnn 38, A teorizagio da concepséo coercitiva: Kant e Shering, Objcgses a essa teoria ea 39. Amoderssfomulagio ds torla da cougio: Kelson Ross on Capitulo TIT — A TEORIA DAS FONTES DO DIREITO: A LEI COMO UNICA FONTE DE QUALIFICAGAO 40. O signiticado tenico da expresso “fontes do dtcito” 41, Condes nocesirias para que num ardenamento jriion exis uma font predominante 42. Fontes de qulifcngojuridica;fontes de conheeimento {rion (Fonts reconheces fontes dlegadas) 43. © costume como font de direito na historia do pensamento {uriicoe na histia das instituiges pestvas 444, A deco do juiz como fonte de dirt, A eqbidede 45. A chomads “naturera das enisas" como fone de direito Capitulo 1V — A TEORIA IMPERATIVISTA DA NORMA JURIDICA, 46. A concepeio da nonna jridia como comande, Distingio entre comando econselho. Austin e Thon 47. A construgioimperativist das normas perISSV85 nnn 48, A caracterizagio do imperative jundico: ‘entativasinstsftbrias 144 7 1st 135 161 162 164 1665 m 175 181 186 189) 49. A caracterigio do imperaivo justo drito como Jmperativahipotetico Capitulo V— A TEORIA DO ORDENAMENTO JURIDICO 50. A teoris do ordenamento juridico como contbuigio ‘original do pesitivismo juridico a teoia geval do drcito SL. A.unidade do ordenamento jurdico. A eoriakeseniana ‘da norma fundamental - 52, Rolages entre coeréncia e completiude do rdenamento jrdico... ‘53. A coeréncia do ordenament juriicn, Os eit para tliminae a8 ntinomiss ‘54, A completitude do ordenamento jaro, (© problem ds lacunas dei Capitulo VI A FUNGAO INTERPRETATIVA DA JURISPRUDENCIA 58, 0 papel dajurisprudéncia. A nogio de “ineretag0” + 156, Os meios etmenéuicas do positivism juiico: interpnctaie declaatvas»fterpretae integativa (anslogia) ~ 57. A concepgio juspositvista da cigncisjuriica ‘9 "formilism 260" sana a Capitalo VII—0 POSITIVISMO JURIDICO COMO IDEOLOGIA DO DIREITO wt 197 199 203, 207 au 58, *Teorin”e“ileologa”. © aspect ieoldgien do postivismo {urigico. Crea 4 teria e& Reologia do juspositvisma 59. O conteido eo significado da versio exemist da ‘dcologia jompositivintar a sus via justieages hisérico-filosstfeas 223 228 (60. _A versio maderada do pesitviemo étco:« ordetn como valor proprio do direito 29 CONCLUSAO GERAL. 61. Os ts aspeciosfundamentais do posiivisma jnidico: nossa aval APENDICE. 230 w PREFACIO A NOVA EDICAO Esasligdes sobre opositivismo juritic,publicads primeiramen- te sob forms de fasciules pela Cooperativa Libreria Universitaria "Torinese, Ii muito tempo exgotados, foram desenvolvids por mim no ano ueadémico de 16-196]. Sus publicaco fi possive pela diigén- ‘ine pel pericia com que foram compas pelo douter Nello Merraa ‘quem, apsar de nibs anos pastados, expresso a mais viva grado. Fram cancehides como comentsrio histrico e como sintese tees de dois cursos precedents sobre a Teoria da norma juriica® ¢ sobre» Tearia do ordenamento jeridco**, desenvolvides respectiva- mente nos anos cadémicos de 1957-1958 ¢ 1959-1960, publieados pelo ‘itor Giappichele, diferentemente das presents aulas, permanente ‘mente reediludos, Sepuiram-sea tas euscs alguns outos sobre ditto natural, dos quais slgunstrages podem ser lorigados no volume de fusciculos, Locke eo direito nara, editado pelo mesmo Giappihell cm 1963, ‘© problems dv nstureza edo significa histérieo do posiivismo jridicn estvn ns ordem do dia naquetes anos, patcularmeate depois dia ensaio que H. L, A. Hart havin eserto em defesa do positivisme jiidico cms polémice com Lon L Puller, Positivism and Separation Df Law and Morals”, na Harvard Law Review, vo. 7, 1958, pp. 593- 630 (tradurid so iiiano na coletines de estos de Hart, Conaibutt all” analisi de dirtzo, sob coordenacio de Vitrio Frosin, Mili, Gute, 1964, pp. 107-166). No mesmo ano fo editada «principal obra e Alf Ross, On Lav and Jasice, Landes. Stove & Sons (raduglo italiana por Giacomo Gases, Einaudi, Tarim, 1965) Bm 1961, ono da primeira edigio destesfasiculos, fi editadaaobraprnelpal de Hat, The Concept of Law, Oxford, Clarendon Pres (iaducoitaliana a eargo ‘de Mario A. Catanco, também pels inaug, Tur, 1965***). No ano Anterior havi sido editada 9 obra conclusiva de Hans Kelsen, 2 nova ‘eligi de Reine echtsehre, Viena, Franz Deuticke (wedugioitaliana'a mes er Moe ne Ca an ceurgo de Mario Losano, Einaudi, 19664"), No verdo de 1960, Alessandro Passerin d’Enireves e es, com a colaboragio de Renato Treves, convidamos os professes Hatt © Ress com alguns de seus alunos ¢ outros jovens estadiosositalinos para wm semtndsio sabre 0 positivism juridice, com ceres de duas semanas de duragio, na Vila Serbellon d Bellagio, sob os auspcios da Rackefllee Foundation, Foi sobretudo deste seminirio que abiveinspragio,e além da inspiracio ‘muito moterial, para desenvolver todo um curso soe oassunto. A ideia aque 0 embasa © jusifien sus articulacéa foi exposta por rim ex um ariigo, “Sal postivismo ginrdico”,publicada na Revista di Filosofia, m0 primeirofasciculo de 1961 (pp. 14-34). Emsusprimeina digo este curso teve shone de ser douts inten samente spreciado, no sem algumasjustes observagies eiicas, Revista timestrale di dirito © procedara civile (ano XN, 1961, pp. 1476-1480) pox Guido Fass, cujo peecoce desaparecimento constitu rave petda para 0 meio estudioso, Dedicn esta rimpressio& sua cara E init dizer que o curso se ressente do tempo em que foi eerito «ede um dobate que no mate desenvalvenas tenmos de enti, Maso ‘orevisei,nem oatualize, Apesa de toda gua que passou sob as pontes do positivism jarico, os place cents ressiam. A presente reimpressio reproduz exatamente s primeira edigio, stlvo alpumas pequenas comtesaes formas Nonscaro Bows 2 AS ORIGENS. HISTORICAS DO POSITIVISMO JURIDICO INTRODUGAO 1. Direito natural e direito positivo no pensamento classic, © curso a ser ministrado este ano & dedicado 20 positivism Jjuriico « divides em duas pares, a primeira dedicada a problemas histirioos e a segunda a problemas wdriees, ‘Acexpressio"positvima juridico” no deriva daguelade“positivis- mo” em seni ilssticn, embora no século pasado lena havido uma cea Tigacio entre os dois termos, posto que als positivist jurdicos ram também positivist em sentido filossfico: mas em sus origens (que se encontram na inicio do século XIX) nada tem @ ver com © positivism ilossico—tanteéverdade qu enquatoa primiro surge ti Alemanha, 0 segundo surge na Pranca. A expressao “positvismo jurdico" deriva da locugao dito positive contapostaiguelade dreito aural, Para com preender 0 significado do posiivismo jeridico, portant, é necesstio escarecero sentido da expresso direitopositivo ‘Toda a radio do pensamento juridco ocidental é dominada pl distingio entre “diseito positivo” ¢ “dieito natural”, distinct que, {quanto wo contesdo conceitus, ji se encontta no pensamento grego ¢ latino; o uso da expressio“direito postivo”é, enttetamo,relativamente recente, de ver que se encontra apenas nos textos latinos medievais, No ltim da Epoca romana, o uso do termo posiivus em sentido anilogo aqulea set assumiso na expresso “direito posto” €encon- tradoem gpenss um texto. "Trata-se de uma passagem das Nott Auiohe ‘be Aulo Geli, onde ve diz Quat P. Nigidus srgulsime docuit nomine non posi esse, sed storie. Como se v nesta passagem a contaposicio entre “postive” & “natural” é ets rlaivamentes natreza nao do dizeto mas da lingua- gem: cst raza problem (que jd encontamos nas dspotas entre Sécrates ¢ 08 sofisias) da distingio entre aquilo que € por matureza (lysis aguila que € poreonvengso ou paso pelos homens (thesis), O problema que se pée pela linguagem, iso €, se algo € “natural” ow soqvoneiona”pexeanalogimente imbsm para ditt, A primeira 15 ‘ez quo se encontra no lati ps-clissco a expresso pasitivusteferida 0 direlto € nums pussagem do Commento de Caleidio a0 Timeu de Patio" (est obra de Calcidio, um neoplatnico ou comentador de Plato, foi durante umtongo tempo — a osécuto XII-—a dnicafomte ‘do conkecimenta medieval de Patio). Diz-se nel: Bx ur udpart in ho lire ft & mo Time] principale id ag omtempluonem conviderationeng tnt no pose, senate isis justia ag acute nseripaaisitucas lib seseribense formas trbul ex seraina maderatione substantia, Aan o temo “positive” referee 4 justia: a passage pretende cexpresurprecisamente que o Timeu tata da “ostiga natural” (st das leis naturais que reyem 0 cosmos, ,porianto, a easmologi,aeringioe §8 consitigio do universo)e mde da “justiga positive” (sto € das els reguladorss da vida social) ‘Como dissemos, 3 distingSo eoncetuil entre diteito naturale lieito postive i se encontra em Platéo¢ em Aristiteles, Este illimo {nies deste modo o captula VIL do lio V de sus Etica a Nicémaco: a jstig ivi una poe ¢ de origem natural, outa e fonda em ae [Natura €agelsjusign que mancén em toda pte omesmo efile nid Aepende do fato de que parega bow salut ov wo, fundada male ¢ sic, wo contri, de qu R36 importa se ss nigene sho estan guess mass como, unt ve sanconads(Datradogde A Pee, 4. Lavra. pp. 1465 7" Neste texto dieito positive & chamado“direito legal” (nomi ditaion) © 0 natural € dito “physikén”: observamos que € impropeio teaguzir 0 termo dikasion pels palavra “diteta” ainda que o fagaros {assim por motivospriticos) uma vez que o grega dilation (bem como 0 latino jus) tem um significado dual indicand womesmo tempo aida de “jumtiga” e de “direito" Dois sf0 os eritérios pelos queis Aritéeles istinguco direto natural eo positives ema de mda a kr ee rfc aoe 1) ori natural éaquele que te em toda parte (pantachod) a mesma efiedcia ( ilsof0 empeega o exemple do fogo que queima ez ‘qualquer parle), enquanto 9 dteito posiivo tem eficécia apenas nas ‘comunidades pelea singulares em que é posto, ‘by 0 diteto natural presereve agdes cujo valor nfo depende do {uizo que sobre elas tenha 0 sujito, mas existe independensemente do fato de parecerom bows alguns ou mis outros Prescreve, pois, aes ‘cua boadade éobjetivs (agées quo S20 bous em si mesmas, diam os tscolistioas medivais) O dirito positive, ao contro, é aque que tstabelece ages. que, antes de serem repuladas, podem ser cumprigas indiferentemente de um mado ox de outromas, uma vez reguladas pela lei, impora (sto €eonretoenecessio) que sejam deserapentadas do ‘mado presrito pele, Arisiseles dest exemplo: antes dx existéncia de um ei ritual é indiferetesacrifcar «um divide um ovelha ow ‘dogs cabras: mas uma vezexistenteursa lei que ordena stcrifcar uma ‘ove, iso e ora obrigatri: & eoeetasacifcar uma ovelha e mio ‘dus cabras no pong esta ago sea boa por sua natreza, mas porque canforme # um ei que dispose desta mane xa dicotomia também € encontrada no ditelto romano, onde & formulas compo distingio eae “dieito natural” ( € preciso moar que também o as gent € mites wezes ineluido neste) jus eile (nio.em sentido exrite —-contrapastoo jus honorarium —masem sent lato = contraposto uo jus get ou 20 jus marurale. Assi, no infcio das Instinigdes 36 enconta a tefplice distingio ene jus matarale, jus igentum c js civil. A primeira categoria (jus naturale) — definida ‘Como “quod natura omnia animals dacuit” — mo nos inveressa porque ‘estamos examinando a categoria do jus gentium que correspond 20 ‘cotta de drcita natural, hem com o de jus eile correspond 40 rosso conecito de diteito postive. Formulase a distingio ene jus _gentum jus civleneses terms naturale qd atar aaa dct. nt cle ‘el gentum ta dvr omes opal ul leis et mortbs regu, rtm so prop, parti caramel! omnia hominum are ater; tam ued use ps se as consi i Ips propria Chita ex cata as che, quas us propria iia vas (quod vero tastier mes hing cand op cmies 7 opus peracque cusealr vocotrgus us gentam, gust gue jure fmnes gents er (1,2, 1) 0 jus gemium eo jus civil corespondem 3 noses distingo entre iret nati edireito positive, visto que. primeirose refereAnatureza (aturalis ratio) eo segundo Bs estatuigbes do populus. Das distingbes ‘ora apresentadastemos que sto dois a crtérios para dstinguira diteito positiva (ius civife do dreto natural ins genta) 4) 0 primeiro limita-se a win delerminide povo, 20 passo que o segundo no tem Tinites, ’b)o primeiro € posto pelo povo (isa 6, por wna entidade soci da mesma Sociedade. Mas uma pen atesciu ale do limite fxado plas es €& ena jes mais uma ones peau; portant, mio pode um maga, x {ualgerpretento de zelo os em ble aeeaces pen etabelecd slum eidadio deingot. Beccaria enuncia aqui o principle dito de “estitalegalidade do lireito penal” que se exprime pa maxims: "nullum crimen, nulla poena sine lege”, Noparigrafo 4 insite, demais,emswasufirmagbes sobreas relagSes ents juz ea ei O Juiz ndo 6 no pode inrogarpenas a no ‘ser nos casos e os limites provistos pela li, coma também nfo pode Jnesprear a norma jriica, porque a interprotagao dé ei um sentido diverso daguele que Ie foi dado pelo legislador (umaposigioextremista ‘que hoje nem mismo 0 mis obstinado positivista esis dsposio a sesitiry (Ouarts consi mponco a oid de iateypetat 2 ee p= als pode wer abu dos jis crimimis, pela razdo de nao Set lepstaores Os fen no resheram as leis de tonsosanepaads ‘ome a tdgso domestics em festarento que mio dessa pesteros endo oeulado de obedeeer;reecberam, sim, da soiedade iva, on do saberin representantes, como leslie depostro do tivo tel da worn de tos eeeherm-n com big es de un antigo jotumeno, nulo porque lava vontade io existent, Inique porsuereduis or homens do esta de niiedae ao extido de rehano, mis como eftos de rm ct express arama gi a ‘ontides resid dts uv sram asoberano, como vineaos bnecrtiron pra fee reer fermen intesino ds ineseses pat cals.) ‘Oca see nto lepine iterpete dei? O sobering depostiro das efetiasvoatades de todos 0 0 use cao fo € Somnente ceaminar se tal homer havia cometido ou no uma ag50| conti be? lod delito deve faze oie um silogie petit: a maoe doves le geasamenor, sade conforme ou no ea conssg bear i. lierdade ca pen Quando 0 uz for constangio ou dese cer também dos slopes roma, brite» pot inert "Ni hi coi min peigons do que aque axiom comm: “E psec consult «expe es” Ewin hirigem romp rene 3 ferent das opis. -Aqul Beceutiaexpde s“teoria do silogismo" bem conhecida pelos jurists, segundo a qual 9 juz 20 apica sles deve fazer como aquele {que deduza conclusio de um slogismo. Assim fazendo ele no cia nada ‘de novo, apenas toma expliito aqulo que est impliito ma premissa maior. Beceata quer, sem mals, que 0 slogsmo saa “perieto”: no seria assim aguee racioeini do jrista que se fundasse mma interpreta 0 unalog de wa norma jridica (neste cs9, defo, 0 silopismo é Togleameate impereito), 4a 10. A sobrevivéncia do dirlto natural nas concepciesjusilos6tiens {do racionalismo no século XVIII. As“lacunas do direito”. Vien que on exciores aconalistas do evo XVI tora sobre x onipotécia do leilador Com eles, ntti, ainds 0 chegamcs v0 posivismo rico propiament dit. E preciso lem {que nese culo o ditto nacual snd ests vio tom um on seus forescimentos mas intenss, no sb na plano dtr como amb no prtica Basta recordar aun gue o prsanenojunaturalsa tove na formagio da Connituigho americana e dis Consisigies da Revolusio Francesa, Nopensamemt do séeulo XVII 8m ainda pleno ‘loro eoneitonsbne deol jusnatraliata tis como estado de ature, et matt (conebida como um complexe de noms que se Ge evoluionaia de aera esa eon existe ‘A hiss coms em grande parte em mise, que aobers, a am bio. wavareza. a vinganca,a asin revata 2 poor,» aide2 Aesconads eas paxoesdesetreadssespalaram plo mundo. Tai \ielorsio = caus doesn empestads, Reis, moa, lls, privison, berdade, ets do hamem a0 om preestos Gon qs servem os poder para poder yovernar a mara humans mobtzanioejogando (om sus pales [Nostas poucaspalavras ext ravad a prstura profundamente pes simista dos histriisas: a histria€ uma continua tagéis, (A alusio {eitapor Burke sos direitos do homer considerades comoum simples “pretext poeemevidéneiaamatiz idcolégicuesocial dohistoricismo, que estretamente izadoa interessese uma mentalidadeconservadores; Io € por acaso que se desenvolva principalmente na Alemanha,o pais 1 Restoricio.) 44) Um outro carter do historicixo & 0 elogio ¢ 0 amor peto paseado: nto havendo creaca no melhoramento fturaads humanidade, (0s histoicistik Tim, em compensacio, grande admiragin pelo passido {que nao pode mais volar e que aos es ols parece idcalizado. Por isto {les se intezessam pels igen da civlizagioe plas sociedad prmi- tivas. Temibem este ponto de vista esta cm nto contraste com os ituminista, os quas, a0 contri desprezam o passado ¢ zombam da fngenuidade eds ignordncla dos antigs,exaltando,em contrpart, os “luzes”daduleracionabisa, Tal contrasteentreracionalsas chistoricitas ‘seacende prncipulmente em referéneia a0 medieval, consdetado pelos primeitos uma Made obscura ebirbar e avaliads pelos segundos como 1 pocs na qual se eelizae uma civilzagio pofundamente humana que ‘exptime 0 expo do povo e a forg dos sentiments mas elevados, "Esa temitic € parlicularmente desenvolvida por Justus MBSer: trata-se de um obseur estioso da segunda metade do século XVIML amigo de Goetic, 0 qual 0 cila fegientemente nos seus Coldquios, posteriormente descoberto avaliado pela istoriografia da Escola his- {oriea (Sevigny « cil, a0 lado de Huga, come precursor de suas iin). ‘Maser era umn pico estudinso“provineiano”, que vivia num ambiente social fechado eiolude dus correntes da cultura contemporinca, Ded fous a0 estado di hisria da sua terra (Osnabruck), Suas obras prineipas, Hstria osnabructense (Ostabrihiscke Geschichte, 1768) enuasias poriciicas (Patrionsche Pharuasien, 1764) representam. 0 fio de sues eseavagies € de sto investigagio da histria de sua provincia, visa destacarcetosearacteres negigenciados pels histo- Fiograia oficial. E os resultados a que chega so estes a verdudeira Cvilizagdo genmanica 6 reresentada pela antiga “Tiberdade sexdnica”, ‘estria pela conguista carolingia. A pat de Carlos Magno nada mals. fvorteu de hom evalido na histria do sou pals; mister se faz, portato, Tetornay wo passado para reencontrar na forest e 30 longo dos ios a ‘Alemanha a essénci da civilizagio alemd, 2 lberdade dos antigos ‘andes, ‘Nesta ordemdeissoomais importante representante do primeira historcismo alemio foi Herder, cujs obras principals so: Anda uma Jlosofa de histria pica educagao da fumanidadee Ideas pela flo- ‘sofia a stra da humanidade, 'S) Um ago ulterior dohitoricismo éoemor pela radio, ito, pelasinsituigdes © 08 costumes existenes ma soeiedade ¢ formados 50 ‘através de um desenvolvimento leno, secular. Esta ila € express set por Herder, eja por Burke, senda que ese dime elabora o conceito de “preserigio™ histories: como o exerciio de fato de um ditcte por am longo period de tempo fiz adguirrtal dtetomesmoseoriginariamente ‘oseu exerciio nfo se fndasse num tuo jurtaiea valida: assim 6 para todas as instiugses sociis: vale agulo que € formado no curso da histria, aquilo que fi consagrd pelo tempo, plo énico ato de exist ‘muito tempo. O tempo sana as feridas da histérs, Assim, com referéneia ts revolucies dcorridas a Franca, Burke defense 9 principio de legiimidade e a hereditariedade dos citgos. “Também esta posigie hisorcist € antic a dos ikaminstas, os uais desprezavam a tradi. Para estes era suspelta aqulo que os homens repetiam mecanicamente, pela simples forga da inézcia, ¢ \esejavim que o homem aplicasseo eu espiioinavador pata reforms asinsivigies oscostumessociaisadoquando-osdsexigéneias a razio (asta recordara polemica de Volisie conta as supersighes). 13. A escola histérica do direito, C.F, Savigny. Se tomarmosostragoshisicos de historicismo, que fram enunci sddos no parigrafo anterior, e 08 aplicarmos a0 estido dos problemas juridicos, poderemos fzer una idéiabastanteexata da doutrinada escola histérics Jo diel, ds qul o maior expoeate foi Carlos Frederica von Savy’ 1) Individuatidade variedade do homem. Aplicando ete pric: pio ao dreto, 0 resultado é a afimagio segundo a qua tio existe um Aireto nico, jgual para odos0s empos e para todos os lugares, Odieito io é uma ideia da raz, mas sim um produle historia, Nascee se deseavelve ma historia, como todos os Fendmenos roca, portanto ‘varia no tempese no expago 2) racionaidade das forcas hissricas. O diteito nao € frto de uma avaliagio e de um eSleule racional, nascendo imediatamente do sentimento da justia. Ha um sentimento do justo edo injuso,gravade ro corago do homem e que se exprime diretamente através das formas Jurcicas primitvas, populares, a8 quas xe encontram mas origens da Sociedade, por bino das incrustagBex arias sobre odieitoexiadas pelo Estado moderne, sl 5) Pesimsmo anropoiglo, A descenga na pssbiiade progr humane mss dan vlorman in a aimar Etec no campo do dito, ¢ pecan comerar a ordeamenos Chitenes descaia ee pve ast eae Invagbes ss these queram impor oe, pg por esse exconde Scent improves nas Assim scsclabinrzs ope come ‘rcos mera segul a0 poo decaf ew periico. Jigundo nfo arora civaigio eo pve alemies ecrstaliagio sect num rca clee lope O exces eta ela enc urls cons ox fastest dco poss eo leiar Sue € Uo verdeio que cotticcto acts um sao depos feawamente wots peo no prin oslo XX. “mor pe asd. Pcs os Joss paris Escola bistccaestaorsinfons tentative rerentr ein drei" Shells anona Alan pre rss, reali poste tmnt civeroanhgo dio pemanio Doweassimos" genase” ‘abel ovens dese deo em conapaniae ws Toman") ie fats ao los dos jurists prt doRsrcamo, ecepeto perclsupaentive de inp lpeamene uminsde Wann Cars Alemania un dio engi nfo asad wo povo len Un dis qo caer carpeted come oa ratio - 5) Sentido da tradic&o. Paru a escola histérica este sentimento: sistema dua fr ats prio rica EMabconume, vo auc as nora consuctdnius 0 pecisamene xpress Juma tags ota ee desenvelve por eae Tago ne solede. © ovume & potato, um dco gue nace Cizumentede povoe qx expe osotimeno csp ds poe (Goleta Abs, deal nso, scbvenia alsin rag me Sh or deat, alae oe) © agilaeptnes Co fistung), itogue rent considera pine prevalent sobre pines Se-desjrmoseocunarenpres "sums" dadouinada escola tissdes do deo ass fr © melee Hato 6 expente db ‘Rosa Caos FredecovonSavigny: Da Voc de ato empo para STepslagdoesarspradenca” Vom Bora anerer Zl flr Gest bunt and Rechswisenschf) — lio itn eranent pr oso 2 {apolémica contra projet da codificacio edo qual ranserevemos aqui algumas passagens provenientes do capitulo (ao term do qual so pre ‘samen citados Hugo e Moser como precorsores da escola iste) Jn os m0, que enka uma sii dbi, vemos o dict ‘vil se revestr de um catdtr determina, abwoluiamete pecuiat Aguele pov do mesino modo que sus Hing was costumes, sta ‘onsiigio poten. Todas estas diferente manetagdes no poster uma existuciaseperada. © que dist forma um Gna olde € 4 ‘renga universal do pov, ¢ 9 setimentowniorn, de inuiges ¢ de secret tle ge meaner den © autor prossegueafirmando que es atvidiades carats fasem de cada povo wn tndividua e que 2 infinca da sociedade [no] foi pasadn noma condi inteiramente ‘animales... [nas fa] um periodo wo qual ore vive de maneira ‘qual lingua i eoassdnis popu. "Matsta natal dependacia 0 dito em reago 3s costumes «0 eater do powo se conserva umber no progreso do tempo, dt ‘mesma maces que inguager (.) © dieitoprogride com 0 pore se apeseigs cum eee por ele perece quam e_ povoperdev xe cater (Du wocaeaa ete, Veron, 1487, pp. 103-104), 14. O movimento peta codifcagio do direito, Thibeut. Como i sessltsmo, escola histriea dn direito (eo historiismo em geral) podem ser considerados precursores do positivism jridico somente no sentido de que representam uma eric radical do dircito Aatural, conforme 0 coneebia oiluminismo, ito ¢, como um ditito ‘universal © imutsvel Jeduzido pela razio. Ao dieto natural a escola bistriew contrapieo dieito consvetadiniri considerago comoa forma _genuina do direto,enguanto expresso imediata da realidad histo Social ¢ do Volksgoist. A atitude antjusaturaliss & cangénita a todo 3 pensurnento jurdico que sustentou em primeiro plano o costume Recor ‘Samos que a Inglaterra, onde a fone principal do tetera. common far, estdo do diceto natural era descurado a tal ponto que um ‘gomentador de Bracton aie (com uma formulagio que devetia tora f= proverbial) In Anglia minus carat de jure natural quam in lique regione de mun, as dita, miseries odo eesti pcan nota pesivi juico quant 4 Stators ft (como encode e eas (ocwescrvlveum pment no mano anglosin) ave, Be dodo bce we nel do sco seam ems posi tae fet pone ‘tures qo emus couse eit Jo postive ein dee conti, sr invetgao i anes oan ‘Snide cate om do sclo XVII €0 nel, o seo XIX, que ‘Socotra etal do pipe cnet Sle [ler Fame seatmorinent ascetic ssone uta pose Uaetoutndecomoverem no roxio pre Aseoleaies ‘Guetta la cu longs congue wo segue Ter J elo XVI, prom movimento piece rnc ten ann, verona ee fds cama “Penns Jo Saco mnt Sopind ee movine,oSiito. TeRnGS to menmo np da aaiad ear B expen d Sieve qa nto efean aro vae sens or posto ovale sehoesio(e pecsumen so pd detcatoo movimento pol refine rad tk jd); mas et oxo pelo ‘Suan tuw ener atarcdaeo conti €exproan da Ripe (Jtario pnp fz ds "a0 0,008 nn que leradr deve con). ‘anism tuna ics dlrs 9 di contre a cao st tins).conieando- wm psa ‘adposhangcacsenjors de dtl daateve) como seataotctgecesdohomem vibe dla npioans Simin coon eng expresso uo Sa ads mas 3 st traconl nit ntad ti, Osim conse oie € ecto bun sco de norms cota or Seto conti po im conto sem Se nomen joie sess plo rio ¢ fetes stver da Wt © movimento cosifngn reese sin, esoolvimems exten Bo eee tlm, xine ado pmcneno js uo el eum items denon deserve ne once de Song stem Dum go pono pelo Ena Ext, selva mo pata ran ms tb pa + astoridade do Fata, oe favorit acs Pls Gots ata do sono XVI, sees nc, expe sbiendmenshistnccnenads cn vnomededepetonecetrecde ‘Acstlarelisiocat ominous este atl mo aioli eet ¢coiesges tui bem evienae por tigi arms pls sida plc, por sails prin endiciic, Asn, Frederic Jara Covosn de propaar un poo Je cao ei pte thse Exc xpimi nde eo mov ie prime devs fonda “oars” au te Verma) cot os erm ners Silament ati pos nani eda ei) Pps prs Cig Cl ne etre Exise wm diet univeesofnative. fom de todas seis postvas Ao €outrsenioarazio natural, vit eta governs odo homens, (oto cone aexpresi ran naturel este arigoreque, canes tau felment a expresso de Gai “natal rio acon. Shula hres dena eexpine aves desaterinlogta ue —timasiemindosgnifcaoecvrs —pemanceinaleade eaves dos scales) uandoosertctosda Frings evalctoniiocparamunapate 44a Als etuntam 0 Cig de Napoleo qc pel fate de ‘tao picid igalad forma d ooo sos (sto 0 Prin ds igualdde pene Le despot de sas pose. fconomico-scus aves) consitia um invaga atenteamene ‘evclucionisia num pals ainda snes ome et Alemanhe degue Tes tempos, nde eadificagi psn do 1797 conser anda sistingio da popolagio em is casas ou "estados": nobreza,burguesia ‘ccampesinao, Entre os muitos fermentos provocadosna Alemania pela ‘ocupagio mipolednies howve um movimento que prepugnava a criagio ‘eum diteto tnico «codifieado para tds a Alemania (sjuestendendo ‘saplicagéo do proprio Codigo de Napoledo sejaredigindo um apropr- ‘6 a0 sev model}, do manciraw elimina as graves diteuldades que a plurlidadee o fracionamento do drsto cavsavam na pric juries “Tais propdsitos suscitaram a oposicio dos meios conservadores ‘que, em nome a defess das caractriteas nacionais da civilizao lem, defendiam na ealidade os prvilgios que uma lepslacio de tipo frances teria ameagads, Desta oponiio se ex pora-voz Rehberg (ipo onservadoralomsioreacionério) que, em 1813, escreveu um aig i tulado Sobre o Codigo de Napolaio ea sua introducto na Alemanha. Tal esrito provocou uma aprecasio critiea surgi, em 1814, nos Anais de Heidelberg. wpreciagio era an6nima, mas sea autor eta um ‘dos maiors jurists alemses da epoca, Antonio Frederico Justo Thibaut (1772-1841); da mesa geragio, portant, de Hugo, nuscido em 1774, € {e Savigny, nascida em 1779), "Thibauthaviaescrito,em 1798, umaobrinttulad Sobre inflaco da filosofia na interpretacao das tes postvas, Devido a0 titulo desta ‘bra a escola que eatesponde a esse autor é chamada de “escola filo- sitica”, mis se tata de aria donominacio iotalmente imprépris, visto ‘que tal escola poeri ser chamaca mais propeiamente de “positivist [Na ers, seer sfentamentea obrucra citada ver-se-ique eusutor no prstende em absolto fazer sobreviver es idias do jusmaturaismo ros velhos moldes (que contapunho verdadero dieito, guee imu vel porque fundago na rizi0, a0 diteito mutivel produzido pelo Jesenvolvinientohistoico}; Pibaut 0 contro, rofutaidéia segundo ‘1 qual se poss deduzir um sistema juridicg inti de algun prinipios racionis@ prion. Por “influ da flosoia na interpretagio dodireito", ‘Thibaut ented algo muito mais simples (¢ mesmo maisbanal, pode amos aereseentat, para 0 que ndo era necesséro incomodar 0 exmo “ilosofis"). Empegando uma linguagem moderna, podemos dizer que ‘autor tencionava pr em evidénciaw inciéncia do rciocnio lgieo- ‘istemdtco na imerpretscio dodleito.Parainterpretarums norma, cizis le, no basta conhecer como cli € formads, & necesirio também Felicions-la com 6 contesdo das outes normnas; & preciso, portato, ‘alist fogicamente enquadti-1 sistematicament (nd0 por acaso, 56 “Thibuut esereveu, em 1799, uma outa obrasignificativamenteintitulada Sobre a interpretagdo ligica das lis, da qual existoumna antiga tadugso italiana, Napoes, 1872. ‘Thibaut, 6 reso, no assumia absolutamente ua atte ext ‘mista, Para ele, a interpretagi “flosdica” (ato 6 logico-sistemstica) nio se contrapse &inlepretago histérica, mes @ integra, Procuriva, Portanto,assumir uma posi moderada, de conclio, ente histria {raz — como tests dest lirmativa: Sem floss nio hi reaizalo de neshum bistiniss sem isa nenhuia aphcago segura da loots (sta formula nos tz 3 mente a posigdo de um grande fl6sofo italiano dahistiriaedo dteito, GB, Vio, s¢gundo o qual no estado da histria &necessio wie “ilowofia” e“iologia”) A Thibaut, portato, importava no rssuscitar o jusnaturalismo, ‘mas constuir um sistema Jo diteito positivo. De fat, ele esreveu, em 1803, um Sistema do direttodas Pandectas (System des Pandelanrechts, «que representa primeira tentativade ordenar sistematicamente oiteto positive (especialmente o pivada). Pouco depois (1807) surgiu uma ‘obra anlogs de Heise: Fundamentos de um sistema do direto civil ‘comum (Grandriss eines Sysioms des gomeinen Zivilrechs) Ess duss ‘obras representa os primendins daquela escola lem gue, na primers Imetade do séeulo XIX, sistematizou cienificarenteo diet comam vigente na Alemanha e que leva o nome de “escola pandectisis” A definicio mais exata da pesigho de Thibaut foi dada por Landsberg, que, na sua monumental Histéria de cinciajuridicnalems, cama 0 pensamento desse autor de posiivismo cienifico (wissens- chaflicher Pasivismas}. 15. A polémica entre Thibaut e Savigny sobre ‘ codificagio do direto na Alemanha. Retornando i apreciacio do argo de Rehberg eserits por Thibaut, ste afirma entre outs cosas: Os alemies esto hi muitos seule praisados oprimidos,separados ‘uns dos outs por eausa de um abrnto de costumes hetero gtmees em 7 pate recone © periions, Jastmente agora se apreseata wma ‘omni ineaperadarmeate favorvel pata eon do drei cis coma rinse apreaciavaellvez no se apeeente mais em mil amos.) A CGonviceho de que a Alemunhs eteve até gore enferma de mit role graves, dequepodcedevemethorar.é univers. O precede Gini tapes multo cotbuin para isso. Ningém que quer ser impatclat poe aewar que nas insuigies franceass eno encrradss smias exis Bouse que 0 Céiigo e as discusses € 08 diseursos a "espeto del, asim sone 9 ciigo prosiano oaustiaco, uouxeram pats nova filosfie mae vitaldide ate evita que as eslradas Siscssderdos nos tulad sobre det mitral Se rao ein ps alemics coneondasem com # reds de um e6dio gr slemo| [vl oul © proces e cmpregase por apenas cinco anos aguld ‘ye ost im mco regiments de oidad, no poeriames dinar de tecsber algo de nolavel e sls, A contigo de um lego seta fnideutvel (Landsberg pe, ol I p79) “Thibaut, depois deste escrito polémico,retomou & diseussio da codificagio do dirito com um ensaio que apareeeria poweos meses ‘depois intitokado Sobre a acessidade de um dircito civil geral para a Alemarha (Heidelberg, 1814), Ese enssi, muito importante porque ‘exprime a posigio da chamada “escola ila do direito”e porque provocou, por parte de Savigny. a fomada de posigio em contri, ‘somegava falando dorenascimento da nacio alemi,fuzendo oelagio do povo alemio © indagando © que deveriam fazer os principes para avorecer ess processo de renovacio. Uma das principals tarefas que 0 auloratibui aos soberanes alemies € prceisamente a de promover a codificagi do dteito: Sou de opinito que 0 moso distal.) necssia de ums ans fevmase rapids e completa que x alemies nao pedo se trmat {eles nis as lage visa set ue Todos os pegeipes alma, remind sues forga,proctem regi um etge Valid pata toda ‘Alemania e que exape do arbitrarictase dos Estados indepemenes! “Thibaut prossegneilusiando os dois requisios fundementas que uma boa legisao deve apresenta, isto é, perfeedo formal e perfeigao substancal Alegistacio deve ser penetaformalmente, toe, ss ‘deve enuiciaras normas juridicas de modo esto e preciso; ¢ deve ser perfeita substancisimente, isto deve comer norms que regulem fdas as relagGes socias: Na Alemanha, infelizmente, afi 0 aor, ni0 existe nenfuma epslagio que apresente tas tequisits. Nios presenta ‘oditeto de origem germinica, que ¢ insaficent, obscure primitive, ‘lo os apresenta o diteito cand, que é incuto e dificil de ser inlerpretado, tumpouso os apresentao divito comum romano, que € ‘ompicadoe incerto (Thibaut observa como Justiniano, so compilat Corpus, hia deformado 0 genuino pensarneno dos juristas cassia, «uja reconstruc, pelos estudiosos moderns, oeasionoW infinitas con. loovérsis ¢ é,porianto,fente de incerte7a). Dante dessa desoladora sitwagao do divetoalemo, Thibaut afirma a necesidede de uma legis 0 ger iso &, de uma coiicacio propriamente dit, ¢ enuncia as ‘antagens desta ejapuraosjuizes,sejaparscsestudiososdadireio, sj Pars os simples cidados; a coificagde, por outro ldo, wari também algumas vantagens polities, visto que daria uma impulso decsivo & ‘niicacéo da Alemania © autor prevé também as objegdes que poderiam ser movidas contra seu projet, especialmente aguela segundo a qual x oodificagto € algo ndo-natural, pois constviia uma espécie de camada de chumbo imposta& vida do dieito, que Ihe secasia ws fontex e the paralsaria 0 desenvolvimento (ede fato esta sera objegio levantada por Savigny), ‘Thibaot responde afinmando que, na realidad nos assuntos importantes Pata vida socal, as variagbes do direito sie muito menores do que se Pens Muits partes dodo civil io por assim der, semen uiaespécie

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