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Caso Pedroso Maridélio - induzimento - Diante do feito apresente a medida processual

privativa cabível
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA DO TRIBUNAL DO
JÚRI DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE PLANALTINA-DF
Autos do Processo nº...
Romualdo Silva, já qualificado nos autos da Ação Penal em epígrafe, vem
perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infra constituído, conforme
instrumento procuratório em anexo, com fulcro no art. 406, caput, §3º, do Código de
Processo Penal-CPP, oferecer:

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:

I – DA SÍNTESE DA DEMANDA
Romualdo Silva, nascido em 11 de fevereiro de 1994, foi denunciado pelo
Ministério Público pela suposta prática do crime de induzimento, instigação ou auxílio a
suicídio, tipificado no artigo 122, caput, do Código Penal.
O fato ocorreu no dia 12 de março de 2014, em razão de ter induzido e
auxiliado seu amigo Pedroso Maridélio, este, capaz e maior de 28 anos, a tirar a sua
própria vida. Que na ocasião havia ido até à sua casa para desabafar-se e exteriorizar
seu intento.
Cansado das lamúrias de Pedroso, Romualdo o aconselhou a atentar contra
sua própria vida, pulando da ribanceira de um grande morro, localizado em
Planaltina/DF, visto que este se encontrava em estado depressivo por ter sido demitido
de seu emprego e não tinha mais família, nem amigos. Dessa forma, pondo fim em seu
sofrimento.
Contudo, ocorreu que Pedroso não obteve sucesso em sua tentativa, uma vez
que sua queda foi amortecida por uma pedra, ficando nela preso, e, posteriormente, foi
socorrido e levado ao hospital pela equipe de bombeiros que foi acionada por pessoas
que presenciaram o ocorrido.
Já no hospital, o laudo médico apontou duas luxações que lhe retiraram a
possibilidade de exercer suas ocupações habituais por 23 (vinte e três) dias, além de
diversas equimoses e hematomas nos braços, pernas e rosto.
A denúncia foi recebida pelo Juízo competente no dia 15 de janeiro de 2020.
Logo, o Ministério Público requereu de plano a designação da audiência de instrução e
julgamento, visto a gravidade do delito, por tratar-se de crime contra a vida. Apesar de
ser o réu, primário, de bons antecedentes e não haver respondido por qualquer outra
ação penal.
A citação do acusado se deu no dia 21 de junho de 2020, numa quarta-feira.
Diante da narrativa dos fatos, a referida tese não merece prosperar, como
passa a ser demonstrado abaixo.

III – DO DIREITO
III.1 – DAS PRELIMINARES E NULIDADES
III.1.1 - DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA POR CAUSA EXTINTIVA DE
PUNIBILIDADE POR PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO
Preliminarmente, pelo que se depreende dos autos, o acusado foi incurso no
suposto crime tipificado no artigo 122, caput, do Código Penal, e a suposta autoria dos
fatos foi conhecida no mesmo dia do acontecimento, qual seja, no dia 12 de março de
2014, sendo que a presente denúncia, só foi recebida no dia 15 de janeiro de 2020.
Sendo esse prazo material, temos que foi alcançada a prescrição da pretensão punitiva
do Estado.
De pleno, vale dizer, que a prescrição é causa extintiva de punibilidade, que
será regulada pelo máximo de pena privativa de liberdade cominada ao crime, em
conformidade com os preceitos do art. 107, IV, c/c art. 109, caput, IV, c/c art. 115
ambos do Código Penal. Além do que, o autor dos fatos era naquele tempo, menor de 21
anos de idade. Temos que foi decorrido mais de 04 (quatro) anos entre a data dos fatos e
o recebimento da denúncia. Razão pela qual enseja a prescrição punitiva do Estado.
Assim, preconiza o Código Penal, em seu art. 109, inciso IV, que a pena
máxima cominada for superior a 02 (dois) anos e não excedendo 04 (quatro) anos,
ocorrerá a prescrição do fato em 08 (oito) anos. Bem como em seu art. 115, que são
reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do
crime, menor de 21 (vinte e um) anos.
Em conformidade com o art. 107/CP, extingue-se a punibilidade: “IV pela
prescrição, decadência ou perempção.”. Logo, não há mais como o Estado exercer seu
direito. Devendo, dessa forma, a causa ser extinta pelo art. 397, inciso IV/CPP, em
razão da falta de justa causa para o exercício da ação penal, eis que ocorreu a prescrição.
Segundo as lições de Capez:
Prescrição é a “perda do direito-poder-dever de punir pelo Estado em
face do não-exercício da pretensão punitiva (interesse em aplicar a
pena) ou da pretensão executória(interesse em executá-la) durante
certo tempo”. (Curso de Direito Penal, p. 623).
Para Rogério Greco a prescrição enseja como:
“O instituto jurídico mediante o qual o Estado, por não ter tido
capacidade de fazer valer o seu direito de punir em determinado espaço
de tempo previsto pela lei, faz com que ocorra a extinção da
punibilidade”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral.
Niterói: Impetus, 2007).
Vale dizer que, no crime de Induzimento ou Instigação ou Auxílio a
Suicídio, previsto no art. 122, caput, CP, em sua segunda parte da Pena, que na época
dos fatos, (antes da reforma dada pela Lei nº 13.968, de 2019), visto que o suicídio não
se consumou, bem como nos termos da Súmula 415 do STJ, a prescrição ocorre em 08
(oito) anos, visto que a sua pena máxima é de 03 (três) anos de reclusão, conforme o
art.109, IV do CP. Além disso, de acordo com o art. 111, I, CP, a contagem da
prescrição se iniciará do dia em que o crime foi consumado e o seu curso será
interrompido pelo recebimento da denúncia, nos termos do art. 117, I, CP.
Conforme documentos que comprovem, em anexo, o acusado se faz
beneficiário do referido dispositivo legal, visto que o mesmo nasceu no dia 11 de
fevereiro de 1994, e na data do suposto crime, dia 12 de março de 2014, possuía 20 anos
de idade. Assim, o prazo prescricional foi reduzido pela metade, ou seja, para 04
(quatro) anos, e o fim do prazo se deu no dia 11 de março de 2018. Sendo que a
denúncia foi recebida somente no dia 15 de janeiro de 2020, ou seja, ultrapassaram os
04 anos, qual seja, 05 anos, 10 meses e 03 dias.
Dessa forma, considerando o lapso temporal entre a prática do ato e o
recebimento da denúncia, tem-se a configuração da prescrição da pretensão punitiva
Estatal.
Para melhor ilustrar, segue precedente do Tribunal de Justiça do RS sobre o
tema:
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE FURTO. PRELIMINAR DE
DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA. POSSIBILIDADE DE
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO-CRIME.
ACOLHIMENTO. DECRETAÇÃO DA EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE. PRESCRIÇÃO PUNITIVA ESTATAL. Caso dos
autos em que merece ser aplicada a Súmula 337 do STJ, ao efeito de
ser desconstituída a sentença, para ser oportunizada ao Ministério
Público a ofertada suspensão condicional do processo-crime. Extinção
da punibilidade do acusado, diante da incidência da prescrição
punitiva estatal pela pena em concreto transitada em julgado para o
órgão ministerial. Lapso temporal de dois anos e dois meses
transcorrido entre a data do recebimento da denúncia e a data da
presente Sessão de julgamento. Inteligência dos arts. 109, VI, 115 e
107, IV, todos do CP. Preliminar acolhida. Sentença desconstituída.
Extinta a punibilidade do réu. (Apelação Crime Nº 70074048729,
Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José
Antônio Dalto e Cezar, Julgado em 05/10/2017).
Portanto, em face do exposto, há de ser reconhecida a extinção da
punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva do Estado, com a devida
absolvição sumária do acusado ante a causa de extinção de punibilidade nos termos da
norma do art. 107, IV, do Código Penal, bem como nos termos do art. 397, inciso IV do
Código de Processo Penal.
III.1.2 – DA NULIDADE POR AUSÊNCIA DO OFERECIMENTOS DA
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO ( e/ou do Acordo de Não-Persecução-
Penal – ANPP (Se for o caso - Explorar aqui as causas do artigo 395 do CPP,
dissertando sobre os erros procedimentais que porventura afetaram o processo, bem
como nulidades existentes no art. 564 do CPP.).
O mérito da denúncia trata-se da suposta prática de infração tipificada no art. 122,
caput do CP, sendo esta recebida no dia em 15 de janeiro de 2020. Ocorre que o
Ministério Público foi omisso, visto que não houve proposta de suspensão condicional
do processo ao tempo do oferecimento da denúncia, o que deve ser revisto.
Súmula 696 do STF: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão
condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28
do Código de Processo Penal.”
Dessa forma, em complemento, dispõe o informativo n° do 513 do STJ: “O juízo
competente deverá, no âmbito de ação penal pública, oferecer o benefício da suspensão
condicional do processo ao acusado caso constate, mediante provocação da parte
interessada, não só a insubsistência dos fundamentos utilizados pelo Ministério Público
para negar o benefício, mas o preenchimento dos requisitos especiais previstos no art.
89 da Lei n. 9.099/1995.” E continua: “Além disso, diante de uma negativa de proposta
infundada por parte do órgão ministerial, o Poder Judiciário estaria sendo compelido a
prosseguir com uma persecução penal desnecessária, na medida em que a suspensão
condicional do processo representa uma alternativa à persecução penal.”
O denunciado é uma pessoa íntegra, de boa índole, bons antecedentes e jamais
respondeu a qualquer processo crime como consta de sua F.A. Possui ainda todos os
requisitos para a concessão do benefício da suspensão condicional do processo previsto
no art.89 da lei 9,099/95, no entanto, tal benefício não foi ofertado pelo ilustre Parquet
ao oferecer a denúncia, o que pode ensejar a nulidade do processo a partir do seu
recebimento.
Trata-se de um direito subjetivo do réu, e o não oferecimento de tal benefício traz
prejuízo ao acusado, vez que caso o aceite, sequer teria sido processado, livrando-se de
uma condenação criminal e de suas consequências. Trata-se, portanto, de uma medida
do Direito Penal que tem caráter de despenalização, anulando todo o processo.
Destarte, diante do exposto, a defesa requer que seja declarada a NULIDADE do
recebimento da denúncia por Ausência do oferecimento da suspensão condicional do
processo previsto no art. 89, da lei 9,099/95, bem como a sequente anulação de todo o
processo criminal.
II.1.3 - DA NULIDADE POR CERCEAMENTO DE DEFESA POR AUSÊNCIA DE
JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL (Obs: essa não foi preciso, porque o
problema não citou o laudo pericial)
Conforme consta dos autos, o acusado foi denunciado pelo Ministério
Público como incurso no crime tipificado no artigo 122, caput, do Código Penal.
Em que pese, a denúncia seja um documento conciso, para a deflagração de
uma ação penal, com a acusação de um cidadão de prática de crime, é necessário que
existam, ao menos, indícios mínimos para que um cidadão possa ser acusado de
qualquer crime, sob pena de configurar cerceamento de defesa.
Dessa forma, é necessário que a denúncia possua os elementos mínimos
aptos a ensejar a deflagração penal, com o preenchimento dos requisitos constantes no
artigo 41, do Código de Processo Penal.
Por conseguinte, procedendo à análise dos autos e estando presente a
tentativa de Pedroso em atentar contra sua própria vida, a infração penal apresentada
pelo Parquet, deixa vestígios e, para tal, deveria ter sido realizado o exame de corpo de
delito por perito, conforme preconiza o art. 158 do Código de Processe Penal. No
entanto, no presente caso, cabe arguir que tal procedimento não foi realizado.
Apesar de constar nos autos a existência de um laudo médico, este não
afasta a necessidade do laudo pericial, que por sua vez, este só poderá ser substituído
quando as evidências da materialidade do crime tenham desaparecido ou se tornado
impróprias.
Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça/STJ é necessário
exame de corpo de delito para comprovar materialidade quando a conduta deixar
vestígios:
“1. Segundo a pacífica jurisprudência desta Corte Superior, quando a
conduta deixar vestígios, o exame de corpo de delito é indispensável à
comprovação da materialidade do crime. O laudo pericial somente
poderá ser substituído por outros elementos de prova se os vestígios
tiverem desaparecido por completo ou o lugar se tenha tornado
impróprio para a constatação dos peritos.
2. Na espécie, embora os vestígios não tenham desaparecido, não foi
realizado laudo pericial, revelando-se a impossibilidade de sua
substituição por prova testemunhal.” (AgRg no REsp 1.622.139/MG, j.
22/05/2018)
Corrobora para a demanda em discussão, o julgado do TJ-MG
Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Rec em Sentido Estrito:
10024110377124001 MG
Ementa
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. REJEIÇÃO DA
DENÚNCIA. INÉPCIA. DENÚNCIA GENÉRICA. AUSÊNCIA DE
JUSTA CAUSA DEMONSTRADA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA
AMPLA DEFESA. REJEIÇÃO MANTIDA. RECURSO
MINISTERIAL NÃO PROVIDO.
1. Considerando-se que o acusado se defende dos fatos, mostra-se
indispensável a descrição pormenorizada das circunstâncias em que o
crime foi praticado, sob pena de cerceamento de defesa.
2. No tocante à justa causa, a ausência de tal pressuposto ocorre
quando não é apresentado um mínimo de prova para a viabilidade da
ação penal, o que se verifica no caso em tela, já que não há indícios
suficientes de autoria e de materialidade acerca do crime de imputado
ao recorrido.
3. Não tendo sido preenchidos todos os requisitos exigidos pelo artigo
41 do Código de Processo Penal, a rejeição da denúncia é medida que
se impõe.
4. Recurso improvido.
Ainda sobre nulidade absoluta, Mirabete nos traz que:
Causa nulidade absoluta a ausência do exame de corpo de delito nos
crimes que deixam vestígio. Na hipótese de delicta factis permanentis é
por ele que se comprova a existência do crime quando este deixa
vestígios, sob pena de nulidade” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código
de Processo Penal Interpretado, p. 1392)
Haja vista, que o exame de corpo de delito não foi realizado por peritos,
tornando impossível a caracterização da materialidade dos fatos no presente caso,
tampouco não teve a oitiva de testemunhas e não sendo cabível a prova testemunhal.
Assim sendo, incide a nulidade absoluta esculpida no art. 564, inciso III, alínea “b” do
Código de Processo Penal, podendo ser decretada de oficio com a consequente
invalidação do laudo médico usado pelo Parquet com o intuito de substituir o exame de
corpo de delito.
Pelo o manifesto, caso seja esse o entendimento de Vossa Excelência ante a
nulidade absoluta, que seja reconhecida a absolvição sumária do acusado por falta de
provas, conforme o art. 386, inciso VII do Código de Processo Penal.
Além do mais, os autos estão eivados de nulidade por não seguir o rito da
Lei nº 9.099/95, vez que neste rito há institutos despenalizadores, como é o caso da
Transação Penal e Composição Civil dos Danos, o que evitaria o oferecimento da
denúncia. Dessa forma, no presente caso, o acusado foi prejudicado, porque não lhe foi
dada tal oportunidade por parte do Ministério Público, e este não pôde ser beneficiado
com tais institutos. Com fulcro no art. 5º, LV, da Constituição e art. 564, IV, do CPP,
ocorreu nulidade nos atos, vez que houve omissão de formalidade que constituía
elemento essencial destes, não sendo assegurado ao acusado os meios e recursos a ele
inerentes.
Desta feita, apesar de ser o réu, primário, de bons antecedentes, possuir boa
conduta na sociedade e não haver respondido por qualquer outra ação penal, o
Ministério Público ofereceu a denúncia, sem antes oferecer tais benefícios, previstos na
Lei nº 9.099/95, a que lhes faz jus, requerendo de plano a designação da audiência de
instrução e julgamento, visto a suposta gravidade do delito, por tratar-se de crime contra
a vida.
Assim, viola a exigência estabelecida pelo ordenamento legal
(infraconstitucional) e infringe os direitos constitucionais do acusado. Por esta razão,
seu desatendimento é capaz de gerar prejuízo, dependendo do caso concreto. O
interesse, no entanto, é muito mais da parte, do que de ordem pública, e por isso, a
invalidação do ato é medida que se impõe. Caso seja esse o entendimento de Vossa
Excelência ante a nulidade relativa do ato, que seja reconhecida a absolvição sumária do
acusado, com fulcro nos arts. 5º, LV, da Constituição Federal e 564, IV, do Código de
Processo Penal.

III.2 - DO MÉRITO
III.2.1 - DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA POR ATIPICIDADE DA CONDUTA POR
FATO QUE EVIDENTEMENTE NÃO CONSTITUI INFRAÇÃO PENAL
Diante da narrativa exposta, na época em que ocorreram os fatos, para que
seja caracterizado o crime do art. 122, caput, CP, faz-se necessário que a consumação
do crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio dar-se-á com a morte do
suicida, de modo a demandar resultado naturalístico. Por outro lado, a tentativa somente
restará configurada se da tentativa de suicídio resultar lesão corporal de natureza grave.
Ou seja, a vítima precisa ter tido o resultado do crime.
No entanto, resta claro no caso em análise que, a vítima sofreu apenas lesão
corporal de natureza leve, viso que, já no hospital, o prontuário (laudo) médico da
mesma apontou apenas duas luxações que lhe retirou a possibilidade de exercer suas
ocupações habituais por 23 (vinte e três) dias, equimoses e hematomas nos braços,
pernas e rosto. Assim, o fato se tornou atípico, uma vez que a conduta prevista no
referido diploma legal, somente prevê punição no caso de o resultado morte se
concretizar ou se forem causadas lesões corporais de natureza grave figurando a
tentativa.
Para corroborar com a demanda, segue julgado doTJ-MG:
Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Apelação Criminal:
APR 0590483-08.2003.8.13.0024 Belo Horizonte.
Ementa
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - INSTIGAÇÃO AO SUICÍDIO -
IMPRONÚNCIA - AUSÊNCIA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE
AUTORIA - CONDUTA ATÍPICA - DECISÃO MANTIDA -
RECURSO NÃO PROVIDO.
- Não havendo nos autos indícios suficientes de autoria e, ainda, diante
da atipicidade da conduta praticada pelo acusado, é de rigor a
manutenção da decisão que o impronunciou em relação à prática do
crime previsto no art. 122, do Código Penal. Precedente do STF -
Recurso não provido.
Urge salientar que, por opção do legislador, na época do fato ocorrido, as
lesões de natureza leve não eram puníveis no caso de Induzimento, instigação ou auxílio
a suicídio. Além do que, não admitia a forma tentada para tal (art. 14, I do CP).
Nesse elastério, temos que, a lesão corporal grave dispõe sobre a
incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias, perigo de vida,
debilidade permanente ou aceleração de parto, o que não é o caso. Enquanto que a lesão
corporal gravíssima traz a incapacidade permanente, enfermidade incurável, perda ou
inutilização do membro, deformidade permanente ou aborto, o que também não é o
caso, uma vez que o laudo médico de Pedroso nos mostra o contrário do exposto.
Destarte, pela teoria tripartite, adotada no Brasil, assenta-se que para um
fato seja considerado crime, ele deve ser fato típico, antijurídico (ilícito) e culpável.
Desse modo, de acordo com os termos do art. 397, III, do CPP, o acusado
deve ser sumariamente absolvido: III - "que o fato narrado evidentemente não constitui
crime". Dado que se trata de conduta atípica, c/c com art. 386, III e VI, do mesmo
diploma legal.
Por todo o exposto, espera-se que as teses perfiladas pela defesa sejam
acatadas por Vossa Excelência, contudo, em homenagem ao princípio da eventualidade,
por amor ao debate, caso Vossa Excelência entenda de forma diversa, pugna-se que os
autos sejam remetidos ao Juízo competente, em obediência ao disposto no art. 74, § 2º
do CPP, c/c art. 5º, incisos LIII e LV, da Constituição Federal/88.

IV - DOS PEDIDOS
Pelo o exposto esculpido nessa peça, pugna o acusado pelo o regular
recebimento desta resposta à acusação, ora apresentada, com a consequente juntada de
documentos acostados a esta petição para que:
a) Seja absolvido sumariamente nos termos do art. 397, IV, do Código de
Processo Penal, por causa extintiva de punibilidade em razão da prescrição da pretensão
punitiva do Estado;
b) Seja declarada a NULIDADE do recebimento da denúncia por Ausência
do oferecimento da suspensão condicional do processo previsto no art. 89, da lei
9,099/95, bem como a sequente anulação de todo o processo criminal;
b) Ainda na preliminar, absolver sumariamente o acusado com fulcro no art.
386, inciso VII, do Código de Processo Penal, ante a nulidade absoluta por falta de
provas, tendo em vista a falta do exame de corpo de delito, conforme o art. 158, nos
moldes do art. 564, inciso III, alínea “b”, ambos do Código de Processo Penal. Bem
como, que seja reconhecida a absolvição sumária do acusado, com fulcro nos arts. 5º,
LV, da Constituição Federal/88 e 564, IV, do Código de Processo Penal , ante a nulidade
relativa do ato, por omissão do Ministério Público em oferecer os benefícios da
Transação Penal ao acusado, prevista na Lei nº 9.099/95, antes do oferecimento da
denúncia;
Não entendendo Vossa Excelência dessa forma, pugna no mérito:
c) Que o acusado seja absolvido sumariamente ante a atipicidade da
conduta, com base no artigo 397, III, do CPP, dado que o fato narrado evidentemente
não constitui crime;
d) Pugna-se ainda que, caso Vossa Excelência entenda de forma diversa, os
autos sejam remetidos ao Juízo competente, em obediência ao disposto no art. 74, § 2º,
do CPP, c/c art. 5º, incisos LIII e LV, da Constituição Federal/88;
e) Se assim não entender Vossa Excelência por todo o exposto, a defesa
arrola como suas as testemunhas indicadas nos autos, reservando-se o direito de
substituí-las caso necessário, pugnando desde já pela regular oitiva das mesmas em
audiência de instrução e julgamento a ser designada por este Juízo.

Nestes termos, pede deferimento.

Planaltina-DF, 01 de julho de 2020.


Advogado...
OAB...

V - ROL DE TESTEMUNHAS
1 - Nome completo, nacionalidade, estado civil, profissāo, endereço...
2 - Nome completo, nacionalidade, estado civil, profissāo, endereço...
3 - Nome completo, nacionalidade, estado civil, profissāo, endereço...
4 - Nome completo, nacionalidade, estado civil, profissāo, endereço...

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