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1.

ESTRUTURA EXTERNA
Poema com 44 estrofes, divididas em 4 momentos de 11 estrofes, compostas por 4
versos
(quadras), formadas por um decassílabo no primeiro verso de cada estrofe e três
alexandrinos
(verso de doze sílabas métricas). As rimas são geralmente interpoladas e
emparelhadas (num
esquema ABBA).
O poema divide-se em 4 partes:
1 – Avé Marias ( o entardecer, final da tarde)
2 – Noite fechada (a noite, anoitecer)
3- Ao gás (a fixação da noite, início da noite)
4 – Horas mortas (a noite avançada, madrugada)
A estrutura deste poema contempla uma progressão narrativa ao longo das quatro
partes
destacada pelos títulos destas. Ao longo da narrativa inserem-se pequenos relatos
de
episódios, que aceleram a narrativa.

2. ESTRUTURA INTERNA
Assistimos ao percurso de um sujeito poético que percorre Lisboa à medida que as
horas
passam e a noite se vai instando. As quatro partes correspondem, pois, a fases do
fim do dia:
fim da tarde, chegada da noite, noite instalada e iluminada pelos candeeiros a gás
e a noite
cerrada das «Horas mortas»

3. TEMPO
O poema decorre durante a noite (“Ao anoitecer”, “Ao cair das badaladas”, “Fim da
tarde”,
“Hora de jantar”…). Apesar de haver consciência da passagem do tempo.
O tempo real torna-se sucessivamente mais negativo, algo que se evidencia pelos
títulos
associados a cada parte do poema. Em contraste, o sujeito poético procura um tempo
de
evasão (descobrimentos) e de um tempo imaginado.
Este tempo real corresponde a um tempo de decadência nacional e civilizacional. A
evasão
surge pela necessidade de compreender a realidade e a procura da solução para os
problemas
presentes (não existe grande otimismo no futuro).

4. ESPAÇO
O principal espaço é a cidade de Lisboa, pela qual o eu poético se passeia e
observa o mundo à
sua volta. A visão representada é a de um observador acidental que se desloca pela
cidade à
noite.

5. RESUMO GERAL
Trata-se da reconstituição de um passeio solitário que o sujeito poético faz num
sábado de
lazer, descrevendo ao longo do seu passeio, tudo o que vai observando, em especial
as
pessoas e os espaços em que elas se movimentam. Ou seja, o poeta deambula pela
noite
urbana. Este poema é considerado como uma epopeia às avessas, dá-nos uma visão da
cidade
como a metáfora do ocidente, paradigma de um pretenso progresso e desenvolvimento.

O narrar não linear do poema com relação ao tempo estende-se ao longo da noite até
a
madrugada. Inicia-se ao entardecer, com o pôr do sol, quando os operários saem das
fábricas
que poluem Lisboa, deixando-a como Londres (nublada, poluída, acinzentada,
nebulosa),
quando, enfim, os lusos-portugueses rezam a Ave Maria, no período vespertino, e
termina no
alto da madrugada, cujas horas são mortas. Nessas quatro partes, o poeta vai
descrevendo
como vê e o que sente em relação ao que vê. Conta uma história que vai
desencadeando
outras e mais outras, dessa forma, fala de Portugal e dos próprios sentimentos com
relação a
Portugal. A intenção era fazer poesia para homenagear Camões, mas o que o poeta não
poderia fazer era fechar os olhos para um País encalhado, decadente. Era como se
ele
quisesse gritar: "Veja, Camões em que e no que nos transformamos!".

Cesário caminha mentalmente pelas ruas da cidade e vai descrevendo-a. Não gosta do
que vê,
porque saudosista, clama por um Portugal glorioso da época classicista em que a
terra lusa,
com grandes navegações, conquistava espaços africanos e latino-americanos. Um
Portugal
nobre e rico, cheio de suntuosidade, com palácios e reis messiânicos. Chora por uma
época
camoniana, cuja obra Os Lusíadas narra em versos os feitos, as conquistas e as
vitórias dos
exércitos lusos.

Mas Lisboa modernizou-se, mesmo sem ter a mínima condição para tal, foi construindo
aqui e
ali irregularmente, prédios semelhantes a gaiolas, a viveiros, lugar onde vivem os
operários,
que saem das fábricas, saem sujos e se amontoam (aos magotes) perto do porto
marítimo a
caminho de casa.

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