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Bacharelado Livre em Teologia

FACULDADE TEOLÓGICA BEREANOS

Disciplina:Educação Crista

Os Bereanos eram mais nobres do que os de Tessalônica, pois receberam a mensagem


com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era
mesmo assim. Atos 17:11

Aluno(a):

Veritas pro Christo et Ecclesia

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Dica importante: Caso possa, imprima sua apostila para melhor compreensão

Natal-RN 2021 Brasil


EDUCAÇÃO CRISTÃ

I. CONCEITOS DE EDUCAÇÃO
1. Educação no sentido geral
1.Ato ou efeito de educar(-se).
2.Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da
criança e do ser humano em geral.

Contudo, educação não é apenas o processo de transferir conteúdos


acadêmicos, mas todo conjunto de instruções, disciplinas e práticas que visam
preparar a próxima geração para cumprir um ideal mais elevado. Agregar
conhecimento sem dar sentido a ele, sem a implicação moral de utilidade e
cumprimento de um propósito transcendente ao indivíduo, é negar a história e a
própria natureza da humanidade.
Vamos examinar também a definição da palavra EDUCAR, segundo o
dicionário cristão Webster 1828. Segundo Webster educar é toda a série de
instruções e disciplinas com o objetivo de:
1. Iluminar o entendimento;
2. Corrigir o temperamento;
3. Formar as maneiras e hábitos da juventude;
4. E prepará-los para serem úteis no futuro, cumprindo o seu chamado na
vida.

1. EDUCAÇÃO CRISTÃ. O que é?


Algumas definições de Educação Cristã:
- Educação Cristã é um processo de educação e aprendizado sustentado pelo
Espírito Santo e baseado nas Escrituras
- A Educação Cristã é o processo Cristocêntrico, baseado na Bíblia e
relacionado com o estudante, para comunicar a Palavra de Deus através do
poder do Espírito Santo com o propósito de levar outros a Cristo e edificá-los em
Cristo.
- Educação Cristã é um processo que ocorre tanto informalmente como através
de uma série de eventos planejada, sistemática e contínua, objetivando levar o
crente a conformar-se à imagem de Cristo (maturidade), tendo como base
autoritativa as Escrituras Sagradas e sustentada pelo Espírito Santo, visando a
glória de Deus.
Desdobrando esta última definição temos sete distintivos teológicos importantes:

2.1. Educação Cristã é um processo


Devemos ver a educação cristã como um processo de desenvolvimento do
ser humano. Por “ processo” entendemos uma ação progressiva que ocorre
através de uma série de atos e eventos que produzem mudanças, e não importa
se são rápidas ou lentas, desde que conduza a um progresso, a uma melhora.
(Ver 1 Co 13.11).

2.2. Educação Cristã ocorre informalmente (Piedade pessoal do educador)


Educação informal é aquela realizada não intencionalmente (ou, pelo menos,
sem a intenção de educar). Frequentemente, o exemplo de um líder cristão é
mais educacional do que os conteúdos que ele ensina, pois seus alunos podem
aprender mais conteúdos valiosos em decorrência da observação de suas
atitudes e de seu comportamento do que em consequência de seu ensino.

2.3. Educação Cristã é um processo planejado, sistemático e contínuo


A educação formal é aquela realizada e organizada com o objetivo de educar.
Exige-se um planejamento de temas, com horários determinados e uma série de
eventos e atividades de ensino elaboradas sistematicamente com a intenção
clara de educar
A Educação planejada, sistemática e contínua exige, portanto, um bom
programa de educação cristã, e este normalmente apresenta os seguintes
aspectos:
a) Um estudo cuidadoso das necessidades da igreja local, quais os pontos fortes
e fracos, qual área necessita de um investimento mais emergente;
b) O conteúdo bíblico a ser estudado é adequado às atuais necessidades. Pois
não é suficiente estudar a Bíblia, mas que o tema adotado seja relevante para a
vida da igreja;
c) Tem objetivos claramente fixados, ou seja, sabe-se onde pretende chegar;
d) Tem um programa de recrutamento, treinamento e capacitação de líderes e
professores;

2.4. Educação Cristã tem como objetivo levar o crente á maturidade


Paulo em Cl 1:28 diz: “ o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e
ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo
homem perfeito em Cristo”. (Ver Mt 28.19,20).
Paulo ensinava com uma finalidade: “apresentar todo homem perfeito em
Cristo”. Obviamente que perfeito aqui não significa ausência de pecados, mas
maturidade espiritual. O que queremos dizer por maturidade cristã é o processo
de santificação, o caminho progressivo para a conformidade à imagem de Cristo
no crente. (Pv 4.18).

2.5. Educação Cristã deve se fundamentar nas Escrituras Sagradas


Calvino dizia que para alguém chegar a Deus, o Criador, é necessário que
tenha a Escritura por guia e mestra. O verdadeiro conhecimento de Deus está
na Bíblia. Isto porque, a Escritura é a única regra inerrante de fé e prática da vida
da igreja.
A Confissão de Fé de Westminster declara a autoridade da Escritura:
A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida,
não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende
somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser
recebida, porque é a palavra de Deus. (Ref. II Tim. 3:16; I João 5:9, I Tess.
2:13.) [19]
Uma educação cristã prima pela relevância e indispensabilidade da Palavra de
Deus. Em dias confusos como os nossos, temos que nos voltar para o Sola
Scriptura e resgatar nossa confiança no seu ensino, a única que mediante o seu
poder é capaz de transformar vidas.

2.6. Educação Cristã é sustentada pelo Espírito Santo


Falando da inspiração das Escrituras, Pedro afirma que "Homens santos falaram
ao serem movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.21). Assim, cremos que as
Escrituras são o produto do Espírito Santo, que não apenas no-las dá, mas
também nos capacita a entendê-las, iluminando as nossas mentes e aplicando
a verdade de Deus no coração da Igreja. (2 Tm 3.15-17; cf. 1 Tm 4.13)
Desta forma, o educador cristão deve insistir que a iluminação do Espírito Santo
é necessária na interpretação, compreensão e aplicação das Escrituras.

2.7. Educação Cristã visa a Glória de Deus.


O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus, e este é o nosso
objetivo último na educação cristã, então isso irá mudar a forma como ensinamos
as Escrituras. Iremos ensinar não apenas para que os membros em nossas
igrejas aprendam o conteúdo bíblico, mas também para que eles venham a ter
uma relação com o Autor da Bíblia. Nós não iremos apenas ensinar para que
aprendam mais sobre Deus, mas para crescerem em sua relação com Deus.

II. BENEFÍCIOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ


Na Igreja Primitiva, cinco atividades de Educação Cristã se
destacavam. São conferidas no livro dos Atos (2.41-47; 5.42).

O Culto
A primeira delas o Culto (cf. 2.42a). Efésios 5.19-21 e Colossenses 3.16b são
claros em apresentar os elementos que compõem o culto cristão: os hinos de
louvor, as orações, a proclamação e ensino, e o serviço. A adoração há de ser
pessoal (Rm 12.1) e coletiva (Ex 12.26). Na adoração reconhecemos nossa
indignidade, e o sacrifício redentor de Jesus Cristo; buscamos conhecer a
vontade de Deus para poder servi-Lo com todas as veras do nosso espírito. Na
atividade de culto, o testemunho se faz atuante aos não-crentes, aos
adversários, ao que têm impedimentos físicos, e isso por métodos os mais
variados, pois o evangelho deve ser sempre atual falando às pessoas quando e
onde elas estão e como estão num testemunho relevante e inteligível, tomando-
se cuidado com os jargões religiosos que o descrente pode não entender, e não
ter igualmente sentido para as crianças. Algo assim como: “tem fogo aí irmã?”,
“reteté de Jeová”, e outros tantos.
Se o culto é o relacionamento consciente da congregação com Deus, quem o
cria e o faz de modo consciente é a Educação Cristã (cf. Ec. 12.26).

O Testemunho
A Educação Cristã ressalta que no culto estamos como uma coletividade de
pecadores salvos que confessam seu pecado e o perdão trazido por Cristo.
Ensina que culto é ação.
A experiência de estar com a congregação em culto é pedagógica porque
temos uma experiência viva do povo de Deus na história; crianças, jovens e
adultos se vêm como membros da mesma comunidade que cultua. É preciso
crer na família que adora a Deus unida quando cada culto se torna uma
experiência de adoração e educação.

A Comunhão
No Novo Testamento, o sentido de comunhão não era café-com-bolinhos, e
sim o de Atos 4.32,34,35. O senso de pertencer, de ser-um-com-os-outros, de
amar e ser amado é uma das mais extraordinárias experiências da vida cristã
(cf. 1Jo 4.19-21). Assim, a educação Cristã nos dá o reconhecimento do
nivelamento que o evangelho dá a pessoas de classes sociais, raças ou idades
diferentes. Através da comunhão, relacionamentos quebrados são curados e
fortalecidos. E isso não é sociabilidade, mas o reconhecimento que pela graça
somos salvos, alimentados pela educação na fé porque Cristo estabeleceu para
a igreja o "ensinando a guardar".

A Capacitação
O próximo passo é o do ensino, a capacitação e treinamento do povo de
Deus para a missão divina. São os novos crentes, a liderança da igreja, os
grupos especiais. Afinal, a igreja não lida com coisas, mas com pessoas, o que
significa que sua tarefa é produzir gente de boa qualidade.
Nosso trabalho é produzir crentes que saibam o que creem, e que possam
declarar sua fé no espírito de 1Pedro 3.15. Para que isso aconteça, haveremos
de enfatizar o estudo sistemático, dialógico da Palavra Santa, ou seja, não dizer
o que se deve crer, mas ajudá-los a descobrir por eles mesmos; que sejam
crentes de princípios justos e valores perfeitos; leais à Igreja de Jesus Cristo, à
sua denominação, e à sua igreja local; crentes profundamente conscientes do
seu papel no mundo, mostrando-lhe o que faz diferença na vida para eles
expressa na simples expressão, "em Cristo".

O Serviço
Cada crente em Jesus Cristo tem recursos para cuidar, zelar, fazer crescer
como participante do Corpo de Cristo com os dons que o Espírito Santo distribuiu
soberanamente (cf. 1Co12.6-11). A Educação Cristã, a educação, há de tornar
compreendidos esses dons, ao tempo, que, abrindo os olhos espirituais, capacita
com o treinamento o crente.

II. Que objetivos educacionais a Educação Cristã deve procurar


DESENVOLVER?

1º Conhecer a Palavra
2º Viver a Palavra
3º Ensinar a Palavra

III. Os fundamentos da educação cristã


A educação para ser cristã deve estar fundamentada nos seguintes princípios:

1 – No ensino da Bíblia. Há necessidade de que a educação cristã resgate a


Bíblia dentro das Igrejas, haja vista que, em muitas situações ela se tornou
secundária, como aconteceu com o povo de Israel antes do reinado de Josias.
Ao falar do ensino da Bíblia devemos nos conscientizar que não ensinamos
qualquer assunto, mas a Palavra de Deus, daí a necessidade de repensarmos
os nossos métodos de ensino no processo ensino-aprendizagem na sala de aula
na Escola Dominical, por exemplo, conforme as palavras de Paulo: “aquele que
ensina, esmere-se em fazê-lo”.
2 – Na transformação da conduta. Há que se questionar a educação que não
transforma. Uma das finalidades da educação cristã deve ser a mudança do
comportamento. Quantas coisas há para serem mudadas em nossa vida e em
nosso viver diário. Esta questão está diretamente ligada à prática das Escrituras,
pois, se a praticarmos certamente teremos nossa conduta transformada
cotidianamente.
3 – Na piedade. A finalidade última da educação cristã é o Criador. João Amós
Comenius, Pai da Pedagogia Moderna, contribuiu para o conceito de educação
cristã ao declarar que a finalidade da educação é fazer do homem paraíso de
delícias para o Criador.

IV. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ


1.1. A EDUCAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Deuteronômio 6:4-9 :
[4] Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
[5] Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma e de toda atua força.
[6] Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
[7] tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e
andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
[8] Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os
olhos.
[9] E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Podemos observar que em primeiro lugar a Bíblia nos diz para
reconhecermos Deus como o único Senhor, e adorá-lo com todas as forças do
espírito, alma (mente) e corpo. Como uma atitude seguinte segue-se a
obediência a este Senhor, guardando a Sua Palavra em nosso coração (v.6).
Estas "palavras que hoje te ordeno" que nos versículos anteriores incluíam os
dez mandamentos, e a aliança de Deus com o homem, deveram primeiramente
estar dentro dos corações dos pais, para que então pudessem ser ministradas
aos filhos. Não se pode dar algo que não se tenha recebido primeiro, e tudo que
é bom vem do Pai da luzes. Estas palavras deveriam ser inculcadas aos filhos,
assentado em casa, andando, deitando, levantando. Inculcar nos dicionários da
língua portuguesa significa repetir muitas vezes para imprimir no espírito
(Aurélio, Michaelis). A palavra hebraica traduzida aqui por inculcar (ou ensinar,
intimar) é LAMAD, e é uma palavra de grande abrangência, e representa muito
bem o processo de ensino e aprendizagem que Deus estabeleceu para os país
e filhos.
Lamad, traduzida por inculcar, pode ser definida como:
1. "Cortar" a mente; é a idéia de uma navalha afiada formando um canal
(sulco) na mente e produzindo por meio desta incisão um padrão de
pensamento.
2. Formar um estilo de vida, ou uma maneira de viver.
Temos aqui, portanto dois aspectos: o aspecto interno, relacionado com o
ensinar, que é o "cortar", marcar, criar um caminho que produz padrões e
estruturas de pensamento, e o aspecto externo, a conseqüência disto, que nos
fala da aprendizagem, que é um estilo de vida, ou uma maneira de viver.
1.2. A EDUCAÇÃO CRISTÃ NO NOVO TESTAMENTO

A maneira como o movimento cristão foi apresentado pelo próprio Senhor


Jesus refere-se a uma forma de vida e de prática eminentemente educativa. Não
se trata de uma nova forma de culto, não é, de forma alguma, uma orientação
sobre rituais religiosos. Todo o tempo, Jesus fala sobre um estilo de vida
transformado e transformador, que deve ser vivido e ensinado. (Mateus 5.17 e
19).
Na igreja primitiva, a pregação do Evangelho era seguida por um ensino
constante, conforme relatos dos Atos dos Apóstolos e das cartas pastorais. Em
Atos 11, lê-se que a conversão de um grande número de gregos na cidade de
Antioquia exige providencias e a igreja de Jerusalém envia Barnabé para ensinar
os novos conversos. Barnabé, por sua vez, percebe as dificuldades envolvidas
em grandiosa tarefa e vai a Tarso buscar reforço, trazendo Paulo para auxiliá-lo.
Paulo permanece em Antioquia durante um ano, ensinando uma numerosa
multidão.

1.3. A EDUCAÇÃ CRISTÃ NA IDADE DAS TREVAS


Quando o Cristianismo deixou de ser um movimento subversivo e
marginalizado dentro do Império Romano, passando ao status de religião oficial,
as bases da fé e da vida cristã foram gradativamente sendo abandonadas.
A educação que anteriormente era considerada de extrema relevância dentro
das comunidades cristãs, passou a ser percebida como perigosa para os
interesses políticos e eclesiásticos. Os textos sagrados foram proibidos. Grande
parte do próprio clero nem sequer sabia ler (conf. GUILES, 1987). As Escrituras
Sagradas não podiam ser traduzidas para a língua do povo porque cabia à alta
hierarquia clerical a interpretação da mesma.

1.4. A EDUCAÇÃ CRISTÃ NA REFORMA PROTESTANTE


A Reforma Protestante do século XVI tem como marco inicial a publicação
das 95 teses de Martinho Lutero, escritas num simples pedaço de papel e
pregadas na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha, no dia 31 de outubro
de 1517. Com esta atitude, Lutero apenas desejava chamar a atenção do clero,
do Imperador e das autoridades em geral para os abusos crescentes e
demonstrar que não havia sustentação bíblica para inúmeras práticas realizadas,
supostamente, em nome de Deus, de Jesus e dos apóstolos. Rapidamente as
teses de Lutero foram traduzidas por seus seguidores e tornaram-se um dos
documentos mais lidos na história do mundo ocidental Entretanto, Lutero
percebeu que a educação do povo não interessava àqueles que pretendiam
manter o povo distante das luzes esclarecedores, oriundas da Palavra de Deus.
Martinho Lutero mobilizou grandes multidões de pessoas simples e também da
nobreza e da burguesia emergente. Príncipes, teólogos e educadores
mobilizaram esforços no sentido de fazer prosperar os ideais de um cristianismo
reformado.
Assim, é a Reforma Protestante e não o iluminismo que rompe com a
dominação imposta pela ignorância. É a Reforma quem primeiro advoga a
necessidade urgente de investir na educação de todos como a única forma de
conduzir o povo ao conhecimento do Evangelho e livrá-lo da dominação de um
pseudo-cristianismo dissociado dos ensinos de Cristo e dos apóstolos.

1.5. A EDUCAÇÃO CRISTÃ NA MODERNIDADE


Vejamos alguns desafios que a igreja deve superar no processo de ensino
da Palavra de Deus nos dias atuais:
A. Rejeição dos Relatos Miraculosos. Os relatos bíblicos envolvendo a
atuação miraculosa de Deus como a criação do mundo, os milagres de Moisés,
etc, passaram a ser desacreditados e frequentemente explicado como naturais.
Já que milagres não existem, segue-se que foram fabricações do povo de Israel
e depois da Igreja, que atribuem a eventos sobrenaturais coisas que nunca
aconteceram historicamente.
B. A Pluralidade da Verdade - O pensamento pós-moderno rejeita o conceito
da modernidade de que existam verdades absolutas e fixas. Toda verdade é
relativa e depende do contexto social e cultural onde as pessoas vivem. Isso
inclui verdades religiosas.
C. A Defesa do Inclusivismo - O pós-modernismo busca uma sociedade
pluralista, onde haja convivência amigável entre visões diferentes e opostas. Isso
é pluralismo inclusivista. Espera-se que as opiniões cedam umas as outras,
particularmente aos pontos-de-vista marginalizados que foram calados por
gerações pelas vozes dominantes da sociedade.É o caso do ponto-de-vista
feminista, dos homossexuais, das minorias| das culturas desprezadas. Isso abriu
o campo para as hermeneuticas das minorias, como a hermenêutica feminista,
a hermenêutica da raça negra e a hermenêutica homossexual.
D. O Conceito do "Politicamente Correto" - Nessa sociedade pluralista e
inclusivista, a opinião e as convicções têm de ser respeitadas — algo com que o
cristão bíblico, a principio concordaria. Mas, para os pluralistas, a razão para
esse "respeito' é que a opinião de um é tão verdadeira quanto a opinião do outro.

EBD é uma benção e uma ferramenta impar e indispensável.

A Escola Dominical, também conhecida por Educação Cristã é fundamental para


que qualquer igreja seja madura. Prefiro falar de Educação Cristã (EC) porque
a mesma transcende o domingo (dominical) e deve ser vista como um projeto
pedagógico de toda a igreja que inclui tudo o que ela faz.
Os dons (graça, que no grego é charis) espirituais são capacitações da “graça
[que] foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo”
(Ef 4:7). Dentre estes dons se encontra o ensino via os mestres (didaskalos no
grego), principais responsáveis pelo desenvolvimento didático da comunidade.
A tarefa primordial e essencial do mestre na igreja está claramente definida pelo
Apóstolo Paulo: “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho
do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4:12). Ou seja, a
finalidade é o aperfeiçoamento da comunidade (“dos santos”) que literalmente
significa capacitação.
É plano de Deus que a igreja seja uma comunidade capacitada e capacitadora.
Sem isso, ela não conseguirá cumprir a missão de Deus no mundo e tal tarefa
está, primordialmente, debaixo dos pastores-mestres. É comum se ouvir dizer
que nem todo mestre é pastor, mas todo pastor é (ou deveria ser) mestre!

Assim sendo, vejamos alguns passos fundamentais para o “aperfeiçoamento dos


santos” por meio da educação cristã, conforme nos orienta o aposto Paulo:
1. É necessário direção: “cresçamos em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo” (v. 15).
É a partir de Cristo, a cabeça, que o corpo cresce e desenvolve suas
capacidades. Cristo é centro, que dá a direção e a motivação para estarmos e
caminharmos juntos. O que faz sentido a Igreja é que tudo o que ela faz, faz
“naquele” - Cristo. Se Ele não é a motivação da igreja, nada nos motivará e
qualquer outra motivação que não seja Cristo, é passageira, circunstancial e
danosa. Os membros (do corpo) só podem ser saudáveis e fortes quando cada
um é obediente à direção que Cristo nos dá.

2. É necessário o envolvimento de todos: “de quem todo o corpo" (v. 16).


Por amor a Cristo e seu corpo, todos agora se envolvem. Cristo é a nossa
motivação para o envolvimento e engajamento. Nosso envolvimento não é fruto
de alguém ficar pedindo para “fazer isso ou aquilo”, ou “participe no ministério
X”. Todos se envolvem porque amam o Senhor. Jesus perguntou a Pedro: “você
me ama?” “Se você me ama, então envolva-se Pedro, cuidando das minhas
ovelhas”, disse Ele. Ou seja, demonstre esse amor no envolvimento e
engajamento com seus irmãos e irmãs. E isso não pode ser de uma ou outra
pessoa, é de todo o corpo. Todos são importantes. Todos são necessários.
Todos são úteis!

3. É necessário organização: “bem ajustado” (v. 16).


Para que a igreja cresça, se desenvolva e siga na mesma direção é necessário
que todos sirvam de forma coordenada. Não se trata de estarmos envolvidos em
projetos de interesse pessoal. Temos senso de direção por causa de Cristo; por
causa d’Ele todos se envolvem, e para isso é necessário organização e gestão.
O corpo é um organismo (vivo) que necessita de organização. A expressão de
ordem aqui é bem ajustado. O desajuste é fruto da ausência de organização.
Ajustar e organizar não podem conspirar contra a criatividade e
espontaneidade. Ajustar significa ter a estrutura correta para que a criatividade
e espontaneidade tenham um ambiente adequado para florescer. Lembremos: é
ajuste do corpo! Corpo representa mobilidade e dinamismo. Não se trata de
algo estático e imóvel (não confundamos corpo com prédio ou templo). Trata-se
de um organismo vivo, que se movimenta, meche, tem emoções. Se não estiver
bem ajustado ele para.

4. É necessário trabalhar em equipe: “unido pelo auxílio de todas as


juntas” (v. 16).
A palavra junta significa: toque, contato, pegar, ponto de contato. Isso
complementa o que foi dito no ponto anterior. Não podemos trabalhar de forma
descoordenada, bagunçada, sem organização. Antes, nosso trabalho deve ser
coordenado. É trabalho em equipe onde todos são importantes, um entrando em
contato com o outro, um apegado ao outro, onde todos são pontos de contato.
Cada pessoa funciona como uma junta de uma equipe coordenada. Vejam:
estamos (o corpo) ligados a cabeça (Cristo) e a cada um de nós somos o ponto
de contato para fluir o alimento para o corpo. Uma igreja sem senso de equipe
jamais será uma igreja unida, forte, que cresce, se cada um faz o que bem
entende. Ao contrário disso, somos dependentes de todos (mutualidade) e todos
dependentes de Cristo, a cabeça. Uma igreja assim muda seu modo de pensar.
Por exemplo: quando você for visitar alguém no hospital, em vez de se chatear
porque fulano e beltrano não foram, você se alegra em Deus porque você foi,
você foi a liga da igreja entre aquele irmão que sofre e seus irmãos na fé. Se um
foi, todos foram!

5. É necessário que todos saibam sua missão no corpo: “cresce e edifica-


se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua
função” (v. 16).
O todo é constituído das partes. Cada parte deve cooperar visando o
suprimento do corpo. Cada parte realiza sua função, seja ela qual for. Agora vem
o outro lado da questão. Se você não fez e era sua parte fazer, você está
conspirando contra a saúde do corpo. Por isso cada um de nós deve possuir um
profundo senso de missão, ou seja, quem sou eu e o que devo fazer. Deus
respeita a identidade de cada um dentro do corpo, mas é necessário que cada
um de nós saiba claramente qual é o seu ministério-serviço no cooperar. Se
apenas uns se preocupam em trabalhar e outros apenas observam, nunca
conseguiremos desenvolver a missão para a qual Deus tem nos chamado. Note
como você é importante aqui, pois o corpo “cresce e edifica-se a si mesmo em
amor, na medida em que cada parte realiza a sua função”. Note que você
sozinho não é o corpo de Cristo. Diferente do corpo que cada um de nós tem,
caso você e eu sejamos descuidados, nosso próprio corpo sofrerá o dano. Na
igreja não é assim. O corpo é de Cristo. Se não cumprimos nossa parte, quem
sofre é a Igreja.

Concluindo, a importância da educação, de acordo com essa orientação do


apóstolo Paulo, está em:
1. Capacitar os santos a serem semelhantes e imitadores de Cristo:
“todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus,
à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13).
Sem conhecimento (do Filho de Deus) a unidade da fé jamais existirá.
Ajuntamento sem conhecimento corre o risco de piorar em vez de melhorar as
coisas. Quando Paulo instrui a Igreja de Corinto sobre a celebração da Ceia do
Senhor, note atentamente o que ele disse:
“Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não
para melhor, e sim para pior. Porque, antes de tudo, estou informado haver
divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio. Porque
até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados
se tornem conhecidos em vosso meio” (1 Co 11:17-19).

2. Capacitar os santos para discernirem o falso e o verdadeiro:


“para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e
levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela
astúcia com que induzem ao erro" (Ef 4:14).
A verdade conduz; o erro induz. Uma comunidade sem educação cristã
facilmente será induzida, pela artimanha e astúcia “dos homens” (leia-
se, pessoas deliberadamente enganadoras) cujo foco é desviar a igreja de Deus
para viver no erro e não na Verdade!

3. Capacitar os santos para o desempenho do seu serviço


“... para o desempenho do seu serviço” (Ef 4:12)
Aqui está a relação entre teoria e prática! A finalidade da educação cristã é o
serviço, ou sejam, capacitar os santos para a missão de Deus no mundo. Não
se trata de passar conceitos bíblicos e outros, para que a pessoa simplesmente
aprenda e saiba, mas sim que tal processo de ensino-aprendizado conduza ao
fazer. Saber sem fazer é coisa de fariseu e não de cristão maduro. Jesus disse:
“Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas
suas obras; porque dizem e não fazem” (Mt 23:3). Eis o ponto: divorciam o saber
do fazer. O nome disso é incoerência! Não queremos formar incoerentes, mas
sim pessoas que, coerentemente, servem a Deus e ao próximo como fruto de
um saber que os leva a fazer! A educação cristã sem missão jamais deveria
se chamar educação, mas sim omissão cristã.
Assim, escola dominical/educação cristã é fundamental para o desenvolvimento
espiritual/missional dos santos e precisa ser um fórum de aprendizado
permanente e dinâmico, centrada na Palavra de Deus, mas sintonizada com o
que está no mundo e no contexto local/regional da igreja. Palavra e contexto
jamais deveriam estar separados, pois é a Palavra que transforma o contexto e,
por sua vez, é o desafio os santos para o exercício/desempenho do seu serviço
capacitados pela Palavra!
Valorize a educação cristã de sua igreja! Agradeça a Deus pelos mestres de sua
igreja. E se, porventura, é necessário melhorar, o melhor caminho é se envolver
e contribuir. Sim, as críticas são necessárias, mas desde que venham
acompanhadas de ações participativas e transformadoras.
Ore assim por sua igreja:
“Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de
orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua
vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de
modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra
e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o
poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade;
com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da
herança dos santos na luz” – Oração de Paulo para a Igreja em Colossos (Cl 1:9-
12).

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