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1 Artigo A Atuação Do Ministério Público Na Investigação Criminal
1 Artigo A Atuação Do Ministério Público Na Investigação Criminal
RESUMO:
Almeja-se com este trabalho cientifico, fazer uma análise das possibilidades constitucionais
e infraconstitucionais do poder investigatório do Ministério Público na investigação criminal
abordando-se o papel deste órgão frente a Constituição Federal de 1988 e o sistema atual
de investigação pela polícia. Será também analisada a participação da polícia e do
Ministério Público juntos nas investigações criminais. E por último, será observada a
investigação criminal direta pelo Ministério Público, visto que a autoridade policial não possui
o monopólio sobre a investigação penal. A metodologia usada no processo de levantamento
dos conteúdos que deram fundamentos a este estudo foi a pesquisa documental , sempre
buscando nas fontes doutrinarias.
ABSTRACT:
Aims with this scientific work, to analyze the possibilities of constitutional and infra
investigative power of prosecutors in criminal investigations addressing the role of
this body in front of the Federal Constitution of 1988 and the current system of
investigation by the police. Will also review the participation of police and prosecutors
in criminal investigations together. And finally, will allow to direct criminal
investigation by prosecutors since the police authority does not have a monopoly on
the criminal investigation. The methodology used in the survey process the contents
which gave grounds for this study was a literature search, always seeking the
doctrinal sources.do resumo para idioma de divulgação internacional.
1. INTRODUÇÃO
Ministério Público não vem diminuir e nem retirar da atividade policial suas
atribuições, mas auxiliar no combate aos crimes de maior gravidade, principalmente
naqueles que trazem enorme prejuízo à administração pública. Além de que, a
atuação em conjunto do Ministério Público e da Polícia é uma forma de desenvolver
uma investigação mais célere e precisa para melhor atende aos anseios da
sociedade, visando uma maior aplicação das leis e dos princípios de forma mais
justa.
O tema abordado foi desenvolvido através do método de pesquisa
documental consistindo na análise da Constituição Federal de 1988, nas leis
infraconstitucionais, das decisões do Supremo e no PEC 37 a pesquisa foi efetivada
com base na literatura existente sobre o instituto de investigação criminal realizada
pelo Ministério Público.
atividade fim da polícia, qual seja, a investigação policial com o escopo de apurar a
pratica de uma infração penal.
O destinatário das investigações policiais é o membro do MP e, por isso, tem
ele que exercer controle sobre as diligências que serão desempenhadas pela polícia
no sentido de determinar as que imprescindíveis para formação de sua opinio
delecti1.
2.1 Sistema Atual de investigação pela polícia
O modelo atual de investigação criminal, conduzido pela policia com o
distanciamento do MP, é visivelmente inadequado, no sistema brasileiro é o
delegado de polícia quem preside as investigações policiais, colhendo e
coordenando todos os trabalhos investigatórios, com o apoio de policiais e
investigadores. Depois de concluído o trabalho é encaminhado ao juízo, onde o
promotor de justiça tem acesso e analisa os autos e o material da investigação para
a formação da opinio deliciti (SANTIN, 2007).
O trabalho policial investigatório e direcionado à análise do MP e depois para
servir de base à apreciação perfunctória da autoridade judiciária, por ocasião do
recebimento da denúncia ou sua rejeição, para aferição de justa causa da ação
penal (SANTIN, 2007).
O promotor fica distante dos atos de captação do material probatório durante
a fase investigatória. Contentando-se com os dados trazidos pela autoridade policial,
o que é insatisfatório para a sua atuação e o futuro sucesso da ação penal. Pois, a
polícia investiga o que quer e como quer. É mínima a interferência do MP no
trabalho da polícia, não tem domínio sobre a fase preliminar (SANTIN, 2007).
Nos ensinamentos Dotti (apud SANTIN, 2007, p. 243) salientou que:
A transformação do Promotor em repassador da prova colhida pela polícia é
um problema permanente e tortuoso nas relações entre o MP, a policia e os
interesses sociais. Quando a investigação é mal dirigida ou se extravia de
rumo, verifica-se que ao titular da ação se sobrepõe o titular do inquérito, de
forma que a denúncia que deveria transmitir a convicção pessoal do agente
do MP, extraída de um contato direto com os meios de prova, se converte
na síntese de uma presunção de culpa decorrente da leitura das peças de
informação.
Nas lições de Santin (2007, p.243-244):
O relacionamento institucional entre a polícia e o Ministério Público é formal
e distante, sendo normalmente pequena a integração e cooperação entre
os órgãos. São raras as trocas de experiências e ideias entre polícia e
1
Opinio delecti (latim) – opinião a respeito do delito
5
3
SANTIN, Valter Foleto. Op. cit., p.303
8
contribuir de forma que as infrações ilícitas sejam apuradas de uma melhor forma
em favor de uma sociedade. Então, com a atuação em conjunto da polícia e do MP
vão desenvolver uma investigação mais célere e precisa para melhor atender aos
anseios da sociedade, visando uma maior aplicação das leis e dos princípios de
forma mais justa.
Diante de todo exposto verifica-se que ambos os órgãos devem somar as
forças de trabalho, deixando de lado as divergências existentes, para apresentar um
melhor resultado das investigações. Devendo atender aos anseios da sociedade,
caminhando em consonância com a ética institucional de cada órgão, trabalhando
com o sigilo nas investigações e o respeito à dignidade da pessoa humana.
Contudo, toda cooperação não exclui a autonomia do MP pra investigar.
2.3 Monopólio da Investigação Criminal pela Autoridade Policial?
O Ministério Público para oferecer denúncia, não depende de prévias
investigações penais promovidas pela polícia judiciária, desde que disponha, para
tanto, de elementos mínimos de informação fundados em base empírica idônea, sob
pena desempenho da gravíssima prerrogativa de acusar transformar-se em
exercício irresponsável de poder, convertendo, o procedimento penal, em inaceitável
instrução de arbítrio estatal4.
O art. 4º do CPP prevê que terá por fim a apuração das infrações penais e de
sua autoria e que não excluirá a de autoridades administrativas a quem por lei seja
cometida a mesma função. Presume-se que as investigações realizadas pelas
“autoridades administrativas” são alheias às autoridades policiais, geralmente quem
instaura são autoridades públicas que no bojo de suas atribuições legais e
administrativas, podem, em tese, instaurar procedimentos administrativos para
apuração de crimes entre outras diligências.
O constituinte e o nosso legislador infraconstitucional não concentraram nas
mãos da autoridade policial a titularidade exclusiva da investigação criminal. Em
nossa legislação é permitido o desenvolvimento de procedimentos administrativos,
destinados a apuração de infrações, fora do âmbito policial.
2.4 Teoria dos Poderes Implícitos
4
RTJ192/222-223, Rel. Min. Celso de Mello
9
Na Lei dos crimes contra o Sistema Financeiro (Lei nº 7.492/86, art. 29),
dispõe que o órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário
poderá requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento ou diligencia
relativa à prova dos crimes previstos nesta lei.
Compete ao MP instaurar sindicâncias para apurar ilícitos penais, no art. 356,
§2º do Código Eleitoral7 e o art. 47 do CPP8. Na lei Complementar nº 75/93, prevê
sem restrições que no âmbito civil, diversas são as atividades investigatórias do MP,
destacamos os incisos I, II, IV, V,VI, VII e IX do art. 8º deste estatuto 9.
Afirma-se que no art. 3º da Lei nº 9.296/96 (Lei das Intercepções Telefônicas),
compreende como normal a atuação do promotor nas investigações no âmbito
criminal.
7
Art. 356. Todo cidadão que tiver conhecimento de infração penal dêste Código deverá comunicá-la
ao juiz eleitoral da zona onde a mesma se verificou.
§ 2º Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos
complementares ou outros elementos de convicção, deverá requisitá-los diretamente de quaisquer
autoridades ou funcionários que possam fornecê-los.
8
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos
complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer
autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los.
9
Art. 8º Para o exercício de suas atribuições, o Ministério Público da União poderá, nos
procedimentos de sua competência:
I - notificar testemunhas e requisitar sua condução coercitiva, no caso de ausência injustificada;
II - requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades da Administração
Pública direta ou indireta;
IV - requisitar informações e documentos a entidades privadas;
V - realizar inspeções e diligências investigatórias;
VI - ter livre acesso a qualquer local público ou privado, respeitadas as normas constitucionais
pertinentes à inviolabilidade do domicílio;
VII - expedir notificações e intimações necessárias aos procedimentos e inquéritos que instaurar;
IX - requisitar o auxílio de força policial.
12
Que a proposta seria a princípio desnecessária uma vez que “já está
implícita na atual Constituição esta prerrogativa exclusiva dos delegados”,
ele falar também que a Lei Maior divide as funções e que os delegados
agem como polícia judiciária. E estão a serviço, em primeiro lugar, do Poder
10
SILVA, Alberto José Tavares da. Investigação Criminal Competência. São Luis – Maranhão, 2007.
13
Data vênia, aos ilustres juristas tais argumentos exposto pelos mesmos não
devem prosperar, senão vejamos que não consideraríamos o principio basilar da
hermenêutica constitucional dos poderes implícitos, subtende-se que a Constituição
Federal implicitamente conferiu que o poder de investigação criminal é compatível
com as funções ministeriais.
A PEC 37/2011 tende a ser uma ameaça à democracia e a própria sociedade,
pois caso a mesma entre em vigor reduzirá o número de órgão aptos a realizarem
investigação e fiscalização. Além de impedir o órgãos tais como a Receita Federal,
Controladoria –Geral da União, COAF (Conselho de Controle de Atividades
Financeiras), Banco Central, Previdência Social, IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis) além do próprio Ministério
Públicos.
A proposta não considera o fato de que as policias civis e federais não tem
capacidade operacional e muito menos dispõem de pessoal ou meios materiais
suficientes para levar adiante todas as notícias de crimes registradas. Os dados
estatísticos revelam que a maioria dos cidadãos que noticiam ilícitos à polícia não
tem retorno dos boletins de ocorrência que registram e, inúmeros sequer são
chamados a depor na fase policial.
Se a proposta for aprovada vão justamente de desencontro as decisões dos
Tribunais Superiores, inclusive a própria Suprema Corte que iniciou o julgamento de
11
http://www.conjur.com.br/2013-mar-30/juristas-afirmam-investigacao-criminal-exclusividade-policia
12
http://www.conjur.com.br/2013-mar-30/juristas-afirmam-investigacao-criminal-exclusividade-policia
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compatibilizá-las para permitir não apenas a correta e regular aplicação dos fatos
supostamente delituosos, mas também a formação da opinio delicti.
Com a prática reiterada de determinados crimes em determinadas regiões do
nosso país acabam assombrando a sociedade que se sente desprotegida e acuada
face à falta de estrutura na política de segurança pública, ou até mesmo frente à
ineficiência do aparelho estatal de repressão frente à criminalidade cada vez mais
audaciosa. O respeito aos bens jurídicos, protegidos pela norma penal é,
primariamente, interesse de toda a coletividade, sendo manifesta a legitimidade do
Poder do Estado para a imposição da resposta penal, cuja efetividade atende a uma
necessidade social. Daí por que a ação penal é pública e atribuída ao MP.
Ao longo dos anos, o mundo do crime conta com a presença de pessoas
ilustres, detentoras de parcela do poder, que devido os cargos que ocupam,
associam-se a deliquentes para garantir-lhes a impunidade e gerar riquezas
indevidas. Com base, nisso a persecução penal por parte do Estado torna-se difícil,
porque o posicionamento e as diligências que deveriam e poderiam ser tomadas
acabam sendo frustradas, com o único objetivo prejudicar as atividades judiciais.
Surge então, o representante do MP com poderes que lhe são conferidos pelo Poder
Constituinte originário, cuja função de iniciar, privativamente, a competente
persecução penal.
Em março de 2009, a 2ª Turma do STF, posicionou-se pela possibilidade de
o MP realizar investigação criminal direta e em seguida oferecer denúncia com base
nos elementos de provas que colheu.
O MP tem um papel importantíssimo para que a sociedade se torne
democrática, mas dentro do devido processo legal e com respeito aos direitos e
garantias individuais. Caso contrário, alguns crimes abaixo citados não teriam sido
investigados e nem desvendados (RANGEL, 2009, p. 234).
Alguns crimes, graças ao MP ter participado das investigações direta ou
mediante cooperação com as autoridades policiais, foram possíveis de desvendar
estes escândalos como nos seguintes casos:
4. REFERÊNCIAS
ALENCAR, Rosmar Rodrigues TÁVORA. Nestor. Curso de direito Processual
Penal. 4ª ed.Salvador: Bahia, 2010.
FERRAZ, Antonio Augusto Mello e Camargo. “as relações entre o Ministério Público,
a sociedade e os poderes constituídos”, in Anais do II Congresso do Ministério
Público do Estado de São Paulo, p.326, São Paulo, imprensa Oficial, 1977
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. – 26. ed. - São Paulo: Atlas,2010.
SILVA, Alberto José Tavares da. Investigação Criminal Competência. São Luís –
Maranhão, 2007.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. V.1. 30ed. São Paulo:
Saraiva: 2008.