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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: A ECONOMIA BRASILEIRA ENTRE 1995 E OS

DIAS ATUAIS – ANÁLISE COMPARATIVA

RESUMO

Este ensaio tem por objetivo proceder a uma análise comparativa da situação econômica
brasileira no período compreendido entre 1995 e os dias atuais, enfatizando os aspectos
relacionados com o crescimento do PIB, inflação, política de juros, educação e desigualdade
social. Para isto, buscou-se o aprofundamento da matéria através de pesquisa bibliográfica
que possibilitou a construção do conhecimento ora apresentado, com destaque para a
condução do Plano Real, sobretudo no que se refere às transformações trazidas para a
população do país, bem como para a consolidação da economia com reflexos positivos no
mercado internacional. Acrescenta, também, que o sucesso do Plano Real em vários aspectos
da vida do país, não se estende às políticas sociais e à educação. Os índices de distribuição de
renda permanecem entre os piores e as melhoras efetivas no padrão de vida do brasileiro não
são significativas. A educação também não foi objeto de projetos efetivos de mudanças e não
há reflexos positivos quanto a isso.

PALAVRAS CHAVE: Economia; Real; Inflação.

ABSTRACT

This article has for objective to proceed to a comparative analysis of the Brazilian economic
situation in the period understood between 1995 and the current days, emphasizing the aspects
related with the growth of the GIP, inflation, politics of interests, education and social
inaquality. For this, the deepening of the substance through bibliographical research that made
possible the construction of the presented knowledge however, with prominence for the
conduction of the Real Plan searched, over all as for the transformations brought for the
population of the country, as well as the a consolidation of the economy with positive
consequences in the international market. However, the success of the Real Plan in some
aspects of the life of the country, is not extended to the social politics and to the education.
The indices of income distribution remain between the worse ones and the improvements
effective in the standard of living of the Brazilian are not significant. The education also was
not object of effective projects of changes and not reflected positives how much to this.

KEYWORDS: Economy; Real; Inflation.


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1 INTRODUÇÃO

A partir da publicação da Teoria Geral do emprego, dos juros e da moeda de Keynes,


em 1936, mostrando que, a cada momento, o nível de emprego numa economia de mercado
depende da proporção da renda que é gasta em consumo e investimento, desmistificando o
paradigma neoclássico da Lei dos Mercados de Say, onde a produção criaria seu próprio
mercado, o pensamento econômico mudou. A verdade torna-se outra, o organismo econômico
não encontra equilíbrio naturalmente, é necessária a intervenção do Estado através de política
adequada de investimentos e incentivos que sustentem a demanda efetiva.
O debate sobre o sucesso do Plano Real é longo e, em 2002, diante da intensificação da
instabilidade econômica resultante do processo eleitoral associado com a elevada fragilização
externa e a possibilidade de retorno do processo inflacionário, essa discussão é retomada. De um
lado, estão aqueles que defendem que o Plano Real atingiu plenamente seus objetivos, de outro,
que o ocorrido em 2002 mostra que o processo inflacionário não está sob controle e que a
qualquer momento poderemos estar diante de uma nova ameaça de aumento nos preços. Mais ao
centro está os que aceitam que o Plano Real teve êxito no combate à inflação, mas afirmam que o
que realmente é importante e precisa ser discutido são os custos econômicos e sociais da
estabilização monetária.
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2 A SITUAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA DESDE 1985

Em julho de 1994 foi implantado no Brasil o Plano Real, concebido pelo ex-ministro
da Fazenda e então presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Com o objetivo
recorrente de estabilizar os preços na economia e fortalecer a moeda nacional.
Como solução ao problema da inércia inflacionária, cria-se a URV, que em Março de
1994, converteu os salários, que ficaram indexados a ela por 1 ano, como forma de controle
da formação de preços e salários. A URV, que foi vinculada ao dólar logo após sua criação,
estabeleceu uma nova moeda, com câmbio fixo, como forma de combate à inércia de preços e
salários.
Na verdade a inflação inercial é contida, pois na conversão dos salários para URV
houve uma perda no poder de compra que foi mascarada pelos valores nominais que pareciam
maiores que os da antiga moeda.
Para controlar a inflação de demanda o governo optou por elevar em muito a taxa
Selic, de modo a restringir a liquidez controlando assim o consumo além de atrair capital
externo e buscar a estabilidade. Em final de 1995 os juros pagos pelo governo brasileiro
chegou aos 43,36% a.a., isso gerou o efeito colateral da recessão, juros altos baixa taxa
cambial, a produção brasileira estagnou-se.
Em 1999, quando o governo adotou o sistema de bandas cambiais, o Brasil passou por
um difícil período. O câmbio, mesmo com a vigilância do governo, vai de 1,20 R$/U$ - 12/98
– para 2,06 R$/U$ - 02/99 -, o que gerou uma grande especulação no mercado cambial. Isso
acabou afetando a credibilidade do plano, que foi remediada com o aumento continuado da
Taxa Selic (02/99 a 06/99)
Ainda neste período delicado ao mercado interno brasileiro, o país atravessou três
crises no cenário internacional, que abalaram a confiança dos grandes investidores
estrangeiros. A crise do México, em 1995, seguida da crise da Ásia, em 1997, e pela crise da
Rússia, em 1998, que reduziram as reservas internacionais em mais de cinco bilhões de
dólares em poucos dias, devido aos violentos ataques especulativos e a desconfiança dos
investidores.
O objetivo prioritário do Plano Real e, portanto, do governo do presidente Fernando
Henrique Cardoso (FHC) foi restabelecer a estabilidade monetária. Em seu governo, assume-
se basicamente que não existe política de crescimento sustentável com instabilidade
monetária. É necessário destacar que o Plano Real tem por objetivo único combater a inflação
ou restabelecer a estabilidade monetária, o que difere do propósito de buscar a estabilidade
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econômica, embora a estabilidade monetária seja componente necessário para se atingir a


última. Outro componente desse plano, certamente em função do resultado das experiências
anteriores, é o claro propósito da não-utilização de mecanismos heterodoxos para atingir esse
objetivo.
Embora a inflação seja um fenômeno social complexo e, portanto, pode gerar muitas
discussões e controvérsias, assume-se neste artigo que a inflação pode ter origens múltiplas e
variadas e pode ser dividida em pelo menos três tipos, de acordo com as suas causas: i)
inflação de demanda; ii) inflação de custo ou mecanismos de realimentação; e iii) inflação
inercial. Para entendermos a inflação que o Plano Real combateu, é necessário entendermos
certas características da inflação existente naquela época: a persistência e a intensidade dos
aumentos dos preços.
As inflações de demanda e de custo resultam de desequilíbrios causados entre oferta e
demanda e, numa economia competitiva, são equacionadas automaticamente, considerando
que as variações nos preços são os próprios mecanismos auto-regulatórios.
Portanto, não haveria motivo para aumentos persistentes dos preços nesse tipo de
inflação, a não ser que houvesse ampliação persistente da base monetária (no caso da inflação
de demanda) para financiamento de déficits públicos, por exemplo, ou uma estrutura de
mercado com características de não-competição por preço, a exemplo de monopólio ou
oligopólio cartelizado. Portanto, uma inflação de demanda e de custos gera um desequilíbrio
e, quando os preços relativos se estabilizam, o efeito se esgota.
Na ausência de choques de oferta a causa principal da inflação é o aumento
do estoque de moeda (geralmente relacionado com o déficit público),
potencializado pelos mecanismos de indexação. [...] No longo prazo, o fator
mais importante para explicação da inflação, especialmente nas chamadas
economia emergentes, seria o tamanho do déficit público, como proporção
do PIB. (HOLANDA, 2002, p. 773 e 774).

Sem entrar no mérito da questão e aceitando a premissa monetarista de que a inflação


é um fenômeno monetário, o que parece bastante razoável para a inflação brasileira no
período aqui em questão, concluiríamos que, no caso aqui abordado, o financiamento dos
sucessivos déficits com emissão de moeda levou ao aculturamento inflacionário. Os agentes
econômicos começaram a associar inflação passada com inflação futura, e os preços
começaram a se descolar dos custos de produção, sendo definidos e baseados em expectativas
inflacionárias. Quando esse processo se consolida, a inflação inercial se configura, e os
mecanismos ortodoxos de combate à inflação, a exemplo dos keynesianos, perdem efeito.
À medida que a inflação se caracteriza como um processo permanente ou
endêmico, todos procuram, de uma forma ou de outra, proteger-se contra
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seus efeitos. Mecanismos formais e informais são criados para a correção


automática de salários, juros, aluguéis, câmbio, contratos e preços de modo
geral. [...] tem como conseqüência criar um fator a mais de propagação da
inflação, qual seja, a inércia inflacionária, a tendência de a inflação do
passado se projetar indefinidamente para o futuro, tornando mais complexa e
difícil a tarefa de estabilização da economia. A taxa de inflação cai muito
lentamente em resposta às políticas restritivas de natureza monetária ou
fiscal (e) o custo dessas políticas se torna mais elevado. (HOLANDA, 2002,
p. 762 e 763).

Numa estrutura de mercado oligopolizada, como ocorre na economia brasileira,


reduções de demanda muitas vezes não resultam em redução ou estabilização de preços.
Considerando a capacidade de influenciar ou determinar preços, os aumentos dos custos de
produção decorrentes de perda de escala de produção e o aumento dos custos financeiros
(quando se fizer uso de políticas monetárias restritivas) podem até gerar elevação nos preços.
Focando o objetivo de estabilidade monetária (controle do processo inflacionário), o
Plano Real se sustentou em três pilares: i) a âncora cambial; ii) abertura econômica; e iii) base
monetária rígida (juros altos), conforme sugere a figura 1.

PLANO REAL

Âncora Base monetária


Cambial Abertura Rígida
(Juros altos)
Econômica

Figura 1 – Tripé de Sustentação do Plano Real


Fonte: Elaboração própria (2008).
Em processos de inflação elevada e persistente (como é característico na inflação
inercial), os agentes econômicos perdem a confiança na moeda e procuram se desfazer dela o
mais rapidamente possível. Assim, o desafio do Plano Real era implantar uma nova moeda e
restabelecer a confiança dos agentes econômicos nesta nova moeda. A solução foi a âncora
cambial ou atrelamento ao dólar, garantindo assim que, independentemente do que pudesse
vir a acontecer à nova moeda (o real), manter-se-ia o mesmo poder de compra. O máximo que
poderia acontecer seria uma variação dentro da banda cambial estabelecida pelo governo, um
certo percentual para cima ou para baixo.
Considerando que, na economia atual, geralmente as empresas necessitam de capital
de terceiros para fazer frente aos seus investimentos, neste caso de reestruturação, ou para
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capital de giro, tem-se outro impacto nos custos, com o aumento dos custos financeiros. Esses
fatores, associados com uma conjuntura internacional não muito favorável, foram
responsáveis pela falência generalizada das empresas brasileiras, aumento da
desnacionalização da economia e desemprego dos fatores de produção.
Como resultado dessas estratégias, começamos a observar índices de crescimento não
muito expressivos e níveis de desemprego crescentes. Na tabela 1 verifica-se que o PIB
cresceu mais no período de 1995 a 1998 do que no segundo período do governo FHC. A
média do crescimento real no primeiro período foi de 2,57 % para 2,02% no segundo, com um
desempenho superior a 1,5% verificado somente em 2000, ano de maior crescimento (4,4%)
de todo o período do Plano Real, mostrando claramente que o arrocho imposto pelo governo
se intensificou no segundo período.
Segundo Filgueiras (2000, p.218), “o ideário liberal de estabilização e
desenvolvimento criou uma barreira intransponível entre estabilidade monetária e
crescimento”. Baixo crescimento que também se refletiu nas taxas médias anuais de
desemprego, que foram maiores no segundo período, de 7%, contra 5,8% no primeiro.

Tabela 1 – Brasil: PIB e desemprego (1994-2002)


Ano PIB em R$ milhões a preço de 2002 % Real IBGE:Taxa de desemprego (média/ano)
1994 1.102.917 5,9 5,1
1995 1.149.502 4,2 4,6
1996 1.180.063 2,7 5,4
1997 1.218.667 3,3 5,7
1998 1.220.275 0,1 7,6
1999 1.229.860 0,8 7,6
2000 1.283.490 4,4 7,1
2001 1.301.655 1,4 6,2
2002 1.321.490 1,5 7,1
Fonte: PIB – IPEA (2003). Desemprego – Conjuntura Econômica (2003).

Contudo, é importante enfatizar que o desemprego da mão-de-obra não pode ser


caracterizado como exclusivamente resultante da implantação do Plano Real. Para
entendermos o desemprego, é necessário considerarmos os fatores estruturais, como, por
exemplo, a substituição do homem pela máquina no novo paradigma da automação flexível,
processo que se intensificou no período de vigência do Plano Real, considerando que a
exposição das empresas brasileiras à concorrência internacional intensificou o processo de
reestruturação do parque industrial brasileiro.
Segundo Holanda, o Plano Real “[...] é até agora o mais bem-sucedido programa de
estabilização brasileiro dos últimos 30 anos. [...] Do ponto de vista do controle da inflação, o
Plano Real foi um grande sucesso” (HOLANDA, 2002, p.789 e 790).
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A partir de 2003, o governo Lula dá continuidade ao Plano Econômico do governo


anterior, sem mudanças radicais e mantendo os contratos assumidos.
O Governo Lula caracterizou-se pela baixa inflação, taxa de crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) em quatro anos (2003/2006) de 3,2% em média, redução do
desemprego e constantes recordes da balança comercial.
A atual gestão promoveu o incentivo às exportações, à diversificação dos
investimentos feitos pelo BNDES, estimulou o micro-crédito e ampliou os investimentos na
agricultura familiar através do PRONAF (Programa Nacional da Agricultura Familiar)
São exemplos da recuperação econômica do país sob a gestão do presidente Lula o
recorde na produção da indústria automobilística, em 2005; e o maior crescimento real do
salário mínimo, resultando na recuperação do poder de compra do brasileiro. O salário
mínimo passou, em cinco anos, de 200 para 380 reais, aumento maior que tanto o do primeiro
quanto o do segundo governos de Fernando Henrique Cardoso, que variou de 80 para 200
reais em 8 anos.
Enquanto a renda média do trabalhador brasileiro, ao longo de todo o primeiro
mandato de Lula e no início do segundo, não havia recuperado o valor de dezembro de 2002,
o nível de desemprego registra a maior queda em 13 anos, chegando ao índice de 9,9% em
fevereiro de 2007.
Durante esta gestão a liquidação do pagamento das dívidas com o FMI foram
antecipadas, fato criticado por economistas por se tratar de dívida com juros baixos, mas que
resultaram em melhor prestígio internacional e maior atenção do mercado financeiro para
investir no Brasil.
Avaliações de especialistas apontam também, que a condução da política de juros - os
maiores do mundo - pelo governo é conservadora. Analistas financeiros destacam que a taxa
de juros SELIC saiu de 25 % ao ano em 2003 para 11,25 % ao ano em 2008. O que deslocou
muitos investimentos em títulos da dívida pública para o setor produtivo, fazendo com que o
Índice BOVESPA saltasse de 40.000 pontos no início de seu mandato para mais de 60.000
pontos em 2007, aquecendo o mercado acionário e o capital social das empresas brasileiras.
Considera-se que os números positivos são conseqüência da bonança financeira
internacional (a forte demanda asiática por produtos primários brasileiros aumenta a sua
cotação e conseqüentemente infla o superávit comercial), que pode mudar a qualquer
momento, e que o país não dispõe de um plano de desenvolvimento claro.
Outra diferença entre a política econômica do governo Lula e a do governo anterior
teria sido o fim do ciclo de privatizações que levou o Estado a, por exemplo, vender a
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companhia Vale do Rio Doce, que se tornou uma das mais competitivas do mundo. Houve a
recriação de alguns órgãos extintos no governo anterior, como a SUDENE, e a criação de
novas empresas estatais de menor porte. Porém, após 5 anos de mandato, o governo Lula
passa também a apoiar uma política de privatizações de rodovias, com os leilões de concessão
de 7 lotes de rodovias federais, vencidos na maioria por empresas estrangeiras.
Um relatório do IBGE, do fim de novembro de 2005, afirma que o governo do
presidente Lula estaria fazendo do Brasil um país menos desigual. Com base no PNAD
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a FGV divulgou estudo mostrando que a
taxa de miséria de 2004 teria caído em 8% se comparada a 2003, ano em que Lula tomou
posse. Ainda segundo a PNAD, oito milhões de pessoas teriam saído da pobreza (classes D e
E) ao longo do governo Lula.
Um programa social bastante conhecido do governo Lula é o Bolsa Família. Ele foi
criado através do Decreto Nº 5.209 de 17 de Setembro de 2004[5]. A finalidade do Programa
era a transferência direta de renda, do governo, para famílias pobres (renda mensal por pessoa
entre R$60,01 e R$120,00) e em extrema miséria (renda mensal por pessoa de até R$60,00).
O Programa, no entanto, foi uma reformulação e ampliação do programa Bolsa-Escola, do
governo FHC e recebe muitas críticas de diversos setores da sociedade. A principal delas é a
de que o Bolsa Família, apesar de distribuir dinheiro entre a população mais carente, não
melhora o nível de vida dos beneficiados pelo programa.
No campo da educação, o governo Lula avançou, apresentando fortes níveis de
escolarização em todas as faixas etárias. A parcela da população que não freqüentava a escola
foi reduzida de 29% para 18% em apenas 36 meses, considerando o grupo de 5 a 17 anos de
idade. No nível básico, o percentual de crianças fora da escola chegou, em 2005, a apenas
2,8%.
Com a criação do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica), o governo Lula objetiva atender 47 milhões de estudantes brasileiros, com
investimentos anuais de até R$ 4,3 bilhões.
Na área do ensino superior, o PROUNI (Programa Universidade Para Todos), destaca-
se como o maior programa de bolsas de estudo da história da educação brasileira,
possibilitando o acesso de milhares de jovens à educação e estimulando o processo de
inclusão social. Em 2005, o PROUNI ofereceu 112 mil bolsas de estudo em 1.412 instituições
em todo o país. O governo também investiu na criação de 9 novas universidades públicas
federais, interiorizando o acesso à educação pública gratuita. Atualmente, as universidades
federais oferecem 122 mil vagas gratuitas. Contudo, o programa é criticado por professores e
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estudiosos de instituições de ensino federais, das quais algumas se encontram em processo de


sucateamento por falta de repasse de recursos federais. Alegam também ser uma distribuição
de recursos públicos à instituições de ensino privado de baixa qualidade.

4 CONCLUSÃO

Os resultados encontrados permitem concluir que o processo inflacionário é uma


ameaça constante na economia capitalista moderna, especialmente se considerarmos uma
economia como a brasileira que possui uma estrutura de mercado predominantemente
oligopolizada.
Embora a estabilidade monetária seja algo de reconhecida importância e uma
conquista para a economia brasileira, inclusive para a viabilização do crescimento econômico
sustentável, que, associado a uma política efetiva de distribuição de renda (fortemente
interligada com o crescimento econômico), deveriam ser os objetivos finais de toda e
qualquer política econômica, é necessário levar em conta que o crescimento econômico exige
estabilidade econômica e não somente estabilidade monetária, que é apenas um dos
componentes de uma estabilidade econômica. Neste sentido, com a desvalorização cambial,
adoção de um regime de câmbio flutuante, estabilidade monetária, reestruturação do parque
industrial brasileiro e início do processo de reformas (pelo governo atual), já se estabeleceram
às bases mínimas para a consolidação das condições de crescimento econômico sustentável,
embora o país ainda permaneça num processo evidente de acirramento das fraquezas
identificadas por Keynes (1982), a concentração de renda e o desemprego.
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Existem fatores que precisam ser equacionados, porque o Brasil não tem condições
estruturais para estabelecer uma política de desenvolvimento econômico consistente, baseada
exclusivamente no mercado externo. O Brasil ainda possui uma enorme dívida social, e muito
pouco tem sido feito nesse sentido. Não se trata apenas da necessidade imediata de redução do
desemprego, mas sim de uma política objetiva de incorporação de ganhos reais nos salários,
baseada em ganhos de competitividade do parque produtivo brasileiro, para garantir as
condições de uma nova fase de desenvolvimento sustentável, baseada na ampliação do
mercado externo e, principalmente, interno.
O endividamento público em relação ao PIB cresceu significativamente e ainda não
está devidamente equacionado em decorrência dos ainda elevados juros. As contas públicas
continuam muito fragilizadas, na medida em que o governo mantém os juros altos e necessita
gerar superávits primários sempre maiores para fazer frente aos encargos da dívida pública. A
proposta imediatista das reformas, não contribui significativamente para o propósito do
desenvolvimento econômico sustentável e, conseqüentemente, pouco para um ajuste
definitivo nas finanças públicas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIULIO, E. A. Macroeconomia. McGraw-Hill, 2001.

FILGUEIRAS, L. História do Plano Real. SP: Boitempo Editorial, 2000.

GUJARATI, D. N. Econometria básica. São Paulo: Makrom Books, 2000

HOLANDA, N. Introdução à Economia: da teoria à prática e da visão micro a


macroperspectiva. 8 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

IBGE (IPEAData). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:


<http://www.ipeadata.gov.br/>. Acesso em 22/06/2008.

IPEA. O Plano Real e outras experiências internacionais de estabilização. Brasília:


IPEA/CEPAL, 1997, 263p.

VIANNA, P. J. R. Inflação. Barueri, SP: Manole, 2003.

http://www.facomb.ufg.br/vastomundo/economia/real.html> Acesso em 04.07.2008

http://www.unucseh.ueg.br/revistadeeconomia/downloads> Acesso em 03.07.2008

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