You are on page 1of 6
ee Peete Drermerneernn ry cortices Peeters tr Pena aera e Peete erate Pcs Feaiereeenicaney ag Pipes hear ee ae cere rerreny Patan rane ert) bun espe as pesos qu supestument devon Pore eine re Pita remecienerny othr Trend ite gr hap sana eae eee eee eens Py eT) te aay oer ed Poet ers hee aed ian Poor ate toate Pome ent ny pe ea ead Pporanersncey E FY 8 iS A a A RI 5 5 Beati Nscmenta,Qullombaae net ‘Como entio nos desfarermos dos acksos complexos? ‘Aeredtando que embranquecemos quando clareamos a pele? ‘Quando alisamos 0 cabelo? Quando easamos com branco, sur indo a possibildade da proxima geraco ser mai clara? Quan- do acreditamos na democracia racial brasileira? Quando aceita- mos frases como “sou 0 branco mais preto do Brasil?" (Samba dda Hengio, de Vinicivs de Moraes). Quando arcendemos de tasse socal? Quando nosso grupo com o qual nos relaciona- ros, € totalmente branco? Quando aereditamos que apesar de tudo “eontrbuiins para a formacio da ecnia brasileira através di culinria e da mises", como quer a maiocia dos nossos li- ‘ros de Histria © Geografa? Contebimas a foros Forgas a fazer esta ciltura? Nosta “contnbuglo” foi de eseravos. A maior pare de nossa raga est realmente sem acesso as rque- ‘as, a0 em-estr. Mas sera que ela s6 precisa dso para sentir Seem igualdade? ‘Serd que ela no tem outra representasdo seo os cul- tos afre-raslelrs,o samba, o futebol, a alegria e otex0, coma ‘querem alguns renomados eserzoes? Dizem of intelectual que ‘nis no temos ideologia prépria, porque fundamentalmente {queremos embranquecer. Serd exatamente isto? Ou nossa ideo Togia no deve ser allorada? A histria da raga negra ainda est por fazer, dentro de uma Histéra do Brasil ainda a ser fit ite projeto€ dif E um desafio. Este desafo, aclte- ‘totalmente a partir do momento em que wn inelecal ran ‘o me dste que era mais preto do que eu, Fok para mim aft ‘agéo mais mistifcadora, mais sofsicada e mais desafiador Pensa ele que basta entender ou particpar de algamas mani festagdes cultura para se ser preto: outros pensam que quem nos estuda no escravismo nos entendeu histoleamente. Como se a Histria pudesse ser limtada no "tempo espetacular, no lempo representado, © n80 0 contréro: o tempo é que estd dentro da histria. Nao se estuda, no negro qu estévivendo, a Histra vvida. Somos a Histria Viva do Preto, no nimeros 'Nlo podemos acliar cue a Histéria do Negro no Bras, presentemente, sea entendda apenes através dos estudos etno- {7ifcs,socolpens. Devemos fazer a nossa Histria, buscando ‘nés mesmas, jogando nosso inconsciene, nossas fustragaes, 48 Pasibidade no dar de desrlgo hosts complexos, estudando-os, no os engenando. $6 assim poderemos nos entender e faze-n0s aceltar como somos, antes fe mais nada preto, Drasleirs, sem sermos confundidos com ‘os emericanos ou afficanos, pois nossa Histéria & outra como & tutta nossa problemética. Num pais onde o concelto de raga ‘st fundado na cor, quando um branco diz que & mais preto do fque voee,tatase de manifestagSo racista bastante sofisticada © tlmbém bastante destruidore em termos incividuais. Naquele instante, a parti da minha reagie, ao pergumtarem-me se eu tina compleso, surpreend-me dizendo que sim, com wm org tho jamats sentido, dustifio: se minha eulura &consierada co sno “tontrbuigso "se minha raga nunca teveacesso conju Tamente nem representativamente as riquezas deste pais: se a tmaiora de nés est dispersa por forca de uma incomunicabil- dade que deve ser pesteriormente estudada (0 negro brasileiro, ‘com rarasexceqdes, nfo $e agrupa); se nossa manifestago reli fiona pases a er flciore, ou 6 que ¢pior, consumida como mi ‘Siena TV (vide misen de Vinicius de Moraes e Toquino can: tando 0 nome de Omoly), quando um branco quer retirar mi- nha identdade fia, tinico dado real da minha Hiséria viva no Brasil 36 me resta 6 que std dentro de mim, s6 me rsta ass mi o mes eomplexo nto resolvido. Resta-nos somente nossa inconsclente, que s6 através a Histriapoderd ser compreendido e solucionodo ‘Nao aceito mais nenhima forma de pateralismo, espe cialmenteinteleetl, Como 0 ove branco, eu aéquir instr tmentos para o meu conhecimento através do esudo da Fi fia, na val aredita totalmente. $80 instrumentos adquridos ra cultura branea ocdental, portanto nada deixo a dever a ele Eniretanto, como me disse pessoa que mais amo, um negro, met ride, as coisas que refito neste momento ji existiam no ‘entre de minka mae, sum quilombo qualquer do Nordesc, na ‘rea onde jé ndo quero nem posso mais volar. Portanio em nina aga, na Histéria do Homer, 49 aos Nascent, Quiiomblae Intact Negro e Racismo" fo estudo da formagio hisérco-scial do Brasil pro- liferam trabalhos relacionados com os aspects ec>- micas e polticos, enquanto as “teriae” que ten- tam expliar os aspectosideoldgicos desta sociedade limitam:-se a adaptar conceitosimportados de uma efnca social europeia ou norteamericana, rescringindo sia discussio fe chados cireulos intelectuis ou mesas de bar em fim de noite Deste modo, a “ideolagia nacional” fica sendo consierada por determinados melos um estado de luxo, na melhor das hipd feses, quando ndo & preconcetuosamente confundida com as- pects subjetivos (o pape econdmico é que & considerado obe- vo) vista como especulagso desviuadora. Entretano, para o entendimento de nossa socedade & necessiio conhecer um elemento de suma importincia na sua formacdo histérica. Este elemento, por ndo pertencer, em sua maiora, i camadas mais alas da populace, tem urn acesso minoricirio aqueescirulos eosiderados cates, © que o impe- de de partcpar de discusses consideradas esnabes (no Bras é tonsiderado “esnobismo" dsculr ou interpreta ox aspects phi 46, Argo publiado oignalmente na Revista de Cuturs Voses. 68 ig 65.55, Petropolis 197, so Passbidade nas dias da desta ralisticos do nivel ideolbgico de sua formagdo socal). O cle mento a que nos referimos é 0 negro brasileiro, que #6 pode ser entendido a partir de um estudo profund da ideologia nacional fdas suas implicagtes num todo social, do qual, por forca do preconceito racial (dentro daquels ideologis), € poxo 4 mar- sem, O mesmo preconceito racial porque € espicagado 10 seu ‘otidian, historicamente € evidencado na auséncia de um pet somento livre do braslelro com relago a ele mesmo, de’ uth pensamento livre do negro sobre ‘Quando em um artigo publcado pela Revista de Culura Vozes, em seu primeiro nimero do ano corrente, dziamos que \everiamos ser entendidos com brasileiros, sem sermos conf tidos com os negros norte-americanas ou aficanes, querammos \leixar expresso que exist um preconceto no nivel das ielas ‘que procurava nos entender sob a luz dos problemas de outros nnegros que viveram uma outrarealdade social e racial que no 4 nossa Esa importagdo de “ideologas” ipa dos penseren ‘os da intelecuaidade brasileira, a mas brane, a mals europe zada de toda o chamaéo Terceiro Mundo, Ox st, a mais com Plexada das elites, justamente por ser aqua que jamais se con. Formou em trazer no seu todo social elemento tio degradante, mas que por forga das circunscnclas histéieas foo mais i Portante no seu processo de formagio, O escravo negro, assim oma 0 negro atual, ni 6 parie;pou da formacio social do rast com seu trabutho, com seu sofrimento, partcpou tam. ‘bém da mesa, da cama, do pensamento e da tas poltcas do colonizador ¢ de seus descendents. Para todo 0 lado que © branco otha, deparar-se& com o espero daquele que eerevt zou e que corrompes,f Justamente fata de nos ter corrom. pido que maltrata as conscigncassalvadoras de muitos dos nos- Sos “defensores daquees que atualmente nos querer redimi ¢studando-nos através dos aspects socioeconémicos e apres sando-se em se "Sentir“negros, como se séclos de sofrimento € marginalizaglo pudessem ser redimidos por una sensagio de er negro” Ser negro ¢ enftentar uma histéra de quase Qui: hentos anos de resisténeia& dor, a0 sofimento fisica ¢ moral, 4 sensagio de no exists, a pritiea de ainda nio pertencet & uma sociedade na qual consagrou tudo 0 que possua, afer. st Beawri Nascimento, Qiiomboae neta ‘endo ainds hoje o resto de s mesmo. Ser negro no pode ser resimida a um “estado deesprto", a “alms Dranea ou negra”, aspectos de comporamento que determinadas brancos elege am como sendo de negro asim adoti-os como seus. Ser negro por adogio é uma tarefa to simples quanto {alsa Nel se esconde a tenatva de permanccer 0 quadro racial dominant, € uma forma sofsticada de apresencar sob forma de patemalsmo 0 preconeelto de quem no pode negar uma ori ‘gem gue repudia; de quem deve maior parte do que pessui a0 oto que esravizou e desumanizou. & um paradoxo por demais Incbmodo. Nio contava os dominadores que seus dominados cumlassem no sofrimento e miséria, mas também aspecos {e sua cultura, inclusive seus vicios evrtudes. ‘Arualmente, com a erse da cultura ociental, crise nas formas de pensamenco, nas ares, nas instituigdes de um modo {geral, as ellis intelectuats de paises de comtingente negro pro- ‘uram saldas na manera de ser e de sentir que concetuam co- mo senda do negro. Repetem, nio sei se consiente ov incons cient, o mito do "bom seleagem”do século XVI, aparecem de- enas de “Russeaus” nos peseguindo 4 que rain sfrcano per Tencemos, se somos provenientes da Africa, a que tibo ete ‘ou entao, baseedos no comportamento do negro americano © no "fooling" do “black power", querem nos dar conscéneia que ver seja a dees (brancos). Esquecem somente que néo é poss Yel mais sobreviver mits (rados justamente para instivciona lizar a dominacio e fundamenté-le moralmente) que reveiam purers, belera, etc, porgue a dominacso ocidental se encarre {god de no s6 usar fiscamemte seus dominades, mas também o> farma de ieologia impregnou-os de seus hibites, de seus fins, de sua moral, Bnfim, esquecem que nos corromperam ¢ ‘que agora no adiana nos ver beles ou puros porque para nés std mul claro que quem domina o munda é o Ocidente bea 0 com seu dinheio, suas armas, sua ciéneta, sua moral ua es téuca fo existem mais “bons selvagons” como no existem mais “negros puras” que safbam seu ramo afficano no Bras Depois de nos explorare rar as melhores coisas, depois de nos reprimir, a ideologia dominante quer nos “descobrir” (como 52 Pasa nos asd desl costumam dizer alguns dos paladinos em favor do negro) “pu ros", ras culturalmente”, “onscienes de nasa raca" Nao en- tendem que esses ideais de purera, beleza, virlidade, forcaleza que querem nos inculear, sto conceitos seu, impregnados de Sua cultura; quanco& nossa conscéneia de nde s6 pode sar de és mesmos ea partir de uma conscieneia do dominador. Perdoemnos se ndo eortespondemos mais uma vez as cexpectativas das necessidades dos nossos antigo seniors. Pe- Jos menos agui no Brasil ago é mais posivel encontrar © ho- ‘mem negro “puro” Por enquanto ainda queremos nos “gular sermos “aceitos”. Por enquanto ainda impera em ns o ideal ex téteo do branco, Por enquanto hi de nos ver com “alma bra.

You might also like