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ISOLAMENTO COMO SINTOMA ‘Ao fildsofo cumpre a clarificag’io dos conceitos, nao a gpresentagao de um novo fundo de conhecimento obtido através da investiga¢ao empirica. Na via dessa clarificag&o de conceitos deve procurar-se uma resposta para a pergunta: “Sera ojsolamento um sintoma da auto-alienaciio?” — Que €um sin- toma? Um sintoma € aquilo em que algo se conhece, por exem- plo, uma doenga. A sua estrutura logica é ser algo manifesto em que se torna visivel algo oculto e perigoso. Os Gregos tinham uma formula antiga para a sua intengao investigadora, que em portugués reza assim: a visibilidade do oculto reside no que a sise mostra. No conceito de sintoma nao esta, pois, implicita uma conexo causal. Nao se afirma que © sintoma é a conse- quéncia imediata daquilo que indica, mas diz-se que deve haver uma conexio indirecta entre o sintoma, que permite conhecer algo, e o que assim se dé a conhecer. E conveniente, pols, a Propésito da pergunta de se 0 jsolamento serd um sintoma da aito-alienagao levantar simultaneamente a questao de saber 4 auto-alienagiio € a causa do isolamento. |. Isolamento e Solidéo cto de estar aqui em causa © a a tendemos, primeiro, ao fa 4 ‘a questao que isola t are mento, e no a solidio. Assim, a primer 97 ELUGIO DA I OKITA 4 isolamento para ; : se podera haver 15 Para temos de levantar € se po to é uma forma de ue conhece a solidio. O isolamen 0 eum perda, Nae. proximidade aos outros que entra weve que Se Sofre a eriencis do isolamento, por conseguinte, Pao ammbivalente de sotigas Mas a solidio é um fendmeno aende eters reflect de fildsofo, e de todo aquele que prette SoC idamene na experiéncia da solidiio, Fee em vempre a is aspect i i a solidao. s Jo é iferentes da soli a so cureiente E claro que esta se apresenta, Primeiro, sob es, forma. Inclui-se nela 0 abandono pelos am1gos ~ pense-se em orma. In » Monte das Oliveiras. O abandono Pelos ‘isto NO Gas : a cose Sbandono da proximidade sustentadora dos outros Semelhante abandono da proximidade fundamental dos outyo, encontra-se talvez em estreita vizinhanga ae Outros aban. donos de que de que temos_ noticia, O ser-a andonado-por. “Deus. Inclusive, na expresso “local abandonado por Deus” ressoa 0 origindrio abandono por Deus, que foi a tiltima palavra de Cristo na cruz. Existe em toda a experiéncia religiosa uma intima relagao entre o abandono da proximidade dos outros e o ser abandonado por Deus. Nao € somente o mandamento cristo do amor que vé a unidade entre 0 amor ao proximoea relagio com Deus. Hé uma bela frase de Euripides: “Abragar os amigos, eis o que é Deus”. O que os Gregos queriam expres- sar com isso é a mesma coisa designada, uma vez, por Hélderlin como a esfera comum, que é Deus. Em semelhante determi- nagdo conceptual est4 implicito o contrario da solidio. Estar numa esfera comum e ser sustentado por algo comum - 0 set desaparecimento ou a sua perda é 0 que € chorado no luto do isolamento. Mas ser abandonado por aquilo que nos é comum €nos sustenta é, sem duvida, apenas uma vertente do fenémeno da soliddo. Existe também uma procura da solidao. Temos de ir ao fundo deste fendmeno, caso queiramos situar no correct® nivel da questo o problema da auto-alienacao do homemm sociedade, A busca da solidio é uma descoberta que m Em ars ae consciéncia geral através de Rows " filésofo” ows da Alemanha existe um Serie Este caminho do filosc peidelberg . particularmente ao ni é assim des; Solo, para quem tem um ouvido histo fa Et €signado por causa dos professores de filoso! esse inho de ur natureza.cm plena corrupgio dos ¢o: me € permitido express O que se busc demanda da soli ca da cu Bee “ anda da sol 5 ‘4 Cul solidio, mas o “deter-se 14” junto a al 20, NAO € a verdadeira qualquer outro e por todos os outros, Assim Petturbado por fildsofos, nao se procura verdadeiramente "TO caminho dos suave respirar da natureza, que cada qual er ido, mee com um gesto de simpatia. Goethe pés 0 ¢ orden sua Vida cantar: “Quem se consagra A solidio, ah, e A sozinho”. O sentido deste verso consiste em gue ee estar capaz de exercer uma atracgdo sobre a alma humana, Ere quase despertar uma embriaguez que se protege de tudoo que pode perturbar a intimidade desse estado. A busca da solidao ésempre O querer-perseverar em algo. Assim, 0 amante procura a solidio, porque o anelo, este estar-detido em algo ausente, que nao pode ser substitufdo por nenhum presente possivel, totalmente o cumula. A solidio, de modo nao intentado, também esta presente em redor do velho. O que se pressente a sua volta é manifestamente a solidao. Porque o ancido pode olhar retrospectivamente, e olha, para Muitas coisas, torna-se inacessivel aos outros. Pense-se nos gandiosos retratos da solidao da época tardia de Rembrandt i Solidio dos olhos que nos devolvem o olhar ae ° mais nada, porque nada mais espera, porque nae ‘Uma outra ran F s em si. Uma sa frente; pelo contrario, olha para iris Org intentado ate whit de solidgio que nos acomete de mo : fo vtemoniaco do 0 Oculta no poder. O paderoso est 86. 0 derma votade ‘ay Au Pois, a tentativa de extorquir ao po? elo que os grandes Didi hos mil caminhos da lisonja, veer os homens. Alison foram também os que mais despre? ae > envolve 0 jg . > solidiio que env vee Diderot ©0 temor tecem aqui o véu de sor! er considerada mg 2: Também a solidaio do sabio nao pode < so partlha 08 “M abandono, O sabio est s6, poray’ seaU, Htura, 10 DA TEORIA PLO outros. porque, gFagas a praca Cidad éncia de tlusoes do seu olbar viradc Dare én ivel comungar na embriague, a4 evemplo de tal solidao € Zaratustra na 0 outros, O gt ande exe mple outra vez, buscar a solidag Onn eee a 5 saber, um saber que 0 separa de todos os Ott. tora tao eu sue ao longo de toda a historia da sua vidg © 6. ¢ que 0 persceure * noronamento de todos os valores que y;,.” fe 7 Jes tana: a visdo dod ‘s Epemnatauetse busca 4 raram até entio. Por fim, sa q' a soliday 4, abrigo da fé religiosa; no eae aD erence a solide, de quem ora, que remonta a solidao do Filno do Homem, ‘A solidio é, portanto, algo muito diferente do isolaments, O isolamento é uma experiencia de perda, a solidao ¢ uma experiéncia de renuncia. O isolamento é€ algo que se sofr solidao é procurada. , os dos eresses ¢ int ae 2 aus nao The € poss experiénet realidade, a Il. Auto-alienagdo e constrangimento social As nossas considerag6es prévias ensinam-nos que o ben conhecido fendémeno social da auto-alienagio esta pré do isolamento. O conceito de auto-alienagio é uma expressio para uma doenga da sociedade, ou talvez também uma ex- pressao para o sofrimento que a sociedade produz. A alienay pressupoe sempre uma familiaridade originaria e é experimen- tada como um estranhamento crescente. Quando dois homens se alienam, cada um deles sente uma estranheza perante 0 out», que antes ja esteve préximo. Ainda nao se trata de uma sep ragdo, de uma rotura, mas de uma inquietagio crescente aves da falsidade de uma proximidade familiar, A familiarid ainda nao desapareceu, mas é algo como uma familiaridade 2 desvanecer-se. Quem se isola faz esta experiéncia de uma lun liaridade que se evola em grande escala. O mundo da prominty dade torna-se-lhe, na sua totalidade, cada vez mais Sas Como se sabe, € proprio da fntima tendéncia enlealor Pe isolamento ser incapaz de dele sair e de se present Outros; pelo contrario, afogamo-nos nele. Por isso, ° isos tem sempre algo que ver com o estranhamento dos he! mundo e no mundo humano. (oLAMENTO COMO SINTOMA DE AUTO. AL isolamento a nda nio é a de. Que familiaridade, Aresposta so pode sera Scguinte: 0 7 o proprio, torna-se estranho ss de mais, © trabalho determina essencialmente antic OE ev idente, mas significa, na reg lid: a nossa ier Jho — © Unico deus novo da no: época calidade, que o nO da tradigio politefsta, objecto da Sones re & que pode fe que 0 trabalho ja nao nog ape mabalho proprio 7 A nossa sociedade humana assent. modernidade, no principio da divisio do senta no facto de o trabalho realizado satisfazer imediatamente as suas necessidades, mas servir para asatisfagiio de necessidades comuns. E é igualmente claro que, neste sistema de satisfacio de necessidades comuns através da actividade em trabalhos divididos, nao se descreve com precisao 0 conceito de necessidade. E discutivel justa- mente aquilo que a actividade do homem, num trabalho divi- dido, tem de realizar: o que é necessario a vida ou, além disso, mais alguma coisa? Sera em geral possivel uma sociedade bu. mana, quando através do trabalho se exige apenas 0 necessario? Vale a pena reflectir em que medida tem cabimento, neste vasto sentido do supérfluo e do excedente, aquilo que os See designavam por 16 kaldn, o belo, com o qual a socieda humana se satisfaz enquanto humana. ae Chamamos profissdo 4 forma em que. WP aaeette organiza agora a actividade em trabalho divi ae oe Oindividuo na sua posigao relativamente SO om 0 geral. O fissio tem a forma da identificagio indirecta cook aes sentido da profissiio é manifestamente que as Mihetividade do Ponsabilidades especificas que coo eee através do geral. 'ndividuo tenham a consciéncia da legitimag aa forca lo estar- “Mos ainda de nos interrogar sobre 0 aia oO seu todo, Uma conPOfissio aporta a vida da socio ibilidacle de identifi- cagt ve parece certa: a Tee pos como auto-alienagao doh Com o geral é o que designa mem na sociedade. aUlO-alieng a GAO do ho a \G omem ng Pergunto entao, se torna fi ss rabalho, eng a0 homem, A Taz, jana uanto aio é que, ‘a, € ndo apenas na trabalho, quer dizer, pelo individuo nao ELOGIO DA TEORIA Esta auto-alicnagao foi ja lamentada em voz alta do Huminismo. As cartas de Schiller Acerca ‘da ‘ro Poy Extética do Homem falam da maquina morta, se “ducacaa Estado, na qual todo 0 individuo esta activo como wit do a ou um clo, sem — cis o sentido afirmativo da Metdfora Toda ligado, na sua propria consciéncia, a actividade do todo . Foj contra a maquina morta, sem alma, do Estado que Schj nas suas grandiosas cartas, algou a ideia da livre actividaye homem e de um Estado da liberdade, e para a qual edo aquele notavel desvio weimariano sobre 0 jogo eo Estade th educagiio estética. Mais além do impulso de Schiller, exercey. -se a critica A forma da economia capitalista através de Karl Marx, na qual a auto-alienagio do homem foi reduzida a art. ficialidade das relagdes de produgao, a indole feiticista do dinheiro e ao caracter de mercadoria do trabalho humano, Tudo isto é conhecido. A auto-alienagdo do homem foi entao referida a uma determinada situagio de classe e signifi- cava a exploragio do proletariado pelos empresarios. Se hoje temos de nos colocar novamente o fendmeno da auto-alienacio, entdo também o problema se renova sob circunstancias assaz alteradas. Hoje, j4 nao se pode falar da auto-alienagao do ho- mem na sociedade no sentido da exploragao de uma classe por outra, e a tinica que frui de liberdade — como a consciéncia do senhor que utiliza a consciéncia do servo e vive ainda do seu trabalho. Vivemos num Estado do bem-estar e num Estado social. Mas o que nele experimentamos € agora uma singular e generalizada auséncia de liberdade; assim se me afigur auto-alienacio, de que temos hoje de falar. Em que assenta esta ultima? Que é a auséne que hoje experimentamos? Todos pensarao ime consciéncia profissional, de que parti e que inclui cia directa ao geral. Hoje, esta consciéncia experi anho limitagao caracterfstica através da racionalizagao 00 cmp € no uso da forga de trabalho humana, de tal modo que Ar ciéncia fundamental do homem numa sociedade a . -racionalizada € a consciéncia da fungibilidade de ca a wai Residem aqui, parece-me, os fundamentos ao abrigo 49° S€ nos recusa a identificaciio com o geral. ia de liberdad? diatamente™ uma refere nentou und Descrevamo: cias de coacgao. M : quio ‘ estamos expostos! Nao é a Coeren 2 Cons constrangimento de alguém ma dirigente que nos € superior, B, sempre para combater através da Tes marca 0 nosso sentimento de ausenes teNCia propria, Qa visio do proprio constrangimento objectiy, liberdade ¢ antes a domina. O que experimentamos ery toda racional, que tudo complicagao do sistema social de produ ‘aS as direcgdes é a que vivemos, em virtude do qual a inictaye de trabalho em singularmente tolhida no trilhar do caminho do individuo é ogeral. Na sociedade hiper-racionalizada ha no trabalho, para os psiquiatras designam como compulsio 4 oo edalo que pulstio 4 repetigdo, repetig&o compulsiva de fee -me ser um bom simile para a esséncia da “administragao” A administragao quer que se faga algo como ja foi feito, A repul- sio de toda a novidade nestas coisas nao é uma ma vontade, mas € a modelagao do nosso mundo administrado: que se saiba sempre como algo se faz. Quem tem uma vontade diferente vé-se exposto a uma chamada a ordem, que nio lhe € transpa- rente, ao constrangimento objectivo racional. Isso torna j4 com- preensivel porque é tio perceptivel, em particular nas nossas Jovens geragGes, uma animosidade contra este mundo cultural. Ou consideremos outra experiéncia de tal constrangi- mento, que é, mais uma vez, tao inocente quanto dura e oe Refiro-me a compulsao ao consumo, algo a que Sea alguém sem uma grande medida de fibers ae inne. subtrair. Pois a organizagao das vendas ¢ ¢ at sosso sistema -se formalmente através de todo o Se ae nos benstde econdmico. Nao é de facto possivel a trae aomia, numa eS~ consumo oferecidos pela industria cr acorrente dos desejos Pécie de decisiio pela caréncia, quan eins por assim dizer, ceconsumo gerados paralelamente nos ! _ Pelas portas dos armazéns. . constrangime: . Pordetrds disso encontra-s¢, ace o mais grave ee anda mais profundo; e, segundo a oe nao se gera ae dos: 0 constrangimento da opiniae 1. veneno da po um ordem, mas € edulcorado com is forte, ng ea 7 © a Coacea SSeS Constrangim, Cao de um sistancs wn —_ ELOGIO DA TEORIA anteme; Nte ex 2] 0s Podemos Subir oS8 Ung “Nos, de inform corrente de informagio, a que nio crianga que cresga sem televisio tem de 6 e nas redacgoes da escola, porque nao conhe, quais as vagas de informagao canalizaram A consequéncia é um constrangimento de Opinii 4 gerq ainformagio jd nao € directa, mas mediada e deixe) Or duang pelo didlogo entre mim e ti; pelo contrario, Passa pa d Passa, selectivo: através da imprensa, dos livros impreston 8 da televisio. Estes drgios sao, por sua vez, nos Eset da Til, craticos, controlados pela opiniao ptiblica; mas sabe Os de Comp tag CE Os temas tide também af a coergio objectiva de trilhos J batidos li i iniciativa e a possibilidade do controlo, Por Outras, A exerce-se aqui uma coacgio. Parece-me que aind; apercebeu da seriedade da nossa situagiio quem pensa qu de haver alguém culpado. A auto-alienagiio do homem Ft s tem dade actual é geral; anda a par da consciéncia de uma epee déncia e estranheza opacas, pelo que o trabalho, aparentemente nio s6 nao produz um sentido préprio, mas est ao servieg um sentido estranho e indiscernivel. E esta auséncia de liber. dade que € experimentada como auto-alienagdo do homemna sociedade. Tal auséncia de liberdade induz a uma retirada para aesfera privada. Mas quem vai por este caminho descobre simultanes- mente a impossibilidade de tal retirada. Quando, Pois, procuro “o brilho da luz do privado”, para me exprimir como Man, apenas oculto a mim préprio as dependéncias que invisive!- mente me determinam. Toda a omissio da solidariedad politica, na entidade estatal livre, tem de ser paga por todos, pois o elemento comum que determinaré 0 nosso destino mio é evitado pelo facto de nos agacharmos e esperarmos que? Taio nos poupe. Palavras, 4 NGO se IIL. A amizade — com os outros e consigo propria . a _ a ate camntyels tot A experiéncia de dependéncias indice e desig compreensivel a pretensio contraria, que se pode! 104 aM d at aex da nos a forma enaltece o futuro da sociedad ma tica. Tal consciéncia expre come seragiio dos pais, que deve ser ¢ de liberdade por mim descrito, cont supersaturagao do bem-estar civit Expres, ae séncia é ei a andadz IZaciong ‘orma LO eae Para a utopia, Fa ©m que vivemos. 2 no la a a limitacdo se, a. a Ss, i i 3xi T experi Se sobretud C reens! = : mentads 7 Sean Seoeabei, Ect Para tal uma Ree Tepressao vra q' s 1, ndo hd muito, na rua Sintomatica pala- dor interrogava as pessoa » quando um entrevista- 5 € usava esta fi e aces Zi a esta formulacdo: “4 é que nunca Cessa a pressio do sofrimento?” Esta gowa Feo que a formula, Snressil : ” ‘pressdio do sof imento”, parece-me s para uma atitude de recusa frente a todaa ee é dade. E que a experiéncia da realidade é ex Xperiéncia da reali- e de resisténcia, nunca existe sem sofrimento, ¢ Peas superacio da resisténcia. Pressio do sofrim Pace a ' algo d a ento, pelo contrario, soa como algo de que nos afastamos para a embriaguez, ainda que seja para aquela quea absorgio nas acgées colectivas pro- porciona. A esfera privada nao deve, decerto, pér-se acima de tudo o mais, e continua a ser importante sacrificar os interesses privados as tarefas da comunidade. Mas onde as exigéncias da sociedade actual sao experimentadas como pressio do sofri- mento que € melhor evitar, como 0 sofrimento do isolamento, faltam as condiges fundamentais da comunidade humana. A queixa acerca da pressiio do sofrimento € como que uma outra expressdo para O niio-querer-ver-a-verdade do Sara dé testemunho da total auto-alienagdo, em cujo am rei e perigo a nossa sociedade esta a entrar cada ee mas. lich ideal negativo de se libertar da pressdo do so! aa So Aa nenhuma identificagdo com © geral legitima a Pp le limites e da limitagao. . ig antiga. Uma Vale a pena remontar aqui a sabedoria rem patilhar das grandes doutrinas que OS classicos 8) Cain Brezay cabe 2 Connosco é a importancia central aut da amizade é, na maior amizade. Na ética moderna, 0 PFO ee aoa qualquer apéndice. Parte das vezes, um exiguo capitu© pase de que o amigo m Kant encontra-se a bela e memor gsne ELOGIO DA TEORIA genuino € tao raro como um cisne negro, Ma: tudo © que tom ad zer sobre este tema. Em Arist contrario, 0 assunto é uma pega nuclear da sua ét; Steles, pet um quarto da totalidade, "CAE consting é 7 J Que é a amizade? Os Gregos usam a Palay F que dimens6es se estende este conceito! ‘Abrany Philia, formas de convivéncia dos homens, a Telagiio ae todas ag camaradagem na guerra, a comunidade do trabalho "cial, a de vida do matriménio, a formagio de grupos socinie formas magiio de partidos politicos, em suma, a totalidade dae comunitdria dos homens. O que hoje ainda designamos, Vida camaradagem partidaria ou politica € um tltimo eco aan antigo e abrangente conceito grego. Pertence a esséncia de amizade, como diz uma antiga expressio pitagérica: koing a 16n philon — aos amigos tudo € comum. A amizade funda-se, por conseguinte, no sentimento da solidariedade, hos devemos deixar seduzir pela sonoridade da palavra amizadee pensar que se esta a conjurar aqui a beleza de estados vitais sentimentais de um passado que ha muito esmoreceu. O con- trario é que é verdade. A convivéncia humana nunca se instituj noutra base a niio ser a de solidariedades vigentes. Assim, a perda de toda a solidariedade significa 0 sofrimento do isola- mento; ao invés, a solidariedade pressupGe sempre o que os Gregos designavam como amizade consigo préprio e aquilo que, como mostramos mais acima, leva 4 valorizagio da solidao e possibilita o poder-estar-sozinho. Na nossa palavra ‘solidao’ também esté presente a ressonancia da defesa perante o meca- nismo activo e sem vida da civilizagao, e 0 eco da simpatia com a natureza, que nada sabe dos vicios humanos. E 0 tom com que Rousseau lastrou a palavra ‘solidao’. Mas 0 que os Gregos designavam como amizade — e também amizade consig0 (0 fundou todo préprio — conserva uma verdade profunda. Platao ft 0 © seu projecto de um Estado utépico sobre a no¢ao de que de. A singular Estado é uma imagem da alma em ponto grande. / 116s estrutura politica que ele descreve, com a sua divisao om ae ordens sociais fixas e com a sua criagdo de um classe ee f 1e- dides, que com perspicdcia guia o destino da totalidats tende ilustrar o que alma humana é€ e pode ser. A ae 0s uma constituigdo que exclui as discérdias internas ¢ reun 106 | ISOLAMENTO COMO 1 — LOMA Dt AUT ALIENACAG os membros do Estado NUMA Capacidade reflecte o facto de que também a alma humar . contlitos © tensdes im oS oe da dilaceragao interior, aan proposito tinico, A CONSULTA fntima do homem ea i capacidade de comunidades NO fundo, a mest ¢ oisa, <6. em 6 amigo de si Proprio se pode ajustar 40 que écomum, pe ceaneceted 0 caso do a-social no sentido estrito, priquid- ico, do termo. Caracteri Por ter deixado escapar ¢ rom ee se aintimidade e a convivéncia CONSILO préprio, a unidade Pensigo A amizade visa aqui, Portanto, uma constituigéo fun- or ntal do homem que eu, com Hegel, gostaria de desiynar Saree se”. Nao 6 somente de hoje que os jovens se Ee Jam contra a orientagao dos mais velhos. Quando éramos rebel a assava-se O mesmo. Consider4vamos a acomodagao seoee na vida ‘burguesa como uma perda de liberdade ¢ e precoc “ a amizade consigo mesmo nao es\ pea tale fontnas eaten on de RG aCorner ago numa associada a tais form: subjacente a uma experiencia da existéncia segura, E antes su da hoje conseguir sem nos amizade, que podemos ainda hoje reprovado, Lembro 0 curvarmos a um Co Pe de encontrar no trabalho, sentido genufno que o homem € ca Ri da civilizagao contem- Apesar de sentirmos 0 cardcter Ea 0 trabalho © a consciéneia Pordnea e a sua are Deon ele se forma, signilica Ly aD do poder-fazer Pree Sim, creio que a ae pc especie de eS : wd de liberdade que se con endo. Poder-fazer é a nica form: strangimentos do nos oh ae €m face dede todos os oelmirdvel clareza = Hegel, ee Quem tal viu com adn aciio € a servidao. Fo adadeira bre capitulo sobre a Coane que possul a sermlhes Passo que ndo é o senhor, ma Je mantém o senhor n momento “uloconsciéncia; nao porque ou pode sera quae ‘auto- ° prazer, e desse modo € - 0 rque possui sempre ui fe copochhor do senhor, mas fa o senhor depen proprio. O Consciéncia mais elevada do qi do seu poder-tazer pit intrin- Sujeicio, a saber, a consciéneis t de trabalho panrane © senhor Servo encontra na sua capacidae com o prazer, de 4 ‘0, que a relagao parasitari jonar. , do consegue proporcion le nego walidaria, My mio Obstante Dulsivas, ye COSC YUE Lornar © capaz de ye Unir eM torng ane ELOGIO DA TEORIA Assim, como Hegel bem vi 4 consciéncia do sery no caminho para uma autoconsciéncia do homem m: do que a consciéncia orgulhosa do senhor, gracas 4 liberd, i do poder-fazer de que esta consciente, Na Consciéncia dy libs le dade do poder-fazer, que € a Gnica autoconsciéncig funda transita-se sempre do ser individual para 0 comum. O pog i -fazer funda a solidariedade. A solidariedade no poder-fann a responsabilidade objectiva na profissio, 0 saber ue Partilhe com 0s outros e€ pelos outros pode ser controlado, sao formas da solidariedade que se referem a uma intima POSsibilidade fundamental do homem: instalar-se, e até alegrar-se ¢o proprio e com o mundo em que trabalha. A intraduztvel fg grega para este fendmeno é a amizade consigo Mesmo. Nada tem a ver com o amor proprio ou 0 amor de si, visa justamente 0 oposto. Quem nao é amigo de si, mas consigo esta desunido, nao € capaz de se entregar aos outros nem de solidariedade, Parece-me residir aqui a razdo mais profunda da auto-alienagio que vemos hoje difundir-se na vida da Civilizagao contempo- ranea; e, ao invés, radica aqui também a possibilidade, que nao podemos perder, de, no seio das formas coercivas, jamais Susceptiveis de embelezamento, da nossa sociedade actual, levarmos a cabo a actividade propria com a consciéncia de um sentido genuino, quando temos uma consciéncia de verdadeiro saber e de auténtico poder-fazer. S6 deste modo 0 destino da civilizacao moderna, que exige a especializagio, poderd, em vez de conduzir A auto-alienagiio, apresentar a nossa Possibilidade de ser o geral, e mediar a nossa condicionalidade social com a nossa propria consciéncia vital. 10 esta * Senuing Nsigo rmula

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