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FICHA DE LEITURA E DE GRAMÁTICA

GRUPO I
Leia, atentamente, o texto a seguir transcrito.

UM CAÇADOR QUE ACEITA SER CAÇADO


Sal da terra, documentário de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, estreia em 9 de abril

1 Quando alguém circula no espaço público com um trabalho que consiste em fixar a
realidade, temos a ilusão de conhecer a realidade dessa pessoa. Acontece frequentemente com a
maneira como olhamos para os fotógrafos, quando vemos o seu nome estampado nas páginas de
jornais e revistas, em livros, nas exposições — a natureza do seu ofício atira-os para a ribalta de
5 forma explícita, quer queiram quer não. Vemos a realidade pelo seu olhar. E, na verdade, sabemos
tão pouco sobre eles.
Sebastião Salgado é um dos fotógrafos vivos mais reconhecidos (e reconhecíveis) do nosso
tempo. As imagens que captou ao longo dos últimos quarenta anos tornaram-se parte da
iconografia do fim do milénio, cercam-nos por onde quer que olhemos. E, no entanto, sabemos tão
10 pouco sobre ele. Conhecemos a sua forma de estar na fotografia, a dimensão dos ensaios que
abraça, a estética das suas imagens. Mas só percebemos recentemente a dimensão do abalo
psicológico que sentiu quando saiu da tragédia relacionada com os vários períodos de fome na
Etiópia (no fim dos anos 80), do rescaldo do genocídio no Ruanda (meados dos anos 90) e da
guerra nos Balcãs (ao longo dos anos 90). Ou da importância que teve uma quinta da família no
15 vale do Rio Doce (Aimorés, estado de Minas Gerais) na sua reconciliação com a fotografia e o
regresso da sua fé na humanidade. Ou ainda da importância de Lélia, sua mulher, companheira de
todas as andanças na gestão e no impulso da sua carreira.
Para lá das fotografias que tornaram Sebastião Salgado famoso, é sobretudo a vida do
homem atrás da câmara fotográfica que fica na retina depois de vermos Sal da terra (2014), o
20 documentário realizado a meias entre Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado (filho de
Sebastião) que estreia a 9 de abril. O filme, que tem tido um percurso com um sucesso assinalável
(Menção Especial do Júri da secção Un Certain Regard no último festival de Cannes, nomeação
para Melhor Documentário nos Óscares 2015), ganha um élan especial pela forma como
Sebastião se expõe, pela intensidade com que conta as intermitências da sua vida (foram muitas) e
25 a postura literalmente frontal como o faz. Sebastião aparece quase sempre a falar de olhos postos
na direção da câmara que o filma. A serenidade consciente com que vai desfiando a sua
existência é a de um caçador que pousa a arma para aceitar ser caçado — para explicar, mais uma
vez, muitas das suas opções na fotografia e, finalmente, para dizer sem rodeios quem é e ao que
veio.
SÉRGIO B. GOMES, Ípsilon, 27 de março de 2015, p. 8.

1. Para responder a cada um dos itens que se seguem, selecione a opção correta. Escreva na folha de respostas o
número de cada item e a letra que identifica a sua opção.

1.1. O título do artigo utiliza a metáfora da caça para comparar

(A) a profissão de fotógrafo à profissão de detetive.


(B) a vida nómada dos fotógrafos com as dificuldades dos guias florestais.
(C) a profissão de fotógrafo com a vida dos caçadores.
(D) a inconstância dos fotógrafos com a inconstância dos realizadores de cinema.

1.1. O primeiro parágrafo do texto desenvolve a ideia de que

(A) os fotógrafos desejam participar em atividades que os tornem celebridades.


(B) as celebridades expõem a sua vida sem perceberem as consequências que advêm dessa exposição.
(C) os fotógrafos necessitam da celebridade e da ribalta para sobreviver.
(D) as pessoas têm a ilusão de conhecer a intimidade da vida dos fotógrafos devido à essência da sua
profissão.

1.1. No segundo parágrafo, o autor do artigo comprova que

(A) é possível conhecer a vida privada de um fotógrafo a partir das reportagens fotográficas que ele vai
construindo ao longo de várias décadas.
(B) Sebastião Salgado prefere centrar a sua obra fotográfica no registo de conflitos bélicos.
(C) é possível conhecer a obra e o percurso profissional de um fotógrafo, sem perceber a influência que os
acontecimentos retratados tiveram na sua vida privada.
(D) é provável que, ao explorar a obra e o percurso profissional de um fotógrafo, se consiga demonstrar a
origem das suas depressões e ansiedades.

1.1. A expressão «ganha um élan especial» (linha 23) pretende

(A) realçar os aspetos negativos do documentário, sobretudo os que se relacionam com a exposição de
aspetos da vida privada de Sebastião Salgado.
(B) demonstrar que a exposição dos acontecimentos da vida do fotógrafo confere um interesse maior ao
documentário.
(C) demonstrar que o entusiamo em torno do filme é efémero pois centra-se na exploração dos seus
dados biográficos.
(D) estabelecer uma relação entre os locais fotografados pelo fotógrafo e as suas ideias políticas.

1.1. No último parágrafo do artigo de Sérgio B. Gomes, explica-se que Sebastião Salgado adota uma atitude
direta na forma como expõe as suas vivências e pensamentos,
(A) através da expressão «serenidade consciente» (linha 27).
(B) ainda que se mantenha reservado no que diz respeito a aspetos mais íntimos.
(C) através da expressão «falar de olhos postos na direção da câmara» (linhas 26-27).
(D) mantendo, porém, uma postura de retração e intermitência.

GRUPO II

1. Identifique a função sintática desempenhada pelos constituintes

1.1. «Vemos a realidade pelo seu olhar» (linha 5).

1.2. «As imagens» (linha 8).

1.3. «da tragédia relacionada com os vários períodos de fome na Etiópia» (linhas 12-13).

1.4. «sua mulher» (linha 16)

2. Classifique as orações que se seguem.

2.1. «depois de vermos Sal da Terra (2014), o documentário realizado a meias entre Wim Wenders e Juliano Ribeiro
Salgado (filho de Sebastião) (linhas 19-20).

2.2. «para explicar, mais uma vez, muitas das suas opções na fotografia» (linha 27).

3. Refira o valor das orações

3.1. «que tem tido um percurso com um sucesso assinalável (Menção Especial do Júri da secção Un Certain Regard
no último festival de Cannes, nomeação para Melhor Documentário nos Óscares de 2015)» (linhas 21-23).

3.2. «que o filma» (linha 25).

4. Estudou a história da língua portuguesa. Recorde o que sabe acerca desse assunto e selecione, em cada um dos
itens que se seguem, a única opção que permite obter uma afirmação verdadeira. Escreva, na folha de respostas, o
número do item e a letra que identifica a opção correta.

4.1. O Português provém

A. das línguas faladas na Península Ibérica, antes da Romanização.


B. do latim vulgar.
C. do latim literário.
D. das línguas faladas pelos povos que chegaram à Península Ibérica depois da Romanização.

4.2. O século XIV

A. corresponde ao período do Português Antigo.


B. foi marcado pela entrada na língua portuguesa de muitas palavras de origem desconhecida.
C. corresponde ao período do Português Clássico.
D. foi marcado pelo nascimento oficial do Português.

4.3. No século XVI, entraram na língua portuguesa muitas palavras de origem


A. germânica e árabe.
B. africana e asiática.
C. árabe e celta.
D. sul-americana e germânica.

5. A: Esta matéria vem para o teste; B: O jardim tem bancos de madeira.

5.1. Tendo em conta que as palavras destacadas nas frases A e B têm o mesmo étimo latino – MATERIA –, que nome
lhes damos?

5.2. Qual delas chegou ao Português por via popular? Porquê?

6. Identifique os processos fonológicos que ocorreram nas palavras seguintes.

6.1. adversu > aversu > avesso

6.2. regnum > regnu > reino

6.3. casa > casinha

6.4. catena > cadea > cadeia

Cotações

Grupo I 40 pontos:
5 x 8 pontos
Grupo II 160 pontos:
13 x 8 pontos
+
56 pontos (item 6.)
Total 200 pontos

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