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Solos e Edificações
Solos e Edificações
Brasília/DF
2020
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 2
APRESENTAÇÃO
A mecânica dos solos é um estudo dentro da construção civil que procura prever o
comportamento de maciços terrosos quando sujeitos a solicitações de sobrecargas e/ou
alívios, decorrentes de obras de engenharia.
Todas as obras de engenharia civil, de uma forma ou de outra, apoiam-se sobre o solo, e
muitas delas, além disso, utilizam o próprio solo como elemento de construção, como por
exemplo as barragens e os aterros.
Portanto, a estabilidade e o comportamento funcional e estético da obra serão determinados,
em grande parte, pelo desempenho dos materiais usados nos maciços terrosos e dos
dimensionamentos realizados pelo conhecimento deste solo de suporte.
Karl Terzaghi é internacionalmente reconhecido como o fundador da mecânica dos solos, pois
seu trabalho sobre adensamento de solos é considerado o marco inicial deste novo ramo
da ciência na engenharia.
Para os técnicos em edificações, o conhecimento da mecânica dos solos é ainda mais prático,
pois um dos ramos de atividade é especificamente realizar em laboratório o estudo por meio de
ensaios que caracterizam estes solos.
Nesta apostila abordaremos os conceitos, as normas técnicas, exercícios e procedimentos dos
ensaios necessários à caracterização dos solos em laboratório. O produto principal, desta
componente “Mecânica dos Solos” no curso de edificações, é o conhecimento adquirido na
prática de laboratório e na construção de um relatório técnico de caracterização de solos.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 3
SUMÁRIO
3.10 Peso Específico Aparente do Solo ou Peso Específico Aparente do Solo Natural (nat ou n ou)
22
3.13 Peso Específico Real dos Grãos ou das Partículas (g) ............................................................ 23
O significado da palavra solo não é o mesmo para todas as ciências que estudam a natureza.
Para fins de Engenharia Civil, ele é definido como uma mistura natural de um ou diversos
minerais (às vezes com matéria orgânica) que podem ser separados por processos mecânicos
simples, tais como, agitação em água ou manuseio. Em outras palavras, o solo é todo material
que possa ser escavado, sem o emprego de técnicas especiais, como, por exemplo,
explosivos.
O solo também pode ser definido como o agregado não cimentado de grãos minerais e matéria
orgânica decomposta, com líquido e gás nos espaços vazios entre as partículas sólidas.
Ou seja, esse material forma a fina camada superficial que cobre quase toda a crosta terrestre
e no seu estado natural apresenta-se composto de partículas sólidas (com diferentes formas e
tamanhos), líquidas e gasosas.
Para a Engenharia Civil, a necessidade do conhecimento das propriedades do solo vai além do
seu aproveitamento como material de construção, pois o solo exerce um papel especial nas
obras de Engenharia, uma vez que cabe a ele absorver as cargas aplicadas na sua superfície,
e mesmo interagir com obras implantadas no seu interior. Todas as obras de Engenharia Civil
se assentam sobre o terreno e, por isso, requerem que o comportamento do solo seja
devidamente considerado. Assim, pode-se dizer que a Mecânica dos Solos estuda o
comportamento do solo quando submetidos a tensões (como nas fundações) ou quando
aliviados (como nas escavações) ou perante o escoamento de água nos seus vazios.
A terra tem uma forma, aproximadamente, esférica sendo formada por três camadas com
espessuras diferentes, como mostrado na Figura 1 e, com composição e natureza física
variada. Das três camadas, apenas, uma pequena espessura da parte superficial da crosta
terrestre tem interesse à engenharia civil, pois é onde estão os solos e as rochas que são
utilizadas como material de construção e como suporte de estruturas.
A litosfera, a camada superficial e sólida da Terra, é composta por rochas, que, por sua vez,
são formadas por um ou mais minerais. Seu processo de formação é contínuo e as primeiras
rochas surgiram após a formação e resfriamento da Terra.
A forma mais conhecida de classificação é quanto à sua origem, isto é, a partir do processo
que resultou na formação dos seus diferentes tipos.
Nessa divisão, existem três tipos principais: as rochas ígneas ou magmáticas, as rochas
metamórficas e as rochas sedimentares.
a.1)Rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas: são aquelas que surgem a partir do resfriamento
do magma expelido em forma de lava por vulcões, formando a rocha na superfície e em áreas
oceânicas. Como nesse processo a formação da rocha é rápida, ela apresenta características
diferentes das rochas intrusivas. Um exemplo é o basalto (Figura 2).
a.2) Rochas ígneas intrusivas ou plutônicas: são aquelas que se formam no interior da Terra,
geralmente nas zonas de encontro entre a astenosfera e a litosfera, em um processo
constitutivo mais longo. Elas surgem na superfície somente através de afloramentos, que se
formam graças ao movimento das placas tectônicas, como ocorre com a constituição das
montanhas. Exemplo: gabro (Figura 3).
b) Rochas metamórficas: são as rochas que surgem a partir de outros tipos de rochas
previamente existentes (rochas-mãe) sem que essas se decomponham durante o processo,
que é chamado de metamorfismo. Quando a rocha original é transportada para outro ponto da
litosfera que apresenta temperatura e pressão diferentes do seu local de origem, ela altera as
suas propriedades mineralógicas, transformando-se em rochas metamórficas. Exemplo:
mármore (Figura 4).
c) Rochas sedimentares: são rochas que se originam a partir do acúmulo de sedimentos, que
são partículas de rochas. Uma rocha preexistente sofre com as ações dos agentes externos ou
exógenos de transformação do relevo, desgastando-se e segmentando-se em inúmeras
partículas (meteorização); em seguida, esse material (pó, argila, etc.) é transportado pela água
e pelos ventos para outras áreas, onde se acumulam e, a uma certa pressão, unem-se e
solidificam-se novamente (diagênese), formando novas rochas.
Esse tipo de constituição rochosa, em certos casos, favorece a preservação de fósseis, que,
por esse motivo, só podem ser encontrados em rochas sedimentares. Além disso, nas
chamadas bacias sedimentares, é possível a existência de petróleo, recurso mineral muito
importante para a sociedade contemporânea. Exemplo: calcário (Figura 5).
1.3 INTEMPERISMO
Os Minerais encontrados nos solos são os mesmos das rochas de origem, além de outros que
se formam na decomposição.
Mineral é uma substância inorgânica e natural, com composição química e estrutura definida.
Das suas propriedades físicas de maior interesse para a engenharia, destacam-se a densidade
e a dureza.
Quanto à composição química dos principais minerais componentes dos solos grossos,
podemos agrupa-los em:
Quanto aos solos finos (argilas), apresentam uma complexa constituição química. A sua
análise revela serem constituídas basicamente de sílica (SiO2).
1.5 SOLOS RESIDUAIS, TRANSPORTADOS E ORGÂNICOS
De acordo com a sua origem, os solos se dividem em: solos residuais, solos transportados e
solos orgânicos.
a)Solos residuais: são aqueles que permanecem no local de sua formação sobre a rocha de
origem. O tamanho de suas partículas aumenta de cima para baixo (Figura 8). Para que
ocorram os solos residuais, é necessário que a velocidade de decomposição de rocha seja
maior que a velocidade de remoção pelos agentes externos.
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Nas regiões tropicais a velocidade de composição das rochas é elevada, motivo pelo qual
encontramos grandes quantidades de solos residuais no Brasil. As camadas dos solos
residuais originam as diferenciações abaixo:
a.1)solo residual maduro - superficial, e que perdeu toda a estrutura original da rocha-mãe,
tornando-se relativamente homogêneo;
c) Solos orgânicos: são formados pela mistura de matéria orgânica, animal ou vegetal, com
sedimentos pré-existentes. Ocorrem em locais característicos, mais favoráveis ao acúmulo de
matéria orgânica: áreas adjacentes aos rios, várzeas, baixadas litorâneas, depressões
(pântanos, etc). Os solos orgânicos são problemáticos para construção por serem muito
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Apresentam elevados índices de vazios. As turfas são solos orgânicos com grande
porcentagem de partículas fibrosas de material carbonoso (folhas e caules) ao lado de matéria
orgânica no estado coloidal. Esse tipo de solo pode ser identificado por ser fofo e não plástico e
ainda combustível
A Erosão é um processo de transformação dos solos oriundo das ações dos agentes externos
ou exógenos que consiste no desgaste na superfície terrestre, prosseguido pelo transporte e
deposição de sedimentos. Trata-se de um procedimento natural, entretanto, a ação humana
contribui para a sua intensificação.
O processo descontrolado de erosão traz grandes prejuízos para o meio ambiente, pois atua
no desgaste do solo, dificulta a manutenção de espécies de animais e vegetais, além de
atrapalhar as atividades humanas.
a)Erosão Laminar: Processo inicial do arrasta de partículas ou lavagem superficial dos solos,
também chamado de lixiviação.
Entre as ações humanas que causam a formação de processos erosivos destaca-se a retirada
das vegetações, que exercem a função de conter a força das águas e dos ventos (atuando
como uma espécie de obstáculo) e ajudam a manter a firmeza do solo, através de suas raízes.
O solo é um conjunto de partículas sólidas que deixam espaços vazios entre si, sendo que
estes vazios podem estar preenchidos com água, com gases (normalmente o ar), ou com
ambos.
b.5) água livre - é aquela formada pelo excesso de água no solo, abaixo do lençol freático, e
que preenche todos os vazios entre as partículas sólidas. Pode ser totalmente eliminada
quando submetida a temperaturas acima de 100ºC.
Denomina-se estrutura dos solos a maneira pela qual as partículas minerais de diferentes
tamanhos se organizam. A estrutura de um solo possui um papel fundamental em seu
comportamento, seja em termos de resistência ao cisalhamento, compressibilidade ou
permeabilidade. Os solos finos possuem o seu comportamento governado por forças elétricas,
enquanto os solos grossos têm na gravidade o seu principal fator de influência. A figura 13
ilustra algumas das estruturas típicas desses solos.
SOLOS GROSSOS SOLOS FINOS
O peso específico das partículas (g) de um solo é, por definição a relação entre o peso das
partículas sólidas (Ps) e o volume das partículas sólidas (Vs). Varia pouco de um solo a outro,
oscilando entre 25 e 29 kN/m3, tendo valor menor para um solo com elevado teor de matéria
orgânica, e valor maior para solo rico em óxido de ferro.
Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que formam
os solos. Cabe destacar, que existem diversas formas de classificação dos solos, na
engenharia é mais utilizada à classificação quanto ao tamanho dos grãos (Figura 15). O estudo
da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de granulometria e identificado no
ensaio visual e táctil, dos quais falaremos adiante. Pela textura os solos podem ser
classificados em dois grandes grupos: solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos finos
(silte e argila). Esta divisão é fundamental no entendimento do comportamento dos solos, como
já estudado, o tipo de intemperismo influencia na textura e estrutura do solo, partículas com
dimensões até 0,001mm são obtidos por intemperismo físico e as partículas menores que
0,001mm provém do intemperismo químico.
2.6 AMOSTRAGEM
A amostra deve ser representativa do solo de onde foi retirada; uma amostra é considerada
representativa de uma população, de onde foi extraída, quando tem as mesmas características
dessa população, no que diz respeito às variáveis que estão sendo estudadas, mesmo levando
em consideração as pequenas discrepâncias encontradas nos processos de amostragem.
Como há sempre o interesse de se trabalhar com um material homogêneo, que tem soluções
mais simples, é preciso que o programa de investigação defina um número de pontos e cotas,
para amostragem, que possibilite depois um estudo estatístico dos resultados. No Capítulo
mais as frentes estudarão os métodos de investigação do solo, por hora trataremos dos
conceitos de amostragem.
É essencial na amostragem que a localização dos pontos, em planta, e das cotas de onde
foram retiradas as amostras fiquem bem determinadas em relação a uma referência que não
poderá ser destruída durante a construção da obra.
A Figura 16, à esquerda, mostra a localização, em planta, dos pontos de onde foram retiradas
as amostras representativas; a linha a. será considerada como referência para a localização
dos pontos e o ponto A sobre essa linha, de cota arbitrada será tomado como a referência de
nível. Na mesma Figura, à direita, estão mostradas as posições de retirada das amostras em
perfil.
Na Mecânica dos Solos, os índices físicos são utilizados na caracterização das condições do
solo, em um dado momento, que pode ser alterado ao longo do tempo. O comportamento de
um solo depende das quantidades relativas de cada uma das fases constituintes, como já
explicado acima, o solo é composto por partículas sólidas que apresentam vazios entre si.
Estes vazios podem estar preenchidos por água e/ou ar (Figura 18). Assim, temos 3 fases:
a ) Fase sólida – formada por partículas sólidas;
b) Fase líquida – formada pela água;
c) Fase gasosa – formada pelo ar (vapor, gases).
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 18
Chamamos de índices físicos as relações entre estas fases. Os Índices Físicos são definidos
como grandezas que expressam as proporções entre Pesos e Volumes nas três fases
constituintes do solo: sólidos, líquido e ar, para caracterizar o estado do solo (Figura 19).
Vt Mt
A figura (a) mostra um corte longitudinal de uma amostra indeformada, com os elementos
componentes de cada uma das fases; na figura (b) os elementos foram idealmente separados
e, na figura (c) a água e o ar aparecem como representantes das fases líquida e gasosa,
respectivamente, este esquema é muito usado na representação de uma amostra de solo e
atende a uma conveniência didática para a definição dos índices físicos e, para a obtenção das
equações de correlação entre eles. A simbologia usada para representar o volume e a massa
de cada fase será usada na definição dos índices físicos e, também, sempre que necessário
em qualquer parte do texto.
- Grandezas Envolvidas:
- VOLUME (cm3; dm3; m3) - MASSA (g; kg; t)
Vt – volume total Mt – massa total
Vs – volume das partículas sólidas Ms – massa das partículas sólidas
Vw – volume da água Mw – massa da água
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1)Peso = Massa x Aceleração da gravidade => Peso (N) = Massa (kg) x Gravidade (10m/s2)
=> P = M x 10
2) Vt = Vs + Vw + Va
3) ) VV = Vw + Va => Vt = Vs + VV
Os valores calculados com essas relações, ao longo do tempo podem ser alterados e por isso
os índices físicos caracterizam as condições de um solo em um dado momento. Os nomes, os
símbolos e as unidades devem ser de conhecimento pleno e estarem incorporados ao
vocabulário de uso diário do geotécnico.
Devemos ter em mente os diversos estados que um solo pode estar sujeito, sendo afetados
por fatores naturais (chuvas, insolação) ou não (compactação mecânica, cortes, aterros).
Assim, por exemplo, após um período chuvoso, um determinado solo apresentará um estado
em que os vazios serão preenchidos pela água, e o ar anteriormente presente será expulso. No
verão, após a evaporação da água, este mesmo solo apresentará um novo estado, com o ar
penetrando nos vazios deixados pela água.
É a relação entre a massa ou o peso da água contida no solo e a massa ou o peso de sua fase
sólida, expressa em percentagem (%).
Indica variação volumétrica ao longo do tempo (história das tensões e deformações ocorridas
no solo). É a relação entre o volume de vazios e o volume de sólidos. Embora possa variar,
teoricamente, de 0 a , o menor valor encontrado em campo para o índice de vazios é de 0,25
(para uma areia muito compacta com finos) e o maior de 15 (para uma argila altamente
compressível).
É adimensional e o valor do índice de vazios é indicado com três casas decimais; é maior do
que zero em seu limite inferior, enquanto não há um limite superior bem definido.
É a relação entre o volume de vazios e o volume total. Seu valor é expresso em percentagem,
com uma casa decimal, variando no intervalo aberto 0 a 100%, pois não há solo sem vazios
nem sem sólidos.
A massa específica do solo é a grandeza definida como a relação entre a massa e o volume de
uma amostra de solo. Para a massa específica determinada em laboratório a unidade é o
grama por centímetro cúbico, g/cm3; para transformá-la em peso específico usa-se o
quilograma por metro cúbico, kg/m3.
Dependendo do grau de saturação do solo são definidas três massas específicas: do solo
seco, do solo não saturado e do solo saturado, pelas relações:
Para S = 0%
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Para S = 100%
Onde a grandeza Msat é a massa do corpo de prova com a água ocupando todo o volume de
vazios, sendo que nenhuma das condições extremas levou em consideração a variação de
volume do solo, devido à secagem ou saturação.
Quando a camada de solo está abaixo do nível d'água freático, a massa específica do solo
submerso é definida como a relação entre a massa do solo submerso e o seu volume. Por
hora, iremos encontrá-la por meio de correlações apresentadas mais a frente do conteúdo.
A massa específica dos sólidos é a relação entre a massa e o volume dos sólidos, ambos para
um mesmo volume de solo.
Na maior parte dos problemas encontrados na mecânica dos solos a massa específica da
água, ρw, é considerada constante e igual a 1 g/cm³ ou 1.000 kg/m³, mesmo variando com a
temperatura; em alguns ensaios de laboratório a variação do valor da massa específica da
água com a temperatura deve ser considerada.
Os valores das grandezas utilizadas no cálculo da massa específica são obtidos no laboratório,
em gramas e centímetros cúbicos; na prática da engenharia o cálculo de pressões torna-se
mais simples usando-se o peso específico que é igual ao produto da massa específica pela
aceleração da gravidade (g), cujo valor pode ser aproximado para 10 m/s2, sem que, com isso,
ocorram erros sensíveis. Utilizando esta relação os pesos específicos, simbolizados pela letra
grega , com os mesmos subscritos usado na definição das massas específicas.
A unidade para o peso específico é o quilonewton por metro cúbico, kN/m3; se o valor da
massa específica de um solo, obtida em laboratório, é igual a ρ = 1,650 g/cm3 = 1.650 kg/m3 o
peso específico é igual a = 16.500 N/m3 = 16,5 kN/m3, adotando-se g = 10,0 m/s2.
É a relação entre o peso total (Pt) e o volume total (Vt). A umidade (W) é diferente de zero.
No campo, a determinação de pode ser feita entre outros métodos, pelo “processo do frasco
de areia”.
A sua determinação é feita a partir do peso específico do solo natural (g) e da umidade (W).
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É a relação entre o peso (Pw) e o volume da água (Vw). = 1,00g/cm3 = 1,00kg/dm3 = 1,00t/m3 =
w
10,00kN/m3.
É a relação entre o peso das partículas sólidas (Ps) e o volume das partículas sólidas (Vs).
Se o solo estiver saturado (S = 100%), ou seja, com todos os seus vazios preenchidos pela
água, teremos peso específico saturado sat,
A distinção entre solos saturado e submerso pode ser observada no exemplo da figura 20,
notando-se que um solo submerso é saturado, sem que a recíproca seja verdadeira.
É a relação entre o volume de água (Vw) e o volume de vazios (Vv) de um solo, expressa em
percentagem.
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É a relação entre o peso específico das partículas sólidas (g) e o peso específico da água
(w). É adimensional. Para a maioria dos solos varia entre 2,50 e 3,00.
Dos todos os índices físicos três deles, massa específica do solo, a massa específica dos
sólidos e o teor de umidade, são obtidos em ensaios de laboratório, enquanto os demais
índices são calculados através das fórmulas de correlação.
As fórmulas de definição dos índices físicos não são práticas para a utilização em cálculos e
assim recorrem-se às fórmulas de correlação entre eles. Para a obtenção dessas fórmulas
pode-se partir da hipótese de um volume de sólidos conhecido e depois utilizando as fórmulas
de definição calcular o valor das ordenadas representativas do volume de solo e de cada uma
das fases; para calcular a massa de água e a de sólidos basta multiplicar o volume por sua
respectiva massa específica, enquanto a massa do solo é igual à soma das massas das fases
líquida e sólida.
Partindo outra vez das fórmulas de definição resultam as que correlacionam os índices físicos
e, que conhecidos os valores de três deles é possível calcular os demais, na figura 21 estão
mostradas as fórmulas obtidas.
A identificação é o passo inicial para o conhecimento do solo; ela é feita com base nas
características naturais do solo, que não se modificam com o tempo. As informações sobre o
solo são obtidas com os testes tátil-visuais cujos resultados são, apenas, qualitativos e, usados
em uma primeira denominação do solo.
Terminada a identificação passa-se a fase de descrição das características do solo, com base
no resultado dos testes realizados e, complementado com o maior número disponível de
informações sobre ele.
A caracterização é feita com base nos resultados quantitativos dos ensaios de caracterização,
se o objetivo for à classificação do solo ou nos resultados de ensaios específicos para a
definição do comportamento do solo sob condições diversas.
A classificação é um procedimento adotado para dar ao solo um nome, mais específico que o
recebido quando da identificação; para isso, é preciso adotar um sistema de classificação e ter
os resultados dos ensaios exigidos pelo sistema (veremos este tema no próximo capítulo).
4.1 AMOSTRAGEM
Dois tipos de amostras, deformadas e indeformadas, são usadas na realização dos ensaios de
mecânica dos solos.
A amostra deformada é uma porção de solo desagregado e, deve ser representativa do solo
que está sendo investigado, quanto à composição granulométrica e constituição mineral; ela
será usada na identificação visual e tátil, nos ensaios de granulometria, limites de consistência,
massa específica dos sólidos, compactação e na compactação de corpos de prova para
ensaios de permeabilidade, compressibilidade e resistência ao cisalhamento.
No local escolhido para a retirada da amostra é feita, inicialmente, uma limpeza na área,
retirando a vegetação superficial, raízes e qualquer outra matéria estranha ao solo, para só
depois iniciar o processo de coleta. Para amostragem até um metro abaixo da superfície do
terreno é feita uma escavação, com uma ferramenta apropriada, até a cota de interesse e, em
seguida, a amostra pode ser coletada. Entre um e seis metros de profundidade e, desde que o
furo não precise ser revestido pode ser usado o trado concha ou cavadeira, enquanto que para
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profundidade maior que seis metros ou quando o furo precisar de revestimento será usado o
trado helicoidal (Figura 22).
Quando há a necessidade de um volume maior de amostra pode ser escavado um poço com
um diâmetro que permita o trabalho do operador, como mostrado na Figura 23. Na folha do
serviço de amostragem deve ser deixado um espaço para o desenho da planta da área
investigada indicando–se nela os dados necessários à recuperação do local onde a amostra foi
retirada.
Para a estimativa da massa da amostra deformada é preciso definir inicialmente, que ensaios
serão realizados e o número de cada um deles, bem como, o processo de preparação das
amostras. Essa estimativa deve levar em consideração a eventual necessidade de refazer um
ou mais ensaios e, também, outros fatores como distância do laboratório, transporte,
possibilidade ou não de se realizar uma nova amostragem e os custos do serviço.
que, para camadas de solos pouco densos e que se encontram abaixo do nível d'água é usado
um amostrador de parede fina, para camadas de solos acima do nível d'água e mais densos é
aberto um poço e retirada uma amostra de forma cúbica. O procedimento seguido durante a
retirada, a dimensão necessária e os cuidados devido à amostra, desde a retirada até a
utilização no laboratório.
Na Figura 25 estão indicadas algumas posições de retirada de uma amostra com escavação
manual; como a forma da amostra é cúbica ou cilíndrica ela é conhecida como amostra em
bloco. As posições 1, 3 e 4, respectivamente, no talude de um corte, na superfície do terreno e
no fundo de um poço são preferenciais, enquanto as posições 2 e 5 são alternativas às
posições 1 e 4, quando, por um motivo qualquer não for possível fazer a amostragem nesses
locais.
O poço é aberto por um poceiro, até próximo à cota do topo da amostra a ser retirada, com um
diâmetro que permite ao técnico encarregado de continuar o serviço, fazê-lo de forma
apropriada, como mostrado na Figura 26. Caso não seja possível retirar a amostra na posição
4, da Figura 25, por ter o poço um diâmetro pequeno, ela pode ser retirada na parede do poço,
como mostrado na posição 5.
(a) (b)
(c) (d)
O procedimento que deve ser realizado para uma correta identificação tátil visual dos solos é
descrito em algumas normas, sendo que no Brasil o procedimento é padronizado segundo a
NBR 6484/2001. No entanto esta norma não esclarece o processo que deve ser realizado na
identificação de algumas características. Com objetivo de orientar melhor este processo serão
descritos alguns procedimentos da ASTM D2488 (2009) que apresenta os procedimentos
necessários à identificação e descrição dos solos de uma forma mais ampla.
A habilidade para que a identificação seja feita corretamente, com os testes tátil-visuais é
adquirida com a prática e assistência inicial de um profissional experiente. A realização desses
testes, por aqueles que estão iniciando seus estudos de mecânica dos solos, permite que seja
adquirida a sensibilidade necessária para o reconhecimento das diferentes classes de solos e
da criação de um banco de dados necessários à identificação de outras classes de solos.
Os solos são divididos, em função do tamanho dos sólidos, em dois grandes grupos: solos
grossos (pedregulhos e areias) e solos finos (siltes e argilas); para uma divisão geral basta
acrescentar o grande grupo dos solos altamente orgânicos.
Uma breve descrição de cada um dos grandes grupos será feita a seguir, para auxiliar no
trabalho de identificação.
O grande grupo de solos grossos pode ser dividido em dois grupos, o de pedregulhos e o de
areias e cada um deles em duas classes: pedregulhos puros e solos pedregulhentos e areias
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puras e solos arenosos. O termo puro significa que o tamanho de todos os sólidos do solo,
estão dentro da faixa granulométrica da escala adotada.
Os solos finos são divididos em dois grupos: siltes e argilas, que geram quatro classes: os
siltes e as argilas puras e, os solos siltosos e os argilosos, respectivamente.
4.2.2.1 Cor
A cor do solo é a que ele apresenta no momento em que foi amostrado; se a cor não foi
definida no momento da retirada e a amostra foi levada para o laboratório, ela precisará ser
umedecida para a definição de sua cor.
As cores utilizadas são as clássicas: branco, preto, cinza, marron, vermelho, roxo, amarelo,
azul e verde podendo ser acrescentado o termo claro ou escuro (Figura 29).
Outra forma de classificar a cor é utilizando a Cartela Munsell. No atual Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos pela EMBRAPA, a cor, determinada por comparação com os padrões
da carta de Munsell, é atributo de diferenciação de algumas classes de solos. O sistema
Munsell de cores tem três componentes: Matiz, Valor e Croma, onde o matiz é a cor espectral
dominante, o valor é a tonalidade da cor e o croma é a pureza da cor (Figura 30).
Apenas as duas cores predominantes devem ser incluídas na denominação do solo e, quando
ele tem diferentes cores e nenhuma delas é predominante usa-se o termo variegado.
De um modo geral a forma de um grão está situada entre a forma cúbica, quando as três
dimensões são aproximadamente iguais e, prismática quando isso não acontece; a Figura 31
esquematiza as formas limites.
4.2.2.3 Odor
É característica marcante nos solos altamente orgânicos. Solo contendo uma quantidade de
material orgânico usualmente tem um odor distinto de vegetação deteriorada. Isto é
especialmente aparente em amostras frescas, mas se as amostras são secas, o odor pode
frequentemente ser reanimado por aquecimento de uma amostra umedecida. Para qualquer
classe de solo odores não usual precisam ser informados.
4.2.2.4 Umidade
A umidade do solo, no momento em que ele é amostrado. É uma informação importante para
indicar a condição atual no maciço e precisa ser feito para a realização dos outros testes tátil-
visuais. A condição atual da umidade do maciço é identificada como:
4.2.3 Identificação
Os solos, normalmente, são formados por sólidos cujos tamanhos se enquadram em mais de
um grupo; o objetivo dos testes de identificação tátil-visual é definir os dois grupos que têm as
maiores percentagens de ocorrência e, também fornecer os dados qualitativos visando a
caracterização e, posterior, classificação segundo o sistema de classificação adotado.
A Figura 32 mostra, nas duas primeiras colunas, os grupos e as classes de solos, com base,
apenas no tamanho dos sólidos. Na terceira coluna estão mostrados os tipos de solos
possíveis de serem encontrados e, a denominação de cada um deles, segundo o seguinte
critério: o nome é o do grupo com maior percentagem de ocorrência seguido do adjetivo
oriundo do nome do segundo grupo, quando existir.
Para realizar o teste uma porção úmida do solo, colocada na palma da mão, é esfregada com
um dedo e a sensação produzida é avaliada. Os grãos são visíveis a olho nu e produzem uma
sensação áspera e desagradável na palma da mão, enquanto as partículas de argila e as
menores de silte produzem uma sensação de maciez. Se a sensação áspera existe e os grãos
não são vistos ela é devido às partículas maiores de silte.
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4.2.4.2 Sedimentação
É um teste, também, usado para definir se o solo é grosso ou fino.
Uma amostra do solo, que passa na peneira de abertura 2 mm (#10), é colocada em um tubo
de ensaio ou em uma proveta pequena e, preenchido com água até a marca indicativa da
capacidade útil do elemento. A suspensão é agitada e deixada em repouso.
Uma comparação entre o volume depositado dos grãos com o das partículas de silte e a cor da
suspensão permite avaliar se o solo é grosso ou fino; se o solo foi avaliado como fino a cor da
suspensão, se mais clara ou mais escura, permite identificar o grupo fino predominante, silte ou
argila, respectivamente.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 37
4.2.4.3 Impregnação
O teste é feito com os sólidos menores que 0,42 mm e, que passam na # 40; pode ser usada
uma parte da amostra reduzida preparada para os ensaios de limites de consistência.
Inicialmente, é preparada uma pasta e uma porção dela é colocada na palma de uma das
mãos; com um dedo o solo é esfregado na palma e, em seguida, a mão é colocada embaixo de
uma torneira aberta com uma vazão moderada, durante algum tempo, com isso, retirando o
solo da mão, restando uma mancha sobre a palma.
A cor da mancha indica o grupo fino predominante; se ela é clara o grupo fino predominante é
o dos siltes, enquanto que se a mancha for escura e difícil de ser retirada o grupo é o das
argilas.
Na Figura 34, à esquerda está mostrada a mancha deixada por um solo siltoso e, à direita, por
um solo argiloso; na parte superior das figuras estão mostradas os solos, preparados para o
teste, na palma da mão antes dela ser lavada.
4.2.4.4 Desagregação
Um torrão do solo fino, secado ao ar, é colocado em uma vasilha com água, porém, mantendo
imerso apenas parte da altura do torrão.
O grupo fino predominante é definido como o dos siltes se a desagregação é rápida e como
das argilas se for lenta ou não ocorrer em um prazo razoável.
Na Figura 35, à esquerda, está mostrado o resultado para um solo siltoso e, à direita, para um
solo argiloso, no instante inicial e após alguns minutos.
Um torrão de solo, secado ao ar, é colocado entre o polegar e o indicador e submetido a uma
pressão.
Se o torrão se esfarela sob uma pressão baixa o solo é arenoso; um solo siltoso suporta uma
pressão média, enquanto, um solo argiloso suporta uma pressão grande e, às vezes, não
rompe (Figura 36).
Na Figura 37, no alto estão mostrados os corpos de prova de um solo siltoso, à esquerda e, de
um solo argiloso, à direita.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 39
4.2.4.6 Dilatância
Selecionar material suficiente para moldar uma bola de cerca de 1/2 polegada (12 mm) de
diâmetro. Moldar o material, adicionando água se necessário, até que tenha uma consistência
macia, mas não pegajosa.
Espalhar a bola de solo na palma da mão com auxílio de uma espátula. Vibrar horizontalmente,
golpeando o lado da mão vigorosamente contra a outra mão diversas vezes.
Notar a reação da água aparecendo sobre a superfície do solo. Comprimir a amostra fechando
a mão ou apertando o solo entre os dedos e anotar a reação de acordo com os critérios
apresentados na Figura 38.
Com os teste de resistência a seca e dilatância é possível identificar porção fina do solo
conforme apresentado na Figura 39.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 40
1. Verificar na amostra a ocorrência ou não de matéria estranha ao solo, por exemplo: raízes,
pequenas conchas, matéria orgânica, etc. Se for o caso, destacar a presença de tais materiais.
3. Anotar o estado de umidade natural do solo, como seco, pouco úmido, úmido, muito úmido.
Nesse tipo de observação deve-se levar em conta e anotar a data de retirada da amostra, e a
profundidade da mesma, Essas duas últimas observações servem de base para associar os
resultados com as estações mais secas ou mais chuvosas da região e com o nível do lençol
freático do solo.
5. Certos tipos de solo apresentam odores característicos e particulares que devem ser
observados em uma análise de campo, uma vez que pode servir de destaque individual do solo
analisado. O cheiro de “pote molhado” do solo, quando este é misturado com água, não é
característico ou particular, porque é próprio da argila e raros são os solos que não tem uma
pequena porcentagem de grãos finos, o que é suficiente para apresentar o odor. Na
classificação de rochas, contudo, o cheiro de “pote molhado” é uma característica que deve ser
destacada porque a presença de argila na composição da rocha servirá para classificação
individual da mesma.
6. Classificar o solo quanto ao tipo; para isso o solo deve ser analisado dentro de uma escala
granulométrica.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 41
Ao método da estufa, empregado em larga escala em laboratório (Figura 41). É obtido após a
secagem de uma amostra natural por um período de pelo menos 12 horas - solos arenosos e
pedregulhosos - em um aparelho, em que a temperatura deverá ser constantemente mantida
em torno de 105°C ou 110°C (para solos inorgânicos), de acordo com a NBR 6457. Em alguns
casos, segundo a Teoria dos solos tropicais, essa temperatura poderá permanecer entre 60 e
80°C (para solos orgânicos), mas devendo prevalecer o mesmo período de tempo. Efetuar no
mínimo três determinações de teor de umidade por amostra e considerar a média como
resultado final, que deverá ser expresso com aproximação de 0,1 % (Tabela 2).
Até hoje, esse é o método mais preciso de determinação do teor de umidade dos solos, sendo
aplicado em laboratórios. Essa metodologia apresenta vantagem em relação às demais,
porque apresenta resultados confiáveis, porém traz como inconveniente, o tempo excessivo
para obtenção desse índice físico.
Tabela 2 – Dados de ensaio de umidade.
Este método fixa o modo pelo qual se determina a umidade de solos e de agregados miúdos
pelo emprego de álcool etílico. A umidade se determina pela adição de álcool à amostra e sua
posterior queima.
Determina-se a pesagem do solo úmido, após adiciona-se o álcool etílico mexendo com
espátula, adiciona a chama e após queima total pesa-se o solo seco. Determina-se a umidade
utilizando a fórmula (Figura 43).
A balança hidrostática foi inventada pelo físico, matemático e filósofo italiano Galileu Galilei
(1564-1642). Baseada no Princípio de Arquimedes, esse instrumento serve para medir a força
empuxo exercida em um corpo imerso em um fluido. Ou seja, ela determina o peso de um
objeto imerso em um líquido, que por sua vez é mais leve que no ar.
• Estufa capaz de manter a temperatura entre 60ºC e 65ºC e entre 105ºC e 110ºC;
• Balança, que permita pesar nominalmente até 1,5 kg, com resolução de 0,1 g e sensibilidade
compatível;
• Parafina isenta de impurezas e com massa específica aparente, no estado sólido, conhecida
e periodicamente verificada. Realizar um ensaio similar para determinar a massa específica da
parafina (Figura 45):
Onde:
Mpar = Massa do corpo de prova (g)
Mcpi = Massa do contrapeso imerso (g)
Mci = Massa do conjunto corpo de prova e contrapeso imerso (g)
w= Massa específica da água (g/cm3)
par= Massa específica aparente da parafina (g/cm3)
• Linha comum ou de nylon, e utensílios como panela, faca, espátula, pincel, etc.
Execução do ensaio:
• Retirar o corpo-de-prova e, após secar a sua superfície, remova toda a película de parafina.
Do centro do corpo de prova, tomar uma amostra para determinação do teor de umidade (w).
Onde:
VT = Volume total (cm3)
MT = Massa do corpo de prova ao ar (g)
Mp = Massa do corpo de prova parafinado (g)
Mpi = Massa do corpo de prova parafinado imerso (g)
w= Massa específica da água (1 g/cm3)
par= Massa específica da parafina(g/cm3)
Onde:
N= Massa específica aparente natural do solo (g/cm3)
• O resultado final, deve ser expresso com três algarismos significativos, em kN/m3.
A massa específica aparente pode ser determinada em campo pelo método do frasco de areia.
Normatizado pela NBR 7185-1986 – Solo – Determinação da massa específica aparente, “in
Situ”, com emprego do frasco de areia.
4.5 MASSA ESPECÍFICA DOS GRÃOS OU DOS SÓLIDOS – NBR 6458 E NBR 6508
O valor da massa específica dos grãos ou dos sólidos depende do tipo de mineral e da
percentagem de ocorrência de cada um deles no solo e, é um valor que pode ser admitido
constante por se alterar muito pouco com o tempo.
Para o cálculo da massa específica dos sólidos é preciso conhecer o valor de duas outras
grandezas: a massa e o volume de sólidos existentes no mesmo volume de solo; a massa é
obtida através de uma pesagem e o volume, de um modo indireto usando o princípio de
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 49
Arquimedes. O material utilizado no ensaio deve ter grãos menores que 4,8mm e maiores que
0,075 mm para solos granulares; e menor que 0,075mm para solos finos como argilas e siltes.
A amostra preparada como descrito NBR 6457. Após seca ao ar e destorroada, determinada a
umidade (w) e reduzir a quantidade pelo quarteamento. A amostra é levada a uma balança,
com resolução de 0,01 g, onde é feita a primeira pesagem do valor da massa seca inicial (M1).
Utilizar para cada ensaio, 50 g para solos argilosos e siltosos, e 60 g para solos arenosos.
Imergir a amostra em água destilada, durante 12 horas, no mínimo. Transferir a amostra para o
copo de dispersão, acrescentar água até cerca de metade do volume do copo, e dispersar o
material durante 15 minutos.
4.5.2 Retira do Ar
Como o volume dos sólidos é obtido através de pesagens do conjunto, picnômetro e solo, é
preciso que todo o ar, inicialmente, existente no solo seja retirado.
Na retirada do ar pode ser usado um dos dois processos: aplicação de vácuo e fervura branda.
Logo após a aplicação da pressão, ar começa a sair criando bolhas na superfície e, o processo
é interrompido quando as bolhas deixam de existir.
Acrescentar água destilada até cerca de 1 cm abaixo da base do gargalo e aplicar pressão de
vácuo durante o mesmo intervalo de tempo. No caso de não se obter a remoção total do ar
aderente às partículas de determinados tipos de solo deve-se colocar o picnômetro ou balão
volumétrico em banho maria durante 30 minutos no mínimo, adicionando-se água destilada
para compensar a evaporação, verificando o menisco (Figura 53).
Fervura branda – Após depositar os picnômetros em uma chapa aquecida (manter por no
mínimo 20 minutos), durante a fervura moderada da água, para agilizar a saída do ar pode ser
dado um movimento lento de rotação ao picnômetro (Figura 54). A continuação do processo é
igual ao anterior.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 51
Atingida a temperatura dentro do intervalo o ensaio, propriamente dito, pode ser iniciado.
Menisco
4.5.3 Ensaio
Deixar o picnômetro ou o balão volumétrico em repouso, até que sua temperatura se equilibre
com a do ambiente. Com o auxílio de um conta-gotas ou pipeta, adicionar água destilada no
picnômetro até que a base do menisco coincide com a marca de referência. Enxugar a parte
externa do picnômetro e a parte interna do gargalo acima do menisco. Pesar o conjunto
(picnômetro+solo+água) e anotar como M2.
diferentes não se afastam mais que 0,5ºC um dos outros. Quando isso ocorrer a média desses
valores é a temperatura da primeira determinação e será admitida igual ao valor mais próximo
encontrado na Tabela 5, para obter a massa especifica da água.
Durante toda essa fase o picnômetro deve ser conduzido com muito cuidado para que não
ocorra uma movimentação excessiva da água no seu interior.
[ ]
Onde:
g = Massa específica dos grãos,
M1= Massa do solo úmido;
w = Teor de umidade inicial da amostra;
M2 =Massa do picnômetro + Solo + água à temperatura T do ensaio;
M3 = Massa do picnômetro cheio de água até o menisco, à temperatura T do ensaio;
w(T)= Massa específica da água, à temperatura T do ensaio na Tabela 5 da norma.
Considerar os ensaios satisfatórios quando seus resultados não diferirem de mais de 0,02
g/cm3.
A determinação das dimensões das partículas do solo e das proporções relativas em que elas
se encontram, é representada, graficamente, pela curva granulométrica. Esta curva é traçada
por pontos em um diagrama semi-logarítmico, no qual, sobre os eixos das abscissas, são
marcados os logaritmos das dimensões das partículas e sobre o eixo das ordenadas as
porcentagens, em peso, de material que tem dimensão média menor que a dimensão
considerada.
4.6.1 Peneiramento
O conjunto de peneiras é formado por um prato, peneiras e tampa. O prato recolhe os sólidos
que passam na peneira de menor abertura colocada sobre ele. As peneiras com aberturas
crescentes de baixo para cima, até a superior, que tem uma abertura maior que o tamanho do
maior grão e, por isso, nada deve ficar retido em sua malha; a tampa colocada em cima da
peneira superior completa o conjunto. A Figura 56 mostra um conjunto de peneiras e o
esquema de montagem das peneiras.
4.6.2 Sedimentação
A preparação da amostra inclui o material passado na peneira de 2,0 mm, tomando cerca de
120g, no caso de solos arenosos, ou 70g, no de solos siltosos e argilosos; colocados em
dispersor com um defloculante (hexametafosfato de sódio) e deixar em repouso por no mínimo
12 horas.
A leitura é feita na parte superior do menisco formado junto a haste, como mostrado na Figura
58 nos tempos pré-determinados; a primeira leitura é feita após um minuto do inicio da
contagem do tempo de sedimentação. Em tempos pré-determinados são feitas leituras da
densidade da suspensão, no centro de volume do bulbo do densímetro e, da temperatura da
suspensão; essas leituras continuam até que a partir dos valores lidos seja possível afirmar
que o diâmetro equivalente de 0,002 mm tenha sido alcançado. A suspensão, na qual são
feitas as medidas, será formada com partículas de silte e de argila.
O resultado do ensaio é dado por dois conjuntos de pares de valores: o primeiro, referente ao
peneiramento da fração grossa, onde os dados são o número ou a abertura da peneira e a
percentagem retida acumulada ou a percentagem que passa. O segundo, referente à etapa de
sedimentação, onde são dados o diâmetro equivalente da partícula e a percentagem de
partículas com tamanhos menores que o calculado.
Exemplo:
Peneiramento Grosso
Abertura das Peneiras Material retido Material retido acumulado % retida % passando
(mm) (g) (g) acumulada acumulada
50 10 10 1% 99%
38 10 20 2% 98%
25 10 30 3% 97%
19 10 40 4% 96%
9,5 10 50 5% 95%
4,8 10 60 6% 94%
2,0 10 70 7% 93%
Total 70g
Peneiramento Fino
Abertura das Peneiras Material retido Material retido acumulado % retida % passando
(mm) (g) (g) acumulada acumulada
1,20 10 10 8,3% 91,7%
0,60 20 30 25% 75%
0,42 10 40 33,3% 66,7%
0,25 30 70 58,3% 41,7%
0,15 10 80 66,7% 33,3%
0,075 40 120 100% 0%
Fundo
Definições Importantes:
Porcentagem Retida Acumulada - É a soma dos percentuais retidos nas peneiras superiores,
com o percentual retido na peneira em estudo (%);
X Y
%
Abertura
passan
das
do
Peneiras
acumul
(mm)
ada
50,8 99
38 98
25 97
GROSSO
19 96
9,5 95
4,8 94
2 93
1,2 92
0,6 75
0,42 67
FINO
0,25 50
0,15 42
0,075 25
0,04 20
SEDIMENTAÇÃO
0,017 10
0,006 5
0,002 2
Analisando o gráfico, a curva granulométrica pode apresentar diferentes formatos (Figura 63) e
estes representam as características granulométricas do solo. A seguir, os três tipos principais:
1. Solo bem graduado/ Desunifome (curva A): tem várias frações de diâmetro diferentes
misturadas (Figura 60),
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 60
2. Solo graduação aberta/ Descontínua (curva C): algumas frações de diâmetro não são
encontradas nesse tipo de solo (Figura 61);
3. Solo graduação uniforme/ Mal graduado (curva B): as partículas desse solo possuem
praticamente apenas o mesmo diâmetro médio (Figura 62).
Para melhor definir esses parâmetros de granulometria, assim como melhor interpretação
gráfica da curva granulométrica, podemos utilizar os seguintes parâmetros:
Diâmetro efetivo (D10): dizer que apenas 10% das partículas do solo tem diâmetro
inferior ao diâmetro efetivo. Ou seja, podemos determinar esse diâmetro a partir da
curva granulométrica. Na curva apresentada abaixo, por exemplo, podemos afirmar que
o diâmetro efetivo é pouco mais de 0,04 mm (Figura 64).
Coeficiente de curvatura (Cc): Esse coeficiente nos dá uma ideia se o solo é bem
graduado ou não, além de indicar a simetria da curva granulométrica. Para valores do
coeficiente de curvatura entre 1,0 e 3,0 podemos dizer que o solo é bem graduado.
Matematicamente, podemos defini-lo como:
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 62
Os solos podem ser classificados de acordo com as dimensões de suas partículas sólidas.
Existem diversas classificações utilizadas, conforme figura 65.
Vale ressaltar que as mais utilizadas são as: classificação americana da ASTM e a nacional
ABNT.
Abertura das
Material Retido (g) % Retida
Peneiras (mm)
50,8 10 1%
Peneirament
Massa seca
o Grosso
1%
= 1000g
38 10
25 10 1%
19 10 1%
9,5 10 1%
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 63
4,8 10 1%
2 10 1%
1,2 10 8,3%
Peneiramento
Massa seca =
0,6 20 16,7%
8,3%
120g
Fino 0,42 10
0,25 30 25%
0,15 10 8,3%
0,075 40 33,3%
Para a classificação de solo, conforme apresentado na tabela acima, com 41,6% dos grãos
estão entre 0,06mm e 0,2mm, ou seja, a maior proporção entre as outras frações, o solo é
classificado como AREIA FINA.
Os limites de consistência são usados para separar os estados de consistência de um solo fino
ou da fração fina de um solo grosso, através de um teor de umidade limite entre dois estados.
Assim, o limite de liquidez (LL) é o teor de umidade limite entre o estado de consistência líquido
e o plástico, enquanto o limite de plasticidade (LP) e o de contração (LC) separa o estado de
consistência plástico do semi-sólido e, o estado de consistência semi-sólido do sólido,
respectivamente; cada um deles apresenta uma interpretação física bem definida (Figura 66)
Desses três limites o de liquidez e o de plasticidade (Figura 67) são os mais usados, tanto na
definição do intervalo de teor de umidade no qual o solo se encontra no estado plástico, quanto
em sistemas de classificação dos solos. Esses limites também são conhecidos como limites de
Atterberg em homenagem ao engenheiro sueco que propôs a utilização desses parâmetros na
cerâmica. Posteriormente, A. Casagrande, nas décadas de 1930 e 1950, modificou o
procedimento inicial dos ensaios para o atual e padronizou o equipamento atualmente usado
na determinação do limite de liquidez dando nome de Casagrande.
O ensaio é realizado com uma amostra do solo preparada segundo a NBR 6457, com secagem
prévia, destorroado e que passa na peneira de 0,42 mm de abertura (#40) (Figura 69).
A amostra é umidificada com água destilada, preparando uma pasta com um dado teor de
umidade, homogeneizá-lo bem, a norma estipula um tempo de 15 a 30 minutos de
homogeneização. Recomenda-se que o ensaio seja feito em ambiente com umidade relativa do
ar elevada.
O teor de umidade inicial deve ser tal que sejam necessários 15 golpes para fechar a ranhura.
Cuidar para que não haja bolhas de ar. Usar uma espátula para alisar a superfície do solo na
concha. A manivela é girada elevando a concha e permitindo que ela se libere e bata na base,
fazendo com que o solo, na base da ranhura, se encontre cerca de 13mm (Figura 71).
Remover 5g de solo das imediações da parte fechada da ranhura, para determinar o teor de
umidade.
Homogeneizar o material novamente, incluindo aquele que foi removido da concha, e repetir o
ensaio para se obter pelo menos mais dois pontos no gráfico, com golpes entre 20 e 25, e
outros dois pontos entre 25 e 30 golpes. Este procedimento também pode seguir de forma
inversa se o número de golpes inicial foi acima de 15 golpes: parte-se da condição mais seca
e, sucessivamente, a pasta de solo é umedecida para obtenção dos outros pontos do ensaio.
Após a adição de água, deve-se homogeneizar a mistura por pelo menos três minutos.
Os valores devem ser obtidos para a construção do gráfico de fluência mostrado na Figura 72,
onde a escala das abscissas é logarítmica. Cada ponto do gráfico é obtido por um par de
dados umidade (%) x nº de golpes, a umidade só pode ser encontrada após o solo ir para
estufa, fazendo do número de golpes nosso valor de observação do solo. O procedimento
citado acima deve ser repetido pelo menos para mais quatro pontos de ensaio cobrindo o
intervalo de 15 a 35 golpes.
O limite de liquidez é o teor de umidade do solo para 25 golpes, retirado da reta ajustada aos
pontos. Neste gráfico seria LL = 29%.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 67
Plasticidade é a propriedade que os solos têm de serem moldados, sob certas condições de
umidade, sem variação de volume e sem ruptura. Nas argilas, esta é a propriedade mais
importante.
O ensaio é realizado com uma amostra do solo preparada segundo a NBR 6457, com secagem
prévia, destorroado e que passa na peneira de 0,42 mm de abertura (#40), restante da amostra
usada no ensaio de limite de liquidez; os dois ensaios, embora padronizados em normas
diferentes no Brasil, praticamente, constituem um único ensaio porque o resultado de apenas
um dos dois não tem utilidade.
O equipamento, de uso específico do ensaio, é constituído por uma placa de vidro com uma
das faces esmerilhada e, por um cilindro metálico, com 3 mm de diâmetro, que é usado como
elemento comparador, mostrados na Figura 73.
Com cerca de 10 g dessa pasta, fazer uma bola e, em seguida, colocá-la sobre a face
esmerilhada da placa de vidro; com a parte lisa da mão sobre ela é iniciada a rolagem da
amostra, Figura 74 à esquerda, até transformá-la em um cilindro, com o diâmetro do cilindro
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 68
padrão, Figura 74 à direita; deve-se evitar a aplicação de uma pressão que possa amassar o
cilindro de solo em vez de rolá-lo.
10 cm
3 mm
Durante a rolagem a amostra vai perdendo água e, com isso, a umidade vai se aproximando do
limite de plasticidade, mudando o comportamento do solo, de plástico para semi-sólido. Essa
mudança pode ser verificada pelo operador observando o diâmetro e a superfície do cilindro;
quando as duas condições, amostra com diâmetro de 3 mm (comparar com o gabarito, se
necessário) e aparecimento de fissuras na superfície do cilindro, forem obtidas,
simultaneamente, o solo está passando do estado plástico para o semi-sólido.
Nesse momento o ensaio é interrompido e as partes fissuradas da amostra são recolhidas para
a determinação do teor de umidade. A amostra recolhida tem uma massa pequena e, por isso,
a pesagem da cápsula deve ser imediata e com toda a atenção.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 69
As operações descritas para a primeira determinação do teor de umidade são repetidas, pelo
menos, mais quatro vezes.
Se as fissuras aparecerem quando o cilindro está com um diâmetro maior que 3 mm a umidade
da amostra é menor que o limite de plasticidade e o solo já se encontra no estado semi-sólido;
para continuar o ensaio é preciso acrescentar água destilada, homogeneizar a pasta e repetir o
procedimento descrito
Se o cilindro atinge um diâmetro menor que 3 mm, sem o aparecimento de fissuras, a umidade
do solo está maior que o limite de plasticidade e o solo ainda está no estado plástico; com uma
espátula a pasta é revolvida na placa de vidro para perder água até que ela esteja em condição
própria para o ensaio.
Com o teor de umidade de cada determinação é calculada a média aritmética desses valores e,
o desvio aceitável de ± 5% da média; os valores do teor de umidade que estiverem fora do
intervalo de aceitação serão desprezados e uma nova média é calculada com os valores
restantes e o desvio aceitável.
A média de, pelo menos, três determinações; cujos valores estão dentro do intervalo de
aceitação, define o limite de plasticidade do solo cujo valor é levado ao inteiro mais próximo da
média e, é apresentado em percentagem.
IP = LL - LP
Sempre que o índice de plasticidade não puder ser calculado por não se conseguir determinar
o limite de liquidez ou o limite de plasticidade, o solo deverá ser classificado como não plástico
(NP).
Vimos nos itens anteriores que o solo apresenta vazios entre as partículas sólidas. Em
construção civil, se desejarmos que um solo resista às cargas, devemos minimizar estes
vazios, isto é, compactá-los. Quando se compacta o solo, tem-se como objetivo deixá-lo com o
menor índice de vazios possível. Assim, quando receber carga ele irá apresentar uma menor
deformação. Em outras palavras, compactação é o processo manual ou mecânico, que visa
reduzir o volume dos vazios do solo, aumentando a resistência deste, tornando-o mais estável.
Na prática, o estado do solo, após compactação, é expresso pelo seu peso específico seco, s ,
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 70
por ser um índice de fácil obtenção, que não se altera, praticamente, se ocorrer pequena
variação do teor de umidade.
Em 1933, Ralph Proctor divulgou suas observações sobre a compactação de solos, mostrando
que, para uma determinada energia de compactação (energia potencial), s varia em função da
umidade em que o solo estiver. A existência de maior quantidade de água, a partir de um valor
baixo, provoca um certo efeito como que de lubrificação entre as partículas sólidas, o que
favorece a compactação. Com a energia aplicada, as partículas deslizam mais facilmente e se
acomodam com menor índices de vazios. A partir de um certo ponto, porém, o grau de
saturação se torna elevado, a compactação não consegue expulsar o ar existente nos vazios,
que se encontra em forma de bolhas fechadas (a curva de compactação não poderá alcançar
nunca a curva de saturação). Assim, existe, portanto, para a energia aplicada, um certo teor de
umidade, denominado umidade ótima, a qual conduz a um peso específico seco máximo.
“compactação sem reuso da amostra”. Sempre que possível o segundo procedimento deve ser
o preferido.
O volume do cilindro é calculado com os valores médios da altura e do diâmetro interno obtidos
com, um mínimo de, três medições feitas com um paquímetro, com resolução de 0,1mm. A
altura de queda do martelo, indicada com a letra H na Figura 76, é obtida com medições feitas
com uma régua metálica, com resolução de 1mm.
Fixar o molde cilíndrico à sua base, acoplar o cilindro complementar e apoiar o conjunto em
uma base rígida. Caso se utilize cilindro grande, colocar o disco espaçador. Se necessário,
colocar uma folha de papel filtro com diâmetro igual ao do molde utilizado, de modo a evitar a
aderência do solo compactado com a superfície metálica da base ou do disco espaçador.
Na bandeja metálica, com auxílio da proveta de vidro, adicionar água destilada, gradativamente
e revolvendo continuamente o material, de forma a se obter teor de umidade desejado.
Pesar o conjunto, com resolução de 1g, e, por subtração do peso do molde cilíndrico, obter o
peso úmido do solo compactado, Ph. Com auxílio do extrator, retirar o corpo-de-prova do molde
e do centro do mesmo, tomar uma amostra para determinação da umidade, W, de acordo com
a NBR 6457 (Figura 78).
Juntar o material assim obtido com o remanescente na bandeja e adicionar água destilada,
revolvendo o material, de forma a incrementar o teor de umidade de aproximadamente 2%.
Repetir o procedimento até se obter cinco pontos, sendo dois no ramo seco, um próximo à
umidade ótima (Wótima), preferencialmente no ramo seco e dois no ramo úmido da curva de
compactação.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 74
Os teores de umidade e os pesos específicos secos de cada determinação são colocados num
gráfico, donde os parâmetros de interesse são determinados.
Onde:
s= massa específica aparente seca, em g/cm3;
Ph = peso úmido do solo compactado, em g;
V = volume útil do molde cilíndrico, em cm3;
W = teor de umidade do solo compactado, em %.
A energia de compactação no campo pode ser aplicada, como em laboratório, de três maneiras
diferentes: por meios de esforços de pressão, impacto, vibração ou por uma combinação
destes. Os processos de compactação de campo geralmente combinam a vibração com a
pressão, já que a vibração utilizada isoladamente se mostra pouco eficiente, sendo a pressão
necessária para diminuir, com maior eficácia, o volume de vazios interpartículas do solo.
4.8.1.1 Soquetes
São compactadores de impacto utilizados em locais de difícil acesso para os rolos
compressores, como em valas, trincheiras, etc. Possuem peso mínimo de 15Kgf, podendo ser
manuais ou mecânicos (sapos) (Figura 80). A camada compactada deve ter 10 a 15cm para o
caso dos solos finos e em torno de 15cm para o caso dos solos grossos.
Figura 80 – Sapo.
• Pé-de-Carneiro
Os rolos pé-de-carneiro são constituídos por cilindros metálicos com protuberâncias (patas)
solidarizadas, em forma tronco-cônica e com altura de aproximadamente de 20cm. Podem ser
alto propulsivos ou arrastados por trator. É indicado na compactação de outros tipos de solo
que não a areia e promove um grande entrosamento entre as camadas compactadas.
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A camada compactada possui geralmente 15cm, com número de passadas variando entre 4 e
6 para solos finos e de 6 e 8 para solos grossos. A Figura 81 ilustra um rolo compactador do
tipo pé-de-carneiro.
• Rolo Liso
Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água, a fim de
que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em capeamentos
e são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados em espessuras
inferiores a 15cm.
Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15cm com 4 a 5 passadas. Os rolos lisos
possuem pesos de 1 a 20t e frequentemente são utilizados para o acabamento superficial das
camadas compactadas. Para a compactação de solos finos utilizam-se rolos com três rodas
com pesos em torno de 7t para materiais de baixa plasticidade e 10t, para materiais de alta
plasticidade. A Figura 82 ilustra um rolo compactador do tipo liso.
Os rolos lisos possuem certas desvantagens como, pequena área de contato e em solos mole
afunda demasiadamente dificultando a tração.
• Rolo Pneumático
Pode-se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados. Neste caso, muito
cuidado deve ser tomado no sentido de se evitar a ruptura do solo. A Figura 83 ilustra um rolo
pneumático.
Nos solos coesivos há uma parcela preponderante de partículas finas e muito finas (silte e
argila), nas quais as forças de coesão desempenham papel muito importante, sendo indicada a
utilização de rolos pé-de-carneiro e os rolos conjugados.
b) Solos Granulares
Nos solos granulares há pouca ou nenhuma coesão entre os grãos existindo, entretanto atrito
interno entre os grãos, sendo indicada a utilização rolo liso vibratório.
c) Mistura de Solos
Nos solos misturados encontram-se materiais coesivos e granulares em porções diversas, não
apresenta característica típica nem de solo coesivo nem de solo granular, sendo indicada a
utilização de pé-de-carneiro vibratório.
- tipo de solo;
- espessura da camada;
- entrosamento entre as camadas;
- número de passadas;
- tipo de equipamento;
- umidade do solo;
- grau de compactação alcançado.
1) A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura da
camada compactada deverá ser menor que 20cm.
2) Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da umidade
ótima.
3) Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere à umidade
quanto ao material.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 79
5.1 GEOLÓGICO
Assim que a ação do intemperismo se faz manifestar sobre uma rocha gerando os fragmentos
e, em seguida os sedimentos, poderão estes permanecer no local de origem (residual) ou
serem transportados (transportados) para outros locais; como já explicado no tópico origem e
formação dos solos.
5.2 PEDOLÓGICO
A pedologia é o ramo da ciência que considera o solo como uma parte natural da paisagem e
tem seu interesse concentrado no estudo da origem, da evolução e da classificação dos solos.
Pedologia é uma palavra de origem grega, onde “pedon” significa terra ou solo; Lepsch (1977)
define solo como “... um objeto completo, que teve sua formação iniciada a partir de uma rocha
que se desagregou mecanicamente e se decompôs quimicamente até formar um material solto,
que com o passar do tempo aprofundou-se e veio a sustentar as plantas.”. Essa definição de
solo não satisfaz à Mecânica dos Solos porque o pedólogo só se interessa pela camada onde
possam crescer raízes de plantas perenes, que nem sempre será aproveitado como material
de construção ou como suporte de uma estrutura pelo engenheiro civil.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 80
Após a intemperização da rocha ou o transporte e deposição dos sedimentos, com a ação dos
agentes biológicos, físicos e químicos, o solo começa a se formar e a sofrer transformações e a
se organizar em horizontes, de aspectos e condições diferentes e aproximadamente paralelos
à superfície do terreno. O perfil de um solo bem desenvolvido possui quatro horizontes
convencionalmente identificados pelas letras O, A, B e C (Figura 85).
5.3 GRANULOMÉTRICO
Existem diferentes escalas sendo usadas e nenhuma é universal, mas, as diferenças entre elas
não alteram, sensivelmente, o nome a ser dado ao solo. Na Tabela 7 estão apresentados os
tamanhos dos sólidos, que definem os intervalos para cada grupo e, para as duas escalas
granulométricas mais usadas.
A Figura 86 mostra uma divisão dos solos em dois grandes grupos, quatro grupos e oito
subgrupos com base, apenas, na granulometria que é uma característica natural dos solos.
SOLO
Grosso Fino
Ainda podemos ter a presença de duas frações de solo que não são predominantes, mas
apresentam porcentagens bem parecidas na composição de solo, podemos citar ambas na
classificação do solo. Como na tabela 8, as duas maiores porcentagens foram de: 45% Areia
fina e 25% silte, logo a denominação deste solo é Areia fina siltosa.
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O diagrama está dividido em diversas zonas. Cada zona representa um tipo de solo. Para a
correta utilização do diagrama, basta utilizar das porcentagens de areia, argila e silte presentes
no solo. A partir dessas porcentagens, utilize a orientação da “chave” (Figura 87).
a) Solos grossos - aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é maior que
0,074mm (mais que 50% em peso, dos seus grãos, são retidos na peneira nº 200);
Pedregulhos – areias – solos pedregulhosos ou arenosos com pouca quantidade de
finos (silte e argila).
b) Solos finos - aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é menor que
0,074mm; Siltes e argilas.
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2) A linha B: LL = 50%
• direita - solos compressíveis e muito plásticos
• esquerda - solos de baixa compressibilidade e de baixa a média plasticidade
3) A linha U: IP = 0,9(LL - 8)
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Em cada classe existem diferentes tipos de solos, o que levou o SUCS a classificar 108 tipos
como mostrado na Tabela 8.
EXEMPLO:
Sistema de classificação muito usado pelos engenheiros de estrada. Neste sistema, também
se inicia a classificação pela constatação da porcentagem de material que passa na peneira
#200 (solos grossos têm menos de 35% passado). Os solos reunidos em grupos e subgrupos
em função da sua granulometria e plasticidade. Seguem uma ordem decrescente de qualidade
de A1 a A8 (Tabela 10).
A1 = ótimo
A8 = péssimo
Solos granulares = A1 – A2 – A3
Solos finos = A4 – A5 – A6 – A7
Turfa = A8
Índices a serem observados
P10 – percentual passante na peneira nº 10;
P40 – percentual passante na peneira nº 40;
P200 – percentual passante na peneira nº 200;
LL – limite de liquidez;
IP – índice de plasticidade;
IG – índice de grupo.
O índice de grupo, introduzido pelo sistema TRB, é um número inteiro, que varia de 0 a 20, e
define a capacidade de suporte de um solo quando é utilizado como fundação de um
pavimento. Quanto maior o IG, mais pobre será o material do subleito. O valor 0 indica um solo
bastante resistente (ótimo) e 20 um solo mole (péssimo).
Onde:
a = P200 – 35 (variando de 0 a 40)
b = P200 – 15 (variando de 0 a 40)
c = LL – 40 (variando de 0 a 20)
d = IP – 10 (variando de 0 a 20)
Obs: as diferenças só podem ser utilizadas dentro do intervalo permitido. Caso ultrapasse o
limite, usar o limite.
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d) Considera a diferença entre solos granulares e finos a partir de 35% de percentual passante
na peneira #200;
Nas regiões tropicais, onde as condições climáticas são de chuvas abundantes e temperaturas
mais altas, os processos intempéricos são mais intensos provocando uma desintegração
rápida de alguns minerais e, com isso, resultando solos com características peculiares à sua
formação, chamados de solos tropicais; é preciso salientar que nem todos os solos existentes
nessas regiões apresentam as características dos solos tropicais e portanto não podem ser
considerados como tais; dois grupos de solos tropicais, os lateríticos e os saprolíticos.
A Figura 92 mostra a distribuição dos solos tropicais, em sete classes, de acordo com a
classificação MCT; para a construção do gráfico foram utilizadas variáveis extraídas de
resultados dos ensaios de compactação e do Mini-MCV (Mini-Moisture Condition Value), onde
a abscissa c' é a inclinação do trecho reto da curva de deformabilidade, correspondente a Mini-
MCV 10 e a ordenada e' deve ser calculada através da equação, onde d' é a inclinação do
ramo seco da curva de compactação Mini-MCV, para uma energia resultante da aplicação de
12 golpes do soquete, e Pi é a percentagem de perda de massa após a imersão do corpo de
prova compactado.
- Classificação:
LG’: argilas lateríticas e argilas lateríticas arenosas;
LA’: areias argilosas lateríticas;
LA: areias com pouca argila laterítica;
NG’: argilas, argilas siltosas e argilas arenosas não-lateríticas;
NS’: siltes caolínicos e micáceos, siltes arenosos e siltes argilosos não-lateríticos;
NA’: areias siltosas e areias argilosas não-lateríticas;
NA: areias siltosas com siltes quartzosos e siltes argilosos não-lateríticos.
Os solos originados sob clima temperado não sofrem, durante sua história geológica,
processos de alteração química tão intensos quanto os sofridos pelos solos originados em
clima tropical. Entre algumas diferenças pode se destacar:
a) a fração tamanho argila dos solos lateríticos contém óxidos hidratados de alumínio e/ou ferro
e pequenas quantidades de minerais argílicos;
b) os solos lateríticos não são expansivos, podem exibir alta permeabilidade e alta capacidade
de carga quando compactado;
c) a fração tamanho silte dos solos lateríticos e solos saprolíticos são geralmente cimentados
por óxidos hidratados de alumínio e ferro. Normalmente comportam-se como areias finas.