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CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES

MECÂNICA DOS SOLOS


Apostila de Conceitos, Exercícios e Orientações Práticas.

Profa. Dra. Joseleide Pereira da Silva Antunes

Brasília/DF
2020
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 2

APRESENTAÇÃO

A mecânica dos solos é um estudo dentro da construção civil que procura prever o
comportamento de maciços terrosos quando sujeitos a solicitações de sobrecargas e/ou
alívios, decorrentes de obras de engenharia.
Todas as obras de engenharia civil, de uma forma ou de outra, apoiam-se sobre o solo, e
muitas delas, além disso, utilizam o próprio solo como elemento de construção, como por
exemplo as barragens e os aterros.
Portanto, a estabilidade e o comportamento funcional e estético da obra serão determinados,
em grande parte, pelo desempenho dos materiais usados nos maciços terrosos e dos
dimensionamentos realizados pelo conhecimento deste solo de suporte.
Karl Terzaghi é internacionalmente reconhecido como o fundador da mecânica dos solos, pois
seu trabalho sobre adensamento de solos é considerado o marco inicial deste novo ramo
da ciência na engenharia.
Para os técnicos em edificações, o conhecimento da mecânica dos solos é ainda mais prático,
pois um dos ramos de atividade é especificamente realizar em laboratório o estudo por meio de
ensaios que caracterizam estes solos.
Nesta apostila abordaremos os conceitos, as normas técnicas, exercícios e procedimentos dos
ensaios necessários à caracterização dos solos em laboratório. O produto principal, desta
componente “Mecânica dos Solos” no curso de edificações, é o conhecimento adquirido na
prática de laboratório e na construção de um relatório técnico de caracterização de solos.
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SUMÁRIO

1 ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS .............................................................................................. 6


1.1 Conceito de Solo .......................................................................................................................... 6
1.2 Tipos de Rochas .......................................................................................................................... 6
a) Rochas ígneas ou magmáticas: ...................................................................................................... 7
b) Rochas metamórficas: .................................................................................................................... 8
c) Rochas sedimentares ...................................................................................................................... 8
1.3 Intemperismo ............................................................................................................................... 9
a)Intemperismo Físico: ........................................................................................................................ 9
b) Intemperismo Químico: ................................................................................................................... 9
c) Intemperismo Biológico: .................................................................................................................. 9
1.4 Composição Química e Mineralógica dos Solos .......................................................................... 9
a) Silicatos: ........................................................................................................................................ 10
b) Óxidos ........................................................................................................................................... 10
c) Carbonatos .................................................................................................................................... 10
d) Sulfatos ......................................................................................................................................... 10
1.5 Solos Residuais, Transportados e Orgânicos ............................................................................ 10
a)Solos residuais: .............................................................................................................................. 10
b) Solos transportados: ..................................................................................................................... 11
c) Solos orgânicos ............................................................................................................................. 11
1.6 Erosão dos Solos ....................................................................................................................... 12
a)Erosão Laminar .............................................................................................................................. 12
b)Erosão Linear: ................................................................................................................................ 12
2 PROPRIEDADE DAS PARTÍCULAS SÓLIDAS DO SOLO .............................................................. 13
2.1 Elementos Constituintes do Solo ............................................................................................... 13
a) Partículas sólidas .......................................................................................................................... 13
b) Água: ............................................................................................................................................. 13
c) Gases: ........................................................................................................................................... 14
2.2 Estrutura do Solo ....................................................................................................................... 14
2.3 Peso Específico das Partículas (g)............................................................................................ 15
2.4 Superfície Específica ................................................................................................................. 15
2.5 Textura dos Solos ...................................................................................................................... 15
2.6 Amostragem ............................................................................................................................... 16
3 ESTADO DOS SOLOS ..................................................................................................................... 17
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3.1 Índices Físicos ........................................................................................................................... 17


a ) Fase sólida ................................................................................................................................... 17
b) Fase líquida ................................................................................................................................... 17
c) Fase gasosa .................................................................................................................................. 17
3.2 Teor de Umidade (W) ................................................................................................................. 19
3.3 Índice de Vazios (e) ................................................................................................................... 20

3.4 Porosidade () ........................................................................................................................... 20

3.5 Massa Específica () ................................................................................................................. 20

3.5.1 Massa Específica do Solo Seco (s ou d) ......................................................................... 20

3.5.2 Massa Específica do Solo Saturado (sat) .......................................................................... 21

3.6 Massa Específica Submersa (sub) ............................................................................................ 21

3.7 Massa Específica dos Sólidos ou Solo Seco (s ou ) .............................................................. 21

3.8 Massa Específica da Água (w) ................................................................................................. 22


3.9 Peso Específico ......................................................................................................................... 22

3.10 Peso Específico Aparente do Solo ou Peso Específico Aparente do Solo Natural (nat ou n ou)
22

3.11 Peso Específico Aparente do Solo Seco (s ou d) .................................................................... 22

3.12 Peso Específico da Água (w) .................................................................................................... 23

3.13 Peso Específico Real dos Grãos ou das Partículas (g) ............................................................ 23

3.14 Peso Específico do Solo Saturado (sat) .................................................................................... 23

3.15 Peso Específico do Solo Submerso (sub) .................................................................................. 23


3.16 Grau de Saturação (S ou Sr) ...................................................................................................... 23
3.17 Densidade Relativa das Partículas (Gs) ..................................................................................... 24
3.18 Fórmulas de Correlação ............................................................................................................. 24
4 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS ............................................................................ 25
4.1 Amostragem ............................................................................................................................... 25
4.1.1 Amostra Deformada ............................................................................................................ 25
4.1.2 Amostra Indeformada ......................................................................................................... 27
4.2 Ensaio Táctil e Visual ................................................................................................................. 32
4.2.1 Classes de Solos ................................................................................................................ 32
4.2.2 Características Dos Solos ................................................................................................... 33
4.2.3 Identificação ........................................................................................................................ 35
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4.2.4 Testes para a Identificação dos Finos ................................................................................ 35


4.3 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE DE SOLO ............................................................ 41
4.3.1 Método da Estufa - NBR 6457/2016 (Anexo A) .................................................................. 41
4.3.2 Método Speedy Test – DNER-ME 052/94 .......................................................................... 42
4.3.3 Método Expedito do Álcool – DNER-ME 088/94................................................................. 43
4.3.4 Microondas e Frigideira ...................................................................................................... 43
4.4 PESO ESPECÍFICO DO SOLO ................................................................................................. 44
4.4.1 Balança Hidrostática – NBR 10838 .................................................................................... 44
4.4.2 Frasco de Areia – NBR 7185 .............................................................................................. 47
4.5 MASSA ESPECÍFICA DOS GRÃOS OU DOS SÓLIDOS – NBR 6458 e NBR 6508 ................ 48
4.5.1 Preparação da Amostra de Solo ......................................................................................... 49
4.5.2 Retira do Ar ......................................................................................................................... 50
4.5.3 Ensaio ................................................................................................................................. 51
4.6 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA – NBR 7181............................................................................. 53
4.6.1 Peneiramento ...................................................................................................................... 54
4.6.2 Sedimentação ..................................................................................................................... 56
4.6.3 Curva Granulométrica ......................................................................................................... 58
4.7 LIMITES DE CONSISTÊNCIA ................................................................................................... 63
4.7.1 Limite de Liquidez – NBR 6459 .......................................................................................... 64
4.7.1 Limite de Plasticidade (LP) – NBR 7180 ............................................................................. 67
4.7.2 Índice de Plasticidade (IP) .................................................................................................. 69
4.8 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO EM SOLO – NBR 7182............................................................. 69
4.8.1 Equipamentos de Campo ................................................................................................... 75
5 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ....................................................................................................... 79
5.1 GEOLÓGICO ............................................................................................................................. 79
5.2 PEDOLÓGICO ........................................................................................................................... 79
5.3 GRANULOMÉTRICO (TEXTURAl) ............................................................................................ 80
5.4 CLASSIFICAÇÃO TRILINEAR ................................................................................................... 82
5.5 SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS - SUCS........................................ 82
5.6 TRANSPORTATION RESEARCH BOARD - TRB ..................................................................... 86
5.7 MINIATURA COMPACTA TROPICAL - MCT ............................................................................ 88
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1 ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

1.1 CONCEITO DE SOLO

O significado da palavra solo não é o mesmo para todas as ciências que estudam a natureza.
Para fins de Engenharia Civil, ele é definido como uma mistura natural de um ou diversos
minerais (às vezes com matéria orgânica) que podem ser separados por processos mecânicos
simples, tais como, agitação em água ou manuseio. Em outras palavras, o solo é todo material
que possa ser escavado, sem o emprego de técnicas especiais, como, por exemplo,
explosivos.

O solo também pode ser definido como o agregado não cimentado de grãos minerais e matéria
orgânica decomposta, com líquido e gás nos espaços vazios entre as partículas sólidas.

Ou seja, esse material forma a fina camada superficial que cobre quase toda a crosta terrestre
e no seu estado natural apresenta-se composto de partículas sólidas (com diferentes formas e
tamanhos), líquidas e gasosas.

Para a Engenharia Civil, a necessidade do conhecimento das propriedades do solo vai além do
seu aproveitamento como material de construção, pois o solo exerce um papel especial nas
obras de Engenharia, uma vez que cabe a ele absorver as cargas aplicadas na sua superfície,
e mesmo interagir com obras implantadas no seu interior. Todas as obras de Engenharia Civil
se assentam sobre o terreno e, por isso, requerem que o comportamento do solo seja
devidamente considerado. Assim, pode-se dizer que a Mecânica dos Solos estuda o
comportamento do solo quando submetidos a tensões (como nas fundações) ou quando
aliviados (como nas escavações) ou perante o escoamento de água nos seus vazios.

1.2 TIPOS DE ROCHAS

A terra tem uma forma, aproximadamente, esférica sendo formada por três camadas com
espessuras diferentes, como mostrado na Figura 1 e, com composição e natureza física
variada. Das três camadas, apenas, uma pequena espessura da parte superficial da crosta
terrestre tem interesse à engenharia civil, pois é onde estão os solos e as rochas que são
utilizadas como material de construção e como suporte de estruturas.

Figura 1 – Esquema simplificado da terra.


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A litosfera, a camada superficial e sólida da Terra, é composta por rochas, que, por sua vez,
são formadas por um ou mais minerais. Seu processo de formação é contínuo e as primeiras
rochas surgiram após a formação e resfriamento da Terra.

A forma mais conhecida de classificação é quanto à sua origem, isto é, a partir do processo
que resultou na formação dos seus diferentes tipos.

Nessa divisão, existem três tipos principais: as rochas ígneas ou magmáticas, as rochas
metamórficas e as rochas sedimentares.

a) Rochas ígneas ou magmáticas: são aquelas que se originam a partir da solidificação do


magma. Elas costumam apresentar uma maior resistência e subtipos geologicamente recentes
e de formações antigas. Elas dividem-se em dois tipos:

a.1)Rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas: são aquelas que surgem a partir do resfriamento
do magma expelido em forma de lava por vulcões, formando a rocha na superfície e em áreas
oceânicas. Como nesse processo a formação da rocha é rápida, ela apresenta características
diferentes das rochas intrusivas. Um exemplo é o basalto (Figura 2).

Figura 2 - Processo de constituição do basalto a partir da lava vulcânica

a.2) Rochas ígneas intrusivas ou plutônicas: são aquelas que se formam no interior da Terra,
geralmente nas zonas de encontro entre a astenosfera e a litosfera, em um processo
constitutivo mais longo. Elas surgem na superfície somente através de afloramentos, que se
formam graças ao movimento das placas tectônicas, como ocorre com a constituição das
montanhas. Exemplo: gabro (Figura 3).

Figura 3 - O gabro é um exemplo de rocha ígnea intrusiva


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b) Rochas metamórficas: são as rochas que surgem a partir de outros tipos de rochas
previamente existentes (rochas-mãe) sem que essas se decomponham durante o processo,
que é chamado de metamorfismo. Quando a rocha original é transportada para outro ponto da
litosfera que apresenta temperatura e pressão diferentes do seu local de origem, ela altera as
suas propriedades mineralógicas, transformando-se em rochas metamórficas. Exemplo:
mármore (Figura 4).

Figura 4 - O mármore surge a partir do metamorfismo do calcário.

c) Rochas sedimentares: são rochas que se originam a partir do acúmulo de sedimentos, que
são partículas de rochas. Uma rocha preexistente sofre com as ações dos agentes externos ou
exógenos de transformação do relevo, desgastando-se e segmentando-se em inúmeras
partículas (meteorização); em seguida, esse material (pó, argila, etc.) é transportado pela água
e pelos ventos para outras áreas, onde se acumulam e, a uma certa pressão, unem-se e
solidificam-se novamente (diagênese), formando novas rochas.

Esse tipo de constituição rochosa, em certos casos, favorece a preservação de fósseis, que,
por esse motivo, só podem ser encontrados em rochas sedimentares. Além disso, nas
chamadas bacias sedimentares, é possível a existência de petróleo, recurso mineral muito
importante para a sociedade contemporânea. Exemplo: calcário (Figura 5).

Figura 5 - O calcário é uma rocha sedimentar.

Ao longo da história geológica da Terra, as rochas se formam e se modificam constantemente.


Rochas antigas são transformadas em rochas novas. É o chamado "ciclo das rochas" (Figura
6).
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Figura 6 - Ciclo das Rochas.

1.3 INTEMPERISMO

O intemperismo é o processo de transformação e desgaste das rochas ao longo do tempo,


através de processos químicos, físicos e biológicos, e que geralmente formam o solo. Sua
dinâmica acontece através da ação dos chamados agentes externos de transformação; como o
relevo, a água, o vento, a temperatura e os seres vivos. Fortemente influenciado por
condicionantes externos como o clima, o intemperismo acontece em três tipos diferentes: o
intemperismo físico, o intemperismo químico e o intemperismo biológico.

a)Intemperismo Físico: corresponde à quebra das rochas devido à grande variação de


temperatura do ambiente, pelo congelamento da água nas frestas das rochas, através da
cristalização de determinados sais ou outros processos que fragmentam as rochas sem alterar
a sua estrutura química.

b) Intemperismo Químico: O intemperismo é químico quando a desagregação das rochas


ocorre por reações químicas, o que altera suas estruturas e provoca modificações nos seus
constituintes minerais. A água é o seu principal agente, pois penetra por capilaridade nas
rochas e reage com os componentes da estrutura mineral.

c) Intemperismo Biológico: é a decomposição das rochas provocadas pelas bactérias,


fungos, plantas e até mesmo pelos seres humanos.

1.4 COMPOSIÇÃO QUÍMICA E MINERALÓGICA DOS SOLOS


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Os Minerais encontrados nos solos são os mesmos das rochas de origem, além de outros que
se formam na decomposição.

Mineral é uma substância inorgânica e natural, com composição química e estrutura definida.
Das suas propriedades físicas de maior interesse para a engenharia, destacam-se a densidade
e a dureza.

A dureza de um mineral refere-se, por comparação, ao número indicativo da conhecida escala


de Mohs (Figura 7), onde um elemento risca todos os precedentes e é riscado pelos
subsequentes:

Figura 7 - Escala de Mohs.

Quanto à composição química dos principais minerais componentes dos solos grossos,
podemos agrupa-los em:

a) Silicatos: feldspato, mica, quartzo, serpentina, clorita, talco;

b) Óxidos: hematita, magnetita, limonita;

c) Carbonatos: calcita, dolomita;

d) Sulfatos: gesso, anidrita;

Quanto aos solos finos (argilas), apresentam uma complexa constituição química. A sua
análise revela serem constituídas basicamente de sílica (SiO2).
1.5 SOLOS RESIDUAIS, TRANSPORTADOS E ORGÂNICOS

De acordo com a sua origem, os solos se dividem em: solos residuais, solos transportados e
solos orgânicos.

a)Solos residuais: são aqueles que permanecem no local de sua formação sobre a rocha de
origem. O tamanho de suas partículas aumenta de cima para baixo (Figura 8). Para que
ocorram os solos residuais, é necessário que a velocidade de decomposição de rocha seja
maior que a velocidade de remoção pelos agentes externos.
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Nas regiões tropicais a velocidade de composição das rochas é elevada, motivo pelo qual
encontramos grandes quantidades de solos residuais no Brasil. As camadas dos solos
residuais originam as diferenciações abaixo:

a.1)solo residual maduro - superficial, e que perdeu toda a estrutura original da rocha-mãe,
tornando-se relativamente homogêneo;

a.2)saprolito - mantém a estrutura original da rocha-mãe, mas perdeu a consistência de rocha,


também conhecido como solo residual jovem ou solo de alteração de rocha. Solo proveniente
da desintegração de rocha, in situ, pelos diversos agentes geológicos. É descrito pela
respectiva textura, plasticidade e consistência ou compacidade, sendo indicados ainda o grau
de alteração e, se possível, a origem de rocha.

a.3)rocha alterada - horizonte em que a alteração progrediu ao longo de fraturas ou zonas de


menor resistência, deixando intactos grandes blocos da rocha original.

Solos residuais de basalto são predominantemente argilosos, os de gnaisse são siltosos, os de


granito apresentam teores aproximadamente iguais de areia média, silte e argila.

Figura 8 – Perfil do solo residual.

b) Solos transportados: são divididos de acordo com o agente de transporte:


Aluvionares: são solos cujas partículas são transportadas pela água e se sedimentam quando
a velocidade desta diminui.
Coluvionares: são aqueles transportados por gravidade. Localizam-se nos pés dos montes,
sendo chamados de depósitos coluviais ou tálus.
Glaciais: transportados por geleiras.
Eólicos: transportados pelo vento.
Aterros: transportados pelo homem.

c) Solos orgânicos: são formados pela mistura de matéria orgânica, animal ou vegetal, com
sedimentos pré-existentes. Ocorrem em locais característicos, mais favoráveis ao acúmulo de
matéria orgânica: áreas adjacentes aos rios, várzeas, baixadas litorâneas, depressões
(pântanos, etc). Os solos orgânicos são problemáticos para construção por serem muito
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compressíveis. Em algumas formações de solos orgânicos ocorre uma importante


concentração de folhas e caules em processo de decomposição, formando as turfas (matéria
orgânica combustível).
Cada solo pode apresentar teor de matéria orgânica, oriundo de restos vegetais e animais. São
de fácil identificação, pois possuem cor escura e odor característico. A norma D2487 da ASTM
classifica como solo orgânico àquele que apresenta LL de uma amostra seca em estufa menor
que 75% do LL de uma amostra natural sem secagem em estufa. Geralmente são
problemáticos, devido à sua grande compressibilidade.

Apresentam elevados índices de vazios. As turfas são solos orgânicos com grande
porcentagem de partículas fibrosas de material carbonoso (folhas e caules) ao lado de matéria
orgânica no estado coloidal. Esse tipo de solo pode ser identificado por ser fofo e não plástico e
ainda combustível

1.6 EROSÃO DOS SOLOS

A Erosão é um processo de transformação dos solos oriundo das ações dos agentes externos
ou exógenos que consiste no desgaste na superfície terrestre, prosseguido pelo transporte e
deposição de sedimentos. Trata-se de um procedimento natural, entretanto, a ação humana
contribui para a sua intensificação.

O processo descontrolado de erosão traz grandes prejuízos para o meio ambiente, pois atua
no desgaste do solo, dificulta a manutenção de espécies de animais e vegetais, além de
atrapalhar as atividades humanas.

Pela forma, podemos citar:

a)Erosão Laminar: Processo inicial do arrasta de partículas ou lavagem superficial dos solos,
também chamado de lixiviação.

b)Erosão Linear: As erosões possuem vários estágios, dependendo do nível de profundidade


e da gravidade de sua ocorrência. Elas se intensificam com o processo de ação das chuvas e
dos ventos, surgindo algumas “linhas” denominadas sulcos, marcadas sobre a superfície.
Quando os agentes modeladores continuam atuando na intensificação desse processo, ocorre
a formação de ravinas (erosões mais profundas, Figura 9), voçorocas (extremamente
profunda, Figura 10) e piping (quando a erosão atinge o lençol freático).

Figura 9 – Ravinas. Figura 10 – Voçorocas.


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Entre as ações humanas que causam a formação de processos erosivos destaca-se a retirada
das vegetações, que exercem a função de conter a força das águas e dos ventos (atuando
como uma espécie de obstáculo) e ajudam a manter a firmeza do solo, através de suas raízes.

No meio urbano, as erosões acontecem em razão da falta de planejamento, com a formação


de ruas que ocupam verticalmente toda uma vertente, por exemplo. Durante as chuvas, a
enxurrada desce a vertente com muita velocidade, formando buracos em seu percurso e
formando ravinas e voçorocas na porção inferior das vertentes, geralmente próximas a cursos
d’água.

2 PROPRIEDADE DAS PARTÍCULAS SÓLIDAS DO SOLO

2.1 ELEMENTOS CONSTITUINTES DO SOLO

O solo é um conjunto de partículas sólidas que deixam espaços vazios entre si, sendo que
estes vazios podem estar preenchidos com água, com gases (normalmente o ar), ou com
ambos.

a) Partículas sólidas: As partículas sólidas dão características e propriedades ao solo


conforme sua forma, tamanho e textura. A forma das partículas tem grande influência nas suas
propriedades. As principais formas das partículas são (Figura 11):
a.1) Equidimensionais – são irregulares, normalmente devido ao transporte sofrido quando da
ação da água podendo variar conforme a superfície em: angulares, sub-angulares, sub-
arredondada, arredondada. Exemplo de solos: areias, siltes e pedregulhos.
a.2) Lamelares – possuem duas dimensões predominantes, típicas de solos argilosos. Esta
forma das partículas das argilas responde por alguma de suas propriedades, como por
exemplo, a compressibilidade e a plasticidade, esta última, uma das características mais
importantes.
a.3) Fibrilares – possuem uma dimensão predominante. São típicas de solos orgânicos.

Figura 11 – Forma das Partículas.

b) Água: A água contida no solo pode ser classificada em (Figura 12):


b.1) Água higroscópica - a que se encontra em um solo úmido ou seco ao ar livre, ocupando os
vazios do solo, na região acima do lençol freático. Pode ser totalmente eliminada quando
submetida a temperaturas acima de 100ºC.
b.2) água adsorvida - também chamada de água adesiva, é aquela película de água que
envolve e adere fortemente às partículas de solos muito finos (argila), devido à ação de forças
elétricas desbalanceadas na superfície dos argilominerais sólida.
b.3) água de constituição - é a que faz parte da estrutura molecular da partícula sólida.
b.4) água capilar - é a que, nos solos finos, sobe pelos vazios entre as partículas, até pontos
acima do lençol freático (ascensão capilar). Pode ser totalmente eliminada quando submetida a
temperaturas acima de 100ºC.
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b.5) água livre - é aquela formada pelo excesso de água no solo, abaixo do lençol freático, e
que preenche todos os vazios entre as partículas sólidas. Pode ser totalmente eliminada
quando submetida a temperaturas acima de 100ºC.

Figura 12 – Água contida no solo.

c) Gases: Dependendo do tipo de solo e das suas propriedades (principalmente porosidade),


podemos ter os vazios preenchidos com ar, vapor d´água e carbono combinado. Em algumas
regiões pantanosas (EUA), podemos ter gases (alguns tóxicos) preenchendo estes vazios.
2.2 ESTRUTURA DO SOLO

Denomina-se estrutura dos solos a maneira pela qual as partículas minerais de diferentes
tamanhos se organizam. A estrutura de um solo possui um papel fundamental em seu
comportamento, seja em termos de resistência ao cisalhamento, compressibilidade ou
permeabilidade. Os solos finos possuem o seu comportamento governado por forças elétricas,
enquanto os solos grossos têm na gravidade o seu principal fator de influência. A figura 13
ilustra algumas das estruturas típicas desses solos.
SOLOS GROSSOS SOLOS FINOS

Areia Compacta Estrutura Floculada

Areia Fofa Estrutura Dispersa

Figura 13 – Estruturas dos solos grossos e finos.


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2.3 PESO ESPECÍFICO DAS PARTÍCULAS (G)

O peso específico das partículas (g) de um solo é, por definição a relação entre o peso das
partículas sólidas (Ps) e o volume das partículas sólidas (Vs). Varia pouco de um solo a outro,
oscilando entre 25 e 29 kN/m3, tendo valor menor para um solo com elevado teor de matéria
orgânica, e valor maior para solo rico em óxido de ferro.

2.4 SUPERFÍCIE ESPECÍFICA

Denomina-se superfície específica de um solo a soma da área de todas as partículas contidas


em uma unidade de volume ou peso. A superfície específica dos argilo-minerais é geralmente
expressa em unidades como m2/m3 ou m2/g. Quanto maior o tamanho do mineral menor a
superfície específica do mesmo, e esta diretamente ligada as propriedade do solo como:
estrutura, plasticidade, coesão, etc. (Figura 14).

Figura 14 – Superfície específica.

2.5 TEXTURA DOS SOLOS

Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que formam
os solos. Cabe destacar, que existem diversas formas de classificação dos solos, na
engenharia é mais utilizada à classificação quanto ao tamanho dos grãos (Figura 15). O estudo
da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de granulometria e identificado no
ensaio visual e táctil, dos quais falaremos adiante. Pela textura os solos podem ser
classificados em dois grandes grupos: solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos finos
(silte e argila). Esta divisão é fundamental no entendimento do comportamento dos solos, como
já estudado, o tipo de intemperismo influencia na textura e estrutura do solo, partículas com
dimensões até 0,001mm são obtidos por intemperismo físico e as partículas menores que
0,001mm provém do intemperismo químico.

Figura 15 – Escala Granulométrica da ABNT NBR 6502 de 1995.


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2.6 AMOSTRAGEM

Amostragem é o processo realizado in situ para a retirada de amostras em diferentes


situações; para isso, devem ser usadas ferramentas apropriadas a cada situação.

A amostra deve ser representativa do solo de onde foi retirada; uma amostra é considerada
representativa de uma população, de onde foi extraída, quando tem as mesmas características
dessa população, no que diz respeito às variáveis que estão sendo estudadas, mesmo levando
em consideração as pequenas discrepâncias encontradas nos processos de amostragem.

Como o solo, em decorrência de seu processo de formação, é um material heterogêneo a


amostra retirada em um dado ponto e cota é representativa da natureza do solo, daquele ponto
e cota e, da condição atual no momento em que foi amostrado.

Como há sempre o interesse de se trabalhar com um material homogêneo, que tem soluções
mais simples, é preciso que o programa de investigação defina um número de pontos e cotas,
para amostragem, que possibilite depois um estudo estatístico dos resultados. No Capítulo
mais as frentes estudarão os métodos de investigação do solo, por hora trataremos dos
conceitos de amostragem.

É essencial na amostragem que a localização dos pontos, em planta, e das cotas de onde
foram retiradas as amostras fiquem bem determinadas em relação a uma referência que não
poderá ser destruída durante a construção da obra.

A Figura 16, à esquerda, mostra a localização, em planta, dos pontos de onde foram retiradas
as amostras representativas; a linha a. será considerada como referência para a localização
dos pontos e o ponto A sobre essa linha, de cota arbitrada será tomado como a referência de
nível. Na mesma Figura, à direita, estão mostradas as posições de retirada das amostras em
perfil.

Figura 16 – Localização das amostras: planta e perfil.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 17

As amostras representativas podem ser de dois tipos: deformadas e indeformadas; a amostra


deformada deve ser representativa do solo quanto às características naturais, não deve conter
elementos que não entraram na formação do solo e como principal caraterística a
desagregação estrutural, enquanto que, a amostra indeformada, além das características
naturais deve, também, representar as condições atuais do solo, no momento da investigação,
ou seja, manter intacta a estrutura natural do solo amostrado (Figura 17).

Figura 17 – Amostras deformadas e indeformadas.

3 ESTADO DOS SOLOS

3.1 ÍNDICES FÍSICOS

Na Mecânica dos Solos, os índices físicos são utilizados na caracterização das condições do
solo, em um dado momento, que pode ser alterado ao longo do tempo. O comportamento de
um solo depende das quantidades relativas de cada uma das fases constituintes, como já
explicado acima, o solo é composto por partículas sólidas que apresentam vazios entre si.
Estes vazios podem estar preenchidos por água e/ou ar (Figura 18). Assim, temos 3 fases:
a ) Fase sólida – formada por partículas sólidas;
b) Fase líquida – formada pela água;
c) Fase gasosa – formada pelo ar (vapor, gases).
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 18

Figura 18 – Constituição do Solo.

Chamamos de índices físicos as relações entre estas fases. Os Índices Físicos são definidos
como grandezas que expressam as proporções entre Pesos e Volumes nas três fases
constituintes do solo: sólidos, líquido e ar, para caracterizar o estado do solo (Figura 19).

Vt Mt

(a) (b) (c)


Figura 19 – Representação esquemática do solo.

A figura (a) mostra um corte longitudinal de uma amostra indeformada, com os elementos
componentes de cada uma das fases; na figura (b) os elementos foram idealmente separados
e, na figura (c) a água e o ar aparecem como representantes das fases líquida e gasosa,
respectivamente, este esquema é muito usado na representação de uma amostra de solo e
atende a uma conveniência didática para a definição dos índices físicos e, para a obtenção das
equações de correlação entre eles. A simbologia usada para representar o volume e a massa
de cada fase será usada na definição dos índices físicos e, também, sempre que necessário
em qualquer parte do texto.

- Grandezas Envolvidas:
- VOLUME (cm3; dm3; m3) - MASSA (g; kg; t)
Vt – volume total Mt – massa total
Vs – volume das partículas sólidas Ms – massa das partículas sólidas
Vw – volume da água Mw – massa da água
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 19

Va – volume do ar Ma – massa do ar*


Vv – volume de vazios Mv – massa de vazios

- PESO (N; kN)


Pt – peso total
Ps – peso das partículas sólidas
Pw – peso da água
Pa – peso do ar*
Pv – peso dos vazios
*massa e peso do ar considerada desprezível.

- Relações Matemáticas e Físicas:

1)Peso = Massa x Aceleração da gravidade => Peso (N) = Massa (kg) x Gravidade (10m/s2)
=> P = M x 10

2) Vt = Vs + Vw + Va

3) ) VV = Vw + Va => Vt = Vs + VV

3) Mt = Ms + Mw + Ma ->(Ma é desprezível -> Ma=0) => Mt = Ms + Mw

Os valores calculados com essas relações, ao longo do tempo podem ser alterados e por isso
os índices físicos caracterizam as condições de um solo em um dado momento. Os nomes, os
símbolos e as unidades devem ser de conhecimento pleno e estarem incorporados ao
vocabulário de uso diário do geotécnico.

Devemos ter em mente os diversos estados que um solo pode estar sujeito, sendo afetados
por fatores naturais (chuvas, insolação) ou não (compactação mecânica, cortes, aterros).
Assim, por exemplo, após um período chuvoso, um determinado solo apresentará um estado
em que os vazios serão preenchidos pela água, e o ar anteriormente presente será expulso. No
verão, após a evaporação da água, este mesmo solo apresentará um novo estado, com o ar
penetrando nos vazios deixados pela água.

3.2 TEOR DE UMIDADE (W)

É a relação entre a massa ou o peso da água contida no solo e a massa ou o peso de sua fase
sólida, expressa em percentagem (%).

Sendo: Mt = Ms + Mw => Mw = (Mt - Ms)


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 20

A umidade varia teoricamente de 0 a . Os maiores valores conhecidos no mundo são os de


algumas argilas japonesas que chegam a 1400%. Em geral os solos brasileiros apresentam
umidade natural abaixo de 50%. Se apresentar matéria orgânica, esta umidade pode aumentar
muito, podendo chegar até a 400% em solos turfosos.

3.3 ÍNDICE DE VAZIOS (E)

Indica variação volumétrica ao longo do tempo (história das tensões e deformações ocorridas
no solo). É a relação entre o volume de vazios e o volume de sólidos. Embora possa variar,
teoricamente, de 0 a , o menor valor encontrado em campo para o índice de vazios é de 0,25
(para uma areia muito compacta com finos) e o maior de 15 (para uma argila altamente
compressível).

É adimensional e o valor do índice de vazios é indicado com três casas decimais; é maior do
que zero em seu limite inferior, enquanto não há um limite superior bem definido.

3.4 POROSIDADE ()

É a relação entre o volume de vazios e o volume total. Seu valor é expresso em percentagem,
com uma casa decimal, variando no intervalo aberto 0 a 100%, pois não há solo sem vazios
nem sem sólidos.

3.5 MASSA ESPECÍFICA ()

A massa específica do solo é a grandeza definida como a relação entre a massa e o volume de
uma amostra de solo. Para a massa específica determinada em laboratório a unidade é o
grama por centímetro cúbico, g/cm3; para transformá-la em peso específico usa-se o
quilograma por metro cúbico, kg/m3.

Dependendo do grau de saturação do solo são definidas três massas específicas: do solo
seco, do solo não saturado e do solo saturado, pelas relações:

3.5.1 Massa Específica do Solo Seco (s ou d)

Para S = 0%
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 21

3.5.2 Massa Específica do Solo Saturado (sat)

Para S = 100%
Onde a grandeza Msat é a massa do corpo de prova com a água ocupando todo o volume de
vazios, sendo que nenhuma das condições extremas levou em consideração a variação de
volume do solo, devido à secagem ou saturação.

3) MASSA ESPECÍFICA DO SOLO NÃO-SATURADO OU NATURAL (NAT OU N OU )

Para 0% < S < 100%

Para a massa específica determinada em laboratório a unidade é o grama por centímetro


cúbico, g/cm3; para transformá-la em peso específico usa-se o quilograma por metro cúbico,
kg/m3.

3.6 MASSA ESPECÍFICA SUBMERSA (SUB)

Quando a camada de solo está abaixo do nível d'água freático, a massa específica do solo
submerso é definida como a relação entre a massa do solo submerso e o seu volume. Por
hora, iremos encontrá-la por meio de correlações apresentadas mais a frente do conteúdo.

3.7 MASSA ESPECÍFICA DOS SÓLIDOS OU SOLO SECO (S OU )

A massa específica dos sólidos é a relação entre a massa e o volume dos sólidos, ambos para
um mesmo volume de solo.

Na Tabela 1, estão mostrados intervalos de variação da massa específica de diversos


minerais, sendo o quartzo o mais comum nos solos. A massa específica dos sólidos deve ser
dada com três casas decimais, quando a unidade é g/cm3.

Tabela 1 – Massa específica de diferentes minerais, g/cm3.


Mineral s Mineral s
Caulinita 2,600 a 2,650 Magnetita 5,200
Clorita 2,600 a 2,900 Mica 2,700 a 3,200
Feldspato 2,550 a 2,900 Montmorilonita 2,740 a 2,780
Ilmenita 4,500 a 5,000 Quartzo 2,650 a 2,670
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3.8 MASSA ESPECÍFICA DA ÁGUA (W)

Na maior parte dos problemas encontrados na mecânica dos solos a massa específica da
água, ρw, é considerada constante e igual a 1 g/cm³ ou 1.000 kg/m³, mesmo variando com a
temperatura; em alguns ensaios de laboratório a variação do valor da massa específica da
água com a temperatura deve ser considerada.

3.9 PESO ESPECÍFICO

Os valores das grandezas utilizadas no cálculo da massa específica são obtidos no laboratório,
em gramas e centímetros cúbicos; na prática da engenharia o cálculo de pressões torna-se
mais simples usando-se o peso específico que é igual ao produto da massa específica pela
aceleração da gravidade (g), cujo valor pode ser aproximado para 10 m/s2, sem que, com isso,
ocorram erros sensíveis. Utilizando esta relação os pesos específicos, simbolizados pela letra
grega , com os mesmos subscritos usado na definição das massas específicas.

A unidade para o peso específico é o quilonewton por metro cúbico, kN/m3; se o valor da
massa específica de um solo, obtida em laboratório, é igual a ρ = 1,650 g/cm3 = 1.650 kg/m3 o
peso específico é igual a = 16.500 N/m3 = 16,5 kN/m3, adotando-se g = 10,0 m/s2.

3.10 PESO ESPECÍFICO APARENTE DO SOLO OU PESO ESPECÍFICO APARENTE DO


SOLO NATURAL (NAT OU N OU)

É a relação entre o peso total (Pt) e o volume total (Vt). A umidade (W) é diferente de zero.

No campo, a determinação de pode ser feita entre outros métodos, pelo “processo do frasco
de areia”.

3.11 PESO ESPECÍFICO APARENTE DO SOLO SECO (S OU  D)


É a relação entre o peso das partículas sólidas (Ps) e o volume total (Vt). A umidade (W) da
amostra é retirada.

A sua determinação é feita a partir do peso específico do solo natural (g) e da umidade (W).
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 23

3.12 PESO ESPECÍFICO DA ÁGUA (W)

É a relação entre o peso (Pw) e o volume da água (Vw).  = 1,00g/cm3 = 1,00kg/dm3 = 1,00t/m3 =
w

10,00kN/m3.

3.13 PESO ESPECÍFICO REAL DOS GRÃOS OU DAS PARTÍCULAS (G)

É a relação entre o peso das partículas sólidas (Ps) e o volume das partículas sólidas (Vs).

3.14 PESO ESPECÍFICO DO SOLO SATURADO (SAT)

Se o solo estiver saturado (S = 100%), ou seja, com todos os seus vazios preenchidos pela
água, teremos peso específico saturado sat,

3.15 PESO ESPECÍFICO DO SOLO SUBMERSO (SUB)

Se o solo, além de saturado, estiver submerso, as partículas sólidas sofrerão o empuxa da


água, e o peso específico efetivo do solo será o sat menos o w,. Assim:
sub = sat − w = sat − 10kN/m3.

A distinção entre solos saturado e submerso pode ser observada no exemplo da figura 20,
notando-se que um solo submerso é saturado, sem que a recíproca seja verdadeira.

Figura 20 – Solos saturado e submerso (Caputo, 1988).

3.16 GRAU DE SATURAÇÃO (S OU SR)

É a relação entre o volume de água (Vw) e o volume de vazios (Vv) de um solo, expressa em
percentagem.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 24

Os extremos do intervalo de variação do grau de saturação representam condições particulares


de um solo com apenas duas fases; o extremo inferior, S = 0%, é de um solo seco enquanto
que o extremo superior, S = 100%, indica um solo saturado. Para qualquer valor do grau de
saturação diferente dos extremos mostra a condição de um solo não saturado.

3.17 DENSIDADE RELATIVA DAS PARTÍCULAS (GS)

É a relação entre o peso específico das partículas sólidas (g) e o peso específico da água
(w). É adimensional. Para a maioria dos solos varia entre 2,50 e 3,00.

3.18 FÓRMULAS DE CORRELAÇÃO

Dos todos os índices físicos três deles, massa específica do solo, a massa específica dos
sólidos e o teor de umidade, são obtidos em ensaios de laboratório, enquanto os demais
índices são calculados através das fórmulas de correlação.

As fórmulas de definição dos índices físicos não são práticas para a utilização em cálculos e
assim recorrem-se às fórmulas de correlação entre eles. Para a obtenção dessas fórmulas
pode-se partir da hipótese de um volume de sólidos conhecido e depois utilizando as fórmulas
de definição calcular o valor das ordenadas representativas do volume de solo e de cada uma
das fases; para calcular a massa de água e a de sólidos basta multiplicar o volume por sua
respectiva massa específica, enquanto a massa do solo é igual à soma das massas das fases
líquida e sólida.

Partindo outra vez das fórmulas de definição resultam as que correlacionam os índices físicos
e, que conhecidos os valores de três deles é possível calcular os demais, na figura 21 estão
mostradas as fórmulas obtidas.

Figura 21 – Fórmulas de Correlações de índices.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 25

4 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS

Os termos, identificação, descrição, caracterização e classificação, muitas vezes estão sendo


usados para significar um mesmo procedimento, mas, têm significados diferentes, como
enfatizou Burmister (1950).

A identificação é o passo inicial para o conhecimento do solo; ela é feita com base nas
características naturais do solo, que não se modificam com o tempo. As informações sobre o
solo são obtidas com os testes tátil-visuais cujos resultados são, apenas, qualitativos e, usados
em uma primeira denominação do solo.

Terminada a identificação passa-se a fase de descrição das características do solo, com base
no resultado dos testes realizados e, complementado com o maior número disponível de
informações sobre ele.

A caracterização é feita com base nos resultados quantitativos dos ensaios de caracterização,
se o objetivo for à classificação do solo ou nos resultados de ensaios específicos para a
definição do comportamento do solo sob condições diversas.

A classificação é um procedimento adotado para dar ao solo um nome, mais específico que o
recebido quando da identificação; para isso, é preciso adotar um sistema de classificação e ter
os resultados dos ensaios exigidos pelo sistema (veremos este tema no próximo capítulo).

4.1 AMOSTRAGEM

A representatividade do solo investigado através da amostra e o processo de realização de


cada ensaio são condições fundamentais para a obtenção dos parâmetros necessários à sua
caracterização. Tanto para a retirada de uma amostra quanto para a realização dos ensaios
existe normas, que os regem e devem ser seguidas, para garantir a validade dos resultados.
Para este procedimento a NBR 9604 – Abertura de Poço e Trincheira de Inspeção em Solo,
com Retirada de Amostras Deformadas e Indeformadas.

Dois tipos de amostras, deformadas e indeformadas, são usadas na realização dos ensaios de
mecânica dos solos.

4.1.1 Amostra Deformada

A amostra deformada é uma porção de solo desagregado e, deve ser representativa do solo
que está sendo investigado, quanto à composição granulométrica e constituição mineral; ela
será usada na identificação visual e tátil, nos ensaios de granulometria, limites de consistência,
massa específica dos sólidos, compactação e na compactação de corpos de prova para
ensaios de permeabilidade, compressibilidade e resistência ao cisalhamento.

No local escolhido para a retirada da amostra é feita, inicialmente, uma limpeza na área,
retirando a vegetação superficial, raízes e qualquer outra matéria estranha ao solo, para só
depois iniciar o processo de coleta. Para amostragem até um metro abaixo da superfície do
terreno é feita uma escavação, com uma ferramenta apropriada, até a cota de interesse e, em
seguida, a amostra pode ser coletada. Entre um e seis metros de profundidade e, desde que o
furo não precise ser revestido pode ser usado o trado concha ou cavadeira, enquanto que para
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 26

profundidade maior que seis metros ou quando o furo precisar de revestimento será usado o
trado helicoidal (Figura 22).

Figura 22 – Tipos de trado: concha e helicoidal.

Quando há a necessidade de um volume maior de amostra pode ser escavado um poço com
um diâmetro que permita o trabalho do operador, como mostrado na Figura 23. Na folha do
serviço de amostragem deve ser deixado um espaço para o desenho da planta da área
investigada indicando–se nela os dados necessários à recuperação do local onde a amostra foi
retirada.

Para a estimativa da massa da amostra deformada é preciso definir inicialmente, que ensaios
serão realizados e o número de cada um deles, bem como, o processo de preparação das
amostras. Essa estimativa deve levar em consideração a eventual necessidade de refazer um
ou mais ensaios e, também, outros fatores como distância do laboratório, transporte,
possibilidade ou não de se realizar uma nova amostragem e os custos do serviço.

Figura 23 – Locação do ponto de retirada das amostras.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 27

Segundo texto da NBR 9604:

Figura 24 – Amostras deformadas em sacos plásticos.

4.1.2 Amostra Indeformada

A amostra indeformada, geralmente de forma cúbica ou cilíndrica, deve ser representativa da


estrutura e do teor de umidade do solo, na data de sua retirada, além da composição
granulométrica e mineral; ela é usada para a determinação das características físicas do solo
na condição atual, como: os índices físicos, o coeficiente de permeabilidade, os parâmetros de
compressibilidade e os de resistência ao cisalhamento.

Uma amostra indeformada pode ser retirada de diversas maneiras dependendo da


profundidade da amostragem, da densidade do solo e da posição do lençol freático; enquanto
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 28

que, para camadas de solos pouco densos e que se encontram abaixo do nível d'água é usado
um amostrador de parede fina, para camadas de solos acima do nível d'água e mais densos é
aberto um poço e retirada uma amostra de forma cúbica. O procedimento seguido durante a
retirada, a dimensão necessária e os cuidados devido à amostra, desde a retirada até a
utilização no laboratório.

Segundo texto da NBR 9604:

Na Figura 25 estão indicadas algumas posições de retirada de uma amostra com escavação
manual; como a forma da amostra é cúbica ou cilíndrica ela é conhecida como amostra em
bloco. As posições 1, 3 e 4, respectivamente, no talude de um corte, na superfície do terreno e
no fundo de um poço são preferenciais, enquanto as posições 2 e 5 são alternativas às
posições 1 e 4, quando, por um motivo qualquer não for possível fazer a amostragem nesses
locais.

Figura 25 – Localização de retiradas de blocos.

O poço é aberto por um poceiro, até próximo à cota do topo da amostra a ser retirada, com um
diâmetro que permite ao técnico encarregado de continuar o serviço, fazê-lo de forma
apropriada, como mostrado na Figura 26. Caso não seja possível retirar a amostra na posição
4, da Figura 25, por ter o poço um diâmetro pequeno, ela pode ser retirada na parede do poço,
como mostrado na posição 5.

Segundo texto da NBR 9604:


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 29

Figura 26 – Sequencia de atividades para tiradas de blocos.

Segundo texto da NBR 9604:


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 30
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 31

(a) (b)

(c) (d)

Figura 27 – Sequencia de retiradas de blocos. a) talhar; b)parafinar; c)murim e d)parafinar e etiquetar.

Além da manutenção da umidade e da estrutura do solo, uma amostra indeformada, também


informa a posição em que ela estava no maciço e, para isso, é essencial a colocação da
etiqueta sobre o topo da amostra; com essa informação os corpos de prova poderão ser
retirados na posição em que se encontram no maciço (Figura 28).
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 32

Figura 28 – Retirada de amostra indeformada.

4.2 ENSAIO TÁCTIL E VISUAL

A identificação de um solo, a partir do resultado qualitativo de testes tátil-visuais é o passo


inicial na caracterização de uma jazida e, pode ser feita no campo ou no laboratório; a
identificação vai permitir colocar o solo em uma classe, definir as frações predominantes e
programar os ensaios de caracterização do solo.

O procedimento que deve ser realizado para uma correta identificação tátil visual dos solos é
descrito em algumas normas, sendo que no Brasil o procedimento é padronizado segundo a
NBR 6484/2001. No entanto esta norma não esclarece o processo que deve ser realizado na
identificação de algumas características. Com objetivo de orientar melhor este processo serão
descritos alguns procedimentos da ASTM D2488 (2009) que apresenta os procedimentos
necessários à identificação e descrição dos solos de uma forma mais ampla.

A habilidade para que a identificação seja feita corretamente, com os testes tátil-visuais é
adquirida com a prática e assistência inicial de um profissional experiente. A realização desses
testes, por aqueles que estão iniciando seus estudos de mecânica dos solos, permite que seja
adquirida a sensibilidade necessária para o reconhecimento das diferentes classes de solos e
da criação de um banco de dados necessários à identificação de outras classes de solos.

4.2.1 Classes de Solos

Os solos são divididos, em função do tamanho dos sólidos, em dois grandes grupos: solos
grossos (pedregulhos e areias) e solos finos (siltes e argilas); para uma divisão geral basta
acrescentar o grande grupo dos solos altamente orgânicos.

Uma breve descrição de cada um dos grandes grupos será feita a seguir, para auxiliar no
trabalho de identificação.

4.2.1.1 Solos grossos


São aqueles cuja percentagem de ocorrência de grãos é maior que a de partículas; os grãos
são visíveis a olho nu, maiores que 0,1 mm e menores que o limite superior da escala
granulométrica adotada.

O grande grupo de solos grossos pode ser dividido em dois grupos, o de pedregulhos e o de
areias e cada um deles em duas classes: pedregulhos puros e solos pedregulhentos e areias
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 33

puras e solos arenosos. O termo puro significa que o tamanho de todos os sólidos do solo,
estão dentro da faixa granulométrica da escala adotada.

Os pedregulhos e as areias são solos com menos de 5% de sólidos passando na peneira de


0,075mm de abertura (#200) e, são chamados de materiais granulares.

Os solos pedregulhentos e os arenosos têm mais de 5% de partículas passando na #200.

4.2.1.2 Solos finos


São aqueles cuja percentagem de ocorrência de partículas é maior que a de grãos; as
partículas não são visíveis a olho nu e aquelas com tamanho mais próximo do limite superior
de 0,1 mm são percebidas pelo tato. Apresentam característica natural da plasticidade, em
uma maior ou menor intensidade, dependendo do argilo-mineral presente no solo.

Os solos finos são divididos em dois grupos: siltes e argilas, que geram quatro classes: os
siltes e as argilas puras e, os solos siltosos e os argilosos, respectivamente.

4.2.1.3 Solos altamente orgânicos


São conhecidos como solos turfosos e na sua formação tiveram a presença forte de matéria
orgânica junto com uma areia ou argila; são pouco usados como material de construção e,
também, como suporte de estruturas por terem baixa resistência ao cisalhamento e alta
compressibilidade.

4.2.2 Características Dos Solos

Além das características naturais, granulometria e plasticidade, usadas na definição da classe


em que o solo pode ser enquadrado outras características, naturais ou não, são, também,
relevantes no processo de identificação.

4.2.2.1 Cor
A cor do solo é a que ele apresenta no momento em que foi amostrado; se a cor não foi
definida no momento da retirada e a amostra foi levada para o laboratório, ela precisará ser
umedecida para a definição de sua cor.

As cores utilizadas são as clássicas: branco, preto, cinza, marron, vermelho, roxo, amarelo,
azul e verde podendo ser acrescentado o termo claro ou escuro (Figura 29).

Figura 29 – Referência de cores.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 34

Outra forma de classificar a cor é utilizando a Cartela Munsell. No atual Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos pela EMBRAPA, a cor, determinada por comparação com os padrões
da carta de Munsell, é atributo de diferenciação de algumas classes de solos. O sistema
Munsell de cores tem três componentes: Matiz, Valor e Croma, onde o matiz é a cor espectral
dominante, o valor é a tonalidade da cor e o croma é a pureza da cor (Figura 30).

Figura 30 – Diversidade de cores dos solos.

Apenas as duas cores predominantes devem ser incluídas na denominação do solo e, quando
ele tem diferentes cores e nenhuma delas é predominante usa-se o termo variegado.

4.2.2.2 Forma dos grãos


Os grãos de pedregulhos são grandes e visíveis a olho nu e, por isso, podem ter sua forma
identificada de um modo fácil e rápido; os grãos de areia, embora, visíveis a olho nu têm
tamanhos menores e, por isso, não são identificados quanto à forma, somente podem ter sua
forma definida através da microscopia eletrônica.

De um modo geral a forma de um grão está situada entre a forma cúbica, quando as três
dimensões são aproximadamente iguais e, prismática quando isso não acontece; a Figura 31
esquematiza as formas limites.

Figura 31 – Formas limites de um grão.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 35

4.2.2.3 Odor
É característica marcante nos solos altamente orgânicos. Solo contendo uma quantidade de
material orgânico usualmente tem um odor distinto de vegetação deteriorada. Isto é
especialmente aparente em amostras frescas, mas se as amostras são secas, o odor pode
frequentemente ser reanimado por aquecimento de uma amostra umedecida. Para qualquer
classe de solo odores não usual precisam ser informados.

4.2.2.4 Umidade
A umidade do solo, no momento em que ele é amostrado. É uma informação importante para
indicar a condição atual no maciço e precisa ser feito para a realização dos outros testes tátil-
visuais. A condição atual da umidade do maciço é identificada como:

 seca, quando, no teste tátil não é sentida a presença de água;


 úmida, quando no teste tátil a presença de água é sentida, porém, não é vista;
 molhada, quando a água é visível; é uma característica de solos abaixo do nível de
água no solo.

4.2.3 Identificação

Os solos, normalmente, são formados por sólidos cujos tamanhos se enquadram em mais de
um grupo; o objetivo dos testes de identificação tátil-visual é definir os dois grupos que têm as
maiores percentagens de ocorrência e, também fornecer os dados qualitativos visando a
caracterização e, posterior, classificação segundo o sistema de classificação adotado.

A Figura 32 mostra, nas duas primeiras colunas, os grupos e as classes de solos, com base,
apenas no tamanho dos sólidos. Na terceira coluna estão mostrados os tipos de solos
possíveis de serem encontrados e, a denominação de cada um deles, segundo o seguinte
critério: o nome é o do grupo com maior percentagem de ocorrência seguido do adjetivo
oriundo do nome do segundo grupo, quando existir.

4.2.4 Testes para a Identificação dos Finos

4.2.4.1 Sensação ao tato


É um teste usado para definir a sensação predominante na palma da mão; com alguma
experiência é possível definir se a amostra é de um solo grosso ou de um fino.

Para realizar o teste uma porção úmida do solo, colocada na palma da mão, é esfregada com
um dedo e a sensação produzida é avaliada. Os grãos são visíveis a olho nu e produzem uma
sensação áspera e desagradável na palma da mão, enquanto as partículas de argila e as
menores de silte produzem uma sensação de maciez. Se a sensação áspera existe e os grãos
não são vistos ela é devido às partículas maiores de silte.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 36

Figura 32 – Tipos de solos para identificação tátil-visual.

4.2.4.2 Sedimentação
É um teste, também, usado para definir se o solo é grosso ou fino.

Uma amostra do solo, que passa na peneira de abertura 2 mm (#10), é colocada em um tubo
de ensaio ou em uma proveta pequena e, preenchido com água até a marca indicativa da
capacidade útil do elemento. A suspensão é agitada e deixada em repouso.

Os grãos sedimentam rapidamente formando uma camada no fundo do tubo de ensaio ou da


proveta e, sobre eles as partículas de silte. As partículas de argila demoram mais para
sedimentar e, a suspensão permanece turva durante algumas horas.

Uma comparação entre o volume depositado dos grãos com o das partículas de silte e a cor da
suspensão permite avaliar se o solo é grosso ou fino; se o solo foi avaliado como fino a cor da
suspensão, se mais clara ou mais escura, permite identificar o grupo fino predominante, silte ou
argila, respectivamente.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 37

Na Figura 33 estão mostradas três provetas com suspensões diferentes; à esquerda, a


suspensão é de um solo fino argiloso, no meio um solo grosso arenoso e, à direita um solo
siltoso, para um mesmo tempo de sedimentação.

Figura 33 – Argila, areia e silte

4.2.4.3 Impregnação
O teste é feito com os sólidos menores que 0,42 mm e, que passam na # 40; pode ser usada
uma parte da amostra reduzida preparada para os ensaios de limites de consistência.

Inicialmente, é preparada uma pasta e uma porção dela é colocada na palma de uma das
mãos; com um dedo o solo é esfregado na palma e, em seguida, a mão é colocada embaixo de
uma torneira aberta com uma vazão moderada, durante algum tempo, com isso, retirando o
solo da mão, restando uma mancha sobre a palma.

A cor da mancha indica o grupo fino predominante; se ela é clara o grupo fino predominante é
o dos siltes, enquanto que se a mancha for escura e difícil de ser retirada o grupo é o das
argilas.

Na Figura 34, à esquerda está mostrada a mancha deixada por um solo siltoso e, à direita, por
um solo argiloso; na parte superior das figuras estão mostradas os solos, preparados para o
teste, na palma da mão antes dela ser lavada.

Figura 34 – Teste de Impregnação.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 38

4.2.4.4 Desagregação
Um torrão do solo fino, secado ao ar, é colocado em uma vasilha com água, porém, mantendo
imerso apenas parte da altura do torrão.

O grupo fino predominante é definido como o dos siltes se a desagregação é rápida e como
das argilas se for lenta ou não ocorrer em um prazo razoável.

Na Figura 35, à esquerda, está mostrado o resultado para um solo siltoso e, à direita, para um
solo argiloso, no instante inicial e após alguns minutos.

Figura 35 – Teste de Desagregação

4.2.4.5 Resistência à compressão


O teste de resistência à compressão pode ser feito para definir se um solo é arenoso ou fino e,
também, para definir o grupo fino predominante.

Um torrão de solo, secado ao ar, é colocado entre o polegar e o indicador e submetido a uma
pressão.

Se o torrão se esfarela sob uma pressão baixa o solo é arenoso; um solo siltoso suporta uma
pressão média, enquanto, um solo argiloso suporta uma pressão grande e, às vezes, não
rompe (Figura 36).

Na Figura 37, no alto estão mostrados os corpos de prova de um solo siltoso, à esquerda e, de
um solo argiloso, à direita.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 39

Figura 36 – Critérios para Descrição de Resistência à Compressão.

Figura 37 – Teste de Resistência à Compressão.

4.2.4.6 Dilatância
Selecionar material suficiente para moldar uma bola de cerca de 1/2 polegada (12 mm) de
diâmetro. Moldar o material, adicionando água se necessário, até que tenha uma consistência
macia, mas não pegajosa.

Espalhar a bola de solo na palma da mão com auxílio de uma espátula. Vibrar horizontalmente,
golpeando o lado da mão vigorosamente contra a outra mão diversas vezes.

Notar a reação da água aparecendo sobre a superfície do solo. Comprimir a amostra fechando
a mão ou apertando o solo entre os dedos e anotar a reação de acordo com os critérios
apresentados na Figura 38.

Com os teste de resistência a seca e dilatância é possível identificar porção fina do solo
conforme apresentado na Figura 39.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 40

Figura 38 – Critérios para descrição da dilatância.

Figura 39 – Identificação dos solos finos.

4.2.4.7 Roteiro de Análise dos Solos Finos


A rotina de observações e anotações que se faz em cada amostra é (Figura 40):

1. Verificar na amostra a ocorrência ou não de matéria estranha ao solo, por exemplo: raízes,
pequenas conchas, matéria orgânica, etc. Se for o caso, destacar a presença de tais materiais.

2. Anotar a cor natural da amostra.

3. Anotar o estado de umidade natural do solo, como seco, pouco úmido, úmido, muito úmido.
Nesse tipo de observação deve-se levar em conta e anotar a data de retirada da amostra, e a
profundidade da mesma, Essas duas últimas observações servem de base para associar os
resultados com as estações mais secas ou mais chuvosas da região e com o nível do lençol
freático do solo.

4. Anotar a ocorrência de minerais e destacá-los, se eles forem reconhecíveis.

5. Certos tipos de solo apresentam odores característicos e particulares que devem ser
observados em uma análise de campo, uma vez que pode servir de destaque individual do solo
analisado. O cheiro de “pote molhado” do solo, quando este é misturado com água, não é
característico ou particular, porque é próprio da argila e raros são os solos que não tem uma
pequena porcentagem de grãos finos, o que é suficiente para apresentar o odor. Na
classificação de rochas, contudo, o cheiro de “pote molhado” é uma característica que deve ser
destacada porque a presença de argila na composição da rocha servirá para classificação
individual da mesma.

6. Classificar o solo quanto ao tipo; para isso o solo deve ser analisado dentro de uma escala
granulométrica.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 41

Figura 40 – Teste de Resistência à Compressão.

4.3 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE DE SOLO

4.3.1 Método da Estufa - NBR 6457/2016 (Anexo A)

Ao método da estufa, empregado em larga escala em laboratório (Figura 41). É obtido após a
secagem de uma amostra natural por um período de pelo menos 12 horas - solos arenosos e
pedregulhosos - em um aparelho, em que a temperatura deverá ser constantemente mantida
em torno de 105°C ou 110°C (para solos inorgânicos), de acordo com a NBR 6457. Em alguns
casos, segundo a Teoria dos solos tropicais, essa temperatura poderá permanecer entre 60 e
80°C (para solos orgânicos), mas devendo prevalecer o mesmo período de tempo. Efetuar no
mínimo três determinações de teor de umidade por amostra e considerar a média como
resultado final, que deverá ser expresso com aproximação de 0,1 % (Tabela 2).

Figura 41 – Método da estufa.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 42

Até hoje, esse é o método mais preciso de determinação do teor de umidade dos solos, sendo
aplicado em laboratórios. Essa metodologia apresenta vantagem em relação às demais,
porque apresenta resultados confiáveis, porém traz como inconveniente, o tempo excessivo
para obtenção desse índice físico.
Tabela 2 – Dados de ensaio de umidade.

Nª Cápsula X1 X2 X3 Ler o nº da cápsula e anotar


Cápsula – C C1 C2 C3 Pesar a cápsula e anotar
(g)
Solo úmido M1 M2 M3 Adicionar solo úmido na cápsula, pesar, anotar,
(S + W + C) depois levar à estufa por 24 horas
Solo Seco Ms1 Ms2 Ms3 Tirar a cápsula da estufa, esperar atingir a
(S + C) temperatura ambiente, pesar e anotar

Umidade Calcular a umidade em cada cápsula conforme a


(%) fórmula
Umidade Calcular a média e anotar
(%) ( )

4.3.2 Método Speedy Test – DNER-ME 052/94

O método Speedy Test, praticado em campo. É um procedimento preconizado pelo


Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT/ Departamento Nacional de
Estradas de Rodagem - DNER em seu Método de Ensino - ME 052/94. Coloca-se em um
recipiente hermeticamente fechado, uma quantidade de solo úmido sob o contato de carbureto
de cálcio. Posteriormente, isso resultará na formação do gás acetileno, que gerará uma
pressão interna. Essa pressão será registrada e por uma tabela de aferição, convertida em teor
de umidade do solo. Este método é o mais rápido na obtenção do índice de umidade, o que o
torna o mais apropriado para ser empregado em obras (Figura 42).

Figura 42 – Método Speedy.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 43

4.3.3 Método Expedito do Álcool – DNER-ME 088/94

Este método fixa o modo pelo qual se determina a umidade de solos e de agregados miúdos
pelo emprego de álcool etílico. A umidade se determina pela adição de álcool à amostra e sua
posterior queima.

Determina-se a pesagem do solo úmido, após adiciona-se o álcool etílico mexendo com
espátula, adiciona a chama e após queima total pesa-se o solo seco. Determina-se a umidade
utilizando a fórmula (Figura 43).

Figura 43 – Método do Álcool.

4.3.4 Microondas e Frigideira

Há alguns anos, técnicas denominadas de Método da frigideira e do microondas (Figura 44)


também eram empregadas para se obter o teor de umidade dos solos de forma mais rápida.
Na intenção de acelerar o tempo secagem e obtenção dos resultados.

Submetia-se o solo a mesma sequencia de pesagem já apresentada nos métodos anteriores, a


maior diferença se destaca no método de secagem, estes utilizam micro-ondas ou a frigideira,
antes de se determinar a massa seca do solo, posteriormente adota-se a fórmula para
determinação da umidade.

Constituiu-se num instrumento fundamental para acelerar os procedimentos de laboratório e de


campo que dependiam da obtenção do teor da umidade do solo, mas foram suprimidos das
Normas Técnicas e das especificações dos órgãos de fiscalização de obras para efeitos da
determinação desse parâmetro, pelo fato de submeter os solos a uma fonte de calor de maior
intensidade (temperatura) ou direta (fogo), e ainda por não ser indicado para solos orgânicos.

Figura 44 – Método do Microondas.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 44

4.4 PESO ESPECÍFICO DO SOLO

Pode ser determinado no laboratório ou em campo:

- Métodos de Laboratório: balança hidrostática, moldagem de corpo de prova indeformado, etc.

- Métodos de Campo: frasco de areia, cilindro biselado, densímetro nuclear, método do


gabarito etc.

4.4.1 Balança Hidrostática – NBR 10838

A balança hidrostática foi inventada pelo físico, matemático e filósofo italiano Galileu Galilei
(1564-1642). Baseada no Princípio de Arquimedes, esse instrumento serve para medir a força
empuxo exercida em um corpo imerso em um fluido. Ou seja, ela determina o peso de um
objeto imerso em um líquido, que por sua vez é mais leve que no ar.

Os equipamentos que devem ser utilizados na realização deste ensaio são:

• Estufa capaz de manter a temperatura entre 60ºC e 65ºC e entre 105ºC e 110ºC;

• Balança, que permita pesar nominalmente até 1,5 kg, com resolução de 0,1 g e sensibilidade
compatível;

• Recipiente contendo água, de dimensões adequadas, para imersão do corpo-de-prova;

• Parafina isenta de impurezas e com massa específica aparente, no estado sólido, conhecida
e periodicamente verificada. Realizar um ensaio similar para determinar a massa específica da
parafina (Figura 45):

Onde:
Mpar = Massa do corpo de prova (g)
Mcpi = Massa do contrapeso imerso (g)
Mci = Massa do conjunto corpo de prova e contrapeso imerso (g)
w= Massa específica da água (g/cm3)
par= Massa específica aparente da parafina (g/cm3)

Figura 45 – Peso específico da parafina.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 45

• Fogareiro ou aquecedor para derreter a parafina;

• Linha comum ou de nylon, e utensílios como panela, faca, espátula, pincel, etc.

Execução do ensaio:

• Talhar um corpo-de-prova, utilizando-se faca e espátula, até que se obtenha uma


conformação aproximadamente esférica, com diâmetro mínimo de 5 cm (Figura 46). Determinar
a sua massa (M) com resolução de 0,1 g.

Figura 46 – Moldagem e pesagem da esfera de solo (M).

• Eventuais vazios superficiais presentes no corpo-de-prova devem ser preenchidos com


parafina derretida, valendo-se de um pincel, de modo que as superfícies da parafina e do
corpo-de-prova fiquem niveladas.

• Amarrar o corpo-de-prova a linha e recobri-lo por completo, principalmente na região do laço,


fina. Aguardar o resfriamento da parafina e determinar a massa do corpo-de-prova parafinado
(Mp) com resolução de 0,1 g.

• Fixar o corpo-de-prova parafinado na balança e imergi-lo totalmente na água. Certificar-se de


que não há bolha de ar retidas nas paredes do corpo- de-prova e determinar a massa do
corpo-de-prova parafinado imerso na água (Mpi), com resolução de 0,1 g (Figura 47).

Figura 47 – Pesagem do corpo de prova parafinado imerso (Mpi).


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 46

• Retirar o corpo-de-prova e, após secar a sua superfície, remova toda a película de parafina.
Do centro do corpo de prova, tomar uma amostra para determinação do teor de umidade (w).

• Calcular o volume do corpo-de-prova, e a massa específica aparente da amostra utilizando as


fórmulas abaixo.

Onde:
VT = Volume total (cm3)
MT = Massa do corpo de prova ao ar (g)
Mp = Massa do corpo de prova parafinado (g)
Mpi = Massa do corpo de prova parafinado imerso (g)
w= Massa específica da água (1 g/cm3)
par= Massa específica da parafina(g/cm3)

Onde:
N= Massa específica aparente natural do solo (g/cm3)

• O resultado final, deve ser expresso com três algarismos significativos, em kN/m3.

Realizar este procedimento com 3 repetições, conforme tabela 3 abaixo.

Tabela 3 – Planilha de ensaio da balança hidrostática.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 47

4.4.2 Frasco de Areia – NBR 7185

A massa específica aparente pode ser determinada em campo pelo método do frasco de areia.
Normatizado pela NBR 7185-1986 – Solo – Determinação da massa específica aparente, “in
Situ”, com emprego do frasco de areia.

O ensaio do frasco de areia consiste em calcular a massa específica aparente seca e,


consequentemente, o grau de compactação do solo em questão. No ensaio, primeiramente é
necessário que se pese o frasco com areia de densidade conhecida em seu interior, em
seguida posicionar a bandeja com orifício no centro no solo. Com a marreta e a talhadeira,
fazer um furo no solo com mesmo diâmetro e profundidade de aproximadamente 15cm,
recolher o solo retirado na escavação do furo, pesar o solo e determinar seu teor de umidade
com o aparelho Speedy ou outro método de determinação de umidade “in situ”, o que nos
permite obter a massa do solo seco (Figura 48).

Figura 48 – Furo e Pesagem do solo.


Após o furo feito, o frasco de areia é posicionado de cabeça para baixo encaixado na bandeja
metálica e o registro que permite a passagem de areia será aberto. Após a passagem de toda
a areia, fechar o registro e pesar novamente o frasco de areia. Será encontrada uma massa
menor que a anterior e com a diferença de massas e a densidade da areia conhecida, será
possível calcular o volume do furo feito no solo. Tendo posse dos valores da massa do solo
seco e o volume do furo, poderemos calcular a massa específica seca do solo, o que nos
permitirá fazer a comparação com os resultados obtidos em laboratório e calcular o grau de
compactação do solo (Figura 49). Realizar o ensaio seguindo o preenchimento da tabela 4.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 48

Figura 49 – Preenchimento do furo com areia do frasco e Pesagem do solo.

Tabela 4 – Planilha de ensaio do frasco de areia.

4.5 MASSA ESPECÍFICA DOS GRÃOS OU DOS SÓLIDOS – NBR 6458 E NBR 6508

O valor da massa específica dos grãos ou dos sólidos depende do tipo de mineral e da
percentagem de ocorrência de cada um deles no solo e, é um valor que pode ser admitido
constante por se alterar muito pouco com o tempo.

Para o cálculo da massa específica dos sólidos é preciso conhecer o valor de duas outras
grandezas: a massa e o volume de sólidos existentes no mesmo volume de solo; a massa é
obtida através de uma pesagem e o volume, de um modo indireto usando o princípio de
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 49

Arquimedes. O material utilizado no ensaio deve ter grãos menores que 4,8mm e maiores que
0,075 mm para solos granulares; e menor que 0,075mm para solos finos como argilas e siltes.

4.5.1 Preparação da Amostra de Solo

A amostra preparada como descrito NBR 6457. Após seca ao ar e destorroada, determinada a
umidade (w) e reduzir a quantidade pelo quarteamento. A amostra é levada a uma balança,
com resolução de 0,01 g, onde é feita a primeira pesagem do valor da massa seca inicial (M1).
Utilizar para cada ensaio, 50 g para solos argilosos e siltosos, e 60 g para solos arenosos.

Imergir a amostra em água destilada, durante 12 horas, no mínimo. Transferir a amostra para o
copo de dispersão, acrescentar água até cerca de metade do volume do copo, e dispersar o
material durante 15 minutos.

Figura 50 – Dispersão da amostra.


A amostra é colocada no picnômetro, com volume útil de 500 cm3 e, para evitar a perda de
grãos é recomendável a utilização de um funil, com o diâmetro interno da haste igual a 1,5
vezes o tamanho do maior grão da amostra; a Figura 51 mostra os elementos usados na
transferência de um material granular, à esquerda e de um solo argiloso, à direita.

Figura 51 – Colocação da amostra no Picnômetro.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 50

Terminada a operação de transferência dos sólidos é preciso colocar um volume de água


destilada no picnômetro, em torno de 250 cm3, o que leva a superfície da água à metade da
altura do bulbo.

4.5.2 Retira do Ar

Como o volume dos sólidos é obtido através de pesagens do conjunto, picnômetro e solo, é
preciso que todo o ar, inicialmente, existente no solo seja retirado.

Na retirada do ar pode ser usado um dos dois processos: aplicação de vácuo e fervura branda.

Aplicação de vácuo - é aplicada no interior do picnômetro uma pressão de 88 kN/m2, inferior à


pressão atmosférica ao nível do mar, igual a 101 kN/m2; se medida em altura de coluna de
mercúrio ela é de 66 e 88 cm, para a pressão aplicada e a atmosférica, respectivamente. Na
Figura 52, à esquerda, está mostrada a retirada de ar de um material granular e, à direita de
um solo fino.

Figura 52 – Retirada do ar existente na amostra + Picnômetro.

Logo após a aplicação da pressão, ar começa a sair criando bolhas na superfície e, o processo
é interrompido quando as bolhas deixam de existir.

Acrescentar água destilada até cerca de 1 cm abaixo da base do gargalo e aplicar pressão de
vácuo durante o mesmo intervalo de tempo. No caso de não se obter a remoção total do ar
aderente às partículas de determinados tipos de solo deve-se colocar o picnômetro ou balão
volumétrico em banho maria durante 30 minutos no mínimo, adicionando-se água destilada
para compensar a evaporação, verificando o menisco (Figura 53).

Fervura branda – Após depositar os picnômetros em uma chapa aquecida (manter por no
mínimo 20 minutos), durante a fervura moderada da água, para agilizar a saída do ar pode ser
dado um movimento lento de rotação ao picnômetro (Figura 54). A continuação do processo é
igual ao anterior.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 51

No final do processo a temperatura da água deaerada poderá estar fora do intervalo de


calibração do picnômetro que é de 15 a 25º C; para se chegar a esse intervalo o picnômetro é
resfriado ou esquentado.

Atingida a temperatura dentro do intervalo o ensaio, propriamente dito, pode ser iniciado.

Menisco

Figura 53 – Menisco do Picnômetro.

Figura 54 – Retirada do ar por fervura branda.

4.5.3 Ensaio

Deixar o picnômetro ou o balão volumétrico em repouso, até que sua temperatura se equilibre
com a do ambiente. Com o auxílio de um conta-gotas ou pipeta, adicionar água destilada no
picnômetro até que a base do menisco coincide com a marca de referência. Enxugar a parte
externa do picnômetro e a parte interna do gargalo acima do menisco. Pesar o conjunto
(picnômetro+solo+água) e anotar como M2.

Determinar a temperatura T do conteúdo do picnômetro. Com esse valor, obter na curva de


calibração, a massa do picnômetro cheio de água até a marca de referência e anotar como M3.
A temperatura da água é homogeneizada com movimentos lentos do termômetro e, é
considerada homogênea quando os valores resultantes de medições realizadas em três alturas
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 52

diferentes não se afastam mais que 0,5ºC um dos outros. Quando isso ocorrer a média desses
valores é a temperatura da primeira determinação e será admitida igual ao valor mais próximo
encontrado na Tabela 5, para obter a massa especifica da água.

Durante toda essa fase o picnômetro deve ser conduzido com muito cuidado para que não
ocorra uma movimentação excessiva da água no seu interior.

Em seguida, a amostra é recolhida em uma vasilha de evaporação, retirado o excesso de água


e,depois, levada para a estufa; depois de secos os grãos são deixados resfriar, em um
dessecador, para depois ser feita a pesagem para a obtenção da massa de sólidos, Ms, cujo
valor deve ser da mesma ordem de grandeza da massa de sólidos inicial, M1. O valor da massa
específica dos grãos (g) é encontrado utilizando a fórmula.

[ ]

Onde:
g = Massa específica dos grãos,
M1= Massa do solo úmido;
w = Teor de umidade inicial da amostra;
M2 =Massa do picnômetro + Solo + água à temperatura T do ensaio;
M3 = Massa do picnômetro cheio de água até o menisco, à temperatura T do ensaio;
w(T)= Massa específica da água, à temperatura T do ensaio na Tabela 5 da norma.
Considerar os ensaios satisfatórios quando seus resultados não diferirem de mais de 0,02
g/cm3.

Tabela 5 - Massa específica da água, em g/cm3 entre 0°C e 40 °C


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 53

4.6 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA – NBR 7181

Análise Granulométrica ou granulometria é a distribuição, em porcentagem, dos diversos


tamanhos de grãos. Para se proceder a uma análise granulométrica de um solo, faz-se
necessário fazer com que os componentes deste atravessem peneiras, as quais são dispostas
ordenadamente, superpondo-as na ordem de série, sempre iniciando com a de maior abertura
de malha. O procedimento do ensaio de análise granulométrica é diferente dependendo do
grande grupo em que o solo está: para os materiais granulares (retidos na peneira # 0,075mm)
os pares de valores são obtidos com a separação dos grãos em peneiras padronizadas,
processo esse denominado ensaio de peneiramento, enquanto que, para os solos finos
(passados na peneira #0,075mm) é utilizado o processo de sedimentação das partículas em
um meio líquido (Figura 55).
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 54

A determinação das dimensões das partículas do solo e das proporções relativas em que elas
se encontram, é representada, graficamente, pela curva granulométrica. Esta curva é traçada
por pontos em um diagrama semi-logarítmico, no qual, sobre os eixos das abscissas, são
marcados os logaritmos das dimensões das partículas e sobre o eixo das ordenadas as
porcentagens, em peso, de material que tem dimensão média menor que a dimensão
considerada.

Figura 55 – Peneiramento e Sedimentação.

4.6.1 Peneiramento

O solo para estes procedimentos é preparado segundo a NBR 6457.

O peneiramento é um processo de separação dos grãos, de um material granular, em


intervalos regulares de tamanhos que são definidos pelas aberturas das peneiras. Os limites
superior e inferior do tamanho dos grãos são, respectivamente, iguais às aberturas da peneira
em que ficam retidos todos os grãos e, daquela, na qual todos passaram.

O Procedimento de peneiramento segue:

1) Passando o material na peneira de 2,0 mm, tomando-se a precaução de desmanchar no


almofariz todos os torrões eventualmente ainda existentes, de modo a assegurar a
retenção na peneira somente dos grãos maiores que a abertura da malha;
2) Lavar a parte retida na peneira de 2,0 mm a fim de eliminar o material fino aderente e
secar em estufa a 105’C / 110°C, até consistência de massa, material assim obtido
usado no peneiramento grosso;
3) Para determinação da distribuição granulométrica do material, apenas por
peneiramento, proceder como segue:
a. do material passado na peneira de 2,0 mm tomar cerca de 120g. Pesar esse
material com resolução 0,01g e anotar coma Mh. Tomar ainda cerca de 100g para
determinações da umidade higroscópica (Wh). de acordo com a NBR 6457;
b. lavar na peneira de 0,075mm o material assim obtido, vertendo-se água potável à
baixa pressão.
4) Após solo seco passar na sequencia de peneiras: grosso e fino como descrito abaixo;
5) Anotar o material retido em cada peneira;
6) Calcular e construir a curva granulométrica.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 55

O procedimento de peneiramento é dividido em dois jogos de peneiras: as peneiras com


abertura maiores que #2mm em sequencia são denominadas Peneiramento Grosso; as
peneiras menores que #2mm até #0,075mm em sequencia são denominadas Peneiramento
Fino.

O conjunto de peneiras é formado por um prato, peneiras e tampa. O prato recolhe os sólidos
que passam na peneira de menor abertura colocada sobre ele. As peneiras com aberturas
crescentes de baixo para cima, até a superior, que tem uma abertura maior que o tamanho do
maior grão e, por isso, nada deve ficar retido em sua malha; a tampa colocada em cima da
peneira superior completa o conjunto. A Figura 56 mostra um conjunto de peneiras e o
esquema de montagem das peneiras.

Figura 56 – Peneiramento Fino.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 56

4.6.2 Sedimentação

Para se obter a granulometria da porção fina dos solos, emprega-se a técnica da


sedimentação, que se baseia na lei de Stokes, onde: a velocidade (v) de queda das partículas
esféricas num fluido atinge um valor limite que depende do peso específico do material
constituinte (s), do peso específico do fluido (w), da viscosidade do fluido (μ) e do diâmetro da
esfera (D), conforme a expressão:

A preparação da amostra inclui o material passado na peneira de 2,0 mm, tomando cerca de
120g, no caso de solos arenosos, ou 70g, no de solos siltosos e argilosos; colocados em
dispersor com um defloculante (hexametafosfato de sódio) e deixar em repouso por no mínimo
12 horas.

A transferência da suspensão para a proveta é facilitada com a colocação de um funil sobre


ela; terminada a transferência o copo do dispersor é lavado com água destilada para a retirada
de todos os sólidos e, também, a parte interna e a externa do funil tomando-se o cuidado para
que o volume da suspensão na proveta não ultrapasse 1.000 cm3. O volume útil da suspensão,
indicado por uma linha na proveta, deve ser completado com água destilada.

O ensaio é iniciado com a suspensão homogênea em relação à concentração de sólidos; para


se chegar a essa homogeneidade a palma de uma das mãos é colocada sobre o topo da
proveta e a outra na base, realizar um movimento rápido com os braços que permita fazer com
que a posição inicial da proveta se inverta, passando da posição (a) para a (b) até atingir a
posição (c), tal como, mostrado na Figura 57. Um mínimo de cinco ciclos deverá ser realizado
para que a suspensão possa ser considerada, inicialmente, homogênea.

Figura 57 – Homogeneização da suspensão.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 57

A proveta é, imediatamente, apoiada sobre uma superfície horizontal e, acionado o cronômetro


para o início da contagem do tempo de sedimentação dos sólidos.

Durante o ensaio o densímetro é introduzido na suspensão segundos antes de cada medição


da densidade (leitura feita na haste do densímetro) e retirado logo após, em tempos pré-
determinados. A introdução e a retirada do densímetro da suspensão são realizadas
lentamente e com um leve movimento de rotação, para não causar uma perturbação na queda
dos sólidos; durante a introdução o densímetro somente é liberado em uma posição próxima de
seu ponto de equilíbrio.

A leitura é feita na parte superior do menisco formado junto a haste, como mostrado na Figura
58 nos tempos pré-determinados; a primeira leitura é feita após um minuto do inicio da
contagem do tempo de sedimentação. Em tempos pré-determinados são feitas leituras da
densidade da suspensão, no centro de volume do bulbo do densímetro e, da temperatura da
suspensão; essas leituras continuam até que a partir dos valores lidos seja possível afirmar
que o diâmetro equivalente de 0,002 mm tenha sido alcançado. A suspensão, na qual são
feitas as medidas, será formada com partículas de silte e de argila.

Figura 58 – Formação do menisco e realização de leitura.

Em termos práticos, colocando-se uma certa quantidade de solo em suspensão em água


(cerca de 01 litro), as partículas cairão com velocidades proporcionais ao quadrado dos seus
diâmetros. O ensaio é iniciado com a sedimentação dos sólidos em água destilada; os grãos,
sólidos maiores que 0,075 mm, se sedimentam rapidamente formando camadas no fundo da
proveta, com o tamanho deles diminuindo de baixo para cima.

O instrumento de medição usado na sedimentação é o densímetro de bulbo simétrico, que está


calibrado para realizar medições da densidade de uma suspensão a 20º C.

Terminada a sedimentação a suspensão é passada na peneira nº 200, de abertura igual a


#0,075 mm, e os grãos retidos são levados para a estufa e depois de secados são separados
em um ensaio de peneiramento fino.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 58

4.6.3 Curva Granulométrica

O resultado do ensaio é dado por dois conjuntos de pares de valores: o primeiro, referente ao
peneiramento da fração grossa, onde os dados são o número ou a abertura da peneira e a
percentagem retida acumulada ou a percentagem que passa. O segundo, referente à etapa de
sedimentação, onde são dados o diâmetro equivalente da partícula e a percentagem de
partículas com tamanhos menores que o calculado.

O cálculo da percentagem de ocorrência tanto no peneiramento quanto na sedimentação é


feito em relação à massa de sólidos do ensaio.

Exemplo:

Para uma Massa de solo seco de 1000g, determine a curva granulométrica:

Peneiramento Grosso
Abertura das Peneiras Material retido Material retido acumulado % retida % passando
(mm) (g) (g) acumulada acumulada
50 10 10 1% 99%
38 10 20 2% 98%
25 10 30 3% 97%
19 10 40 4% 96%
9,5 10 50 5% 95%
4,8 10 60 6% 94%
2,0 10 70 7% 93%
Total 70g

Massa seca para peneiramento fino 120g

Peneiramento Fino
Abertura das Peneiras Material retido Material retido acumulado % retida % passando
(mm) (g) (g) acumulada acumulada
1,20 10 10 8,3% 91,7%
0,60 20 30 25% 75%
0,42 10 40 33,3% 66,7%
0,25 30 70 58,3% 41,7%
0,15 10 80 66,7% 33,3%
0,075 40 120 100% 0%
Fundo

Definições Importantes:

Material Retido - É o peso do solo retido em cada peneira (g);

Material Retido Acumulado – É o peso acumulado, somatório do material retido na peneira


mais o material retido nas peneiras com abertura maior (g);
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 59

Porcentagem Retida - É a percentagem retida numa determinada peneira. Obtemos este


percentual, quando conhecendo-se o peso seco da amostra, pesamos o material retido,
dividimos este pelo peso seco total e multiplicamos por 100 (%);

Porcentagem Retida Acumulada - É a soma dos percentuais retidos nas peneiras superiores,
com o percentual retido na peneira em estudo (%);

Porcentagem Passando Acumulada – É a diferença entre 100% e o material retido


acumulado (%);

A curva granulométrica de um solo é obtida a partir dos resultados encontrados no ensaio de


análise granulométrica. Os pares de valores calculados são representados em uma folha
própria onde no eixo das abscissas (X), em escala logarítmica, são colocados os tamanhos dos
sólidos e no eixo das ordenadas (Y) a percentagem retida acumulada ou a que passa (Figura
59).

X Y
%
Abertura
passan
das
do
Peneiras
acumul
(mm)
ada
50,8 99
38 98
25 97
GROSSO

19 96
9,5 95
4,8 94
2 93
1,2 92
0,6 75
0,42 67
FINO

0,25 50
0,15 42
0,075 25
0,04 20
SEDIMENTAÇÃO

0,017 10
0,006 5
0,002 2

Figura 59 – Curva Granulométrica.

Interpretação dos resultados

Analisando o gráfico, a curva granulométrica pode apresentar diferentes formatos (Figura 63) e
estes representam as características granulométricas do solo. A seguir, os três tipos principais:

1. Solo bem graduado/ Desunifome (curva A): tem várias frações de diâmetro diferentes
misturadas (Figura 60),
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 60

Figura 60 – Solo bem graduado.

2. Solo graduação aberta/ Descontínua (curva C): algumas frações de diâmetro não são
encontradas nesse tipo de solo (Figura 61);

Figura 61 – Solo de graduação aberta.

3. Solo graduação uniforme/ Mal graduado (curva B): as partículas desse solo possuem
praticamente apenas o mesmo diâmetro médio (Figura 62).

Figura 62 – Solo de graduação uniforme.

Figura 63 – Formatos da curva granulométrica.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 61

Para melhor definir esses parâmetros de granulometria, assim como melhor interpretação
gráfica da curva granulométrica, podemos utilizar os seguintes parâmetros:

 Diâmetro efetivo (D10): dizer que apenas 10% das partículas do solo tem diâmetro
inferior ao diâmetro efetivo. Ou seja, podemos determinar esse diâmetro a partir da
curva granulométrica. Na curva apresentada abaixo, por exemplo, podemos afirmar que
o diâmetro efetivo é pouco mais de 0,04 mm (Figura 64).

Figura 64 – Diâmetro efetivo.

 Coeficiente de uniformidade (Cu): esse coeficiente indica o quão uniforme é o solo.


Valores próximos a 1,0 indicam uma curva vertical, ou seja, um solo uniforme, com
presença principalmente de um diâmetro. Quanto maior o valor desse coeficiente,
menos uniforme o solo será. Podemos dizer que para Cu< 3,0, o solo é uniforme e
para Cu > 15,0 o solo é desuniforme. Matematicamente, o coeficiente de uniformidade
pode ser calculado como:

 Coeficiente de curvatura (Cc): Esse coeficiente nos dá uma ideia se o solo é bem
graduado ou não, além de indicar a simetria da curva granulométrica. Para valores do
coeficiente de curvatura entre 1,0 e 3,0 podemos dizer que o solo é bem graduado.
Matematicamente, podemos defini-lo como:
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 62

Os solos podem ser classificados de acordo com as dimensões de suas partículas sólidas.
Existem diversas classificações utilizadas, conforme figura 65.

Figura 65 – Classificação dos Solos.

Vale ressaltar que as mais utilizadas são as: classificação americana da ASTM e a nacional
ABNT.

Segundo a NBR 6502-95, podemos resumir da seguinte forma:

 Pedregulhos: solos formados por minerais ou partículas de rocha, com diâmetro


compreendido entre 2,0 e 60,0mm. Podem ainda ser subdivididos em pedregulhos finos,
médios ou grossos;
 Areia: solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas
com diâmetros compreendidos entre 0,06mm e 2,0mm. Pode também ser subdividido
em areias finas, médias e grossas;
 Silte: Solo que apresenta baixa ou nenhuma plasticidade, e que exibe baixa resistência
quando seco o ar. Suas propriedades dominantes são devidas à parte constituída pela
fração silte. É formado por partículas com diâmetros compreendidos entre 0,002mm e
0,06mm;
 Argila: Solo de granulação fina constituído por partículas com dimensões menores que
0,002mm, apresentando coesão e plasticidade.

Para se classificar o solo, é necessário calcular as proporções dentro das faixas de


tamanho. Primeiramente calculamos a porcentagem retida em cada peneira e depois
somamos as porcentagens dentro das faixas das frações.

Abertura das
Material Retido (g) % Retida
Peneiras (mm)
50,8 10 1%
Peneirament

Massa seca
o Grosso

1%
= 1000g

38 10
25 10 1%
19 10 1%
9,5 10 1%
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 63

4,8 10 1%
2 10 1%
1,2 10 8,3%

Peneiramento

Massa seca =
0,6 20 16,7%
8,3%

120g
Fino 0,42 10
0,25 30 25%
0,15 10 8,3%
0,075 40 33,3%

Fração Granulométrica (mm) % de material contido nas frações


20 < Pedregulho grosso < 60 1% + 1% +1% = 3%
6,0 < Pedregulho médio < 20 1% +1% = 2%
2,0 < Pedregulho fino < 6,0 1% +1% = 2%
0,6 < Areia grossa < 2,0 8,3% + 16,7% = 25%
0,2 < Areia média < 0,6 8,3% + 25% = 33,3%
0,06 < Areia fina < 0,2 8,3% + 33,3% = 41,6%
0,002 < Silte < 0,06
Argila < 0,002

Para a classificação de solo, conforme apresentado na tabela acima, com 41,6% dos grãos
estão entre 0,06mm e 0,2mm, ou seja, a maior proporção entre as outras frações, o solo é
classificado como AREIA FINA.

4.7 LIMITES DE CONSISTÊNCIA

Os limites de consistência são usados para separar os estados de consistência de um solo fino
ou da fração fina de um solo grosso, através de um teor de umidade limite entre dois estados.
Assim, o limite de liquidez (LL) é o teor de umidade limite entre o estado de consistência líquido
e o plástico, enquanto o limite de plasticidade (LP) e o de contração (LC) separa o estado de
consistência plástico do semi-sólido e, o estado de consistência semi-sólido do sólido,
respectivamente; cada um deles apresenta uma interpretação física bem definida (Figura 66)

Figura 66 – Estados do solo.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 64

A determinação do valor de cada um desses teores de umidade limites é através de um ensaio


de laboratório próprio cujos procedimentos se encontram padronizados no Brasil pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas através dos métodos de ensaio NBR-6459, 7180 e
7183.

Desses três limites o de liquidez e o de plasticidade (Figura 67) são os mais usados, tanto na
definição do intervalo de teor de umidade no qual o solo se encontra no estado plástico, quanto
em sistemas de classificação dos solos. Esses limites também são conhecidos como limites de
Atterberg em homenagem ao engenheiro sueco que propôs a utilização desses parâmetros na
cerâmica. Posteriormente, A. Casagrande, nas décadas de 1930 e 1950, modificou o
procedimento inicial dos ensaios para o atual e padronizou o equipamento atualmente usado
na determinação do limite de liquidez dando nome de Casagrande.

Figura 67 – Limites do solo.

4.7.1 Limite de Liquidez – NBR 6459

O Limite de Liquidez (LL) é um teor de umidade. Neste procedimento determinam-se várias


pontos de solo com umidades diferentes, visualmente identificadas com a utilização do
Aparelho de Casagrande (em homenagem ao cientista Arthur Casagrande), o qual usa a
energia potencial para fazer a acomodação de uma amostra de solo (Figura 68).

Figura 68 – Equipamento Casagrande.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 65

O ensaio é realizado com uma amostra do solo preparada segundo a NBR 6457, com secagem
prévia, destorroado e que passa na peneira de 0,42 mm de abertura (#40) (Figura 69).

Figura 69 – Equipamentos do ensaio limite de liquidez.

A amostra é umidificada com água destilada, preparando uma pasta com um dado teor de
umidade, homogeneizá-lo bem, a norma estipula um tempo de 15 a 30 minutos de
homogeneização. Recomenda-se que o ensaio seja feito em ambiente com umidade relativa do
ar elevada.

Em seguida colocar na concha (Casagrande) cerca de 50 a 75g da amostra. Uma ranhura é


aberta no raio central da concha com a utilização de cinzel, cerca de 10mm de espessura.
(Figura 70).

Figura 70 – Procedimento para observação do solo (Casagrande).


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 66

O teor de umidade inicial deve ser tal que sejam necessários 15 golpes para fechar a ranhura.
Cuidar para que não haja bolhas de ar. Usar uma espátula para alisar a superfície do solo na
concha. A manivela é girada elevando a concha e permitindo que ela se libere e bata na base,
fazendo com que o solo, na base da ranhura, se encontre cerca de 13mm (Figura 71).

Figura 71 – Visualização da ranhura antes e após o fechamento.

Remover 5g de solo das imediações da parte fechada da ranhura, para determinar o teor de
umidade.

Homogeneizar o material novamente, incluindo aquele que foi removido da concha, e repetir o
ensaio para se obter pelo menos mais dois pontos no gráfico, com golpes entre 20 e 25, e
outros dois pontos entre 25 e 30 golpes. Este procedimento também pode seguir de forma
inversa se o número de golpes inicial foi acima de 15 golpes: parte-se da condição mais seca
e, sucessivamente, a pasta de solo é umedecida para obtenção dos outros pontos do ensaio.
Após a adição de água, deve-se homogeneizar a mistura por pelo menos três minutos.

Os valores devem ser obtidos para a construção do gráfico de fluência mostrado na Figura 72,
onde a escala das abscissas é logarítmica. Cada ponto do gráfico é obtido por um par de
dados umidade (%) x nº de golpes, a umidade só pode ser encontrada após o solo ir para
estufa, fazendo do número de golpes nosso valor de observação do solo. O procedimento
citado acima deve ser repetido pelo menos para mais quatro pontos de ensaio cobrindo o
intervalo de 15 a 35 golpes.

O limite de liquidez é o teor de umidade do solo para 25 golpes, retirado da reta ajustada aos
pontos. Neste gráfico seria LL = 29%.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 67

Figura 72 – Gráfico do ensaio limite de liquidez.

4.7.1 Limite de Plasticidade (LP) – NBR 7180

Plasticidade é a propriedade que os solos têm de serem moldados, sob certas condições de
umidade, sem variação de volume e sem ruptura. Nas argilas, esta é a propriedade mais
importante.

O ensaio é realizado com uma amostra do solo preparada segundo a NBR 6457, com secagem
prévia, destorroado e que passa na peneira de 0,42 mm de abertura (#40), restante da amostra
usada no ensaio de limite de liquidez; os dois ensaios, embora padronizados em normas
diferentes no Brasil, praticamente, constituem um único ensaio porque o resultado de apenas
um dos dois não tem utilidade.

O ensaio tem o objetivo de determina-se o teor de umidade no qual um cilindro de solo


executado com a palma da mão, por meio de movimentos regulares de vaivém, sobre uma
placa de vidro fosco, começa a fissurar ao atingir dimensões padrões: Espessura = 3mm, e
Comprimento = 10cm.

O equipamento, de uso específico do ensaio, é constituído por uma placa de vidro com uma
das faces esmerilhada e, por um cilindro metálico, com 3 mm de diâmetro, que é usado como
elemento comparador, mostrados na Figura 73.

Dependendo da umidade inicial da pasta é preciso acrescentar água destilada ou revolver a


pasta sobre a placa de vidro com uma espátula para aumentar ou reduzir a umidade,
respectivamente. Nos dois casos, no final da preparação a pasta deve estar homogênea, com
uma umidade mais baixa que a do limite de liquidez, mas, ainda comum comportamento
plástico.

Com cerca de 10 g dessa pasta, fazer uma bola e, em seguida, colocá-la sobre a face
esmerilhada da placa de vidro; com a parte lisa da mão sobre ela é iniciada a rolagem da
amostra, Figura 74 à esquerda, até transformá-la em um cilindro, com o diâmetro do cilindro
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 68

padrão, Figura 74 à direita; deve-se evitar a aplicação de uma pressão que possa amassar o
cilindro de solo em vez de rolá-lo.

10 cm

3 mm

Figura 73 – Gabarito para o bastonete do Limite de Plasticidade.

Durante a rolagem a amostra vai perdendo água e, com isso, a umidade vai se aproximando do
limite de plasticidade, mudando o comportamento do solo, de plástico para semi-sólido. Essa
mudança pode ser verificada pelo operador observando o diâmetro e a superfície do cilindro;
quando as duas condições, amostra com diâmetro de 3 mm (comparar com o gabarito, se
necessário) e aparecimento de fissuras na superfície do cilindro, forem obtidas,
simultaneamente, o solo está passando do estado plástico para o semi-sólido.

Figura 74 - Ensaio do limite de plasticidade.

Nesse momento o ensaio é interrompido e as partes fissuradas da amostra são recolhidas para
a determinação do teor de umidade. A amostra recolhida tem uma massa pequena e, por isso,
a pesagem da cápsula deve ser imediata e com toda a atenção.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 69

As operações descritas para a primeira determinação do teor de umidade são repetidas, pelo
menos, mais quatro vezes.

Se as fissuras aparecerem quando o cilindro está com um diâmetro maior que 3 mm a umidade
da amostra é menor que o limite de plasticidade e o solo já se encontra no estado semi-sólido;
para continuar o ensaio é preciso acrescentar água destilada, homogeneizar a pasta e repetir o
procedimento descrito

Se o cilindro atinge um diâmetro menor que 3 mm, sem o aparecimento de fissuras, a umidade
do solo está maior que o limite de plasticidade e o solo ainda está no estado plástico; com uma
espátula a pasta é revolvida na placa de vidro para perder água até que ela esteja em condição
própria para o ensaio.

Com o teor de umidade de cada determinação é calculada a média aritmética desses valores e,
o desvio aceitável de ± 5% da média; os valores do teor de umidade que estiverem fora do
intervalo de aceitação serão desprezados e uma nova média é calculada com os valores
restantes e o desvio aceitável.

A média de, pelo menos, três determinações; cujos valores estão dentro do intervalo de
aceitação, define o limite de plasticidade do solo cujo valor é levado ao inteiro mais próximo da
média e, é apresentado em percentagem.

4.7.2 Índice de Plasticidade (IP)

O índice de plasticidade, calculado como a diferença entre os limites de liquidez (LL) e de


plasticidade (LP), indica o intervalo de variação do teor de umidade no qual o solo se encontra
no estado plástico.

IP = LL - LP

Sempre que o índice de plasticidade não puder ser calculado por não se conseguir determinar
o limite de liquidez ou o limite de plasticidade, o solo deverá ser classificado como não plástico
(NP).

Solos fracamente plásticos (1 < IP < 7)


Solos medianamente plásticos (7 < IP < 15)
Solos altamente plásticos (IP > 15)

4.8 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO EM SOLO – NBR 7182

Vimos nos itens anteriores que o solo apresenta vazios entre as partículas sólidas. Em
construção civil, se desejarmos que um solo resista às cargas, devemos minimizar estes
vazios, isto é, compactá-los. Quando se compacta o solo, tem-se como objetivo deixá-lo com o
menor índice de vazios possível. Assim, quando receber carga ele irá apresentar uma menor
deformação. Em outras palavras, compactação é o processo manual ou mecânico, que visa
reduzir o volume dos vazios do solo, aumentando a resistência deste, tornando-o mais estável.
Na prática, o estado do solo, após compactação, é expresso pelo seu peso específico seco, s ,
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 70

por ser um índice de fácil obtenção, que não se altera, praticamente, se ocorrer pequena
variação do teor de umidade.

Em 1933, Ralph Proctor divulgou suas observações sobre a compactação de solos, mostrando
que, para uma determinada energia de compactação (energia potencial), s varia em função da
umidade em que o solo estiver. A existência de maior quantidade de água, a partir de um valor
baixo, provoca um certo efeito como que de lubrificação entre as partículas sólidas, o que
favorece a compactação. Com a energia aplicada, as partículas deslizam mais facilmente e se
acomodam com menor índices de vazios. A partir de um certo ponto, porém, o grau de
saturação se torna elevado, a compactação não consegue expulsar o ar existente nos vazios,
que se encontra em forma de bolhas fechadas (a curva de compactação não poderá alcançar
nunca a curva de saturação). Assim, existe, portanto, para a energia aplicada, um certo teor de
umidade, denominado umidade ótima, a qual conduz a um peso específico seco máximo.

Dos trabalhos de Proctor surgiu um ensaio universalmente padronizado, frequentemente citado


como Ensaio de Proctor Normal, que no Brasil foi padronizado como Ensaio Normal de
Compactação (NBR 7182). O solo, em diferentes umidades, é compactado em um cilindro com
10 cm de diâmetro e 1000cm3 de capacidade, por meio da aplicação de 26 golpes de um
soquete pesando 25N e caindo de 30,5cm, em três camadas (Figura 75).

Figura 75 – Soquete e cilindro.

Há duas maneiras de se proceder a realização do ensaio: a primeira, partindo-se de uma


amostra reduzida única e reusando-a em cada novo ponto, procedimento esse que dá ao
ensaio o nome de “compactação com reuso da amostra”. A segunda maneira é preparando
amostras reduzidas, em número igual ao de pontos desejados e, realizando o ensaio usando
sempre uma das amostras reduzidas; com esse procedimento é dado ao ensaio o nome de
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 71

“compactação sem reuso da amostra”. Sempre que possível o segundo procedimento deve ser
o preferido.

Escolhido o equipamento necessário é preciso verificar se o volume e a massa do cilindro e, se


a altura de queda e a massa do martelo estão dentro dos valores admitidos na norma
brasileira, NBR 7182.

O volume do cilindro é calculado com os valores médios da altura e do diâmetro interno obtidos
com, um mínimo de, três medições feitas com um paquímetro, com resolução de 0,1mm. A
altura de queda do martelo, indicada com a letra H na Figura 76, é obtida com medições feitas
com uma régua metálica, com resolução de 1mm.

A massa do martelo, igual à soma da massa da sapata, da haste, da manopla e da arruela de


borracha e, a do cilindro deve ser obtida com pesagem realizada em balança, com resolução
de 1g; nesta mesma balança, também, deverá ser obtida a do cilindro e do corpo de prova
compactado, de cada ponto do ensaio. Na Figura 75 estão mostradas, separadamente e em
cortes longitudinais, as várias partes do equipamento de compactação. Verificar se o soquete
(guia + martelo) está em boas condições permitindo a queda livre do martelo.

Figura 76 – Equipamentos para ensaio de compactação.

O procedimento de preparação da amostra reduzida é o mesmo quer a amostra representativa


tenha tido uma secagem prévia ou não, de acordo com a NBR 6457. Podem ser utilizados três
processos para a preparação de amostras para ensaios de compactação:

a) Preparação com secagem prévia até a umidade higroscópica;


b) Preparação a 5% abaixo da umidade ótima presumível;
c) Preparação a 3% acima da umidade ótima presumível.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 72

Fixar o molde cilíndrico à sua base, acoplar o cilindro complementar e apoiar o conjunto em
uma base rígida. Caso se utilize cilindro grande, colocar o disco espaçador. Se necessário,
colocar uma folha de papel filtro com diâmetro igual ao do molde utilizado, de modo a evitar a
aderência do solo compactado com a superfície metálica da base ou do disco espaçador.

Na bandeja metálica, com auxílio da proveta de vidro, adicionar água destilada, gradativamente
e revolvendo continuamente o material, de forma a se obter teor de umidade desejado.

Após completa homogeneização do material, proceder à sua compactação, atendo-se ao


soquete, número de camadas e número de golpes por camada correspondentes à energia
desejada (Tabela 6). Os golpes do soquete devem ser aplicados perpendicularmente e
distribuídos uniformemente sobre a superfície de cada camada, sendo que as alturas das
camadas compactadas devem estar aproximadamente iguais (Figura 77). A compactação de
cada camada deve ser precedida de uma ligeira escarificação da camada adjacente.

Figura 77 – Golpes aplicados de forma perpendicular.

Existem inúmeras energias de compactação. A norma brasileira contempla, alemã da energia


Normal, duas outras, denominadas Intermediária e Modificada, de emprego comum em
pavimentação. As energias de compactação usuais são de 6kgf/cm3 para o Proctor Normal,
12,6 kgf/cm3 para o Proctor Intermediário e 25 kgf/cm3 para o Proctor Modificado.

Tabela 6 – Energias de compactação e nº de camadas.

Características inerentes a cada energia Energia


Cilindro
de compactação Normal Intermediária Modificada
Soquete Pequeno Grande Grande
Pequeno Número de camadas 3 3 5
Número de golpes por camada 26 21 27
Soquete Grande Grande Grande
Grande
Número de camadas 5 5 5
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 73

Número de golpes por camada 12 26 55


Altura do disco espaçador (mm) 63,5 63,5 63,5

Após a compactação da última camada, retirar o cilindro complementar depois escarificar o


material em contato com a parede do mesmo, com auxílio de espátula. Deve haver um excesso
de, no máximo, 10mm de solo compactado acima do molde que deve ser removido e rasado
com auxílio de régua biselada. Feito isso, remover o molde cilíndrico de sua base e, no caso do
cilindro pequeno, rasar também a outra face.

Pesar o conjunto, com resolução de 1g, e, por subtração do peso do molde cilíndrico, obter o
peso úmido do solo compactado, Ph. Com auxílio do extrator, retirar o corpo-de-prova do molde
e do centro do mesmo, tomar uma amostra para determinação da umidade, W, de acordo com
a NBR 6457 (Figura 78).

Destorroar o material, com auxílio da desempenadeira e da espátula, até que passe


integralmente na peneira de 4,8mm ou na de 19mm, respectivamente, conforme a amostra,
após preparada, tenha ou não passado integralmente na peneira 4,8mm.

Figura 78 – Retirada do corpo do prova.

Juntar o material assim obtido com o remanescente na bandeja e adicionar água destilada,
revolvendo o material, de forma a incrementar o teor de umidade de aproximadamente 2%.

Repetir o procedimento até se obter cinco pontos, sendo dois no ramo seco, um próximo à
umidade ótima (Wótima), preferencialmente no ramo seco e dois no ramo úmido da curva de
compactação.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 74

Os teores de umidade e os pesos específicos secos de cada determinação são colocados num
gráfico, donde os parâmetros de interesse são determinados.

Para um mesmo solo, aumentando-se a energia de compactação, a curva se desloca para a


esquerda e para cima. Quando o solo se encontra com umidade abaixo da ótima, a aplicação
de mais energia provoca aumento de densidade; quando a umidade é maior do que a ótima,
entretanto, maior esforço de compactação tem pouco efeito, pois não consegue expelir o ar dos
vazios, única forma de aumentar a densidade. Quando isto ocorre na compactação de campo,
o fenômeno é referido como a ocorrência de borrachudo, expressão que descreve o aspecto
do solo. Por esta razão é que não se compacta a base de um pavimento após a ocorrência de
chuva.

Determinar a massa específica aparente seca, utilizando-se a expressão:

Onde:
s= massa específica aparente seca, em g/cm3;
Ph = peso úmido do solo compactado, em g;
V = volume útil do molde cilíndrico, em cm3;
W = teor de umidade do solo compactado, em %.

Utilizando as coordenadas cartesianas normais, traçar a curva de compactação, marcando-se


em abcissas os teores de umidade, W, e em ordenadas as massas específicas aparentes
secas correspondentes, s. A curva resultante deve ter um formato aproximadamente
parabólico (Figura 79).

Figura 79 – Curva de compactação.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 75

4.8.1 Equipamentos de Campo

Os princípios que estabelecem a compactação dos solos no campo são essencialmente os


mesmos discutidos anteriormente para os ensaios em laboratórios. Assim, os valores de peso
específico seco máximo obtido são fundamentalmente função do tipo do solo, da quantidade de
água utilizada e da energia específica aplicada pelo equipamento que será utilizado, a qual
depende do tipo e peso do equipamento e do número de passadas sucessivas aplicadas.

A energia de compactação no campo pode ser aplicada, como em laboratório, de três maneiras
diferentes: por meios de esforços de pressão, impacto, vibração ou por uma combinação
destes. Os processos de compactação de campo geralmente combinam a vibração com a
pressão, já que a vibração utilizada isoladamente se mostra pouco eficiente, sendo a pressão
necessária para diminuir, com maior eficácia, o volume de vazios interpartículas do solo.

Os equipamentos de compactação são divididos em três categorias: os soquetes mecânicos;


os rolos estáticos e os rolos vibratórios.

4.8.1.1 Soquetes
São compactadores de impacto utilizados em locais de difícil acesso para os rolos
compressores, como em valas, trincheiras, etc. Possuem peso mínimo de 15Kgf, podendo ser
manuais ou mecânicos (sapos) (Figura 80). A camada compactada deve ter 10 a 15cm para o
caso dos solos finos e em torno de 15cm para o caso dos solos grossos.

Figura 80 – Sapo.

4.8.1.2 Rolos Estáticos


Os rolos estáticos compreendem os rolos pé-de-carneiro, os rolos lisos de roda de aço e os
rolos pneumáticos.

• Pé-de-Carneiro

Os rolos pé-de-carneiro são constituídos por cilindros metálicos com protuberâncias (patas)
solidarizadas, em forma tronco-cônica e com altura de aproximadamente de 20cm. Podem ser
alto propulsivos ou arrastados por trator. É indicado na compactação de outros tipos de solo
que não a areia e promove um grande entrosamento entre as camadas compactadas.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 76

A camada compactada possui geralmente 15cm, com número de passadas variando entre 4 e
6 para solos finos e de 6 e 8 para solos grossos. A Figura 81 ilustra um rolo compactador do
tipo pé-de-carneiro.

As características que afetam a performance dos rolos pé-de-carneiro são a pressão de


contato, a área de contato de cada pé, o número de passadas por cobertura e estes elementos
dependem do peso total do rolo, o número de pés em contato com o solo e do número de pés
por tambor.

Figura 81 - Rolo Pé-de-Carneiro

• Rolo Liso

Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água, a fim de
que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em capeamentos
e são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados em espessuras
inferiores a 15cm.

Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15cm com 4 a 5 passadas. Os rolos lisos
possuem pesos de 1 a 20t e frequentemente são utilizados para o acabamento superficial das
camadas compactadas. Para a compactação de solos finos utilizam-se rolos com três rodas
com pesos em torno de 7t para materiais de baixa plasticidade e 10t, para materiais de alta
plasticidade. A Figura 82 ilustra um rolo compactador do tipo liso.

Os rolos lisos possuem certas desvantagens como, pequena área de contato e em solos mole
afunda demasiadamente dificultando a tração.

Figura 82 - Rolo Liso


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• Rolo Pneumático

Os rolos pneumáticos são eficientes na compactação de capas asfálticas, bases e sub-bases


de estradas e indicados para solos de granulação fina e arenosa. Os rolos pneumáticos podem
ser utilizados em camadas de até 40 cm e possuem área de contato variável, função da
pressão nos pneus e do peso do equipamento.

Pode-se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados. Neste caso, muito
cuidado deve ser tomado no sentido de se evitar a ruptura do solo. A Figura 83 ilustra um rolo
pneumático.

Figura 83 - Rolo Pneumático

4.8.1.3 Rolos Vibratórios


Nos rolos vibratórios, a frequência da vibração influi de maneira extraordinária no processo de
compactação do solo. São utilizados eficientemente na compactação de solos granulares
(areias), onde os rolos pneumáticos ou pé-de-carneiro não atuam com eficiência. Este tipo de
rolo quando não são usados corretamente produzem super compactação. A espessura máxima
da camada é de 15cm (Figura 84).

Figura 84 - Rolo Vibratório.


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4.8.1.4 Escolha dos Equipamentos de Compactação


a) Solos Coesivos

Nos solos coesivos há uma parcela preponderante de partículas finas e muito finas (silte e
argila), nas quais as forças de coesão desempenham papel muito importante, sendo indicada a
utilização de rolos pé-de-carneiro e os rolos conjugados.

b) Solos Granulares

Nos solos granulares há pouca ou nenhuma coesão entre os grãos existindo, entretanto atrito
interno entre os grãos, sendo indicada a utilização rolo liso vibratório.

c) Mistura de Solos

Nos solos misturados encontram-se materiais coesivos e granulares em porções diversas, não
apresenta característica típica nem de solo coesivo nem de solo granular, sendo indicada a
utilização de pé-de-carneiro vibratório.

d) Mistura de argila, silte e areia

Rolo pneumático com rodas oscilantes.

e) Qualquer tipo de solo

Rolo pneumático pesado, com pneus de grande diâmetro e largura.

4.8.1.5 Controle de Compactação


Para que se possa efetuar um bom controle de compactação do solo em campo, temos que
atentar para os seguintes aspectos:

- tipo de solo;
- espessura da camada;
- entrosamento entre as camadas;
- número de passadas;
- tipo de equipamento;
- umidade do solo;
- grau de compactação alcançado.

Assim alguns cuidados devem ser tomados:

1) A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura da
camada compactada deverá ser menor que 20cm.
2) Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da umidade
ótima.
3) Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere à umidade
quanto ao material.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 79

5 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

A elaboração de um sistema de classificação dos solos deve partir do conhecimento qualitativo


e quantitativo existentes em um dado instante e ir acumulando mais informações e corrigindo
eventuais distorções, até que em um mesmo grupo possam estar colocados solos com
características naturais semelhantes.

No desenvolvimento de um sistema se deve ter o cuidado para que o volume de informações


requerido do usuário seja de fácil memorização, para que se torne prático. Estas informações
poderão ser obtidas, inicialmente com os testes de identificação tátil-visual e, em seguida com
os ensaios de caracterização que fornecerão os dados para o conhecimento qualitativo e
quantitativo, respectivamente.

Existem diversos sistemas de classificação com um objetivo geral e outros de aplicação


específica a um problema da engenharia geotécnica. Entre os sistemas de classificações
gerais, sete deles serão descritos: geológico, pedológico, granulométrico, trilinear e três dos
sistemas técnicos mais utilizados no Brasil: Sistema Unificado de Classificação dos Solos
SUCS (Unified Classification System – U.S.C.), Transportation Research Board (TRB antigo
HRB) e Corpos de prova Miniatura, Compactados e constituídos de solos Tropicais (MCT).

5.1 GEOLÓGICO

Assim que a ação do intemperismo se faz manifestar sobre uma rocha gerando os fragmentos
e, em seguida os sedimentos, poderão estes permanecer no local de origem (residual) ou
serem transportados (transportados) para outros locais; como já explicado no tópico origem e
formação dos solos.

Esse é um sistema de classificação qualitativa, não apresentando valores numéricos para as


características dos solos. A classificação geológica procura reconhecer, a partir de
observações de campo, a classe de solo (residual ou transportado) que está sendo
investigado. É um sistema mais afeito a geólogos que a engenheiros que, no entanto, não
podem desconhecê-lo. Estes termos foram descriminados no item 1.5.

5.2 PEDOLÓGICO

A pedologia é o ramo da ciência que considera o solo como uma parte natural da paisagem e
tem seu interesse concentrado no estudo da origem, da evolução e da classificação dos solos.
Pedologia é uma palavra de origem grega, onde “pedon” significa terra ou solo; Lepsch (1977)
define solo como “... um objeto completo, que teve sua formação iniciada a partir de uma rocha
que se desagregou mecanicamente e se decompôs quimicamente até formar um material solto,
que com o passar do tempo aprofundou-se e veio a sustentar as plantas.”. Essa definição de
solo não satisfaz à Mecânica dos Solos porque o pedólogo só se interessa pela camada onde
possam crescer raízes de plantas perenes, que nem sempre será aproveitado como material
de construção ou como suporte de uma estrutura pelo engenheiro civil.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 80

Após a intemperização da rocha ou o transporte e deposição dos sedimentos, com a ação dos
agentes biológicos, físicos e químicos, o solo começa a se formar e a sofrer transformações e a
se organizar em horizontes, de aspectos e condições diferentes e aproximadamente paralelos
à superfície do terreno. O perfil de um solo bem desenvolvido possui quatro horizontes
convencionalmente identificados pelas letras O, A, B e C (Figura 85).

Figura 85 – Perfil pedológico dos Solos.

5.3 GRANULOMÉTRICO

A classificação granulométrica está apoiada no conhecimento da curva granulométrica e, em


uma escala que define o tamanho dos sólidos que separam os quatro grupos de solos:
pedregulho, areia, silte e argila.

Existem diferentes escalas sendo usadas e nenhuma é universal, mas, as diferenças entre elas
não alteram, sensivelmente, o nome a ser dado ao solo. Na Tabela 7 estão apresentados os
tamanhos dos sólidos, que definem os intervalos para cada grupo e, para as duas escalas
granulométricas mais usadas.

Tabela 7 – Escala Granulométrica.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 81

A Figura 86 mostra uma divisão dos solos em dois grandes grupos, quatro grupos e oito
subgrupos com base, apenas, na granulometria que é uma característica natural dos solos.

SOLO

Grosso Fino

Pedregulho Areia Silte Argila

Puro Pura Puro Pura

Pedregulhento Arenoso Siltoso Argiloso

Figura 86 – Classificação dos solos pelo tamanho dos grãos.

Para a classificação granulométrica de um solo deve-se retirar da curva as percentagens de


ocorrência de cada um dos grupos; aquele com o maior valor percentual dá o nome ao solo,
enquanto o grupo com valor percentual imediatamente abaixo complementa o nome do solo.
Se o grupo predominante for pedregulho ou areia as percentagens de cada fração devem ser
obtidas e a maior ou as duas maiores são incluídas no nome do solo (Tabela 8)

Tabela 8 – Dados do ensaio de granulometria.

Fração Porcentagem (%)


Pedregulho 5
Grossa 5
Areia Média 65 15
Fina 45
Silte 25
Argila 5

Ainda podemos ter a presença de duas frações de solo que não são predominantes, mas
apresentam porcentagens bem parecidas na composição de solo, podemos citar ambas na
classificação do solo. Como na tabela 8, as duas maiores porcentagens foram de: 45% Areia
fina e 25% silte, logo a denominação deste solo é Areia fina siltosa.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 82

5.4 CLASSIFICAÇÃO TRILINEAR

Como complementação à classificação granulométrica, o triângulo de Feret agrupa os tipos de


solo conforme sua divisão nas frações areia, silte e argila. Esse sistema de classificação dos
solos também é utilizado na engenharia rodoviária e também em Pedologia. É tão simples
quanto a classificação granulométrica e também se utiliza apenas do ensaio granulométrico
para a classificação do solo.

O diagrama está dividido em diversas zonas. Cada zona representa um tipo de solo. Para a
correta utilização do diagrama, basta utilizar das porcentagens de areia, argila e silte presentes
no solo. A partir dessas porcentagens, utilize a orientação da “chave” (Figura 87).

Figura 87 – Sistema trilinear de classificação dos solos.

5.5 SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS - SUCS

O sistema foi desenvolvido pelo Professor A. Casagrande visando a construção de pistas de


pouso e decolagem de aviões durante a 2ª Guerra Mundial. Posteriormente (1948) foi
modificado pelo Prof. Casagrande, o U.S. Bureau of Reclamation, e o U.S. Army Corps of
Engineers para estender seu emprego a barragens, fundações e outras construções. Os solos
foram divididos em três grandes grupos:

a) Solos grossos - aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é maior que
0,074mm (mais que 50% em peso, dos seus grãos, são retidos na peneira nº 200);
Pedregulhos – areias – solos pedregulhosos ou arenosos com pouca quantidade de
finos (silte e argila).
b) Solos finos - aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é menor que
0,074mm; Siltes e argilas.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 83

c) Turfas - solos altamente orgânicos, geralmente fibrilares e extremamente


compressíveis.

Para a classificação foram utilizadas as características granulométricas para os solos grossos,


os limites de consistência (gráfico de plasticidade) para os solos finos e as características
visuais e táteis para os solos orgânicos. Os solos grossos e os finos foram divididos em grupos
e estes em classes; as classes reuniam diversos tipos de solos com características
semelhantes e a cada um deles foi atribuído um símbolo formado por duas letras.

Os símbolos usados na classificação de Casagrande foram mantidos no Sistema Unificado.


Cada símbolo é composto por duas letras: para os solos grossos a primeira letra indica o nome
do grupo e a segunda uma qualidade do solo que está relacionada à característica natural
predominante ou, com não predominante. Para os solos finos a primeira letra indica se o solo é
um silte ou uma argila e, ainda, se é orgânico; a segunda letra indica uma qualidade do solo
referente à característica natural predominante desses solos. As letras usadas nos símbolos
são iniciais das palavras, em inglês, com duas exceções: para os siltes foi usada a inicial da
palavra sueca que significa pó e para os solos altamente orgânicos uma abreviatura da palavra
turfa, em inglês.

 Símbolos dos Solos


 G: Gravel - Pedregulho
 S: Sand - Areia
 M: M0 - Silt - Silte
 C: Clay - Argila
 O: Organic - Orgânico
 Pt: Peat - Turfa
 Símbolos de LL
 H: High (Alta plasticidade) (LL>50)
 L: Low (Baixa plasticidade) (LL<50)
 Símbolos de graduação:
 W: Well-graded (Bem-graduado)
 P: Poorly-graded (Mal-graduado)

O gráfico da plasticidade foi construído com os resultados dos ensaios de limites de


consistência de solos de diferentes locais e origem e, tem como abscissa o limite de liquidez e
como ordenada o índice de plasticidade (Figura 88).

1) A linha A: IP = 0,73(LL - 20)


• acima - solos argilosos
• abaixo - solos siltosos

2) A linha B: LL = 50%
• direita - solos compressíveis e muito plásticos
• esquerda - solos de baixa compressibilidade e de baixa a média plasticidade

3) A linha U: IP = 0,9(LL - 8)
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 84

Figura 88 – Gráfico de Plasticidade.

Em cada classe existem diferentes tipos de solos, o que levou o SUCS a classificar 108 tipos
como mostrado na Tabela 8.

Tabela 8 – Símbolos do sistema unificado.


CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DOS SUBGRUPOS E NOMES CLASSIFICAÇÃO DOS
DOS GRUPOS SOLOS
ENSAIOS DE SÍMBOLO NOME DOS
LABORATÓRIO GRUPO GRUPOS

Pedregulhos limpos; Pedregulho bem


GW
Pedregulhos. % passada na peneira - graduado
Mais de 50% Pedregulho mal
0,074amm < 5% (1) GP
graduado
da fração
grossa retida ML Pedregulho
Pedregulhos com finos; Finos GM
Solos na peneira MH siltoso
% passada na peneira classificados
Grossos 4,8amm CL Pedregulho
0,074smm > 12% (1) como GC
% retida na CH argiloso
peneira Areia bem
0,074amm Areias limpas: SW
Areias. graduada
maior que % passada na peneira -
Mais que Areia mal
50% 0,074amm > 5% (1) SP
50% da graduada
fração passa ML
na peneira Areias limpas: Finos SM Areia siltosa
MH
4,8amm % passada na peneira classificados
CL
0,074amm > 12% (1) como SC Areia argilosa
CH
IP > 7, pontos sobre Argila pouco
CL
ou acima da linha A plástica
Inorgânicos
Siltes e IP < 4, pontos
ML Silte
argilas abaixo da linha A
wL < 50%
Solos Finos wL seco < 0,75 wL Argila orgânica
% retida na Orgânicos OL
natural Silte orgânico
passada
0,074amm Pontos sobre ou Argila muito
maior que CH
acima da linha A plática
50% Inorgânicos
Siltes e Pontos abaixo da
MH Silte elástico
argilas linha A
wL > 50%
wL seco < 0,75 wL Argila orgânica
Orgânicos OH
natural Silte orgânico
Principalmente matéria orgânica, cor escura e
Solos altamente orgânicos PT Turfa
cheiro
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 85

Para determinação dos percentuais dos componentes utiliza-se percentagem passante,


isolada, de cada peneira, determinam-se os percentuais dos grãos menores que a peneira, e
observando-se as dimensões de cada componente do solo, acham-se os percentuais de cada
componente do solo. Com os valores de %P200, Cu e Cc, e os percentuais dos componentes
do solo, entramos no quadro de classificação e determinamos o tipo do solo: GW, GP,GC, GM,
GW-GC, GP-GM, SW, SP, SC, SM, SW-SC, SP-SC, etc (Tabela 9).

Tabela 9 – Esquema para classificação pelo Sistema Unificado.

EXEMPLO:

 30% passa #200


Linha A SC
 70% passa #4 IP = 0,73 (LL -20) (> 15% pedregulho)
 LL = 33% IP = 0,73 (33-20) = 9,49 AREIA ARGILOSA COM
PEDREGULHO
 IP = 12%
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 86

5.6 TRANSPORTATION RESEARCH BOARD - TRB

Sistema de classificação muito usado pelos engenheiros de estrada. Neste sistema, também
se inicia a classificação pela constatação da porcentagem de material que passa na peneira
#200 (solos grossos têm menos de 35% passado). Os solos reunidos em grupos e subgrupos
em função da sua granulometria e plasticidade. Seguem uma ordem decrescente de qualidade
de A1 a A8 (Tabela 10).

A1 = ótimo
A8 = péssimo

Os solos são também divididos em três grupos:

Solos granulares = A1 – A2 – A3
Solos finos = A4 – A5 – A6 – A7
Turfa = A8
Índices a serem observados
P10 – percentual passante na peneira nº 10;
P40 – percentual passante na peneira nº 40;
P200 – percentual passante na peneira nº 200;
LL – limite de liquidez;
IP – índice de plasticidade;
IG – índice de grupo.

O índice de grupo, introduzido pelo sistema TRB, é um número inteiro, que varia de 0 a 20, e
define a capacidade de suporte de um solo quando é utilizado como fundação de um
pavimento. Quanto maior o IG, mais pobre será o material do subleito. O valor 0 indica um solo
bastante resistente (ótimo) e 20 um solo mole (péssimo).

IG = 0,2 a + 0,005 a c + 0,01 b d

Onde:
a = P200 – 35 (variando de 0 a 40)
b = P200 – 15 (variando de 0 a 40)
c = LL – 40 (variando de 0 a 20)
d = IP – 10 (variando de 0 a 20)

Obs: as diferenças só podem ser utilizadas dentro do intervalo permitido. Caso ultrapasse o
limite, usar o limite.
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 87

Tabela 10 – Classificação geral TRB.

Este sistema de classificação se diferencia da classificação unificada em três pontos:

d) Considera a diferença entre solos granulares e finos a partir de 35% de percentual passante
na peneira #200;

e) Considera os percentuais passantes das peneiras no 10 e no 40;

f) Não oferece parâmetros qualitativos de graduação e compressibilidade.

Mas este sistema se assemelha ao Sistema Unificado pela sistemática de classificação


baseada na granulometria e nos limites de Atterberg. Neste sistema, os solos com menos de
35% passando na peneira #200 (solos grossos ou granulares) são divididos nos grupos A-1a,
A-1b, A-2 e A-3. Os solos com percentual mínimo passante na peneira #200 igual a 35% (solos
finos) são classificados em A-4, A-5, A-6 e A-7 (Tabela 11).
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 88

Tabela 11 – Sistema de Classificação de Solos HRB.

5.7 MINIATURA COMPACTA TROPICAL - MCT

Nas regiões tropicais, onde as condições climáticas são de chuvas abundantes e temperaturas
mais altas, os processos intempéricos são mais intensos provocando uma desintegração
rápida de alguns minerais e, com isso, resultando solos com características peculiares à sua
formação, chamados de solos tropicais; é preciso salientar que nem todos os solos existentes
nessas regiões apresentam as características dos solos tropicais e portanto não podem ser
considerados como tais; dois grupos de solos tropicais, os lateríticos e os saprolíticos.

Entre os sistemas de classificação dos solos tropicais, o MCT (Miniatura, Compactado,


Tropical) é o mais usado no Brasil. A classificação MCT, proposta por Nogami e Villibor (1981),
se baseia em ensaios de compactação e perda de massa por imersão de corpos-de-prova. É a
classificação de maior aceitação e uso no meio técnico rodoviário brasileiro.

Sua metodologia de classificação envolve, basicamente, ensaios de compactação com corpos-


de-prova de 50 mm de diâmetro, denominados Mini-MCV, ou de 26mm de diâmetro,
denominados subminiatura; e ensaios de perda de massa por imersão (Figuras 89, 90, 91).
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 89

Figura 89 – Sequência do Ensaio Mini-MCV.

Figura 90 – Compactação Mini-MCV.

Figura 91 – Perda de massa por imersão.


IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 90

A Figura 92 mostra a distribuição dos solos tropicais, em sete classes, de acordo com a
classificação MCT; para a construção do gráfico foram utilizadas variáveis extraídas de
resultados dos ensaios de compactação e do Mini-MCV (Mini-Moisture Condition Value), onde
a abscissa c' é a inclinação do trecho reto da curva de deformabilidade, correspondente a Mini-
MCV 10 e a ordenada e' deve ser calculada através da equação, onde d' é a inclinação do
ramo seco da curva de compactação Mini-MCV, para uma energia resultante da aplicação de
12 golpes do soquete, e Pi é a percentagem de perda de massa após a imersão do corpo de
prova compactado.

Figura 92 – Carta de classificação MCT.

A classificação MCT agrupa os solos tropicais em duas grandes classes quanto ao


comportamento: lateríticos (L) e não-lateríticos (N). Estas duas grandes classes se subdividem
em grupos, de acordo com seu comportamento, designados pelas suas características
granulométricas. De acordo com os ensaios é possível classificar os solos em um dos sete
grupos, podendo-se com isto prever suas propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos
quando compactados para fins de obras viárias. Cada uma das sete classes é simbolizada por
um par de letras: a primeira indica o comportamento laterítico (L) ou não laterítico (N), de um
solo tropical, enquanto a segunda letra A, A', G', S' indica que o solo é uma areia, arenoso,
argiloso ou siltoso, respectivamente. A linha pontilhada mostrada na Figura 89 separa os solos
de comportamento laterítico dos não lateríticos. Os solos contidos em cada uma dessas
classes podem ser descritos como:
IFB – Curso Técnico em Edificações – Mecânica dos Solos 91

- Classificação:
 LG’: argilas lateríticas e argilas lateríticas arenosas;
 LA’: areias argilosas lateríticas;
 LA: areias com pouca argila laterítica;
 NG’: argilas, argilas siltosas e argilas arenosas não-lateríticas;
 NS’: siltes caolínicos e micáceos, siltes arenosos e siltes argilosos não-lateríticos;
 NA’: areias siltosas e areias argilosas não-lateríticas;
 NA: areias siltosas com siltes quartzosos e siltes argilosos não-lateríticos.

Os solos originados sob clima temperado não sofrem, durante sua história geológica,
processos de alteração química tão intensos quanto os sofridos pelos solos originados em
clima tropical. Entre algumas diferenças pode se destacar:

a) a fração tamanho argila dos solos lateríticos contém óxidos hidratados de alumínio e/ou ferro
e pequenas quantidades de minerais argílicos;

b) os solos lateríticos não são expansivos, podem exibir alta permeabilidade e alta capacidade
de carga quando compactado;

c) a fração tamanho silte dos solos lateríticos e solos saprolíticos são geralmente cimentados
por óxidos hidratados de alumínio e ferro. Normalmente comportam-se como areias finas.

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