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Falências

Prof. Caio Machado


Victória Borda 2018.2

No Brasil, usualmente, utiliza-se o termo “insolvente” para fazer referência ao civil e


“falência” para pessoas jurídicas.

GARANTIA DOS CREDORES


Na Antiguidade, o que garantia o credor era a coação física. Desse modo, diante do
inadimplemento das suas obrigações, sofreria coação física, podendo ser preso, escravizado ou, até
mesmo, executado. Na Grécia, por exemplo, havia a possibilidade de servidão pessoal do devedor, isto
é, o sujeito era vendido na condição e escravo para que o credor pudesse reaver seu crédito.

Lex Julia (140 a.C) – credores poderiam ser imitidos na posse dos bens do devedor, visando
evitar desvio patrimonial. Explique-se que não se tratava de tomar para si o bem do devedor, mas
somente garantir a inocorrência do desvio. Com essa possibilidade, não havia mais qualquer tipo de
constrição pessoal, salvo a nota e infâmia (divulgação da imagem do devedor). No decorrer dos anos,
o devedor poderia oferecer todo seu patrimônio para adimplir a obrigação, não podendo haver recusa
do credor em recebê-lo.

Nada obstante, durante a Idade Média, verificou-se certo retrocesso no tratamento do


devedor, verificado, sobretudo, no retorno da pena de morte do devedor. Com a falência, pressupunha-
se a fraude.

A expressão bancarota, que deu origem à “bankruptcy”, diz respeito à quebra das bancas dos
mercadores italianos que não conseguiam cumprir com seus compromissos. Assim, estavam impedidos
de comercializar, ocupar cargos públicos e participar de corporações de ofício.

A partir do século XV, surge a distinção entre a falência decorrente de culpa do indivíduo e a
fundada apenas no acaso, relacionado ao risco assumido pelo comerciante.

Na sequência, com a ocorrência da Revolução Francesa e o recrudescimento das ideias


iluministas, as regras relativas à falência voltam a ser humanizadas. Estabelece-se o tratamento
igualitário entre os credores com iguais condições – par conditio. Surge, também, o instituto da
concordata – uma concordância entre credores e devedor para que o devedor pudesse se
reestabelecer, com uma extensão de prazo, e conseguir fazer frente a todas as dívidas. Ocorria, então,
a dilação do prazo e a alguma redução do valor da dívida.

Na Idade Contemporânea, emerge o direito Penal Falimentar, aplicado somente à falência


desonesta. Todavia passou-se a criticar seu caráter excessivamente processual e a consequente
demora na liquidação dos bens do devedor para arcar com as dívidas.

Nos séculos XVIII e XIX, em meio à revolução industrial, emergem as macroempresas.

Começou-se a conceber a possibilidade de que auxiliar a empresa em crise seria mais


proveitoso para o sistema como um todo. É o que se chama de ponto de inflexão: os sistemas
falimentares deixam de ter o foco na liquidação da empresa para pagamento dos credores e voltam-se
para a preservação da empresa.
Concluiu-se que o sistema deveria considerar dois fatores: meio de recuperação das empresas
viáveis e meio de rápida liquidação das empresas inviáveis. Isso porque, apesar de haver a valorização
da recuperação das empresas, há que se reconhecer a existência de empresa irrecuperáveis.
Aula 2 – 24/08

A Lei nº 11.101/2005 quebra um paradigma pendular das legislações brasileiras, que oscilava
entre favorecer o credor e ora favorecer o devedor. Ela estabelece como princípio básico do nosso
sistema de recuperação e falências o princípio da preservação da empresa.

Ao tratar deste, percebe-se que ele surge em benefício da própria sociedade. O regime anterior
era, pretensamente, pró-devedor, dificultando a liquidação do ativo. Nada obstante, passou-se a
perceber que a empresa abrange mais do que seus sócios, abarcando seus trabalhadores, a sociedade
enquanto geradora de tributos, etc. Trata-se de um complexo de relações afetado pelo destino da
empresa. Logo, ao se falar em preservar a empresa não significa necessariamente preservar o
patrimônio do controlador da empresa.

Essa lei estabelece 3 regimes: o regime de recuperação judicial, o regime de recuperação


extrajudicial – ambos do regime RECUPERATÓRIOS – e a falência – uma espécie do gênero regime
LIQUIDATÓRIO. A falência é um regime de organização de um processo de execução coletiva do
patrimônio do devedor com o objetivo de satisfazer os credores.

Mesmo no regime de falência, pode-se ter preservação. É o ocorreria, por exemplo, se a


empresa – enquanto estabelecimento – fosse vendida a um terceiro.

O que diferencia os regimes são suas finalidades. No caso dos recuperatórios, trata-se de
recuperar empresas viáveis e, no liquidatório, liquidar empresas inviáveis.

Hoje, entende-se um regime eficiente como uma combinação de ambos, fazendo conviver
esses dois aspectos: manter a empresa e liquidar o que puder de forma rápida.

Anteriormente, havia a concordata, um favor legal dado pelo judiciário. Nesta, basicamente
eram concedidas a possibilidade de extensão do prazo de pagamento e um desconto. Ocorre que ela
se limitava aos credores quirografários, o que era insuficiente. Enquanto esses estavam sujeitos aos
efeitos, os demais não possuíam qualquer tipo de restrição e continuavam atingindo o patrimônio do
devedor. Havia um caráter eminentemente processualista e demorava por demasiado.

Os critérios para sua concessão eram objetivos, não levando em consideração a natureza da
atividade desenvolvida, o tamanho da empresa, a qualidade dos credores e dos créditos, o perfil da
dívida, etc.

O alicerce de um sistema econômico é a disponibilidade de crédito, pois no sistema capitalista,


é, justamente a circulação de riquezas, que fomenta a produção. Para que a riqueza circule é
importante que existam pessoas que queiram empreender – e para isso a existência de regras claras -,
que queiram financiar a atividade e, para tanto deve haver um retorno do financiamento.

Assim, quanto mais ineficiente é um sistema de insolvência, em tese, maior risco do crédito.
Desse modo, aumenta-se o próprio custo do crédito. Por conseguinte, diminui-se o número de pessoas
investindo nos empreendimentos, logo, haverá redução do volume de pessoas empreendendo. Por
conseguinte, afeta-se toda a cadeia do sistema.

A eficiência do sistema de insolvência não corresponde ao favorecimento dos credores em


detrimento do devedor e vice e versa. Nesse contexto, a função da lei de falências é propiciar um
ambiente de cooperação entre os agentes envolvidos, de modo que haja um afastamento do cenário
de competição anterior.

Entende-se que a preservação da empresa, prevista na legislação, não ocorrerá a qualquer


custo. Certamente, a depender do quadro fático, a falência pode emergir como a melhor alternativa.

A participação dos trabalhadores no regime de falência limita-se aqueles que possuem créditos.
Assim, se não houver crédito por dívidas trabalhistas, não irá participar, embora vá sofrer reflexos do
procedimento.

No regime de recuperação judicial, os créditos tributários não são abrangidos pelo plano. Em
razão disso, a Fazenda Pública não participa no plano, não vota, etc. De outro modo, se o plano aprovado
pelos credores e homologado pelo juiz ainda for inadimplido pelo devedor, a lei prevê a convolação do
regime de recuperação em falência. Nesse caso, a Fazenda Pública passa a participar do processo.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Consiste no regime mais importante da lei, no qual há possibilidade de renegociação coletiva
do passivo do devedor. A negociação coletiva é necessária para garantir o sucesso. Todavia, alguns
credores são excetuados, quais sejam os tributários (art. 6º, §7º), art. 49, § 3º e art. 86, II.
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e
execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do
sócio solidário.

§ 7º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da


recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do
Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica.

No caso do art. 6º, perceba-se que o caput faz menção à recuperação judicial e a falência
(Automatic Stay period). De outro modo, a disposição do § 7º diz respeito somente à recuperação
judicial, pois, conforme já apontado, fazenda participa do processo de falência.
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na
data do pedido, ainda que não vencidos.

§ 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de


bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou
promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham
cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações
imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de
domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e
prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições
contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo,
durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a
venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital
essenciais a sua atividade empresarial.

Já o art. 49, § 3º, traz a hipótese de um credor fiduciário também como uma exceção. Os
financiamentos dados pelas instituições são garantidos através da alienação fiduciária. Assim, sob o
argumento de que se o sistema quisesse um crédito mais barato teria uma garantia de que receberiam
seus créditos - não se submeteriam ao plano da recuperação judicial. Questiona-se tal dispositivo, dado
que fora fixado tratamento desigual entre os credores. Discute-se isso porque, na prática, o custo do
crédito nos bancos, não for barateado – fato que demonstrou ter o regime de insolvência pouca
influência no custo do crédito.
Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro:

II – da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional,


decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma
do art. 75, §§ 3o e 4o, da Lei no 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o
prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o
previsto nas normas específicas da autoridade competente;

Por seu turno, o disposto no art. 86, II trata da hipótese de um crédito decorrente de
adiantamento de câmbio para exportação.

O sistema brasileiro admite apenas um único como legítimo para fazer o pedido de recuperação
judicial – o devedor. Na falência, o pedido pode ser feito por um credor ou, ainda, pode ser um pedido
de autofalência. Como consequência natural, a elaboração do plano de RJ compete ao devedor. Nada
obstante, não será homologado pelo Juiz sem a concordância dos credores – ou, ainda, sua não
oposição.

O efeito da concessão da recuperação judicial – e não do deferimento nos termos do caput do


art. 6º - consiste na novação das obrigações abrangidas pelo plano (art. 59). Assim, são extintas as
obrigações existentes no plano e substituídas por novas. O inadimplemento dessas últimas, tal como
apontado, resulta em convolação da RJ em falência. Há um prazo de 2 anos que deve ser observado
pelo devedor. Todavia, possível que o plano contemple obrigações com previsão de pagamento
superior ao prazo da permanência em RJ. Posteriormente, essas serão entendidas como obrigações
extrajudiciais.

RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
Pouco utilizada, corresponde a um acordo levado ao judiciário apenas para homologação.
Possui as mesmas limitações de abrangência da RJ, logo, também não estão incluídos os credores acima
mencionados.

A adesão é voluntária, havendo, necessariamente, uma negociação entre devedores e


credores.

Ponto importante é a ausência do automatic stay period, sendo essa uma diferença substancial
para a recuperação judicial. Nesse caso, portanto, não há a suspensão das ações em execução.

Outro aspecto fundamental consiste no fato de que tanto na RJ quanto na falência, há


dispositivos alienando ativos do devedor. Existe um estímulo, protegendo essa alienação, protegendo-
o de dívidas. Não há, na recuperação extrajudicial, a alienação dos ativos sem o risco de sucessão de
dívidas trabalhistas ou tributárias do devedor.

Na recuperação judicial, se tem o debtor in possession (art. 64). De outro modo, na falência,
surge a figura do administrador judicial – posto que a preservação da empresa da falência não se dá da
mesma forma que na recuperação judicial. Nessa última, objetiva-se a manutenção da empresa sob
direção do mesmo dono, o que já não ocorre na falência.

Aula 3 - 31/08
PRINCÍPIOS
1. Preservação da empresa
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da
situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua
função social e o estímulo à atividade econômica.

Em que pese o Art. 47 esteja relacionado à recuperação judicial, sua aplicação se estende aos
demais regimes.
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e
execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do
sócio solidário.

Esse dispositivo pretendeu, ao determinar a suspensão das ações em curso, “dar folêgo” à empresa
e permitir que ela consiga renegociar suas dívidas.
Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos
anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos,
sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1o do art. 50 desta Lei.

Art. 165. O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua


homologação judicial.

Trata-se da novação dos créditos, ou seja, todos os créditos anteriores ao pedido da recuperação
judicial são novados. Sendo assim, são extintas e substituídas pelas novas obrigações previstas no plano
de recuperação judicial. Similar ocorre no caso da recuperação extrajudicial.
Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor
durante a recuperação judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com
fornecedores de bens ou serviços e contratos de mútuo, serão considerados
extraconcursais, em caso de decretação de falência, respeitada, no que
couber, a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.

Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com


precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os
relativos a:

Trata das obrigações contraídas durante a recuperação judicial e as trata como obrigações
extraconcursais (84), os quais tem prioridade de recebimento em relação aos previstos no art. Se não
tivessem prioridade no recebimento, quem financiaria? Portanto, trata-se de estimulo ao
funcionamento para que, por fim, siga em atividade.
Art. 60, Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e
não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as
de natureza tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei.

Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa


ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este
artigo:

II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão


do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza
tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de
acidentes de trabalho.

A partir disso entende-se que quem arremata o estabelecimento não será sucessor dos seus
ônus.
Art. 64. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus
administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob
fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial, salvo se
qualquer deles:

Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação


pertinente a cada caso, dentre outros: [lista exemplificativa de todos os meios
que podem ser adotados, questões que podem ser previstas no plano como
forma de viabilizar a recuperação]

Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua


recuperação judicial. [pedir a recuperação no prazo de contestação da
falência, se for identificada possibilidade de manter o funcionamento]

Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas,
observada a seguinte ordem de preferência:

Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação


judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos
termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembléia-geral de
credores na forma do art. 45 desta Lei.

§ 1o O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que


não obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma
assembléia, tenha obtido, de forma cumulativa:

I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do


valor de todos os créditos presentes à assembléia, independentemente de
classes;

II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45


desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a
aprovação de pelo menos 1 (uma) delas;

III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um
terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei.

§ 2o A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no §


o
1 deste artigo se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os
credores da classe que o houver rejeitado.

Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de


recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos,
desde que assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos)
de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos. [possibilidade de
redução do quórum pelo juiz para aprovar o plano]

2. Proteção ao Trabalhador
Os créditos trabalhistas têm caráter alimentício, desse modo, procurou o legislador priorizá-
los.

Art. 83, I - trata e ordem de recebimento dos créditos, assinalando que, dentre os créditos
concursais, o primeiro na ordem de pagamento é o trabalhista.

Art. 54 - pagamento no máximo dentro de 1 ano.

Art. 84, I - todos os serviços prestados pelo trabalhador são considerados extraconcursais e,
logo, possuem prioridade em relação àqueles do art. 83. Uma vez mais, cuida-se de estímulo para que
os trabalhadores sigam em atividade, dado que esses débitos terão posterior prioridade.

Art. 161, § 1o Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de créditos de natureza
tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho, assim como
àqueles previstos nos arts. 49, § 3o, e 86, inciso II do caput, desta Lei.

3. Preservação e Maximização dos Ativos do Falido

Evitar, com eventual demora do processo de RJ/Falência, que os ativos sejam deteriorados.

Art. 113 - venda antecipada de bens perecíveis e deterioráveis

Art. 114 - permissão ao AJ para vender bens da massa falida com o objetivo de gerar renda,
angariando recursos para dar seguimento ao processo.

Art. 140 - alienação dos bens

Art. 50 - duas previsões como forma de maximizar os ativos nos seus incisos VII e XIII. O objetivo
do transpasse é a alienação do estabelecimento, transferindo para outrem, de modo que esse
continuará a atividade. XIII - usufruir e receber os frutos decorrentes do bem, mas a propriedade do
bem se mantém com quem instituiu o usufruto.

4. Celeridade, eficiência e economia processual - (art. 75 parag. único)

Art. 79: princípio da precedência, todos os processos da falência precedem a outros na


distribuição dos processos

Art. 140 parag. 2º: A realização do ativo terá início independentemente da formação do
quadro-geral de credores.

Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de
falência, será iniciada a realização do ativo.

Art. 70 a 72 - tratam do regime 'plano especial de RJ' que se aplica as empresas de pequeno
porte e às microempresas - definidas na LC 123, com base no faturamento anual.

5. Rigor na punição dos crimes falimentares

Art. 168 a 178

Aula 4 – 21.09
DESTINATÁRIOS DA LEI
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e
a falência do EMPRESÁRIO e da SOCIEDADE EMPRESÁRIA, doravante referidos
simplesmente como devedor.

Importante observar que o art. 1º menciona tanto o EMPRESÁRIO quanto a SOCIEDADE EMPRESÁRIA.

Certamente, não são os únicos que exercem atividades econômicas, as quais podem ser
exercidas por outros entes, inclusive pelo Estado. Nada obstante, em seu art. 2º, a lei de falências exclui
uma série de sujeitos da incidência de seu regime. Trata-se aqui de uma opção de política legislativa.

Um banco necessariamente se organiza como sociedade anônima, que possui natureza


empresária, mas em razão de determinação expressa da lei, não se aplica o regime da lei 11.101. De
certo, um banco pode quebrar, mas para todas essas exceções estabelecidas no art. 2º há lei específicas
determinando os regimes parafalimentares – quais os procedimentos aplicáveis a essas sociedades em
caso de crise.

Também tem regime próprio as concessionárias de serviço público de energia elétrica.

Surgem questionamentos: a EIRELI estaria incluída? Ela fora criada depois da lei de falências.
Art. 480 c/c 44, VI, CC.

O empresário individual não se confunde com a EIRELI. Em verdade, ele existe desde antes da
EIRELI, ele tem um registro próprio de empresário, exercendo a atividade empresária em nome próprio
e patrimônio próprio. Ele não cria uma outra personalidade jurídica. Não há distinção em seu patrimônio
entre o que está em seu benefício próprio e o que está a serviço da atividade.

A falência do empresário individual contempla todos os seus bens, sejam eles empregados na
atividade ou não. De outro modo, isso não se aplica à pessoa física não empresária - a quem se aplica o
instituto da insolvência civil, disciplinado pelo CPC de 1973.

O empresário individual também não se confunde com os sócios de uma atividade empresária.
Pode-se ser sócio e não ser empresário. O sócio não pode pedir recuperação judicial.

Sociedade Irregular
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto
por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente
e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.

Se, por exemplo, um grupo de alunos decidir por criar uma sociedade limitada, redigindo seus
atos constitutivos. Enquanto não forem esses registrados, consiste em uma sociedade em comum.
Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios
são titulares em comum.

Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos
sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o
terceiro que o conheça ou deva conhecer.

Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações


sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou
pela sociedade.

Logo, enquanto sociedade em comum, há responsabilidade solidária e ilimitada entre os sócios.


Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido,
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes
requisitos, cumulativamente:

Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e
negociar com credores plano de recuperação extrajudicial.

A sociedade em comum não exerce regularmente. Enquanto não registrada, não poderá se
fazer valer do regime recuperatório da lei. Também não poderá requerer autofalência (art. 97, I).
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:

I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;

Art. 105, IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor


ou, se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus
bens pessoais;

V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei;

Uma sociedade irregular não terá como comprovar o atendimento a esses requisitos, de modo
que não terá capacidade de pedir sua própria falência.

Sociedade Empresária

A falência da sociedade empresária atinge os sócios dessas sociedades cuja responsabilidade


não seja limitada (art. 81). Veja que, mesmo não sendo empresário, a falência, nesse caso, irá atingi-lo.
Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente
responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos
efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser
citados para apresentar contestação, se assim o desejarem.

Combinado com o art. 1.039 não restam dúvidas quanto a isso.

Nas sociedades em comanditas simples, existem sócios de duas categorias: os comanditados


(pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais) e os comanditários
(obrigados somente pelo valor de sua quota) (art. 1.045). Sendo assim, a falência dessas sociedades
atingirá apenas os sócios ilimitadamente responsáveis - os comanditados.

Essa disposição do art. 81 desestimulou a criação dessas sociedades com responsabilidade


ilimitada.

A sociedade em comandita simples e a sociedade em nome coletivo têm registro, adquirem


personalidade própria. Muito embora tenha personalidade própria, ela tenha capacidade de contrair
direitos e obrigações, a lei diz expressamente que em seu prazo de falência os bens dos sócios
ilimitadamente responsáveis também estão sujeitos ao regime.

Sociedade com Responsabilidade LIMITADA

Nessas, não há mistura entre os patrimônios. Logo, a falência da sociedade não implica a
falência de seus sócios.

EIRELI
Ela é composta por um único titular. Seu patrimônio é diferente do patrimônio de seu titular.
Para constitui-la, deve haver um capital de 100 salários mínimos, demonstrando que há um
destacamento do patrimônio do titular para o exercício exclusivo da atividade empresarial.

Isso não ocorre no empresário individual. Na EIRELI, há, de fato, uma limitação da
responsabilidade do titular. No empresário individual, como explicado, não há essa diferenciação. O
empresário individual não possui capital social – a EIRELI sim. Essa tem demonstrações financeiras
distintas das de seu titular. O empresário individual tem a integralidade de seu patrimônio a serviço da
atividade por ele empregada.

Se a EIRELI não realizar atividade empresarial não se aplica a lei 11.101.

Profissionais Liberais

O médico, por si só, ao exercer sua atividade não constitui empresalidade. Todavia, importa
verificar se há elemento de empresa. Se esse estiver presente, será aplicável a lei 11.101.

No caso do advogado, há um regramento específico: o Estatuto da OAB e o provimento da OAB


federal equiparando expressamente a atividade do advogado a das sociedades simples não
empresárias. Logo, em relação a sociedade de advogados, independentemente do seu tamanho, não
será aplicável o regime da lei 11.101.

Sociedade em Conta de Participação


Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto
social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua
própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados
correspondentes.

Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e,


exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social.

Ela não tem seu contrato arquivado, sendo despersonalizada.

Não faz jus a qualquer regime de recuperação, mas os seus sócios podem estar submetidos ao
regime da lei. A aplicação da lei a uma sociedade em conta de participação se dará em função de qual
sócio estará sujeito à incidência do regime de recuperação/falência.

Na crise do sócio ostensivo, aquele que exerce a atividade empresarial, havendo a liquidação
dessa conta de participação, possíveis dois resultados: falência do sócio ostensivo – liquida-se a conta
e verifica-se o resultado como pro participante ou pro ostensivo – se for pro-participante, ele se torna
credor quirografário do sócio ostensivo.

Art. 994 § 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da


respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário.
§ 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da
falência nos contratos bilaterais do falido.

No caso de falência do sócio ostensivo, ao verificar a liquidação, identifique-se conta positiva


ao ostensivo, isso se torna um crédito da massa falida, um ativo da massa falida, que será utilizado para
pagar seus passivos.
Por outro lado, se isso ocorre com o sócio participante (art. 994, parág. 3º) não será implicada
a liquidação da conta. O sócio ostensivo, como realiza em nome próprio, se falir, há necessidade de
liquidação da conta. Não há na hipótese do parág. 3º a dissolução automática.
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos
pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo
da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos,
mediante autorização do Comitê. Falindo o sócio participante, não há a liquidação
automática e haverá uma avaliação pelo administrador da massa falida se vale a pena
continuar com aquele contrato, pois este pode render frutos à massa falida. Se a
manutenção do contrato representar um aumento da exposição ao risco, será
rescindido.

Se falir o ostensivo, deve haver liquidação. Finda essa haverá um resultado: crédito a favor do
participante ou a favor do ostensivo. No primeiro caso, se torna credor da massa falida. De outro modo,
se a favor do próprio ostensivo – daquele que faliu – isso se torna crédito da massa falida.

Possibilidade de o sócio ostensivo/participante requerer a falência do outro: Podem fazê-lo mas


não na condição de sócios, mas sim porque um é credor do outro.

Aula 28.09

COMPETÊNCIA (ART. 109, CF)


Em razão da matéria, é de competência da Justiça Estadual, mesmo que tenha interesse da
união envolvido.

O art. 3º da Lei de 11.101 define como o juízo do local do principal estabelecimento do devedor
ou da filial da empresa que tenha sede fora do Brasil. O critério, então, é a nacionalidade – a qual é
determinada levando em consideração se ela se organizou segundo as leis brasileiras e se a sua sede
de administração se encontra no Brasil (art. 1.126). A sociedade estrangeira é aquela regulada no
art.1.134 e seguintes do CC/02, necessitando de autorização para atuar no país.

Subsidiária de sociedade estrangeira não significa sociedade estrangeira, não é filial.


Organizada pelas leis brasileiras e cuja sede seja no Brasil, entende-se como brasileira, sendo aplicada
a primeira parte do dispositivo.

O conceito de estabelecimento não se confunde com o de patrimônio. O estabelecimento é o


conjunto de bens organizados por uma determinada empresa para o exercício da sua atividade,
podendo ter vários desses conjuntos – frise-se não poder ter mais de um patrimônio.

O “principal estabelecimento”, atualmente, é definido por duas correntes. A primeira o


identifica como o centro das atividades e a segunda, como centro do comando da sociedade. De certo,
essa lei se aplica a inúmeras sociedades com características muito distintas, de modo que se fez
necessário utilizar um conceito jurídico indeterminado.

Sendo assim, a definição ocorrerá no caso concreto, com análise das provas. Entende-se que
consiste no local em que os objetivos do regime podem ser cumpridos com mais êxito. Trata-se de um
processo de execução coletiva para liquidação do patrimônio do devedor. Logo, deve considerar o local
onde há maior probabilidade de êxito dessa liquidação.

Por outro lado, no caso da recuperação judicial, busca-se a negociação entre o credor e o
devedor, sendo seu objetivo recuperar a empresa. Então, busca-se o ambiente em que possa facilitar
essa negociação.
Diante disso, o principal estabelecimento em caso de falência pode não ser o mesmo no caso
da recuperação judicial.

Uma vez estabelecido o local, a lei estabelece no art. 6º parag. 8º a prevenção da jurisdição.
Até o trânsito em julgado, a jurisdição está preventa. Isso por causa dessa característica do juízo
universal: garantir a eficiência do regime e par conditio creditorium (tratamento igualitário dos
credores). Se cada credor pudesse discutir seu crédito em uma jurisdição distinta, estaria em risco o
seu tratamento igualitário em relação àquele devedor. A prevenção da jurisdição serve justamente para
atrair todas as ações relacionadas aquele assunto para um ´nico juízo, o juízo universal.

A execução trabalhista também é atraída.

Há aplicação subsidiária do CPC/15? Sim, conforme art. 189 e 1.046, CC. Todavia, a lei de
recuperação e falências não trata apenas de processos, estabelecendo uma série de normas de direito
material. O CPC determinou que os prazos se contam em dias úteis (Art. 219). De outro modo, o CC
estabeleceu a contagem em dias corridos (art. 132).

Em tese, o critério é identificar a matéria tratada para definir a forma de contagem. Todavia,
na prática, há certa dificuldade de distingui-la.

Nada obstante, o CPC/15 trouxe a possibilidade de haver uma convenção processual (art. 190).
Desse modo, as partes podem estabelecer uma regra com o objetivo de dirimir esse tipo de dúvida.

PROVA

 Discussão sobre o principal estabelecimento/como defini-lo


 Função do princípio da universalidade do juízo
 Princípio da preservação da empresa (mesmo no regime falimentar)
 Regime de protetor ao trabalhador
 Regime falimentar e recuperatório dos tipos societários
 Empresário individual x EIRELI
 Sociedade em conta de participação
 Com limitação de resp/sem resp
 Possibilidade da LREF a quem não seja empresário, na hipótese de sócio com responsabilidade
ilimitada
 Créditos incluídos e excluídos do regime de recuperação (art. 49)
Aula 19.10

SISTEMA DE VERIFICAÇÃO DE CRÉDITO (ART. 7º)


Esse sistema fundamental porque é por meio dele e da habilitação que se sabe quem
participará na recuperação judicial e na falência. Objetiva-se definir quem participará do regime, quem
são os credores.

Na RJ, quem participa é aquele que terá a chance de negociar com o devedor. Nessa, ocorre a
reunião dos credores para renegociação com o devedor. Na falência, por seu turno, o sistema é
importante para definir quem receberá no procedimento liquidatório e quando irá receber. Tem-se o
interesse do credor, do devedor e dos credores, que são impactados por cada crédito habilitado.

 2 fases:

(i) Credores tempestivos – se habilitam seguindo o rito da lei

(ii) Credores retardatários – a lei não exclui seu direito, mas sofrem consequências pelo atraso.

Esse sistema também é conhecido como um sistema de listas. Ao longo do processo, o objetivo
final é chegar a um quadro geral de credores, mas para tanto, é importante seguir o rito desse sistema
de listas. São basicamente 3 listas:

Lista 1

Elaborada pelo devedor: por exemplo, na RJ é requisito do pedido de recuperação (que só pode
ser realizado pelo próprio devedor) a apresentação da relação de credores, indicando a natureza,
origem e características do crédito. Sem isso, o juízo não defere o processamento da recuperação.

Na falência, á o pedido da autofalência, aplicando-se a mesma forma do pedido de RJ, ou seja,


o devedor apresenta a relação de credores. De outro modo, o. Pedido pode ser feito por um terceiro,
que não tem capacidade de saber a relação de credores, ele requer que o devedor apresente a
mencionada relação.

Lista 2

Uma vez deferido o processamento da RJ ou decretada a falência, entra a figura do


administrador judicial. Cabe a ele comunicar aos credores inscritos naquela primeira lista feia pelo
devedor acerca da (i) do pedido de RJ (ii) do pedido de falência, do deferimento, da decretação da
quebra e que na relação de credores consta seu nome com determinado crédito, explicando as
características desse crédito. Os credores poderão, então, analisar o que foi inscrito na lista em relação
ao seu crédito e aos demais.

Além dessa comunicação, há também a previsão de publicação da lista de credores. Com isso,
busca-se que aquele que for credor do devedor e não teve o crédito inscrito na lista tome ciência. Se
não publicar, o credor não teria como descobrir em princípio que for a requerida a RJ ou falência.

Uma vez publicada a primeira lista, abre-se um prazo para habilitação e retificação dos créditos.
Pode correr uma impugnação que será dirigia não o juízo, mas ao administrador judicial. Não há ainda
um contencioso judicial e, justamente, por isso nessa fase do pedido de habilitação é possível que o
credor atue sem a presença de um advogado.

Cabe ao AJ fazer uma análise de todos os pedidos realizados e de acordo com sua convicção
pessoal, de certa forma, julgará cada um daqueles pedidos. Ele vai confrontar os fundamentos dos
pedidos de habilitação e retificação com os documentos presentados pelo devedor quando do pedido
de RJ ou apresentação determinada pelo juízo. Ele confrontará os fundamentos os pedidos realizados
com os documentos do devedor. Após analisar os pedidos, fará publicar uma segunda lista de credores.

Lista 3

Essa lista contempla o resultado dessa análise. Feita a segunda lista e publicada, abre-se novo
prazo, o qual representa a entrada na fase judicial. É aberto o prazo de impugnação em relação a essa
segunda lista. Essa impugnação ocorre frente ao juízo da falência ou da RJ. Desse modo, faz-se
necessária a presença de um advogado.

Legitimidade para impugnar:

 Credor
 Ministério Público
 Próprio devedor (pode discordar do AJ na elaboração da segunda lista)
 Sócios do devedor, independente da limitação da responsabilidade daqueles sócios. O mesmo
crédito pode ser impugnado por diferentes pessoas.

A impugnação pode ser aplicável a qualquer crédito e poderá ser arguida a inexistência,
ilegitimidade, contestar o valor do crédito ou até mesmo sua classificação. De certo, a natureza do
crédito pode ter um impacto fundamental no processo de recuperação ou liquidação. Na fase de
impugnação, portanto, pode-se atacar um crédito ou incluir um crédito.

Nessa fase judicial, caberá ao juiz julgar cada uma das impugnações. A lei estabelece que com
relação a decisão do juiz cabe agravo de instrumento – em que pese haver críticas doutrinárias. Isso
porque a natureza da decisão que julga a impugnação é terminativa. Nesse sentido, discute-se eventual
fungibilidade dos recursos – ou seja, se alguém apresentasse uma apelação, seria aceito? Entende-se
que não, pois a lei é expressa ao determinar o agravo.

Julgada as impugnações, caberá ao administrador judicial consolidar o resultado de todas elas


e submeter ao juízo uma terceira lista para homologação. Uma vez homologado, tem-se, então, a
formação do quadro geral de credores. Esse será publicado e haverá a definição do passivo daquele
devedor.

O sistema de verificação e habilitação de créditos é feito para a definição desse quadro geral
de credores.

Enquanto não encerrada a falência ou a recuperação judicial, poderá alterar esse quadro geral.
Contudo, o retardatário receberá tratamento menos vantajoso em relação ao credor diligente.

Importante verificar que existem das espécies de retardatários:

(i) perde o prazo para retificar, mas se manifesta antes da formação do quadro geral
de credores; ou

(ii) se manifesta após a formação do quadro geral de credores.

Com relação ao primeiro, qualquer manifestação sua em relação ao crédito será recebida como
impugnação, ou seja, participará diretamente da fase judicial (art. 10, § 5o). Certamente, ainda em
tempo de ser incluído no quadro geral de credores.
Todavia, no caso do segundo, o único meio é a ação retificatória prevista no CPC (Art. 10, § 6o).
Seguindo o rito previsto, essa ação tem natureza rescisória, tem o condão de alterar algo que já havia
sido anteriormente decidido pelo juízo.

Consequências do atraso:

A) Perda da chance de participação da fase extrajudicial, ou seja, perde a oportunidade da


discussão do crédito com o administrador judicial, que, em tese, é momento em que há uma
abertura maior para habilitação e retificação de crédito. Trata-se de fase não contenciosa.
B) Pagar custas para discutir
C) Sucumbência: esse e o ponto anterior demonstram um custo e risco maior na discussão do
crédito.
D) O retardatário não tem a possibilidade de cobrar em relação ao seu crédito o que teria direito
de acessório naquele período desde o término do prazo que perdeu (de habilitação) até a data
do pedido efetivamente feito, quer seja de impugnação ou retificação.
E) Na falência, o retardatário pode perder rateio já feito (Art. 10, § 3o). Assim se parte do
patrimônio do falido já houver sido distribuída e aquele credor não estava inscrito no quadro
de credores não poderá reclamar. Ainda fará jus ao seu crédito, mas em relação ao já pago,
nada receberá. Na RJ, não há essa questão do rateio, mas ocorre a perda do direito de voto (Art.
10, § 1o). Ou seja, ele será submetido ao que os demais decidirem. Há uma exceção aos
credores trabalhistas, pois, em relação a esse, voto se dará pela cabeça e não valor do crédito.

Por fim, há também ao longo do regime de recuperação ou liquidação a possibilidade de surgir


aquele que ainda, por exemplo, não se consolidou como credor ou esteja discutindo se é credor.

A lei cuida desse sujeito através do “pedido de reserva”. Possível que no momento da RJ ou
decretação da falência, haja uma reclamação trabalhista ajuizada contra determinado devedor e essa
ainda não tem decisão definitiva reconhecendo, por exemplo, a procedência do pedido do reclamante.
Então, não teria o credito constituído ainda, mas, tão somente, uma expectativa. A lei estabelece o
pedido de reserva como o pedido de salvaguarda idealizado para os créditos incertos ou ilíquido. O juiz
recebe um pedido para que se reserve um valor no quadro geral de credores, para o caso daquele
crédito se tornar certo ou líquido.

Como se vê, esse credor não possui o mesmo tratamento desvantajoso atribuído ao
retardatário, posto que são figuras distintas.

Aula 26.10

ADMINISTRADOR JUDICIAL E COMITÊ DE CREDORES


O administrador judicial, presente em ambos os regimes, atua sob supervisão do juiz e do
comitê de credores. Alei traz. Uma série de obrigações que são comuns tanto na falência quanto na RJ
(art. 22, I) e, ainda, específicas para falência e a RJ.

Ele é o responsável pela segunda lista de credores e pela consolidação do quadro geral de
credores.

Considera-se um órgão auxiliar da justiça e, portanto, ocupa uma função de segurança do juízo.
Sendo assim, quem escolhe o administrador é o juiz. Além disso, importante ver que a relação dele em
relação aos credores e devedor é isenta – ou seja, não atuará de forma pró-credor ou pró-devedor. Ele
atuará em função do regime aplicado. Desse modo, diante de uma RJ, ele atuará voltado para a
recuperação da empresa e a negociação. De outro modo, se for falência, estará voltado para o
procedimento de liquidação dos créditos. Evidente, então, que seu Norte é o objetivo do regime.

O momento de sua nomeação será no momento em que o juiz defere o processamento da RJ


ou quando o juiz decreta a falência.

Impende esclarecer que ele não administra a companhia. Na RJ, tendo como objetivo a
manutenção das atividades, o devedor se mantém a frente no comando do negócio. O administrador,
então, conduzirá o procedimento de recuperação, atuando também como fiscal – verificando o
cumprimento do plano de RJ, mas a possibilidade dessa figura atuar conduzindo os próprios negócios
é por demasiado excepcional – em que o devedor é destituído. O administrador então assume até que
seja nomeado o GESTOR judicial. Ele então irá fiscalizar o cumprimento do plano e, em caso de
inadimplemento, irá requer a falência.

Na falência, ao contrário da RJ, não há a continuidade das atividades – em que pese


excepcionalmente seja possível a continuidade provisória das atividades, caso em que o administrador
irá assumir a função. Sobre isso, dispõe a Lei que:
(Recuperação Judicial) Art. 65. Quando do afastamento do devedor, nas hipóteses previstas no
art. 64 desta Lei, o juiz convocará a assembleia-geral de credores para deliberar sobre o nome
do gestor judicial que assumirá a administração das atividades do devedor, aplicando-se-lhe, no
que couber, todas as normas sobre deveres, impedimentos e remuneração do administrador
judicial.
§ 1o O administrador judicial exercerá as funções de gestor enquanto a assembleia-geral não
deliberar sobre a escolha deste.

(Falência) Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o
administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109
desta Lei;

Importante verificar a seguinte função do AJ:

Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros
deveres que esta Lei lhe impõe:
III – na falência:
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso,
prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à
situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos,
observado o disposto no art. 186 desta Lei;
§ 4o Se o relatório de que trata a alínea e do inciso III do caput deste artigo apontar
responsabilidade penal de qualquer dos envolvidos, o Ministério Público será intimado para
tomar conhecimento de seu teor.

Ademais, ele assume a função de representação da massa. A lei estabelece que ele pode ser
pessoa jurídica e que, preferencialmente, será economista/advogado.
Não há impedimento legal se for advogado que assuma a representação judicial da massa.

Como se dá a sua remuneração? Na RJ, o custo é do devedor. Discute-se as hipóteses em que


o devedor não possui recursos para fazer frente à remuneração. Nesse caso, tende-se a entender que
provavelmente aquela RJ será frustrada e que aquele devedor não possui condições de realizá-la.
Na falência, a remuneração compete à massa. Cogita-se a possibilidade de os credores arcarem
com os custos do administrador de forma a realizar o procedimento de liquidação e, ao final, buscar
algum tipo de satisfação do seu crédito.

Crédito extraconcursal – o administrador recebe antes do concurso de credores da massa (art.


84, I). Na RJ, o crédito relativo à remuneração do administrador não se submete ao plano.

A definição da remuneração é realizada pelo juízo que o nomeia e leva em consideração o


seguinte trinômio: complexidade, valores do mercado, capacidade do devedor.

Complexidade: envolve o tamanho do devedor, número de credores, total passivo/ativo, as


localidades para onde provavelmente o administrador terá que se deslocar. De certo, diante de uma
grande complexidade, pode ser nomeado mais de um administrador judicial – como no caso da Varig e
da Oi.

A lei estabelece uma série de impedimentos, não podendo ter relação com o devedor, contas
desaprovadas em outro procedimento, etc.

Art. 24, § 1º estabelece que: em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não
excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do
valor de venda dos bens na falência.

Os atos do administrador podem ser controlados pelo juízo, pelo MP e pelo comitê de credores
e, ainda, pode ocorrer a priori (através de requerimentos ao administrador) e a posteriori.

Responsabilidade – art. 32 (culpa/dolo)


Art. 32. O administrador judicial e os membros do Comitê responderão pelos prejuízos
causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o
dissidente em deliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-
se da responsabilidade.

Comitê de Credores

Inspirado no direito estrangeiro, mas com diferenças significativas e que implicam no


esvaziamento do regime brasileiro.

Ao contrário do administrador judicial, é órgão facultativo, possuindo funções fiscalizatória,


consultiva e deliberativa, sendo preponderante a primeira. Sua principal função é examinar as contas
do administrador judicial.

Nada obstante, sua função é limitada. No Brasil, somente o devedor poderá pedir a
recuperação judicial e, também, só quem apresenta o plano de RJ é o devedor.

No exterior, esse comitê tem a função de apresentação de plano alterativo de RJ, bem como
de recomendar a aprovação do plano. Na Alemanha, por exemplo, ele atua como consultor do plano.
Ao longo da função fiscalizatória, no Brasil, seu exercício não depende da atuação colegiada do comitê
dos credores. Ou seja, cada membro tem competência para, dentro da atribuição fiscalizatória, atuar.

Ele é constituído por deliberação da Assembleia Geral de Credores ou por meio de


requerimento de credores ao juízo.

A lei estabelece que o comitê será composto por até 4 membros titulares e cada m desses
poderá ter 2 suplentes. Possível um comitê composto por apenas 1 membro. Isso porque a lei
determina a representação por meio de classes de credores (art. 26).
Pode ser que determinada RJ não tenha credores de determinada classe. Isso não inviabiliza o
comitê, bastando que aquela classe não seja representada. Ademais, possível que para uma classe não
seja interessante o estabelecimento do comitê, mas sim para outra.

Ao contrário do administrador, os membros do CCRE têm responsabilidades definidas nos


artigos 31/32, mas não são remunerados pela massa ou pelo devedor. Embora no exercício de suas
atribuições podem ter determinados custos ressarcidos. Logo, há um desincentivo. Nada impede que
o credor nomeie um representante que não o próprio credor.

Na sua ausência, suas atribuições são assumidas tanto pelo AJ quanto pelo juiz, conforme o
caso. Isso porque uma de suas funções é fiscalizar o AJ.

Diz o art. 26 em relação à composição do comitê que:


Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das classes
de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição:

I – 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois)


suplentes;

II – 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de


garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;

III – 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com


privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes.

IV - 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de


microempresas e empresas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes.

Nesse momento, importante realizar um cotejo com a previsão do art. 41 abaixo:


Art. 41. A assembleia-geral será composta pelas seguintes classes de credores:

I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de


acidentes de trabalho;

II – titulares de créditos com garantia real;

III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou
subordinados.

IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno


porte.

Assim, o Comitê de Credores será constituído por um representante e dois suplentes de cada
uma das classes dos: (i) credores trabalhistas; (ii) credores com direitos reais de garantia ou privilégios
especiais; e (iii), quirografários e com privilégios gerais. Como se verifica, a Fazenda Pública e os credores
subordinados não fazem parte do Comitê de Credores.

Como se vê, de outro modo, o art. 41 agrupa na mesma classe os titulares de créditos
quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados, enquanto que o art. 26,
II, prevê a indicação de um representante para os credores com direitos reais de garantia e privilégios
especiais e o inciso III prevê outro representante para os credores quirografários e com privilégios
gerais.
Diante disso, de plano, vê-se que, em uma primeira análise, os credores subordinados,
mencionados no art. 41, possuem direito de voto, mas não são representados – eis que ausentes no
art. 26. Há, portanto, patente incongruência.

Uma primeira corrente opta por ignorar a disposição do art. 26, posto que não há lógica em
distribuir entre classes e colocar alguém para votar que não será representado no Comitê.

Outra corrente sustenta que o art. 41 destina-se à divisão das classes em assembleia para as
diversas decisões tomadas em assembleia. Nesse sentido, o art. 26 é especial em relação ao 41 única e
exclusivamente em relação ao comitê de credores. Em suma, para quaisquer deliberações diferentes
da constituição do comitê de credores, vale o art. 41.

Há, nesse posicionamento, uma tentativa de acomodar o art. 26 ao art. 41. Entende-se que a
divisão do 26 é distinta do 41. A divisão do art. 26 é específica para uma hipótese, qual seja a formação
do comitê. Para as outras hipóteses em que a lei determinar uma votação por classe, aplica-se o art.
41. Logo, apenas para a nomeação do art. 26, a AGC irá se dividir de acordo com o 26, para que votem
em seus representantes aqueles que serão representados.

Por fim, no Comitê de Credores o voto se dá por cabeça independentemente do tamanho do


crédito. Na AGC, como regra geral, o voto é de acordo com o crédito – salvo nas hipóteses específicas
da lei como a aprovação do plano.

Aula 09/11

ASSEMBLEIA DE CREDORES
Na Recuperação Judicial tem a decisão mais importante de todas, qual seja deliberar sobre o
plano de recuperação judicial proposto pelo devedor. Em tese, a RJ pode dispensar a assembleia de
credores, desde que, uma vez proposto o plano, tenha aprovação dos credores sem qualquer objeção.
Entende-se que ao juiz não cabe o exame de admissibilidade da RJ, cabendo essa atribuição aos credores.
Ao juízo caberia tão-somente o exame de legalidade, mas não a análise de mérito quanto à viabilidade
do plano.

Na falência, por outro lado, a assembleia possui menor relevância.

Nela é formado o comitê de credores bem como a escolha do gestor judicial – figura também
não obrigatória na RJ, ante o princípio debtor in possession, sendo mantido o devedor no controle do
empreendimento.

O comportamento do acionista em uma assembleia deve ser pautado no interesse da


companhia. Estabelece o art. 115 que o voto deve ser direcionado para os interesses da companhia. O
voto do credor, por seu turno, não tem que votar no interesse da companhia, mas sim da satisfação de
seu crédito. O grupo de credores pode reunir, inclusive, credores “involuntários”, como os
trabalhadores ou aqueles decorrentes de responsabilidade civil. Essa diferença entre o acionista e o
credor se reflete justamente no voto.

De certo, deve haver uma conduta pautada na satisfação do crédito sem abuso, ou ilegalidade.
Não obstante, isso não permite concluir que seu voto deve se dar no interesse da companhia.

Ao analisar o plano, deve verificar se o crédito será satisfeito de maneira razoável. Evidente que
o credor e o devedor devem cooperar, devendo esse último propor o pagamento de forma satisfatória.
Naturalmente, a lei promove um incentivo à negociação, de forma a encontrar a solução mais
adequada, alinhando os interesses.
Não se aplica par conditio creditorium, mas, no que couber, princípio da igualdade.

Em uma sociedade empresarial, o princípio da maioria vigora. Anteriormente, as sociedades


não possuíam responsabilidade limitada, e modo que as deliberações deveriam ser por unanimidade
por alterarem a responsabilidade.

O princípio da maioria na Assembleia de Credores envolve o valor do crédito e “por cabeça”,


no caso das classes I e IV.

Ela poderá aprovar ou rejeitar o plano. Se aceitá-lo o juiz irá homologá-lo, sem imiscuir-se no
mérito do plano, devendo apenas realizar o exame de legalidade. De outro modo, se rejeitá-lo, caberia
ao juiz simplesmente decretar a falência.

Possível também que o plano seja alterado. Somente o devedor poder fazer o pedido de RJ, de
modo que qualquer alteração proposta pelos credores também deve ser aceita pelo credor. Uma
modificação que não interfira no direito de determinada classe não permite que esse credor opine
naquela relação, não havendo lógica em sua participação.

O credor em AC pode estar lá ele próprio ou por representação – que difere da representação
de um acionista. Se está sendo impactado pelo plano proposto, há alteração do seu crédito original e
se faz representar por um terceiro, necessariamente essa procuração deverá conter poderes expressos
para transigir ou renunciar em nome do outorgante.

A participação em AC se dá pelo direito de voto e direito de voz. No caso do credor que não
seja atingido (art. 49 - fiduciário, promitente comprador, etc.) pela recuperação, entende que não irá
votar, mas poderá participar.

O quórum de instalação é verificado exclusivamente em relação aqueles que estão habilitados.

Requisitos

 Ser credor
 Estar relacionado na lista vigente

Lista de presença
Art. 36. § 3o Para participar da assembleia, cada credor deverá assinar a lista de
presença, que será encerrada no momento da instalação.

Divisão das classes – podem ser criadas subclasses, mas as abaixo não podem ser alteradas

I – titulares de créditos trabalhistas

II – titulares de créditos com garantia real

III – titulares de créditos quirografários/privilégio geral/subordinados

IV – titulares de crédito que constituam microempresa e empresas de pequeno porte – nesse caso, a
classificação é fundada, não em função da natureza do crédito, mas do próprio credor.

Proibidos de votar

(i) credores sem interesse (art. 39 § 1º e 45 § 3º)

(ii) impedimento do voto (art. 43)


A lei diz que nessa hipótese, se entrar em uma crise, em uma situação de RJ, com a formação
da Assembleia Geral de Credores, ele não participa – ainda que seja impactado pelo plano de
recuperação. Ele tem interesse, pois é credor – de fato, financiou. Se não tivesse realizado o
empréstimo, a sociedade teria quebrado. Pressupõe que o interesse dele será conflitado. Vê-se,
portanto, que há um desestímulo. Dificilmente, encontrará um terceiro disposto a auxiliar.

Outra discussão se dá sobre a hipótese de cessão do crédito. Se um sócio resolve emprestar


dinheiro à sociedade, pela lei, esse sócio não votará, estando impedido (art. 43). Se ele ceder o crédito
a um terceiro, o que ocorre? De modo geral, defende-se que, uma vez iniciada a RJ e o crédito seja
cedido, o impedimento acompanha o crédito, ou seja, o cessionário daquele crédito, ainda que não
seja sócio, estará impedido de votar por conta do impedimento que se aplicada ao cedente. Outros
sustentam que não se pode afirmar de antemão se o impedimento acompanha o crédito.

A uma porque isso desestimularia o mercado alternativo de recuperação de crédito e que esse
impedimento só seria verificado nas hipóteses de abuso de direito.

De outro modo, imagine-se que houve a cessão de crédito trabalhista. O cessionário muda de
classificação no quadro da assembleia, pois o crédito trabalhista é de natureza alimentar. Assim, o
cessionário, provavelmente, sairá da classe 1 e irá para a classe 3 – sendo um credor quirografário.

Evidencia-se que essas operações de cessão de crédito tem o condão de afetar a distribuição
dos credores nas classes.

O fato de haver litígio entre credores e devedor não significa impedimento daquele de votar na
assembleia geral de credores. Em um cenário de crise, possivelmente, os credores já estavam tentando
cobrar seu crédito do devedor. O interesse do credor na assembleia não é votar no interesse da
companhia, mas sim na satisfação leal e honesta de seu crédito. A finalidade do voto do credor é
econômica.

A regra geral do quórum consta no art. 41 - aprovação por maioria simples e global, ou seja,
sem distinção das classes e considerando o valor do crédito. Contudo, as hipóteses dos art. 44, 45 e 46
implicam em quóruns distintos e formas de apuração distintas.
Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de
credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.

§ 1o Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta
deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos
créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos
credores presentes.

§ 2o Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser
aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor
de seu crédito.

Na deliberação pelo plano, é afastada a regra geral, sendo necessário, cumulativamente:

(i) aprovação por cabeça nas 4 classes;

(ii) classes II e III, também, por valor do crédito (assim, além da maioria em
número de pessoas, deve haver a maioria pelo valor do crédito).

Esse sistema visa a desencorajar comportamentos oportunistas.


Se uma das 4 classes não aprovar, será suficiente para que o plano não seja aceito – salvo pelo
cram down.

Cram Down (art. 58, § 1º) - aceitação do plano, ainda que o plano não tenha sido aprovado na
AGC considerando o disposto art. 45.
Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do
devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta
Lei ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na forma do art. 45 desta
Lei.

§ 1o O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve
aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembleia, tenha
obtido, de forma cumulativa:

I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os


créditos presentes à assembleia, independentemente de classes;

II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou,
caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo
menos 1 (uma) delas;

III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos
credores, computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei.

Trata-se, aqui, de instituo importado. A lei estabelece um critério objetivo para a aprovação e,
paralelamente, afirma que, se, com base nesse não for aprovado, o juiz poderá aprovar com base em
outro. Diante disso, questiona-se a manutenção das duas hipóteses. Assim se faz por conta do papel do
juiz. No contexto norte-americano, o juiz tem discricionariedade para realizar o cram down, analisando,
inclusive o comportamento dos credores na assembleia. Transfere o juízo de admissibilidade do plano
dos credores para o juiz. Não obstante, no Brasil, não se trata disso, pois não há esse critério subjetivo.

Aula 23.11

RECUPERAÇÃO JUDICIAL - PECULIARIDADES


A Recuperação Judicial tem a finalidade de reorganizar a vida do devedor, saneando a sua
situação financeira difícil. Há sempre o objetivo de preservar a empresa.

Após muito debate no âmbito do direito comparado, concluiu-se que o saneamento das
finanças do devedor não era bom apenas para ele. Discutia-se que possibilitar a saída da empresa da
crise beneficiaria, primeiramente, o devedor. Como visto, sempre foi muito arraigado aos institutos da
falência e da concordata a noção de culpa, ou seja, no sentido de que se o devedor se encontrava
naquela situação, haveria culpa dele.

O valor de uma empresa é maior enquanto ela está em atividade do que quando inativa. Isso
porque há elementos que só existem na empresa em atividade que atribuem esse “sobrevalor” – como
o knowhow. Diante disso, maiores as chances de satisfação dos credores se há manutenção da
atividade. Por consequência, em tese, a alternativa pela recuperação judicial tende a ser melhor do que
a da falência.

O sucesso da RJ é bom para o devedor (manterá o exercício da sua atividade), para o credor
(que tem possibilidade de reaver, ao menos, parcela de seu crédito), para os trabalhadores (mantêm
seus empregos) e para a comunidade para um todo (empresa como ente pagador de tributos).
A Fazenda é o primeiro sócio de uma sociedade anônima, pois quando se tem o resultado
positivo (art. 189), antes mesmo de se fazer o cálculo do dividendo, deve-se descontar do resultado do
exercício, a parcela que será devida ao pagamento de tributos. Vê-se que a Fazenda recebe antes
mesmo do acionista. Assim, o Estado também tem interesse na manutenção da empresa.

A RJ representa um novo paradigma em relação a concordata, pois esta era tida como um
“favor” - consistia em dilação do prazo e redução do valor da dívida em aplicação praticamente
automática. A recuperação, de outro modo, representa uma negociação coletiva entre os credores e
devedor. Nessa, há interesses alinhados, que facilitarão o êxito dessa negociação.

Ainda, exatamente, por se tratar de negociação coletiva vigora o princípio da maioria. Logo, um
credor que se submete aos efeitos da RJ, uma vez respeitados os requisitos da lei, ainda que vencido,
verá crédito submetido ao que decidiu a maioria em relação ao plano.

Apresentado em juízo o pedido de recuperação judicial, por se tratar de negociação coletiva


entre devedor e credores, cabe ao juízo não fazer análise de mérito do pedido em si. Cabe a ele única
e exclusivamente a verificação do atendimento dos requisitos formais previstos no art. 52.
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá
o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:

Importante esclarecer que deferir o processamento da RJ não significa conceder a RJ. São
decisões distintas.

As consequências do deferimento do processamento estão elencadas nos incisos do art. 52.


I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei;
II – determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor
exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para
recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, observando o disposto
no art. 69 desta Lei;
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma
do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam,
ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6odesta Lei e as relativas a
créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; (automatic stay period)
IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais
enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus
administradores;
V – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas
Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver
estabelecimento.
§ 1o O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que
conterá:

Os efeitos da concessão da RJ em si restam previstos no art. 58/59:


Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do
devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta
Lei ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na forma do art. 45 desta
Lei.

Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao
pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das
garantias, observado o disposto no § 1o do art. 50 desta Lei.
A decisão judicial que conceder a RJ torna-se título executivo judicial (§ 1º), podendo ser
recorrida por Agravo de Instrumento.

Vantagens da RJ

 Automatic stay period: prazo em que o patrimônio do devedor não será atacado por ações de
execução de diversos credores. Dessa forma, poderá se reorganizar e propor o plano de recuperação.
 Possibilidade de negociação coletiva: dificilmente seria possível coordenar uma negociação coletiva,
senão no âmbito de uma RJ. Não haveria interesse dos credores, pois cada um poderia cobrar
individualmente. Devido ao automatic stay period, se veem estimulados a negociarem.
 Possibilidade de alienação de ativos da empresa, desde que contemplados pelo plano da RJ, em crise
sem que haja contaminação ao adquirente daquele ativo.
Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais
ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização,
observado o disposto no art. 142 desta Lei.

Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza
tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei.

Com isso, há um estímulo a mais pessoas a adquirirem, de modo que mais dinheiro ingressará
na RJ, aumentando as chances de êxito do plano. De outro modo, uma empresa em crise, mas que não
esteja em RJ, causa incerteza ao vender algum de seus ativos. Nesse caso, o comprador deverá realizar
uma auditoria, verificando se aquela empresa devedora possui patrimônio para arcar com suas dívidas
ou se aquela alienação prejudicará seus credores. Esse risco de análise será exclusivo do comprador.
Repita-se que, se consiste em uma alienação no bojo de um plano de RJ, vigora o art. 60, parag.. único.

 Financiamento da empresa em crise (art. 67).


Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a
recuperação judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens
ou serviços e contratos de mútuo, serão considerados extraconcursais, em caso de
decretação de falência, respeitada, no que couber, a ordem estabelecida no art. 83
desta Lei.

Parágrafo único. Os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial


pertencentes a fornecedores de bens ou serviços que continuarem a provê-los
normalmente após o pedido de recuperação judicial terão privilégio geral de
recebimento em caso de decretação de falência, no limite do valor dos bens ou serviços
fornecidos durante o período da recuperação.

Ao mesmo tempo que ela deve negociar seu plano, precisa de financiamento para manter suas
atividades.

Nos termos do dispositivo acima, créditos decorrentes de obrigações contraídas durante a


recuperação judicial serão considerados extraconcursais, ou seja, não se submetem ao concurso de
credores em caso de falência. Assim, se concedido financiamento à empresa em crise, aquele crédito
não se submete ao plano de RJ. Se a RJ for convolada em falência, determina a lei que esse crédito não
obedecerá a ordem do concurso de credores estabelecida.

Os créditos anteriores ao processamento da RJ pertencentes a fornecedores de bens ou serviços


que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperação judicial terão privilégio geral
de recebimento em caso de decretação de falência, no limite do valor dos bens ou serviços fornecidos
durante o período da recuperação. Trata-se, aqui, de uma forma de deslocar o crédito dentro do
concurso de credores em caso de falência.

O credor já submetido à RJ que, após o deferimento do processamento, continuar a prestar


serviço, a cada real que for financiado permitirá que aquele crédito submetido à RJ mude de lugar na
fila caso haja uma falência.

Assim, se continuar a prestar serviço é mais benéfico, pois trará seu crédito quirografário para a
categoria de um crédito com privilégio geral, em caso de falência.

Importante observar que esse dispositivo está limitado aos créditos anteriores ao deferimento
do processamento da RJ, pois o financiamento após a RJ, segundo o caput, é extraconcursal.

Há, portanto, o efeito da “extraconcursalidade” em relação ao crédito constituído após o


processamento da RJ e o efeito de “salvar” o crédito quirografário que está sujeito à RJ na hipótese de
decretação de falência, aumentando as chances de reaver o crédito. Não obstante, se o crédito
submetido à RJ for maior do que o valor dos bens fornecidos durante o período da recuperação,
somente essa última parcela (correspondente aos bens e serviços concedidos durante a RJ) ganhará a
mencionada preferência.

Limitações em relação à Recuperação Judicial

 Créditos Tributários
 Art. 49 parag. 3º e parag. 6º, II
 Art. 86, II

Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do
pedido, ainda que não vencidos.
§ 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e
privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.

Assim, os créditos que surgirem após o processamento da RJ não estão a ela sujeitos.

Imagine-se um crédito submetido à RJ garantido por um terceiro. Embora aplique-se o


automatic stay period em relação ao credor, não haverá limitação em relação ao fiador. Esse, o fiador,
que não se encontra em RJ não se beneficia do procedimento e, portanto, pode ser demandado.

Todavia, se aquela obrigação de garantia estiver protegida pelo benefício de ordem (hipótese
não tratada pelo § 1o terá o devedor que aguardar a RJ, não podendo avançar sobre o patrimônio do
garantidor.

Alienação Fiduciária e Penhor


Art. 49, § 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens
móveis ou imóveis, (...) seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação
judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições
contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o
prazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do
estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.

Se é credor de uma alienação fiduciária, o crédito não se submete à RJ e prevalecem os direitos


sobre a propriedade. Sendo assim, imagine-se que um sujeito financie uma empresa e obtenha como
garantia do pagamento a alienação fiduciária de determinado bem. Em caso de RJ, esse credor poderá
executar sua dívida perseguindo o bem que lhe foi dado em garantia.

Estabeleceu-se uma diferença fundamental entre a alienação fiduciária o penhor. Esse último
também é forma de garantia real, mas a propriedade do bem empenhado é do devedor. Assim, em caso
de RJ do devedor, em que haja créditos garantidos por penhor, esses se sujeitarão à RJ, pois o bem
empenhado se encontra no patrimônio do devedor – que não pode ser atacado em virtude do
automatic stay period.

Na alienação fiduciária, há uma alienação em garantia, ou seja, ainda que resolúvel, a


propriedade é do credor. Em caso de inadimplemento do crédito, aquele bem não se encontra mais no
patrimônio do devedor e, exatamente por isso, a ele não se aplicam os efeitos da RJ. Não significa dizer
que há um pacto comissório, mas o credor poderá receber o produto da alienação do bem dado em
garantia. Todavia, possível que esse produto recebido seja inferior ao valor da dívida, de modo que
subsiste um saldo. Esse será submetido à RJ.

Trava Bancária

Mecanismo em que se aliena fiduciariamente recebíveis - créditos, conta no banco, etc.

Possível, por exemplo, que a PUC contraia um financiamento de 100 milhões para construir
novos prédios. Em garantia ao adimplemento, aliena fiduciariamente duas contas correntes em que
são depositadas as mensalidades dos estudantes. Há, portanto, uma propriedade fiduciária por parte
do credor.

Todavia, não se pode retirar do estabelecimento bens de capitais essenciais a sua atividade
empresarial - questão debatida na jurisprudência. Discute-se a permissão a imposição de um limite a
essa operação.

Prova (G2)

 Comitê de Credores e Assembleia de Credores


o Requisitos de participação
o Crítica - incongruência entre a formação das classes na assembleia e no comitê
 Cram Down
 Figura do gestor judicial e a diferença de seu papel na RJ e na falência
 Interesse do voto do credor (paralelo com o voto do acionista)
 Proibição de voto do credor/conflito de interesse
 Impedimento do voto acompanha – ou não - o crédito na hipótese de cessão
 Vantagens da RJ
 Trava bancária e alienação fiduciária

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