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3 Os 7 Segredos Da Sincronicidade Trish MacGregore e Rob MacGregor
3 Os 7 Segredos Da Sincronicidade Trish MacGregore e Rob MacGregor
Abertura
Créditos
Dedicatória
Introdução
PARTE UM: Os segredos
Segredo 1: O saber
Segredo 3: A teoria
Segredo 4: A criatividade
Segredo 5: As séries
Segredo 6: O trapaceiro
Segredo 7: O global
PARTE DOIS: A mágica
Adivinhando a sincronicidade
Oráculos animais
Jornadas
Conclamando o divino
Conclusão
Agradecimentos
Bibliografia
Sobre os autores
Tradução
Rogério Bettoni
Copyright © 2010 by Trish MacGregor and Rob MacGregor
Todos os direitos reservados
Título original: The 7 secrets of synchronicity
M127s
MacGregor, Trish, 1947-
Os 7 segredos da sincronicidade : um guia para descobrir significados em grandes e pequenos sinais / Trish MacGregor e Rob
MacGregor ; tradução: Rogério Bettoni. - São Paulo : Planeta, 2011. Tradução de: The 7 secrets of synchronicity
ISBN 978-85-7665-761-3
1. Coincidência. I. MacGregor, Rob. II. Título. III. Título: Os sete segredos da sincronicidade
No início de fevereiro de 2009, começamos a escrever um blog sobre sincronicidade que servisse de
ferramenta de pesquisa e reunisse histórias para este livro. Era nossa primeira experiência com blogs, e
não sabíamos ao certo como o processo funcionava ou qual seria o retorno do público. Postamos
diversas histórias pessoais sobre coincidências significativas e convidamos os leitores a contribuir com
suas próprias histórias.
No final da primeira semana, tivemos 38 acessos, a maioria de amigos e familiares, mas não
recebemos nenhuma história. Aparentemente, com mais de cem milhões de blogs na internet,
teríamos de encontrar uma forma de difundir a existência do nosso. Então, criamos um alerta no
Google para o termo “sincronicidade”, e todos os dias dezenas de links para blogs e sites que
mencionavam a palavra encheram nossa caixa de entrada. Examinamos todos, procurando histórias
dramáticas sobre sincronicidade, e pedimos para que as pessoas nos mandassem suas histórias.
Algumas semanas antes de o blog completar um ano, os acessos subiram para quase 50 mil, e
havíamos coletado centenas de histórias. Ficamos surpresos não só com o grau de interesse, mas com
o desejo dos leitores de contribuir e permitir que usássemos suas histórias no livro.
Apesar de as sincronicidades fazerem parte da nossa vida há anos, nossas próprias experiências com
elas se multiplicaram rápida e furiosamente durante a pesquisa e redação do livro. É como se nosso
enfoque no assunto atraísse as experiências, deixando claro que não poderíamos escrever o livro
apenas como observadores “externos” da sincronicidade, mas sim como ativistas “internos”.
Uma noite, por exemplo, Rob estava editando uma história sobre sincronicidade que continha este
trecho: “Bom clima, bons amigos, boa conversa, bom vinho, bons livros e o espaço intermediário”.
Ele parou um instante, enquanto lia a última expressão – o espaço intermediário –, e continuou a
editar o texto. Na manhã seguinte, abriu a autobiografia de F. David Peat, Pathways of chance, na
página em que o autor falava sobre sua amizade com o físico David Bohm. A primeira coisa que Rob
leu foi:
“Independentemente de nossos encontros e conversas, andei pensando no que chamo de espaço
intermediário. Uma ideia que poderia ser aplicada a muitas áreas, sobretudo para descrever o que
acontece quando olhamos uma obra de arte ou lemos um livro de literatura. É o espaço
intermediário entre o observador e o observado; o espaço do ato criativo que dá vida a um poema ou
a uma pintura.” E é o espaço onde nascem as sincronicidades.
Outra sincronicidade aconteceu logo depois, quando um amigo nos visitou para dar um conselho
sobre uma reforma na nossa casa. Havia uma infiltração no teto da sala, e achávamos que aquilo era
resultado de um dano causado no telhado pelo furacão Wilma, que atingiu nossa região em 2005.
Nosso amigo, experiente em seguros e no setor da construção civil, disse que, se quiséssemos acionar
o seguro residencial para cobrir o reparo, teríamos de provar que a infiltração estava relacionada ao
furacão.
Trish saiu para pegar a correspondência e voltou balançando no ar o folheto de uma empresa que
faz reparos em telhados. Era uma propaganda oferecendo uma inspeção gratuita. “Se seu telhado foi
danificado pelo furacão Wilma, podemos ajudá-lo com a documentação necessária para que a
substituição do telhado seja indenizada”, prometia o folheto. Embora não tenhamos ido atrás da
oferta, o folheto chegou exatamente quando estávamos falando sobre o dano no telhado, e ainda
mencionava o furacão de quatro anos antes.
O mundo da sincronicidade
Esse mundo da sincronicidade tem alguns paralelos arrepiantes com a popular série de TV Lost.
Nela, um avião cai numa ilha deserta e os sobreviventes veem-se diante de todos os tipos de
acontecimentos estranhos, intuições, além de perceber que há, entre eles, conexões sincrônicas do
passado. Nada é o que parece. Enquanto as personagens lutam para sobreviver, organizando-se como
em uma comunidade, suas forças e fraquezas individuais revelam camadas profundas de sua
personalidade que complicam o enredo da semana seguinte. Os espectadores ficam intrigados, com
uma sensação de espanto e cinco milhões de perguntas. A sincronicidade se parece muito com isso –
uma aventura mágica que expande nossa concepção daquilo que é possível.
Para nós, essa aventura começou no dia 12 de dezembro de 1981. Era nosso primeiro encontro, e
Trish perguntou a Rob se já ouvira falar de sincronicidade. Ele disse que sim, e, daquele momento
em diante, nossa vida mudou.
Avançamos agora para 1984. Estávamos casados, e tínhamos largado nosso emprego para escrever
o tempo todo. Passávamos parte do tempo escrevendo artigos sobre turismo, e nos juntamos a um
grupo de agentes de viagem num passeio de “convivência”. Ainda que o destino, Nashville, não fosse
exatamente nossa primeira opção de viagem, o passeio era gratuito, e estávamos abertos a qualquer
coisa.
Na metade do voo, o ar-condicionado do avião parou de funcionar, e a cabine rapidamente se
aqueceu. Estávamos desconfortáveis, aborrecidos e famintos. O homem sentado perto de nós
começou a falar sobre as dificuldades das viagens aéreas, e em pouco tempo estávamos todos
reclamando como uns miseráveis. Descobrimos que o homem, que se chamava German, nascera e
crescera na América Latina, assim como Trish. Sua família tinha diversos hotéis na Colômbia; ele era
dono de uma agência de viagens em Miami e tinha contatos na Avianca Airlines.
Naquela época, os turistas americanos tendiam a evitar a Colômbia e o Peru por causa do
desenfreado tráfico de drogas. A Avianca, por sua vez, buscava formas inovadoras de encorajar o
turismo nessas áreas. German pensou que a empresa talvez pudesse se interessar em fornecer
passagens gratuitas para escritores de viagem. Ele cuidaria da hospedagem e, em troca, os escritores
publicariam artigos turísticos sobre a Colômbia e o Peru. Nós teríamos de encontrar os escritores,
comandar os roteiros, reunir os artigos para serem publicados e enviá-los para a Avianca. Será que
isso poderia nos interessar?
Graças a essa fortuita sincronicidade de sentarmos perto de German no avião, começamos a
organizar viagens de aventura para a América do Sul. Fizemos várias viagens de barco nos afluentes
do rio Amazonas e coordenamos diversos passeios a outros destinos na América Latina. Todos
forneceram material para romances e artigos de viagem e de não ficção.
Em razão da sincronicidade, sentíamos que tudo estava caminhando bem. Em setembro de 1984,
Trish publicou seu primeiro romance, In shadows, e Rob conseguiu um projeto como ghostwriter do
diretor executivo de uma empresa sediada em Washington, um contato que fizéramos escrevendo
artigos para revistas. Um ano depois, Rob publicou seu primeiro romance, Crystal skull. Nunca mais
voltamos para nosso antigo emprego. Durante os 26 anos do nosso casamento, escrevemos seis livros,
tanto de ficção como de não ficção. Fomos para onde as sincronicidades nos levaram.
Diversas vezes falamos em escrever um livro sobre sincronicidade, mas não sabíamos como fazê-lo,
que tipo de abordagem adotar, ou por onde começar. Carl Jung parecia ser o ponto de início mais
lógico, tendo em vista que foi ele quem cunhou o termo. Porém, com o passar dos anos, outros
projetos tomaram nosso tempo, e sempre adiávamos o livro. Contudo, nossas sincronicidades se
multiplicaram.
Uma noite, em janeiro de 2009, começamos a namorar a ideia de novo. Estávamos interessados
em casos e histórias que ilustrassem a mágica e o mistério da sincronicidade. Mesmo assim, tivemos
problemas em encontrar um tema. Um ou dois dias depois, percebemos que, após todos aqueles anos
de experiências com as sincronicidades, tomáramos conhecimento de certos conceitos sobre a
natureza da “coincidência significativa” que não eram ainda amplamente conhecidos ou
compreendidos.
Esses conceitos se tornaram os segredos que discutimos na parte 1 deste livro. Embora eles revelem
grande parte do fenômeno, também acreditamos que haja um elemento mágico ativo pelo qual os
seres humanos podem se engajar na sincronicidade e direcioná-la para seus próprios fins. Essa mágica
é o assunto da parte 2 deste livro.
A tecnologia – internet, blogs e e-mail – facilitou nossa pesquisa e possibilitou a coleta de
sincronicidades por todo o planeta. Aparentemente, só fomos capazes de escrever o livro por causa da
tecnologia, que nos permitiu fazer novos contatos e reunir histórias de pessoas do mundo inteiro.
Os segredos
Segredo 1
O SABER
1. Você faz pesquisas sobre algo que quer adquirir – determinado tipo de carro, por exemplo, ou
uma raça específica de cães. De repente, começa a ver o carro na rua, nas estradas ou em
estacionamentos, ou depara com pessoas falando exatamente sobre aquela raça. A princípio,
pensa que se trata apenas de uma questão de percepção, isto é, só passou a notar quando surgiu
o interesse. Mas talvez você caminhe até seu carro num estacionamento e descubra que o carro
dos seus sonhos está parado perto do seu, e há outro exatamente idêntico do outro lado. Ou,
então, alguém menciona que um amigo está doando um cachorro da mesma raça que você
quer. Neste caso, é mais que percepção; é sincronicidade.
2. Durante um curto período, um nome torna-se recorrente. Parece que todas as pessoas que o
cercam têm o mesmo nome – o dentista, o caixa do supermercado, um vizinho. Numa questão
de horas ou dias, você conhece uma pessoa nova, e ela (ou ele) tem aquele mesmo nome.
3. Durante uma viagem, você vê uma casa que o encanta. Toda vez que volta para aquela área,
você passa pela casa e se pergunta sobre a pessoa que mora lá. Depois, num avião, começa a
conversar com um passageiro e descobre que ele é o dono da casa que tanto o atraiu.
4. Você sonha com um determinado acontecimento, e algo quase idêntico acontece alguns dias
depois.
5. Você tem um pressentimento de que deve fazer um caminho diferente para o trabalho, e depois
descobre que houve um acidente no seu trajeto diário. Então, percebe que ficaria horas preso no
trânsito ou talvez até se envolvesse no acidente.
6. Você tem uma ideia para um romance, história, invenção, produto ou serviço, e acredita ser
inédita. Em seguida, descobre que duas pessoas diferentes tiveram a mesma ideia e o fizeram
antes de você.
7. Quando olha para o relógio, o micro-ondas, as horas no computador ou até mesmo o
mostrador digital na esteira de corrida, parece que os mesmos números, talvez 1h11 ou 9h11,
surgem o tempo todo. É como se eles o estivessem perseguindo.
8. Ao pensar ou conversar sobre um pássaro específico, talvez um urubu, um bando passa sobre
sua cabeça. Ou talvez esteja pensando em um livro específico enquanto percorre os corredores
de uma livraria e ele escorrega da estante e cai aos seus pés. Ou você abre um livro de maneira
aleatória e lê uma frase que trata exatamente da questão que está na sua cabeça.
9. Você perde um objeto, e ele “volta” para você de uma forma que vai contra todas as
possibilidades.
10. Você se sente desestimulado num relacionamento, no trabalho, na vida financeira e está
prestes a desistir de tudo. Então, algo inesperado acontece e você percebe que as coisas não são
tão terríveis assim.
Vivenciando a sincronicidade
Jung estava tratando de uma jovem paciente, que relatou um sonho no qual alguém lhe dava um
escaravelho dourado. Ele sabia que este era um símbolo de renascimento na mitologia antiga, e
acreditava que o sonho podia ser o presságio de algum tipo de renascimento psicológico que a
retiraria do racionalismo excessivo que impedia o tratamento. Quando estava prestes a dizer isso,
ouviu um barulho atrás de si, virou-se e viu um inseto batendo contra o vidro. Abriu a janela, pegou
o inseto e percebeu que era um besouro, a espécie mais próxima do escaravelho que havia naquela
área. Jung contou sua interpretação do sonho, e, daquele momento em diante, a paciente, até então
atordoada, começou a melhorar.
Jung ficou tão impressionado quanto sua paciente diante do ocorrido. Com o passar dos anos, ele
continuou investigando o fenômeno e cunhou o termo sincronicidade para descrever essas
coincidências significativas.
Quando começamos a escrever o blog e pedimos que as pessoas contassem seus relatos,
descobrimos rapidamente que algumas tinham concepções equivocadas do que na verdade é a
sincronicidade. Uma vez que os exemplos muitas vezes definem algo muito melhor do que um
dicionário, comecemos com uma história simples.
Enquanto estávamos hospedados numa casa em Florida Keys, dois amigos foram nos visitar: o
Robert da cidade de Stuart, na Flórida, e o Robert de Minneapolis. Certa manhã, um deles
procurava frutas na geladeira e pegou um vidro de mangas em conserva da marca Robert Is Here
[Robert está aqui].
“Ei, vocês não vão acreditar nisso. A manga sabe de nós!”, disse ele, rindo.
Essa sincronicidade não seria nem um pouco interessante se só um Robert estivesse na casa. Mas
três homens de nome Robert e a descoberta da manga de nome incomum foi o suficiente para
surpreender até mesmo o Robert cético, a quem chamamos de Rabbit só para distinguir dos outros.
E isso acabou despertando Rabbit para a ideia da sincronicidade. Alguns dias depois, ele mesmo
vivenciou uma.
Enquanto estávamos na ilha, Rabbit gostava de andar numa bicicleta que havíamos encontrado no
depósito da casa. Nela havia um adesivo no qual se lia: “Island Bikes – 900 Truman, Key West”. Ele
falou dessa loja várias vezes, sugerindo que deveria ir até lá. Uma noite, enquanto estávamos a
caminho de Key West para jantar, aconteceu de passarmos pela avenida Truman, no quarteirão do
número 900, e ficamos surpresos ao ver uma loja de bicicletas com outro nome. Ela estava fechada,
então seguimos adiante. E aquilo parecia ser o fim da história.
Nós voltamos de viagem, e Rabbit continuou na ilha com outro amigo. Durante sua estada,
recebeu a visita de um terceiro amigo, Toni, que chegou com um presente: uma camiseta da Island
Bikes. Nas costas da camiseta, embaixo do nome da loja, estava o novo endereço. Mistério resolvido.
Obviamente, Toni não fazia ideia de que faláramos diversas vezes nos últimos dias daquela mesma
loja, ou que Rabbit estava andando numa bicicleta comprada lá. Para finalizar, a camiseta tinha
listras verde-escuras, vermelhas e amarelas, as cores do movimento rastafári da Jamaica, destino
costumeiro de Rabbit durante o inverno.
Dois dias depois, Rabbit adentrou nossa casa usando a nova camiseta.
“Vejam, tive uma sincronicidade”, disse ele. “Mas o que significa?”
No sentido junguiano do termo, Rabbit vivenciou uma união de acontecimentos internos e
externos de uma maneira que não pode ser explicada pela causa e efeito, mas que é significativa para
o observador. Certamente ela lhe chamou a atenção, e o fez questionar se as coincidências podem ser
mais que eventos aleatórios. Depois de passar três dias ouvindo a gente falar sobre sincronicidade, ele
estava preparado para viver uma. Esta é a beleza do fenômeno. Uma vez que nos tornamos
conscientes das sincronicidades, elas tendem a proliferar. E é simplesmente impossível ignorá-las
quando começam a acontecer com mais frequência. Passamos a procurar respostas, fazer associações,
assim como Jung fez entre o escaravelho dourado, o renascimento e sua paciente.
Às vezes, uma única e dramática experiência é tudo do que precisamos para sermos despertados
para a mágica que paira o tempo todo ao nosso redor, ou seja, a sincronicidade em constante
funcionamento em nossa vida. Na região metropolitana de Minneapolis-Saint Paul, alguns
exploradores urbanos passam o tempo explorando cavernas, minas, túneis, telhados e porões. Um
deles, Gabriel Carlson, tem um site onde escreve sobre sua paixão: explorar esses “espaços
intermediários, esquecidos, proibidos”.
Em meados de janeiro de 2006, Gabe teve uma experiência que mudou sua vida. Ele e um amigo
caminharam até Tomales Point, na Califórnia, a ponta no extremo norte do lado oeste da falha de
San Andreas.
“Estávamos cercados de oceano por três lados, há quilômetros da estrada mais próxima, sendo
esbofeteados pelo vento que subia até os penhascos, na paisagem mais surreal e estonteante que já
vira. A interação de terra, água, luz e vida era de tirar o fôlego, e a proximidade do lugar e do
momento ofuscou todas as coisas que eu pensava serem importantes lá na civilização. Fui levado à
experiência da ‘unidade’ de todas as coisas.”
Depois da experiência, sua intuição parecia mais afiada, e uma voz interior o impulsionou para
onde precisava ir. Quando retornou para a Califórnia, ele e alguns amigos foram a um bazar de
usados para “garimpar coisas legais”. Gabe logo se interessou por um antigo bule, mas não conseguiu
explicar por que quis tanto comprá-lo. Ele dificilmente passava pela seção de artigos domésticos, e
jamais pensara que seria o tipo de pessoa que teria – ou compraria – um bule. “Acabei decidindo
aceitar o pontapé inicial da minha intuição em Tomales Point e ser guiado pelo instinto, pela mágica
ou qualquer coisa que o valha.”
Gabe levou o bule para casa, ainda sem saber por que o objeto chamara sua atenção, e preparou
alguns saquinhos de chá. O gosto era bom, mas sem nada de especial. “Fiquei decepcionado por
nada ter acontecido alguns dias depois da compra.”
Depois de uma semana, Gabe resolveu dar uma olhada no vão de acesso ao porão de sua casa em
Minneapolis, construída em 1912. Durante os oito anos em que morara na casa, nunca tinha sentido
vontade de inspecioná-lo, algo incomum para um rapaz que passa o tempo livre explorando lugares
subterrâneos.
Havia um alçapão na parede que dava acesso ao vão. Ele encontrou algumas coisas: dois ratos
mortos, um forro de plástico, uma velha lata de café, sapatos decompostos. “Quando passei a mão
sob a escada, senti uma coisa dura por baixo do plástico empoeirado, um tipo de objeto abaulado,
saliente, acima do solo.” Ele puxou o objeto, levou-o para fora e tirou, com uma escova, a poeira de
um bule de chá desgastado. Foi quando percebeu o significado da descoberta. “O bule que encontrei
enterrado na minha casa era idêntico ao que comprara no bazar alguns dias antes. O mesmo design,
o mesmo tamanho, o mesmo material, os mesmos encaixes, o mesmo bico. O mesmo bule.”
Gabe era o tipo de cara lógico, racional, cético, um ateu, sem qualquer inclinação para o
misticismo. Mesmo assim, seguiu seus impulsos e vivenciou uma sincronicidade tão poderosa que o
modificou profundamente. Em um e-mail, que continha anexa a fotografia dos dois bules
extraordinariamente parecidos, ele disse: “Tornei-me alguém que experimenta e aprecia a
sincronicidade [...] e mudei minhas crenças sobre muitas coisas no mundo. Ele é um lugar muito
mais estranho e maravilhoso do que eu ousava acreditar”. Logo depois de postarmos sua história,
Gabe deu início ao seu próprio blog sobre sincronicidade e continuou investigando a natureza do
fenômeno.
Decifrando a mensagem
Decifrar a mensagem costuma ser a parte mais delicada de qualquer experiência de sincronicidade. O
que o universo está tentando nos dizer? Estamos recebendo um alerta? A experiência é a confirmação
de algo que está acontecendo em nossa vida? É a sugestão de que devemos tomar um rumo diferente?
Por que atraí essa experiência específica? Qual seu significado mais profundo?
Digamos que você venha vivenciando uma série de números, como o 8, por exemplo. O que este
número significa pra você? Qual seu significado secreto? É seu número de sorte? Blayne, nativo de
Wisconsin, estava pensando em se mudar para o Havaí. Pensava nisso quase todos os dias e lia tudo o
que podia sobre aquele distante Estado. Também começou a ver o número 808 em todos os lugares,
como placas de automóveis, livros e revistas. Ele não sabia o significado da experiência, até que
deparou com a resposta: 808 é o código de área do Havaí. Foi como se o universo o conectasse
sutilmente com seu sonho e o encorajasse a realizá-lo.
Nesta primeira parte do livro, você aprenderá não só os segredos da sincronicidade, mas também
descobrirá como decodificar suas próprias sincronicidades para enriquecer sua vida. Na parte 2,
aprenderá como fazer uso da sincronicidade e criar ambientes férteis para que muitas delas
aconteçam.
Na sua jornada, você descobrirá que as sincronicidades surgem de muitas maneiras. Elas podem ser
tão simples quanto pensar em uma palavra e depois escutá-la assim que liga o rádio ou a TV, ou tão
complexas e cheias de camadas como a sincronicidade do bule de Gabe. Às vezes, uma sincronicidade
parece estar zombando de nós; outras vezes, é tão carregada de emoções quanto um grande romance.
As sincronicidades costumam tratar de temas amplos e vastos comuns a todos nós, o que Carl Jung
chamou de arquétipos.
Avaliando
Pense em uma coincidência significativa, um sinal ou um presságio que tenha tido. O que acontecia
na sua vida naquele momento? Havia probabilidades estranhas envolvidas? Aconteceu algo sobre o
qual você tenha conversado com sua família e amigos? Quem mais estava envolvido? A experiência de
Anthony Hopkins, com o livro que procurava, envolveu grandes probabilidades, e coincidiu com o
projeto cinematográfico no qual trabalhava na época. E o seu sinal, presságio ou coincidência
significativa? Parece ser uma confirmação, um alerta, ou parece estar impulsionando-o numa nova
direção?
Depois que a escritora Deirdre Bair ganhou o Prêmio Nacional do Livro com Samuel Beckett: uma
biografia, a sincronicidade teve um papel fundamental na escolha de seu novo projeto. “De repente,
um monte de pessoas que não se conheciam, e muitas que também não me conheciam, começaram a
perguntar qual seria meu próximo livro e se eu já havia pensado em escrever sobre Jung.”
Na nota da autora, no início de Jung: uma biografia, Bair diz que ficou incomodada com a forma
pela qual o nome de Jung continuava surgindo, mas reconheceu a influência específica das sugestões
como uma sincronicidade. E começou a pesquisar a vida e a obra de Jung. Pareceu o mais certo a se
fazer. E a ironia da sincronicidade foi que ela escreveria sobre o homem que cunhou o termo
“sincronicidade” e dissertou extensivamente sobre o assunto.
Esses tipos de sincronicidade atingem uma ordem mais profunda no universo, à qual o físico
David Bohm deu o nome de “ordem envolvida” ou “ordem implicada”, um tipo de força primordial
que dá origem a tudo no universo. Bohm acredita que até mesmo o tempo se desenvolve a partir da
ordem implicada, e referiu-se à realidade exterior como a ordem explicada. A sincronicidade,
portanto, é quando o implicado e o explicado, o interno e o externo, coincidem.
Achados e perdidos
Quando perdemos algo importante, geralmente ficamos bastante concentrados. Não importa o que
seja – o carro, a bolsa ou o telefone celular –, queremos de volta. Essa atenção e determinação
obstinada parecem desencadear uma sincronicidade, permitindo que recuperemos o que perdemos,
às vezes por meios extraordinários e improváveis.
Tim Wallender, que mora em Memphis, no Tennessee, relatou um dos exemplos mais
inacreditáveis de objetos perdidos e encontrados. Aconteceu quando ele e o irmão trabalhavam na
mesma ferrovia. O irmão era engenheiro, e ele, maquinista. No dia do incidente, os dois estavam
trabalhando em trens diferentes.
“Era o primeiro dia desde que a empresa havia fornecido um telefone celular para cada engenheiro.
O engenheiro com quem eu trabalhava perguntou quem eu achava que seria o primeiro a perder o
telefone. Eu disse que, sem dúvida, seria meu irmão.”
Alguns quilômetros depois, eles tiveram de parar para liberar alguns vagões. Tim disse que estavam
a cerca de 190 quilômetros de distância de onde ele e o irmão tinham partido, e só o seu trem estava
programado para parar ali. “Liberamos os vagões da locomotiva e, quando olhei para baixo, havia um
celular na neve. Meu engenheiro estava lá para ajudar no trabalho, e nós dois nos olhamos e
dissemos: ‘Mentira!’. Como era de esperar, tirei a tampa traseira do telefone e havia um adesivo com
o nome do meu irmão.”
Naquela noite, Tim ligou para o hotel em que seu irmão estava hospedado em Chicago e lhe
perguntou onde estava o celular. Ele respondeu que já o procurara em todos os lugares, mas não
conseguira encontrá-lo. “A segunda locomotiva tinha dado problemas, e o telefone deve ter caído do
bolso enquanto ele caminhava para ver o que havia acontecido. Não sei quais são as probabilidades
de encontrar o telefone do seu irmão a 190 quilômetros de onde ele saíra e somente alguns minutos
depois de eu dizer que ele o perderia. Ou quais são as probabilidades de parar em cima dele, olhar
para baixo e encontrá-lo na neve.”
Essas histórias parecem sustentar o argumento de que vivemos em um holograma gigante, onde
todas as informações – passadas e futuras – estão disponíveis para nós. Em uma entrevista para a
revista Psychology Today, o físico Karl Pribam disse: “Se olharmos [...] para o universo como um
sistema holográfico, chegamos a uma visão diferente, uma realidade diferente. E essa outra realidade
pode explicar coisas que até agora continuam sem explicação científica: fenômenos paranormais,
sincronicidades, a aparente coincidência dos acontecimentos”.
DESENVOLVENDO A PERCEPÇÃO
A melhor maneira de desenvolver a percepção das sincronicidades – e, com isso, ter mais experiências – é registrá-las em
um diário ou em um arquivo no computador. Sempre que passar por um acontecimento que pareça apenas uma
coincidência, leve-o a sério. Descreva-o com o maior número de detalhes que puder.
• Ela confirma algo que você está sentindo, fazendo ou pensando em fazer?
• Ela transmite uma mensagem?
• Ela desperta para um novo caminho?
• Ela fornece vislumbres de crenças e da ordem subjacente na sua vida?
• Ela dá dicas sobre certo padrão no seu comportamento?
• Observe outras sincronicidades relacionadas que envolvam o mesmo assunto.
Com o tempo, talvez você descubra que muitas das suas sincronicidades estão centradas em temas específicos – altos e
baixos emocionais, criatividade, carreira, viagem, família ou amigos, animais e bichos de estimação. Quando reconhecer
como e quando as sincronicidades são mais prováveis de acontecer, ficará mais fácil atraí-las. Quando uma sincronicidade
se repete ou se expande, como na história dos três homens de nome Robert, sua percepção das probabilidades estranhas
aumenta, e sua capacidade de aceitar as sincronicidades se expande.
A intuição é como um músculo. Quanto mais é usada, mais forte ela fica. Quanto mais forte, maior a probabilidade de
vivenciarmos sincronicidades com mais frequência e aprendermos a usá-las como uma bússola para nos orientar em nosso
próprio caminho pela vida.
No seu diário, formule uma pergunta simples e específica. Em vez de “Para onde está indo essa relação?”, pergunte:
“Qual a verdadeira natureza dessa relação?” Ou então, em vez de perguntar se conseguirá um novo trabalho, pergunte se é o
trabalho certo para você. Pense na sua pergunta periodicamente à medida que lê os próximos capítulos. No final do livro,
você terá uma resposta usando a intuição.
Minha pergunta:
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Numa sociedade que atribui o mais alto valor à mente objetiva, ao raciocínio com o lado esquerdo
do cérebro e à razão, as emoções costumam ser vistas com certa suspeita, como um poluente de
algum tipo. No entanto, a própria natureza de uma sincronicidade é subjetiva e emocional. Ela nos
impele a investigar partes de nós mesmos que talvez não estejamos prontos para explorar – ou que
não desejemos explorar. De vez em quando, as sincronicidades começam com um impulso para fazer
algo que nunca fizemos antes. Foi o que aconteceu com o escritor Kurt Vonnegut.
Certa manhã, muito antes de surgir a internet e os telefones celulares, Vonnegut sentiu-se
compelido a ligar para o cunhado, para quem jamais ligara nem tinha motivos para tal. “Saí de
repente do escritório [...], passei pelo corredor até chegar à cozinha e fiz um interurbano para meu
cunhado.” Ele não fazia ideia de que o homem tinha morrido momentos antes.
Enquanto o telefone chamava, Vonnegut ouviu uma notícia de última hora no rádio sobre um
trem que se precipitara numa ponte levadiça aberta em Nova Jersey. Embora seu cunhado nunca
pegasse o trem, Vonnegut soube instantanea- mente que ele era um dos passageiros. Uma hora
depois, o escritor estava a caminho de Nova Jersey, onde sua irmã estava hospitalizada, com câncer
terminal, e os quatro filhos eram agora órfãos de pai.
Antes de o sol se pôr, Vonnegut se encarregara da casa e das crianças. Sua irmã morreu no dia
seguinte. “Minha esposa e eu, então, adotamos e criamos os filhos deles.” Algumas semanas antes do
incidente, a esposa de Vonnegut andava repetindo uma ideia estranha: “Os refugiados estão vindo, os
refugiados estão vindo.”
O grande Karass
O relato de Vonnegut deste evento dramático foi incluído no livro A verdade sobre as profecias, de
Alan Vaughan. Inicialmente, Vaughan entrou em contato com Vonnegut para saber de onde surgira
o conceito de Karass em seu romance Cama de gato. Caso você não tenha lido esse brilhante romance
de Vonnegut, Karass é um grupo de pessoas que trabalham juntas sem saber que fazem parte de um
plano cósmico maior. A pessoa descobre que faz parte do Karass quando coincidências significativas
ocorrem entre ela e os outros membros do grupo. No entanto, na cosmologia de Cama de gato, é
preciso distinguir entre as coincidências do acaso e as significativas. Quem não conseguisse poderia
estar relacionado a um Granfaloon, um falso Karass.
O impulso de Vonnegut para ligar para o cunhado fora tão forte que ele o reconheceu como
significativo e agiu. Aparentemente, sabia que não era um Granfaloon.
Vivenciamos sincronicidades por razões que talvez não sejam óbvias de imediato, mas, quando se
manifestam pelos impulsos, como no caso de Vonnegut, precisamos agir, seguir o impulso. Sim,
nosso lado racional gritará, berrará sobre nosso comportamento irracional, esbravejando diversos
motivos para ignorarmos os impulsos. Porém, quando estamos em sintonia com a realidade da
sincronicidade e entendemos a coincidência como significativa, tornamo-nos participantes ativos de
uma camada mais profunda da vida. Quando ignoramos os impulsos, o fazemos por nossa conta e
risco.
Como observou F. David Peat em Pathways of chance, “as sincronicidades podem acontecer
quando as pessoas entram em momentos de crise ou mudança, quando estão apaixonadas, envolvidas
em um trabalho altamente criativo ou à beira de um colapso. São momentos em que os limites da
mente e da matéria são transcendidos, e as pessoas escapam das distinções normais e rigorosas que
fazem entre interno/externo, subjetivo/objetivo, alma/matéria”.
Portanto, não é de surpreender que, durante esses picos de experiências emocionais, as
sincronicidades caiam de repente na nossa vida. É como se o universo estivesse disposto a nos
oferecer um guia, a nos ajudar a seguir a direção correta ou nos alertar de que algo importantíssimo
está logo depois da esquina e que deveríamos nos preparar para isso. Na terminologia de Vonnegut,
somos todos parte de um grande Karass.
Drama
O amor pode mover montanhas. Esse princípio trata da força poderosa e dinâmica de nossas
emoções e do efeito dessa força no mundo físico. Quando nossas emoções são intensificadas e nossas
intenções estão focadas, coisas acontecem. As circunstâncias desencadeiam essas emoções, que podem
variar desde transições dramáticas que alteram toda a nossa vida – nascimento, morte, casamento ou
divórcio, uma mudança, uma criatividade intensa – a dramas comuns que encontramos no decorrer
do cotidiano.
Temos aqui algumas situações que você, possivelmente, deve ter vivenciado. Perceba como cada
uma está conectada a um evento sincrônico, a algo que talvez você tenha ignorado ou sequer
percebido quando aconteceu.
1. Você é repreendido ou tem uma avaliação negativa no trabalho, mas não merece. Logo depois,
ouve falar que surgiu uma vaga em outra empresa que se encaixa em suas habilidades e
experiências. E percebe que é hora de mudar de emprego.
2. No momento em que uma pessoa querida morre, o relógio para. Depois dessa morte, você olha
com frequência para o relógio sempre na mesma hora. Talvez encare como uma curiosidade ou
como uma mensagem de que continuamos conectados aos entes queridos mesmo depois que
eles morrem.
3. Durante uma discussão calorosa, a luz pisca, a energia vai embora, um transformador explode.
A justaposição dos eventos o desperta para uma percepção mais profunda da dinâmica da
relação entre você e a outra pessoa.
4. O amigo com quem você divide o apartamento se muda sem nenhum motivo. Em vez de se
culpar ou culpar o outro, você tenta manter a amizade. Enquanto os dois estão viajando, você
vê uma placa de carro com as suas iniciais e a palavra bom, uma confirmação de que está
fazendo a coisa certa.
5. Você tem uma visão ou um sonho de uma pessoa que nunca viu na vida. Algum tempo depois,
a encontra.
Pense em um momento emocional da sua vida em que o mundo interior parece ter coincidido
com um evento exterior. Você ignorou a experiência e considerou-a aleatória e sem sentido? Ou
reconheceu a experiência como significativa? Foi capaz de usar a sincronicidade para tomar uma
decisão?
Sinais e símbolos
O grande Karass da sincronicidade fala conosco de muitas maneiras: pelos impulsos, como no
exemplo de Vonnegut, mas também pelas emoções, visões, relacionamentos, sonhos, pressentimentos
e símbolos.
Em geral, as palavras símbolo e sinal são usadas indistintamente. Até nos dicionários, às vezes, uma
é usada para definir a outra. Mas elas, na verdade, são bem diferentes. Sinal é qualquer objeto, ação,
evento ou figura que transmite significado e aponta para algo definido, tangível, finito, conhecível.
Quando nos aproximamos de um cruzamento e vemos o sinal vermelho em forma de octógono,
pisamos no freio. Símbolo é um objeto, imagem, situação ou acontecimento que representa outra
coisa. Seu significado pleno pode ser ostensivamente óbvio ou pode nos enganar ou iludir por
completo, fugindo da nossa compreensão.
“Todos estamos cercados por uma vasta paisagem de símbolos, codificados dentro dos
acontecimentos e fenômenos do dia a dia”, diz Ray Grasse em The walking dream: unlocking the
symbolic language of our lives. Um símbolo pode aparecer como uma figura peculiar numa nuvem, o
vislumbre inesperado de um animal, a descoberta de um objeto incomum, uma mensagem oculta
transmitida numa conversa casual. Grasse chama isso de “símbolos ambientais”, que carregam
mensagens e pistas sobre os padrões da vida. O desafio está em reconhecê-los e interpretá-los. À
medida que tomamos consciência deles e compreendemos sua significância, pouco a pouco vamos
aprendendo a linguagem dos símbolos e nos tornando capazes de desvendar as mensagens dessas
sincronicidades com mais facilidade.
Robert Hopcke, em Não há acasos, relata um incidente espetacular que ocorreu com um homem
que se consultou com ele enquanto ainda trabalhava como estagiário. O cliente havia sido dominado
pela mãe a vida inteira e acreditava que todos à sua volta – inclusive Hopcke – só queriam controlá-
lo e dominá-lo, assim como sua mãe fizera. Então, eles chegaram a um impasse na terapia.
Num domingo chuvoso, pela manhã, Hopcke apareceu para a sessão marcada normalmente e, logo
depois do início, houve um corte de energia. Entrava bastante luz pela janela da sala, então eles
prosseguiram com a sessão como de costume – indo a lugar nenhum –, e Hopcke decidiu tentar uma
abordagem diferente. Disse que chegara lá durante uma tempestade e agora conduzia a sessão sem
eletricidade no prédio. Será que ele aguentaria essa situação desagradável se não estivesse de fato
preocupado com o bem-estar do seu cliente?
À medida que Hopcke prosseguia nesse mesmo estado de espírito, o cliente se acalmou, ponderou,
e respondeu: “Entendo. Talvez você se importe, e talvez nem tudo se trate de energia”.
No mesmo instante a energia foi restabelecida, iluminando a sala. Hopcke explicou que a falta de
energia e o início da sessão na escuridão “refletiam o estado emocional de uma relação em que
nenhum de nós era capaz de encontrar seu caminho para a luz da consciência”. Mas, uma vez
conectado emocionalmente com o cliente, e este tendo entendido e se sentido fortalecido de novo, “a
sala de repente foi tomada pela energia literal e emocional”.
Hopcke escreveu: “Em todas as sincronicidades, o que importa não são os ‘fatos objetivos’ das
coincidências, mas o impacto emocional que elas exercem nas pessoas envolvidas”.
Impacto emocional. É isso que move montanhas. E, quando trazemos nossos desejos e intenções
para a equação, a mágica acontece. Há momentos em que queremos algo com tanta veemência e
desejamos fazer o que for preciso para a mudança acontecer que o universo responde rápida e
literalmente, de uma maneira que não podemos desprezar como sendo uma coincidência aleatória.
Quando nossa filha Megan voltou para cursar o penúltimo ano da faculdade, estava um pouco
desnorteada por causa de uma relação que tivera fim poucos meses antes. No dia em que voltou para
o alojamento, o jovem em questão a recebeu com um abraço apertado, mas, naquele mesmo dia,
quando passeavam com amigos em comum, surgiu um desconforto entre os dois.
Ela é defensora da lei de atração – especificamente por meio de Abraham, guia espiritual de Esther
e Jerry Hicks. Então, percebeu a importância de se mudar para um lugar onde houvesse “melhores
vibrações”. E buscava uma confirmação de que poderia fazer aquilo.
Naquela tarde, ela caminhou até Sarasota Bay para ver o sol se pôr. O celular estava no bolso, e o
teclado desbloqueado. Quem tem um telefone celular sabe que quando o teclado está desbloqueado e
o telefone no bolso, os movimentos do corpo podem provocar uma ligação ou digitar mensagens
aleatórias. O resultado sempre é incompreensível. Mas, enquanto Megan estava sentada no dique,
num “momento perfeito” de otimismo, sentiu o telefone vibrar dentro do bolso.
“Peguei o aparelho esperando ver uma chamada”, lembra-se Megan. “Mas, em vez disso, havia
uma mensagem escrito ACREDITAR 88. Não digitei a mensagem. Ninguém a enviou pra mim. Ela
foi escrita pelos movimentos do meu corpo, porque o teclado não estava bloqueado. Até a palavra
ACREDITAR estava escrita corretamente! E 8 é meu número predileto; havia dois! Vocês chamam
isso de sincronicidade. Para mim, significa que eu estava entrando em alinhamento com a Fonte. Foi
uma afirmação.”
O número 8 é o símbolo do infinito. Se os físicos quânticos estiverem certos, se de fato nossas
intenções puderem afetar a matéria, então a experiência de Megan parece sugerir que, às vezes, esse
efeito pode ser muito literal. Enquanto buscava conscientemente por uma vibração melhor, aquela
mensagem lhe confirmou que estava no caminho certo, que poderia ir além daquele mal-estar.
Altos e baixos
Se quisermos nos beneficiar de uma sincronicidade, precisamos, primeiro, reconhecê-la como
significativa, depois seguir as pistas e ver aonde nos levam. Contudo, quando estamos no meio de
uma crise, seguir pistas pode não ser tão simples quanto dar um passo depois do outro. Às vezes,
certas coisas precisam acontecer antes que possamos seguir as pistas.
Esse foi o caso da escritora Sharlie West, cujo marido morreu em 1989. Um ano depois, sua mãe
teve um derrame, e Sharlie precisou enviá-la para uma clínica, pois não podia mais cuidar dela. A
clínica ficava perto, e Sharlie ia vê-la com frequência. Certa tarde, durante uma visita, conversava
com a mãe quando, do nada, disse: “Eu deveria ter me casado com Jimmy B. Ele sempre se importou
comigo”.
A mãe olhou para ela, confusa. Sua filha não mencionava o nome de Jim há quarenta anos. E se
lembrou dele. “Ele era completamente apaixonado por você”, ela disse. As duas riram. Sharlie se
esqueceu da conversa, e, três semanas depois, sua mãe morreu.
Pouco tempo depois, Sharlie estava sentada na sala de casa com uma amiga quando, de repente,
sentiu que alguém pensava nela. “Foi tão intenso que pude sentir a pessoa na minha mente, e até
mesmo ver sua imagem: meia-idade, cabelo grisalho, óculos. Ninguém que eu conhecesse. Contei
para minha amiga, mas ela deu de ombros e disse que eu estava imaginando coisas.”
Então, Sharlie recebeu uma carta de condolências de Jimmy B. Ele lera a nota de falecimento da
mãe dela no jornal e pegara seu endereço na funerária. Sharlie estranhou, mas se lembrou da conversa
que tivera com a mãe e ficou maravilhada com o interessante sincronismo dos eventos. Será que
Jimmy tentaria entrar em contato se não tivesse lido o obituário da mãe dela?
Quando Jimmy apareceu na sua casa, não muito tempo depois, Sharlie levou um susto. Era o
mesmo homem que aparecera em sua visão. No entanto, o Jimmy de quem se lembrava tinha cabelos
pretos e não usava óculos, por isso seria impossível imaginá-lo no presente. “Três semanas depois ele
foi morar comigo, e hoje, 18 anos depois, ainda estamos juntos. Gostamos de pensar que minha mãe
nos ajudou.”
O que a história de Sharlie tem de particularmente cativante é que sua sincronicidade envolve três
grandes transições emocionais num período de cerca de um ano: a morte do marido, a morte da mãe
e o encontro com quem viria a se casar. “Em acontecimentos do acaso, significativos tanto de
maneira emocional quanto sincrônica, nossa experiência psicológica de uma sincronicidade sempre
ocorre para possibilitar que nos movamos adiante de alguma maneira”, escreveu Hopcke. “Durante
esses períodos, a psique às vezes nos dá, na forma de coincidências significativas, um meio de ajuda
interna e psicológica.”
TRABALHE A RESPIRAÇÃO
Enquanto lida conscientemente com as emoções, preste atenção na sua respiração. A consciência da respiração – o modo
como você inspira, expira, qual a profundidade da respiração, se expira rápido ou devagar – é uma preparação emocional.
Quando estiver ciente de sua respiração, diminua o ritmo. Respire mais profundamente. À medida que sua respiração ficar
mais lenta, você se sentirá mais calmo, mais relaxado. Será mais fácil perceber o que está certo na sua vida e evocar
emoções mais felizes. Se ainda não faz meditação, tente durante cinco minutos por um mês. Você sentirá uma diferença
notável nas suas emoções, e um aumento na quantidade de sincronicidades que vivencia.
Talvez você queira fazer o que a escritora, editora e médica intuitiva Louise Hay faz toda manhã. Antes de se levantar da
cama, ela agradece por tudo na vida. É um ótimo hábito a ser cultivado. E o universo sempre responderá trazendo mais
experiências, situações e pessoas para que você agradeça.
EXPERIÊNCIAS PSÍQUICAS
As experiências psíquicas emanam do que o físico David Bohm chamou de ordem implicada. Na
sua visão do universo – bem como na de Jung –, esses aspectos da sincronicidade fornecem pistas
vitais de como estamos todos conectados. O físico Victor Mansfield concorda. Conforme
escreveu em Synchronicity, science, and soul-making, vivemos “em um mundo radicalmente
interconectado e interdependente, um mundo tão essencialmente conectado num nível
profundo que as interconexões são mais essenciais, mais reais que a existência independente das
partes”.
Essas ideias se refletem nas tradições espirituais orientais que remontam a milhares de anos.
No texto sagrado indiano Rig Veda, Indra – rei dos deuses e deus da guerra – lança uma grande
rede espiritual (conhecida como Rede de Indra), na qual todos os membros do cosmos estão
interconectados. Em Synchronicity in your life, Shawn Randall especula que, se a “rede é
multidimensional, os pontos em que seus fios se conectam seriam como pontos de intersecção
dos quais poderíamos acessar a rede inteira. [...] Basicamente, é assim que a sincronicidade
funciona”. Em outras palavras, um puxão reverbera na rede inteira.
Bhagavad Gita, poema religioso hindu, reconhece a natureza sincrônica da criação e a unidade
cósmica subjacente. O termo hindu Brahman refere-se à conexão fundamental de todas as coisas
no universo. A manifestação dessa unidade universal na alma é chamada de Atman.
O zen-budismo se refere a satori, o sentido de unidade que experimentamos com o universo e
a consciência da inteligência compassiva que permeia os mínimos detalhes. Pratitya samutpada,
doutrina da filosofia budista, principalmente na China e na Coreia, significa “originação
interdependente” e refere-se a uma rede interdependente de causa e efeito, o princípio motivador
do universo.
Chi, segundo a filosofia chinesa, é a força vital que permeia todas as coisas e fortalece o
universo. Na filosofia ioga, chi é comparável ao pranayama, manifestada nos seres humanos pela
respiração.
Essas ideias orientais são semelhantes ao conceito de noosfera, ideia criada pelo francês Pierre
Teilhard de Chardin, filósofo, paleontólogo e sacerdote jesuíta ordenado. Ele estava convencido
da existência de uma “inteligência ordenadora” invisível, uma esfera mental que ligava toda a
humanidade. E sugeriu que, à medida que a humanidade se organiza em redes sociais mais
complexas, a noosfera se expande na consciência.
Premonições e precognições
A premonição geralmente é definida como um sentimento de antecipação ou ansiedade em relação a
eventos futuros. Já a precognição é o conhecimento de uma situação ou acontecimento futuro.
Por exemplo, suponha que você sinta que deve virar numa esquina específica, mesmo não sendo
seu caminho habitual para o trabalho. Depois, descobre que houve um grave acidente no caminho
que costuma pegar e o trânsito ficou todo parado. Isso é uma premonição. Mas se você sonha que
alguém lhe enviou uma mensagem de texto no telefone com as palavras “Seu tio faleceu” e ele morre
duas semanas depois, isso é uma precognição – a previsão de acontecimentos futuros que pode
ocorrer momentos ou décadas antes de o evento se desdobrar.
Essas duas habilidades intuitivas originam-se na mente não local, que opera fora dos limites de
tempo e espaço normais. “Por sua natureza, a mente não local diz respeito a todas as coisas, porque
ela é todas as coisas”, escreveu Deepak Chopra em A realização espontânea do desejo.
Quando criança, Keith Fraser, arquivista universitário em Aberdeen, na Escócia, teve uma
experiência precognitiva sobre uma mulher com quem acabou se casando. Durante algumas visitas à
casa de sua avó no início dos anos 1960, Keith lia The friendship book, da editora D. C. Thompson,
para passar o tempo. Nele, havia várias fotografias, e a imagem de uma jovem pintando um quadro
chamou sua atenção.
Anos depois, enquanto visitava a casa da namorada pela primeira vez, viu um exemplar de The
friendship book na estante. Ele comentou que costumava lê-lo quando estava na casa dos avós e
começou a folhear o livro. “Foi quando reconheci a imagem de uma jovem pintando um quadro.
Mostrei-a para meus futuros sogros, e imaginem só minha surpresa quando me disseram que a foto
era da minha futura esposa, que eles tinham enviado para a editora, D. C. Thompson, no início dos
anos 1960.”
Aos doze anos, Ray Getzinger costumava sonhar com uma mulher ruiva da Georgia que deixava o
cabelo cacheado. Dez anos depois, em 1966, casou-se com uma mulher ruiva que morava na
Virginia, mas nascera na Georgia. “Depois de um ano de casados, ela arrumou o cabelo exatamente
do jeito que eu sonhava.”
Tanto Keith quanto Ray ficaram obviamente bastante impressionados pela lembrança de suas
experiências passadas. Assim, quando as mulheres reais apareceram na vida deles, reconheceram as
impressionantes sincronicidades. Essas histórias exemplificam como as sincronicidades nos conectam
a algo maior que nós mesmos, ao que é essencialmente invisível e desconhecido. Mas se, como afirma
a física quântica, a mente não local existe fora dos limites de espaço e tempo, então talvez o menino
Keith e o sonhador Ray estivessem mergulhando em possibilidades futuras.
Em seu livro Sincronicidade: a promessa da coincidência, Deike Begg escreveu: “O aspecto mais
interessante de todo fenômeno sincrônico é que parece haver um conhecimento preexistente das
coisas que estão por vir, coisas das quais, naquele momento, não temos absolutamente nenhuma
consciência. Parece haver um ‘outro’ que sabe infinitamente mais do que nós, pode prever o futuro e
também tem a capacidade engenhosa de encontrar a rota mais rápida para nos levar de volta ao nosso
destinado caminho”.
PRESSENTINDO O FUTURO
Assim como Keith e Ray, você também pode ter um vislumbre do futuro. Veja como fazê-lo.
Como explicamos no capítulo anterior, as emoções geralmente desempenham um papel nas sincronicidades, inclusive
incidentes de precognição. Pense num relacionamento importante que não faça parte de seus parentes próximos,
especialmente um interesse amoroso. Tente se lembrar de quando se conheceram. Você sentiu uma conexão imediata, uma
sensação de que uma relação íntima e duradoura se desenvolveria? Houve qualquer sensação física que desencadeou seus
pensamentos? Algumas pessoas sentem os dentes latejar ou “crescer” durante encontros importantes que afetarão o futuro.
Outras têm sonhos preditivos ou recebem flashes de imagens relacionadas aos eventos futuros.
Talvez você pense que essas coisas não acontecem com você, mas talvez aconteçam, e você nunca percebeu. Preste
bastante atenção aos seus pensamentos e emoções à medida que eventos importantes acontecem na sua vida. Procure
padrões. Mantenha um diário. Tente adivinhar o que vai acontecer, baseando-se nos seus sentimentos e pensamentos
intuitivos. Depois, pense no que passou e veja como se saiu.
Além disso, mantenha um registro dos seus sonhos, mesmo que pareçam não fazer sentido naquela hora. Use um caderno
de anotações, um diário ou um arquivo no computador. Talvez você se surpreenda posteriormente ao perceber que um
sonho parecia prever o futuro. Antes de ir para a cama, evoque o pensamento de que terá um sonho preditivo de um
acontecimento futuro.
Ao acordar, tome nota de quaisquer imagens que lembrar. Não tente interpretá-las, simplesmente anote a maior
quantidade de detalhes possível. Preste atenção nas pessoas, no cenário e no acontecimento principal.
Anote como se sentiu durante o sonho. Você estava revigorado e alegre? Com medo e apreensivo? Calmo e observador?
Ou agitado? Mais ou menos depois de um mês, recapitule os sonhos para ver se algum dos cenários na verdade deu pistas
sobre futuros eventos.
A maioria dos seus sonhos será feita de mensagens simbólicas referentes a coisas que acontecem na sua vida naquele
momento. Mas, vez ou outra, sobretudo se estiver estimulando o sonho antes de dormir, provavelmente descobrirá sonhos
que predizem acontecimentos na sua vida. Quando isso acontecer, anote como se sentiu durante o sonho. Isso pode ajudar a
reconhecer outros sonhos precognitivos.
Vislumbrando o futuro
Também é possível vislumbrar o futuro de modo consciente e intencional – até mesmo o futuro
distante. No final da década de 1980, nossa amiga Renie Wiley se ofereceu para nos projetar no
futuro por meio da hipnose. Renie não era hipnotista profissional, mas praticava hipnose com a
família e os amigos. E também tinha uma voz reconfortante e uma técnica infalível de relaxamento.
Enquanto ela falava, Trish de repente se viu como uma mulher alta, totalmente careca, vivendo
numa cidade coberta por uma cúpula.
– Por que as pessoas vivem em cúpulas? – perguntou Renie.
– É mais seguro na cúpula – respondeu Trish. – Lá fora o ar é ruim, é inóspito.
– Todo mundo vive em cúpulas?
– Só os mais sortudos. Não somos muitos. Há poucas cúpulas.
– Quantos anos você tem?
– Quase 30.
– Por que você é careca?
– Genética. Todos somos carecas.
– Em que ano você está?
– Não sei.
Trish ficou profundamente abalada com aquela progressão. Parecia real. Ela conseguiu sentir a
estrutura e a realidade da vida daquela moça.
Não muito tempo depois, encontramos, por acaso, o livro Mass dreams of the future, de Helen
Wambach, Ph.D, e Chet Snow. Depois de descobrir que conseguia projetar as pessoas em suas vidas
futuras, a dra. Wambach, terapeuta de vidas passadas há quase 30 anos, deu início a um projeto
meticuloso na França e nos Estados Unidos no qual projetou 2.500 pessoas. Ela faleceu antes de o
projeto ser completado, mas o dr. Chet Snow terminou o trabalho e publicou as descobertas.
A maioria dos participantes concordou que, no futuro, a população da terra estará amplamente
reduzida. O futuro que experimentaram tinha sido dividido em quatro categorias distintas: um
mundo estéril e sombrio, no qual a maior parte das pessoas vivia em estações espaciais e se alimentava
de comida sintética; outro, no qual as pessoas viviam em harmonia com a natureza e entre si; um
mundo pós-nuclear, povoado por sobreviventes; e um futuro em que as pessoas viviam em cidades
subterrâneas fechadas por cúpulas. Ficamos impressionados com os paralelos.
Snow explicou os quatro cenários diferentes como apenas probabilidades, futuros potenciais que
estamos criando por meio da consciência coletiva. Tempos depois, ele lançou um mapa de como
seriam os Estados Unidos após as mudanças que acreditava que aconteceriam com o planeta entre
1998 e 2012. Mesmo assim, ele recomenda que as pessoas visualizem um futuro mais positivo.
Como escreveu em Mass dreams: “Se estamos continuamente modelando nossa realidade física futura
pelas ações e pensamentos coletivos de hoje, o momento de despertarmos para a alternativa que
criamos é o agora. As escolhas entre os tipos de Terra mencionados são claras. Qual deles queremos
para nossos netos? Para qual deles queremos retornar algum dia?”
Crianças paranormais
Habilidades paranormais são comuns entre as crianças. Seja por sua falta de condicionamento social
ou por qualquer outra coisa, elas podem ter o dom da telepatia ou da clarividência. Talvez o futuro
lhes seja acessível tanto quanto o presente. Para ajudar seus filhos a desenvolver habilidades
paranormais, tente este jogo enquanto estiver no carro. O movimento do carro tende a ser relaxante,
induzindo uma espécie de transe.
Arme o cenário. Diga que fará um jogo com cores. Um de vocês será o emissor, que pensará numa
cor forte e viva. O outro será o receptor, que deve dizer a primeira cor que vier à mente. Depois,
inverta os papéis. Ou, então, você pode perguntar à criança o que acha que acontecerá na vida dela
amanhã. Ou na próxima semana. Os resultados podem ser surpreendentes.
Esses tipos de jogos psíquicos ajudam a desenvolver as percepções das crianças de um modo
diferente. Elas aprendem a confiar nos próprios instintos e na intuição.
Costumávamos brincar assim com nossa filha, Megan, quando era criança. Mas ficamos surpresos
quando, na terceira série, ela entrou em sintonia com um acontecimento que afetaria nossa família.
Durante uma apresentação do Dia de Ação de Graças na escola primária, Megan mostrou um
cachorro que esculpira em barro e agradeceu pelo golden retriever que ganharia. Ficamos confusos.
Não tínhamos planos de arrumar nenhum cachorro. Afinal, tínhamos três gatos. Mas, pouco antes
do Natal, um amigo da família perguntou se poderíamos adotar uma golden retriever que precisava de
um lar. Concordamos em ficar com a cadela por uma semana para ver como se relacionaria com os
gatos. A retriever, Jessie, se deu bem com os gatos de imediato, arrumou um canto diante da mesa de
Rob e encontrou um novo lar.
O desejo de Megan por um cão era forte e dominante, e por isso não há dúvida de que ela atraiu as
circunstâncias e a oportunidade para ganhar um. Porém, como ela acertou a raça? Sua escultura não
foi apenas uma sincronicidade, mas sim especificamente precognitiva.
Telepatia
A telepatia é a comunicação sem fala – apreendemos os pensamentos, sentimentos e sensações dos
outros. A maioria de nós já experimentou isso uma vez ou outra, em geral com alguém muito
próximo. Você provavelmente já ouviu alguém dizer “Eu ia falar exatamente isso”. Ou então já esteve
prestes a pegar o telefone quando recebe a chamada justamente da pessoa para quem ligaria.
Imagine que você acaba de visitar seu pai, já idoso, que mora sozinho. Quando você está quase
chegando em casa, ouve a voz dele, na sua mente, pedindo ajuda. A princípio, você esquece o
assunto, considerando ser reflexo da sua preocupação com a saúde dele. Mas a voz persiste na sua
cabeça. Você liga para ele do celular, ninguém atende, e sua preocupação aumenta. Você vai
novamente para o apartamento dele, e o encontra no chão, incapaz de se levantar e atender o
telefone.
Jung, em sua autobiografia, descreve uma experiência telepática com um de seus pacientes. Ele
viajou para ministrar uma palestra, voltou para o hotel mais ou menos à meia-noite, mas não
conseguiu dormir direito. “Por volta de duas da manhã [...], acordei de repente, e tive a sensação de
que alguém entrara no quarto; tive até a impressão de que a porta fora aberta subitamente. Acendi a
luz, mas não havia nada.” Jung pensou que outro hóspede poderia ter aberto a porta por engano,
mas, quando olhou para o corredor, “estava tão quieto quanto a morte”.
Esforçou-se para se lembrar do que tinha acontecido, e percebeu que fora acordado “pela sensação
de uma leve dor, como se algo tivesse atingido minha testa e depois a nuca”. No dia seguinte, Jung
recebeu um telegrama informando que um paciente seu cometera suicídio, atirando em si mesmo.
“Depois, descobri que a bala havia se alojado no fundo do crânio.”
Jung disse que essa experiência foi um fenômeno genuinamente sincrônico, em geral associado a
uma situação arquetípica – neste caso, a morte. Ele acreditava que o conhecimento da morte do
paciente se tornara possível porque, no inconsciente coletivo, tempo e espaço são relativos. “O
inconsciente coletivo é comum a todos; é o fundamento do que os antigos chamam de ‘simpatia de
todas as coisas’. [...] O inconsciente sabia da condição do meu paciente.”
Clarividência
Você já desejou alguma vez ser como uma mosca na parede? Poder visitar certa época ou lugar e ver o
que acontece lá sem que ninguém percebesse sua presença?
Puro devaneio? Não necessariamente.
A clarividência, palavra de origem francesa que significa “visão clara”, é uma habilidade psíquica
que se enquadra no campo da sincronicidade, como Jung descreveu. Trata-se de um talento
extrassensorial que nos permite ver alguma coisa além do alcance da nossa visão normal. Em outras
palavras, projetamos uma parte da mente em outro lugar. Outro termo popular para esse talento é
“visão remota”, que passou a ser usado quando militares dos Estados Unidos começaram a usar
espiões paranormais.
Como isso é possível? Uma vez que nosso cérebro é um receptor físico, nossa mente existe além dos
limites do corpo. Talvez você não perceba isso, mas pode enviar sua mente para lugares distantes com
o intuito de obter informações. Na verdade, isso é feito enquanto dormimos. Pesquisas mostraram
que todas as pessoas, com a prática, podem atingir algum grau de clarividência. Às vezes, isso
acontece espontaneamente. Por exemplo, em 1759, o sueco Emanuel Swedenborg, cientista,
inventor e místico, disse para um grupo de convidados que um grande incêndio assolava a Suécia a
cerca de quinhentos quilômetros de distância. Posteriormente, sua afirmação foi confirmada. Como
na época de Swedenborg não havia telefone, rádio, televisão ou internet, essa capacidade era uma
habilidade valiosa.
EXERCÍCIO DE VISÃO REMOTA
Mesmo que nunca tenha tido uma experiência espontânea de clarividência, você pode aprender técnicas que o ajudarão a
vislumbrar cenas que acontecem em outros lugares. Embora este livro não tenha o intuito de servir como guia para o
aprendizado de habilidades paranormais, vejamos um exercício desenvolvido no Instituto de Pesquisas de Stanford. É uma
boa prática como primeira tentativa de visão remota.
Você precisará de pelo menos um amigo, mas preferencialmente dois. Um de seus amigos se dirige a outro cômodo,
escolhe um pequeno objeto e o coloca numa bolsa, caixa ou envelope, de modo que você não saiba o que é. Os melhores
objetos são aqueles com detalhes sensoriais. Um pedaço de lixa, por exemplo, tem como características intrínsecas a cor, a
textura e o som. Um tomate tem aroma, cor, textura e forma. Seu amigo deve permanecer no outro cômodo, a fim de não
lhe dar nenhuma pista.
Sua missão é identificar o objeto usando o poder psíquico. Feche os olhos e comece a escrever ou gravar suas
impressões. Se preferir, desenhe o objeto.
Se nenhuma impressão vier à mente, tente olhar para o futuro e visualizar o objeto sendo colocado na sua mão no final
do exercício. Ou olhe para o passado e visualize seu amigo colocando o objeto na bolsa, caixa ou envelope. Use todos os
sentidos. Permita-se ver, sentir, cheirar, ouvir e provar o objeto. Não tente adivinhar o que é; leve em consideração suas
impressões e deixe a informação sensorial se acumular.
Enquanto isso, o segundo amigo (se houver) lhe faz perguntas que o guiarão para novos modos de experimentar o objeto
e se manter concentrado. Por exemplo, se você descreve um objeto redondo e vermelho, seu amigo poderia perguntar sobre
a textura ou o cheiro. Ele pode lhe sugerir que observe o objeto de um ângulo diferente. No entanto, é importante que este
segundo amigo também não saiba a identidade do objeto. Do contrário, pode dar pistas sem querer.
Pare quando não tiver mais impressões. Estabeleça um limite de tempo de dez ou 15 minutos, e depois reverta os papéis.
Peça que o primeiro amigo lhe traga o objeto selecionado. Segure-o nas mãos. Sinta e perceba todas as suas qualidades.
Preste atenção em quais características surgem claramente e quais são fracas ou passaram totalmente despercebidas. Você
se distraiu com a tendência de analisar demais? Aprenda a distinguir entre a tagarelice inútil da mente e o funcionamento
psíquico. Em geral, a visão remota se manifesta como mensagens sutis e efêmeras, ou imagens que vêm à mente quando
você silencia a tagarelice.
Empatia e psicometria
No capítulo 2, falamos sobre a relação entre as emoções e a sincronicidade. Pessoas dotadas de
habilidades empáticas, no entanto, levam essa conexão um passo adiante. Uma pessoa “empática”
entra em sintonia com as emoções e sensações físicas da pessoa que está sendo “lida”. A empatia já
nos foi descrita como uma “abertura ao vasto e tumultuoso oceano dos desejos, conflitos, dores,
triunfos e alegrias específicos da pessoa que você está lendo”.
Millie Gemondo, uma paranormal de West Virginia, afirma que às vezes a conexão emocional com
a pessoa que está sendo lida simplesmente penetra na sua consciência. Enquanto lia uma amiga na
costa oeste da Flórida, ela de repente sentiu uma dor no peito e disse, sem pensar: “Você tem um
pequeno tumor no seio esquerdo. Vá ao médico imediatamente”. A amiga foi ao médico no dia
seguinte. Como era previsto, um pequeno tumor foi encontrado e posteriormente removido. O
alerta de Millie pode ter salvado a vida da amiga.
Algumas dessas pessoas “empáticas”, quando seguram objetos que pertencem à pessoa que estão
lendo, conseguem ler seus pensamentos, que ficam impregnados no objeto. Essa capacidade é
conhecida como psicometria ou toque psíquico. O termo é derivado de duas palavras gregas: psyche,
que significa “alma”, e metro, que quer dizer “medida”.
Talvez você já tenha experimentado o toque psíquico ao segurar um objeto velho ou visitar um
lugar antigo. Alguns arqueólogos até já usaram psicometristas qualificados a fim de obter orientações
para a pesquisa de culturas antigas. O detetive psíquico Johnny Smith, personagem representado
pelo ator Anthony Michael Hall, exibia essa capacidade semanalmente na série de TV O vidente.
Toda vez que Smith tocava um objeto de interesse, sua reação era fundamental para a solução de um
crime ou para revelar um mistério.
Mas nem tudo é ficção. Renie Wiley, artista e uma dessas pessoas “empáticas”, falecida em meados
da década de 1990, costumava segurar objetos que pertenciam às pessoas que ela estava lendo.
Em 1982, Renie e um agente do Departamento de Polícia de Cooper City, na Flórida, passaram
de carro perto de um centro comercial em Hollywood, Flórida, onde o garoto Adam Walsh tinha
sido visto pela última vez, fazendo compras com a mãe, no dia 27 de julho de 1981. O policial
acreditava que Renie conseguiria, psiquicamente, capturar algo sobre o menino desaparecido – onde
ele estava, o que acontecera, se tinha sido raptado. A polícia suspeitava de rapto, mas não havia
qualquer pista. Renie não tinha um objeto que pertencesse a Adam, mas cartazes com a foto do
garoto estavam colados em todo o sul da Flórida, como se seus olhos, grandes e inocentes,
suplicassem ajuda. O rosto dele estava presente no consciente coletivo, e parecia ser tudo do que
Renie precisava.
Quando estavam a poucos quilômetros do shopping, Renie levou as mãos rapidamente até a
garganta. Ela ficou sem ar e começou a sufocar. O policial já tinha trabalhado com ela o suficiente
para entender que estava descobrindo algo relacionado a Adam, e saiu dali a toda velocidade. Depois
de dirigir vários quilômetros, ele desviou para o acostamento.
“Adam foi decapitado”, ela disse, soluçando.
Pouco tempo depois, a cabeça do menino de seis anos de idade foi encontrada em um campo em
Vero Beach, a mais de 1.500 quilômetros ao norte do centro comercial de Hollywood.
Numa noite sombria, em meados da década de 1980, acompanhamos Renie no caso de uma
garota desaparecida. Christie Luna, de oito anos, desaparecera perto de sua casa em Greenacres, na
Flórida, no dia 24 de maio de 1984. Por volta das três horas da tarde, ela foi andando até uma loja
para comprar comida para gatos e nunca mais voltou. A polícia suspeitava de um crime.
Renie pediu alguns brinquedos da menina, sentou-se e, de olhos fechados, agarrou um velho urso
de pelúcia. Ela balançava o corpo para a frente e para trás, sussurrando baixinho. Renie era uma
mulher alta, de ombros largos, embora naquele momento tudo em seu corpo parecesse pequeno e
infantil. Ela começou a choramingar, depois chorou, soluçou, mantendo o corpo curvado sobre o
urso de pelúcia.
“O namorado da mãe costumava bater na menina”, murmurou Renie. “Ela é surda de um ouvido
por causa disso.” A surdez foi confirmada posteriormente pela mãe.
Acompanhados pelo policial, saímos da delegacia e dirigimos pela noite úmida de Greenacres.
Passamos pela casa onde a menina morava e pela loja para onde ia quando desapareceu. Renie nos
conduziu pelas ruas até chegarmos a uma área arborizada delimitada por uma cerca de tela. Ela não
gostou do que sentiu, e disse que o policial deveria fazer uma busca por ali.
Renie sentiu que a menina tinha sido assassinada pelo namorado da mãe, mas o corpo não foi
encontrado, e o caso continuou sem solução.
Passemos para 24 anos depois. Dennie Gooding, uma paranormal de Los Angeles com quem nós
dois nos consultamos, ligou para dizer que estaria visitando o sul da Flórida, onde morávamos, e que
trabalharia no caso de uma pessoa desaparecida. Ela planejava ficar com a esposa do policial que a
contratara para analisar o caso. Arranjamos um tempo para nos encontrar, e acabamos descobrindo
que Dennie estava investigando o caso de Christie Luna.
O oficial de polícia que a contratara trabalhava em casos arquivados para o xerife do condado de
Palm Beach. Muito embora Dennie não tenha conseguido localizar o corpo de Christie, apontou a
mesma área arborizada que Renie apontara, diversos acres de um terreno inexplorado, de propriedade
do governo, cercados por tela. “A menina só pode estar enterrada lá”, disse Dennie.
O desaparecimento de Christie Luna é trágico, um caso que talvez jamais seja solucionado, a não
ser que se descubram mais informações. Para nós, as investigações revelaram sincronicidade. Dennie
Gooding e Renie Wiley indicaram a mesma área arborizada onde o corpo poderia ter sido enterrado.
Os céticos diriam que o local seria um lugar óbvio para esconder um corpo, que a lógica da causa e
efeito – e não a sincronicidade e a habilidade psíquica – estava envolvida. Mas não há como negar
que a sincronicidade foi fundamental no nosso envolvimento. Dennie, que vive a quase cinco mil
quilômetros de distância, nos visitou e contou sobre um caso arquivado, que pesquisamos e sobre o
qual escrevemos há mais de duas décadas. Foi como se a própria Christie Luna cutucasse todos nós,
esperando justiça.
• Já sentiu alguém te olhando ou sentiu a presença de alguém em algum lugar antes de perceber
que a pessoa estava lá?
• Tem sensações fortes ou é inundado de emoções e memórias quando olha fotografias antigas?
• Quando toca outra pessoa ou segura a mão de alguém, tem impressões sobre a personalidade
dela?
• Já entrou num quarto e sentiu que uma discussão ou outro acontecimento carregado de emoções
havia acabado de acontecer?
• Sente o clima de outras pessoas e se adapta a ele, como se fosse seu próprio clima?
Se respondeu “sim” para uma ou mais dessas questões, você deve ter algumas habilidades
psicométricas. A única maneira de descobrir é tentando.
EXERCÍCIO DE PSICOMETRIA
Comece com objetos familiares, como o relógio ou o anel de uma pessoa da família, ou talvez um broche usado por sua
avó. Se preferir, use uma peça de roupa ou a carta de um amigo.
Encontre um lugar tranquilo onde possa relaxar e limpar a mente. Concentre-se na sua respiração; inspire lenta e
profundamente. Pense positivo. Confie nas suas habilidades.
Segure o objeto nas mãos ou o pressione contra a testa, contra o “terceiro olho”. Você pode achar difícil distinguir o que
já sabe sobre o dono do objeto. Se sentir algo que não sabe sobre a pessoa, tente descobrir se é verdade.
Se achar complicado ter alguma impressão, não se esforce muito. Relaxe e respire. Quando sua mente for levada, perceba
as impressões isoladas tocarem de leve sua consciência. Siga-as, quaisquer que sejam; veja aonde o levam.
Depois, experimente objetos que pertencem a pessoas que não conhece. Veja se consegue obter impressões de uma carta
fechada que não era para você e que você não leu. Ou trabalhe com algo do passado distante, como uma peça de cerâmica
ou uma ponta de flecha. Algumas vezes, você poderá verificar a informação que obteve. Outras, terá de confiar nas suas
sensações.
Segredo 4
A CRIATIVIDADE
O poder da imaginação
Nos livros e filmes de Harry Potter, a imaginação permite que os jovens feiticeiros viajem para
espaços intermediários com o intuito de dominar alguma mágica. Aprender a voar numa vassoura
nas partidas de quadribol, por exemplo, começa na imaginação. É preciso enxergar-se, na mente,
voando e controlando a vassoura. Da mesma maneira, quando Luke Skywalker está aprendendo com
Yoda a dominar a Força, primeiro deve aprender a fazê-lo na sua mente, de olhos fechados. No filme
Da magia à sedução, todas as mágicas começam de dentro.
Sabe-se que atletas profissionais também entram nessa zona, no espaço onde visualizam suas
jogadas, seus movimentos, e dão o máximo de si. Essa visualização é feita da maneira mais detalhada
e precisa possível, e eles praticam tudo na mente antes de efetuar os movimentos.
Como disse Coleridge, “a imaginação é o poder vivo e o principal agente de toda a percepção
humana”. Se considerarmos a criatividade um arquétipo, faz todo sentido o fato de que, quando
estamos dominados por ela, nesse fluxo poderoso, estamos criando um ambiente fértil para a
sincronicidade.
A maioria de nós tem um talento criativo ou interesse que gostaríamos de alimentar e desenvolver.
Mas encontramos todos os tipos de razões para procrastinar. Dizemos a nós mesmos que não temos
dinheiro ou tempo para perseguir aquilo que amamos. Talvez tenhamos medo de não conseguir
sobreviver daquilo que amamos. Mas a conclusão é que, se não tentarmos, nunca teremos uma fé
verdadeira em nós mesmos, nunca saberemos quão criativos somos. E, quando não nutrimos nossa
criatividade, nos fechamos para as sincronicidades que poderiam nos levar às oportunidades e pessoas
certas, no momento certo.
Neste momento você começa a compreender. Essas frases são afirmações que ajudam a preparar o terreno para sua
autoexpressão criativa. Distribua-as pela geladeira, no espelho, na parede do escritório. Reflita sobre elas. Diga-as em voz
alta. Faça-as se tornar realidade. Quanto mais você pratica essas afirmações positivas, maior a probabilidade de escancarar
as portas para as sincronicidades que o permitirão obter tudo aquilo que quer.
Quando você traz esse tipo de consciência para seu próprio processo criativo, está convidando a
sincronicidade para sua vida, o que, por sua vez, ajuda a guiá-lo em seu caminho criativo.
Judi Hertling, da Colúmbia Britânica, no Canadá, procurava ferramentas de ensino e capacitação
para ajudar uma mulher com quem trabalhava. Nada que tentara antes pareceu funcionar com essa
moça em especial, e já estava ficando sem inspiração. Uma amiga que tinha acabado de ler O segredo
sugeriu que Judi pedisse ao universo o que precisava. “Como se estivesse encomendando numa loja
qualquer”, ela riu. “Querido Universo, peço que me envie a ferramenta perfeita para ajudar alguém a
planejar sua vida cheia de paixão e propósito.”
Duas semanas depois, Judi visitou uma feira de livros usados que acontece anualmente em prol da
SPCA, uma sociedade para a proteção de animais. Trata-se de um dos maiores eventos relacionados a
livros na ilha Vancouver. Depois de três horas folheando centenas de livros, ela já estava cansada e
frustrada. Então, desistiu e foi para casa. Mas algo no fundo da sua mente insistia para que verificasse
uma mesa com livros de metafísica e autoajuda mais uma vez. Dessa vez, Judi encontrou um
conjunto com seis fitas cassetes chamado Passion, power, and purpose [Paixão, poder e propósito].
“Foi só quando cheguei em casa e olhei de fato minha compra que percebi a verdadeira
sincronicidade por trás do que tinha trazido. Dentro, sobre as fitas e o livro, havia um grande bilhete
cor-de-rosa escrito com uma caligrafia bem bonita: ‘Judith, agradecemos o pedido. Sinta-se à vontade
para fazer outros’. O universo tinha realmente me dado aquilo que pedi. Como se eu mesma tivesse
feito o pedido original.”
Encontros sincrônicos como esse são o que o físico F. David Peat descreve como “a mente humana
funcionando, por um momento, em sua verdadeira ordem, expandindo-se por toda a sociedade e
natureza, movendo-se em ordens de uma sutileza cada vez maior, passando pela fonte da mente e da
matéria e penetrando na criatividade em si”.
Ritual
Um ritual é uma ação executada por seu valor simbólico. É usado na meditação, na visualização, na
mágica e nas práticas religiosas e espirituais. A maioria das pessoas criativas também usa rituais – que
podem ser algo tão simples quanto colocar determinado tipo de música ou acender uma vela quando
você se senta para escrever ou pintar. Ou algo complexo, como proferir palavras para atingir certo
objetivo.
O primeiro tipo de ritual é um sinal para sua musa de que está pronto para começar o trabalho. É
o equivalente a abrir a porta para seu eu criativo e se tornar um canal para qualquer coisa que flua
através de você. Significa que agora se encontra em um estado receptivo da mente. O segundo é uma
forma de visualização. Um ritual pode ser uma ferramenta poderosa para atrair a sincronicidade e
desenvolver seus esforços criativos.
Quando a roteirista Hilary Hemingway quis melhorar as finanças da família, ela e o marido, o
escritor Jeff Lindsay, foram até Key West executar um ritual de prosperidade envolvendo uma antiga
e conhecida espécie de paineira perto do fórum do condado. A paineira, que aparece no filme Fonte
da vida, era considerada na cosmologia maia a árvore da vida que conecta a terra ao céu, ou a
humanidade ao divino.
Seguindo o ritual tradicional, eles deixaram um bilhete com seus pedidos no pé da árvore e
despejaram rum em volta, “alimentando”, simbolicamente, tanto a árvore quanto a musa. Em pouco
tempo, o romance de Jeff, Dexter, foi vendido para Hollywood e se tornou a série de televisão mais
popular do momento. Depois, Andy Garcia demonstrou interesse em produzir o roteiro de Hilary
sobre os últimos dias de seu tio, Ernest Hemingway, em Cuba.
Todos temos capacidade de criar novas possibilidades por meio da imaginação e da intenção; o
ritual é apenas uma maneira de se concentrar nessa intenção. Em cada nível de criatividade – da
concepção à execução –, os rituais têm um papel vital. Mas é a mente não local, a consciência
universal, que “nos permite imaginar além dos limites do que a mente local vê como ‘possível’,
pensar ‘fora da caixa’ e acreditar em milagres”, escreveu Deepak Chopra em A realização espontânea
do desejo.
Que tipo de rituais você usa em seu trabalho criativo? Tem alguma técnica para evocar sua musa?
Há algum momento do dia ou da noite em que é mais criativo? Michael Crichton escrevia quase sem
parar quando começava um novo livro. Stephen King escuta rock no último volume. Algumas
pessoas que trabalham com criação dão um passeio antes de ir trabalhar, absorvendo o mundo à sua
volta. Julia Cameron escreve diários, especificamente três páginas pela manhã, à mão, para entrar no
espírito criativo e começar o dia. Os tipos de rituais que você faz dizem respeito só a você e ao tipo de
trabalho criativo que executa. Quando pegar o hábito, a sincronicidade não ficará tão lá atrás.
• Faça uma “caixa mágica” e coloque nela seus pedidos. Exponha a caixa de forma destacada. Coloque flores ou doces ao
redor dela, se quiser.
• Chame sua musa. Em Escrever: memórias de um ofício, Stephen King fala de sua musa, que, na verdade, seria um garoto
que mora no porão e adora música alta. Sua musa é do sexo masculino ou feminino?
• Crie um painel de desejos com fotos, anotações, artigos de revista ou qualquer coisa que lembre seus esforços criativos.
Olhe para ele com frequência. Acrescente novas coisas regularmente.
• Crie um planejamento escrito resumindo tudo o que quer alcançar em sua vida criativa em uma semana, um mês e um ano.
Atualize-o quando necessário, e revise-o sempre. Olhe para ele frequentemente. Leia-o ou o decore, aposte nele com
entusiasmo.
• Busque exemplos no seu caderno de sincronicidades que se relacionem especificamente com sua vida criativa. Em uma
seção separada, escreva a sincronicidade desejada como uma história com início, meio e fim.
• Antes de ir dormir, medite sobre um sonho. Diga a si mesmo que terá um sonho com uma mensagem relacionada a suas
atividades criativas, e, mais importante, que se lembrará dele.
Às vezes as sincronicidades parecem nos bloquear, em vez de servirem como guia. Mas, em última
instância, você descobrirá que houve uma razão para que seu desejo não se realizasse – e,
provavelmente, o resultado será bem melhor.
Por mais que a rejeição e a decepção sejam lugares-comuns na vida de indivíduos criativos, a
perseverança vence; a derrota nunca deve ser uma opção.
A criatividade e os sonhos
Algumas das sincronicidades mais dramáticas relacionadas à criatividade ocorrem nos sonhos, e por
meio deles. Visto que passamos cerca de um terço da vida dormindo, essa área merece um exame
mais detalhado.
Numa noite normal, passamos por quatro fases de sono, diferenciadas pela frequência das ondas
cerebrais, dos movimentos dos olhos e da tensão muscular. Na primeira fase, o ritmo muda de beta –
nossa consciência normal de quando estamos acordados – para alfa, quando as ondas cerebrais
oscilam de oito a dez ciclos por segundo. Nesse estágio, costumamos experimentar imagens
hipnagógicas – cenas surreais que geralmente dizem respeito aos últimos pensamentos que tivemos
antes de apagar a luz. Essas imagens breves e psicodélicas podem ser tão significativas e sincrônicas
quanto sonhos mais longos nos estágios mais profundos do sono.
Na segunda fase, o cérebro registra ondas teta, caracterizadas por rajadas rápidas de atividade
cerebral. Os olhos movem-se repentinamente para a frente e para trás por trás das pálpebras. Em
geral, esse período de movimento rápido dos olhos, chamado de sono REM (do inglês Rapid Eye
Movement), dura vários minutos a cada vez. A maior parte dos nossos sonhos ocorre nesse estágio,
que representa até 25% do sono de uma noite, ou cerca de uma hora e meia a duas horas para a
maioria das pessoas. Durante uma noite normal, passamos por quatro ou cinco períodos de sono
REM. Eles tendem a ser mais curtos no início da noite, aumentando progressivamente perto da
manhã; é por isso que, a princípio, é mais fácil nos lembrarmos dos sonhos matutinos.
O primeiro passo para se lembrar dos sonhos é fácil. Pegue um caderno e uma caneta, de
preferência que tenha luz na ponta. Quando estiver prestes a dormir, pense com vontade que se
lembrará de todo e qualquer sonho relevante para aquilo em que está trabalhando ou que o está
preocupando. Com a prática, você acordará depois de ter sonhos relevantes e conseguirá se lembrar
do suficiente para fazer anotações. Quando tiver experiência em se lembrar dos últimos sonhos que
teve na noite, aprenderá como retroceder a cada sonho sucessivo de modo que consiga se lembrar de
quatro ou cinco deles.
Com o tempo, o léxico do seu mundo de sonhos surgirá, e você será capaz de interpretá-los com
muita facilidade.
Até mesmo pesadelos podem ter pistas e respostas vitais para sua criatividade. O inventor Elias
Howe sonhou que tinha sido capturado por selvagens que o atacavam com lanças com buracos em
forma de olho na ponta. Quando acordou do pesadelo, percebeu que ele lhe dera a peça final de um
quebra-cabeça para sua máquina de costura: o buraco da agulha perto da ponta.
O escritor Robert Louis Stevenson esforçou-se durante dias para encontrar o enredo de uma nova
história, e acabou descobrindo-o num sonho, como se lhe tivesse sido entregue. O resultado foi O
médico e o monstro.
Os dois estavam profundamente mergulhados num trabalho criativo e imaginativo que os
consumia. Quando dormiram, essa intensidade contornou o lado esquerdo e racional do cérebro e
atingiu o que Peat chama de “espaço intermediário” para encontrar uma solução. Se não
conseguissem se lembrar dos sonhos, o desenvolvimento de máquinas de costura poderia ser atrasado
por décadas ou mais e a história de Jeckyll e Hyde não seria escrita! Tendo como base somente esses
dois exemplos, conseguimos ver o valor de nos lembrarmos dos sonhos.
Escrevemos diários de nossos sonhos há anos e os consideramos extremamente úteis. Nossos
sonhos já nos deram insights sobre processos criativos e ideias para livros – e até nos alertaram sobre
vendas futuras dos nossos livros, bem como nos libertaram de bloqueios criativos.
• O Titanic foi o maior transatlântico luxuoso do mundo – 869 metros, pesando 66 mil toneladas
–, e uma vez descrito como inafundável. O Titan foi descrito como a maior embarcação
flutuante – 244 metros, pesando 75 mil toneladas – e considerado indestrutível.
• O Titanic tinha três hélices e dois mastros; o Titan também.
• As duas embarcações iniciaram a viagem em abril. O Titanic levava somente 20 botes salva-
vidas, menos da metade necessária para a capacidade de três mil passageiros; o Titan carregava
“o mínimo permitido pela lei”, 24 botes, menos da metade necessária para sua capacidade de
três mil passageiros. O Titan navegou com 2.500 passageiros; o Titanic saiu do porto com
2.207 passageiros.
Para aumentar as estranhezas desses paralelos, alguns meses depois de o Titanic afundar, um navio
mercante passava pelo nebuloso Atlântico Norte com apenas um rapaz de plantão. De repente, ele
sentiu que o navio estava na área em que o Titanic afundara. Apavorado e tomado pelo pânico, soou
um alarme. O navio parou. Quando a neblina começou a se dissipar, os passageiros ficaram aliviados
em ver que tinham parado exatamente no momento oportuno. Um iceberg gigantesco apareceu de
maneira ameaçadora na frente deles, bem no meio do caminho. Inacreditavelmente, o nome do
navio era Titanian.
todos os lugares, talvez esteja sendo avisado sobre uma emergência ou crise no futuro próximo. Foi o
que aconteceu com um homem que postou anonimamente em nosso blog. Nós o chamaremos de
John.
Durante vários meses no final de 2008, John olhou repetidas vezes para o relógio exatamente às
9h11. Os números surgiam toda vez que ligava a TV ou o rádio, e até em conversas. “Tornou-se algo
visível de modo tão preponderante que tive de prestar atenção.” Vários meses depois de o fenômeno
começar, o pai de John morreu, e uma semana depois, também um grande amigo. Depois parou.
“Em todo o caos que se seguiu às mortes, esqueci-me disso, até que começou a acontecer de novo.
Foi quando percebi que estava recebendo chamadas de 911 do universo.”
Nós juntamos informações sobre as séries de números mais comuns e indicamos a seguir várias
interpretações. Mas, como toda sincronicidade só é significativa para quem a vivencia, o significado
de uma série particular de números é única para cada indivíduo. Use esses significados e histórias
como pontos de partida para sua própria investigação.
Uri Geller, famoso paranormal israelense, mantém em seu site uma ampla seção dedicada ao
número 11:11. Ele afirma que começou a vivenciar esse fenômeno em 1986. Os incidentes se
proliferaram, e ele começou a perceber os números em computadores, fornos de micro-ondas, carros,
documentos e quartos de hotel. Quando finalmente resolveu escrever sobre eles no site, recebeu uma
enxurrada de e-mails de pessoas que também o vivenciaram. O site de Geller explica o fenômeno em
detalhes, mas diz essencialmente que 11:11 é um portal, “uma fenda entre dois mundos [...], uma
ponte que tem como potencial inerente o fato de interligar duas espirais bem diferentes de energia”.
De acordo com um livro chamado 11:11: Inside the doorway, esses números tendem a ocorrer
durante períodos de consciência elevada. Eles reativam “bancos de memória celular” e agem como
comprovação de que estamos no caminho correto.
Outros significados esotéricos? Você está sendo conduzido a uma realidade mais profunda, vendo
como se separar da ilusão, aproximando-se do “espírito” ou de uma “consciência extraterrena”. O
problema com algumas interpretações esotéricas é que parecem superficiais. Isso não quer dizer que
sejam inválidas, mas que, para você, o surgimento desses números pode indicar algo mais ordinário.
Confirmações e alertas também parecem acompanhar essa série. Em um site chamado Celestine
Vision, baseado no best-seller A profecia celestina, um quadro de mensagens sobre a sincronicidade
define 111 ou 1111 como “fluxo energético de água, de dinheiro, de sexo, de kundalini e magnético.
Acontece quando uma dessas energias se manifesta”.
Ao escrever esta seção, recebemos um boleto da faculdade de Megan correspondente à taxa de
limpeza do dormitório que ela compartilha com outras três moças. O valor? Cento e onze dólares e
alguns centavos. Certamente ele indicava um fluxo de dinheiro, mas que saía, não entrava.
No mesmo dia, estávamos escrevendo o primeiro rascunho deste capítulo e falando com algumas
pessoas no nosso blog sobre o fenômeno 11:11. Fizemos uma pausa para que Rob buscasse nosso
carro, um Mazda, cujo alternador já tinha sido trocado duas vezes em duas semanas. Quando saímos
da garagem às 15h17, ele olhou o relógio. Como a bateria fora desconectada, o relógio parou. Ele
marcava 11:11.
O significado que você relacionar a essa série de números, ou a qualquer outra, pode ser
determinado pela sua idade, pelo histórico familiar, pela cultura e, obviamente, por suas
circunstâncias atuais. Um dia, Jenean Gilstrap, de Delaware, estava no carro com seu neto de 17
anos, Christopher, quando ele olhou o telefone celular e sobressaltou-se, dizendo: “Vovó, veja, são
exatamente onze horas. Preciso fazer um pedido!” Jenean, curiosa sobre a percepção dele a respeito
do significado do número, perguntou o que queria dizer. “Você não sabe? É um número mágico!”
A escritora Nancy Pickard, cujo romance Virgin of small plains foi escolhido pelo Kansas Read em
2009, nos enviou um e-mail no primeiro semestre de 2009 para nos dizer que acabara de visitar 11
bibliotecas em 11 cidades durante 11 dias. “Acho que estou fazendo exatamente o que deveria fazer.”
Nos dois exemplos, as pessoas envolvidas viram a série como algo positivo.
Jeff D’Antonio, professor de física do ensino médio, leu nossa postagem no dia 11. No dia
seguinte, enquanto cumpria alguns afazeres, ouvindo música no carro, uma música dos anos 1980
começou a tocar – “Domino”, do Genesis – sobre guerra nuclear e o efeito dominó. “O primeiro
dominó cai, desencadeando uma série interminável de eventos – como a Guerra Fria, a destruição
mútua, todos aqueles conceitos dos quais tanto ouvimos falar na década de 1980. Quando a música
começou, sem querer olhei para o relógio. Estava marcando 11:11:11. Todos esses números juntos se
parecem bastante com dominós enfileirados, esperando o primeiro cair, não é mesmo?”
Quando nos tornamos conscientes das séries numéricas, tendemos a vê-las com mais frequência?
Ou estamos recebendo um vislumbre da simetria interna e da ordem do universo? O grego Pitágoras,
cientista, matemático e sacerdote que viveu por volta de 500 a.C., pensava que a última era
verdadeira. Ele acreditava que os números constituíam a própria essência do universo. Para Jung, o 1
era mais que um simples número. Em Memórias, sonhos, reflexões, ele se refere ao 1 como uma
unidade. “Mas também é ‘a unidade’, o Um, Unidade Plena, individualidade, e não dualidade – não
só um número, mas também um conceito filosófico, um arquétipo e um atributo de Deus, a
mônada.”
Impressionante. Independentemente de nos referirmos a essas sincronicidades seriais de 11 como
“perseguidoras”, alertas ou parte integrante da jornada espiritual, é seguro dizer que as pessoas que as
vivenciam abrem seus olhos, prestam atenção e, por fim, podem ser mudadas pelo que descobrem.
Como a escritora Terri Patrick declarou em nosso blog, a mensagem do 11:11 é sobre iluminação e
esclarecimento. “Pelo que vi, qualquer pessoa que preste atenção em números repetidos geralmente
começa uma jornada para determinar seu significado.” De maneira interessante, o comentário dela
foi o 11o, registrado como #11, e enviado durante a 11a hora da noite.
3, 33
Séries de 3 também chamam a atenção. Esotericamente, o 3 representa a trindade corpo, mente e
espírito, mas também se refere a intuição, inventividade, espiritualidade, criatividade, os arquétipos
de mãe, pai e filho, e a Santíssima Trindade. Quando vivenciamos séries de 3, qualquer um desses
significados esotéricos pode ser válido, mas, como acontece com toda sincronicidade, nós mesmos
somos os melhores intérpretes da experiência. Por vezes, a interpretação pode exigir alguma pesquisa.
Durante uma viagem de avião para a Califórnia, notamos que o número 33 aparecia com
frequência. Fila 33, assento 33, voo 233. Num período de mais ou menos sete horas, percebemos
meia dúzia de repetições do número. Não tínhamos ideia do que aquilo significava. Trish finalmente
recorreu ao I Ching – antigo oráculo chinês que consiste em 64 desenhos chamados hexagramas – e
procurou o hexagrama 33. Assim que viu o título – A Retirada –, entendeu a mensagem.
Na época, sua mãe estava em uma clínica para tratamento de Alzheimer, no quarto 33. Estávamos
em “retirada” daquela situação. Interpretamos a sincronicidade como a confirmação de que tínhamos
feito a escolha certa em dar um tempo. Mas os números só foram significativos para nós.
Para Kevin Harvick, piloto de stock car da NASCAR, o 33 teve um significado totalmente
diferente. Em março de 2009, ele liderou o circuito oval de meia milha no coração das montanhas
no Tennessee, e venceu o Bristol Motor Speedway. Ele dirigia o carro 33, tinha 33 anos de idade e
era sua 33a corrida. Se observarmos a data da vitória – 21/03/09 –, ainda podemos inferir mais dois
33. Se somarmos 2 + 1, temos 3/3, ou 33. E o ano, 9, é 3 vezes 3, outro 33.
Ray Getzinger – aquele da história sobre a moça ruiva, que vimos no capítulo 3 – escreveu que,
quando estava lendo a postagem de nosso blog sobre 11:11, concentrou-se em um comentário de
alguém que dizia acordar às 3h33 todas as manhãs. “Lembrei-me de um episódio de CSI: NY, em
que o tenente Taylor acorda toda manhã às 3h33. Daí, ontem de manhã, acordei às 3h33.”
Em alguns exemplos, a consciência de determinados números parece dar início às nossas próprias
experiências.
O clube dos 27
Quando nos tornamos cientes das sincronicidades envolvendo números, parece que elas acontecem
em todo lugar. Uma noite, estávamos na cozinha preparando o jantar enquanto Megan estava na
sala, assistindo a uma história de Hollywood sobre Kurt Cobain. De certa forma, estávamos ouvindo
de tabela. Sabíamos que Cobain cometera suicídio, mas não percebemos que ele morrera aos 27
anos, assim como os colegas Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e Brian Jones.
Charles R. Cross, biógrafo de Cobain e Hendrix, escreveu que o número de músicos que
morreram aos 27 anos é “realmente incrível sob todos os aspectos”. Um site chamado “27 club” lista
34 músicos que morreram aos 27 anos de idade, desde 1892.
De acordo com a numerologia, se somarmos os números 27, 2 + 7, temos 9, número dos inícios e
fins. Pensamos sobre isso. No dia seguinte, Rob pegou o livro Synchronicity & you, de Frank Joseph,
que caiu aberto nas páginas 28-29. Isso foi o que Rob leu sobre o número nove: “Entre alguns
músicos, ele é considerado o número da própria morte. Essa associação negativa começa com
Beethoven, que morreu depois de completar a nona sinfonia”.
Se você vivenciar séries com 27 e tiver 27 anos, ou menos, não chegue imediatamente à conclusão
de que morrerá nessa idade. Esse significado específico é apenas um de muitos outros. Em certas
tradições, o número 27 representa a “luz divina”, e não tem absolutamente nenhuma conexão com a
morte.
Se o 27 se repete no seu ambiente – por exemplo, sua data de nascimento, a data de nascimento
das pessoas à sua volta, o número da sua casa, eventos importantes ocorridos nessa idade, dígitos no
seu telefone celular –, talvez queira pesquisar o número. Em um site, um único indivíduo registrou
mais de 300 ocorrências do número 27 na sua vida. Esse tipo de padrão – envolvendo o número 27
ou qualquer outro – pode aludir a alguma questão mais profunda, até mesmo um padrão trazido de
uma vida passada.
14
Séries numéricas variam do curioso ao verdadeiramente estranho. Elas podem se aglutinar ao redor
de um único acontecimento ou continuar no decorrer de uma vida inteira. Para Maria, no segundo
ano da faculdade, o número 14 ocorreu quatro vezes em quatro meses.
Uma noite, ela foi parada por uma blitz quando ia para o McDonald’s. Mais cedo, tinha tomado
duas cervejas. Depois de testes preliminares, o policial a considerou debilitada, ela foi presa e passou
pelo teste do bafômetro. Muito embora o teste de Maria estivesse abaixo do limite legal, ela passou
14 horas na cadeia até que fosse liberada depois de pagar fiança.
Seus pais contrataram um advogado, que concluiu que ela tinha um forte argumento para ser
absolvida, tanto por causa do vídeo feito durante a abordagem quanto porque o resultado do
bafômetro estava abaixo do limite legal. Depois de analisar as evidências, o promotor estava pronto
para descartar as acusações, mas foi afastado do caso. Outro promotor pegou o caso e manteve as
acusações, e a audiência de Maria foi marcada para dezembro. Como coincidia com a semana de
provas finais na faculdade, uma nova data foi marcada para fevereiro.
Antes do Natal, 14 escritórios de advocacia entraram com uma petição afirmando que os postos de
blitz naquele condado específico eram ilegais porque a polícia agia segundo seus próprios critérios. A
petição foi analisada no dia 14 de janeiro e considerada procedente. Todas as evidências foram
rejeitadas nos 14 casos, incluindo o de Maria. Foram 14 horas, 14 escritórios de advocacia, 14 de
janeiro e 14 casos.
Talvez o 14 seja o novo número de sorte de Maria. A soma dos dígitos do número 14 dá 5, que na
numerologia é associado à liberdade. Outra conexão: o nome “Maria” contém 5 letras, e as letras de
seu nome completo, quando convertidas em equivalentes numerológicos, equivalem a 5. Não só
Maria foi liberada das acusações, como na noite do incidente ela terminou com o namorado porque
queria mais liberdade. Maria sente que atraiu a experiência para que pudesse entender melhor o que,
para ela, representava a liberdade.
23
Este número parece bastante inofensivo, mas, quando começamos a pesquisar, algumas correlações
e sincronicidades são bastante esquisitas. Comecemos com a literatura.
William Shakespeare nasceu em 23 de abril de 1564 e morreu em 23 de abril de 1616. Seu
primeiro fólio foi publicado em 1623.
No início da década de 1960, em Tânger, no Marrocos, William Burroughs, autor de Almoço nu,
conheceu um certo capitão Clark que comandava uma balsa de Tânger à Espanha. Clark
vangloriava-se do fato de conduzir a balsa há 23 anos sem nenhum acidente. Naquele mesmo dia, a
balsa afundou, matando todos a bordo, inclusive ele. À noite, enquanto Burroughs refletia sobre esse
pavoroso acontecimento, ligou o rádio e ouviu a notícia sobre um acidente com um avião que ia de
Nova York para Miami. O avião era pilotado por um capitão Clark, e o número do voo era 23.
Essa sincronicidade aparentemente chocou tanto Burroughs que ele começou a compilar uma lista
de sincronicidades envolvendo o número 23. Em 1965, seu amigo e escritor Robert Anton Wilson
também começou a fazer uma lista de esquisitices sobre esse número. Uma das sincronicidades
pessoais que anotou dizia respeito a suas filhas, nascidas nos dias 23 de agosto e 23 de fevereiro.
Wilson escreveu sobre o número para a revista Fortean Times em 1977; seu artigo foi publicado na
edição 23.
Hollywood também tem sua parcela de 23. Tomemos como exemplo a produtora do seriado
Arquivo X, chamada Ten-Thirteen [Dez-Treze]. A soma de 10 e 13 é 23. O criador da série, Chris
Carter, nasceu no dia 13/10. Os fãs de Arquivo X talvez se lembrem de um silo nuclear abandonado
onde era mantido um óvni. O número 1013 aparecia ao lado do silo. Em outro episódio, o agente
Mulder foi até o apartamento de um homem que acabara de morrer; o número 23 estava na porta.
Na série de TV Lost, construída sobre camadas de sincronicidades, diversas esquisitices envolvem o
número 23.
Ainda que a repetição do 23 na série seja intencional, trata-se do tipo de estranheza que teria
atraído a atenção tanto de Burroughs quanto de Wilson.
Em 2007, um filme de Jim Carrey, Número 23, recebeu críticas mornas, mas a premissa é
intrigante. Walter Sparrow, um cordial motorista de carrocinha, torna-se obcecado por um romance
policial que gira em torno do número 23. As pessoas no livro que ficam obcecadas pelo número 23
invariavelmente acabam morrendo. O personagem de Carrey acredita que a história é um paralelo de
sua própria vida, e que o autor está escrevendo sobre ele.
Burroughs e Wilson consideravam o 23 primordialmente como o número da morte. Eles deviam
saber de alguma coisa. O salmo 23 é uma leitura popular em funerais. Burroughs descobriu que o
contrabandista Dutch Schultz mandou matar Vincent “Mad Dog” Coll na rua 23, em Nova York,
quando este tinha 23 anos de idade. O próprio Schultz foi assassinado no dia 23 de outubro. Wilson
pesquisou um pouco mais fundo e descobriu que Charlie Workman, condenado por ter atirado em
Schultz, cumpriu 23 anos da sentença antes de ser solto em condicional. Wilsom percebeu que 23,
no código telegráfico, significa “desligar” ou “interromper a mensagem”. O hexagrama 23 no I Ching
significa “desintegração”. No livro Um conto de duas cidades, de Charles Dickens, o 23o homem,
Sidney Carlton, é guilhotinado na cena final. No filme O lutador, o ator Mickey Rourke, que
interpreta um lutador de meia-idade prestes a participar de sua última luta e, provavelmente, morrer,
tinha o número 23 nitidamente rabiscado nas tiras de pano enroladas na perna.
E o que dizer da ciência e da matemática? Nesses campos, também, o número 23 mostra-se
intrigante.
Repetindo, queremos salientar que vivenciar séries de sincronicidade com o número 23 não
significa que você morrerá, que está amaldiçoado ou qualquer coisa dessa natureza. Mas poderia
significar que passará por um grande período de transformação na vida. A repetição desse número
pode indicar um caminho que você ainda não reconheceu.
137
Esta sequência, e tudo associado a ela, é enigmática e misteriosa. Se esse número se repetir na sua
vida, ele merece um exame mais minucioso.
Wolfgang Pauli, um dos primeiros defensores da teoria de Jung sobre a sincronicidade, ficou
perplexo com um dos mistérios não resolvidos da física moderna: o valor da constante de estrutura
fina, que envolve o número 137.
Um número primo só pode ser dividido por 1 e por ele mesmo. Ou, dito de outra forma, primo é
um número inteiro positivo que não se iguala ao produto de dois números inteiros menores. Isso
torna 137 um número primo particularmente enigmático. Em Deciphering the cosmic number: the
strange friendship of Wolfgang Pauli and Carl Jung, Arthur I. Miller fornece uma história breve,
porém fascinante, do número 137 no mundo da física quântica.
Ele foi “descoberto” em 1915 por Arnold Sommerfield, mentor de Pauli quando este ainda era
estudante. “A partir do momento em que o 137 apareceu pela primeira vez em suas equações, ele e
outros físicos [...] rapidamente perceberam que essa ‘impressão digital’ única era a soma de certas
constantes fundamentais da natureza, quantidades específicas que supostamente seriam invariáveis no
universo inteiro, quantidades centrais para a teoria quântica e da relatividade.”
O número se tornou tão enigmático que o grande Richard Feynman, ganhador do Prêmio Nobel
em 1965 por suas contribuições ao desenvolvimento da eletrodinâmica quântica, disse que os físicos
deveriam colocar uma placa em seus escritórios para se lembrarem do quanto não sabem. A placa
seria simples: 137.
O número 137 não só é o “DNA da luz”, como diz Miller, como também está associado à Cabala.
Miller explica que, em hebreu antigo, os números eram escritos com letras, e cada letra tinha um
número associado a ela. O sistema se parece bastante com a numerologia. “Adeptos do sistema
filosófico conhecido como Guematria acrescentam números às palavras hebraicas e, assim, descobrem
nelas significados ocultos.” Em hebreu, a palavra Cabala tem quatro letras que, somadas, dão 137.
De maneira nada surpreendente, os físicos começaram a se referir ao 137 como um número mágico.
Pauli certamente achava que este era o caso. Ele lutou com suas implicações quase a vida inteira.
Quando foi internado em um hospital, aos 58 anos, e descobriu que ficaria no quarto 137,
supostamente disse: “Não sairei mais daqui”. Ele estava certo, e morreu pouco tempo depois.
F. David Peat teve sua própria experiência com o número 137 quando visitou o Instituto Jung, em
Bollingen, na Suíça. Em um e-mail que nos enviou, ele explicou que foi convidado a dar uma
palestra em comemoração ao quinquagésimo aniversário do instituto. Ao chegar ao hotel, recebeu
uma chave e foi avisado que seu quarto ficava no segundo andar do anexo. Antes de ir para o quarto,
caminhou até o lago para “sentir um pouco do clima de Jung”. Mas, depois de 30 minutos, nada
aconteceu. Então Peat resolveu voltar para o hotel, dormir e assim, talvez, ele sonhasse com Jung.
“Peguei o elevador para o segundo andar, tirei a chave do bolso e o número era 137! Percebi que eu
estava lá para falar de Pauli, e não de Jung.”
Naquela noite, Peat contou a história sobre a chave, e um idoso no fundo da sala riu. “Depois,
quando escrevi uma equação no quadro, o mesmo homem disse: ‘Não vai dar certo’.”
Na recepção, Peat perguntou quem era aquele homem, e descobriu tratar-se de um assistente que
estivera com Pauli no hospital, no quarto 137.
Pauli identificava o número 137 com o arquétipo da morte. Para Peat, o número era como o
cartão de visitas de Pauli. Como escreveu Frank Joseph em Synchronicity & you, “o receptor da
sincronicidade é seu melhor intérprete. Para qualquer outra pessoa, o número 137 não significaria
nada”.
Até mesmo Hollywood usou o número 137. No seriado FlashForward, que estreou no canal ABC
no segundo semestre de 2009, as sete bilhões de pessoas que vivem no planeta perdem os sentidos no
mesmo momento, por 137 segundos, e veem uma cena do próprio futuro. Por que esse número?
Será interessante ver como os roteiristas abordam isso no seriado.
Outros tipos de séries
Algumas pessoas nunca tiveram uma experiência com sincronicidades envolvendo séries numéricas.
Mas vivenciam séries de nomes, frases, lugares e até mesmo datas. Se você se enquadra nessa
categoria, adquira o hábito de anotar as condições e o seu humor no momento da experiência. Além
disso, registre a data e a hora em que a sincronicidade aconteceu.
Séries sincrônicas envolvendo nomes, frases, lugares e/ou datas podem se referir a:
Tenha sempre em mente que a sincronicidade é, antes de qualquer coisa, significativa para você.
Outras pessoas podem reconhecer como é curioso o fato de você vivenciar essa recorrência de nomes
ou objetos, mas o significado é seu, somente seu.
Quando as séries envolvem nomes ou palavras, pesquise sua etimologia. Pode haver uma
mensagem na raiz da palavra ou nome. Essas séries são temas recorrentes na sua vida? Tente
interpretá-las como metáforas, assim como interpretaria um sonho.
mostrou algumas pinturas que fizera de peixes. À noite, alguém lhe mostrou um pedaço de bordado
com monstros marinhos parecidos com peixes. Na manhã seguinte, uma paciente que não via há
anos relatou que sonhara com um peixe.
Na época em que essa série de sincronicidades ocorreu, Jung estava pesquisando o simbolismo do
peixe na história e percebeu que, em geral, ele representa conteúdos inconscientes. “Essa série de
acontecimentos me causou uma impressão considerável”, escreveu Jung. “Para mim, parecia haver
certa qualidade numinosa.”
Essa “qualidade numinosa” é uma característica que muitas pessoas mencionam quando falam de
suas sincronicidades. É como se a mão do cosmos se infiltrasse na nossa vida e sacudisse as coisas de
maneira tão mágica que deixamos de ver o mundo ou nós mesmos da mesma maneira. Para Jung, a
sincronicidade foi a evidência de uma realidade unitária, à qual chamou unus mundus, expressão
alquímica que significa “mundo unitário”. Dessa forma, até mesmo a sincronicidade mais simples,
como pensar em ovos e alguém na TV dizer “ovos”, pode nos preencher do sentimento de magia e
maravilha inerente no universo. Em termos mais contemporâneos, unus mundus poderia ser chamado
de Lei da Atração, popularizada em O segredo.
Esse senso de espanto foi realmente válido quando vivenciamos a repetição do nome Max. Alguns
minutos depois de termos postado no nosso blog uma sincronicidade de alguém que se chamava Max
Action, um amigo nos enviou um e-mail sobre uma exposição em Miami que exibiria Max, uma das
lendárias caveiras de cristal. Uma hora depois, no início da aula de ioga de Rob, Trish perguntou ao
rapaz ao seu lado se ele e sua esposa não estariam interessados em adotar um dos gatos de rua que
estávamos alimentando. Eles deram risadas e responderam: “Não podemos ter gatos. Max os comeria
inteiros”. Max era o cachorro deles.
Esses tipos de sincronicidades não são destruidores de paradigmas, mas séries que invariavelmente
chamam nossa atenção. E, quando prestamos atenção, somos mais capazes de decifrar o que os
antigos chamavam de “milagres dos deuses”. A coincidência significativa, escreveu Alan Vaughan em
A verdade sobre as profecias, “é o resultado – e a evidência – de uma divindade que organiza toda a
criação por meio da operação de arquétipos”.
DESCOBERTAS SIMULTÂNEAS
Descobertas simultâneas, como a do cálculo, tanto por Isaac Newton quanto por Gottfried
Leibniz, independentes um do outro, e a teoria da evolução, por Charles Darwin e Alfred Russell
Wallace, são outro tipo de série. “Será que esses tipos de conceitos e insights existem em alguma
forma escondida e simbólica dentro de nossa mente inconsciente?”, perguntou F. David Peat em
Synchronicity: the bridge between matter and mind. “Ou fazem parte do cerne da natureza, não
diretamente, mas de alguma maneira oculta, que pode se manifestar na linguagem da arte,
literatura, música ou ciência?”
Jung também via a sincronicidade como a razão pela qual pesquisadores independentes
podiam obter os mesmos resultados ou conhecimentos ao mesmo tempo. A necessidade de
respostas está solidificada no inconsciente. Ao buscar uma solução à sua própria maneira, os
pesquisadores resolvem o problema simultaneamente.
Peat, tempos depois, salientou que algumas sincronicidades podem envolver “a ligação com o
ambiente de uma maneira especial, prevendo acontecimentos ou percebendo padrões subjacentes
do nosso mundo”.
Séries com datas de nascimento e signos astrológicos também acontecem, às vezes nos lugares mais
imprevisíveis. Carol Bowman, escritora e pesquisadora de vidas passadas, estava visitando sua mãe na
área do vale Hudson, em Nova York. É uma região pequena, sem muita coisa. Ela foi ao
supermercado para comprar produtos básicos e, enquanto estava na fila, percebeu que uma mulher
asiática atrás dela estava com uma criança no carrinho, uma menina muito graciosa. Carol perguntou
quantos anos a menina tinha.
– Vai fazer dois anos mês que vem – respondeu a asiática. – Ela é de Áries.
– Minha filha também é ariana, fará 30 anos mês que vem. Crianças de Áries são difíceis, não? –
disse Carol.
– É verdade – respondeu a asiática, rindo. – E eu sou casada com um ariano.
Carol levantou suas antenas:
– Eu também!
Nesse momento, imaginamos essas duas mulheres, na filha de um supermercado minúsculo, que,
de repente, tomam conhecimento desse tipo de conexão, ambas com filhas do signo de Áries e
casadas com arianos. Carol, então, perguntou:
– Qual o seu signo?
– Sou de Libra.
Carol entendeu que algo estranho e fascinante estava acontecendo.
– Eu também sou de Libra. Que dia você nasceu?
– Quatorze de outubro.
– É... eu também nasci nesse dia.
Parece mais uma cena retirada de um episódio de Além da imaginação. Quase podemos ouvir a
música sombria tocando no fundo da mente de Carol. Ela pegou um cartão de visitas e disse:
– Vou ministrar um workshop sobre vidas passadas aqui, em junho. Gostaria que você fosse.
O que começou como uma ida simples e corriqueira a um supermercado transformou-se em algo
mágico. Por trás da camada superficial da nossa vida cotidiana há uma ordem mais profunda da
existência que a sincronicidade nos permite vislumbrar. Sentimo-nos amedrontados, surpresos,
chocados, ou talvez terminemos por perceber que nossas crenças são imperfeitas.
Até mesmo para pessoas acostumadas a vivenciar sincronicidades com frequência, cada ocorrência
é um presente. O roteirista Julian Winter diz que “fica nervoso” quando não consegue ver uma
sincronicidade acontecendo. Vivian Ortiz, enfermeira de uma emergência psiquiátrica em Savannah,
na Georgia, é particularmente ligada a sincronicidades com animais e segue orientações de seus
próprios animais oriundas desses “vislumbres do cosmos”. A roteirista Julie Scully obtém novas ideias
e projetos de roteiro por meio das sincronicidades que lhe acontecem frequentemente em livrarias.
Quando sincronicidades ocorrem no decorrer da vida cotidiana, tendemos a sentir que estamos no
caminho certo, seguindo o ritmo, exatamente onde deveríamos estar na nossa jornada pela vida.
Sintonia
Quando estamos em sintonia com nossa própria psique, é mais fácil criar um ambiente fértil para a
sincronicidade. Um dia qualquer no mês de junho, Jenean Gilstrap acordou e se perguntou como
seria aquele dia: 6/6/09. Para ela, havia algo mágico e misterioso com esses números. Enquanto
dirigia para a praia, cerca de 24 quilômetros de sua casa, olhou para a placa de um carro que passou
por ela na pista da esquerda. A placa tinha a sequência 222. A do próximo carro, 444, e do terceiro,
888. “Eu quase ri alto, e pensei onde estava a 666, e como seria perfeito se aquilo acontecesse. Então,
um Cadillac preto passou por mim e a placa tinha a sequência 666 que faltava para completar meu
pequeno ciclo numérico.” Vejamos como o número de Jenean é analisado pela numerologia.
222 = 6
444 = 12 = 3
888 = 24 = 6
666 = 18 = 9
Embora o 444 não se encaixe em 6/6/09, é igual a 3, que divide cada um dos outros de maneira
uniforme, e também segue a progressão de números de três dígitos.
Uma sincronicidade pode se revelar com uma pitada de ironia ou sarcasmo tão
surpreendente que ficamos atônitos.
“As sincronicidades são os curingas no baralho da natureza, pois se recusam a seguir as
regras e nos dão o sinal de que, em nossa busca de certezas sobre o universo, ignoramos
algumas pistas vitais.”
– F. DAVID PEAT, SYNCHRONICITY: THE BRIDGE BETWEEN MATTER AND
MIND
O dicionário define trapaceiro como impostor, farsante, enganador; aquele que faz trapaças; ou uma
figura sobrenatural que aparece disfarçada de várias maneiras, tipicamente envolve-se em travessuras,
é importante no folclore e na mitologia de povos primitivos e em geral é concebido como um herói
cultural. A essas definições, acrescentamos que o trapaceiro costuma aparecer para nos lembrar de
não nos levarmos tão a sério.
A clássica sincronicidade com o trapaceiro começa com... Bem, um pudim de passas. Em 1805,
monsieur de Fontgibu ofereceu ao escritor francês Émile Deschamps um pudim de passas. Dez anos
depois, Deschamps encontrou pudim de passas no cardápio de um restaurante em Paris e fez o
pedido, mas o garçom disse que a última porção tinha sido servida para outro cliente, que no caso era
monsieur de Fontgibu. Em 1832, Deschamps foi a outro restaurante com um amigo e, mais uma
vez, pediu pudim de passas. Lembrou-se dos incidentes anteriores e disse ao amigo que a única coisa
que faltava para que o ambiente estivesse completo era monsieur de Fontgibu. Naquele momento,
monsieur de Fotgibu, senil, entrou no restaurante por engano.
O pudim de passas se tornou uma conexão arquetípica entre dois homens – a única conexão. O
fato de ela ter continuado no decorrer de 27 anos, mesmo quando um deles já estava bem senil para
entender o que estava acontecendo, caracteriza essa história como uma dupla sincronicidade com o
trapaceiro.
Ao escrever sobre este caso em Synchronicity: science, myth, and the trickster, Allan Combs e Mark
Holland afirmaram que “apreende-se a ideia de um palhaço ou trapaceiro por trás das cenas,
funcionando como a face mítica de um deus brincalhão, visto de maneira turva, olhando por detrás
do véu da coincidência”.
Quem é exatamente o trapaceiro? Qual é sua mensagem?
O brincalhão ri de nós
Em O Senhor dos Anéis, o personagem sorrateiro e observador Gollum, o Sméagol, é o exemplo
perfeito do arquétipo do trapaceiro. Ele sempre tinha um plano específico de um ou outro tipo que o
impelia a enganar os hobbits (ou hobbitses, como os chamava) em diversas ocasiões e convencê-los de
que era uma pessoa confiável.
Os arquétipos – o trapaceiro, o sábio ou a sábia, o herói, a criança, mãe ou pai – são tão antigos
quanto o planeta. Eles adentram a mente consciente a partir do inconsciente coletivo, um repositório
de imagens comuns a todas as pessoas. São encontrados na mitologia, no folclore, nos contos de
fadas, nas lendas, nas alucinações, nas fantasias, na maior parte dos sistemas divinos e nos sonhos.
Um dos mitos do trapaceiro mais conhecidos é representado pelo deus norueguês Loki, filho de
dois gigantes. Ele era muito ingênuo, mas também um contador de histórias bem malandro, que
gostava de causar confusão. Um “camaleão” capaz de assumir várias formas – inclusive de cavalo,
falcão e mosca –, Loki podia até mesmo mudar de gênero, por isso não é de espantar que as
sincronicidades com o trapaceiro apareçam em muitos disfarces.
Loki costumava passar o tempo ao lado dos principais deuses, Odin e Thor, embora fosse inimigo
de ambos. Quando não foi convidado para um banquete em Valhalla, por exemplo, entrou de
penetra como o 13o convidado. Andou para todos os lados, pedindo comida e bebida, perturbando a
todos. Convenceu até mesmo Hoder, deus cego da escuridão, a atingir Balder, deus da luz e da
alegria, com uma flecha de ponta de visco. Balder morreu, e a terra foi coberta de escuridão. Desde
então, 13 tem sido considerado o número do azar.
O mito inspirou o filme O Máskara, com Jim Carrey. Para refrescar sua memória, Carrey
interpreta um bancário chato, chamado Stanley Ipkiss, que descobre uma antiga e misteriosa máscara
verde, de madeira, habitada por Loki. Quando coloca a máscara, torna-se um super-herói maníaco,
de pele verde, que faz maluquices.
Na mitologia dos índios norte-americanos, geralmente o coiote é representado como um
trapaceiro. Ele é astuto e adaptável, um “camaleão” que usa sua travessura para enfatizar um ponto e
fazer as pessoas rir. No livro infantojuvenil Gone, o mundo termina aqui, Michael Grant usa coiotes
para ilustrar sua adaptabilidade a um novo mundo no qual todas as pessoas acima dos 14 anos
desapareceram misteriosamente. Em uma coletânea de contos chamada The Coyote Road Trickster
Tales, o arquétipo do trapaceiro é explorado de diferentes maneiras: um espírito decide fazer o
possível para que os alunos de uma classe parem de analisar as frases que escrevem; um garoto
inspira-se no Coelho Brer para ludibriar seus sequestradores; uma garota prende fantasmas com fitas
e os leva para todo lugar, alimentando-os com seu próprio sangue.
Um dos trapaceiros mais conhecidos na mitologia é Kokopelli, o flautista corcunda. Entre os povos
anasazi, hopi e zunhi, era considerado a divindade da fertilidade, da música, da dança, da renovação e
das travessuras. De modo geral, ele aparenta ser muito mais benevolente que Loki, que se tornou
mais malicioso e malévolo à medida que envelheceu.
Em muitas culturas, o trapaceiro surge de diferentes maneiras. Na cultura popular norte-
americana, é encontrado com maior facilidade nos filmes. O Curinga, da série Batman, retrata o lado
sombrio do trapaceiro, bem como o Loki mais velho. Uma das encarnações mais bizarras do
trapaceiro é o capitão Jack Sparrow, de Piratas do Caribe, representado pelo ator Johnny Depp.
Sparrow é um fantasma capaz de grandes truques e malvadezas. E, é claro, também é um herói.
Indiana Jones e Hans Solo são exemplos perfeitos da união desses dois arquétipos, o trapaceiro e o
herói. O fato de Harrison Ford interpretar os dois papéis também sugere que o arquétipo está vivo e
bem incorporado nele próprio.
O trapaceiro é, ao mesmo tempo, absurdamente humano e divinamente inspirado – uma mistura
de palhaço e herói cultural. Em resultado, as sincronicidades que o envolvem inspiram temor,
espanto e até mesmo choque. Elas podem nos levar a reavaliar relacionamentos, considerar carreiras
alternativas e fazer escolhas que antes não teríamos considerado. Quase sempre, no começo nos
sentimos como se fôssemos o único alvo das brincadeiras do universo. O truque para agir com o
trapaceiro é vasculhar o que há por trás da piada para descobrir o que realmente está acontecendo, o
que, em geral, é difícil de descobrir.
Por exemplo, digamos que seu namorado, ou namorada, termine com você e, enquanto ouve a
explicação dos motivos, um passarinho passe e faça cocô na sua cabeça. É o sinal de pontuação
perfeito, um testemunho de como o estão tratando. E uma sincronicidade trapaceira.
Os cenários com trapaceiros às vezes são complexos e surpreendentes. Há alguns anos, Rob estava
levando dois amigos, George e Hanna, até o aeroporto de Miami. George (pastor de uma igreja
liberal da Nova Era em Negril, na Jamaica) e Hanna, sua namorada norueguesa, conheceram Rob
antes de ele se tornar pastor. Rob estava se separando da esposa, uma grande transição na vida que,
sem dúvida, contribuiu para a intensidade da conversa. Eles estavam discutindo assuntos profundos,
sistemas de crenças espirituais e questões cósmicas. Um papo zen. Como o zen do momento, o zen
do lugar, o zen da meditação.
De repente, Rob olhou a placa de um carro que passou: ZEN 665. George disse sem pensar: “Seria
realmente impressionante se víssemos ZEN 666”.
Alguns minutos depois, um carro esporte amarelo passou ao lado. A placa era exatamente ZEN
666. Foi como se o trapaceiro estivesse no carro com eles, rindo de toda a perplexidade. Eles pediram
por isso, e aconteceu. Foi uma revelação, como na origem da má fama desse número: o livro bíblico
do Apocalipse.
Rob repetiu diversas vezes a história do ZEN 666. Parecia que não conseguia ir além disso, e
queria que as outras pessoas considerassem as probabilidades de tal coisa acontecer. Alguns anos
depois, enquanto dirigia por uma rua perto de casa, um sedã vermelho passou por ele com uma placa
idêntica. Era um carro diferente, a mais de 80 quilômetros de onde vira a primeira placa, mas era a
mesma: ZEN 666. Trata-se de outro lembrete de que a vida é muito mais misteriosa do que
podemos imaginar, e que o derradeiro enigma, a sincronicidade, desafia a definição.
Para Rob, a mensagem da primeira visão foi adotar uma atitude do tipo zen durante uma grande
transição na vida, um pedido para que ele seguisse o fluxo sem resistir. A sincronicidade trapaceira
parecia prometer que, se ele conseguisse fazer isso, sairia do outro lado com uma grande sabedoria. A
segunda visão confirmou que ele foi bem-sucedido.
ENTENDENDO O TRAPACEIRO
Sincronicidades com o trapaceiro muitas vezes podem ser desnorteantes; tanto que você deve pesquisar um pouco para
descobrir o que significa a sua. O lugar mais óbvio para começar é o Google.
Quando buscamos “o trapaceiro” no Google, obtemos milhares de resultados. Encontramos sites sobre o trapaceiro na
mitologia norte-americana, o trapaceiro e o paranormal, o trapaceiro nos filmes e livros, o trapaceiro no decorrer da história,
o trapaceiro na mitologia. Clique em um deles e comece a ler. Siga os links para outros sites.
Na sua pesquisa, você encontrará as sincronicidades clássicas com o trapaceiro, inclusive a história do pudim de passas.
Algumas o farão dar gargalhadas, outras o deixarão desconcertado. Talvez você seja uma das pessoas para quem a
sincronicidade com o trapaceiro se repita com o passar do tempo.
Em Bermuda, em 1975, por exemplo, um homem guiando uma motocicleta foi atropelado e morto por um motorista de
táxi. Exatamente um ano depois, o irmão do homem foi morto da mesma forma. Em si, isso é classificado como uma
sincronicidade. Mas nos deixa ainda mais confusos. As duas mortes aconteceram na mesma rua, na mesma motocicleta,
causada pelo mesmo motorista de táxi levando o mesmo passageiro. Quatro pessoas estavam envolvidas: os dois irmãos, o
taxista e o passageiro. O que havia em cada uma dessas pessoas que agiu como um chamativo para que a situação e o
evento se repetissem? Qual seria a lição disso? A configuração desses eventos tem implicações descomunais sobre o quão
precisa pode ser a “ordem envolvida” de David Bohm.
Se você vivenciar esse tipo de sincronicidade em série, talvez queira descobrir por que continua atraindo essa
determinada experiência. Procure metáforas, faça associações, peça para ter um sonho que ilumine a questão. Converse com
outras pessoas sobre o seu trapaceiro. Crie uma página no Facebook, um blog ou um grupo de discussão sobre isso. Seu
objetivo é descobrir a mensagem. Se deixar que outras pessoas entrem nas suas histórias com o trapaceiro, talvez elas
sugiram significados que jamais passariam por sua cabeça.
Os disfarces do trapaceiro
Os disfarces usados pelo trapaceiro parecem feitos sob medida para nossas necessidades e propósitos.
Dependendo da situação e das circunstâncias, o trapaceiro alerta, confirma, oferece esperança, zomba
e às vezes enfatiza a mensagem sobre a interconectividade da vida. E também pode provocar uma
reviravolta na sua vida. No entanto, ele sempre nos lembra que devemos rir – de nós e dos absurdos
existenciais que nos cercam.
Mike Clelland, de Idaho, descobriu não apenas que o trapaceiro nos faz rir, mas também que o
mote das brincadeiras pode aparecer nos lugares mais improváveis. Mike passa boa parte do tempo
ao ar livre e está sempre procurando por um bloqueador solar que não irrite sua pele sensível. Um
colega de trabalho sugeriu que usasse Neutrogena FPS-45. Mike foi procurar o produto em uma
farmácia e numa loja de produtos especializados, mas não encontrou em nenhum dos dois lugares.
Talvez ele pudesse encontrar no hipermercado do centro comercial, mas não quis ir naquela direção.
“A repugnância que eu sentia pelo deprimente centro comercial parecia me repelir de lá.”
E, assim, ele foi pra casa. No caminho, percebeu que havia alguns sacos de lixo colocados no
acostamento, oriundos do trabalho de coleta anual durante a primavera. Todo ano, um grupo de
voluntários da região onde mora coleta lixo ao longo da estrada depois que a neve derrete; como vivia
perto da estrada, Mike costumava ajudar. Ao chegar em casa, pegou alguns sacos de lixo e caminhou
pelo acostamento recolhendo lixo, decidindo que faria a coleta até chegar à placa de “pare” na outra
esquina, cerca de um quilômetro depois.
“Quando cheguei à placa, encontrei um vidro inteiro de Neutrogena FPS-45. Ele estava esperando
por mim – literalmente – embaixo de uma placa de trânsito.”
O bloqueador solar estava vencido, então o trapaceiro deu sua última risada. Mas a mensagem era
clara. Ao seguir as pistas – não dirigir para o centro comercial e render-se ao impulso de participar da
limpeza da estrada –, Mike recebeu a confirmação sobre o produto, e deu uma boa risada.
Sincronicidades com o trapaceiro muitas vezes são camufladas em trocadilhos. Um dia, o produtor
de cinema Rob McKenzie saiu do trabalho e foi dirigindo para casa, quando a música “Solsbury
Hill”, de Peter Gabriel, começou a tocar no rádio. “Quando chegou o momento da letra em que ele
canta ‘My heart goin’ boom-boom-boom’ [Meu coração fez tum-tum-tum], olhei para uma placa
que nunca tinha visto na rua. Estava escrito Ann Gina Boulevard.”
Angina, obviamente, é um distúrbio cardíaco que provoca dor no peito e batimentos irregulares. O
trapaceiro estava de fato zombando de McKenzie. Mas também poderia haver uma mensagem mais
obscura nessa sincronicidade. McKenzie deveria fazer um exame.
Sincronicidades com o trapaceiro às vezes têm um lado sombrio e, com frequência, são um alerta.
Muitas vezes esses alertas estão incorporados em outras experiências e situações; é preciso estar atento
aos detalhes para percebê-los.
Celeste Maia, de Portugal, relatou uma história sobre um amigo de Moçambique que estava
dirigindo quando um carro o cortou. Ele percebeu que o número 19 se repetia na placa. Mais tarde,
naquele mesmo dia, encontrou um amigo que lhe contou sobre o aniversário do filho, que fazia 19
anos. De diversas maneiras, o número 19 continuou aparecendo no decorrer do dia. No dia seguinte,
o amigo de Celeste viajaria de avião. Só havia os assentos 19A e 27F livres. Ele escolheu o 19A.
Houve um incêndio durante o voo, e o avião teve de fazer um pouso de emergência. Quase todos a
bordo morreram, exceto quem estava sentado na fileira 19.
Se o homem não tivesse prestado atenção o suficiente no primeiro 19 da placa do carro, talvez
tivesse escolhido o 27F e morrido no incêndio.
Durante sua exploração do mundo da sincronicidade, o trapaceiro pode se tornar uma companhia
frequente. Ele é tão adepto ao disfarce e à surpresa que é fácil pensar que você esteja vivenciando um
tipo de sincronicidade, quando, na verdade, o trapaceiro está de dentes arreganhados do outro lado.
Certa manhã, estávamos sentados numa mesa ao ar livre em um café da região, conversando sobre as
linhas gerais deste livro, quando um homem mais velho se aproximou de nós. Ele nos entregou um
cartão que explicava que era surdo e vendia chaveiros. Nós compramos um e, nas costas do cartão,
havia ilustrações da linguagem de sinais.
Quando voltávamos pra casa, seguindo a deixa do homem surdo, falamos sobre a sincronicidade
como uma língua de sinais. Passamos pelo colégio local, onde a sinalização digital na entrada
noticiava uma aula em linguagem de sinais. Apontamos para uma placa sobre linguagem de sinais
enquanto falávamos sobre linguagem de sinais, acrescentando mais uma camada à sincronicidade. A
princípio, interpretamos isso como uma confirmação da nossa abordagem neste livro. Mas a
confirmação era apenas um disfarce. Claramente, o trapaceiro estava nos dando um sinal, chamando
nossa atenção e destacando que, antes de mais nada, o livro deveria ser engraçado.
Quando o trapaceiro está sendo realmente malvado, ele pode nos colocar frente a frente com uma
faceta do nosso passado que nos provoca desconforto. As probabilidades envolvidas nesse tipo de
sincronicidade geralmente são altas, e nossa incredulidade faz que ignoremos o fato de que algo
importante está acontecendo.
O pai de Trish, Tony, contador aposentado, tinha quase 90 anos quando se mudou para uma
residência de idosos na Geórgia, Estados Unidos, onde a irmã de Trish era chefe de enfermagem. Sua
esposa, com quem fora casado por mais de cinquenta anos, morrera alguns anos antes. O Parkinson
já levara grande parte de sua mobilidade, e aquele era um momento bastante solitário para ele. Várias
semanas depois de se instalar, uma mulher com cerca de 80 anos passou pela entrada. Descobriu-se
que ela era uma antiga colega de classe com quem ele estudara há mais de 70 anos, quando os dois
moravam numa pequena cidade em Illinois.
Trish ficou maravilhada com a sincronicidade, mas Tony não se divertiu. “O universo tem um
senso de humor retorcido”, disse ele. “Continuo não gostando dela.”
A mensagem? Talvez esteja mais visível nas palavras de David Bohm: “Lá no fundo, a consciência
da humanidade é uma só”. Era algo que Tony desesperadamente precisava aprender naquela fase de
sua vida.
O trapaceiro-sombra
A Sombra, arquétipo que enfatiza o lado escuro da nossa personalidade, nos impulsiona a repetir
tudo aquilo que tentamos evitar. Por exemplo, imagine uma pessoa de quem você de fato não goste e
não queira ver, mas continua a encontrando repetidamente, em situações e lugares improváveis. Sua
resistência parece atraí-la. É embaraçoso, irritante, talvez desagradável, e você não consegue entender
o que está acontecendo. “Quando a sombra rouba o propósito de alguém e o utiliza para seu próprio
deleite, a sombra oculta é trazida para a luz do dia”, escreveram Combs e Holland em Synchronicity:
science, myth, and the trickster.
Quando atores representam personagens obscuros, eles vivem essencialmente aquela realidade,
ainda que por um curto período de tempo. O palco é montado para que atraiam a sincronicidade
por meio do trapaceiro-sombra, às vezes com resultados trágicos. Tome como exemplo o caso de
Brandon Lee, que morreu enquanto filmava uma cena de seu último filme, O corvo.
Na cena em que Brandon foi morto, seu personagem, Eric Draven, encontra a namorada sendo
violentada por bandidos, que depois matam os dois. Funboy, um dos vilões do filme, disparou uma
arma no personagem de Brandon enquanto ele entrava no apartamento carregando compras. A arma
estava carregada com festim, mas havia um cartucho sem pólvora alojado no cano, e a detonação de
um festim foi suficiente para propeli-lo pelo cano. Disparada à queima-roupa, a bala penetrou o
corpo de Brandon, matando-o.
O pai de Brandon, Bruce Lee, morreu sob circunstâncias parecidas durante a gravação de um
filme, ironicamente chamado Jogo da morte, em 1978. Bruce Lee representava um personagem,
morto por um tiro, que volta do mundo dos mortos para se vingar. Para aumentar a ironia, Brandon
também morreu representando um personagem morto que volta do além. Bruce Lee morreu aos 32
anos de idade, Brandon aos 28. As duas mortes foram acidentais, mas consideradas muito suspeitas.
Surpreendentemente, enquanto trabalhávamos neste capítulo, em meados de 2009, fomos
surpreendidos por uma manchete de primeira página que dizia: “No set de filmagem, estrela de Kung
Fu e Kill Bill vivia pela espada”. A manchete refletia a repetição do trapaceiro-sombra, e dessa vez
envolvia o ator David Carradine.
No início da década de 1970, Carradine atuou como um monge enigmático chamado Kwai
Chang Caine, um conhecedor de artes marciais que geralmente terminava cada episódio deixando
alguém muito ferido. Em 2004, participou do elenco de Kill Bill, de Quentin Tarantino, como chefe
de uma família de assassinos e hábil espadachim. A princípio, os noticiários disseram que Carradine
enforcara-se em um quarto de hotel em Bangkok, onde gravava seu novo filme. Mais tarde, diversas
fontes relataram que ele deve ter morrido acidentalmente depois que uma perigosa prática sexual deu
errado.
O trapaceiro-sombra também esteve presente na morte do ator Heath Ledger. Aos 28 anos de
idade, ele já era uma lenda, e concorrera ao Oscar por seu papel em Brokeback Mountain. Ele havia
acabado de gravar Batman – O cavaleiro das trevas, em que representava o Curinga de maneira jamais
vista.
O filme se tornou o segundo na história a arrecadar mais de 500 milhões de dólares em bilheteria
na América do Norte, e o quarto a arrecadar mais de 1 bilhão de dólares no mundo todo. Ledger
ganhou um Oscar pelo papel. Mas, infelizmente, morreu de uma overdose acidental de
medicamentos seis meses antes do lançamento do filme. Outro personagem sombrio, outra morte.
Ironicamente, Ledger estava interpretando o papel do próprio trapaceiro-sombra.
O que devemos fazer com essas sincronicidades com impactos negativos? Uma das regras que
domina a sincronicidade é semelhante atrai semelhante. Muito embora os três homens estivessem
apenas representando papéis obscuros, vivenciaram como era viver uma vida de violência e morte.
Estavam tão envolvidos em seus papéis que atraíram as experiências reais que os levaram à morte.
Como Frank Joseph afirma em Synchronicity & you, “a sincronicidade, assim como a própria morte,
não tem nenhum respeito pelas pessoas”.
O ator britânico Joey Jeetun descobriu isso quando quase morreu durante um ataque terrorista em
Mumbai, na Índia, em novembro de 2008. Ele estava num restaurante no centro financeiro quando
os ataques começaram. Jeetun, cujo papel mais famoso foi o de um terrorista, lembrou-se do evento
no London Times: “Eu estava coberto do sangue de outras pessoas. Pensavam que eu tinha morrido.”
Essas sincronicidades às vezes são consideradas maldições. Na verdade, a morte de Bruce e
Brandon Lee foi chamada de “a maldição do dragão”, porque o horóscopo chinês dos dois era esse.
No entanto, é certo que não foi a sombra da data de nascimento que provocou essas mortes trágicas.
Foram suas carreiras, sincronisticamente notáveis por filmarem atos de violência. Em última análise,
o que pensamos é o que criamos.
Trapaceiros múltiplos
Sincronicidades repetitivas foram de grande interesse para o biólogo austríaco Paul Kammerer. Ele
costumava se sentar durante horas em lugares públicos, observando as pessoas ao redor e tomando
notas de quantas carregavam sombrinhas, por exemplo, ou usavam determinados tipos de chapéu.
Estudou ocorrências repetidas de números, nomes, lugares, sonhos, letras e desastres. Kammerer
tratava sua pesquisa como biólogo, dissecando e categorizando essas sincronicidades em séries de
primeira, segunda, terceira e alta categoria. Ele acreditava que o fenômeno era um princípio objetivo
da natureza, porém desconhecido, e o chamou de “lei da serialidade”. Sua pesquisa influenciou os
primeiros pensamentos de Jung sobre a sincronicidade.
Kammerer provavelmente se divertiria com o que aconteceu com Tony Vigorito, autor de Nine
kinds of naked, e provavelmente classificaria o ocorrido como uma sincronicidade de alta categoria.
Foi algo tão surpreendente que, quando aconteceu, Tony não conseguiu entender. Começou com
uma reunião acidental de amigos na sua casa em novembro de 2004; todo mundo apareceu sem ser
convidado. Alguém levou uma garrafa de vinho, outra, um violão. Logo depois, outro violão e uma
gaita apareceram, além de salgadinhos. Todos se sentaram em volta da lareira sobre um tapete
oriental. A lenha estalava e queimava enquanto eles comiam, bebiam, conversavam, riam e tocavam
algumas canções.
Em determinado momento, um artista tirou da bolsa um livro chamado Blue dog man [O homem
do cachorro azul]. “Era uma reunião dos trabalhos de George Rodrigue, cuja marca registrada era a
inclusão de um cachorro azul em todas as suas peças, um terrier/spaniel muito bonitinho, com olhos
pedindo amor e aprovação, aparentemente inspirado em sua falecida cadela, Tiffany. O livro do
cachorro azul passou na mão de todos, e logo estávamos tentando imitar os olhos tristes e auspiciosos
de Tiffany.”
Mais tarde, naquela mesma noite, Tony abriu sua caixa de e-mails. O assunto de uma mensagem
enviada algumas horas antes chamou sua atenção: “Olhos de um cachorro azul”. Intrigado, abriu a
mensagem e leu comentários de alguém que tinha lido algo que ele escrevera on-line. Para sua
surpresa, não havia nenhuma explicação sobre o assunto da mensagem. Ele correu até o fim da
mensagem e descobriu que a remetente se chamava Tiffany, o mesmo nome da cadela de Rodrigue.
A credulidade de Tony chegou ao limite. Chamou os amigos, que se juntaram em volta do
computador e viram o assunto do e-mail e o nome da remetente no final da mensagem. Todos
ficaram impressionados, confusos, até atônitos. Então, alguém observou que a assinatura do e-mail
de Tiffany parecia um resumo da noite.
“Boa atmosfera, bons amigos, boa conversa, bom vinho, bons livros e o espaço intermediário.”
Tony respondeu a Tiffany, pedindo uma explicação e dando um breve resumo do que havia
acontecido naquela noite. No dia seguinte, descobriu que ela nunca tinha ouvido falar de George
Rodrigue ou da cadela Tiffany, mas que recentemente lera um conto de Gabriel García Márquez
chamado Olhos de cão azul. Ela também escreveu que só havia conhecido o conceito de
sincronicidade um mês antes, em um de seus cursos sobre psicologia. Um dia antes de escrever para
Tony, ela chegou à casa dos pais e encontrou a palavra SINCRONICIDADE escrita em maiúsculas
num quadro branco na cozinha. Seu pai, ao que parece, ouvira falar em sincronicidade num
programa de rádio e escrevera a palavra para se lembrar de ler mais sobre o assunto.
Tony levou seu notebook para a cafeteria de que mais gostava e escreveu a história dos
acontecimentos da noite anterior e do dia seguinte. “Vocês se surpreenderiam ao saber que, enquanto
eu estava lá escrevendo, ‘I am the Walrus’ começou a tocar no rádio?”
11 de setembro
Milhões de pessoas no mundo inteiro observaram, pela televisão, os desdobramentos do desastre no
World Trade Center no momento em que acontecia. Durante semanas, o assunto dominou a
cobertura da imprensa. Depois do ataque, milhares de sincronicidades pessoais foram registradas
sobre os eventos. Quando procuramos “sincronicidades 11 de setembro” no Google [em inglês,
“9/11 synchronicities”], encontramos dezenas de milhares de sites, a maioria com histórias de
sobrevivência que ilustram como as sincronicidades pessoais costumam estar envolvidas em
acontecimentos de massa.
Três semanas antes do desastre do World Trade Center, estávamos visitando amigos na
comunidade espiritualista de Cassadaga, na Flórida. O médium Art Burley estava fazendo uma
leitura de Rob focada na carreira dele quando, de repente, prendeu a respiração e olhou para cima.
“Vejo duas grandes explosões vindo de cima, como bombas gigantescas. Acontecerá logo e mudará
tudo.” Aparentemente ainda pensando que falava sobre a carreira de Rob, acrescentou: “Poderia ser
um filme. É grande”. Obviamente não foi um filme; foi real. E as bombas não foram uma metáfora
para uma mudança na carreira, mas, sim, dois aviões comerciais transformados em bombas ao
atingirem o alvo.
O escritor e biólogo britânico Rupert Sheldrake sentiu que experiências psíquicas relacionadas ao
11 de setembro seriam abundantes, e colocou um anúncio no jornal Village Voice e pôsteres na
Union Square, em Nova York, buscando sonhos e premonições relacionados à tragédia. Ele recebeu
57 respostas: 38 envolviam sonhos precognitivos, e 15 eram relativas a premonições. Cerca de um
terço dos sonhos ocorreu na noite anterior ao desastre, e mais um terço durante os cinco ou seis dias
anteriores.
Sheldrake sentiu que as pessoas que responderam representavam uma fração daqueles que
provavelmente vivenciaram premonições relacionadas. Várias relataram sonhos com prédios caindo,
explosões em Nova York, queda de aviões em prédios ou pessoas em pânico. As respostas que mais o
impressionaram vieram de pessoas que contaram para outras sobre os sonhos antes do ataque
terrorista, bem como premonições de pessoas que raramente tinham a sensação de um presságio.
Mike Chirni, cientista forense que mora em Nova York, sonhou que fazia um voo rasante sobre
prédios na cidade de Manhattan. Todos no avião ficaram confusos. Ele teve uma forte sensação de
pânico, depois sentiu um impacto tremendo e acordou.
Amanda Bernsohn, que trabalhava a três quarteirões do World Trade Center, não entendeu por
que não conseguia parar de chorar na noite de 10 de setembro. Quando finalmente dormiu, sonhou
não com o World Trade Center, mas sim que nazistas tomavam posse de Nova York. Perdeu a hora
pela primeira vez desde que conseguira aquele emprego, há oito meses, e foi acordada com o
telefonema de um amigo logo depois que o primeiro avião bateu na Torre Norte.
Não é de surpreender que um evento como o 11 de setembro tenha reverberado com o tempo.
Voltando para o início da década de 1990, Vicki DeLaurentis, que morava nos arredores da
Filadélfia, participou de um retiro espiritual de um dia com a terapeuta de vidas passadas Carol
Bowman. Durante uma meditação guiada com projeção no futuro, Vicki viu as torres gêmeas
pegando fogo e se desintegrando no chão. Não tinha ideia de quando aquilo aconteceria, mas seu
guia espiritual garantiu que ela não estaria lá quando acontecesse. Durante anos ela tentou descobrir
o momento exato, e perguntou a todos os paranormais que conhecia, mas nenhum deles tinha
qualquer pista de algo parecido.
Em 1997, Vicki e o marido se mudaram para Long Island, e ela, então, começou a realmente se
preocupar com o que vira no workshop de Carol. Seu marido passou a trabalhar no ramo petrolífero,
e seus clientes trabalhavam no World Trade Center. Ainda assim, o guia espiritual garantiu que ela
estaria bem.
Em 2001, o marido de Vicki tinha uma reunião no WTC marcada para 11 de setembro. Ele e
Vicki pensaram que poderiam jantar, naquela noite, no Windows on the World, um restaurante no
topo do World Trade Center. Vicki, que tinha medo de altura, ficou incomodada com a ideia. No
entanto, uma semana antes de 11 de setembro, a reunião do marido foi adiada para o dia 12. “Se a
primeira reunião não fosse remarcada, meu marido estaria lá.”
A teoria sobre a qual se fundamenta o Projeto de Consciência Global tem suas raízes nos tempos
antigos. No século IV a.C., o filósofo grego Heráclito considerava que todas as coisas eram inter-
relacionadas ou seguiam uma “razão cósmica”. Ele acreditava que os acontecimentos não eram
ocorrências isoladas, mas repercutiam em toda a estrutura da existência, que todas as coisas
estavam ligadas por uma rede de organização criada pelo logos.
Hipócrates, nascido 20 anos depois da morte de Heráclito, expressou pensamentos
semelhantes. “Há um único fluxo comum, uma respiração comum. Tudo está em consonância.
O organismo inteiro e cada uma de suas partes trabalham juntos para o mesmo fim. O grande
princípio estende-se até a parte mais extrema, e das partes mais extremas retorna novamente até
o grande princípio.”
O estudioso romano Agripa referia-se a uma Quinta Essência – algo além da terra, do ar, do
fogo e da água – que mantinha a existência unida. Ele também a chamou de Alma do Mundo,
que penetra em todas as coisas e é uma coisa em si. Plotino, contemporâneo de Agripa, escreveu:
“Não há lugar na vida para o acaso; nela reinam apenas a ordem e a harmonia”.
Na Idade Média, essa ideia era conhecida como unus mundus – mundo unitário –,
considerado um conhecimento coletivo que existe independente de nós, embora nos seja
acessível. Nessa cosmologia, a fonte da coincidência significativa é separada de nossa percepção
consciente e de nosso ego, mas é onde a psique e o mundo externo se tocam.
Isso se parece bastante com a teoria de F. David Peat, segundo a qual a sincronicidade é uma
ponte entre a mente e a realidade exterior. Em Synchronicity: the bridge between matter and mind,
ele escreveu: “As sincronicidades [...] abrem as comportas dos níveis mais profundos da
consciência e da matéria que, por um momento criativo, superam a mente e fecham a divisão
entre o interior e o exterior”.
Às vezes, as sincronicidades associadas a eventos de massa abrem nossa consciência para o fato de
que o universo não é o que parece ser. O escritor Daniel Pinchbeck, em 2012: the return of
Quetzalcoatl, escreveu como, em setembro de 2001, ele finalmente conseguiu terminar de revisar o
“manifesto poético” de um amigo, um tipo de crítica contra o corporativismo e a globalização. Seu
amigo estava no quarto alimentando a filha, e as páginas do manuscrito se espalhavam sobre a mesa
da sala quando, de repente, eles ouviram algo lá fora, que ele descreveu como “o rugido de um avião
rasante e depois um rangido metálico bem alto”. Ele e o amigo abriram as persianas e viram “uma
cratera pegando fogo em uma das torres do World Trade Center”. O título do manuscrito era
Mundo em chamas.
Pinchbeck cresceu sob um sistema materialista de crenças que teria descartado essa coincidência e a
considerado produto da probabilidade ou do acaso. De acordo com o modo de pensamento
materialista, o cérebro naturalmente procura encontrar padrões. “Como produto de nossa busca
habitual por padrões, estamos neurologicamente programados a procurar significados mais
profundos em um mundo que, no nível mais fundamental, é destituído dessas coisas”, escreveu
Pinchbeck. “Nossa crença de que há ‘sinais’ escondidos dentro do caos dos acontecimentos é um
antigo mecanismo de sobrevivência, uma tentativa de dar importância a nossa vida e evitar o fato
existencial de nossa insignificância.”
Ele vai além dessa perspectiva e a reformula. “Embora eu não tenha percebido isso naquela época,
correntes profundas do pensamento do século XX – tanto na física quanto na psicanálise – sugerem
que essa perspectiva materialista é imperfeita.”
Registrando premonições
Grupos de discussão para o registro de premonições sobre catástrofes existem de uma maneira ou de
outra desde o desastre de Aberfan, em 1966, quando foi criado o Central Premonition Registry
[Centro de Registro de Premonições]. Naquele incidente, uma mina de carvão ruiu no vilarejo galês
de Aberfan, provocando uma avalanche que matou 144 pessoas, incluindo 116 crianças. O desastre
atraiu a atenção do mundo todo.
O dr. John Barker, um psicólogo britânico, suspeitou que alguns moradores dos vilarejos próximos
poderiam ter tido premonições desse acontecimento dramático. Ele fez algumas entrevistas e recebeu
66 relatos. Destes, 24 foram confirmados.
Uma das premonições mais precisas veio de uma mulher de 47 anos de idade que sonhou com
uma antiga escola em um vilarejo, uma mina de carvão galesa e uma avalanche de carvão caindo pela
encosta de uma montanha. Perto do pé da montanha havia um garoto assustado. Ela viu uma
tentativa de resgate e percebeu que o garoto fora salvo. Um dia antes do desastre, ela contou o sonho
para seis pessoas na igreja.
Um ano depois do desastre, dr. Barker fundou a British Premonitions Bureau [Agência Britânica
de Premonições]. No ano seguinte, Robert e Nancy Nelson fundaram uma organização semelhante
em Nova York, chamada Central Premonitions Registry [Centro de Registro de Premonições]. O
nome atual é Prophecies: Prediction and Premonition Registry [Profecias: Registro de Predições e
Premonições] e pode ser acessada pelo endereço www.prophecies.us. Essas organizações reúnem relatos
de sonhos que podem predizer futuros acontecimentos que teriam impacto sobre um grande número
de pessoas de modo a alertá-las a respeito de desastres prestes a acontecer. No entanto, a maioria das
premonições de desastres tende a ocorrer um ou dois dias antes do evento, dificultando qualquer
atitude que poderia advir desses relatos.
Os paralelos entre esses dois homens são impressionantes. Descartá-los como meras esquisitices,
além de ser tacanho, revela uma relutância em enxergar uma realidade mais profunda escondida do
mundo cotidiano. Quando nos permitimos olhar, realmente olhar, nossas mentes racionais oscilam.
Assim como o mundo fixou o olhar para a televisão depois do 11 de setembro, milhões de pessoas
fizeram o mesmo depois do assassinato de Kennedy. Eventos de massa afetam a consciência da massa
e criam um ambiente fértil para a sincronicidade.
Quando Barack Obama tornou-se o 44o presidente dos Estados Unidos, muitos notaram as
sincronicidades entre ele e Lincoln. Os dois eram advogados que começaram a carreira política na
Assembleia Legislativa de Illinois, servindo no mesmo distrito. Ambos cumpriram um único
mandato no Congresso antes de se tornarem presidentes. Os dois levaram filhos pequenos para a
Casa Branca. Ambos alcançaram os holofotes nacionais com discursos poderosos. Nenhum dos dois
serviu como militar. Lincoln libertou os escravos, e Obama é o primeiro presidente afro-americano
dos Estados Unidos.
As histórias de vida de Lincoln e Obama revelam paralelos fascinantes, assim como as de Lincoln e
Kennedy estavam sincronicamente conectadas.
PENSANDO GLOBALMENTE
Vivemos no planeta com praticamente sete bilhões de pessoas. Portanto, nos cabe prestar atenção ao que acontece no
mundo como um todo e buscar sincronicidades relacionadas a eventos globais que podem servir como pistas vitais para
tendências futuras. Mantenha uma lista delas, e seja o mais detalhista possível. O que as mensagens mais profundas dizem
sobre o futuro? Sobre o cenário político, sobre guerras e sobre a paz? Sobre o aquecimento? Sobre o papel do indivíduo na
sociedade? Como tudo isso se relaciona a você?
Pense em organizar seu arquivo de sincronicidades globais por categorias. Vejamos algumas sugestões:
• política;
• questões internacionais;
• pessoas famosas;
• finanças/economia;
• espiritualidade e religião;
• estado de espírito;
• descobertas/invenções;
• desastres e guerra;
• triunfos.
Em qual categoria você percebe mais sincronicidades? Que tipos de sincronicidade encontrou? Metafóricas?
Precognitivas? Literais?
A numeróloga Connie Cannon vivencia sincronicidades frequentes em sonhos precognitivos relacionados a pessoas
famosas. Ela também é psiquicamente sensitiva a terremotos prestes a acontecer. Vários dias antes de uma série de
tremores, ou de tremores de 5 graus na escala ou mais, Connie sempre passa por uma variedade de sintomas, inclusive
tontura extrema, náusea e pressão alta. Demorou anos para que ela correlacionasse esses sintomas aos terremotos, mas
agora, às vezes, consegue apontar as áreas em que eles ocorrerão com base nos tipos de sintoma que vivencia.
Outra amiga nossa costuma ver manchetes na edição atual dos jornais que ninguém mais vê – e depois descobre que são
exatamente iguais ou similares a manchetes publicadas um ou dois dias depois. Isso acontece de forma espontânea. Com a
prática, e se estiver disposto, você pode desenvolver esse talento.
Sente-se diariamente, pela manhã, e olhe para a primeira página do jornal. Você deve se concentrar numa categoria
específica de eventos globais que lhe interessem, ou manter-se aberto a quaisquer acontecimentos notáveis.
Diminua o ritmo da respiração; feche os olhos. Pressione o polegar na sua narina direita e respire com a esquerda. Prenda
a respiração por alguns segundos, retire o dedo e expire pela narina direita. Repita o processo, dessa vez tampando a narina
esquerda e inspirando pela direita. Esse tipo de respiração equilibra os hemisférios do cérebro. Repita o processo algumas
vezes. De olhos fechados, coloque sua mão sobre o jornal.
Quando estiver concentrado, tire a mão e olhe “através” do jornal. Permita que sua visão “perca o foco”. Se preferir,
pode continuar de olhos fechados. Enquanto respira profundamente mais algumas vezes, você pode começar a ver
manchetes do futuro. Quando as imagens das manchetes aparecerem, anote-as.
PARTE DOIS
A mágica
ADIVINHANDO A
SINCRONICIDADE
O I Ching
O I Ching existe há pelo menos cinco mil anos, mas foi introduzido ao público ocidental de maneira
mais ampla em 1950 por meio da tradução de Richard Wilhelm, europeu que passou a maior parte
da vida traduzindo antigos textos chineses. O sistema de adivinhação é baseado em 64 desenhos
conhecidos como hexagramas, formados a partir do arremesso de três moedas seis vezes consecutivas.
Originalmente, usavam-se ossos e, mais tarde, caules de milefólio.
Os hexagramas consistem de seis linhas horizontais, interrompidas ou contínuas. Usando as
moedas, caras (yang) valem três pontos, e coroas (yin), dois. Portanto, duas caras e uma coroa daria
oito. Seis e oito são linhas interrompidas; sete e nove representam linhas contínuas. Vejamos um
exemplo de hexagrama:
Além disso, seis e nove representam “linhas mutáveis”, que sugerem que a situação atual está em
fluxo. Essas linhas levam à formação de um segundo hexagrama, a evolução da sua pergunta. No
final do livro do I Ching, há uma tabela para consultar o nome e o número do hexagrama formado,
para que depois se possa ler a interpretação.
Conforme escreveu Jung na introdução da edição de Wilhelm, a pessoa que inventou o I Ching
acreditava que o hexagrama “era o expoente do momento no qual foi tirado”.
Em outras palavras, quando jogamos as moedas, o hexagrama formado é como um instantâneo do
tempo, uma manifestação do interior. Em The invisible landscape: mind, hallucinogens, and the I
Ching, os escritores e visionários Terence e Dennis McKenna argumentam que os hexagramas são
arquétipos “capazes de iluminar o destino da pessoa que consultou o oráculo apropriadamente”.
Perguntamos ao I Ching sobre a importância da sincronicidade e recebemos o hexagrama 15,
“Modéstia”. Em parte, diz o seguinte: “Ele distribui as bênçãos do céu, as nuvens e a chuva que se
acumulam no topo, e então brilha com o raiar da luz celestial”. Esse hexagrama mudou para o 45,
“Reunião”, que sugere: “No momento da reunião, devemos nos armar a tempo de impedir o
inesperado. Tragédias humanas geralmente acontecem como resultado de eventos inesperados contra
os quais nunca estamos precavidos. Se estivermos preparados, podemos evitá-las”.
Em outras palavras, esses hexagramas parecem dizer que as sincronicidades são bênçãos, e que
prestar atenção a essas coincidências significativas é uma forma de nos prepararmos para os alertas e
reunir informações para enfrentarmos o futuro.
Depois que Adele Aldridge se separou do marido, quis entrar em contato com uma velha amiga
que, segundo ouvira dizer, também havia se separado recentemente. Ela não sabia como encontrá-la,
mas o desejo era forte. Em um sonho, Adele viu um cavalo alado voando no céu. Não fazia ideia do
que aquilo significava, mas adorou a imagem, e sentiu que se tratava de uma forte mensagem de algo
extraordinário. Então, pediu ajuda ao I Ching sobre o significado do sonho. A resposta foi o
hexagrama 22, “Graciosidade”, com a quarta linha mutável. A tradução de Wilhelm para essa linha
mutável é:
Graça ou simplicidade?
Um cavalo branco chega como que voando.
Ele não é um salteador. Deseja cortejar no momento devido.
“Eu me arrepiei inteira quando li aquilo. Não só o I Ching refletiu meu sonho com uma estranha
precisão, como no dia seguinte a pessoa que eu queria ver me ligou.” O sonho e a leitura do I Ching
– e a conexão posterior – marcaram o início de eventos que mudariam a vida de Adele.
VOCÊ E O I CHING
Se não conhecer o I Ching e quiser experimentar, vá à primeira livraria e procure uma das diversas edições existentes no
mercado. Nossa predileta é a de Richard Wilhelm. Outras traduções lutam para tornar o léxico da vida chinesa antiga mais
compreensível para os ocidentais. Leve sua tradução para a cafeteria, peça um café, pegue três moedas e pense numa
pergunta. Depois, jogue as moedas e veja o que acontece. Ou procure no Google por “jogar I Ching” para ver do que se
trata.
A verdade é que o I Ching não é para qualquer um. Alguns dos hexagramas que falam do papel da mulher na antiga
sociedade chinesa são nitidamente machistas para os padrões atuais. Referências à colheita e à seca não são representações
tão reais da vida no século XXI, a não ser que você trabalhe com agricultura. Porém, se deixarmos de lado nosso viés
ocidental e destilarmos a essência dos hexagramas, podemos obter uma grande sabedoria desse sistema divinatório. Ele é
especialmente bom para interpretarmos sonhos e a dinâmica de uma situação em desenvolvimento.
As pessoas que usam esse sistema atestam regularmente sua misteriosa precisão. Ele funciona melhor se estivermos
acostumados a interpretar metáforas e fazer associações. Às vezes, seguir o conselho do I Ching pode ser um ato de fé.
Por exemplo, em Synchronicity: multiple perspectives on meaningful coincidence, Shantena Augusto Sabbadini conta
uma história sobre seu mentor de I Ching, Rudolph Ritsema, que passou 50 anos estudando o oráculo, traduzindo-o e
fazendo uso dele. Quando foi internado numa clínica suíça com hemorragia cerebral, os médicos estavam preocupados com
seu estado cardíaco e pensaram que ele precisaria de um marca-passo. Antes de tomar a decisão de implantar o aparelho,
Ritsema, que estava com o lado esquerdo paralisado por causa da hemorragia, consultou o I Ching, e decidiu não passar
pelo procedimento. Os médicos ficaram espantados. Ritsema já estava com 80 anos, e morreu alguns anos depois, aos 88,
mas tinha fé em um sistema no qual acreditava.
“A sincronicidade [...] lida com o não repetível, o não reproduzível”, escreveu Sabbadini. “Um evento sincrônico –
inclusive uma consulta ao I Ching – fala conosco por meio das especificidades de uma constelação de circunstâncias
internas e externas que jamais acontecerá de novo exatamente naquele mesmo padrão. [...] A sincronicidade é um fenômeno
único.”
E como fenômeno único, seu conselho costuma ser misteriosamente preciso.
Astrologia
Como ferramenta de adivinhação, a astrologia é tão rica e complexa quanto o I Ching. Em vez de
varetas de milefólio ou moedas, ela é baseada nos padrões e movimentos dos corpos celestes em
determinado momento. O mapa astral é um diagrama geométrico dos céus visto do lugar e no
momento do nascimento; é determinado pela data, hora e lugar de nascimento e parece um círculo
com doze seções desiguais. Essas seções são chamadas casas e retratam diferentes áreas da vida:
pessoal, financeira, sobre irmãos e vizinhos, família, parceiros e assim por diante. Assim como o ato
de atirar moedas no I Ching é um instantâneo do tempo, o momento em que respiramos pela
primeira vez marca esse instante. O mapa astral, como um hexagrama, forma um padrão
significativo, um esquema de potencial arquetípico.
Muitos educadores e cientistas famosos descartam a astrologia como uma superstição do passado, e
encaram a astronomia como a ciência dos corpos celestes. No entanto, o pai da astronomia moderna,
Galileu Galilei, também era astrólogo. Ele foi atacado pela Igreja por conta de suas predições
astrológicas, bem como pelos cálculos astronômicos, e passou boa parte da vida em prisão domiciliar.
Apesar dos esforços com o passar dos séculos para negar a astrologia, ela continua sendo um meio
vibrante para a análise de personalidades e relações – e para a predição do futuro. Alguns cientistas,
na verdade, ficaram atônitos com sua precisão.
Em 1950, o estatístico francês Michel Gauquelin planejou provar que as posições de nascimento
das estrelas e planetas não exerciam absolutamente nenhuma influência sobre o desenvolvimento
futuro das pessoas. Porém, ficou consternado quando suas próprias estatísticas mostraram que ele
estava errado, com a probabilidade de cinco milhões para um, mostrando que grandes soldados,
líderes militares e comandantes tendiam a ter o ascendente de seus horóscopos em Marte.
Muitos tipos de astrologia podem ser usados para tratar de padrões que atuam na sua vida neste
momento – ou padrões que podem influenciar sua vida daqui a seis meses ou 50 anos. Os trânsitos,
movimentos diários dos planetas, exercem o efeito mais óbvio e imediato, sobretudo quando planetas
que se movem lentamente, como Plutão, Netuno e Urano, estão envolvidos. Quanto mais tempo um
planeta permanece em determinado signo, maior o impacto exercido sobre nós como indivíduos,
sociedade, país e mundo.
“Em termos junguianos, a evidência astrológica sugere que o inconsciente coletivo está, em última
análise, incorporado no próprio macrocosmo, e que os movimentos planetários são um reflexo da
dinâmica arquetípica da experiência humana”, escreveu Richard Tarnas em Cosmos e Psyche:
intimations of a new world view. Tarnas, assim como Grasse, acredita que esses arquétipos planetários
estão intimamente conectados ao mito.
Tomemos Marte como exemplo. Na mitologia, Marte era o deus romano da guerra. Na astrologia,
ele simboliza a energia física e sexual, os impulsos, a agressividade, a fúria e o conflito. Representa
nossa capacidade de ir atrás do que desejamos, conquistar e defender. Quando Marte atinge um dos
planetas ou pontos sensíveis no seu mapa astral, algo acontece. A natureza do que acontece depende
de onde ou o que Marte atingiu e do ângulo que ele faz com o planeta ou casa.
Digamos que Marte esteja se movendo pelo céu (transitando) e atinja o mesmo ponto no zodíaco
onde o Sol estava posicionado no momento do seu nascimento. O Sol é o arquétipo do eu e
simboliza a totalidade de quem você é. Durante as cinco ou seis semanas em que Marte fica acima do
seu sol, sua vida se torna um estudo no caos, na velocidade e na ação. Tudo que seu arquétipo solar
exemplifica se torna mais evidente, óbvio, urgente. Talvez você até se sinta mais batalhador.
O zodíaco consiste de doze signos, e cada um deles contém três graus. O grau que o Sol ocupava
no momento em que você nasceu provavelmente corresponde a um ano na sua vida em que algum
tipo de experiência transformadora aconteceu – o nascimento de um irmão, uma mudança, o
divórcio dos pais ou um novo casamento, um acidente, doenças ou algum outro acontecimento
determinante. O tempo não é sempre exato – aumente uma margem de seis meses para a frente ou
para trás. Trish, cujo Sol está a 16 graus e 12 minutos de Gêmeos, passou por um acontecimento
determinante cinco meses depois do seu aniversário de 16 anos. Seus pais se mudaram da Venezuela,
onde ela nasceu e cresceu, para os Estados Unidos. Naquele ano, ela também descobriu a astrologia,
o que ajudou a entender as ramificações da mudança.
Se seu Sol está posicionado, digamos, a 25 graus do seu signo, você deve encontrar seu cônjuge aos
25 anos, ou talvez nasça seu primeiro filho. Se está a 8 graus, poderia significar que seus pais se
divorciaram quando você tinha oito anos, ou que você foi aceito numa escola para superdotados e
isso influenciou o resto da sua educação.
No mapa astral de Reya, o Sol está a 24 graus e 58 minutos de Aquário (faltando dois minutos
para 25 graus). Quando Trish viu esse mapa pela primeira vez, perguntou-lhe que acontecimento de
grande importância tinha ocorrido entre os 25 e 26 anos. Há exatos doze dias antes de ela completar
26 anos, Reya foi atingida por um trem e ficou inconsciente quatro dias. “Esse acontecimento me
retirou de um estilo de vida muito destrutivo e foi o responsável pelo meu primeiro contato com a
medicina alternativa”, escreveu ela. “Seria isso?” Pode apostar.
Se você não sabe o grau do seu Sol, entre no site www.astro.com (em inglês) para uma versão
gratuita do seu mapa astral. Localize o Sol – seu símbolo parece um círculo com um ponto no
centro. Perto dele você verá números que indicam o grau do signo no qual seu Sol de nascimento
está localizado. Se você nasceu no dia 14 de outubro de 1950, por exemplo, seu Sol estaria a 20 graus
de Libra. Isso significa que deve ter havido um momento determinante na sua vida quando você
estava mais ou menos com 20 anos de idade. Aumente seis meses para cima ou para baixo. Caso
ainda não tenha atingido a idade correspondente ao seu Sol natal, tenha em mente que algum evento
determinante pode ocorrer quando você chegar a essa idade.
Em Cosmos and Psyche, Richard Tarnas afirmou que o trânsito de Urano – planeta da inovação,
genialidade e acontecimentos repentinos – parece coincidir com períodos de grande descoberta e
criatividade. Tanto para Freud quanto para Jung, seus períodos de maior criatividade e inovação
aconteceram quando Urano estava no oposto das posições que ocupou na data de nascimento deles.
Durante esses períodos, tornamo-nos conscientes de nossa mortalidade e dos anos que ainda temos
no planeta. Buscamos liberdade. Galileu, Descartes e Newton também vivenciaram reviravoltas
monumentais durante as oposições de Urano. Todos esses homens, segundo Tarnas, “terminaram
suas obras revolucionárias quando o trânsito estava em seu pico matemático, em um ou dois graus de
alinhamento exato, algo que, com esse trânsito, ocorre em sua totalidade durante aproximadamente
doze meses no decorrer de uma vida inteira”.
Já parou para pensar por que alguns alunos do ensino médio ou da faculdade são tão rebeldes?
Culpe Urano. Essa é a idade em que o trânsito de Urano forma um ângulo desafiador com sua
posição natal. Quando Maria (que você conheceu no capítulo 5) foi detida por conta do teste de
embriaguez, Urano a influenciava de uma maneira que pode indicar eventos caóticos e
perturbadores, que parecem acontecer do nada.
Se você se interessa pela astrologia como técnica de adivinhação, encontrará muitos sites que fazem
mapas astrais gratuitos, com listas dos trânsitos diários, e explicam o que tudo isso significa. Se busca
respostas rápidas, a astrologia pode ser desencorajadora. No entanto, sua linguagem, assim como a do
I Ching, pode fornecer uma quantidade surpreendente de informações, caso queira ir atrás delas.
Tarô
Enquanto o I Ching tende a usar muito das palavras e a astrologia é uma linguagem simbólica, o tarô
é assombrosamente visual. Suas 78 cartas são divididas em duas seções, conhecidas como arcanos
maiores e arcanos menores. As 22 cartas que compõem os arcanos maiores representam arquétipos,
especificamente aqueles de uma evolução na consciência. O Louco, a primeira carta dos arcanos
maiores, simboliza um ponto máximo, uma euforia intensa oriunda do conhecimento de que
estamos todos conectados a algo maior do que imaginamos. O Louco é a Pocahontas quando canta
sobre a cor do vento, e representa o início da magnificente jornada diante de nós. A última carta, O
Mundo, encerra a jornada do Louco e sugere que o objetivo foi atingido. Agora você é o sábio, o
mestre. As outras 56 cartas, os arcanos menores, representam os detalhes sincrônicos da vida e os
passos ao longo do caminho, desde o Louco até o Mundo.
Robert Hopcke relata uma história engraçada sobre uma de suas clientes que ganhou de aniversário
um baralho de tarô. Primeiro, ela usou o baralho com uma atitude do tipo “me dê uma resposta”.
Um dia, recebeu uma resposta que não gostou, e jogou as cartas de novo, mas todas saíram
invertidas, “quer dizer, voltadas para o outro lado, como se não quisessem falar com ela. Em
sincronicidades como esta, chega a parecer que as cartas têm vontade própria”, escreve Hopcke.
Logo depois do 11 de setembro, Phyllis Vega, coautora do livro Power Tarot, escrito com Trish,
afirmou que praticamente todos os clientes para quem lia o tarô pareciam tirar a Torre. Essa carta em
geral retrata uma torre sendo atingida por um raio. Há fumaça saindo das janelas, pessoas caindo ou
pulando, e tudo é escuro, feio, terrificante. Se há uma carta que retrate o cenário do 11 de setembro,
é esta. Nos meses que se seguiram ao desastre, os arquétipos de destruição, caos e morte se
incorporaram a nossa psique enquanto nação. A carta da Torre refletia isso.
Sempre que você tirar a Torre em uma leitura pessoal, o arquétipo geralmente aponta para o caos –
mas não para a destruição e para a morte no sentido físico. Com frequência, o caos nos pega de
surpresa. Digamos que você tire a cara da Torre diversas vezes nos dias que antecedem suas férias – e
ela aparece quando suas perguntas não têm nada a ver com férias. Ela pode indicar problemas com a
viagem; então, seria interessante verificar novamente o itinerário e a passagem, ir para o aeroporto
mais cedo que o habitual e certificar-se de que pegou tudo que é necessário. Se o trajeto até o
aeroporto for longo, verifique se seu carro está preparado – se trocou o óleo, se o tanque está cheio, se
está tudo bem com o motor.
O tarô, assim como a astrologia e o I Ching, provavelmente não é o sistema mais simples de
adivinhação. Se quiser se envolver de maneira mais rápida com as sincronicidades, tente a
esticomancia.
VOCÊ E O TARÔ
Para se familiarizar com o tarô, pegue uma carta toda manhã para ter uma ideia do seu dia.
Comece usando somente os arcanos maiores. Deixe que a imagem fale com suas partes mais
profundas, depois confira suas impressões com os significados no livro do tarô. Quando
aprender o significado das cartas, use o baralho inteiro.
Digamos que sua carta do dia seja o Carro. Isso pode significar que, mais tarde, você talvez
pegue a estrada – para passear ou para voltar do trabalho para casa. Também pode querer dizer
que uma questão ou situação chegará ao ponto crítico e você triunfará.
Você também pode “abrir” uma carta ao retirar uma segunda para obter mais informações. Se
tirar o três de copas com o Carro, por exemplo, então seu dia será repleto de celebração.
É importante ter um tarô que dê significados para as cartas fáceis de entender.
Esticomancia
Este método é simples e fácil – e impressionantemente preciso. Pense em uma pergunta ou questão
que seja do seu interesse. Mantenha-a na mente, abra um livro aleatório, aponte para um lugar
qualquer na página. Veja se a palavra ou frase onde seu dedo encostou o ajuda a responder sua
pergunta.
Pode ser qualquer livro – um dicionário, a Bíblia ou outro texto religioso, os Contos de Grimm, seu
romance predileto, um livro de não ficção e até mesmo uma revista. Quanto maior o livro, mais
respostas possíveis você terá. A simbologia da fonte usada também deve ressoar em você. Em outras
palavras, se não conhece tanto a Bíblia, então provavelmente não é o livro certo a ser usado. Você
também pode tentar fazer isso on-line, navegando em muitos dos sites que fornecem leituras por
esticomancia.
Digamos que você adore contos de fadas e esteja familiarizado com a simbologia dessas histórias.
Pense na sua pergunta e, abra um livro dos irmãos Grimm aleatoriamente; depois, de olhos fechados,
encoste o dedo em um ponto qualquer da página. É provável que a palavra, frase ou expressão
localizada pelo seu dedo diga algo a respeito da sua pergunta. Para ter mais informações, observe o
conto em particular.
Talvez você pergunte aonde está indo um relacionamento amoroso e aponte a palavra “pensar” na
história sobre o lobo mau. Isso poderia ser uma indicação de que é preciso repensar a relação, porque
algo na pessoa amada pode estar te enganando. Os valores da pessoa devem estar distorcidos de
alguma maneira.
Suponha que você pergunte se receberá uma promoção que deseja e aponte para um espaço em
branco no conto Branca de Neve. Isso pode sugerir que a resposta ainda é desconhecida, ou que sua
promoção acontecerá no inverno. Se obtiver uma resposta ambígua, tente novamente e formule a
pergunta de outra maneira. Ou, quando apontar para uma palavra, leia toda a frase ou parágrafo. Se
escolheu uma frase em que a Branca de Neve fura o dedo com a agulha e três gotas de sangue caem
sobre a neve, isso pode querer dizer que você terá notícias da promoção em três minutos, dias ou
semanas, ou durante os meses de inverno.
Um dicionário talvez seja a maneira mais rápida de espiar a ordem envolvida na sua vida. Por
exemplo, Rob fez a pergunta: “Quais são os benefícios da adivinhação?”. Abriu então o dicionário e
colocou o dedo numa página qualquer. As palavras em que seu dedo encostou foram: “Desejar
ardentemente ou intensamente”. Uma resposta razoável. Ao procurar uma pista para o futuro, em
geral queremos um resultado específico. A resposta pode até revelar um pouco de humor ou ironia,
como se o universo estivesse dizendo que a adivinhação não passa de um devaneio. Mas, então, de
onde vem essa resposta?
Se você estiver no consultório de um médico ou dentista e precisar de uma resposta imediata,
escolha a revista mais grossa que encontrar. Abra-a e aponte. Se seu dedo encostar em uma
propaganda, veja se há alguma palavra, imagem ou produto que lhe diga alguma coisa. Se não, tente
novamente e reformule a pergunta de maneira mais específica.
O oráculo interior
A beleza dos sistemas de adivinhação é o fato de haver muitos. Todos têm princípios semelhantes e
podem nos levar ao mesmo lugar: um ponto de conexão entre o mundo interior e o exterior, o
espaço intermediário.
Se você gosta de cores, pense em criar seu próprio oráculo com quadrados coloridos feitos de
cartolina ou papelão. As cores, assim como as imagens no tarô, refletem significados arquetípicos. No
entanto, há uma diferença sutil. A cor é imediata, familiar, está em todos os lugares. Ela nos afeta
constantemente e, por isso, serve como o oráculo ideal.
É importante que todos os quadrados sejam do mesmo tamanho e que as cores estejam visíveis
somente de um lado. Dessa forma, você pode misturar e escolher os quadrados sem saber que cores
está escolhendo. Atribua significados às diferentes cores. Comece com as três primárias, vermelho,
azul e amarelo; depois, preto e branco. Acrescente mais cores – roxo ou violeta, dourado, laranja e
verde, também atribuindo-lhes significados. Reúna de 12 a 15 cores e dê significado a todas.
Se não tiver certeza sobre o significado de cada uma, procure sugestões na internet. As cores têm
associações psicológicas, culturais e pessoais. Escolha aquelas que lhe são apropriadas. Vejamos
algumas interpretações possíveis, retiradas de The rainbow oracle: the book of color divination, que Rob
escreveu com Tony Grosso.
Personalize os significados das cores. Em vez de energia, talvez o vermelho signifique, para você,
“pare” ou “perigo”. Depois de determinar os significados das cores, crie alguns “esquemas”, talvez
usando o tarô comum como modelo. Os melhores são os mais simples. Primeiro, faça sua pergunta,
selecione o esquema adequado, embaralhe os cartões coloridos e disponha-os de acordo com o
esquema. Vejamos alguns exemplos de esquemas:
1
Questão
Se você tem pelo menos de 12 a 15 cartas para usar, é possível criar esquemas maiores com mais
cartas. O esquema a seguir é baseado na astrologia e fornece bastante informação. Estabeleça um
período de tempo para sua questão ou problema – uma semana, dois meses, seis meses.
1
Eu
7
Parcerias
Os sistemas de adivinhação desencadeiam a sincronicidade, e, às vezes, os resultados são tão diretos
que tiram nosso fôlego. Qualquer que seja o sistema de adivinhação que escolha, até mesmo abrir um
dicionário e apontar com o dedo, você estará embarcando em uma jornada para a unidade do
universo. Conforme escreveu Robert Hopcke, “métodos divinatórios nos permitem usar exatamente
a mesma capacidade que usamos para criar arte, escrever ficção ou imaginar a existência de qualquer
coisa significativa”.
“Todo mundo já foi tocado por animais de alguma maneira, seja na vida ou em sonhos, e
a dificuldade de sempre é determinar o que isso significa.”
– TED ANDREWS, ANIMAL-WISE
No final de dezembro de 2004, houve um terremoto submarino no oceano Índico. A violenta
sublevação das placas tectônicas deslocou uma quantidade enorme de água e, em poucas horas, ondas
de 30 metros irradiaram do epicentro. Um tsunami atingiu a costa de onze países no oceano Índico,
matando mais de 250 mil pessoas.
Como a onda que se espalhou pela baía de Bengala foi visível do espaço, os cientistas puderam
medir com precisão o tamanho do terremoto e o tsunami resultante. No entanto, foram incapazes de
predizê-lo. O que se tornou aparente pelos primeiros relatos – e pelas informações reunidas desde
aquele ano –, é que os animais sabiam do tremor horas, e até mesmo dias, antes de acontecer.
Em 11 de janeiro de 2005, um artigo publicado on-line na National Geographic mostrou diversas
histórias sobre animais que sobreviveram ao tsunami. Ondas gigantes inundaram mais de três
quilômetros costa adentro no Parque Nacional Yala, a maior reserva de vida selvagem do Sri Lanka,
lar de centenas de elefantes, búfalos, leopardos, veados, chacais e macacos. Contudo, o vice-diretor
do Departamento Nacional de Vida Selvagem, R. D. Ratnayake, disse que não houve registros de
animais mortos. “Elefantes, javalis, veados, macacos e outros animais se deslocaram para dentro do
continente, evitando as ondas mortais.”
Sobreviventes descreveram que os macacos, que sempre aceitam bananas, rejeitaram-nas na manhã
do tsunami; elefantes bramiram e fugiram para lugares mais elevados; cães se recusaram a passear de
manhã. Até mesmo um casal de elefantes preso arrebentou as correntes e correu para um terreno
mais alto antes de o tsunami atingir a costa. Flamingos que procriavam naquela época do ano no
santuário de vida selvagem Point Calimere, na Índia, fugiram para lugares mais altos com
antecedência, abandonando suas áreas de procriação.
Ravi Corea, presidente da Sociedade de Preservação da Vida Selvagem do Sri Lanka, sediada em
Nutley, Nova Jersey, estava no Sri Lanka quando ocorreram as ondas gigantescas. Depois, viajou até
a praia Patanangala, dentro do Parque Nacional Yala, onde 60 visitantes foram carregados pela água.
Essa praia foi uma das áreas mais atingidas na reserva de 1.300 km2, que abriga grande variedade de
animais, incluindo elefantes, leopardos e 130 espécies de pássaros. Com exceção de dois búfalos que
morreram, Corea não encontrou nenhuma carcaça de animal, assim como o pessoal que trabalha no
parque.
Ao longo da costa de Cuddalore, na Índia, onde milhares de pessoas morreram, a Agência de
Notícias Indo-Asiática (Ians) relatou que búfalos, cabras e cachorros foram encontrados ilesos. Outro
sobrevivente afirmou que morcegos voaram freneticamente pouco antes de a onda atingir a região.
Na Tailândia, um golfinho foi pego com um filhote em uma lagoa depois do tsunami, mas muitos
outros fugiram.
As narrativas são numerosas e envolvem uma variedade de espécies. Elas mostram claramente que
os animais sentiram a aproximação do tsunami e evacuaram a área.
“Imagine o que aconteceria [...] se, em vez de ignorar os alertas dados pelos animais, as pessoas os
levassem a sério”, escreveu o biólogo britânico Rupert Sheldrake em Cães sabem quando seus donos
estão chegando.
Em 12 de maio de 2008, a China passou por um terremoto de 7.9 na Província de Sichuan, o pior
em três décadas. Três semanas antes do terremoto, em uma província a mais de 550 quilômetros do
epicentro, o nível da água em uma lagoa de repente despencou. Três dias antes do terremoto,
milhares de sapos apareceram nas ruas de Mianzhu. Os moradores tiveram medo de que os sapos
fossem o sinal da aproximação de um desastre natural. Mas, de acordo com uma matéria da
Associated Press, um funcionário do órgão de administração florestal desmentiu essa teoria,
afirmando que o comportamento dos sapos era normal.
Um dia antes do terremoto, zebras do zoológico de Wuhan, a quase mil quilômetros do epicentro,
batiam a cabeça contra as portas, elefantes balançavam rápido a tromba, e leões e tigres andavam sem
parar. Cinco minutos antes de o terremoto começar, pavões começaram a gritar.
Segundo Sheldrake, antes de um terremoto que, em 26 de setembro de 1997, destruiu a basílica de
São Francisco de Assis, na Itália, houve inúmeros relatos de animais agindo de maneira estranha.
Cachorros morderam mais que o comum, gatos pareciam “perturbados”, pombos “voavam de forma
esquisita” e faisões “gritavam de maneira nada comum”. Pelo menos uma semana antes do
terremoto, os moradores de Foligno, a 19 quilômetros de Assis, relataram que ratos tinham invadido
a cidade.
Em algumas ocasiões, as autoridades previram com sucesso grandes terremotos baseando-se, em
parte, na observação do comportamento estranho dos animais. A National Geographic relata que, em
1975, o governo chinês ordenou a evacuação de Haicheng, uma cidade com um milhão de pessoas,
poucos dias antes de um terremoto de magnitude 7.3. Apenas pequena parte da população ficou
ferida ou morreu. Se as autoridades tivessem ignorado o esquisito comportamento dos animais,
estima-se que o número de mortos e feridos excederia 150 mil.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, relatos de animais agindo
de maneira incomum antes de terremotos remontam ao ano 373 a.C. na Grécia, quando ratos,
doninhas, cobras e centopeias supostamente deixaram seus lares e buscaram um terreno seguro vários
dias antes de um terremoto destrutivo. Plínio, o Velho, que viveu entre 23 e 79 d.C., escreveu que
um dos sinais de um terremoto vindouro “é a agitação e o terror dos animais sem razão aparente”.
Sheldrake apresentou quatro teorias sobre como os animais sabem e refutou as três primeiras: eles
são capazes de detectar o que nós não conseguimos – sons, vibrações e movimentos sutis da terra; eles
sentem gases liberados pela terra antes dos terremotos; eles reagem a mudanças elétricas que
precedem um terremoto. Sua quarta teoria diz que “os animais podem sentir o que está prestes a
acontecer de uma maneira que está além da nossa compreensão científica atual. Em outras palavras,
eles podem ter presságios, ter a sensação de que algo vai acontecer, ou ser precognitivos, saber com
antecedência o que vai acontecer”.
Há muitas evidências de animais que previram terremotos. Será que eles poderiam agir como
sistemas de alerta para outros desastres naturais? Se sim, como esse conhecimento pode nos
beneficiar?
No decorrer de 2004, três furacões atingiram a Flórida: Frances, Charlie e Jeanne. Pássaros
aparentemente atrasaram sua migração enquanto as tempestades se agitavam pela Flórida. Quando o
furacão Jeanne ainda estava a diversas horas de distância de Gainesville, o biólogo Thomas Emmel,
da Universidade da Flórida, percebeu que as borboletas na floresta fechada da universidade
procuraram abrigo entre as rochas e as árvores. Quando o furacão Charlie estava a doze horas de
distância do sudoeste da Flórida, cientistas do laboratório Mote Marine, perto de Sarasota, na
Flórida, perceberam um comportamento estranho entre dez tubarões-tigre que então monitoravam.
Oito deles fugiram do estuário para se abrigar no mar aberto. Em 1992, o furacão Andrew atingiu
gravemente Homestead e varreu a cidade do mapa. No caminho havia um habitat natural de
crocodilos que viviam nos canais de resfriamento da usina nuclear de Turkey Point. Aparentemente,
eles sentiram a aproximação da tempestade; quando a tormenta cessou, nenhum crocodilo foi
encontrado morto. Especula-se que eles fugiram para o mar aberto ou para o fundo dos canais de seis
metros de altura.
“Não faz diferença se é um furacão, um incêndio ou um terremoto”, diz Frank Mazzotti, biólogo
da vida selvagem na Universidade da Flórida. “Os animais aparentemente sentem essas coisas antes
que os humanos possam fazê-lo. Há poucos trabalhos para entender os mecanismos sensoriais. É
provável que se trate de uma combinação de odor, vibração e pressão. Eles começam a se distanciar
do perigo antes de os seres humanos tomarem conhecimento dele.”
Melro
É hora de socializar. Talvez você precise pesquisar bastante para ter a informação de que precisa, e o
primeiro lugar para começar é com outras pessoas. Alguém no seu círculo de conhecidos pode ter as
habilidades ou o conhecimento para ajudar.
Gavião
Conhecido também como ave de rapina, os gaviões ou abutres servem para livrar o ambiente dos
restos mortais de animais. O que você precisa limpar na sua vida? Quais são os pontos não resolvidos
que precisam ser amarrados?
Canário
Os mineiros levam canários para as minas para que lhes deem alertas sobre gases perigosos no ar. O
surgimento de um canário pode significar um alerta. Anote os detalhes da sua visão ou do sonho com
esse pássaro. Não julgue as pessoas pela aparência.
Condor
Ver esse pássaro ameaçado de extinção indica que você precisa enxergar a situação de maneira mais
ampla. Mas não se coloque em perigo para obter essa perspectiva mais ampla.
Gralha
Acredita-se que a gralha, assim como seu “irmão” corvo, transmite mensagens entre os mortos e os
vivos, além de estar ligada ao nascimento e ao renascimento e ser associada ao xamanismo. Quando
há um encontro sincrônico com um corvo, isso pode significar que você deve trabalhar de maneira
mais diligente na manifestação dos desejos. Além disso, tente ser mais aberto ao conceito de
reencarnação.
Pomba da paz
Você não está só procurando uma relação compromissada, mas sim uma alma gêmea. Associamos
esses pombos à paz. Portanto, se vir um e estiver preocupado com uma questão amorosa, essa
aparição pode indicar que o problema será resolvido pacificamente.
Águia
Ver esse pássaro nos encoraja a usar a intuição. Assim como a águia, há algo de magnificente em você
e na maneira como faz as coisas. Você gosta da companhia dos outros, mas uma pessoa do seu círculo
pode estar com uma reputação melhor do que de fato merece. Você está pronto para ver a situação
como um todo – ter a visão de um pássaro, do alto.
Falcão
Graça e agilidade são seus pontos fortes. Você procura uma perspectiva mais ampla. Saia e socialize,
não seja tão solitário. Esteja alerta para práticas predatórias.
Beija-flor
Há uma viagem de longa distância no seu futuro, bem como alegria, celebração e amor. A
sincronicidade com esse pássaro em geral aponta para algo positivo.
Coruja
Através do tempo, das fronteiras e das culturas, a mitologia e o folclore sobre as corujas envolvem
extremos. Elas já foram consideradas arautos da morte e da cura, do mal indizível e da grande
sabedoria. Na tradição celta, simbolizam o submundo. Os zulus a consideram o pássaro dos
feiticeiros. No Peru, são tidas como fortes xamãs. Entre os aborígenes da Austrália, acredita-se que
sejam a alma das mulheres. Na Sibéria, é considerada um espírito generoso.
A longa tradição das corujas como mensageiras é lindamente ilustrada nos livros e filmes de Harry
Potter. Você se lembra das primeiras cenas do primeiro filme? Algumas corujas entram voando no
salão principal e jogam cartas para os estudantes. Literalmente, são como carteiros que atravessam a
fronteira entre o mundo normal e o mundo mágico de Hogwarts. Em muitas tradições xamãs,
acredita-se que as corujas transitem entre o mundo dos vivos e dos mortos com facilidade, sentindo-
se em casa em ambos.
Não é raro que as corujas sejam vistas como arautos da morte. Uma tarde, Trish viu uma coruja
pousada na cerca do lado de fora da janela do quarto do seu pai. Na época, ele tinha por volta dos 90
anos, era portador de Parkinson e lutava para aceitar o fato de que sua esposa, casada com ele há 50
anos, estava numa clínica para tratamento de Alzheimer.
Trish saiu para ver o pássaro mais de perto. Era uma coruja-buraqueira, uma espécie em extinção
que faz ninhos subterrâneos. Ela não voou quando Trish se aproximou, provavelmente porque, como
Trish percebeu, faltava uma parte da pata esquerda. Aquilo a confundiu. Seu pai tinha ambas as
pernas, e usava uma bengala para se apoiar. Se a coruja simbolizava a morte iminente do pai, o que
queria dizer a ausência da perna?
Na manhã seguinte, Trish recebeu uma ligação da clínica para tratamento de Alzheimer onde sua
mãe morava, e alguém lhe disse que ela quebrara o lado esquerdo da bacia. A coruja não tinha uma
parte da perna esquerda. Por causa do Alzheimer, a mãe de Trish não poderia ser submetida a uma
cirurgia. A alternativa foi o uso de morfina e repouso. Três semanas depois, sua mãe faleceu.
Cisne
Cisnes passam a vida toda com um único parceiro. Ver essa ave sugere que você deve confiar no
processo. Um romance pode rapidamente se tornar um compromisso para a vida toda.
Formiga
Você está inquieto, impaciente. Seu cronograma está apertado e você corre o risco de se tornar um
trabalhador compulsivo. Se ama o que faz, tudo bem. Talvez sinta que está trabalhando por um bem
maior. Do contrário, a mensagem da formiga pode indicar uma necessidade de avaliar sua situação
de trabalho.
Abelha
A mensagem específica depende do tipo de abelha. A abelha produtora de mel simboliza
generosidade, trabalho em equipe e leveza de espírito. Já a mamangava ou o zangão representam
comunicação e cura.
Borboleta
Ver uma borboleta pode anunciar uma transformação, ressurreição ou renascimento de algum tipo.
Espere mudanças profundas na vida, nos relacionamentos, na carreira, na família ou outra área.
Lagarta
Assim como a borboleta, lagartas estão ligadas à transformação. Sua vida está prestes a passar por
uma mudança que lhe permitirá romper com as estruturas e mostrar quem você realmente é.
Libélula
Boas notícias estão a caminho. Essas lindas criaturas geralmente simbolizam boa sorte.
Vaga-lume
Você está em busca da verdade. Seu esplendor interno ilumina a escuridão e aumenta a atenção; seu
brilho talvez até atraia o parceiro ideal.
Joaninha
Ver uma joaninha sugere boa sorte, transformação e alegria. Ela nos incita a prestar atenção à vida
familiar e a considerações espirituais.
Aranha
Aguarde ansiosamente por um período extremamente criativo. Camuflagem e paciência também
podem lhe ser úteis.
Vespa
Esse inseto representa independência e autoconfiança. Se uma vespa picá-lo, talvez seja o momento
de pensar onde e como você se machucou na vida. Cure a ferida com o perdão.
Rã/sapo
Na mitologia, no folclore e nos contos de fada, esse animal é símbolo de transformação, cura,
fertilidade e renovação. Ele representa os arquétipos do trapaceiro e do mágico, o ciclo da morte e
renascimento. No conto de fadas O príncipe sapo, dos irmãos Grimm, uma princesa é cortejada por
um sapo que lhe pede um beijo. Inicialmente horrorizada com o pedido, a princesa, por piedade,
consente. No momento em que beija o sapo feio, ele se transforma em um príncipe. Os dois se
casam, claro, e a moral da história é que a verdadeira beleza só é encontrada internamente.
A rica história xamanista da rã baseia-se em qualidades alquímicas. Rãs e sapos são portadores de
veneno e drogas poderosas, que podem curar ou provocar alucinações. Algumas tribos sul-americanas
usam esse veneno em seus rituais espirituais como parte daqueles que buscam a visão. A substância
química secretada pelos sapos venenosos pode ser usada como estimulante cardíaco em pacientes
infartados, mas também produz um analgésico que, de alguma maneira, substitui a morfina. Por essa
razão, o simbolismo que envolve a figura do sapo geralmente contém pelo menos duas facetas.
Rãs e sapos são uma “espécie indicadora”, isto é, estão entre as primeiras a serem afetadas por
mudanças no ambiente. Por isso, quando sapos nos aparecem como símbolos, pode significar que
nosso ambiente pessoal está prestes a passar por grandes mudanças.
No livro The dreaming universe, o físico Fred Alan Wolf relata a história de Catherine, uma
terapeuta cuja paciente, uma garota, estava tão doente, já em coma, que os médicos achavam que
morreria naquela noite. Catherine a visitou no hospital e começou a conversar com ela, dizendo-lhe
que poderia “ir até um espaço amplo, e que aquele espaço seria o suficiente para que se sentisse
confortável. Catherine não disse como o espaço seria, ou o que veria nesse lugar, mas deixou a
informação em aberto para que algo fosse desencadeado totalmente pela garota”.
Em um curto período de tempo, a garota saiu do coma, sentou-se e disse: “A rã pula”. Depois, caiu
novamente na cama e dormiu. Na manhã seguinte, começou a se recuperar.
Quando Catherine foi ao hospital no dia seguinte, parou numa loja de presentes e comprou uma
rã de brinquedo para a garota. “Dei uma rã porque ela precisava de algo bastante concreto para
reconhecer que aquela imagem a trouxera de volta à vida.”
Só mais tarde Catherine descobriu que a rã, como símbolo, tem uma história ilustre “envolvendo
crianças doentes, e era dada àquelas que precisavam acreditar na vida”.
Se a rã é um de seus totens, a aparição sincrônica de uma delas alerta que algo significativo está no
seu caminho. Se é algo de bom ou ruim, depende das condições do animal. Se estiver morto ou
machucado, o acontecimento ou as notícias podem não ser positivos. Uma rã animada e saltitante
poderia indicar boas notícias, um novo começo, ou até mesmo uma transformação.
Lagarto
Esse animal lembra que devemos nos acalmar, observar e nos camuflar. Deixe que as pessoas se
aproximem.
Cobra
Sua sexualidade está aguçada. E, talvez paradoxalmente, sua espiritualidade também. Ao livrar-se de
relações, crenças e situações que não são mais do seu interesse, seu poder pessoal cresce.
Tartaruga
Diversas oportunidades estão no seu caminho. Passe um tempo analisando-as. Siga seus instintos
sobre a escolha da oportunidade certa pra você.
Gato
Os gatos trazem uma mensagem de que seus hábitos de sono estão prestes a mudar. Talvez durma
mais durante o dia, deixando a noite para a exploração e o trabalho criativo. Ou talvez comece a
trabalhar no turno da noite. Mais independência e solidão são benéficas nesse momento. Não se
preocupe com o que os outros pensam.
Veado
Veados são há muito tempo associados à graça e à camuflagem. Quando um aparece sincronicamente
na sua vida, pode significar que você precisa aceitar uma situação ou relação. Para Jenean Gilstrap,
uma sincronicidade que envolve um veado trouxe à tona a necessidade de terminar uma relação.
“Há alguns anos, no meio de uma relação pessoal cósmica e fantástica, eu estava questionando a
lógica e a validade de lhe dar continuidade, independentemente do quanto quisesse continuá-la.”
Até certo ponto, Jenean sempre soubera que chegaria o momento de decidir se ficaria ou iria
embora. Ela lutava diariamente com a questão. “Um dia, pela manhã, enquanto fazia o longo trajeto
até o trabalho, comecei um novo diálogo mental – ir ou ficar, ficar ou ir –, e mentalmente pedi um
sinal do que deveria fazer, alguma coisa, qualquer coisa, que me ajudasse a ver as coisas de maneira
mais clara.”
Com esse pensamento, enquanto dirigia pela pista da esquerda de uma estrada de quatro pistas em
uma área comercial, ela olhou para o lado rapidamente. Depois olhou novamente. “Lá, bem diante
de mim, estava a cara de um veado, olhando bem nos meus olhos. Sua cabeça estava bem na altura
da minha, e ele olhou bem nos meus olhos enquanto passava na minha frente até pisar no canteiro.”
Parecia tão surreal que Jenean tinha certeza de ter imaginado. Logisticamente, era impossível que
um veado estivesse na sua frente enquanto dirigia na pista da esquerda com outro carro paralelo na
da direita. Mas ela olhou pelo retrovisor e viu o veado saltando o canteiro.
A mesma conversa mental passou de novo na cabeça de Jenean enquanto ia para o trabalho alguns
dias depois. Na noite anterior, sonhara que o namorado tinha morrido, e o viu dentro do caixão.
“Daí, enquanto eu dirigia com a imagem mental daquele caixão na cabeça, ainda questionando,
pedindo um sinal como garantia, passei pelo mesmo lugar na estrada onde o veado pulara na frente
do meu carro. Lá, no acostamento, havia um veado morto. Uma fêmea.”
Poderia ser mais clara a mensagem? Jenean terminou o relacionamento logo depois.
Cachorro
O rabo abanando, as lambidas molhadas quando você chega na porta de casa... Os cães simbolizam a
aceitação e o amor incondicional. Sem dúvida, muitos de nós acreditam que nossos cães nos
entendem melhor que os seres humanos. Como outros animais, eles também servem de oráculos, de
veículos para sincronicidades e transformações.
Um dia, indo para o trabalho, Vivian Ortiz, enfermeira de uma emergência psiquiátrica em
Savannah, viu uma cadela perambulando no meio do trânsito. Magra e confusa, estava pronta para
ser morta entre os carros velozes. Ela parou e persuadiu a beagle mestiça a entrar no carro e a levou ao
veterinário. Vivian acabou adotando-a, deu-lhe o nome de Sister e ficou maravilhada ao ver que a
cadela errante imediatamente se dera bem com seus gatos.
Um ano depois, Vivian, que mora sozinha, estava indo para o trabalho e viu outro cão na mesma
situação, na mesma estrada; de novo, parou e colocou o animal no carro. Um sem-teto das
redondezas gritou em agradecimento por ela ter feito a coisa certa. O cachorro era um mestiço de
beagle, macho. Agora, Sister e Brother são os melhores amigos e fazem companhia um para o outro
enquanto Vivian está no trabalho. Do ponto de vida desses cães, Vivian serviu como um oráculo, um
símbolo de transformação para a vida deles. Em troca, o amor incondicional deles por Vivian
enriqueceu sua vida.
Golfinho
Golfinhos pedem que se preste atenção à espiritualidade e às fantasias. Dessa vez, você conseguirá o
máximo dentro de um grupo ou trabalhando com uma equipe de pessoas com ideias afins. De
alguma maneira, você está protegido. Por ora, sexo só por diversão.
Rato
O diabo mora nos detalhes, como diz o ditado. Ver um rato é um lembrete para ligar os pontos e
guardar algo para o futuro. Mas não acumule tanta coisa a ponto de se atolar.
Esquilo
Esquilos representam a comunicação. Eles também podem aconselhar desenvoltura, necessidade de
estocar algo ou um planejamento para o futuro.
Encontros casuais
Um encontro improvável ajudou o autor Richard Bach a descobrir uma parte que faltava numa rara
aeronave. Conforme relata Bach em Nada por acaso, em 1966 ele estava percorrendo o meio-oeste
dos Estados Unidos num raro biplano, um Detroit-Parks P-2A, de 1929; somente oito foram
fabricados. Em Palmyra, Wisconsin, Bach passou o comando do avião para um amigo que, durante a
aterrissagem, virou a aeronave com um movimento brusco. O dano foi mínimo, e os dois
conseguiram consertar tudo, exceto um amortecedor. O reparo parecia impossível, pois era uma peça
sob medida.
Naquele momento, o proprietário de um hangar se aproximou deles, perguntou se poderia ajudar,
e lhes disse que podiam levar qualquer uma das peças armazenadas em seus três hangares. Quando
Bach descreveu a rara peça de que precisava, o homem caminhou até uma pilha de sucata perto dele
e apontou exatamente para a peça.
Bach concluiu: “A probabilidade de o avião quebrar em uma cidadezinha onde morava um
homem que tinha a peça necessária para o conserto, fabricada há 40 anos; a probabilidade de ele estar
por perto quando o avião enguiçou; a probabilidade de conduzirmos o avião para bem perto do
hangar dele, a três metros de distância da peça que precisávamos; a probabilidade era tão pequena
que ‘coincidência’ seria uma resposta idiota”.
Esse tipo de experiência é exatamente o que pode acontecer quando saímos da nossa rotina. Livres
da necessidade de cumprir horários, trabalhar oito horas por dia, cozinhar, colocar o lixo para fora,
levar as crianças para a escola e depois apanhá-las, abrimos amplamente os braços para agarrar o que
quer que esteja no caminho. De repente, a lei da atração funciona perfeitamente.
DICAS DE VIAGEM
Você pode assumir algumas posturas antes de sair de casa e durante a viagem para estimular a sincronicidade enquanto
estiver fora.
1. Esteja aberto e receptivo a novas experiências. Deixe um espaço no seu itinerário para percursos paralelos, mudanças de
direção e surpresas. Se pretende estar em Atenas no quarto dia da sua viagem pela Grécia, mas fica sabendo de uma
oportunidade fascinante para conhecer Mykonos, faça alguns ajustes para que não perca algo extraordinário.
2. Cultive uma atitude de não resistência. Em vez de se enfurecer com a lentidão da fila no aeroporto, observe. Preste
atenção nas pessoas ao seu redor e em seus minidramas. Leia um livro. Cheque seu e-mail.
3. Siga o fluxo. Se está viajando com outra pessoa que realmente quer ver um lugar que não lhe interessa, como, talvez,
Stonehenge, vá assim mesmo. A sincronicidade pode estar lá, esperando por você.
4. A intuição geralmente fala por meio dos impulsos. Se sentir um impulso de passar mais um dia no seu destino, siga-o.
Veja aonde ele leva.
5. Considere a viagem como uma aventura. Procure novas experiências. Não hesite em fazer coisas novas.
Quando Jennifer Gerard morava no Japão, estava aberta a toda e qualquer experiência. Certo dia,
foi a um vidente de rua que lia saliências na cabeça, um acontecimento que provavelmente mudou o
rumo da sua vida.
Ele disse que o Nepal seria um bom país pra ela. Jennifer não sabia nada sobre o Nepal, nem tinha
planos de viajar pra lá. Mas queria ir para a China e pegar a Transiberiana, atravessando a Mongólia
até a Europa. Um ano depois, ela viajou para a China com uma amiga. No caminho, conheceram
dois rapazes. Sem nenhum planejamento, cruzaram com os mesmos rapazes em duas outras cidades
na China, um país imenso com a maior população do planeta. “Quais seriam as chances de nos
encontrarmos três vezes a centenas de quilômetros de distância?”, ela se perguntou.
Jennifer e a amiga concluíram que viajar juntos poderia ser coisa do destino, então rodaram toda a
China com os dois rapazes. Planejaram tomar a Transiberiana juntos, mas, quando chegaram em
Pequim, foram informadas de que havia um problema político na fronteira. E viajar para a Europa
pela via férrea seria impossível durante alguns meses. Um dos rapazes pegou um folheto sobre o
Nepal e leu “caiaque” e “boa comida”. Então, decidiram viajar por terra até o Tibete e o Nepal.
Jennifer descreve a jornada como difícil, mas fantástica. No Nepal, eles acabaram se separando
amigavelmente, sem nenhum motivo aparente. “Foi como se aqueles dois rapazes me
acompanhassem ao lugar onde minha nova vida começou. Com certeza eu não teria viajado para tão
longe sem um deles, um escocês que falava mandarim fluentemente. Naquela viagem, sem nenhum
planejamento real, comecei um negócio no Nepal, e tenho voltado para lá regularmente desde
então.” Jennifer agora vende bijuterias e artesanatos feitos no Nepal, que compra em suas viagens
anuais ao país.
Durante sua primeira visita ao Nepal, Jennifer encontrou uma salagrama no leito de um rio. Essa
rocha negra, quando aberta, revela um amonite fossilizado em seu interior, uma espiral cheia de
linhas radiadas. “No Nepal acredita-se que, quando achamos uma salagrama, isso significa que
estamos no caminho de vida correto.” Da leitura de saliências na cabeça à descoberta da salagrama, a
sincronicidade completou o ciclo.
A PRÁTICA DA MANIFESTAÇÃO
A manifestação é um dos aspectos mais desafiadores da lei da atração. O processo foi descrito em diversos livros, mas a
essência é simples: conseguimos aquilo sobre o qual nos concentramos. Com muita frequência, concentramo-nos na falta, e
não na abundância. Olhamos para o copo como meio vazio.
Quando viajamos, a manifestação se torna mais fácil. Nossas necessidades costumam ser imediatas e urgentes, e somos
capazes de superar nosso pensamento habitual. Nossos desejos nos transcendem a uma velocidade tão alta que nossa psique
sequer tem a chance de construir obstáculos.
Veja algumas dicas para ampliar suas habilidades de manifestação, em casa ou na estrada:
1. Diga seu desejo em voz alta. Não pense muito sobre ele, não se preocupe. Simplesmente diga-o e o liberte, e mantenha-se
aberto ao guia da sua intuição.
2. O guia intuitivo surge de muitas maneiras e formas. Uma pessoa desconhecida na rua pode dizer exatamente o que você
precisa ouvir; um pedaço de papel que cai aos seus pés pode trazer uma mensagem; palavras numa música que
atravessa uma janela aberta podem servir de insight.
3. Acredite que seu desejo se manifestará. Nutra sua crença com uma forte emoção. Aja como se seu desejo já tivesse se
manifestado. Sinta a presença dele na sua vida. Quanto mais forte for sua emoção, mais rápido o desejo se manifestará.
Isso também funciona ao revés, é claro. Emoções negativas podem atrair sincronicidades negativas.
4. Quando libertar seu desejo, saia do caminho. Deixe que o universo o traga para você. Não monitore sua conta bancária,
sua relação ou sua carreira em busca de resultados. Deixe estar.
Dizem que a necessidade é a mãe da invenção. Quando estamos viajando, as sincronicidades são
desencadeadas por necessidades mundanas, como a localização de uma estação de trem, uma loja ou
restaurante. O desejo de encontrar o que precisamos age como um ímã para a sincronicidade.
Durante uma viagem de negócios a Chicago, uma sincronicidade levou Gabe Carlson exatamente
aonde queria ir. O proprietário da empresa onde trabalhava recomendou-lhe um restaurante
chamado Tempo, perto do hotel. Gabe e seus colegas de trabalho, em sua última manhã na cidade,
saíram procurando um lugar para tomar café. Mas nenhum deles conseguia se lembrar do nome do
restaurante recomendado pelo chefe. Gabe concluiu que deveriam simplesmente caminhar “numa
direção aleatória”, fazendo que alguém que não estivesse com eles escolhesse uma direção e apontasse.
Eles saíram de malas nas costas, “todos sorrindo e abertos a qualquer coisa boa que o universo e
Chicago quisessem nos propor”.
Depois de vários quarteirões, ficou claro que tinham tomado a direção errada. Mas continuaram,
confiantes. Quando passaram pelo McDonald’s, um mendigo todo esfarrapado aproximou-se de
Gabe e se apresentou como André. Gabe lhe deu algumas moedas e o grupo continuou. Um
quarteirão depois, viram uma delicatessen. Não parecia promissora, mas todos estavam famintos.
Quando atravessaram a rua, André veio saltando atrás deles, gritando “É nojento!”, para que não
comessem lá. Depois, disse que conhecia um lugar melhor. Alguns quarteirões à frente, André os
apresentou Tempo, o café que estavam procurando desde o início.
Alguns de nós apenas ignorariam o mendigo, mas Gabe e os amigos estavam abertos ao que
poderia acontecer. Seguiram as pistas, e a busca foi recompensada.
Como afirmou Jane Teresa em The shape of things to come, “o que surge em nossa jornada e nos
desafia a um esforço além de nossas limitações mentais encontra-nos no mundo exterior por meio do
espelho da sincronicidade”.
Encontros “acidentais” com pessoas generosas – como o mendigo de Chicago que levou Gabe ao
restaurante que procurava e o jovem que Jennifer Gerard encontrou na China, que falava mandarim
fluentemente –, são comuns em sincronicidades de viagens. Porém, outras vezes, esses encontros não
parecem ter razão de ser. Foi o que aconteceu com um australiano que Rob encontrou diversas vezes
na Europa durante um verão.
Os encontros começaram na Espanha, onde Rob e seu parceiro de viagem, Rabbit, deparavam-se
constantemente com um australiano chamado Maurey, que parecida estar em todos os lugares. Ele
não era muito amigável, e nunca parecia surpreso em encontrá-los.
Depois de três semanas na Espanha, Rob e Rabbit partiram para o Marrocos. Pegaram uma balsa
até Ceuta e, de repente, encontraram-se em uma cultura cuja língua não falavam e, portanto, eram
incapazes de ler as placas. Os dois subiram em um ônibus sujo e quente, com uma decoração
berrante, e escolheram dois lugares entre os marroquinos usando jalabas. Rob percebeu que havia
dois ocidentais três fileiras adiante e deu uma cotovelada em Rabbit. “Você não vai acreditar”, disse
ele entre o ruído da música árabe e os gritos dos homens conversando no corredor. “É Maurey.”
Eles o chamaram como se se tratasse de um velho amigo. Maurey e o rapaz ao lado viraram-se para
trás. Rob e Rabbit ficaram chocados ao ver que Maurey estava sentado com Dave, um amigo de
Minneapolis, que supostamente estaria na Suécia, não no Marrocos. Eles não faziam ideia de que
Dave planejava ir ao Marrocos, embora estivesse lá, no mesmo ônibus, sentado com Maurey.
Qual o possível significado disso? Não é como se Maurey pudesse ser útil – ele não falava a língua
nem conhecia mais sobre o país do que Rob ou Rabbit. Mas se as viagens são “jornadas para o
crescimento”, como dizem os escritores Allan Combs e Mark Holland, talvez esses repetidos
encontros servissem para aguçar a percepção de Rob em relação à sincronicidade. Talvez ele devesse
aprender como usar essas experiências de viagem como uma bússola.
A última jornada
As sincronicidades costumam ocorrer durante momentos de grandes transições. Uma dessas
transições é a última jornada que fazemos: a morte.
Você já ouviu as histórias: relógios que param no momento da morte, o comportamento estranho
de um animal de estimação nos dias ou semanas antes de o dono morrer, a visão aparentemente
aleatória de um corvo ou coruja antes da morte de uma pessoa querida. Às vezes, as flores murcham e
perdem as pétalas, um jardim fica marrom, aparelhos quebram sem nenhum motivo, e todas as
músicas que você escuta no carro são sobre a morte. Você sente. Essas ocorrências sincrônicas podem
se multiplicar quando a morte se aproxima de alguém que você ama. É como se o universo estivesse
tentando alertá-lo e prepará-lo psicológica, emocional e espiritualmente.
Sincronicidades associadas à morte também se manifestam em impulsos, pressentimentos, visões e
sonhos. Você pode sentir, por exemplo, o impulso de entrar em contato com alguém que não vê há
algum tempo e descobrir que a pessoa morreu exatamente no momento em que pensava nela. Se
estamos todos conectados, como acreditam os místicos, então a informação sobre a morte iminente
de uma pessoa querida está disponível a todos nós. Mas é preciso estar aberto para entender como
esse tipo de informação pode surgir no caminho.
No final da década de 1850, Mark Twain e o irmão, Henry, trabalhavam nas embarcações
fluviais do Mississippi que faziam o trajeto entre St. Louis e Nova Orleans. Uma noite, enquanto
estavam na casa da irmã em St. Louis, Twain sonhou que o corpo do irmão estava dentro de um
caixão de metal na sala daquela casa. Os detalhes eram específicos: o caixão ficava apoiado em
duas cadeiras, e sobre o peito de Henry havia um buquê com uma única rosa vermelha.
Várias semanas depois, Twain e o irmão voltaram para Nova Orleans. Dessa vez, tomaram
diferentes embarcações para St. Louis. Henry estava na Pennsylvania. Perto de Memphis, as
caldeiras explodiram, matando diversas pessoas. Henry ficou gravemente ferido e foi levado para
Memphis, onde morreu alguns dias depois.
A maioria das vítimas foi enterrada em caixões de madeira, mas um grupo de mulheres de
Memphis arrecadou dinheiro suficiente para enterrar Henry em um caixão de metal, exatamente
como Twain tinha visto no sonho. No entanto, não havia um buquê com uma única rosa
vermelha. Quando Twain chegou perto do corpo do irmão, uma mulher entrou e colocou um
buquê de flores sobre o peito de Henry. No centro havia uma única rosa vermelha.
O que é especialmente forte no sonho de Twain é o fato de ele ter se lembrado de detalhes
específicos, que coincidiram exatamente com a realidade. Sua experiência salienta que, em um
nível mais profundo, nossa percepção é muito maior do que imaginamos.
Fugir da morte também pode ser uma fonte de fortes sincronicidades. Em 1o de março de 1950,
um coro de igreja em Beatrice, no Nebraska, supostamente deveria começar suas atividades às 19h20.
Mas todos os 15 membros do coro se atrasaram por razões mundanas e perfeitamente legítimas. O
ministro e a família porque estavam terminando de lavar a roupa; outra pessoa fazia tarefas escolares;
uma outra teve problemas com o carro. Exatamente às 19h25, a igreja explodiu por causa de um
defeito no sistema de aquecimento.
Essa história, contada pela primeira vez na revista Life, é um dos exemplos de sincronicidade mais
impressionantes de fuga da morte. “Se a presença da morte pode ser o foco de fenômenos sincrônicos
desse tipo, então também pode ser igualmente significativa e sincrônica, sob circunstâncias
surpreendentes, a ausência ou fuga da morte”, escreveu Hopcke em Não há acasos.
Seria fascinante saber como essa experiência impactou a vida e a crença dessas 15 pessoas. Alguma
delas morreu logo depois? Que lição tiraram dessa experiência? Seus caminhos de vida foram
radicalmente mudados?
A morte de uma pessoa amada geralmente escancara as portas para outras realidades, para níveis
mais profundos de consciência, para o crescimento pessoal. Mary S., uma professora na América do
Sul, nunca se imaginou como paranormal ou intuitiva. “Exerci minha profissão como acadêmica por
mais de 30 anos com um Ph.D em teoria literária e sempre pensei que fosse objetiva, com os pés
fincados firmemente na terra.”
Há quatro anos, Mary conheceu Danny, um psicólogo. Eles aparentemente tiveram um incrível
relacionamento amoroso, mas, como ele morava a 200 quilômetros de distância, era difícil se
encontrarem regularmente. Então, Danny perguntou se Mary podia mudar o foco da relação para
algo mais espiritual. “Ele queria que fôssemos almas gêmeas e basicamente ‘ressoássemos’ um no
outro. Na verdade, ele me chamava de La gloriosa donna della mia mente.” A expressão italiana
significa “gloriosa dona da minha mente”, e foi assim que Dante chamou Beatriz Portinari, a mulher
que ele amou e que inspirou alguns de seus escritos, mas que continuava longe de seu alcance.
“Sendo uma mulher normal, eu era um pouco cética em relação a apenas ressoar um no outro. Eu
queria mais”, escreveu Mary.
Eles se falavam todos os dias por e-mail e por mensagens de texto; trocavam poesias e citações
literárias. No início de 2009, Mary começou a sentir que havia algo estranho com Danny, que sua
força de vida estava esmorecendo. Em fevereiro, enviou-lhe um e-mail perguntando se podia enviar
energias positivas toda manhã às sete horas. Ele concordou, e assim ela fez nos meses seguintes,
mesmo que nunca tivesse feito algo do tipo. “Não era nada de mais, sem luzes cintilantes, apenas um
‘cordão umbilical’ entre nós, às vezes com o efeito de uma luz difusa no coração dele.”
Em mais de uma ocasião, Danny dissera que um dia cometeria suicídio, e Mary acreditava nele.
Ela teve certeza disso quando recebeu seu e-mail dizendo que os cabos de eletricidade tinham sido
roubados pela quarta vez por ladrões, que vendiam como cobre para o ferro-velho. “Eu sabia que
algo horrível estava prestes a acontecer.” Nesse mesmo e-mail, ele dizia que estava pensando em tirar
uns dias de folga para descansar.
Ainda que não tivessem o hábito de se telefonar, Mary ligou para ele imediatamente. Danny estava
voltando para casa, e ela perguntou para onde pretendia ir. Ele disse que não sabia, que só queria
descansar a cabeça. Ela pediu-lhe que fosse passar uns dias com ela, porque ele “precisava ser
mimado”. Ele respondeu que talvez fizesse isso.
Naquela noite, por volta das sete horas, Mary enviou uma mensagem perguntando se ele tinha
“sobrevivido à fria escuridão”. O celular estava desligado, e a mensagem não chegou. Ela foi dormir
às dez, mas vinte minutos depois levantou-se às pressas, certa de que Danny precisava dela. Ela
enviou outra mensagem. “Estou preocupada com você, meu amor!” A mensagem não chegou.
Na manhã seguinte, sexta-feira, Mary sentiu vontade de meditar e enviar energia para Danny, o
que não fazia há algum tempo. A princípio, não conseguiu encontrá-lo, mas depois visualizou seu
coração nas mãos e viu uma luz magnífica, rosada no centro com pitadas de verde-claro, depois uma
grande massa creme com um grande halo dourado em volta. “Era tão calmo e sereno... Parecia
sagrado, como uma liberdade e uma glória plenas, pura calma e tranquilidade. Não tenho palavras
para descrever. Fiquei sentada, apenas mergulhando na energia suave daquela luz. Era como se a luz
me tivesse sido dada, não precisei me concentrar de modo nenhum para produzi-la.”
Mary sentiu que Danny não precisava de nada, que estava calmo, feliz. E pensou que ele pudesse
ter ido ao centro budista meditar, o que explicaria a luz. Depois, percebeu que uma luz como aquela
não poderia pertencer a um ser vivo.
No sábado de manhã, a mesma coisa aconteceu, mas dessa vez ela se sentou na presença da luz por
mais de uma hora. Sentiu-se satisfeita e confortada. Intuitivamente, sentiu que Danny estava em paz.
“Mais uma vez eu sabia, de coração, que nenhum ser vivo produziria aquela luz. No domingo
aconteceu de novo, e tive a mesma sensação. Além disso, durante o fim de semana inteiro senti a
presença de Danny de maneira muito forte. Foi como se ele estivesse comigo, relaxado e livre. Tive a
sensação eufórica de ter saído de férias e antecipado um longo momento de descanso e liberdade.”
Naquele fim de semana ela cozinhou freneticamente – algo que Danny gostava, mas ela não – com
especiarias e ingredientes que ele teria usado.
Ela sabia que Danny não gostava que ficasse muito em cima dele, e por isso não ligou para o
trabalho dele na segunda-feira. Quando telefonou na terça, a secretária disse que ele tinha morrido
na sexta. Mary ficou chocada, mas não surpresa. Ela sabia que não tinha sido na sexta. Depois, a
polícia confirmou que Danny morrera na quinta-feira à noite, entre dez e onze horas, o momento em
que ela enviou a última mensagem de texto.
“Ele se enforcou dentro de casa. Ficou bastante claro que planejava fazer isso há um bom tempo.
Antes de partir, apagou toda uma vida que ficou para trás. Nenhum dos seus amigos pôde ser
contatado.”
No dia em que Mary soube da morte de Danny, uma amiga psicóloga foi até lá ficar com ela. Ela
queria ajudar Mary a se recuperar, mas sem invadir seu espaço pessoal. Algum tempo depois,
confessou a Mary que, naquela noite, sentira uma forte presença ao redor de si, e que, quando foi
embora, sabia que Mary não estava sozinha.
Mary também sentiu essa presença nas primeiras três semanas depois da morte de Danny – uma
presença forte e amável. Muito embora a natureza de Danny não fosse assim quando estava vivo, ela
o sentiu por perto durante semanas. “Do seu jeito, quieto, ele estava me ajudando a superar aquela
crise.”
No entanto, Mary ficou espantada com o fato de Danny ter deixado em testamento tudo o que
tinha para uma amiga de quem ela nunca ouvira falar. Então, lembrou-se de que ele costumava
encorajá-la a viver de maneira desprendida. “Quando percebi que ninguém mais sentiu a presença
dele depois da morte, comecei a apreciar o maravilhoso presente de despedida que me deu; na
verdade, ele foi me visitar como prometeu, e desde então nunca me deixou sozinha. Ele me guiou
com ternura para que eu entendesse sua partida. Ninguém me telefonou para dar uma notícia
chocante. Não precisei identificar o corpo no necrotério. Ele não me deixou o estorvo de um
testamento e pertences. O que me deu foi o presente mais requintado que se pode receber... E, por
fim, entendo que amantes não se encontram em algum lugar. Eles estão um no outro o tempo todo!”
Mary vivenciou a sincronicidade por meio de uma conexão telepática com Danny, e a experiência
transformou sua vida. Talvez ela e outros que relatam esses tipos de experiência estejam no limite de
uma mudança de paradigmas. Falaremos sobre esse conceito no último capítulo.
ENTRE EM CONTATO
Se nenhuma experiência espontânea ocorrer, você pode pedir para contatar alguém em um sonho. Digamos que queira
entrar em contato com seu avô, que morreu recentemente. Vocês eram próximos, e há muitas lembranças do que passaram
juntos.
Quando se deitar para dormir, relaxe e respire profundamente algumas vezes. Diga a si mesmo que está prestes a
embarcar numa viagem para entrar em contato com seu avô. Pense nele e lembre-se de um momento feliz que tiveram
juntos. Lembre-se com a maior quantidade de detalhes possível. Mergulhe num estado meditativo enquanto se imagina com
seu avô. Você pode lhe contar alguma coisa da sua vida, ou dizer que tem pensado nele.
Quando estiver sonolento, imagine ouvir uma resposta. Tente se concentrar. Veja se consegue continuar a conversa.
Você pode dormir. Quando acordar, pergunte a si mesmo o que sonhou. Às vezes basta o esforço para desencadear a
memória.
Se não conseguir se lembrar de nenhum sonho pertinente, tente este exercício como uma meditação durante o dia. Emita
sinais psíquicos e, mesmo que não faça contato, você pode encontrar uma ou mais sincronicidades naquele dia que sejam
diretamente relacionadas às memórias do seu avô.
CONCLAMANDO
O DIVINO
A era da transformação
Nesta era, as respostas podem chegar como um passe de mágica. Você sabe quem é e quem quer se
tornar. Está no caminho certo, na hora certa. A sincronicidade é sua melhor amiga, e suas mensagens
agem como uma bússola. Na era da transformação, você se concentra facilmente nas suas intenções e
desejos, e convida a sincronicidade para sua vida. Na era da transformação, você conclama o divino.
Esse é o ideal. Mas, para chegar lá, é preciso que você aprenda a se fazer perguntas, a definir seus
desejos e emoldurar sua vida de modo que crie um ambiente rico no qual as sincronicidades possam
acontecer sem demora. Em um ambiente como esse, a lei da atração funciona como nunca; a
intuição se aprofunda, a criatividade floresce. “Quando decidimos trabalhar com a coincidência,
convidamos para nossa vida novos padrões energéticos”, escreveu Robert Moss em The three “only”
things. “Não só observamos os acontecimentos de uma nova maneira, como na verdade os atraímos –
e também atraímos as pessoas – para o nosso caminho de uma forma que é diferente de antes.” Tudo
na nossa vida começa a se deslocar para uma direção mais rica e mais positiva.
As sincronicidades, quando estamos cientes delas, são como pistas sussurradas, indicações ao longo
da estrada. Vire aqui, siga adiante. Arrisque-se. Desacelere, acelere. Na era da transformação, se você
for uma parte dela, as sincronicidades acontecerão todos os dias. No entanto, elas não são
experiências cotidianas.
Nem todos têm um computador na era da transformação, e nem todos seguirão o caminho das
sincronicidades nessa era. Mas as influências serão sentidas em todo o universo.
Deepak Chopra identifica dois estágios de consciência superior: a consciência divina e a
consciência da unidade. Na primeira, nossa capacidade de manifestar desejos aumenta. A consciência
divina, uma experiência que vem e vai, permite-nos vislumbrar a “presença do Espírito em todas as
coisas”, como Mary S. fez depois do suicídio de seu namorado, conforme descrito no capítulo
anterior. A consciência da unidade, ou o esclarecimento, envolve “a transformação completa do eu
pessoal em um eu universal, um estado em que milagres acontecem e tudo é possível”. Podemos
conclamar o divino, ainda que por breves momentos?
A lei da atração
Os metafísicos escrevem sobre a lei da atração há muito tempo, bem antes de a prensa ser inventada.
Mas sua popularização se deu, pela primeira vez, no século XX, pela escritora Jane Roberts.
No segundo semestre de 1963, Jane Roberts começou a canalizar Seth, “uma essência de
personalidade não mais centrada na realidade física”. Seu marido, Robert Butts, reconheceu a
qualidade do material sobre Seth e começou a tomar notas durante as sessões de transe da esposa.
Quando Jane morreu em 1984, havia mais de 20 livros sobre Seth publicados, e centenas de notas
inéditas sobre uma variada gama de assuntos – a natureza da realidade física, vida após a morte,
reencarnação, saúde e doença, inteligência humana e animal, natureza da consciência, guerra e paz,
política. A pedra angular da filosofia de Seth era simples: “Você cria sua realidade; você obtém aquilo
em que se concentra... Não há outra regra principal”.
Em outras palavras, a lei da atração. Muitas das descrições de Seth sobre a natureza da realidade
refletem os argumentos de David Bohm e outros cientistas – sobre como tudo no universo está
conectado e sobre a importância da intenção e da crença na criação de nossas experiências. De acordo
com Seth, “como as crenças formam a realidade – a estrutura da experiência –, qualquer mudança
nas crenças que altere essa estrutura inicia a mudança”.
Os livros de Seth oferecem uma base filosófica para a natureza da realidade e da consciência, para a
lei da atração e para o papel das crenças na criação de nossa realidade. No entanto, ela carece de
aplicação prática. Como fazemos isso exatamente? Felizmente, outros autores (já mencionamos
alguns neste livro) apresentaram a lei da atração de maneiras acessíveis a milhões de pessoas. Temas
comuns perpassam seus livros: a importância das crenças, o foco de desejos intensos e a força das
emoções.
Nas duas histórias a seguir você verá a importância das crenças, do desejo intenso e das emoções
fortes.
Para Jane Clifford, mãe solteira do País de Gales, seu forte desejo e sua intenção focada levaram aos
resultados de que precisava. Seu filho mais jovem, Harry, não estava se dando bem na escola
secundária local e lhe perguntou se poderia frequentar uma escola particular onde o irmão mais velho
se formara. Harry não era estudioso, mas um músico brilhante, e a escola concordou em entrevistá-lo
por conta disso.
A entrevista correu tão bem que o diretor resolveu abrir uma vaga para Harry e deu a ele uma bolsa
de estudos. Mas, mesmo com a bolsa, Jane ainda precisaria desembolsar 8 mil libras por ano durante
dois anos e mais 32 mil libras para completar os estudos do filho. Sua relação com o pai de Harry
acabara, as dívidas só cresciam. Ela não tinha para quem pedir ajuda. E não havia mais nada que
pudesse vender.
Diversos amigos e membros da família investiram em Harry, e Jane economizou o que podia,
quando podia. Mas a quantia de 32 mil libras não saía da sua cabeça, um obstáculo aparentemente
intransponível. Quando esteve em Londres, uma grande amiga lhe disse para visitar uma igreja
minúscula onde havia um santuário de Santo Antônio (santo das coisas perdidas) e outro de São
Judas (santo das causas perdidas). Sua amiga tinha ido à igreja alguns anos antes, mas só conseguia se
lembrar da localização geral. Com apenas uma vaga descrição, Jane saiu para encontrar a igrejinha.
Ela perguntou a todos os taxistas londrinos do lado de fora da estação de metrô sobre a localização
da igreja; perguntou em cafés e lojas, mas em vão. Desencorajada e frustrada, quase desistiu. “Resolvi
comprar um pêssego num camelô. Perguntei a ele sobre a igrejinha, e ele apontou para o outro lado
da rua.”
Jane correu para dentro da igreja, acendeu uma vela e agradeceu a Santo Antônio pela ajuda com
chaves de carros perdidas ao longo dos anos. Depois, acendeu uma vela para São Judas e pediu ajuda
com as mensalidades da escola. Nos três meses posteriores, sem nenhuma solução à vista, ela
continuava ansiosa e insegura.
Durante uma reunião de alunos na escola, Harry se ofereceu como voluntário para ajudar no
jantar. Um gentil senhor começou a conversar com ele e disse que tinha ouvido que talvez Harry
tivesse de deixar a escola. Ele explicou que sua mãe não podia pagar. O gentil senhor disse: “Eu não
me preocuparia com isso se fosse você, Harry”, e saiu para falar com um convidado do jantar.
A verdade é que aquele senhor estava fazendo uma doação considerável para a escola naquele
mesmo dia. O dinheiro deveria ser investido e usado para ajudar estudantes mais pobres. “Ele
especificou que somente no caso de Harry o dinheiro poderia ser usado para pagar todas as
mensalidades que faltavam, de modo que ele terminasse os estudos lá!”, escreveu Jane. “Milagre!”
Jane não só teve um forte desejo e uma intenção, como também se recusou a desistir. Muito
embora ninguém soubesse a localização da igreja, ela continuou perguntando até que por fim a
encontrou. Foi exatamente a sincronicidade de que precisava. Ela literalmente conclamou o divino
ao visitar os santuários de dois santos e pedir ajuda.
APROVEITANDO A SINCRONICIDADE
Veja se consegue colocar a sincronicidade em prática a seu favor. Pense numa pergunta ou concentre-se num objetivo.
Transforme-o em algo significativo. Leve-o a sério. Entusiasme-se. Alimente-o com uma emoção forte. O que você
realmente quer ou precisa? Se estiver com problemas para formular uma pergunta ou estabelecer um objetivo, encontre um
lugar tranquilo e relaxe. Deixe sua mente vagar enquanto se acomoda, dizendo a si mesmo que a questão mais importante
para você neste momento virá à mente. Liberte-se de pensamentos irrelevantes. Espere pela questão e pela pergunta.
Quando ela aparecer, reformule-a. Torne-a específica, porém simples.
Espere os resultados. Imagine que você já obteve sua resposta. Como você se sente? O que está fazendo de diferente
agora que obteve sua resposta? Escreva, conte para os amigos. Espalhe a palavra para o universo.
Estabeleça um intervalo de tempo para receber uma resposta. Você pode tentar uma abordagem do tipo “tudo ou nada”,
dizendo a si mesmo que a próxima coisa que escutar – uma voz na televisão, um comentário numa loja ou estacionamento –
lhe dará uma resposta. Isso funciona melhor para pessoas intuitivas e que percebem sincronicidades com frequência. Talvez
você queira estabelecer um ou dois dias para que surja a mensagem. Se não a reconhecer, concentre-se de novo e comece do
zero.
Procure por algo incomum no seu ambiente, algo inesperado. Talvez seja o telefonema de alguém com quem você não
fala há um bom tempo. Ou a chance de encontrar com alguém. Qualquer encontro inesperado pode servir para obter a
resposta. Qual foi a primeira coisa que a pessoa lhe disse? Você consegue encontrar um significado relacionado à sua
pergunta ou objetivo? Ela oferece uma direção, uma nova abordagem, ou talvez um alerta? Se não tiver certeza, observe a
próxima sincronicidade enquanto pensa sobre a pergunta ou o objetivo.
Com a prática, ficará mais fácil para você aproveitar a sincronicidade criando um espaço na mente
e no coração para que ela se manifeste. Algumas pessoas, como Jane, usam a oração, a visualização e o
ritual. Outras seguem pistas do ambiente, como Jennifer Gerard em sua viagem à China e ao Nepal,
que mudou sua vida. Talvez, durante sua exploração da sincronicidade, sua voz intuitiva tenha se
fortalecido o suficiente para que a escute mais de perto. Talvez agora você siga seus impulsos, busque
mensagens nos sonhos, interprete os acontecimentos que vivencia como símbolos de suas crenças e
intenções.
Se em algum momento da jornada ainda não tiver certeza de suas crenças e intenções, olhe ao
redor. Tudo o que vê na sua vida pessoal – família, casa, entes queridos, animais de estimação,
crianças e amigos, perdas e ganhos na carreira, sua saúde e prosperidade – é o resultado de crenças e
intenções que você guarda, desejos que mantém. Se perceber elementos de que não gosta, mude suas
crenças. Suas experiências e a realidade externa mudarão como consequência.
Leah Southey, escritora e editora, tem um anjo da guarda, Shiva, que sempre a ajuda nos
momentos difíceis. Em março de 2007, ela e o marido, Neil, visitaram Jenolan Caves, na Austrália,
onde comemoraram o aniversário de casamento. Eles saíram num passeio até as cavernas, quando, de
repente, seu marido percebeu que perdera as chaves. Nenhum dos dois sabia como voltariam para
casa. Leah perguntou a Neil se ele queria encontrar as chaves sozinho ou que alguém o ajudasse. Para
Leah, essa parte da decisão – a intenção – era o elemento mais importante.
“Concordamos que seria melhor deixar que alguém as trouxesse até nós. Mesmo assim, ele insistiu
para que refizéssemos nosso trajeto, voltássemos ao quiosque e ao escritório dos parques nacionais
para ver se alguém havia entregado as chaves. Quando isso não deu certo, ele saiu para um segundo
passeio nas cavernas que já havíamos visitado.”
Enquanto ele estava no passeio, Leah sentou-se perto do rio e perguntou a Shiva onde estavam as
chaves. “Em uma crise, eu logo procuro por Shiva. Ele me ajudou diversas vezes.” A resposta? As
chaves estavam na entrada da caverna.
Quando ela e Neil se encontraram de novo, voltaram à entrada da caverna, mas não encontraram
as chaves. “A área turística estava prestes a fechar quando dois guardas do parque passaram de carro
pela zona do estacionamento. Pararam perto de nós e uma mulher perguntou: ‘Isso aqui ajuda?’. Ela
estava balançando as chaves com a mão para fora da janela.”
O casal não só recuperou as chaves como o ocorrido se deu da maneira exata que pediram: alguém
entregou as chaves. Quando Leah perguntou onde as chaves foram encontradas, a mulher disse: “Na
entrada da caverna”.
Ao pedir a ajuda de Shiva, acreditando que as chaves seriam encontradas, ao definir sua intenção,
Leah e o marido ativaram a lei da atração e conclamaram o divino.
O caminho da sorte
No capítulo anterior, contamos a história do coro de uma igreja em Beatrice, no Nebraska, cujos
membros se atrasaram para as atividades na noite em que a igreja explodiu. Pessoas sortudas, não é
mesmo? Então, qual a diferença entre sincronicidade e sorte, e como podemos nos aproveitar dela?
Basicamente, a sorte é uma sincronicidade próspera. Mas não acontece por conta própria.
Geralmente, toma a forma de algum tipo de ação. Imagine sonhar com seis números que acabam
sendo sorteados na loteria no dia seguinte. É sincronicidade. No entanto, só seria sorte se você tivesse
tomado uma atitude em relação ao sonho e jogasse aqueles números. No caso do coro da igreja, a
ação dos membros foi uma inação, ou uma ação atrasada.
Quando alguém se torna bem-sucedido da noite para o dia, chamamos essa pessoa de sortuda. Mas
um exame mais detalhado revela que foi preciso anos, talvez décadas, para que o sucesso “repentino”
acontecesse. Elmore Leonard escreveu 37 romances antes de encontrar o gênero que o tornou
famoso: crime e mistério. Harrison Ford fazia pequenos papéis e trabalhava como carpinteiro antes
de fazer sucesso, em 1973, com o filme Loucuras de verão, de George Lucas. Stephen King jogou fora
os manuscritos de Carrie, a estranha, mas sua esposa conseguiu recuperá-los; os direitos acabaram
sendo vendidos por 400 mil dólares, e o livro impulsionou a carreira de King. Jeff Lindsay escreveu
textos de diversos gêneros ao longo dos anos, mas já tinha mais de 50 anos quando atingiu o sucesso
com um personagem chamado Dexter. Hoje, a série já conta com cinco livros, faz parte da lista de
best-sellers do New York Times, e Dexter é o programa de maior audiência do canal em que é exibido
nos Estados Unidos.
Depois de se formar na faculdade, Trish escreveu cinco romances antes de escrever aquele que de
fato seria publicado. Alguns diriam que ela teve sorte, porque seu trabalho foi selecionado entre
centenas, talvez milhares, de manuscritos de escritores competentes. Mas não foi só sorte, houve
trabalho, uma forte intenção e a orientação das sincronicidades. O editor da Ballantine Books, que
comprou os direitos, leu o livro no fim de semana, depois de ver a estreia de Miami Vice. Assim
como a série de TV, In Shadow tinha dois detetives de Miami, um branco, outro negro, envolvidos
numa investigação de drogas. Sincronicidade. O editor fez uma oferta na segunda-feira seguinte, e a
carreira de Trish como escritora de ficção deslanchou. O interesse surgiu com o 25o envio do seu
sexto livro, o primeiro e único dos seis a ser publicado.
Rob estudou antropologia na faculdade e viajou pelo mundo para visitar sítios arqueológicos em
paralelo aos seus trabalhos como jornalista. Porém, quando foi chamado para escrever o que se
tornaria o primeiro dos oito romances de Indiana Jones, nem a empresa LucasFilm nem o editor da
Bantam Books sabiam do seu interesse por arqueologia. Sabiam apenas que ele publicara um livro,
Crystal skull.
Quando estamos concentrados, entusiasmados, forçando nossos limites, o cérebro libera endorfina.
Pesquisas apontam que isso acontece durante o sexo e no nascimento, em atividades físicas pesadas,
na meditação e no intenso trabalho criativo. Se você visualizar o que quer quando a endorfina estiver
correndo no seu corpo, o desejo se manifesta mais rapidamente. É como se essa substância de alguma
maneira o ajudasse a se conectar com a poderosa fonte de quem realmente é e com o potencial de
quem quer se tornar.
“Um cosmos fortuito é divertido e pueril, e uma abordagem aventureira e prazerosa à vida encoraja
a sincronicidade”, escreveu Marcus Anthony, autor de Sage of synchronicity. “O ponto fundamental é
trazer a mente completamente para o momento atual. No estado prazeroso da presença completa, é
como se o cosmos tomasse vida. O propósito e o significado mais profundo das coisas são
conhecidos, mesmo que veladamente, como se a psique e a mente cósmica mantivessem um diálogo
aberto.”
Quando a sincronicidade acontece, é importante perguntar o que ela significa. A resposta pode vir
na forma de outra sincronicidade. Você talvez escute determinada música no rádio, algo dito na TV
ou leia uma passagem de um livro. Quanto mais exploramos a sincronicidade, maior se torna nosso
entendimento. Quanto menos resistentes a essas experiências, maior a probabilidade de atrairmos
mais experiências. A falta de resistência é um componente importantíssimo na lei da atração.
Quando o significado não chega de sobressalto, olhe para as sincronicidades como oportunidades,
sobretudo para explorar alternativas criativas. Assim você atrai a sorte. Como Patricia Einstein
escreveu em Intuition: the path to inner wisdom, “todos temos a experiência de estarmos no lugar
certo na hora certa, e, em algum momento da vida, todos conhecemos alguém que chamamos de
sortudo. A sorte [...] não é uma questão de acaso, mas sim de sincronicidade”.
Vejamos uma última história, um relato espantoso que combina sincronicidade, crença, intenção e
transformação pessoal.
Quando começamos a vivenciar sincronicidades regularmente, nossa vida passa para um campo mais
rico e mais profundo. É fácil atrair pessoas, oportunidades e situações benéficas. Sentimo-nos no
caminho certo, seguindo o fluxo, presos firmemente ao momento, no lugar exato onde deveríamos
estar.
Esther e Jerry Hicks chamam esse estado de “estar em alinhamento com a fonte”. Eckhart Tolle
chama de “o poder do agora”. Deepak Chopra fala em uma “consciência divina”. Não importa o
nome que você escolher. A conclusão é que sua consciência foi transformada. Agora, você é capaz de
vivenciar a vida e as relações que imaginar.
AGRADECIMENTOS
Nenhum livro é escrito no vácuo. Devemos nosso profundo agradecimento a todos que visitaram
nosso blog, que contribuíram com histórias para este livro e cujas intuições sobre o mistério da
sincronicidade expandiram nosso conhecimento.
Obrigado também a nosso agente, Al Zuckerman, que prestou uma atenção virginiana aos detalhes
do livro, e à pisciana Paula Munier, que observou a obra como um todo.
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