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Unidade 02
Unidade 02
Doenças do Trabalho
Doenças ocupacionais I e o corpo humano
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Doenças ocupacionais I e o corpo humano
Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o último
momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado
ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá
escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e
determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de
materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão
o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca
de ideias e aprendizagem.
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Unidade: Doenças ocupacionais I e o corpo humano
Introdução ao Tema
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Os agentes presentes na natureza também atuam de forma negativa na saúde do homem. Na
praia, as temperaturas elevadas e, consequentemente, as radiações ultravioleta e infravermelha
são mais constantes, de modo que a exposição a esse ambiente em um período considerado
normal torna-se agradável e saudável. Todavia, a exposição por longos períodos atua de forma
a se tornar um fator de risco ao homem. Considerando o exemplo de um vendedor de praia
que, devido à sua rotina de trabalho, submete-se à ação repetitiva desse agente que, ao longo
do tempo, pode se tornar um fator de risco à saúde desse profissional.
Leitura Obrigatória
Introdução
Em todos os processos de trabalho existem situações de risco, acidentes e adoecimentos,
segundo as condições de higiene e qualidade de trabalho. Os riscos identificados nos processos
de trabalho que se concretizam são chamados de agentes de riscos. O agente é aquilo que
pratica ação, provocando a reação sobre o outro. No caso do agente de risco que atua direta e
indiretamente no corpo do trabalhador, este corpo deve ser visto não somente pelo seu aspecto
físico, mas também pelo aspecto integral, o que inclui as instâncias fisiológicas, psicológicas e
emocionais.
Alguns agentes de risco possuem baixos níveis de concentração, o que os tornam
imperceptíveis ou até mesmo fazem com que as pessoas se acostumem aos quais. Por serem
invisíveis, muitas vezes não são associados nem pelo trabalhador, nem pelos médicos como os
responsáveis pelos problemas de saúde identificados.
Ainda existe muito a se identificar sobre os efeitos que causam danos à saúde e os diversos
agentes de riscos que surgem e se expandem devido ao desenvolvimento tecnológico e
industrial. Por isso, é importante contextualizar os agentes de riscos no interior dos processos
de trabalho que, como o próprio nome diz, deve ter um dinamismo ligado às transformações
do objeto de trabalho e do trabalhador.
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Unidade: Doenças ocupacionais I e o corpo humano
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Os riscos biológicos podem ser considerados como doenças do trabalho, ou seja, um
acidente de trabalho, desde que se estabeleça a causa, o que inclui infecções agudas e crônicas,
parasitoses e reações alérgicas ou intoxicações provocadas por plantas e animais. As infecções
são causadas por bactérias, vírus, clamídia e fungos. As parasitoses envolvem protozoários,
helmintos e artrópodes.
Muitas doenças ocupacionais são causadas pelo contato com animais, isso é mais frequente
nos trabalhadores agrícolas e nos envolvidos com o manejo de aviários, rebanhos e criações
em geral. Tais riscos são permanentes, sendo necessárias medidas preventivas apropriadas.
Os riscos biológicos em contato com o homem provocam inúmeras doenças, sendo mais
frequentes em indústrias de alimentação, hospitais, limpeza pública – coleta de lixo –,
laboratórios, entre outras circunstâncias.
As doenças decorrentes dos riscos biológicos são diversas: tuberculose e brucelose, malária
etc. Para um funcionário ser diagnosticado com uma doença ligada a um risco biológico, é
necessário que em sua rotina de trabalho exista a exposição aos microrganismos causadores.
É fundamental a adoção de medidas preventivas garantindo as devidas condições de higiene
e segurança, evitando assim os riscos biológicos. Em laboratórios é possível identificar os
riscos biológicos em maior frequência, principalmente na manipulação de agentes, tais como
agentes patogênicos selvagens, atenuados, os que sofreram processos de recombinação e
amostras biológicas.
Os animais se tornam uma fonte de contaminação, em especial, para os profissionais
responsáveis pela manipulação, onde, através de lesões causadas por acidentes com agulhas,
arranhões ou mordidas, pode haver contaminação biológica.
Os agentes patogênicos selvagens são considerados riscos ao manipulador, à comunidade
e ao meio ambiente. Tais riscos são avaliados em função do poder patogênico do agente
infeccioso, acerca da sua resistência no meio ambiente, o que ocasiona a contaminação; o
nível de contaminação; a imunidade do manipulador e se há a possibilidade de tratamento
preventivo.
Os órgãos competentes classificam os riscos de forma muito similar. Os agentes são divididos
em quatro classes, as quais:
· Classe 1: onde se tem os agentes que não contêm riscos ao manipulador e à sociedade;
· Classe 2: enquadram-se aqui os riscos de grau moderado ao manipulador, à sociedade
e há possibilidade de tratamento preventivo;
· Classe 3: estão aqui classificados os agentes com grau de risco grave ao manipulador
e moderado à comunidade, cujas lesões e sinais clínicos normalmente são graves e
impossíveis de tratamento;
· Classe 4: esses agentes apresentam risco grave tanto ao manipulador, quanto à sociedade,
não existindo tratamento para ambos e os níveis de propagação são altos.
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Unidade: Doenças ocupacionais I e o corpo humano
Fisiologia do Trabalho
A fisiologia do trabalho é o estudo das pessoas no trabalho. Por meio desses conhecimentos é
possível adaptar o trabalho às pessoas através do planejamento e projeto de trabalho e também,
reciprocamente, adaptar o homem ao seu trabalho através de uma seleção interindividual e da
adaptação individual com qualificação e treinamento.
Assim, é possível alcançar a igualdade entre pessoas e trabalho, garantindo ao trabalhador
os recursos, as características, as capacidades e habilidades, mas também considerando sua
limitação, o que faz com que se utilize de forma racional os recursos disponíveis, obtendo
maior benefício no trabalho humano. Ou seja, objetiva-se humanizar o trabalho, respeitar
as características e limitações do trabalhador, ao mesmo tempo em que se aumenta a sua
produtividade nos sistemas de trabalho pelo uso mais racional do recurso humano.
A fisiologia do Trabalho é o estudo das pessoas no trabalho, considerando as diversas
condicionantes técnicas e econômicas do indivíduo e da sociedade, por isso é necessária uma
abordagem complexa e abrangente.
Para o estudo do trabalho humano, na literatura existem diversas propostas de abordagem
(ROHMERT, 1983), destacando-se as seguintes:
· Filosófica materialista: subdivide o trabalho em corporal – referindo-se ao corpo
humano como algo material e intelectual;
· Fisiológica: subdivide o trabalho em muscular e nervoso, utilizando como critério a
ativação de sistemas de órgãos;
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· Filosófica histórica: subdivide o trabalho em físico e psíquico, dependendo de o
objeto ser concreto ou abstrato;
· Técnica: é orientada pelas Ciências Naturais e pela Engenharia e subdivide o trabalho
em energético e informático, tendo como critério a energia e a informação enquanto
contribuintes ao desempenho do sistema.
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As cargas provenientes do ambiente de trabalho, este que inclui ambiente físico, químico,
biológico e social, bem como outros aspectos valem ao supersistema do sistema de trabalho,
ou seja, a diversos sistemas de trabalho ou até para toda a empresa, como o sistema de turnos,
a avaliação de desempenho e o sistema de remuneração.
Segundo Rohmert (1983), as formas de trabalho humano são divididas em:
· Predominância corporal – envolve o conteúdo específico do trabalho:
· Geração de forças – transporte de bens –, cujas capacidades e órgãos solicitados
são músculos e coração;
· Coordenação sensório-motora – guiar veículos e montar peças –, cujas
capacidades e órgãos solicitados são músculos e órgãos dos sentidos;
· Predominantemente não corporal ou informacional:
· Transformar informações em reações – atividade de controle –, cujos órgãos
solicitados são os dos sentidos;
· Transformar informações de entrada em informações de saída – programar
e traduzir atividades administrativas –, cujos órgãos solicitados são os dos sentidos e
capacidades mentais;
· Geração de informações – redigir, criar e projetar –, cujas capacidades solicitadas
são as habilidades mentais.
Na verdade, em cada sistema de trabalho tem-se uma mistura desses conteúdos, sendo
que normalmente um predomina, o que é então usado como critério. Essas formas básicas
de conteúdo de tarefas se diferenciam nitidamente umas das outras por solicitarem outros
órgãos e porque cada uma das quais exige a utilização de outras capacidades, habilidades e
aptidões das pessoas.
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Unidade: Doenças ocupacionais I e o corpo humano
diferença entre a carga de trabalho a que o músculo está sujeito nas formas de contração
estática e dinâmica, convém diferenciar entre trabalho muscular estático e trabalho muscular
dinâmico. Ou seja, o músculo está sujeito à carga, tanto parado quanto em movimento.
O trabalho muscular estático se caracteriza por uma contração demorada do músculo
e não há trabalho útil mensurável, pois não há alteração do comprimento dos músculos
envolvidos. No trabalho muscular estático, a circulação no músculo é reduzida. É tanto
menor quanto maior for a força gerada e, consequentemente, o suprimento de oxigênio,
glicose e gorduras no músculo é deficiente, enquanto o ácido láctico proveniente da queima
incompleta das reservas musculares e o calor gerado nessa queima não são eliminados. A
permanência desses elementos adversos no músculo leva à fadiga, a dores musculares e à
consequente interrupção da tarefa.
O trabalho muscular dinâmico caracteriza-se por uma sequência rítmica de contração
e relaxamento da musculatura envolvida. Nesse caso, trabalho = força x encolhimento ou
distensão do músculo. O suprimento de oxigênio, glicose e gorduras é garantido: o movimento
dos músculos – contração e relaxamento – funciona como bomba, que leva mais sangue ao
músculo do que este recebe em estado de repouso. Aqui há um equilíbrio entre necessidade
de sangue e suprimento de sangue. Isso quando o ritmo de trabalho não for muito grande e
quando o trabalho não for muito pesado. Daqui conclui-se que a fisiologia do músculo foi feita
e é adequada para o trabalho muscular dinâmico leve, no máximo moderado, e não para o
trabalho muscular estático.
A divisão do trabalho muscular em estático e dinâmico deve ainda ser elementarizada
devido a problemas de medição e de avaliação. No trabalho muscular dinâmico, o critério de
elementarizacão é o tamanho dos grupos de músculos ativados. Quando a massa muscular
envolvida corresponde a mais de um sétimo da massa muscular do corpo, ou seja, grandes
grupos de músculos estão ativados – por exemplo, no trabalho com pá e enxada ou no
carregamento de massas –, tem-se o trabalho muscular dinâmico, que pode ser leve, moderado
ou pesado, dependendo da carga. Nesse caso, são solicitados também o coração, a circulação
e a respiração.
Quando, por outro lado, a atividade requer apenas a aplicação de pequenos grupos
de músculos isolados – como ocorre na utilização de ferramentas manuais e pequenos
equipamentos, mas também em trabalhos de montagem com ciclo curto –, temos o trabalho
muscular dinâmico unilateral. No primeiro caso, há solicitação da maior parte da musculatura
do esqueleto, da circulação e da respiração; no segundo caso, há apenas solicitação nos
pequenos músculos da mão e/ou do braço.
Para classificar um trabalho muscular dinâmico de acordo com a carga de trabalho, usa-se
a capacidade aeróbica do indivíduo como critério. Assim, Couto (1995) define os limites da
capacidade aeróbica do trabalhador em trabalho:
· Muito leve ou leve: até 25%;
· Moderadamente pesado: de 25% a 37,5%;
· Pesado: de 37,5% a 50%;
· Pesadíssimo: de 50% a 62,5%;
· Extremamente pesado: acima de 62,5%.
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No trabalho muscular estático, a subdivisão se orienta no efeito da força gerada. Quando a
força gerada serve apenas para segurar o corpo ou partes deste, tem-se o trabalho muscular
estático devido à postura; quando a força gerada na musculatura é utilizada para segurar
uma massa, há aplicação de forças em um meio ou objeto de trabalho e fala-se em trabalho
muscular estático propriamente dito. A ausência de movimentos dos membros é característica
comum dos dois casos.
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de três a cinco minutos: após o trabalho pesado, o período de recuperação para alcançar a
frequência de repouso é significativamente mais longo, podendo chegar a horas. Ao número
de pulsos que, na fase de recuperação, estão acima da frequência de repouso, chama-se soma
do pulso de recuperação. Tais valores também dependem da solicitação.
Volume de bombeamento: o volume de sangue bombeado por batida, no início de
uma atividade, aumenta de 20% a 30% e depois permanece mais ou menos constante;
com solicitação máxima, decresce um pouco. Como o volume bombeado no trabalho, por
uma pessoa saudável, aumenta pouco, este e a frequência cardíaca se alteram quase que
proporcionalmente. Paralelamente ao aumento da frequência do pulso ocorre um aumento
do volume de sangue bombeado, por unidade de tempo. Quanto mais intensamente alguém
trabalha, tão maiores serão os valores do novo equilíbrio. O máximo alcançável varia com a
idade e o grau de treinamento. Na idade de vinte a trinta anos, pessoas não treinadas atingem
vinte litros por minuto, enquanto que pessoas treinadas atingem 35 litros por minuto.
Pressão arterial: em trabalho dinâmico, a pressão arterial se altera em dependência do
rendimento. A pressão sistólica aumenta quase que proporcionalmente ao rendimento; em
200 W alcança 220 mmHg. A pressão diastólica se altera discretamente, frequentemente cai
um pouco.
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Mudanças na Termorregulação
O suor é tido como sinal de trabalho pesado. Mas a sudorese não depende apenas da
intensidade de trabalho, mas também das condições ambientais. Inicia quando o equilíbrio
térmico entre o corpo e o ambiente estiver perturbado. Verifica-se isso quando a pessoa
realiza trabalho muscular pesado, com produção significativa de calor, em um ambiente sem
condições de receber esse calor; em um ambiente com temperatura alta, umidade alta, falta
de convecção, radiação de calor em excesso como, por exemplo, em fundições; e se a pessoa
tiver ainda uma vestimenta inadequada, o corpo do trabalhador não consegue dissipar o calor
gerado no músculo, de modo que a sudorese passa a ser intensa.
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No trabalho físico, o músculo precisa da circulação mais intensa para produzir trabalho
ou transformar energia e, por outro lado, a circulação periférica deveria ser mais intensa
para dissipar o calor no ambiente. Há um conflito entre os dois mecanismos e parece que
a demanda no músculo tem a preferência. De qualquer forma, a perturbação do equilíbrio
térmico do organismo humano é uma carga significativa para as pessoas no trabalho.
Fisiologia da Visão
Acompanhando a evolução dos organismos vivos e da matéria orgânica, como resposta
à luz, surgem os olhos que a detectam e tornam possível a inter-relação entre a matéria
altamente desenvolvida e seu contorno. A estrutura do olho se assemelha a uma câmara
fotográfica, onde a lente da câmara seria o cristalino do olho, as pálpebras funcionariam como
o dispositivo de abertura e fechadura da lente. O diafragma seria a íris e a retina seria a película
fotográfica ou filme. Nesse conjunto é que as imagens luminosas são convertidas em impulsos
nervosos que serão enviados ao cérebro.
Assim como acontece na câmara fotográfica, a abertura da pupila – íris – pode variar
automaticamente com o objetivo de controlar a quantidade de luz que entra no olho. Tal abertura
aumenta na penumbra aproximadamente até 8 mm de diâmetro e reduz-se com a presença da
luz intensa aproximadamente até 2 mm. Por outra parte, a coroides é uma membrana que se
encarrega de absorver os raios dispersos para obter uma imagem mais nítida.
Exames Periódicos
Os exames periódicos compreendem uma avaliação do estado de saúde dos trabalhadores de
uma empresa para que sejam tomadas as medidas necessárias à manutenção ou recuperação
da saúde.
São exames realizados por médicos do trabalho ou por médicos que estejam familiarizados
com as patologias relacionadas ao trabalho e que buscam identificar possíveis alterações
causadas pelos riscos inerentes à ocupação. Podem ser realizados bienalmente, anualmente
ou semestralmente, conforme o tipo de atividade desenvolvida pelo trabalhador.
Baseiam-se nas informações fornecidas pelo trabalhador, no exame físico e muitas vezes
na realização de exames complementares. Em relação aos exames complementares, são
solicitados a partir da faixa etária ou da identificação de riscos ocupacionais específicos. Em
geral, são exames de sangue, fezes e urina, mas em alguns casos podem ser necessários
também exames para avaliar a audição ou a visão.
O exame médico periódico tem como objetivo principal avaliar as condições gerais de saúde
do trabalhador para que este possa desempenhar suas funções adequadamente. Além disso,
através dos meios disponíveis, pretende buscar a melhor adaptação do trabalho ao homem e
a eliminação ou controle dos riscos existentes no trabalho.
Durante o exame são realizadas orientações para que o servidor não se exponha aos riscos
ou para que seja protegido de forma a não sofrer sua influência. Serve também para vigilância
epidemiológica, ou seja, orienta aos que prestam assistência aos trabalhadores na ocorrência
de mudança do padrão epidemiológico esperado na população em estudo.
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Unidade: Doenças ocupacionais I e o corpo humano
Como pode ser observado, o exame periódico faz parte de um conjunto de ações que visa
prevenir o surgimento de doenças ocupacionais por meio da promoção à saúde e prevenção
de doenças do trabalhador, diminuindo o absenteísmo por motivo de saúde e proporcionando
melhoria na qualidade de vida e aumento da produtividade.
Monitoramento Biológico
O monitoramento ambiental, entretanto, ao estimar a intensidade da exposição, não é
inteiramente satisfatório para evitar o risco decorrente da exposição ocupacional a xenobióticos.
São várias as associações que ocorrem entre a exposição e o efeito nocivo, o que os diferenciam
são a duração e o grau de intensidade de exposição e contaminação da atmosfera.
O trabalho extra ou pesado não é levado em consideração no monitoramento ambiental,
onde pode ocorrer até vinte vezes mais a inalação do ar por minuto do que se comparado à
execução de um trabalho leve.
Aspectos físicos como gênero, idade, etnia e hábitos alimentares também podem
diferenciar os resultados sentidos por cada organismo, se comparado em um mesmo agente
tóxico ocupacional.
Vantagens e limitações são identificadas no monitoramento biológico, onde é possível o
uso limitado dos agentes químicos, o que previne os efeitos carcinogênicos, mutagênicos ou
alergênicos, onde não se tem o conhecimento sobre as doses e seus efeitos nocivos. Entre as
vantagens do monitoramento biológico em relação ao ambiental, pode-se citar:
· Exposição relativa a um período de tempo prolongado;
· Exposição como resultado da movimentação do trabalhador no ambiente de trabalho;
· Absorção de uma substância, através de várias vias de introdução e não apenas através
do sistema respiratório;
· Exposição global, decorrente de várias fontes, sejam ocupacionais, sejam ambientais;
· Quantidade da substância absorvida pelo trabalhador, em função de outros fatores –
atividade física no trabalho e fatores climáticos;
· Quantidade da substância absorvida pelo trabalhador, em função de fatores individuais
– idade, gênero, características genéticas, condições funcionais dos órgãos relacionados
à biotransformação e eliminação do agente tóxico.
Quando o monitoramento biológico é realizado, considera-se o fato de que o próprio
homem é a melhor indicação das condições de seu local de trabalho. No monitoramento
biológico se estima o risco à saúde dos indivíduos expostos a substâncias químicas com base
na exposição interna do organismo – dose interna –, de modo que todos os trabalhadores
são examinados, individualmente, procurando-se detectar precocemente uma exposição
excessiva – antes que alterações biológicas significativas ocorram –, ou algum distúrbio
biológico reversível – antes que tenha causado algum prejuízo à saúde –, têm-se então dois
tipos de monitoramento biológico.
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Monitoramento Biológico Propriamente Dito ou de Dose Interna
O monitoramento biológico de dose interna foi definido como a medida e avaliação de
agentes químicos ou de seus produtos de biotransformação em tecidos, secreções, excreções,
ar exalado ou alguma combinação desses, para estimar a exposição ou o risco à saúde quando
comparado à referência apropriada.
Visa estimar a quantidade biodisponível do agente químico – dose interna. O objetivo desse
procedimento é assegurar que a exposição do indivíduo não alcance níveis nocivos. A dose
interna pode representar a quantidade:
· Recentemente absorvida do agente químico – exposição recente – como, por exemplo,
o fenol urinário na exposição ao benzeno;
· Ligada aos sítios de ação do agente químico – dose no órgão crítico – como, por exemplo,
o cádmio no tecido renal;
· Armazenada em um ou vários compartimentos do organismo – dose total integrada ou
dose específica em um órgão – como, por exemplo, o chumbo nos ossos.
Uma vez que o monitoramento biológico envolve prioritariamente a prevenção, o
monitoramento biológico de efeito seria conceitualmente contraditório ao primeiro. Todavia,
deve-se considerar que o efeito no qual esse monitoramento está baseado é o não nocivo.
O monitoramento de um efeito precoce, não nocivo e produzido por um agente químico pode,
em princípio, ser adequado para prevenir efeitos nocivos à saúde. Assim, o monitoramento
biológico de efeito é definido como a medida e avaliação de efeitos biológicos precoces,
para os quais não foi ainda estabelecida relação com prejuízos à saúde, em
trabalhadores expostos, para estimar a exposição e/ou riscos à saúde quando
comparados com referência apropriada.
Um efeito biológico pode ser definido como uma alteração bioquímica, funcional ou
estrutural, que resulte da reação do organismo à exposição. Essa alteração é considerada não
nociva quando:
· Mesmo com a exposição prolongada a um efeito biológico, não são identificados
transtornos na capacidade funcional e do organismo para compensar uma nova
sobrecarga;
· Os efeitos biológicos normalmente são reversíveis e não reduzem de forma perceptível a
capacidade do organismo em manter sua homeostase;
· Não aumentam as suscetibilidades do organismo aos efeitos indesejáveis de outros
fatores ambientais, tais como químicos, físicos, biológicos e/ou sociais.
A vantagem dos testes que medem os efeitos biológicos não nocivos é que fornecem melhor
informação sobre a quantidade do agente químico que interage com o sítio de ação.
Como exemplos de efeitos considerados não nocivos, temos a depressão da desidratase do
ácido delta-aminolevulínico no sangue (delta-ala D) e o aumento do zinco protoporfirina no
eritrócito (zn-pp) na exposição ao chumbo.
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Ademais, as alterações do estado de saúde ocorrem com as seguintes características:
· Uma fase de indução, isto é, aquela em que decorre certo tempo para se iniciar o
processo de morbidade, após alcançar certa dose do agente químico no organismo;
· Uma fase de latência, que corresponde ao período compreendido entre o início do
processo de morbidade e o aparecimento das alterações funcionais que ainda não
permitem a sua individualização;
· A aplicação da vigilância à saúde, a exemplo do que acontece com o monitoramento
biológico, não pode ser confundida com os procedimentos que visam o diagnóstico.
É importante enfatizar que a manifestação de deterioração da saúde não ocorre
necessariamente no momento do reconhecimento médico. A ocorrência de certas
alterações biológicas pode, desde que evidenciada em tempo hábil, advertir que se não
forem modificadas as condições de trabalho, ocorrerão os transtornos funcionais.
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Material Complementar
Vídeos:
A importância do médico do trabalho – Drª. Maria Aparecida Rocha | luz, câmera e ação contra o câncer. 5 fev. 2014
https://www.youtube.com/watch?v=dy_B68YqQwA
Curso NR 4 – Sesmt. 10 jan. 2013
https://www.youtube.com/watch?v=c5OMaGekyJ0&nohtml5=False
Vídeoaula 59: NR 4 - dimensionando o Sesmt. 8 fev. 2014
https://www.youtube.com/watch?v=_b8-JkOfQKg
Leituras:
PONTES, S. K. Produção enxuta e saúde do trabalhador: um estudo de caso. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2006.
http://livros01.livrosgratis.com.br/cp020091.pdf
SALVE, M. G. C. Ambiente de trabalho, sedentarismo e doenças não transmissíveis de trabalhadores de bancas de jornal.
Salusvita, v. 28, n. 3, 2009.
http://www.usc.br/biblioteca/salusvita/salusvita_v28_n3_2009_art_05.pdf
VALENÇA, V. Condições de trabalho, produtividade e riscos à saúde do trabalhador na atividade do corte manual de cana: um
estudo de caso na usina Santa Adélia. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de
São Carlos, São Carlos, SP, 2007.
http://livros01.livrosgratis.com.br/cp027806.pdf
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Referências
ACGIH. TLVs and BEIs: based documentation of threshold limit values for chemical
substances and physical agents & biological exposure indices. Cincinnati, 2012.
ACGIH. TLVs and BEIs: based documentation of threshold limit values for chemical substances
and physical agents & biological exposure indices. Cincinnati, 2012. Adopted values
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Unidade: Doenças ocupacionais I e o corpo humano
OSHA. 8-hour total weight average (TWA) permissible exposure limit (PEL).
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Anotações
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