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Resumos - Aulas Direito Penal I
Resumos - Aulas Direito Penal I
UNIDADE I – Introdução
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Direito Penal é o ramo do direito público que define as infrações penais, estabelecendo as penas e
as medidas de segurança aplicáveis aos infratores. É o conjunto de normas e disposições jurídicas que
regulam o exercício do poder sancionador e preventivo do Estado.
- Direito Penal Objetivo é o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes e
contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de sanção ou
medida de segurança, bem como outras que cuidem de questões de natureza penal (exclusão de
crime, isenção de pena ...)
- Direito Penal Subjetivo é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas,
executando as decisões condenatórias proferidas pelo Poder Judiciário. É o próprio jus puniendi. É o
poder-dever que o Estado tem de exercer seu direito de punir caso as normas por ele editadas venham
a ser descumpridas.
2. CARACTERÍSTICAS
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3.1 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
O Direito Penal somente deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais
importantes. As perturbações mais leves do ordenamento jurídico são objeto de outros ramos do
Direito.
Juntamente com o Princípio da Intervenção Mínima limita de uma forma mais rigorosa o poder do
legislador, indicando quais são as condutas que poderão ser incriminadas pela lei penal, orientando
quais as condutas que afetem gravemente a direitos de terceiros.
Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será considerada típica se for
socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida
historicamente condicionada.
O Direito Penal só deve intervir quando houver ofensa a bens fundamentais para a subsistência
do corpo social.
A norma penal exerce uma função suplementar da proteção jurídica em geral, só valendo a
imposição de suas sanções quando os demais ramos do direito não mais se mostrem eficazes na
defesa dos bens jurídicos, sendo a pena (sanção) o último recurso para a proteção do bem jurídico
Tem por finalidade auxiliar o intérprete quando da análise do tipo penal, para fazer excluir do
âmbito da incidência da lei aquelas infrações consideradas como “bagatela”
O Direito Penal, por sua natureza fragmentária, só vai aonde seja necessário para a proteção do
bem jurídico.
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Ocorre com a seleção feita pelo legislador, quando escolhe as condutas positivas ou negativas,
que atacam nossos bens mais importantes. Feita a seleção, o legislador valora as condutas,
cominando-lhes penas que variam de acordo com a importância do bem a ser tutelado.
Para não ser um ato de violência contra o cidadão, a pena deve ser, de modo essencial, pública,
pronta, necessária, a menor das penas aplicável nas circunstâncias referidas, proporcional ao delito e
determinada pela lei. (Marquês de Beccaria – 1764)
“Nunca se pode interpretar uma lei penal no sentido de que a pena transcenda da pessoa que é
autora ou partícipe do delito. A pena é uma medida de caráter estritamente pessoal, haja vista ser uma
ingerência ressocializadora sobre o condenado”. (Zaffaroni)
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UNIDADE I – Introdução
Norma Penal
1. Norma Penal
2. Fontes
3. Interpretação
4.Integração da Lei Penal
5. A Lei no Tempo e no Espaço
6. Princípio da Legalidade
7. Conflito Aparente de Normas
8. Princípio da Especialidade
9. Princípio da Subsidiariedade
10. Princípio da Consunção
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1. NORMA PENAL
Normas Penais são aquelas cuja execução é garantida por uma sanção externa e
institucionalizada. (Norberto Bobbio)
A proibição e o mandamento que vêm inseridos na lei, são reconhecidos como normas penais.
A) PERMISSIVAS
- permissivas justificantes: quando têm por finalidade afastar a ilicitude (antijuridicidade) da
conduta do agente (arts. 23 a 25, CP)
- permissivas exculpantes: destinam-se a eliminar a culpabilidade, isentando o agente de pena
(arts. 26, caput, e 28, §1º, CP)
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B) EXPLICATIVAS – visam esclarecer ou explicitar conceitos (arts. 150, §4º e 327, CP)
C) COMPLEMENTARES – fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal (art. 59, CP)
I – Preceito Primário
- É o encarregado de fazer a descrição detalhada e perfeita da conduta que se procura proibir ou
impor.
II – Preceito Secundário
- cabe a tarefa de individualizar a pena, cominando-a em abstrato.
- Aquele que praticar a conduta descrita no preceito primário, terá como consequência a
aplicação da pena também nele prevista.
São aquelas em que há uma necessidade de complementação para que se possa compreender o
âmbito de aplicação de seu preceito primário.
Assim, embora haja uma descrição da conduta proibida, essa descrição requer, obrigatoriamente,
um complemento extraído de outro diploma para que possam ser entendidos os limites da proibição ou
da imposição feitos pela lei penal, uma vez que, sem esse complemento, torna-se impossível sua
aplicação.
2.1 CONCEITO
Fonte é o lugar de onde provém o direito.
2.2 ESPÉCIES
a) Imediata – lei
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- Contra Legem – inaplicabilidade da norma jurídica em face do desuso, da inobservância
constante e uniforme da lei;
- Secundum Legem – traça regras sobre a aplicação da lei penal;
- Praeter Legem – preenche lacunas e especifica o conteúdo da norma.
O costume não cria delitos, não os revoga e nem comina penas (princípio da reserva legal ou da
legalidade)
3.1 CONCEITO
- É a atividade que consiste em extrair da norma penal seu exato alcance e real significação
3.2 NATUREZA
- A interpretação deve buscar a vontade da lei, desconsiderando a de quem a fez. A lei terminada
independe de seu passado, importando apenas o que está contido em seus preceitos.
3.3 ESPÉCIES
I - Quanto ao SUJEITO que a elabora
a) Autêntica ou Legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração do texto. Pode ser:
contextual, quando feita dentro do próprio texto interpretado (art. 327, CP), ou posterior, quando a lei
interpretadora entra em vigor depois da interpretada.
OBS.: A norma interpretativa tem efeito ex tunc uma vez que apenas esclarece o sentido da lei.
OBS.: A Exposição de Motivos é interpretação doutrinária e não autêntica, uma vez que não é lei.
- Esgotada a atividade interpretativa sem que se tenha conseguido extrair o sentido da norma, a
solução será dar a interpretação mais favorável ao acusado.
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É aquela que, ao longo do tempo, vai adaptando-se às mudanças político-sociais e às
necessidades do momento.
4.1 ANALOGIA
Consiste em aplicar-se a uma hipótese não regulada por lei disposição relativa a um caso
semelhante. Na analogia, o fato não é regido por qualquer norma e, por essa razão, aplica-se uma de
caso análogo.
No Direito Penal, não se admite o uso da analogia para reger condutas não tipificadas na lei penal,
uma vez que não se pode ferir o princípio da reserva legal.
EXCEÇÃO: É possível o uso da analogia quando a situação não envolver norma incriminadora.
Ex.: O art. 128, II, CP, dispõe que o aborto praticado por médico não é punido “se a gravidez
resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
representante legal”.
Nesse caso, como não se trata de norma incriminadora, mas PERMISSIVA, é possível estender o
benefício, analogicamente, à gravidez resultante de atentado violento ao pudor.
genérica, que deve ser interpretada de acordo com os casos anteriormente elencados.
- Jurídica ou “juris”: a hipótese é regulada por princípio extraído do ordenamento jurídico em seu
conjunto;
- “In bonam partem”: a analogia é empregada em benefício do agente;
5. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Art. 1.º, CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal. (nullum crimen, nulla poena sine praevia lege.)
I. ASPECTO POLÍTICO
Trata-se de garantia constitucional fundamental do homem.
Protege o cidadão contra toda e qualquer invasão arbitrária do Estado em seu direito fundamental
de liberdade.
a) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL: somente a lei, em seu sentido mais estrito, pode definir
crimes e cominar penas.
- RESERVA ABSOLUTA DA LEI: nenhuma outra fonte “subalterna” pode gerar a norma penal. A
matéria penal compete estritamente ao Poder Legislativo.
OBS.: A Medida Provisória, apesar de ter força de lei, não é lei e, segundo a maioria dos
doutrinadores, não pode dispor sobre matéria penal, sob pena de ofender o Princípio da Separação dos
Poderes com a invasão do Poder Executivo na esfera de competência do Poder Legislativo.
Entretanto, autores há que defendem a possibilidade de uma MP dispor sobre matéria penal
desde que sua vigência fique submetida à condição suspensiva de sua conversão em lei pelo
Congresso Nacional. Assim, tão logo deixem de existir como ato normativo do Poder Executivo, terão
plena eficácia na esfera criminal.
- TAXATIVIDADE E VEDAÇÃO AO EMPREGO DA ANALOGIA: a lei penal deve ser precisa, uma
vez que um fato só será considerado criminoso se houver perfeita correspondência entre ele e a norma
que o descreve. Não se admite que o tratamento punitivo adotado para uma ação específica possa ser
estendido para uma conduta que se mostre aproximada ou assemelhada.
O princípio da legalidade, estatui que não há crime sem lei anterior que o defina. Dessa forma,
exige que a lei determine (descreva) a conduta delituosa em todos os seus elementos e circunstâncias,
a fim de que somente no caso de integral correspondência pudesse o agente ser punido.
Ex.: qualquer conduta contrária aos interesses nacionais; qualquer vilipêndio à honra alheia.
Configura-se o conflito aparente de normas quando existe uma pluralidade de normas regulando
um mesmo fato criminoso, sendo que, na realidade, apenas uma delas é aplicável.
Considera-se norma especial aquela que possui todos os elementos da lei geral e mais
alguns, denominados “especializantes”.
A norma subsidiária é menos ampla que a norma primária. Dessa forma, primeiro se deve
tentar encaixar o fato na norma primária, e não sendo possível, encaixa-lo na norma subsidiária.
Norma subsidiária é aquela que descreve um grau menor de violação de um bem jurídico, ficando
absorvida pela lei primária, que descreve um grau mais avançado dessa violação.
Difere da subsidiariedade, pois nesta enfocam-se as normas (uma é mais ou menos ampla que a
outra), enquanto que na consunção enfocam-se os fatos, ou seja, o agente efetivamente infringe duas
normas penais, mas uma deve ficar absorvida pela outra.
Ex.: para cometer o homicídio, o agente precisa passar pela lesão corporal. Nesse caso, só
responde pelo resultado final (homicídio) que era o resultado por ele pretendido desde o início.
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- Art. 2.º:Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
- Parágrafo único: A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
- A lei penal (art. 5.º, XL, CF / art. 2.º, CP) é irretroativa; a lei penal que beneficia o agente é
retroativa, excepcionando a regra acima.
OBS.:
- O princípio de que a lei não pode retroagir, salvo para beneficiar o acusado, restringe-se às
normas de caráter penal.
- A lei processual não se submete ao princípio da retroatividade em benefício do agente. Nos
termos do art. 2.º do CPP, a norma de caráter processual terá incidência imediata a todos os processos
em andamento, pouco importando se o crime foi cometido antes ou após sua entrada em vigor ou se a
inovação é ou não mais benéfica.
- Importa apenas que a norma esteja em andamento, caso em que a regra terá aplicação, ainda
que o crime lhe seja anterior e a situação do acusado, agravada.
- Por norma processual entende-se aquela cujos efeitos repercutem diretamente sobre o
processo, não tendo relação com o direito de punir do Estado (ex.: liberdade provisória – exigências e
conveniências do próprio processo)
- Será de caráter penal toda norma que criar, ampliar, reduzir ou extinguir a pretensão punitiva
estatal, tornando mais intensa ou branda sua satisfação.
- Assim, normas que criam novos tipos penais incriminadores ou ampliam o rol das causas
extintivas da punibilidade têm conteúdo nitidamente penal; e a lei que proíbe a liberdade provisória ou
transforma uma infração em inafiançável, certamente, possui caráter restritivo da liberdade – em razão
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do processo -, sem causar aumento correspondente no direito de punir do Estado, sendo puramente
norma processual.
- No caso de normas penais híbridas, onde uma parte da norma é processual e a outra é
nitidamente penal (art. 366, CPP), não será possível “dividir” a aplicação da norma em duas partes.
Assim, deverá prevalecer o caráter penal, para fins de retroatividade em benefício do agente.
a) “Abolitio Criminis”: lei posterior deixa de considerar um fato como criminoso, revogando
o tipo penal incriminador. Como o comportamento deixou de constituir infração penal, o Estado perde a
pretensão de impor ao agente qualquer pena, operando-se, aqui, a extinção da punibilidade (art. 107, II,
CP). Como conseqüência, cessarão todos os efeitos penais, principais e secundários. Os efeitos
extrapenais, entretanto, subsistem (art. 2.º, CP), cessando, apenas, os efeitos penais da condenação.
b) “Novatio Legis in Mellius”: é a lei posterior que, de algum modo, traz um benefício para o
agente. Nesse caso, bem como no anterior, a norma penal retroage e aplica-se imediatamente aos
processos em julgamento, aos crimes cuja perseguição não se iniciou e, também, aos casos já
encerrados por decisão transitada em julgado.
c) “Novatio Legis in Pejus”: é a lei posterior que, de qualquer modo, venha a agravar a
situação do agente no caso concreto.
d) “Novatio Legis” Incriminadora: é a lei posterior que cria um tipo incriminador, tornando
típica conduta considerada irrelevante penal pela lei anterior.
- COMBINAÇÃO DE LEIS
A maioria dos autores entende não ser possível a combinação de leis ou a divisão de uma norma
para aplicar somente a parte mais benéfica, sob o argumento de que o juiz estaria invadindo a esfera de
competência do legislador, criando uma nova lei (imposição de sursis sem condições – lei anterior, ou a
pena de multa).
Durante a vacatio legis, a lei ainda não começou a propagar seus efeitos, logo, não pode ter
eficácia imediata, nem retroativa, até porque é possível a sua revogação antes mesmo de entrar em
vigor (art. 263, da Lei 8069/90, revogado pela Lei dos Crimes Hediondos). Por essa razão, não haverá
aplicação retroativa até a entrada em vigor da lei.
- Art. 3.º: A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
- São leis ultra-ativas, pois regulam os fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo após sua
revogação. Assim, mesmo que a lei posterior, vigente à época do julgamento do fato, seja mais
benéfica, não retroagirá.
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- São leis de curta duração que perderiam toda a sua força intimidativa se não tivessem a
ultra-atividade.
- Somente será admitida a retroatividade de lei mais benéfica posterior a uma lei excepcional ou
temporária se aquela fizer expressa menção ao período anormal ou ao tempo de vigência, passando a
regular o fato praticado sob a égide das leis ultra-ativas.
- Art. 4.º: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.
- Art. 6.º: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir o resultado.
- Já o CPP, ao contrário, adotou como regra para a fixação da competência a que estabelece ser
competente o foro (comarca) no qual o crime se consumou (art. 70,CPP) - Teoria do Resultado.
- Art. 5.º: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
(...)
a) Princípio da Territorialidade: a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou,
pouco importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
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b) Princípio da Territorialidade Absoluta: só a lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos
no território nacional.
c) Princípio da Territorialidade Temperada: a lei penal brasileira aplica-se, em regra, ao crime
cometido no território nacional. Excepcionalmente, porém, a lei estrangeira é aplicável a delitos
cometidos total ou parcialmente em território nacional, quando assim determinarem tratados e
convenções internacionais.
- Território Nacional:
a) aspecto material: compreende o espaço delimitado por fronteiras geográficas (abrange o
solo e o subsolo, sem solução de continuidade e com limites reconhecidos, as águas interiores, o mar
territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo).
b) aspecto jurídico: abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua soberania.
- O art. 5.º, §1.º, do CP considerou, para efeitos penais, como extensão do território nacional, as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer
que se encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se acharem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
- Assim, onde não houver soberania de qualquer país (alto-mar e espaço aéreo) se ocorrer uma
infração penal a bordo de aeronave ou embarcação mercante ou de propriedade privada, de bandeira
nacional, será aplicada a legislação brasileira.
- O art. 5.º, §2.º, CP determinou também a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em
pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.
- Componentes do Território
- Princípios Norteadores
a) Princípio da Nacionalidade Ativa: aplica-se a lei nacional do autor do crime, qualquer que
tenha sido o local da infração;
b) Princípio da Nacionalidade Passiva: aplica-se a lei no nacional do autor do crime quando
este for praticado contra bem jurídico de seu próprio Estado ou contra pessoa de sua nacionalidade.
c) Princípio da Defesa Real: prevalece a lei referente à nacionalidade do bem jurídico lesado,
qualquer que tenha sido o local da infração ou a nacionalidade do autor do delito (princípio da
proteção);
d) Princípio da Justiça Universal: todo Estado tem direito de punir qualquer crime, seja qual
for a nacionalidade do agente ou da vítima e o local da infração, desde que o sujeito ativo esteja dentro
de seu território;
e) Princípio da Representação: a lei nacional é aplicável aos crimes cometidos no estrangeiro
em aeronaves e embarcações privadas, desde que não julgados no local do crime.
- Art. 8.º: A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas (as penas) ou nela computada, quando idênticas.
- A homologação depende:
a) de pedido da parte interessada, na hipótese de reparação de danos
b) para outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade
judiciária emanou a sentença, ou na falta de tratado, de requisição do Min. Da Justiça.
lei especial, se esta não dispuser de modo contrário (aplicação subsidiária da parte geral do CP).
DO CRIME
1. CONCEITOS DE CRIME
- A melhor orientação para a obtenção de um conceito material de crime é aquela que tem em
vista o bem protegido pela lei penal. Para que o Estado possa manter a ordem, a harmonia e o
equilíbrio social, a paz interna, segurança e a estabilidade coletiva deve, inicialmente valorar os bens ou
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interesses individuais ou coletivos, protegendo através da lei penal aqueles que são mais atingidos
quando da transgressão do ordenamento jurídico.
- Crime é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico protegido pela lei penal.
- Crime é a ação ou omissão que, a juízo do legislador contrasta violentamente com valores ou
interesses do corpo social, de modo a exigir seja proibida sob a ameaça de pena, ou que se considere
afastável somente através de sanção penal.
- Crime é qualquer fato do homem, lesivo de um interesse, que possa comprometer as condições
de existência, de conservação e de desenvolvimento da sociedade.
DO FATO TÍPICO
1. CONCEITO
- É o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na
lei penal.
2. ELEMENTOS
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a) conduta dolosa ou culposa;
b) resultado;
c) nexo causal;
d) tipicidade.
2.1 CONDUTA
- Conduta penalmente relevante é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dolosa
ou culposa, voltada a uma finalidade, típica ou não, mas que produz ou tenta produzir um resultado
previsto na lei penal como crime.
b) TEORIA FINALISTA – para a teoria finalista da ação é preciso que se busque, ao lado do
evento produzido, a finalidade perseguida pelo agente, ou seja, qual a intenção do sujeito. Dependendo
do elemento subjetivo do agente, de sua finalidade, a qualificação jurídica do crime muda
completamente (dolo, culpa, preterdolo), e não se pode, à vista disso, desconhecer que a finalidade, o
dolo e a culpa estão na própria conduta.
Assim, a finalidade passa a ser elemento inseparável da conduta, e sem exame da vontade
finalística não se sabe se o fato é típico ou não. Conclui-se que não existe conduta típica sem vontade e
finalidade e que não é possível separar-se o dolo e a culpa da conduta típica, como se fossem
elementos distintos. Não existe conduta relevante para o DP se não for animada pela vontade humana.
c) TEORIA SOCIAL - para essa teoria, a ação é conduta socialmente relevante, dominada ou
dominável pela vontade humana. Conduta socialmente relevante é aquela socialmente danosa, porque
atinge o meio em que as pessoas vivem. Por esse motivo, se, embora objetiva e subjetivamente típico,
um comportamento não afronta o sentimento de justiça, o senso de normalidade, ou de adequação
social do povo, não se pode considerá-lo relevante para o DP.
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2.1.2 CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS DA CONDUTA
- Conduta é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a uma determinada finalidade.
CARACTERÍSTICAS:
a) É um comportamento humano, não estando incluídos os fatos naturais (raio, chuva,
terremoto), os do mundo animal e os atos praticados pelas pessoas jurídicas.
b) Necessidade de uma repercussão externa da vontade do agente. O querer e o pensar
humanos não preenchem as características da ação enquanto não se tenha a manifestação exterior
dessa vontade. Não constituem conduta o simples pensamento, a cogitação, o planejamento intelectual
da prática de um crime.
ELEMENTOS:
a) vontade (não constituem conduta os atos em que não intervém a vontade);
b) finalidade ;
c) exteriorização;
d) consciência.
OBS.: Ato voluntário não implica que a vontade seja livre, que seja querido o resultado. O
ato é voluntário quando existe uma decisão por parte do agente, quando não é um simples
resultado mecânico. A conduta é voluntária ainda quando a decisão do agente não tenha sido
tomada livremente, ou quando este a tome motivado por coação ou por circunstâncias
extraordinárias, uma vez que isso se resolve no campo da culpabilidade e não no da conduta,
pois em ambas as situações a conduta sempre existirá.
- não constituem condutas os atos em que não intervém a vontade (coação física
irresistível) e movimento ou abstenção de movimento em casos de sonho, sonambulismo,
hipnose, embriaguez completa, desmaio e outros estados de inconsciência.
b) Omissão: abstenção de movimento; não fazer alguma coisa que é devida. O fundamento
de todo comportamento omissivo constitui-se em uma ação esperada e na não-realização de um
comportamento exigido do sujeito.
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2.1.5. REQUISITOS DA OMISSÃO
a) conhecimento da situação típica;
b) consciência, por parte do omitente, de seu poder de ação para a execução da ação omitida
(dolo da omissão);
c) possibilidade real e física de levar a efeito a ação exigida.
2.2 RESULTADO
Teoria Naturalística: resultado é a modificação provocada no mundo exterior pela conduta (perda
patrimonial no furto; conjunção carnal no estupro; a morte no homicídio; a ofensa à integridade corporal
nas lesões etc.). Entretanto, nem todos os crimes possuem resultados naturalísticos, uma vez que há
infrações penais que não produzem qualquer alteração no mundo natural. De acordo com esse
resultado as infrações classificam-se em crimes materiais, formais e de mera conduta.
- Crime material: é aquele cuja consumação só ocorre com a produção do resultado naturalístico,
como o homicídio, que só se consuma com a morte;
- Crime formal: é o que se consuma independentemente da produção do resultado naturalístico,
como a extorsão mediante seqüestro, que se exaure com a exigência de resgate, sendo irrelevante seu
recebimento;
- Crime de mera conduta: é aquele que não admite em hipótese alguma resultado naturalístico,
como a desobediência, que não produz nenhuma alteração no mundo concreto.
OBS.: no crime formal, o resultado naturalístico é irrelevante, embora possível ; no mera conduta,
não existe tal possibilidade.
Existem crimes, entretanto, em que não existe tal modificação no mundo exterior (injúria oral, ato
obsceno, violação de domicílio...). Nesses casos, devemos entender o resultado como lesão ou perigo
de lesão de um interesse juridicamente protegido pela norma penal.
O resultado pode ser físico (dano), fisiológico (lesão, morte) ou psicológico (temor da ameaça,
sentimento do ofendido na injúria...).
Para haver fato típico é ainda necessário que exista relação de causalidade entre a conduta e o
resultado.
Nexo causal é o elo de ligação concreto, físico, material e natural que se estabelece entre a
conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não
causa a este.
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Nexo normativo: para a existência do fato típico, no entanto, não basta a mera configuração do
nexo causal. É insuficiente para tanto aferir apenas a existência de um elo físico entre a ação e o
resultado.
De acordo com a interpretação do art. 19 do CP, é imprescindível que o agente tenha concorrido
com dolo ou culpa (quando admitida), uma vez que sem um ou outro não haveria fato típico.
Assim, para a existência do fato típico são necessários: o nexo causal físico ou concreto e o nexo
normativo, que depende da verificação do dolo e da culpa.
O nosso CP adota como teoria para apontar o nexo causal a Teoria da Equivalência dos
Antecedentes, também conhecida como conditio sine qua non.
Segundo esta teoria, causa é toda ação ou omissão anterior que contribui para a produção do
resultado (art. 13, caput). Tudo o que concorre para isso deve ser considerado sua causa. Todas as
causas são igualmente contributivas para a produção do resultado.
Ex.: se o fabricante da arma não a tivesse fabricado, não haveria o crime; se os pais do agente
não o tivessem gerado, não teria acontecido o crime...
Dessa forma, para saber se algo é causa do resultado basta excluí-lo da série causal, se o delito,
ainda assim, teria ocorrido, não é causa; se teria ocorrido, então é causa.
Assim, para que se possa reconhecer se a condição é causa do resultado, utiliza-se o processo
hipotético de eliminação, segundo o qual causa é todo antecedente que não pode ser suprimido in
mente sem afetar o resultado (ex.: se a vítima se fere na fuga quando procura fugir da agressão, há
relação de causalidade, pois se, hipoteticamente, se suprimisse a agressão, a vítima não fugiria e,
portanto, não sofreria lesão.
Entretanto, somente serão punidos pelo crime aqueles que tenham agido com dolo ou culpa em
relação à provocação específica de certo resultado. Por isso, é óbvio que nos exemplos supracitados o
fabricante da arma e os pais não respondem por homicídio, pois não agiram com dolo e culpa na
produção do resultado.
O CP manteve a disposição em que se afirma que a omissão também é causa do resultado. Não
há, contudo, nexo causal entre a omissão e o resultado, uma vez que de nada, nada surge. O omitente
responde pelo resultado não porque o causou, mas porque não agiu para impedi-lo, realizando a
conduta a que estava obrigado.
- Causa: é toda condição que atua paralelamente à conduta, interferindo no processo causal.
Assim, qualquer conduta que, de algum modo, ainda que minimamente, tiver contribuído para a eclosão
do resultado deve ser considerada sua causa. Dessa forma, aplicando-se o critério da eliminação
hipotética, se, desaparecido um fato, o resultado deste também desaparecer, aquele deverá ser
considerado como causa deste.
- Concausas: são as causas distintas da conduta principal, que atuam ao seu lado, contribuindo
para a produção do resultado. Podem ser anteriores, concomitantes ou supervenientes à ação e
concorrem com esta para a produção do resultado.
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2.3.2 ESPÉCIES DE CAUSAS
- A causa dependente contém dois fatores: I) origina-se da conduta, sem a qual não existiria; II)
atua com absoluta dependência da causa anterior, da qual resulta como conseqüência natural e
esperada.
- A causa dependente, por óbvio, não exclui o nexo causal, ao contrário, integra-o como parte
fundamental, de modo que a conduta estará indissoluvelmente ligada ao resultado naturalístico.
- Rompem totalmente o nexo causal, e o agente só responde pelos atos até então praticados. Em
nenhum dos três casos o genro deu causa à morte de sua sogra, logo se não a provocou, não pode ser
responsabilizado por homicídio consumado. Responderá apenas por tentativa de homicídio, com a
qualificadora do veneno ou não, conforme a hipótese.
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2.3.5. ESPÉCIES DE CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES
a) Preexistentes: atuam antes da conduta. Exemplo: genro desfere um golpe de faca em sua
sogra, que é hemofílica e vem a morrer em face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar
estado fisiológico. No caso o golpe isolado seria insuficiente para produzir o resultado letal, de modo
que a hemofilia atuou de forma independente, produzindo por si só o resultado. Entretanto, o processo
patológico só foi detonado a partir da conduta, razão pela qual sua independência é apenas relativa.
Como se trata de causa que já existia antes da agressão, denomina-se preexistente.
b) Concomitantes: Genro atira em sua sogra, que, assustada, sofre um ataque cardíaco e
morre. O tiro provocou o susto e, indiretamente, a morte. A causa do óbito foi a parada cardíaca e não a
hemorragia traumática provocada pelo disparo. Trata-se de causa que por si só produziu o resultado
(independente), mas que se originou a partir da conduta (relativamente), tendo atuado ao mesmo tempo
desta (concomitante).
c) Superveniente: sogra, baleada por seu genro é levada ao hospital e sofre acidente no
trajeto, vindo a falecer. A causa é independente, porque a morte foi provocada pelo acidente e não pelo
atentado, mas essa independência é relativa, já que, se não fosse o ataque, a vítima não estaria na
ambulância acidentada e não morreria.
- No caso das causas preexistentes e concomitantes, como existe nexo causal, o agente
responderá pelo resultado, a menos que não tenha concorrido para ele com dolo ou culpa.
- Na hipótese de causa superveniente, embora exista nexo físico-naturalístico, a lei, por expressa
disposição do art. 13, §1.º, que excepcionou a regra geral, manda desconsiderá-lo, não respondendo o
agente jamais pelo resultado, mas tão-somente por tentativa (teoria da condicionalidade adequada).
2.4. TIPICIDADE
- Tipo é um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos, de
modo que as pessoas sabem que só cometeram algum delito se vierem a realizar uma conduta idêntica
à constante do modelo legal.
- Para que a conduta humana seja considerada crime, é necessário que se ajuste a um tipo legal.
Temos, pois, de um lado, uma conduta da vida real e, de outro, o tipo legal de crime constante da lei
penal. A tipicidade consiste na correspondência entre ambos.
- Como o tipo penal é composto não só de elementos objetivos, mas também de elementos
normativos e subjetivos, é indispensável para a existência da tipicidade que não só o fato,
objetivamente considerado, mas também sua antijuridicidade e os elementos subjetivos se subsumam a
22
ele. Ex.: matar alguém (elem. objetivo); violação de segredo profissional – sem justa causa (elem.
normativo); rapto – fim libidinoso (elem. subjetivo). Só existe fato típico quando o fato natural estiver
também preenchido pelo tipo subjetivo.
a) Tipo fundamental ou básico: é o que nos oferece a imagem mais simples de uma espécie de
delito. É o tipo que se localiza no caput de um artigo e contém os elementos essenciais do crime, sem
os quais este desaparece (atipicidade absoluta) ou se transforma em outro (atipicidade relativa).
b) Tipos derivados: são os que se formam a partir do tipo fundamental, mediante o destaque de
circunstâncias que o agravam ou atenuam. Se a agravação consistir em um dos novos limites abstratos
de pena, como no caso do art. 121, §2.º, do CP, em que a pena passa a ser de 12 a 30 anos, tem-se o
tipo qualificado; se consistir em um aumento em determinado percentual, como 1/3, ½ ou 2/3, ocorre a
chamada causa de aumento (art. 155, §1.º); no caso da atenuação, surge o tipo privilegiado (art. 121,
§1.º). Nesses tipos encontram-se os componentes secundários do tipo, que não constituem sua
essência. Localizam-se nos parágrafos dos tipos fundamentais.
As qualificadoras têm certa autonomia do tipo fundamental – tipos derivados autônomos – sendo
previstos, para eles, novos limites abstratos de pena, fazendo com que se apareçam tipos
independentes, ao qual não se aplicam os dispositivos regradores do caput. Exemplo: furto qualificado,
que não se beneficia do privilégio previsto no §2.º, do art. 155, aplicável somente ao tipo fundamental
do furto (art.155).
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b) Normativo: seu significado prescinde de um juízo de valoração jurídica, social, cultural,
histórica, política, religiosa, bem como de qualquer outro campo do conhecimento humano (ex.: “sem
justa causa”, “”indevidamente”, “mulher honesta”, “documento”, “dignidade”, “decoro”,
“fraudulentamente” etc.).
c) Subjetivo: pertencem ao campo psíquico-espiritual e ao mundo da representação do autor.
Encontram-se, antes de tudo, nos denominados “delitos de intenção”, em que uma representação
especial do resultado ou do fim deve ser acrescentada à ação típica executiva como tendência íntima
transcedente (ex.: intenção de enriquecimento do estelionatário, a intenção de se apropriar do ladrão...).
No elemento subjetivo do tipo, o legislador destaca uma parte do dolo e a insere expressamente no tipo
penal. Essa parte é a finalidade essencial, a qual pode ou não estar presente na intenção do autor.
Quando o tipo incriminador contiver elemento subjetivo, será necessário que o agente além de realizar
o núcleo da conduta (o verbo), tenha também a finalidade especial descrita explicitamente no modelo
legal (art. 219).
- Teoria que inclui tipicidade e ilicitude na mesma fase, como elementos fundidos. O fato para ser
típico também deve ser ilícito, ou seja, a ilicitude integra o tipo penal como um de seus elementos.
- Assim, se o fato corresponder ao que está descrito no tipo (tipicidade legal), mas não for ilícito,
não haverá juízo de tipicidade (tipicidade penal), pois o tipo não pode proibir o que o direito ordena. O
fato jurídico exige a antijuridicidade como seu requisito.
- Tipo Total do Injusto: teoria segundo a qual as causas de exclusão da ilicitude são elementos
negativos do tipo, fazendo com que, por exemplo, o tipo de homicídio ficasse assim: matar alguém +
não estando em legítima defesa, estado de necessidade etc. Quem age em legítima defesa pratica um
fato atípico, pois lhe falta a ilicitude, que é um dos elementos da tipicidade.
3. SUJEITOS DO CRIME
- A capacidade para praticar crimes existe em todos os homens. Capaz em sentido jurídico é toda
pessoa natural, independentemente de sua idade ou do seu estado psíquico, portanto também os
menores e os doentes mentais.
- Capacidade penal é o conjunto das condições exigidas para que um sujeito possa tornar-se
titular de direitos ou obrigações no campo penal.
- A incapacidade penal ocorre quando se faz referência aos mortos, aos entes inanimados e aos
animais, que podem ser apenas objeto ou instrumentos do crime.
- A pessoa jurídica, que antes não podia ser sujeito ativo de crimes, possui hoje capacidade penal.
Isto implica dizer que ela poderá responder penalmente por crimes que porventura venha a praticar.
- Entre as penas compatíveis com a natureza da pessoa jurídica estão, na previsão constitucional,
a perda de bens, a multa, e a suspensão ou interdição de direitos (como a do exercício de atividades
financeiras, comerciais, industriais etc.), podendo outras penas serem criadas por lei.
- A maioria dos crimes pode ser praticada por qualquer pessoa, bastando para isso a capacidade
geral. Para alguns delitos, entretanto, é necessária a existência de uma capacidade especial, ou seja,
uma certa posição jurídica (funcionário público – 312, médico – 269) ou posição de fato (gestante – 124,
mãe da vítima – 123).
- Nesses casos, os sujeitos ativos são chamados pessoas qualificadas, não se podendo falar em
peculato quando não é autor, co-autor ou partícipe funcionário público.
- É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado de lesão. É o homem, protegido pela lei mesmo
antes de seu nascimento, já que punido o aborto. A pessoa jurídica também pode ser sujeito passivo de
crimes, como no caso dos delitos patrimoniais.
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- Há duas espécies de sujeito passivo: sujeito passivo formal ou constante – o Estado, que sendo
titular do mandamento proibitivo, é lesado pela conduta do sujeito ativo; sujeito passivo eventual – titular
do interesse penalmente protegido (homem, pessoa jurídica, Estado – crimes contra a AP, e uma
coletividade destituída de personalidade jurídica – arts. 209, 210).
4. OBJETOS DO CRIME
- Objeto jurídico é tudo aquilo contra o que se dirige a conduta criminosa. É o bem-interesse
protegido pela lei penal.
- Bem é tudo aquilo que satisfaz a uma necessidade humana, inclusive as de natureza moral,
espiritual etc. Interesse é o valor que tem o bem para seu titular.
- Objeto material ou substancial do crime é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta
criminosa, ou seja, aquilo que a ação delituosa atinge. Está ele direta ou indiretamente indicado na
figura penal.
- Há casos em que se confundem na mesma pessoa o sujeito passivo e o objeto do crime. Nas
lesões corporais a pessoa que sofre a ofensa à integridade corporal é, ao mesmo tempo, sujeito
passivo e objeto material do crime previsto no art. 129.
5. CRIME DOLOSO
- O Código Penal adotou a teoria da vontade quanto ao dolo direto e a teoria do assentimento
ao conceituar o dolo eventual.
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- Ao se examinar a conduta, verifica-se que, segundo a Teoria Finalista, é ela um comportamento
voluntário (não reflexo) e que o conteúdo da vontade é o seu fim. Nessa concepção, a vontade é o
componente subjetivo da conduta, faz parte dela e dela é inseparável (ex.: A mata B – art. 121 – exige a
vontade).
- Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que se quer e pela decisão de querer
realiza-la, ou seja, pela vontade. A vontade é querer alguma coisa e o dolo é a vontade dirigida à
realização do tipo penal.
a) Dolo Direto: refere-se ao agente que quer, deseja o resultado. O agente realiza a conduta
com o fim de obter o resultado;
b) Dolo Eventual: a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado; o que
ele quer é algo diverso, mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo o risco de
causá-lo. Essa possibilidade de ocorrência do resultado não o detém e ele pratica a conduta,
consentindo no resultado (ex. atirar em outrem para assustá-lo, causando-lhe a morte; praticar roleta
russa; praticar racha em via pública). Age também com dolo eventual quem na dúvida a respeito de um
dos elementos do tipo, arrisca-se em concretizá-lo (manter conjunção carnal com mulher tendo dúvidas
quanto à sua idade);
c) Dolo de Dano: intenção de causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado (ex.: homicídio,
furto);
d) Dolo de Perigo: intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado (ex.: crime de periclitação
da vida e da saúde – 132; crime de rixa – 137);
e) Dolo Genérico: vontade de realizar a conduta descrita na lei, sem um fim especial.
f) Dolo Específico: vontade de realizar a conduta, visando um fim especial. Ocorre quando o tipo
exige determinada finalidade (ex.: extorsão mediante seqüestro – 159)
g) Dolo Geral: ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado o resultado por ele visado,
pratica nova ação que efetivamente o provoca. (ex.: efetuar disparos contra vítima e, supondo já estar
ela morta, atirar o corpo ao mar, provocando sua morte).
6. CRIME CULPOSO
- Quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (art. 18, II,
CP).
- Age com culpa quem realiza o fato legalmente descrito por inobservância do dever de cuidado
que lhe incumbe, de acordo com as circunstâncias e suas condições pessoais, e, no caso de
representá-lo como possível, se conduz na confiança de poder evitá-lo.
- Conduta voluntária (ação ou omissão) que produz o resultado antijurídico não querido, mas
previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção (dever a todos imposto no
convívio social), ser evitado.
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6.1. ELEMENTOS DA CULPA
a) Culpa Consciente: o agente prevê o resultado mas espera que ele não ocorra, supondo
que possa evitá-lo com sua habilidade;
b) Culpa Inconsciente: o agente não prevê o resultado, que, era objetiva e subjetivamente
previsível;
c) Culpa Própria: o agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado;
d) Culpa Imprópria: também chamada de culpa por extensão, assimilação ou equiparação. O
agente supõe estar acobertado por uma excludente de ilicitude e, em razão disso, provoca
intencionalmente um resultado ilícito. Apesar se a ação ser dolosa, o agente responde por crime
culposo na medida em que sua avaliação da situação fática foi equivocada.
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7. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
b) Crime Permanente: é aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo por vontade do
agente. Ex.: seqüestro (art. 148, CP) – a consumação ocorre no momento em que a vítima é privada da
sua liberdade, mas a infração continua consumando-se enquanto a vítima permanecer em poder do
seqüestrador.
- Essa classificação diz respeito ao meio de execução empregado para a prática do crime.
II. Impróprios (ou comissivos por omissão) – quando o agente, por uma omissão inicial, dá causa a
um resultado posterior, que ele tinha o dever jurídico de evitar. Ex.:mãe que deixa de amamentar o filho,
causando-lhe a morte.
a) Crimes Materiais: são aqueles em relação aos quais a lei descreve uma ação e um resultado, e
exige a ocorrência deste para que o crime esteja consumado. Ex.: estelionato (171, CP).
b) Crimes Formais: são aqueles em relação aos quais a lei descreve uma ação e um resultado,
mas a redação deixa claro que o crime consuma-se no momento da ação, sendo o resultado mero
exaurimento do delito. Ex.: extorsão mediante seqüestro (159, CP).
c) Crimes de Mera Conduta: são aqueles em relação aos quais a lei descreve apenas uma
conduta e, portanto, consumam-se no exato momento em que ela é praticada. Ex.: violação de domicílio
(150, CP) – mera conduta de ingressar ou permanecer em domicílio alheio sem a autorização do
morador.
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7.4. CRIMES DE DANO E DE PERIGO
- Crimes de Dano: são aqueles que pressupõem uma efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Ex.:
homicídio, furto.
- Crimes de Perigo: são os que se consumam com a mera situação de risco a que fica exposto o
objeto material do crime. Ex.: periclitação da vida e da saúde (132, CP), rixa (137, CP). Os crimes de
perigo, subdividem-se em:
I. Crimes de perigo abstrato (ou presumido): quando a lei descreve uma conduta e presume que o
agente, ao realizá-la expõe o bem jurídico a risco. Essa presunção é absoluta, bastando a acusação
provar que o agente praticou a conduta descrita no tipo para que se presuma ter havido a situação de
risco. Ex.: omissão de socorro (135, CP).
II. Crimes de perigo concreto: a acusação tem de provar que pessoa certa e determinada foi
exposta a uma situação de risco em face da conduta do agente. Há que se provar que o perigo
efetivamente ocorreu, pois este não é presumido. Ex.: periclitação da vida e da saúde (132, CP).
III. Crimes de perigo individual: são os que expõem a risco o interesse de uma só pessoa ou
de grupo limitado de pessoas. Ex.:130 a 137, CP.
IV. Crimes de perigo comum (ou coletivo): são os que expõem a risco o interesse de número
indeterminado de pessoas. Ex.: 250 a 259,CP
a) Crimes Comuns: são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. Ex.: furto, roubo,
homicício.
b) Crimes Próprios: são os que só podem ser cometidos por determinadas categorias de pessoas,
por exigir o tipo penal certa qualidade ou característica do sujeito ativo. Ex.: infanticídio (123,CP),
corrupção passiva (317, CP).
c) Crimes de Mão Própria: são aqueles cuja conduta descrita no tipo penal só pode ser executada
por uma única pessoa, não admitindo co-autoria, apenas participação. Ex.: falso testemunho (342, CP)
b) Complexos: ocorrem da fusão de dois ou mais tipos penais, ou quando um tipo penal funciona
como qualificadora de outro. Ex.: extorsão mediante seqüestro (159 = 148 + 158), latrocínio (157,§3.º =
121 + 157)
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- Ocorrem quando o sujeito, para alcançar um resultado mais grave, passa por um crime menos
grave. Ex.: para causar a morte da vítima o agente tem que lesioná-la.
- o agente pretende praticar um crime e, em seguida, resolve praticar outro. Há duas ou mais
infrações penais, dois fatos e não um só. Há pluralidade de condutas delitivas encadeadas por uma
seqüência causal e certa unidade de contexto.
- Dá-se quando o agente imagina que a conduta por ele praticada constitui crime, mas em
verdade, é um fato atípico.
- Ocorre quando o agente percorre todo o iter criminis, mas não consegue consumar o crime. É
também chamado de tentativa perfeita.
- Quando após a consumação, que ocorre quando estiverem preenchidos no fato concreto o tipo
objetivo, o agente o leva a conseqüências mais graves. Ex.: extorsão mediante seqüestro – o
recebimento do resgate exaure o crime que se consumara com o arrebatamento da vítima. O crime é o
mesmo, embora as conseqüências dele sejam mais graves e o juiz deva levar essa circunstância em
conta na aplicação da pena.
- são os que têm como sujeito passivo entidades sem personalidade jurídica, como a família, a
sociedade...
- Crime Qualificado: quando a lei apresenta circunstâncias que alteram a própria pena em
abstrato. Ex.: 121, §2.º, CP.
- É aquele cuja caracterização pressupõe uma reiteração de atos. Ex.: curandeirismo (284, CP). A
prática de um ato isolado é atípica.
- É qualquer delito praticado por aquele que exerce uma profissão, utilizando-se dela para a
atividade ilícita. Ex.: aborto praticado por médico ou parteira.
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7.17. CRIME UNISSUBSISTENTE E PLURISUBSISTENTE
a) Crime Unissubsistente: realiza-se com apenas um ato, ou seja, a conduta é uma e indivisível
como na injúria ou ameaça orais, uso do documento falso. A tentativa é inadmissível.
________________________________________________________________
UNIDADE IV – DA ANTIJURIDICIDADE
1. Das Excludentes de Criminalidade
2. Causas Supra Legais de Exclusão
2.1 Estado de Necessidade
2.2 Legítima Defesa
2.3 Estrito Cumprimento do Dever Legal
2.4 Exercício Regular de Direito
2.5 Consentimento do Ofendido
3. Hipóteses Putativas
UNIDADE V – DA CULPABILIDADE
1. Conceito
2. Teorias
2.1 Teoria Normativa
2.2 Teoria da Ação Final
2.3 Teoria Social da Ação
3. Hipóteses Exculpantes
3.1 Potencial Consciência sobre a Ilicitude do Fato
3.2 Exigibilidade de Conduta Diversa
01. Antijuridicidade
1.1. Conceito: Antijuridicidade é a qualidade daquilo que contraria o Direito, que é ilícito. Quando
ocorre um fato humano que se enquadra em um tipo incriminador tem-se presente a tipicidade. Assim,
cometido um fato típico, presume-se que ele é ilícito, a menos que exista uma causa excludente de
antijuridicidade expressamente prevista na lei.
As causas de exclusão da antijuridicidade são também chamadas causas de justificação do fato
típico ou descriminantes.
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1.2. Antijuridicidade Material e formal: Todo fato típico é formalmente antijurídico; mas pode ser
materialmente lícito. A antijuridicidade material consiste na ofensa a bens jurídicos (vida, patrimônio,
integridade física, etc.). A antijuridicidade formal decorre da definição legal de um fato como crime.
I) Estado de Necessidade
Art. 24 do Código Penal:
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida
de um a dois terços.
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Somente o perigo causado dolosamente impede o reconhecimento do fato necessitado. Há hoje
jurisprudência e doutrina entendendo que o perigo causado culposamente também impede o
reconhecimento do fato necessitado.
É possível estado de necessidade contra estado de necessidade. Ex.: A disputa por tábua de
salvação por dois náufragos.
Estado de necessidade exculpante: bem de igual ou maior valor jurídico, exclui a culpabilidade.
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Requisitos objetivos:
a) necessidade defender-se de agressão injusta;
b) agressão atual ou iminente;
c) direito do agredido ou de terceiro atacado ou ameaçado;
d) repulsa com os meios necessários;
e) uso moderado dos meios necessários.
- é possível a legítima defesa contra alguém que – sob coação moral irresistível (art. 22, CP),
obediência hierárquica (art. 22, CP) ou embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior
(art. 28, § 1º, CP) – está prestes ou agride a vítima, que, assim, pode tranqüilamente reagir em legítima
defesa.
ERRO DE TIPO (ART. 20, § 1º, DO CP) ERRO DE PROIBIÇÃO (ART. 21, DO CP)
É possível a legítima defesa real contra a legítima defesa putativa
É admissível também a legítima defesa putativa contra a legítima defesa real
ATUAL OU IMINENTE
Dever legal é aquele que decorre de lei, decreto, regulamento ou qualquer outro ato normativo
emanado do poder competente.
Exs.: prisão em flagrante; policial que atira em invasor de quartel.
Estrito cumprimento do dever legal putativo, é possível por erro de tipo ou erro de proibição. Ex.:
prisão de gêmeo; prisão de homônimo.
- Intervenções médicas ou cirúrgicas: dispor do próprio corpo para realizar cirurgias: vasectomia,
ligadura de trompas, plásticas, etc.
2. Culpabilidade
2.2. Teorias
Desse modo, os elementos da culpabilidade para a doutrina finalista, ou seja, para a teoria
extrema ou normativa pura, são os seguintes:
a) imputabilidade;
b) potencialidade de consciência da ilicitude;
c) exigibilidade de outra conduta.
Para bem entendermos o pensamento de Welzel, tomemos por base o raciocínio de que, ao
definir o homicídio no art. 121, o Código está fazendo referência ao tipo de crime que só pode ser
praticado dolosamente, daí Welzel dizer que o tipo abrange o dolo, que é elemento subjetivo do tipo.
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Assis Toledo também ilustra essa posição com o seguinte exemplo: “o que torna atípico o
auto-aborto culposo é a falta de dolo na ação praticada. Como o tipo penal é doloso, isto é, contém o
dolo, a ação praticada culposamente não se subsume, não confere com a do tipo legal do crime. Ora,
se o dolo do delito em exame não estivesse no tipo, teríamos de concluir que, para o tipo de delito de
auto-aborto, é indiferente que a mulher grávida pratique o fato dolosa ou culposamente”.
2.3. Imputabilidade
Elemento da culpabilidade, capacidade de nos conduzir.
Biológico
Psicológico – o instante do crime
Biopsicológico
Dois requisitos:
a) Intelectivo: capacidade para compreender
b) Volitivo: dirigir o comportamento
Quociente de Inteligência
Limítrofe – 68 a 85
Leve - 52 a 67
Moderado - 36 a 51
Grave - 20 a 35
Profundo - inferior a 20
Doença mental
Psicoses orgânicas:
Senilidade
Alcoólica
Parto
Psicoses não orgânicas:
Esquizofrenia
Transtornos afetivos principais – melancolia maníaco-depressivo.
Paranóides – superior e único.
NEUROSES:
Ansiedade
Histérica
Fóbica
Depressiva
Neurastênica – debilidade crônica
PERSONALIDADES PSICOPÁTICAS
Paranóide – ciúmes, inveja.
Ciclotímica – períodos de euforia e alternados com depressão.
Esquizóide – Caracteriza por reserva, hipersensibilidade, isolamento, evitação de relações íntimas
ou competitivas e excentricidade.
Explosiva.
Pouco importa se agente conhecia ou não a lei, pois esse desconhecimento ele não poderá
alegar, em face da presunção de que ninguém ignora o texto legal. O que se indaga é do conhecimento
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do caráter injusto do ato, da consciência de que se está fazendo algo errado em contrariedade ao que
todos considerariam como justo.
No erro de proibição, o agente pensa agir plenamente de acordo com o ordenamento jurídico,
mas, na verdade, pratica um ilícito em razão de equivocada compreensão do Direito. Mesmo
conhecendo o Direito, pois todos presumivelmente o conhecem, em determinadas circunstâncias as
pessoas podem ser levadas a pensar que agem de acordo com o que o ordenamento jurídico delas
exige.
Quando o objeto do erro for pressuposto de uma causa de justificação, afirma-se, ocorre erro de
tipo permissivo.
A) teoria dos elementos negativos do tipo: considera causas de justificação como integrantes
do tipo e, conseqüentemente, seus pressupostos como características negativas do tipo. Assim,
qualquer erro sobre elas constitui erro de tipo.
B) teoria do erro orientada às conseqüências, equipara esse erro ao erro de tipo somente
quanto às conseqüências jurídicas.
É aquele que faz com que o agente, no caso concreto, imagine não estar presente uma elementar
ou uma circunstância componente da figura típica. Conforme já estudado, para que haja dolo é
necessário que o agente queira realizar todos os elementos constitutivos do tipo. Assim, como
conseqüência do erro de tipo, temos a exclusão do dolo. Excluído este estará também excluída a
conduta e, conseqüentemente, o fato típico. Exs.: uma pessoa se casa com pessoa já casada, sem
conhecer a existência do casamento anterior. Ela não responde pelo crime, por não ter agido com dolo,
uma vez que desconhecia o fato de já ser casada a outra pessoa; alguém recebe um veículo idêntico ao
seu das mãos do manobrista e o leva embora. Não comete crime de furto, pois imaginou que o veículo
era o seu.
A) Erro de tipo e delito putativo por erro de tipo. No erro de tipo, o agente não quer praticar o
crime, mas por erro acaba cometendo-o. O agente não sabe que está cometendo o delito e, portanto,
não responde por este.
No delito putativo (imaginário) por erro de tipo ocorre a situação inversa, ou seja, o sujeito quer
praticar o crime, mas por uma errônea percepção da realidade, executa uma conduta
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atípica. Ex.: uma pessoa quer furtar um objeto que supõe ser alheio, mas se apodera de um objeto
que lhe pertence. Nessa hipótese não se aperfeiçoa a figura típica do furto, que exige a subtração de
coisa alheia móvel e, por isso, também não há crime. Segundo a doutrina, podem ocorrer as seguintes
hipóteses:
a) Delito putativo por erro de tipo. Conforme acima mencionado, ocorre quando o agente, por
equívoco, imagina estar praticando todas as elementares de um crime, quando, na verdade, não está.
O erro aqui se refere ao fato.
b) Delito putativo por erro de proibição. Ocorre quando o agente supõe estar praticando um crime,
mas, na realidade, não há norma incriminadora definindo o fato. O erro aqui se refere à existência da
norma penal incriminadora.
c) Delito putativo por obra de agente provocador. Pela Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal,
não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia toma impossível sua consumação.
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doloso em relação a B e por um homicídio culposo em relação a C (aplicando-se a regra do concurso
formal no tocante à aplicação da pena).
Não se confunde o erro na execução (art. 73) com o erro quanto à pessoa (art. 20, § 3º). Neste, o
agente supõe que uma pessoa é outra e efetua o disparo atingindo a pessoa que foi mirada. Ex.: uma
pessoa é contratada para matar Francisco, mas não o conhece pessoalmente (apenas por fotografia).
Assim, no momento do crime, o matador vislumbra Paulo e imagina que este é Francisco, efetuando
disparo que atinge efetivamente Paulo. No erro de execução, o agente não se confunde em relação à
vítima. Ele efetua o disparo contra a pessoa certa, mas o projétil atinge outra pessoa. Ex.: o matador
contratado para matar Francisco, identifica-o e efetua um disparo contra este. Acontece que Francisco
desvia e o projétil atinge Paulo, que se encontrava atrás dele.
b4) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis). O agente quer atingir um bem jurídico,
mas atinge bem de natureza diversa. Ex.: uma pessoa, querendo cometer crime de dano, atira uma
pedra em direção ao bem, mas, por erro de pontaria, atinge uma pessoa que sofre lesões corporais.
Nesse caso, o agente só responde pelo resultado provocado na modalidade culposa, e, ainda assim, se
previsto para a hipótese (art. 74), ou seja, responde por crime de lesões culposas, que absorve a
tentativa de dano. Veja-se, entretanto, que, se não existir previsão legal de crime culposo para o
resultado provocado, não se aplica a regra da aberratio criminis, respondendo o sujeito pela tentativa de
dano (pois, caso contrário, o fato ficaria sem punição).
Ressalte-se, por outro lado, que, se o agente atinge o bem jurídico que pretendia e, por erro,
atinge também outro bem jurídico, responde pelos dois crimes, em concurso formal. Assim, no exemplo
acima, se o sujeito, querendo cometer crime de dano, atira uma pedra que atinge o bem (uma vidraça,
p. ex.) e atinge também uma pessoa que se encontra no interior da residência (que ele não queria
atingir), responde pelo crime de dano consumado em concurso formal com o delito de lesões corporais
culposas.
b5) Erro sobre o nexo causal (aberratio causae). É a hipótese do chamado dolo geral, que já foi
estudado. Ocorre quando o agente, imaginando já ter consumado o crime, pratica nova conduta, que
vem a ser a causa efetiva da consumação. Ex.: supondo já ter matado a vítima com emprego de
veneno, o agente cava um buraco no quintal de sua casa e a enterra, vindo esta a falecer apenas nesse
instante, em razão de asfixia. Na hipótese, o agente responde por homicídio doloso consumado (dolo
geral) e não por tentativa de homicídio doloso em concurso com homicídio culposo.
Luiz Flávio Gomes disserta: Três correntes funcionalistas no âmbito do Direito penal poderiam ser
distinguidas com certa clareza: o funcionalismo reputado (por alguns críticos) como radical, o
funcionalismo moderado e o limitado.
Na primeira linha inscrever-se-ia a obra de JAKOBS, que sustenta a tese de que o Direito penal
existe para reafirmar a norma e revigorar as expectativas dos seus destinatários. A pena, em
conseqüência, tem finalidade preventiva geral positiva (afirmação da vigência da norma, garantia da
funcionalidade do sistema social).
ROXIN, por seu turno, um dos mais reputados penalistas na atualidade, funda a linha do
funcionalismo moderado. É de sua criação o sistema teleológico-funcional e racional do delito» (1970),
que sustenta a necessidade de a política criminal penetrar na dogmática. O tipo constitui o primeiro
degrau de valoração do crime, a antijuridicidade é o segundo. O terceiro está constituído pela
responsabilidade, que engloba a culpabilidade e a necessidade preventiva geral e especial de pena.
Injusto, de um lado, e responsabilidade, de outro, seriam as bases do fato punível.
Dolo e culpa estão no tipo, mas deles se extrai uma diferente atitude interior —Gesinung - que
determina o tipo de culpabilidade (dolosa direta = atitude pessoal contrária ao bem jurídico; dolosa
eventual = atitude pessoal indiferente ao bem jurídico; culposa = atitude pessoal descuidada ou leviana
frente ao bem jurídico). Cada espécie de culpabilidade leva a um diferente grau de reprovação. A
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culpabilidade funda-se na reprovação ética do agente; na realização pessoal do ilícito. A punibilidade
fundamenta-se no conceito de merecimento.
X, piloto italiano de uma empresa aérea estrangeira, residente em Roma, vem ao Brasil pela primeira
vez para aqui permanecer apenas 02 (dois) dias. Em Copacabana, defronte ao hotel onde estava
hospedado, adquire quatro (04) gramas de maconha, para uso próprio, de uma pessoa que oferecia a
droga a todos os que entravam e saiam daquele estabelecimento, sem que fosse molestado pela
polícia. No outro dia, sem haver consumido a droga, X é preso pela Polícia Federal, no Aeroporto
Internacional do Rio de Janeiro, quando se encontrava no interior da aeronave. A droga estava
acondicionada em uma pequena caixa de remédio no bolso do seu paletó. Submetido a julgamento, X
alega que na Itália, seu país de origem, a posse de pequena quantidade de maconha, para uso próprio,
não é punível e ele, evidentemente, pelo pouco de tempo em que aqui esteve e não falando português,
imaginava que a Legislação Brasileira lhe dispensava o mesmo tratamento. Como deve o Juiz do caso
Interpretar a suposição de X? Fundamente a resposta.
A expressão "concurso de pessoas", então, como está no art. 29 do Código Penal, não é sinônimo
de co-autoria. É mais ampla, envolvendo quem concorre para o crime de qualquer modo, seja principal
ou acessoriamente; daí se dizer que, apesar de o Código não falar em cumplicidade, ele admite a figura
do cúmplice, que nada mais é do que o colaborador, o auxiliar, o conivente. Assim, o partícipe de um
crime pode ser chamado também de cúmplice.
O concurso de pessoas não altera a unidade do crime. Esse é o mesmo para todos os
concorrentes. E a participação deve ser anterior à consumação do crime. Assim não há falar em
cumplicidade, mas delito autônomo na ação de quem adquire a coisa já furtada por outrem.
I - Vínculo psicológico
Entre os vários autores e partícipes de um crime deve haver um vínculo subjetivo: é preciso que
haja entre eles um acordo prévio ou, pelo menos, uma convergência de intenções no momento da
execução.
Não se admite a participação dolosa em crime culposo. Se o agente faz supor a uma pessoa que
uma arma está descarregada e induz essa pessoa a acionar o gatilho na direção de um terceiro, não há
participação criminosa, porém dois crimes: homicídio doloso em relação ao agente que induziu e
homicídio culposo em relação ao que disparou.
Não se pode considerar, igualmente, participação culposa em crime doloso. Se a empregada, por
negligência, deixa aberta a porta da casa do patrão, disso se aproveitando o ladrão, não vai responder
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por crime algum, porque não existe no Código Penal o furto culposo, sendo esse fato atípico. O mesmo
não ocorrendo em relação ao peculato, pois, há previsão legal para essa figura penal.
- Teoria unitária: todos os que contribuem para a integração do delito cometem o mesmo crime. Há
unidade de crime e pluralidade de agentes. É a aceita pelo Código Penal Brasileiro.
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- Teoria dualista: Há delito único entre os autores e outro crime único entre os partícipes
- Exceção pluralística: crimes de corrupção ativa e passiva (CP, arts. 317 e 333); falso testemunho
e corrupção de testemunha (CP, arts. 342 e 343).
Autoria mediata: Aquele que se serve de outra pessoa sem condições de discernimento.
Imputável; coação moral irresistível; provocação de erro de tipo escusável; obediência hierárquica.
Não há autoria mediata nos crimes de mão própria, nem nos crimes culposos.
Autoria colateral: mais de um agente realiza, cada qual, a sua conduta, sem que exista liame
subjetivo entre eles. A e B executam simultaneamente a vítima, sem que um conheça a conduta do
outro;
Autoria incerta: ocorre quando, na autoria colateral, não se sabe quem foi o causador do
resultado. Veja bem: sabe-se quem realizou a conduta, mas não se sabe quem deu causa ao resultado.
A e B atiram mas não se sabe qual revólver.
Participação sucessiva: após uma conduta acessorando a principal ocorre outra. Ex.: o partícipe
induz o autor a praticar um crime e depois o auxilia;
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