You are on page 1of 25

Fundamentos dogmáticos das

relações de consumo
• @laisbergstein
• lais@dotti.adv.br

A base constitucional de proteção ao consumidor


• Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
Dos Direitos e • XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Garantias
Fundamentais

• Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre


iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
Da Ordem justiça social, observados os seguintes princípios: [...]
Econômica e • V - defesa do consumidor;
Financeira

• Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da


Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
ADCT
• @laisbergstein
• lais@dotti.adv.br

Direito das relações de


Direito do consumo
consumidor

Direito do consumo
• @laisbergstein
• lais@dotti.adv.br

A tríplice dimensão da Constituição Brasileira

• formal - substancial - prospectiva


• “ressignificação dos significantes”

• formal - substancial - prospectiva


• “ressignificação dos significantes”
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

A consagração de direitos fundamentais para sujeitos de


relações privadas choca-se com o conceito liberal clássico
de Constituição e com a sua definição como documento de
organização e limitação do poder político. Tal consagração
de direitos anima uma nova percepção sobre o sentido e a
função da Constituição, construída a partir do princípio da
dignidade da pessoa humana, como base da liberdade, da
justiça e da paz.

MIRAGEM, Bruno Nubens Barbosa.


O direito do consumidor como direito
fundamental: consequências jurídicas de um
conceito. São Paulo, Revista de Direito do
Consumidor, v. 43, p. 111-132, jul./set., 2002.
• @laisbergstein
• lais@dotti.adv.br
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

• “A explosão do Código produziu um


fracionamento da ordem jurídica, semelhante ao
sistema planetário. [...] Criaram-se
microssistemas jurídicos que, da mesma forma
como os planetas, giram com autonomia própria,
sua vida é independente; o Código é como o Sol,
ilumina-os, colabora em suas vidas, mas já não
pode incidir diretamente sobre eles.”

(LORENZETTI, Ricardo Luis. Fundamentos do Direito


Privado. Tradução: Vera Maria Jacob de Fradera. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. p. 45.)
• @laisbergstein
• lais@dotti.adv.br

Microssistema de proteção aos consumidores


• Lei nº 8.137/1990, define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências.
• Decreto nº 2.181/1997, dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor - SNDC, estabelece as normas gerais
de aplicação das sanções administrativas previstas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.
• Lei nº 10.962/2004, dispõe sobre a oferta e as formas de afixação de preços de produtos e serviços para o consumidor.
• Decreto nº 5.903/2006, dispõe sobre as práticas infracionais que atentam contra o direito básico do consumidor de obter informação
adequada e clara sobre produtos e serviços previstas na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990.
• Decreto nº 5.910/2006. Promulga a Convenção para a Unificação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Internacional, celebrada
em Montreal, em 28 de maio de 1999.
• Decreto nº 6.523/2008, regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para fixar normas gerais sobre o Serviço de Atendimento
ao Consumidor - SAC.
• Decreto nº 7.962/2013, regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico.
• Lei nº 13.425/2017. Estabelece diretrizes gerais sobre medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos,
edificações e áreas de reunião de público.
• Portarias do Ministério da Justiça indicando o rol de cláusulas abusivas em contratos de consumo.
• Lei nº 12.414/2011, disciplina a formação e consulta a bancos de dados com informações de adimplemento de pessoas naturais ou
jurídicas, para formação de histórico de crédito.
• Lei nº 13.709/2018, dispõe sobre a proteção de dados pessoais.
@laisbergstein

Por que os consumidores são


lais@dotti.adv.br

vulneráveis?
• Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo
tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios:
• I - reconhecimento da
vulnerabilidade do consumidor no
mercado de consumo;
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

Tipos de vulnerabilidade
• - Técnica (ausência de conhecimento específico acerca
do produto ou serviço objeto de consumo).
• - Jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou
econômico e de seus reflexos na relação de consumo).
• - Fática (situações em que a insuficiência econômica,
física ou até mesmo psicológica do consumidor o
coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor).
• - Informacional (dados insuficientes sobre o produto
ou serviço capazes de influenciar no processo decisório
de compra).
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

CAMADAS DE VULNERABILIDADE
DO CONSUMIDOR Idade, escolaridade, analfabetismo,
formação técnica, deficiência,
necessidade, inexperiência, credulidade,
endividamento...
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

VULNERABILIDADE (CDC, ART. 4º, I)

É DIFERENTE DE
HIPOSSUFICIÊNCIA
(CDC, ART. 6º, VIII)
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

Teoria do Diálogo das Fontes


@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

• Pluralismo
A cultura pós- • Comunicação
moderna • Narração
• Retorno dos sentimentos

(JAYME, Erik. Identité Culturelle et Intégration: Le droit international


privé postmoderne. Cours general de droit international privé. p. 9-
268. In: Recueil des Cours: collected courses of the Hague Academy of
International Law. Tomo 251. Haia: Martinus Nijhoff Publishers, 1996.
p. 259.)
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

"Dès lors que l’on évoque la communication en droit


international privé, le phénomène le plus important
est le fait que la solution des conflits de lois émerge
comme résultat d’un dialogue entre les sources les
plus hétérogènes. Les droits de l’homme, les
constitutions, les conventions internationales, les
systèmes nationaux: toutes ces sources ne
s’excluent pas mutuellement; elles ‘parlent’ l’une à
l’autre. Les juges sont tenus de coordonner ces
sources en écoutant ce qu’elles disent."

(JAYME, Erik. Identité Culturelle et Intégration: Le droit


international privé postmoderne. Cours general de
droit international privé. p. 9-268. In: Recueil des Cours:
collected courses of the Hague Academy of
International Law. Tomo 251. Haia: Martinus Nijhoff
Publishers, 1996. p. 259.)
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

Diálogo das
fontes

• Coerência;
• Complementariedade e
subsidiariedade;
• Coordenação e adaptação.

(MARQUES, Claudia Lima. Diálogo entre o Código


de Defesa do Consumidor e o novo Código Civil: o
“Diálogo das Fontes”. In: MARQUES, Claudia Lima;
BENJAMIN, Antonio Herman V.; MIRAGEM, Bruno.
Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 3.
ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2010.)
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

Diálogo das Fontes na CRFB 1988

• DIÁLOGO DAS FONTES NA CONSTITUIÇÃO:

• Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem


outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

Diálogo das fontes no CDC

• DIÁLOGO DAS FONTES NO CDC: art. 7º.

• Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros


decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil
seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como
dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e
equidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

Agentes das relações de consumo


@laisbergstein Laís Bergstein
lais@dotti.adv.br
lais@dotti.adv.br

Consumidores

• Consumidor (stricto sensu)


 Destinatário final de produtos ou serviços – art. 2, CDC.
• Consumidor por equiparação
 Coletividade de pessoas que haja intervindo nas relações de
consumo – art. 2, parágrafo único, CDC. Norma genérica, aplicável a
todos os capítulos e sessões do CDC
 Vítimas do evento de consumo (de um fato do produto ou do
serviço) – bystander – art. 17, CDC.
 Todas as pessoas expostas às práticas comerciais (abusivas) –
art. 29, CDC.
@laisbergstein
lais@dotti.adv.br

Consumidor: três correntes

• Finalista  Finalista mitigada ou • Maximalista


aprofundada

STJ
@laisbergstein Laís Bergstein
lais@dotti.adv.br
lais@dotti.adv.br
Compras internacionais e

Fornecedores marca mundialmente


conhecida?
Fique de olho nesses
precedentes:
• a) o fornecedor real (aquele que participa • d) o fornecedor aparente.
efetivamente na realização e criação do
produto, art. 3o, CDC); – Panasonic: STJ - REsp 63.981/SP, Rel.
• b) o fornecedor presumido (art. 13, CDC); Ministro Aldir Passarinho Junior, Rel.
p/ Acórdão Ministro Sálvio De
• c) o fornecedor equiparado; Figueiredo Teixeira, Quarta Turma,
– Entidades que, embora não se encontrem julgado em 11/04/2000, DJ
diretamente na conceituação do art. 3° do CDC,
são a ele sujeitos em razão da natureza da 20/11/2000, p. 296.
atividade que desenvolvem – tais como o – Toshiba: STJ - REsp 1580432/SP, Rel.
banco de dados e o anunciante ou agência
publicitária, arts. 43 e 37 do CDC. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 06/12/2018, DJe
04/02/2019
@laisbergstein Laís Bergstein
lais@dotti.adv.br
lais@dotti.adv.br

Compras internacionais e marca mundialmente conhecida

“3. No presente caso, a empresa recorrente deve ser caracterizada como fornecedora
aparente para fins de responsabilização civil pelos danos causados pela comercialização do
produto defeituoso que ostenta a marca TOSHIBA, ainda que não tenha sido sua fabricante
direta, pois ao utilizar marca de expressão global, inclusive com a inserção da mesma em
sua razão social, beneficia-se da confiança previamente angariada por essa perante os
consumidores. É de rigor, portanto, o reconhecimento da legitimidade passiva da empresa
ré para arcar com os danos pleiteados na exordial.”
(STJ - REsp 1580432/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
06/12/2018, DJe 04/02/2019)

You might also like