Professional Documents
Culture Documents
Impacto Da Pandemia de Covid19 em Quadros de Compulsão Alimentar de Jovens Garotas
Impacto Da Pandemia de Covid19 em Quadros de Compulsão Alimentar de Jovens Garotas
2022
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto De Ciências Humanas
Curso de Psicologia
RESUMO
Em 2020, o vírus da COVID-19 iniciou uma pandemia que impactou a vida das
pessoas ao redor do mundo de diversas formas e, com isso, veio a necessidade de
manter-se em lockdown por tempo indeterminado. Isso impactou, entre outras esferas,
na saúde mental, no acesso e no tipo de alimento que as pessoas consumiram durante
esse período. Assim a presente pesquisa busca estudar o impacto que a pandemia
de COVID-19, teve nos quadros de jovens meninas com Compulsão Alimentar,
através da narrativa de profissionais da psicologia e da nutrição, sendo três de cada
área. Será utilizado um método qualitativo de pesquisa e balizado pela Terapia
Cognitivo Comportamental
Palavras-chave: pandemia; transtorno de compulsão alimentar; psicologia; saúde;
garotas;
ABSTRACT
In 2020, the COVID-19 virus started a pandemic that impacted the lives of people
around the world in many ways, and with that came the need to remain in lockdown
indefinitely. This impacted, among other spheres, mental health, access, and the type
of food that people consumed during this period. Thus the present research seeks to
study the impact that the COVID-19 pandemic, had on the charts of young girls with
Food Compulsion, through the narrative of psychology and nutrition professionals. A
qualitative research method will be used and guided by Cognitive Behavioral Therapy.
Keywords: pandemic; binge eating disorder; psychology; health; girls;
Sumário
Introdução ............................................................................................................................ 1
1.1 O impacto da Pandemia de Covid-19 no cotidiano dos lares brasileiros ..................... 2
1.2 Aspectos biológicos e conceituais das compulsões alimentares................................. 3
1.3 Aspectos históricos do consumo alimentar ................................................................. 4
1.4 A compulsão alimentar no momento pandêmico ........................................................ 7
1.5 A condição socioeconômica e cultural de jovens brasileiras ....................................... 9
1.6 Contribuições do saber psicológico ......................................................................... 10
1.7 Objetivo .................................................................................................................... 15
1.8 Justificativa .............................................................................................................. 15
Método ................................................................................................................................ 15
2.1 Participantes ............................................................................................................ 16
2.2 Instrumentos............................................................................................................. 16
2.3 Procedimentos ....................................................................................................... 17
2.4 Procedimentos para análise do material .................................................................. 18
2.5 Ressalvas éticas ..................................................................................................... 18
Referências Bibliográficas ................................................................................................ 19
Anexos................................................................................................................................ 23
1
1 Introdução
A pandemia causada pelo vírus da COVID-19 impactou na rotina de vida de
milhares de pessoas e o lockdown acarretou mudanças em diversas áreas como sono,
numa desorganização da alimentação, trabalho e na prática de atividades físicas. E
com a necessidade de manter-se isolado para conter o avanço da doença,
sentimentos como raiva, tristeza, ansiedade e solidão podem ficar mais exacerbados.
Além disso, com as notícias que saíram nos veículos de comunicação, foi possível
perceber que pandemia teve impacto muito forte sobre crianças e adolescentes,
afetando tanto na saúde mental quanto física.
Em 2020 o mundo foi afetado pela pandemia causada pela doença da COVID-
19. Segundo informações do Ministério da Saúde a transmissão da doença se dá
através do aperto de mãos contaminadas, espirro, tosse, gotículas de saliva e contato
com superfícies contaminadas; por isso para conter o contágio do vírus foi necessário
o isolamento social, fato que impactou diretamente na rotina e padrão de vida das
pessoas, causando mudanças na psique e no corpo como um todo. Segundo Touyz;
Lacey e Hay (2020) o isolamento pode potencializar sentimentos de raiva, solidão
ansiedade e tristeza, e, com a acelerada propagação do vírus estabeleceram-se
medos na sociedade, tais como o risco da própria morte pela contração do vírus, perda
de pessoas de seu ciclo socioafetivo e prejuízo na renda familiar. Ainda, estudos como
de Francisco et al, citado por Francisco (2021), feito com crianças em Portugal
mostram que houve alterações psicológicas por conta do isolamento social, sendo
alguns desses sintomas maior tendência a discutir com os membros da família, tédio,
agitação e irritabilidade.
Situações estressoras podem aumentar o nível de ansiedade, no contexto social
da pandemia as pessoas precisaram desenvolver mecanismos para lidar com o
sofrimento e mudanças que foram causadas pela doença. No que se refere ao
Transtorno de Compulsão Alimentar há uma forte associação entre este com
transtornos do tipo evitativo e ansioso. Estudos mostram que “a sensação de estresse
e ansiedade provocada pelo isolamento pode gerar, naqueles que possuem
tendências, o comer emocional, especialmente de carboidratos, que por sua vez são
gatilhos para compulsão” (LEITE E ANDRADE, 2022, p.324).
Tendo em vista tudo o que foi mencionado, percebe-se que há uma relação entre
pandemia e alteração da saúde mental, incluindo-se aqui o Transtorno da Compulsão
Alimentar. O presente estudo buscou entender melhor esse aspecto na vida de
adolescentes de do sexo feminino. A seguir serão abordados aspectos biológicos e a
conceitualização do Transtorno de Compulsão Alimentar.
3
muitos viajantes (tropeiros, viajantes e garimpeiros) o que fazia com que o cardápio
fosse marcado por feijão, milho e plantas de cultivo fácil. Assim como o milho, o feijão
também foi um alimento consumido em grande quantidade nesse período histórico
devido ao seu crescimento rápido e transporte fácil. Não obstante, a produção de
açúcar – em expansão na época colonial – marcou a culinária brasileira com a
presença da garapa e da rapadura, impactando num alto consumo e produção de
doces.
A região Sudeste tem um cardápio muito variável e que difere a cada estado.
Assim, o Espírito Santo é marcado pela mandioca, peixes e frutos do mar sendo a
moqueca de peixe cozida com urucum e coentro e o quibebe, que é uma torta de
bacalhau. Em Minas Gerais, marcado pelos indígenas e bandeirantes, o consumo
maior é de derivados de leite, couve, farinha, feijão, milho e carne de porco. No Rio
de Janeiro, marcado pela influência da Coroa Portuguesa é caracterizado pelo
consumo de feijão preto. Por fim, em São Paulo onde há grande influência italiana, os
pratos típicos são o cuscuz, virado e o conjunto de arroz, feijão, bife e batata-frita.
Além disso, uma revisão sistemática realizada por Moreira et al (2015) apontou
que o grau de escolaridade e a renda familiar impactam diretamente na qualidade da
dieta, “isso mostra que as classes de menor renda são as que mais estão sujeitas a
aumentar o consumo de alimentos com maior nível de processamento e reduzir o
consumo de alimentos frescos” (DA COSTA PROENÇA et al, 2021, p.7). Isso pode
ser explicado pelo fato de que “quanto mais denso em energia é o alimento, mais
baixo é o seu custo, tornando-se assim, estes alimentos uma opção para os mais
pobres” (PANIGASSI, 2008, p.142)
Nessa mesma pesquisa, aponta-se que os alimentos mais consumidos são os dos
“grupos das carnes e ovos, colesterol, gordura total e saturada (MOREIRA ET AL,
2015, p.3909). Assim, percebe-se que a dieta brasileira tem características bem
delimitas e o poder aquisitivo do sujeito impacta diretamente na qualidade dos
alimentos consumidos. Dessa forma, é importante trazer dados sobre como o período
da pandemia de Covid-19 teve sobre a alimentação da população brasileira.
Pode-se assim inferir que, a crise econômica que o Brasil atravessa e o decorrente
aumento do desemprego e da desigualdade social causaram um grande impacto no
acesso aos alimentos, especialmente em famílias de baixa renda. Segundo Da Costa
Proença et al (2021), regiões economicamente menos desenvolvidas e pessoas com
um índice de escolaridade menor aumentaram o consumo de alimentos ultra
processados durante o período de pandemia. Um outro estudo feito por Bernardes
(2021, p. 3) cita o Relatório do Comitê Mundial de Segurança Alimentar em que foi
constatado que a “disponibilidade de alimentos está sendo afetada em curto e longo
prazos e que os mais pobres e demais atingidos pela recessão poderão ter o acesso
aos alimentos e qualidade da alimentação comprometidos”. Ainda este mesmo estudo
mostrou que uma parcela significativa de famílias deixou de fazer uma ou mais
refeições no dia por falta de dinheiro, sendo estes números maiores nas regiões Norte
e Nordeste do país.
Visto tudo o que foi citado é possível concluir que pessoas de baixa renda e de
regiões mais pobres do Brasil foram as mais afetadas no que se refere ao acesso de
alimentos durante a pandemia da COVID-19. O nível econômico está diretamente
relacionado com os padrões de alimentação, mas ainda assim não foram encontrados
estudos que mostrem que a disponibilidade de alimentos e que nível socioeconômico
estão relacionados ao desenvolvimento de Transtornos Alimentares.
Visto tudo o que foi falado até o presente momento, mostra-se importante abordar
sobre a condição socioeconômica e cultural de jovens brasileiras, população está que
será a população estudada pela presente pesquisa.
A pesquisa realizada por Alvarenga, Scagliusi e Philippi (2011) com 2.489 jovens
universitárias de alguns cursos de graduação, incluindo psicologia, mostrou que
comportamentos de risco para transtornos alimentares são comuns nesse público. As
jovens que estiveram nas pesquisas são de diferentes regiões do Brasil e faz-se o
apontamento da globalização de informação como um fator a ser considerado, visto
que apesar de estarem em grupos diferentes, as jovens não apresentaram
divergências nas respostas e nem na frequência de comportamentos de risco; cabe
ressaltar que os TA são precedidos por comportamentos de risco. Vê-se então que,
10
não existe dados que indiquem que há uma diferença de nível socioeconômico entre
jovens que apresentam quadros de TA.
Além do mais, um citado realizado por Ferreira e Veiga citado por Alvarenga,
Scagliusi e Philippi (2011) avaliou jovens entre 12 e 19 anos, com baixo nível
socioeconômico, no Rio de Janeiro em que foi identificado que 37% dos participantes
apresentavam sintomas de TCA e 24,7% seguiam dietas restritivas.
Para concluir, cabe apontar o estudo de Polesso e Machado (2022), que buscou
investigar a relação das mídias sociais no desenvolvimento de TA em adolescentes,
adultos jovens e adultos através de pesquisa bibliográfica, em que se foi destacado
que as mídias sociais apresentam correlação com insatisfação corporal e
consequentemente com o desenvolvimento de TA. O escrito cita também o estudo
realizado por Tavares com universitários se identificou que o vício em redes sociais e
a manipulação de fotos estão relacionados a comportamentos alimentares
disfuncionais; em que foi observado que " indivíduos que faziam uso do Instagram
apresentavam maiores escores de comer emocional, isto é, o aumento das emoções
negativas provocando o ato de comer, e a alimentação sendo utilizada como forma de
distração dos sentimentos " (POLESSO e MACHADO, 2022). Essa consideração faz-
se importante pois as mídias sociais já tinham um papel ideológico importante não só
no Brasil, mas em todo mundo e em decorrência da pandemia isso ganhou mais força,
visto que, o isolamento social levou a maioria dos indivíduos a gastarem ainda mais
tempo na internet. Esse contexto sociocultural que está a todo tempo em contato com
mídia e internet efetivamente se relaciona aos padrões de alimentação de jovens
brasileiras e os impacta de alguma forma.
Visto tudo que foi abordado até este momento, é válido ressaltar a importância
do processo psicoterapêutico para o paciente com compulsão alimentar, devido o
transtorno estar perpassado por crenças em relação a comida e a imagem corporal
do sujeito, além de outras questões e os comportamentos desadaptativos atrelados a
isso. Assim, foi possível estabelecer os parâmetros de tratamento baseado na TCC
para a compulsão alimentar, além de trazer um breve aparato da contribuição dos
saberes psicológicos dentro da temática e a conduta adotada por alguns profissionais
que podem (e devem) compor a equipe multidisciplinar. Visando assim, estabelecer o
leitor dentro da linha teórica que será seguida dentro da presente pesquisa.
1.7 Objetivo
A presente pesquisa pretende investigar as narrativas de profissionais de
psicologia e nutrição sobre o impacto do momento pandêmico no desenvolvimento da
Compulsão Alimentar em jovens garotas.
1.8 Justificativa
O assunto abordado até então ainda possui uma quantidade baixa de
produções acadêmicas. Dessa forma, o presente projeto justifica-se pelo fato de
proporcionar um aumento do conhecimento e atualização profissional sobre o
tema durante a pandemia, o que consequentemente impactará no tratamento
oferecido a população em geral.
Além disso, a presente pesquisa mostra sua relevância social pois contribuirá
para reflexões em políticas públicas visando sua melhoria e modificação, de forma
a atender melhor a população.
2 Método
A presente pesquisa segue o método qualitativo e está pautada na abordagem
da Terapia Cognitivo-comportamental (TCC), em que a ideia principal é de que,
segundo Beck (2013) o humor e o comportamento são influenciados pelos nossos
pensamentos, as quais estão pautados em nossas crenças centrais que podem
ser adaptativas ou desadaptativas. Dessa forma, em casos de transtornos
psicopatológicos, as crenças centrais seriam disfuncionais o que impactaria em
16
2.1 Participantes
Para a realização da presente pesquisa entrevistaremos seis pessoas, sendo
três nutricionistas e três psicólogos que trabalham com a abordagem da Terapia
Cognitiva Comportamental com no mínimo dez anos de experiência em transtorno
alimentar, principalmente compulsão alimentar.
2.2 Instrumentos
17
2.3 Procedimentos
O projeto de pesquisa do estudo presente terá início após aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa.
https://us05web.zoom.us/j/6732613112?pwd=dklHY1BUQ2dNUkRLZldoaVRUV2toUT
09 .
Cronograma
Referência bibliográfica
BERNARDES, Milena Serenini et al. (In) segurança alimentar no Brasil no pré e pós
pandemia da COVID-19: reflexões e perspectivas. InterAmerican Journal of
Medicine and Health, v. 4, 2021.
BETTO, Frei. A fome como questão política. Estudos Avançados, v. 17, p. 53-61,
2003.
NEUMANN, Ana Luisa et al. Impacto da pandemia por covid-19 sobre a saúde
mental de crianças e adolescentes: uma revisão integrativa. 2021.
OLIVERA, Gabriela Alves de; FONSÊCA, Patricia Nunes da. A compulsão alimentar
na recepção dos profissionais de saúde. Psicologia Hospitalar, v. 4, n. 2, p. 1-18,
2006.
22
TOUYZ, Stephen; LACEY, Hubert; HAY, Phillipa. Eating disorders in the time of
COVID-19. Journal of eating disorders, v. 8, n. 1, p. 1-3, 2020.
23
Anexos
1.1 Roteiro de entrevista
Descreva sua trajetória até se tornar uma profissional que atende jovens garotas com
TA.
De que maneira as jovens garotas com TCA conseguem ter acesso a você?
Quais são os sintomas que as pacientes com TCA atendidas por você tem
apresentado e podem estar relacionados ao momento pandêmico?
Como você descreveria o impacto que a pandemia de covid -19 teve nos aspectos
emocionais de suas pacientes?
A partir de sua experiência, como você descreveria o impacto que a pandemia teve
nas suas pacientes com TCA?