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PROCESSUAL
CIVIL
Jurisdição, Ação e Pressupostos
Processuais
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Jurisdição, Ação e Pressupostos Processuais
Gustavo Deitos
Sumário
Jurisdição, Ação e Pressupostos Processuais........................................................................... 3
1. Jurisdição....................................................................................................................................... 4
1.1. Teoria Geral da Jurisdição........................................................................................................ 4
1.2. Dos Limites da Jurisdição Nacional.. ................................................................................... 10
2. Ação............................................................................................................................................... 17
2.1. Condições da Ação.................................................................................................................. 18
2.2. Elementos Identificadores da Ação. . .................................................................................. 25
2.3. Classificação das Ações........................................................................................................ 30
3. Pressupostos Processuais.. ..................................................................................................... 34
3.1. Pressupostos Processuais de Existência.. ......................................................................... 34
3.2. Pressupostos Processuais de Validade. . ........................................................................... 35
Questões de Concurso.................................................................................................................. 37
Gabarito............................................................................................................................................60
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Jurisdição, Ação e Pressupostos Processuais
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Jurisdição, Ação e Pressupostos Processuais
Gustavo Deitos
1. Jurisdição
Jurisdição é uma terminologia derivada do latim, com a junção dos termos juris (direito) e
dicere (dizer). Jurisdição, semanticamente, consiste no ato de dizer o direito. A partir do mo-
mento em que a jurisdição é exercida por um Estado soberano, ela passa a consistir na função
pela qual o Estado aplica a lei geral e abstrata a todos os casos concretos que devam ser apre-
ciados por órgãos e/ou agentes do Estado.
Diante da moderna separação dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a jurisdi-
ção passa a servir como elemento essencial para a distinção da função do Poder Judiciário: a
função jurisdicional.
Todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) exercem, de forma principal, uma
função. As funções principais de cada Poder são:
• Poder Executivo: função administrativa/executiva;
• Poder Legislativo: função legislativa (normativo-criativa);
• Poder Judiciário: função jurisdicional (dizer o direito).
Inércia
A jurisdição não é aplicada aos casos concretos se os sujeitos interessados não provoca-
rem o Poder Judiciário para tanto. Em termos propriamente ditos, a jurisdição é inerte. O ato
de “dizer o direito”, por parte do Estado-juiz, só será praticado se os sujeitos interessados no
conflito solicitarem ao Estado-juiz que a lide seja resolvida.
Alia-se a esta característica, teoricamente, o princípio dispositivo (ou princípio da deman-
da), segundo o qual o juiz não pode decidir questões senão mediante provocação das partes
(art. 2º do CPC).
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Substitutividade
O Estado-juiz, ao aplicar o direito aos casos concretos, substitui as próprias partes no papel
de tutelar o direito envolvido no conflito.
No direito natural, as próprias partes tutelam seus direitos, à base das próprias forças. Isso
é o que se conhece por autotutela. A fim de que os bens jurídicos não sejam autotutelados pe-
los sujeitos, e de modo que seja evitado o retrocesso ao estado de barbárie, o Estado substitui
os sujeitos no papel de tutelar os direitos envolvidos.
Como condição necessária para que a substituição das partes seja exercida pelo Estado-juiz
com justiça, deve o órgão judicial ser imparcial: não deve o Estado-juiz conservar tendências de
cunho institucional ou pessoal que possam beneficiar uma ou outra parte do conflito. O direito
deve ser aplicado ao caso concreto com o máximo de imparcialidade possível, sem que sejam
observadas as pessoas envolvidas, mas, sim, o direito envolvido e a norma jurídica aplicável.
Indelegabilidade
O Poder Judiciário não pode delegar – atribuir a outrem – a função jurisdicional (de aplicar
o direito ao caso concreto). Esta função é privativa dos órgãos do Poder Judiciário, e a atri-
buição dessa função, de forma típica, a outros Poderes configuraria violação ao princípio da
separação dos poderes (art. 2º da Constituição Federal).
Ademais, a atribuição da função jurisdicional a terceiros também poderia configurar ofensa
ao princípio do juiz natural.
Embora a característica da indelegabilidade seja consagrada e tida como regra geral no orde-
namento jurídico, o direito processual brasileiro permite a existência da arbitragem.
A fim de evitar que o problema seja carregado por muito tempo, e com o propósito de tirar do
juiz o popular “poder da caneta”, as partes podem procurar formas extrajudiciais de solução do
problema, lançando mão de concessões recíprocas até que cada parte consiga a parcela mais
favorável para si, respeitando as limitações da outra parte. Desse propósito, decorre o surgimen-
to das ferramentas alternativas de resolução de conflitos, dentre as quais figura a arbitragem.
As formas alternativas de solução de conflitos aparecem com o propósito de proporcionar
às partes maior celeridade na resolução do problema. A judicialização da causa, no fundo, não
é o que as partes querem. O que elas querem, intimamente, é a resolução do problema havido
entre elas da forma mais favorável possível.
O CPC, em seu art. 3º, § 1º, dispõe: “É permitida a arbitragem, na forma da lei.”. A arbitra-
gem, no Brasil, é estruturada na Lei n. 9.307/96 (Lei de Arbitragem). O art. 1º desta lei afirma
que a arbitragem se dirige a dirimir conflitos relativos a “direitos patrimoniais disponíveis”.
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De acordo com os arts. 13 e 14 da Lei de Arbitragem, pode ser árbitro qualquer pessoa ca-
paz e que tenha a confiança das partes, e que não recaiam em nenhuma causa de suspeição
ou impedimento dentre aquelas mesmas previstas para os juízes no CPC.
As partes podem, também, em vez de nomear uma só pessoa como árbitro, nomear várias
pessoas, constituindo um Tribunal Arbitral.
Conforme o art. 19 da Lei de Arbitragem, considera-se instituída a arbitragem quando acei-
ta a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários (tribunal arbitral).
O árbitro proferirá sua sentença arbitral no prazo dado pelas partes ou, não havendo prazo
estipulado, no prazo de seis meses (art. 23 da Lei de Arbitragem). A sentença arbitral deve ter
os mesmos requisitos da sentença judicial: relatório, fundamentação e dispositivo, além de
indicação da data e do lugar da prolação (art. 26).
Sendo realizada a convenção de arbitragem, a causa julgada pelo árbitro não poderá ser
rediscutida em ação judicial, a menos que o contexto envolva alguma causa de nulidade da
sentença arbitral, ou se o réu deixar de alegar a existência de convenção de arbitragem em seu
favor. Inclusive, se o réu deixar que isso aconteça, será legalmente presumida sua aceitação
da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral (art. 337, § 6º, CPC).
Na prática, existem instituições incumbidas estatutariamente de exercer a atividade de ar-
bitragem. Nessas instituições, são matriculadas pessoas aptas a exercer a arbitragem. Essas
instituições existem para tornar mais acessível a opção pela arbitragem. Não significa que sem
elas a arbitragem não possa ser operacionalizada.
Definitividade
O exercício da jurisdição, por parte do Poder Judiciário, tem a prerrogativa de tornar de-
finitivas as decisões por ele tomadas. Os atos jurisdicionais, depois do término das possibi-
lidades de impugnação, tornam-se imutáveis e definitivos, não podendo ser rediscutidos em
sede de processos administrativos e, ainda, processos judiciais, exceto nos casos especiais
legalmente justificáveis (como no caso de ação rescisória, ação anulatória ou ação revisional,
nas respectivas hipóteses de cabimento).
Inafastabilidade
O exercício da atividade jurisdicional é inafastável. Não há objeto jurídico que seja imune
ao poder jurisdicional do Estado. A característica da inafastabilidade possui duas óticas:
• a lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma ameaça ou lesão a
direito (art. 5º, inciso XXXV, da Constituição). Esta, inclusive, é uma parte da essência do
princípio do acesso à justiça;
• o juiz não pode deixar de julgar um conflito alegando existência de lacuna no ordena-
mento jurídico: ele deverá valer-se de alguma ferramenta de integração do direito (fon-
tes formais acessórias ou fontes não formais), como analogia e princípios gerais do
direito, para julgar o caso concreto posto à sua análise.
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Improrrogabilidade
Se a jurisdição for exercida por quem não a possui, ou por órgão judiciário incompetente
para exercê-la em certo caso, a jurisdição não será estendida ao sujeito que dela se valeu ir-
regularmente. A irregularidade permanecerá, mesmo que tenha se mantido por longo tempo.
A característica da improrrogabilidade comporta exceções (caso da incompetência relati-
va, que estudaremos ainda nesta aula).
Imperatividade
As decisões proferidas pelo Poder Judiciário têm poder coativo/coercitivo sobre os sujeitos en-
volvidos (jurisdicionados). Os termos das decisões judiciais, portanto, obrigam os jurisdicionados.
O cumprimento da decisão judicial deve ser acatado pelos sujeitos envolvidos, sob pena de
aplicação de todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias que o
Judiciário puder adotar no contexto (multa, busca e apreensão, inscrição em dívida ativa etc.).
Eventual inobservância da decisão judicial somente poderá ocorrer nos limites das possibili-
dades de impugnação (recurso ou anulação, por exemplo), ou nas hipóteses de obtenção de
efeito suspensivo das decisões (suspensão da eficácia da decisão), nos termos da lei.
Além dessas características, é importantíssimo assimilar que a jurisdição somente poderá ser
exercida por agente público investido de jurisdição. Para investir-se de jurisdição, deve o agente
preencher todos os requisitos legais/normativos para exercer as atribuições da magistratura.
Em se tratando de juízes togados, é necessária a aprovação em concurso público de pro-
vas e títulos, além do preenchimento de eventuais requisitos especiais para magistrados de
tribunais de segunda instância ou instância superior (idade, tempo de exercício na advocacia
ou Ministério Público, idoneidade moral e reputação ilibada etc.).
Quanto aos juízes leigos, não aprovados em concurso público (atuantes em Juizados Es-
peciais), é necessário o preenchimento dos requisitos legais para a assunção desse cargo
(bacharel em direito, cinco anos de experiência na advocacia etc.).
A jurisdição, ainda, pode ser contenciosa ou voluntária. Abaixo, apresento a diferenciação
básica entre estas duas espécies.
• JURISDIÇÃO CONTENCIOSA: o Estado visa à composição de litígios por meio de um
processo autêntico, no qual exista uma lide (conflito) a ser resolvida, com a presença
das partes (autor e réu) e aplicação das regras processuais de ônus probatório, revelia
e confissão. Nessa modalidade jurisdicional, a decisão judicial pode produzir coisa jul-
gada formal e material.
• JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA: o Estado participa como mero administrador de interesses
privados, dando validade a negócios jurídicos por meio de um procedimento judicial.
Neste caso, não existe lide (conflito) e nem partes (autor e réu), mas apenas interessa-
dos (requerentes). Nesta modalidade jurisdicional, a decisão judicial pode produzir tão
somente coisa julgada formal.
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Coisa julgada material é a força impositiva que torna imutável e indiscutível a decisão de
mérito não mais sujeita a recurso. A decisão judicial, neste estágio, já ganha força de lei (art.
503, caput).
Coisa julgada formal restringe-se à impossibilidade de manifestação, sobre a causa, no
mesmo processo, em razão de este ter sido extinto. Neste caso, o mérito da ação (alegações
do autor e do réu, ou dos requerentes, se de jurisdição voluntária) não é apreciado.
Ainda, registro que a jurisdição voluntária tem sua natureza jurídica conceituada na doutri-
na de duas formas:
• TEORIA CLÁSSICA OU ADMINISTRATIVISTA: segundo os filiados a essa teoria, na juris-
dição voluntária, o juiz não atua exercendo atividade propriamente jurisdicional. Ele atua
exercendo mera administração de interesses privados.
Obs.: Quando a banca não sinalizar a adoção de teoria diversa, será preferível levar em conta
esta teoria para a resolução da questão.
Também é válido ter em mente algumas considerações básicas sobre o tema “competên-
cia”. Jurisdição e competência são temas interligados de uma forma especial porque a com-
petência é o limite da jurisdição.
A jurisdição não pode ser exercida, amplamente, por qualquer magistrado. Na verdade, a
atividade jurisdicional será exercida nos limites da competência do juiz.
Para imediato entendimento do raciocínio, esclareço que a competência possui várias es-
pécies, a saber:
• competência material (em razão da matéria);
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Exemplo: ações oriundas das relações de trabalho são julgadas pelos órgãos da Justiça do
Trabalho. Logo, um juiz de direito, por exemplo, seria incompetente para apreciar a causa tra-
balhista (sua jurisdição não poderia ser exercida sobre as relações de trabalho).
Exemplo: as causas e os conflitos entre a União e os Estados são processadas e julgadas pelo
STF, originariamente (art. 102, I, “f”, CF/1988).
Exemplo: o julgamento de mandado de segurança impetrado contra ato de juiz federal compe-
te originariamente ao TRF, e não pode ser impetrado perante outro juiz federal (art. 109, I, “c”,
CF/1988).
Exemplo: é competente o juiz do lugar do ato ou fato para a ação de reparação de dano (art.
53, IV, “a”, CPC).
Exemplo: é possível que o Juizado Especial Cível aprecie litígio comum valorado em até 40
salários mínimos (art. 3º, I, Lei n. 9.099/1995).
Mais adiante, estudaremos que algumas dessas competências são absolutas (observadas
obrigatoriamente, sob pena de nulidade) e outras são relativas (se não alegadas até um certo
momento, não provocam nulidade. Neste momento, o objetivo é que você assimile que o poder
jurisdicional do juiz (ou do tribunal) é limitado pelas suas competências.
Confira o que dispõe o art. 16 do CPC: “A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos
tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste Código”. Este artigo
ilustra perfeitamente que a jurisdição, por si só, é abrangente, mas encontra limites nas dispo-
sições do CPC: especialmente as que versam sobre competência interna. Isso sem falar nas
disposições constitucionais sobre competência.
Se o juiz/tribunal não tiver competência constitucional ou legal para apreciar uma causa,
ele não poderá exercer a jurisdição. Logo, suas decisões não serão imperativas, definitivas e
muito menos indelegáveis.
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TÍTULO II
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
CAPÍTULO I
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
Exemplo
No Brasil, ocorre um acidente entre dois cidadãos franceses. O art. 21, III, do CPC autoriza que
essa demanda seja processada e julgada no Brasil, mas os dois franceses preferem discutir esta
questão em órgãos judiciários da França. Pelo fato de a França reconhecer que é concorrente-
mente competente para julgar a demanda, o processo tramitará sob o procedimento francês.
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Exemplo
Ações relativas a imóveis situados no Brasil somente podem ser processadas e julgadas por
órgãos judiciários brasileiros, por força do art. 23, inciso I, do CPC. Se um processo relativo a
imóvel situado no Brasil tramitar na Rússia, a decisão final russa não terá nenhuma eficácia no
Brasil, e não poderá ser reconhecida.
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
Veja: basta que o réu esteja domiciliado no Brasil no momento do ajuizamento da ação.
Não é necessário que o réu tenha tido domicílio no Brasil ao tempo dos fatos narrados na pe-
tição inicial.
Obs.: O parágrafo único dispõe que será considerada domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
estrangeira que tiver, no Brasil, agência, filial ou sucursal. Exemplos práticos são inú-
meros: Google, Apple, Microsoft etc. Portanto, se a ação for ajuizada contra qualquer
pessoa jurídica que tenha agência, filial ou sucursal no Brasil, poderá tal ação tramitar
sob os órgãos brasileiros.
Exemplo: no Brasil, ocorre um acidente entre dois cidadãos franceses. A depender da opção
do autor, a ação pode ser ajuizada no Brasil. A mesma lógica vale para qualquer ato ou fato,
independentemente da nacionalidade dos envolvidos.
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Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa
jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I – de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
Exemplo: ação de alimentos que vise beneficiar uma pessoa (frequentemente, uma criança)
domiciliada ou residente no Brasil, independentemente de sua nacionalidade, poderá ser ajui-
zada no Brasil.
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda
ou obtenção de benefícios econômicos;
Qualquer ação poderá ser ajuizada contra uma pessoa que, mesmo não tendo nunca pi-
sado em solo brasileiro, tenha posses, propriedades, rendas ou outros lucros vindos do Brasil.
Exemplo: Maria, que sempre residiu no Brasil, compra roupas e calçados, por meio da internet,
de uma empresa chinesa. Ao se ver prejudicada nesta relação, em decorrência de algum pro-
blema em sua compra, Maria poderá ajuizar ação contra a respectiva empresa no Brasil.
Seja qual for o negócio jurídico celebrado entre as partes, elas poderão inserir, no instru-
mento do contrato, cláusula de eleição de foro em que escolhem dirimir quaisquer conflitos
decorrentes desse negócio perante os órgãos judiciários brasileiros.
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O art. 23, abaixo citado, elenca várias matérias de competência exclusiva do Poder Judiciário
brasileiro. Acerca delas, nenhum outro país poderá dispor em decisão judicial.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II – em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao in-
ventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens
situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional.
O PULO DO GATO
Todas as matérias dos incisos do art. 23, de forma nuclear, referem-se a bens situados no Brasil.
Sabendo desse detalhe, você já percorreu mais da metade do caminho para aprender a dife-
rencias as hipóteses de competência concorrente das de competência exclusiva do Poder
Judiciário brasileiro.
Obs.: Em todas as hipóteses do item n. 2, não importa a nacionalidade das partes envolvi-
das na ação.
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Caro(a) aluno(a), a sentença estrangeira, para ter eficácia no Brasil, depende de homologa-
ção. Quem realiza o juízo acerca dessa homologação é o Superior Tribunal de Justiça (STJ),
originariamente (art. 105, inciso I, alínea i, CF/1988). O procedimento para a homologação de
sentenças estrangeiras é delineado nos arts. 960 a 965 do CPC.
Interprete o termo “sentença” com sentido amplo. O art. 961, § 1º, do CPC permite a homo-
logação de quaisquer decisões que, mesmo não vindo de órgãos do Poder Judiciário do Esta-
do estrangeiros, teriam caráter jurisdicional de acordo com a sistemática brasileira. Ademais, o
art. 962 permite a execução, no Brasil, de decisões que concedam tipos de “tutelas provisórias
de urgência”, reconhecidas de forma parecida com esta no estrangeiro.
O trabalho do STJ é exercer um juízo de admissibilidade, aferindo a possibilidade jurídica
de que as disposições da decisão estrangeira sejam efetivadas no Brasil. O art. 963 do CPC
institui requisitos indispensáveis para a homologação da sentença estrangeira:
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Voltemos, agora, aos comentários dos dispositivos do CPC relativos aos limites da jurisdi-
ção nacional:
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as
disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Litispendência ocorre quando duas ações de iguais partes, pedidos e causas de pedir tra-
mitarem ao mesmo tempo. Se estas duas ações tramitarem concomitantemente no Brasil, a
segunda ação deverá ser extinta sem resolução do mérito (art. 485, inciso V, CPC). Veja, ainda,
o que dispõem os arts. 337, §§ 1º e 2º:
Obs.: Partes, causa de pedir e pedido são os três elementos configuradores da ação judicial.
Entretanto, se duas ações de iguais partes, pedidos e causas de pedir tramitarem ao mes-
mo tempo em países diferentes (em razão de competência concorrente), o fenômeno da li-
tispendência será relevado, isto é, não produzirá a consequência da extinção. É como se a
litispendência não existisse neste caso.
Conclusão: é perfeitamente possível que, no Brasil e no Paraguai, por exemplo, tramitem
duas ações com idênticas partes, pedidos e causas de pedir.
A regra acima (inexistência de litispendência entre ações que tramitem em países distintos)
comporta exceção: se tratados internacionais e/ou acordos bilaterais determinarem que deva
ser reconhecida a litispendência em ações idênticas que tramitem nos países signatários do
tratado/acordo, a litispendência será, sim, reconhecida e provocará a extinção do processo.
Exemplo
Brasil e Peru, por intermédio de seus representantes diplomáticos, resolvem celebrar acordo
bilateral determinando que os processos que tramitarem no Brasil e no Peru, com iguais partes,
pedidos e causas de pedir, ou envolvendo ações conexas, devem produzir a consequência da
extinção de uma das ações ou a reunião delas.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de
sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
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É necessário que você saiba, também, que em determinado momento será possível que
uma dessas ações seja extinta em razão da existência da homologação de sentença proferida
na outra. É a regra do parágrafo único. Convido-o para entendê-lo com o seguinte exemplo:
Exemplo
No Brasil, é processada ação idêntica a uma ajuizada na Nova Zelândia. A ação processada
sob os órgãos neozelandeses finalizou-se rapidamente. As partes requereram a homologação
da sentença final neozelandesa ao STJ, que a homologou.
A partir do momento em que o STJ homologa a sentença estrangeira, aquela ação idêntica que
tramita no Brasil será, finalmente, extinta sem resolução do mérito, em razão de litispendência.
Afinal de contas, se a sentença proferida pela autoridade da Nova Zelândia atende a todos os
requisitos do art. 963 do CPC, tal sentença está em plena adequação com o direito brasileiro.
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação
quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida
pelo réu na contestação.
§ 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previs-
tas neste Capítulo.
§ 2º Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º.
Exemplo
João e Pedro, brasileiros e viajantes frequentes, celebram contrato e escolhem como foro com-
petente para dirimir eventuais conflitos uma Vara Cível de Munique (Alemanha). João resolve
ajuizar ação indenizatória, no Brasil, relativamente a este contrato. Para que a ação seja extinta e
a jurisdição brasileira seja inacessível a este caso, deverá Pedro, até o oferecimento de sua con-
testação, indicar a existência da cláusula de eleição de foro exclusivo de Munique (Alemanha).
Se Pedro nada alegar em sua contestação, o órgão judiciário brasileiro passará a ser plena-
mente competente para processar e julgar a ação, e o direito de valer-se da cláusula restará
precluso.
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Conforme o art. 63 e seus parágrafos, deve a cláusula de eleição de foro ser escrita e aludir
expressamente ao negócio jurídico discutido. Ademais, essa cláusula obriga os herdeiros e
sucessores das partes.
A celebração de cláusula de eleição de foro tem um limite intransponível: as matérias de
competência exclusiva dos órgãos judiciários brasileiros (art. 23 do CPC).
Em negócios jurídicos que envolvam imóveis situados no Brasil, por exemplo, as partes não
poderão eleger como foro competente um órgão estrangeiro, pois a matéria que envolva imó-
veis situados no Brasil deve ser apreciada pela autoridade judiciária brasileira, com exclusão
de qualquer outra (art. 23).
2. Ação
A ação, ao longo da história, foi conceituada à luz de diferentes teorias. Apresentá-las-ei de
forma sucinta.
• TEORIA CIVILISTA ou TEORIA IMANENTISTA: a ação é o próprio direito material que
o sujeito quer defender. A ação, a rigor, seria uma reação do próprio direito material,
quando violado. O direito de ação e o direito material seriam, na prática, a mesma coisa.
Quem tem o direito material carrega consigo, automaticamente, o direito de ação para
tutelá-lo.
• TEORIA CONCRETA: o direito de ação, embora muito relacionado ao direito material
violado, não se confunde com este. Tecnicamente, o direito de ação consistiria numa
pretensão. Em razão disso, o direito de ação existiria somente diante de um pleito que
atendesse a determinadas condições (as atuais “condições da ação”). Além disso, seria
imprescindível para a existência de um direito de ação o fato de a pretensão do sujeito
ser procedente.
• TEORIA ABSTRATA: o direito de ação e o direito material supostamente violado tomam
caminhos muito distintos. É suficiente que, no ordenamento jurídico, o interesse da par-
te seja tutelado por alguma norma para que ela possa exercer o direito de ação. Não é
necessário que a parte de fato tenha uma pretensão procedente: basta que ela possa
submeter seu conflito ao Estado-juiz.
• TEORIA ECLÉTICA (adotada pelo CPC de 2015): o direito de ação é a possibilidade de
exigir do Estado uma postura na resolução do conflito que lhe for submetido. Mais do
que o mero direito de pedir a tutela de um direito, o direito de ação seria o poder de co-
brar do Estado uma postura efetiva e real. Em decorrência deste raciocínio, as partes
teriam direito a, sempre que possível, uma decisão de mérito. As partes (autor e réu) têm
direito a uma real solução do conflito, de modo que ela seja definitivamente finalizado/
resolvido, pouco importando se a pretensão do autor é procedente ou improcedente.
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Art. 6º. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo ra-
zoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportu-
nidade para, se possível, corrigir o vício.
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem
aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485 [extinção sem resolução do mérito].
Perceba que o direito de ação não possui um conceito universal. Diferentes ordenamentos
jurídicos podem tratá-lo de formas muito distintas, com condições e extensões variadas. O
CPC de 2015, como já alertado, adota a teoria eclética.
O CPC de 2015 reformulou a regra das condições da ação, e este fato tem dado causa a uma
exploração muito frequente, em concursos, das condições da ação.
As condições da ação são instituídas no art. 17 do CPC: “Para postular em juízo é neces-
sário ter interesse e legitimidade”.
No CPC de 1973 (revogado), havia uma terceira condição da ação: possibilidade jurídica do
pedido. A ação teria prosseguimento somente se a pretensão do autor fosse respaldada por
normas jurídicas.
A partir do CPC de 2015, a possibilidade jurídica do pedido não é mais uma condição da
ação. Agora, a possibilidade jurídica do pedido será um fator analisado como mérito do pro-
cesso: se o pedido é possível, ou não, é o juiz quem decidirá na sentença de mérito. Antes
disso, a ação terá prosseguimento mediante existência de interesse e legitimidade, como as
duas únicas condições da ação.
DICA
A possibilidade jurídica do pedido é um fator a ser analisado
ao longo do processo, isto é, no curso da instrução probatória,
das manifestações das partes e de terceiros e da análise do
juiz. Para que a ação seja ajuizada, é suficiente que haja inte-
resse e legitimidade.
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Interesse deve ser compreendido, em sentido completo, como interesse processual. Tradi-
cionalmente, chama-se tal condição de interesse de agir. Portanto, é possível que você veja em
provas esta condição com os nomes “interesse”, “interesse de agir” ou “interesse processual”.
O interesse existirá quando o autor da ação completar um binômio técnico: necessidade +
adequação. Explicarei cada um destes itens.
• NECESSIDADE: A ação deve ser necessária e útil para que o direito seja protegido,
restaurado ou compensado. Se a proteção, restauração ou compensação do direito
for perfeitamente possível sem o ajuizamento de ação, não existirá necessidade; logo,
não existirá interesse.
• ADEQUAÇÃO: Não basta que o autor tenha a necessidade de buscar o Judiciário: ele
deve escolher o meio processual legalmente adequado para a tutela de seu direito. Se o
autor procurar a tutela de seu direito por meio de uma espécie incorreta de ação, ou por
uma ferramenta inapropriada, sua pretensão não poderá ter seguimento, em razão de a
via processual por ele escolhida ser inadequada; logo, o autor não terá interesse proces-
sual, em razão de a medida processual eleita ser incorreta (inadequada).
Exemplo: José, condenado numa ação indenizatória, depois de um ano do trânsito em julgado
da ação, pretende desconstituir a sentença que o condenou. Para isso, José ajuizou uma ação
comum de revisão, enquanto, na verdade, deveria ajuizar ação rescisória, que é uma ação espe-
cialmente destinada à desconstituição da coisa julgada. Ao ajuizar uma ação de procedimento
comum em primeira instância, José elegeu uma via processual inadequada; logo, José não
tem interesse processual.
Obs.: É possível que o autor tenha necessidade, mas não tenha interesse, uma vez que
a necessidade deve aliar-se à adequação do meio processual escolhido (ação
adequada) para ter interesse de agir (interesse processual), no sentido técnico
da palavra.
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Não é suficiente que o autor tenha pleno interesse processual. Agora, vamos à segunda
condição da ação: legitimidade. Trata-se de uma condição aplicável tanto ao autor como ao réu.
A legitimidade, no processo, deve ser compreendida como legitimidade para a causa (legi-
timidade ad causam). Deve o autor, assim como o réu, ser legalmente autorizado a requerer a
tutela do direito envolvido no conflito de interesses.
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo or-
denamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente
litisconsorcial.
Exemplo: Maria sofre acidente de trânsito e ajuíza ação em face do culpado pelo acidente,
requerendo reparação de danos morais e materiais decorrentes do fato danoso.
• LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA: o direito é pleiteado por uma pessoa que, a rigor, não
é a própria titular desse direito. Trata-se do pleito de direito alheio em nome próprio. A
legitimidade extraordinária, para preencher a condição da ação “legitimidade”, deve ser
expressamente autorizada por lei, para certa e determinada hipótese.
− O legitimado extraordinário, por defender direito alheio em nome próprio, é tecnica-
mente denominado SUBSTITUTO PROCESSUAL. Logo, havendo participação do le-
gitimado extraordinário, ocorre o fenômeno da substituição processual, ao qual se
refere o parágrafo único do art. 18 do CPC.
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DICA
LEGITIMIDADE ORDINÁRIA – regra geral
LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA – exceção
LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA
LEGITIMIDADE ORDINÁRIA
(Substituição Processual)
Isto é importantíssimo, caro(a) aluno(a): faltando qualquer das condições da ação, ocorre
o fenômeno processual da carência de ação.
Logo, se o autor não tiver interesse (necessidade e/ou adequação) ou legitimidade para
a causa, ou se o réu apontado pelo autor não for passivamente legitimado a responder pela
lesão, concluir-se-á que o autor carece de interesse e/ou legitimidade.
Entendo que seja mais fácil visualizar a carência de ação quando o autor carece de interes-
se processual ou de legitimidade ativa. Quando o réu alegar ser parte ilegítima, ou alegar não
ter responsabilidade por um dano com o qual tiver alguma relação, o rumo processual será um
pouco mais complexo. Deverá ser observado o procedimento dos arts. 338 e 339 do CPC:
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo
invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substitui-
ção do réu.
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Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários
ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou,
sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídi-
ca discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de
indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição
inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como
litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
Quando o autor ajuizar a ação contra um réu que alega que, na verdade, não tem legitimida-
de para atuar no processo (preliminar de ilegitimidade passiva) ou não tem responsabilidade
pelo dano reclamado, o autor terá 15 dias para alterar, em sua petição inicial, o réu contra o
qual pretende litigar.
O prazo de 15 dias para alteração do réu terá início independentemente de o juiz concordar, ou
não, com a ilegitimidade passiva alegada pelo réu.
Portanto, é suficiente para o início do prazo de 15 dias para “troca de réus” que o réu simples-
mente alegue sua ilegitimidade passiva.
Se, após o transcurso do prazo de 15 dias, o autor não trocar o réu, em razão de discordar
da preliminar de ilegitimidade ou simplesmente em razão de silenciar-se, o juiz decidirá se o
réu é, ou não, parte legítima do processo. As consequências possíveis são duas:
• se o juiz entender que o réu é parte legítima, o processo terá prosseguimento normal;
• entendendo o juiz pela ilegitimidade passiva do réu, o processo será extinto sem reso-
lução do mérito, por falta de preenchimento de todos os aspectos da legitimidade (art.
485, inciso VI, CPC).
Obs.: A extinção sem resolução do mérito por ilegitimidade passiva somente acontecerá se
o autor perder o prazo de 15 dias para trocar de réus, ou se o autor discordar da ilegiti-
midade e se o juiz entender que, de fato, o réu é parte passivamente ilegítima.
Se o réu se valer da preliminar de ilegitimidade passiva, e houver alguma razão lógica que
leve a concluir que o réu é capaz, sim, de indicar o sujeito que deva responder pelos fatos (o
legítimo réu), terá ele o dever de indicar, ao mesmo tempo, quem seria o legítimo réu da ação.
Não haverá problemas se o réu demonstrar razões convincentes de que ele não tem conhe-
cimento do sujeito que deva responder pelos fatos narrados na petição inicial. Todavia, se o
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réu realmente puder indicar o sujeito responsável e não fizer essa indicação, ele deverá pagar
todas as despesas do processo, bem como deverá indenizar o autor pelos prejuízos que decor-
rerem do seu silêncio no tocante à indicação.
Conclusão: mesmo que o processo acabe extinto sem resolução do mérito por ilegitimida-
de passiva, se o réu deixar de indicar o verdadeiro legitimado quando puder fazer a indicação,
ele pagará as custas processuais e os honorários advocatícios. Trata-se de uma expressão
do princípio da causalidade: quem der causa à extinção do processo (neste caso, o réu, em
razão da impossibilidade de prosseguimento em face do real responsável) deve arcar com as
despesas processuais.
Quando o réu indicar o verdadeiro legitimado ou responsável, o autor poderá tomar uma
de duas atitudes:
• 1) Dentro do prazo de 15 dias para alteração (aditamento) da petição inicial, poderá
excluir o atual réu e incluir aquele indicado na preliminar de ilegitimidade passiva da
contestação. Neste caso, somente o novo réu (incluído) continuará no processo (art.
339, § 1º, CPC).
Nesta primeira hipótese, o autor pagará ao advogado do réu excluído (ilegítimo) hono-
rários advocatícios, em montante a ser fixado pelo juiz, respeitado o limite mínimo de 3% e
máximo de 5%, calculados sobre o valor da causa (já que nesta fase do processo ainda não há
condenação).
Obs.: Se o valor da causa for muito irrisório (baixo), os honorários ao advogado do réu exclu-
ído poderão observar a regra do art. 85, § 8º, do CPC: o juiz fixará, de forma equitati-
va (justa), um valor que dignamente remunere a atividade do advogado no processo,
levando-se em conta o tempo despendido, o zelo, o lugar da prestação dos serviços, o
trabalho despendido, a natureza e a importância da causa (art. 85, § 2º, CPC).
• 2) Também dentro do prazo de 15 dias para aditamento da inicial, o autor poderá man-
ter o primeiro réu e incluir, como litisconsorte passivo (outro réu), o sujeito indicado
na preliminar de ilegitimidade. É uma situação em que ambos os réus (o originário e
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o indicado) permanecerão no processo (art. 339, § 2º, CPC). Logo, nesta hipótese, não
haverá necessidade de pagamento de honorários de advogado ao primeiro réu, uma vez
que continua no processo.
Tome muito cuidado para não confundir as regras de substituição de réus (quando há alega-
ção de ilegitimidade passiva na contestação), com o fenômeno da substituição processual.
A substituição processual é sinônimo de legitimidade extraordinária: quando uma pessoa
pleiteia direito alheio em nome próprio, nos casos em que o ordenamento jurídico permitir.
As regras sobre substituição de réus nada têm a ver com substituição processual, no senti-
do técnico.
Obs.: Em caso de ilegitimidade passiva manifesta (grosseira), que não dê nenhuma margem
minimamente razoável de dúvida, não haverá nem mesmo o procedimento dos arts.
338 e 339 do CPC: a petição inicial será indeferida (art. 330, inciso II, CPC). Afinal de
contas, aquele procedimento tem utilidade quando o réu tiver alguma possibilidade de
indicar o legítimo réu. Se a ilegitimidade for extremamente patente, a petição inicial
será indeferida antes mesmo da oportunidade de aditamento em 15 dias.
Para finalizar esta parte, saliento que se o autor for parte manifestamente ilegítima ou se
ele não tiver interesse processual, a petição inicial será indeferida, e o réu não será sequer ci-
tado para audiência de conciliação ou contestação. É a regra do art. 330, caput, do CPC:
Passadas essas considerações, é possível apresentar-lhe uma ilustração ainda mais com-
pleta das condições da ação:
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Existem outras hipóteses de inépcia, que são estudadas na aula pertinente à petição
inicial. Desde já, saiba que a falta dos elementos pedido e/ou causa de pedir acarreta inép-
cia da petição inicial, que é um fundamento para que a petição inicial seja indeferida, e para
que o processo, por consequência imediata, seja extinto sem resolução do mérito (art. 485,
inciso I, CPC).
Ademais, se a(s) parte(s) for(em) manifestamente ilegítima(s), também ficará configurada
causa de indeferimento da petição inicial. É a regra do art. 330, inciso II, do CPC:
Obs.: Em caso de ilegitimidade passiva manifesta (grosseira), que não dê nenhuma margem
minimamente razoável de dúvida, não haverá nem mesmo o procedimento dos arts.
338 e 339 do CPC: a petição inicial será indeferida (art. 330, inciso II, CPC). Afinal de
contas, aquele procedimento tem utilidade quando o réu tiver alguma possibilidade de
indicar o legítimo réu. Se a ilegitimidade for extremamente patente, a petição inicial
será indeferida antes mesmo da oportunidade de aditamento em 15 dias.
Agora, tome cuidado para não confundir os elementos com as condições da ação:
Para solucionar situações em que duas ou mais ações tenham iguais elementos identifi-
cadores (partes, causa de pedir e/ou pedido), existem no CPC os fenômenos da conexão e da
continência. Veja:
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Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já
houver sido sentenciado.
§ 2º Aplica-se o disposto no caput:
I – à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II – às execuções fundadas no mesmo título executivo.
O fenômeno da conexão verifica-se quando as ações conexas têm, por igual, um dos se-
guintes elementos:
• pedido;
• causa de pedir.
Obs.: É suficiente a igualdade de somente um destes elementos para que a conexão reste
configurada (pedido ou causa de pedir). É uma regra alternativa, e não cumulativa.
A igualdade de causas de pedir é fácil de visualizar: o fato que fundou o ajuizamento das
duas ações é o mesmo, ou decorrem de um mesmo fator.
Já a igualdade de pedidos é algo de lógica um pouco distinta. Não se trata de serem pedidos
iguais de forma isolada, mas, sim, de dois pedidos certos e determinados de forma idêntica.
A conexão pode ser configurara mesmo que as partes dos processos conexos sejam diferentes.
É suficiente para a constatação da conexão a igualdade do pedido (certo e determinado) ou da
causa de pedir. Não importa quem sejam as partes.
Tão logo seja reconhecida a conexão entre dois ou mais processos, eles serão reunidos
para decisão conjunta, no juízo prevento (primeiro em que tenha sido registrada/distribuída a
primeira das ações).
Esta reunião deve ocorrer por determinação do juiz, de ofício. Afinal, a conexão consiste
em matéria de ordem pública, tida como expressão da isonomia e da segurança jurídica (deci-
sões não conflitantes sobre conflitos atrelados).
Não haverá decisão conjunta se um dos processos conexos já houver sido sentenciado. Neste
caso, o processo sentenciado ficará como está, e os demais – ainda pendentes de decisão –
serão reunidos para sentença conjunta (§ 1º).
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§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de de-
cisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
O § 3º do art. 55 cria uma hipótese de conexão que não precisa de identidade de pedidos ou
causa de pedir para ser configurada.
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a reunião dos processos passa a ser necessária para que se previna uma divergência jurispru-
dencial (entre órgãos) que leve os jurisdicionados a uma situação de insegurança.
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às par-
tes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
A configuração da continência entre dois ou mais processos é algo mais complexo. Exige-
-se a identidade de dois elementos: partes e causa de pedir. São elementos cumulativamente
idênticos.
Na continência, existem:
• ação continente: aquela que possui pedidos mais abrangentes, mais profundos/robus-
tos;
• ação contida: aquela que contenha menor número de pedidos, sendo, por isso, uma
ação menor.
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Ação declaratória
É aquela em que o autor, predominantemente, pede ao juiz uma decisão que declare a
existência, a inexistência ou o modo de ser de uma relação jurídica. É prevista nos arts. 19 e
20 do CPC:
Mesmo que em uma relação jurídica tenha alguma das partes sofrido danos, por culpa
da outra parte ou de terceiros, é perfeitamente possível que o sujeito prejudicado ajuíze uma
ação meramente declaratória, buscando tornar imutável o fato de a relação existir, inexistir ou
a forma como a relação ocorreu ou deva ocorrer.
Exemplo popular de ação meramente declaratória é a ação destinada ao reconhecimento
de tempo de serviço de um trabalhador para uma empresa ou pessoa, na Justiça do Trabalho,
a fim de que este tempo seja levado em consideração para futuras concessões de benefícios
previdenciários (aposentadoria, na maioria dos casos). Não importa se o trabalhador sofreu
alguma violação durante o trabalho: ele pode pedir ao juiz, tão somente, a declaração de exis-
tência da relação de emprego.
É plenamente possível que, em ação declaratória, o autor pretenda que um documento seja
declarado pelo juiz como autêntico, ou, em outras situações, como falso.
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Ação constitutiva
Ação condenatória
A ação condenatória é a que mais representa o caráter litigante das ações judiciais. Tra-
ta-se da espécie de ação que visa formar um título executivo judicial. Este título possibilita
que o réu seja obrigado a cumprir uma obrigação de pagar quantia, de entregar coisa, de
fazer ou de não fazer alguma coisa.
Se procedente a ação condenatória, o réu é condenado a cumprir obrigação descumprida,
que, como dito, pode ser de dar (pagar quantia ou entregar coisa), fazer ou não fazer.
Exemplos práticos são incontáveis: ação indenizatória por danos morais, ação de despejo,
ação de cobrança.
Ação mandamental
São as ações que permitem ao juiz, como meio de satisfação, emitir uma ordem e/ou co-
mando obrigatório ao réu, que deverá atendê-lo, sob pena de medidas indutivas e coercitivas
(imposição de multa, busca e apreensão, inscrição em órgãos de proteção ao crédito etc.).
Ademais, as ações mandamentais caracterizam-se pelo envolvimento de comandos judi-
ciais que, se descumpridos, dão ensejo à configuração de crime de desobediência.
Exemplo: mandado de segurança, habeas data, ação fundada em obrigação de fazer ou não fazer.
Nas ações mandamentais, o comando expedido pelo juiz (mediante mandado judicial, normal-
mente) é cumprido pelo próprio devedor. Este cumprimento ocorre sob certa pressão, como a
cominação de multa, previsão da possibilidade de busca e apreensão etc.
É neste ponto que reside a diferença crucial entre a ação mandamental e a ação executiva lato
sensu, que é a próxima a ser estudada.
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A ação executória lato sensu, ou executiva lato sensu (como preferir), é, no fim das contas,
uma decorrência da ação condenatória. Ela tem por objeto a estipulação de meios pelos quais
o próprio Estado-juiz satisfará a pretensão do autor, por meio de indisponibilidade de bens,
bloqueio de contas bancárias, penhoras, expropriações etc.
O ponto que diferencia a ação executória lato sensu da ação mandamental é este: quem
cumprirá o comando judicial.
Perceba que as ações são tradicionalmente classificadas em uma dentre cinco categorias.
Este fato enquadra a referida classificação na teoria quinária (quíntupla) das ações, pois po-
dem ser classificadas de cinco formas.
Alguns doutrinadores (mais conservadores) adotam a teoria ternária (trinária) das ações,
reconhecendo somente a declaratória, a constitutiva e a condenatória (três categorias). Em
questões de concurso, são cobradas as cinco categorias – inclusive a executória lato sensu e
a mandamental –, razão pela qual recomendo a consideração da teoria quinária.
Professor, não consigo classificar as ações com base nesses critérios, uma vez que exis-
tem ações que se encaixariam em vários deles. O que eu faço?
Não se preocupe com isso, caro(a) aluno(a). Na prática, as ações enquadram-se em várias
dessas classificações. Você verá ações com objetos declaratórios e constitutivos, condenató-
rios e executórios, constitutivos e mandamentais, dentre outros exemplos possíveis.
Inclusive, saliento que o objeto declaratório é presente em quase todas as ações.
Exemplo
A constituição de uma relação jurídica de prestação de serviços, com o objetivo final de conde-
nação do réu por perdas e danos, geralmente é acompanhada da declaração da existência da
obrigação de prestar os serviços. Ao final, é possível a execução da obrigação descumprida.
Veja que, numa só ação, identificam-se quatro critérios classificadores.
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Existe uma forma de classificação das ações, ainda existente na doutrina e cobrada em
questões de foco mais conservador e teórico, que separa as ações em: ação de conhecimento,
ação de execução e ação cautelar.
O CPC de 2015 torna praticamente inócua esta classificação, uma vez que a fase executiva
(cumprimento de sentença) ocorre no mesmo processo em que tenha existido a fase de co-
nhecimento. Logo, a tutela cognitiva (conhecimento) e a tutela satisfativa (execução) ocorrem
na mesma ação, mas em fases distintas. Logo, não se sustenta mais a separação das ações
em “ação de conhecimento” e “ação de execução”.
Ademais, o CPC de 2015 extinguiu as ações cautelares autônomas, que eram ajuizadas
com o objetivo principal de pedir ao juiz uma medida liminar antecipada ou cautelar, com base
em probabilidade do direito (fumus boni juris) e perigo na demora (periculum in mora). Agora,
as referidas liminares devem ser formuladas de acordo com as regras da tutela provisória, que
normalmente é concedida nos mesmos autos do processo principal, onde também ocorrem as
fases de conhecimento e execução.
Logo, não se sustenta mais, tecnicamente, uma classificação que dê espaço a “ações cau-
telares” propriamente ditas.
Passadas estas considerações, e tendo em vista que algumas bancas ainda exploram esta
classificação, apresento, abaixo, a teoria doutrinária pertinente.
• AÇÃO DE CONHECIMENTO: tem por finalidade o reconhecimento (certificação) da exis-
tência ou inexistência do direito, bem como da maneira como tal direito pode ser exer-
cido e de seus parâmetros de aplicação. É a ação que visa a descoberta da verdade
sobre o conflito, mediante coleta de provas, oportunidade de defesa, narração dos fatos,
dentre outros atos, todos destinados a formar o convencimento do juiz sobre a verdade
real do conflito de interesses (lide) existente. O objetivo da ação de conhecimento é o
esclarecimento do conflito, de modo que o juiz possa aplicar o direito da forma mais
justa possível ao caso concreto.
• AÇÃO DE EXECUÇÃO: tem por finalidade a satisfação do titular do bem jurídico, que tem
seu direito “entregue” pelo Estado após o efetivo conhecimento de seu direito. É, em ou-
tras palavras, a satisfação de um direito já certificado e reconhecido numa ação de co-
nhecimento, ou de um direito que, por preencher alguns requisitos legais, não precisou
de um processo de conhecimento para ser satisfeito diretamente. O objetivo da ação de
execução é a efetiva entrega de um direito que já é certo.
• AÇÃO CAUTELAR: Tem por objeto evitar que um direito ou uma prova se deteriore pelo
transcurso do tempo, bem como buscar a antecipação de um direito, em razão de even-
tual demora causar a sua perda definitiva. Funda-se nos pressupostos probabilidade do
direito (fumus boni juris) e perigo na demora (periculum in mora).
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3. Pressupostos Processuais
Os pressupostos processuais são elementos que devem existir para que o processo seja
constituído e, além de constituído, tenha andamento, a fim de que se possa chegar ao resulta-
do final: a entrega da tutela jurisdicional pelo Estado-juiz.
Dessa forma, podemos concluir que os processos devem preencher pressupostos de cons-
tituição e de desenvolvimento válido e regular. A ausência de quaisquer desses pressupostos
acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito (art. 485, IV, CPC).
Estes dois tipos de pressupostos podem ser definidos de uma maneira mais simples: pres-
supostos de existência e de validade.
• PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA: são os elementos que devem existir para que o pro-
cesso se considere existente, isto é, constituído de pleno direito.
• PRESSUPOSTOS DE VALIDADE: são os elementos que devem se fazer presentes a fim
de que o processo tenha um andamento válido, de modo que a tutela jurisdicional seja
considerada entregue perfeitamente de acordo com o direito, independentemente de
seu conteúdo.
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Obs.: Algumas bancas podem chamar este pressuposto de “petição inicial”, com o mesmo
sentido de “pedido” e “demanda”.
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• Petição inicial válida. Quando existe um pedido, está presente um pressuposto de exis-
tência. Quando a petição inicial atende a todos os seus requisitos legais de regularidade
(arts. 319 e seguintes do CPC), está presente um pressuposto de validade.
Lembre-se de que, como dito logo acima, a capacidade das partes é ponto de divergência dou-
trinária, se seria um pressuposto de validade ou de existência. Fato é que a capacidade das
partes é um pressuposto processual, mas não se definiu ainda, ao certo, se de validade ou de
existência.
Os pressupostos negativos – os que não devem ser verificados para que o processo seja
válido – são todos objetivos. São eles:
• não deve haver litispendência. Não deve haver um processo idêntico (com mesmas
partes, causas de pedir e pedidos) ainda em andamento;
• não deve haver coisa julgada. Não pode a causa já ter sido decidida por decisão de mé-
rito transitada em julgado, com mesmas partes, causas de pedir e pedidos;
• não deve haver perempção. Não pode a parte ter sido punida pelo juiz a ficar algum tem-
po, ou permanentemente, sem poder ajuizar ação.
Exemplo: se o autor abandonar a causa por três vezes, ele não mais poderá ajuizar ação com
iguais pedidos contra o mesmo réu (art. 486, § 3º, do CPC).
Alguns doutrinadores apontam um quarto pressuposto negativo: não deve existir conven-
ção de arbitragem. Todavia, nem toda a doutrina reconhece esta quarta hipótese porque o juiz
não pode conhecer de convenção de arbitragem de ofício. De qualquer forma, se o réu alegar a
existência dessa convenção até a contestação, o processo não poderá validamente ter prosse-
guimento, devendo o juízo abster-se de apreciar a causa antes do árbitro elegido pelas partes.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP/PROCURADOR DO MUNICÍ-
PIO/2019) Jurisdição é o poder que o Estado tem de resolver os conflitos, substituindo a vonta-
de das partes e impondo essa decisão coercitivamente. Assinale a alternativa que estabelece,
de acordo com a teoria clássica, majoritária no Brasil, a característica da jurisdição voluntária.
a) Tem caráter administrativo.
b) Ocorre em um procedimento em que há interessados e coisa julgada.
c) A jurisdição atua a partir de uma lide, na qual há conflitos de interesse.
d) Tem por finalidade a atuação do direito e a pacificação social.
e) Um exemplo de jurisdição voluntária é a ação de restauração de autos.
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a) Errada. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta alternativa reproduz corretamente a
noção teórica da característica da definitividade. Ademais, como decorrência de outras carac-
terísticas, como a da substitutividade, o juiz deve ser imparcial.
b) Certa. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta alternativa afronta a noção de impe-
ratividade, que é uma das características essenciais da função jurisdicional: outros órgão não
podem negar força às decisões judiciais.
c) Errada. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta alternativa é correta pelo fato de
não ignorar a autocomposição, que é uma forma de tutela jurídica não jurisdicional, ao lado das
ferramentas alternativas de solução de conflitos, como a arbitragem.
d) Errada. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta alternativa está correta: a função
jurisdicional pode ser exercida de forma dividida em variados ramos (Justiça Estadual, Federal,
do Trabalho etc.). De qualquer forma, a função jurisdicional pertence a uma única fonte impe-
rativa: o Estado (República Federativa do Brasil).
e) Errada. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta alternativa reproduz de forma perfei-
ta a característica da inércia, corroborada pela norma principiológica do art. 2º do CPC.
Letra b.
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d) A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a au-
toridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas
as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
e) Compete à autoridade judiciária brasileira, em qualquer hipótese, o processamento e o jul-
gamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, por sua ineficácia.
a) Errada. Trata-se de conteúdo a ser aprofundado na aula sobre a teoria geral do processo.
Conforme o art. 18, caput, “Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico”. Portanto, há possibilidade de exceções no sen-
tido de que o pleito de direito alheio em nome próprio será possível.
b) Errada. Trata-se de conteúdo a ser aprofundado na aula sobre a teoria geral do processo.
Conforme o art. 17, “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade”. A possi-
bilidade jurídica do pedido não é mais uma condição da ação, no Novo CPC.
c) Errada. Trata-se de conteúdo a ser aprofundado na aula sobre a teoria geral do processo.
Conforme o art. 20, “É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a
violação do direito”.
d) Certa. Trata-se da correta regra literal, e estudada na aula, do art. 24, caput, do CPC.
e) Errada. Conforme o art. 25, caput, do CPC, “Não compete à autoridade judiciária brasileira o
processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo
estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação”.
Letra d.
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c) Errada. A descoberta da verdade não se insere como escopo (elementar) da jurisdição. Tal
descoberta pode, ou não ocorrer no campo das provas apresentadas, mas é perfeitamente
possível o exercício de jurisdição sem a efetiva descoberta da verdade real. Esta é, até mesmo,
a regra geral na prática processual. Ademais, também é possível o exercício de jurisdição sem
formação de coisa julgada material. Utilizemos o exemplo da jurisdição voluntária: ela não
forma coisa julgada material, mas, somente, coisa julgada formal.
d) Errada. Nem sempre o exercício da jurisdição será pautado na aplicação da lei ao caso con-
creto. É muito frequente – e até incentivada pelo CPC – a realização de conciliações em pro-
cessos. Veja: havendo conciliação, o direito objetivo (abstrato) não será imposto às partes por
um agente investido de jurisdição (juiz). Esta situação já é suficiente para desconstituirmos a
credibilidade do advérbio “sempre”, desta alternativa.
Letra b.
Caro(a) aluno(a), o professor entende que esta questão teria, a rigor, dois gabaritos: “a” e “b”.
Explicarei nos comentários.
a) Errada. Entendo que esta alternativa também estaria correta, em razão de a jurisdição vo-
luntária ter essência predominantemente administrativa. Inclusive, a questão de n. 7 deste
material, também da CESPE, afirma: “Na jurisdição voluntária não há lide: trata-se de uma for-
ma de a administração pública participar de interesses privados.”. A CESPE, na oportunidade,
considerou esta afirmação como correta. A banca VUNESP, na questão de n. 1 deste material,
também considera a jurisdição voluntária como de caráter administrativo. Nesta questão, o
elaborador, provavelmente, estava pensando somente na jurisdição contenciosa, que, por sua
vez, não tem caráter administrativo.
b) Certa. A ação rescisória, de objeto especial (desconstituição de coisa julgada), pertence à
jurisdição contenciosa, pois envolve interesses opostos. Logo, não há razão que justifique o
tratamento da ação rescisória de forma estranha.
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O art. 55 dispõe: “Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pe-
dido ou a causa de pedir”.
Errado.
Na verdade, o princípio da investidura determina que o agente estatal aplicador da atividade ju-
risdicional deve cumprir todos os requisitos legais e constitucionais para investir-se no cargo:
aprovação em concurso público para juízes de carreira, idade e tempo de atividade profissional
para membros do quinto constitucional etc.
Errado.
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Ações relativas a imóveis situados no Brasil são de competência exclusiva dos órgãos judiciá-
rios brasileiros, com exclusão de qualquer outro (art. 23, inciso I, CPC).
Errado.
Trata-se do conceito básico de jurisdição, muito semelhante ao trazido nesta aula: solucionar
conflitos e aplicar o direito ao caso concreto, reconhecendo sua pertinência.
Certo.
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( ) A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que
a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas,
ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais
em vigor no Brasil.
( ) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que o réu,
qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil.
( ) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que no Brasil
tiver de ser cumprida a obrigação.
( ) Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra, conhecer
de ações relativas a imóveis situados no Brasil.
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O único erro do item está no requisito para que a pessoa jurídica estrangeira se considere
domiciliada no Brasil. Conforme o art. 21, parágrafo único, “considera-se domiciliada no Brasil
a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.”. O primeiro período do
item, sobre a competência, está correto (art. 21, inciso I, CPC).
Errado.
a) Errada. A jurisdição civil é exercida pelos órgãos nacionais, sendo respeitadas as disposi-
ções específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil
seja parte (art. 13 do CPC).
b) Errada. Tal matéria é de competência concorrente dos órgãos jurisdicionais brasileiros (art.
21, II, CPC).
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c) Errada. De acordo com o art. 17, “para postular em juízo é necessário ter interesse e legiti-
midade”. A possibilidade jurídica do pedido não é mais uma condição da ação.
d) Certa. É a regra literal o art. 18, caput, do CPC.
e) Errada. O art. 26, § 1º, dispõe que “na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacio-
nal poderá realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática”.
Letra d.
Quando um réu é cobrado por pretensão cuja satisfação não seja de sua responsabilidade, ele
será parte ilegítima; logo, haverá ilegitimidade passiva.
Certo.
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( )
A causa de pedir, um dos elementos da ação, se desdobra em causa de pedir próxima (a des-
crição dos fatos da causa) e causa de pedir remota (os fundamentos jurídicos da demanda).
( ) Interesse e legitimidade são condições para se postular em juízo.
( ) Legitimado ordinário para a ação é aquele que pleiteia em juízo, em seu próprio nome,
direito de que se considera titular.
( ) Entre os elementos da ação está o pedido, que se desdobra em imediato (a providência
requerida) e mediato (o bem da vida que se quer tutelar).
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Os elementos estruturantes da ação são: pedido, causa de pedir e partes. Portanto, se outra
ação reproduzir os mesmos três elementos, será idêntica à primeira, e ficará caracterizada a
litispendência (causa de extinção do processo sem resolução do mérito). Assim dispõe o art.
337, § 2º, do CPC: “Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido”.
Letra d.
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b) A restrição para se pleitear direito alheio em nome próprio é absoluta e não possui exceções.
c) É cabível ação declaratória do modo de ser da relação jurídica.
d) A ação declaratória de autenticidade de documento não é admitida pelo ordenamento jurídico.
e) Se houver afirmação de violação de um direito, não se admite a ação meramente declaratória.
a) Errada. De acordo com o art. 17, “para postular em juízo é necessário ter interesse e legiti-
midade”. A possibilidade jurídica do pedido não é mais uma condição da ação.
b) Errada. Confira a regra do art. 18, caput: “Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome
próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico”. Tal restrição não é absolu-
ta, portanto.
c) Certa. Trata-se da regra do art. 19, inciso I, CPC.
d) Errada. O art. 19, inciso II, permite o ajuizamento de ação declaratória de autenticidade de
documento.
e) Errada. O art. 20 dispõe que “é admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha
ocorrido a violação do direito”.
Letra c.
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c) Falta capacidade postulatória e, por esse motivo, deve ser dado prazo para a solução do
defeito processual.
d) Falta capacidade de ser parte, razão pela qual está ausente pressuposto de constituição
do processo.
e) É mera possibilidade de nulidade relativa do feito e, por esse motivo, não necessita de qual-
quer providência imediata.
Um órgão público (Secretaria), em regra, não tem capacidade de atuar em juízo na defesa de
seus atos. A representação como parte, no processo, incumbe à pessoa jurídica principal (no
caso, o Estado de Santa Catarina), que apresentará a defesa do órgão por intermédio de sua
procuradoria. Logo, a Secretaria (órgão) não possui capacidade de ser parte (estar em juízo),
pois tal capacidade pertence à pessoa jurídica (Estado).
Letra d.
O art. 20 dispõe que “é admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a
violação do direito”.
Letra d.
A ação declaratória acerca do modo de ser de uma relação jurídica pode, sim, ser ajuizada (art.
19, inciso I, CPC). Não há, portanto, falta de interesse processual nesta hipótese.
Errado.
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Conforme tradicional classificação doutrinária, a ação cautelar visa prevenir, conservar, defen-
der ou assegurar a eficácia de um direito. A ação de conhecimento visa certificar/reconhecer
um direito. Mesmo que o Novo CPC não tenha contemplado a ação cautelar autônoma, a ques-
tão direcionou-se a cobrar a conceituação doutrinária das ações de conhecimento, cautelar e
de execução.
Errado.
O direito de ação é assegurado a todas as pessoas. O direito subjetivo material, a ser pleiteado
na ação, pode ser procedente ou não. De qualquer forma, o acesso à justiça deve ser assegu-
rado, para que a certificação da existência ou inexistência do direito passe pelo crivo do Esta-
do-juiz. Logo, o direito de ação é autônomo e abstrato, não guardando relação com o direito
material invocado. Ademais, a análise do mérito da ação é condicionada ao atendimento de
suas condições: interesse e legitimidade. Além dessas condições, deve o processo atender a
todos os seus pressupostos processuais e demais requisitos legais de regularidade processu-
al (como os requisitos da petição inicial). Esta é a teoria eclética.
Certo.
Conforme o art. 485, § 3º, do CPC, “o juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos inci-
sos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em
julgado”. Após o trânsito em julgado, as questões da legitimidade e do interesse (inciso VI) são
absorvidas pelo mérito e, portanto, acobertadas pela coisa julgada material.
Errado.
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Trata-se da regra quase literal do art. 18: “Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome pró-
prio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico”. Entendo que o gabarito da banca é
questionável, uma vez que o “ordenamento jurídico” contempla várias outras fontes do direito,
muito além da lei estrita.
Certo.
Na verdade, a antiga condição da ação que passou a ser uma questão de mérito é a possibi-
lidade jurídica do pedido. A legitimidade continua sendo condição da ação (art. 17 do CPC),
analisada como questão preliminar.
Errado.
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O art. 18, parágrafo único, do CPC dispõe que “havendo substituição processual, o substituído
poderá intervir como assistente litisconsorcial”.
Errado.
Por primeiro, a possibilidade jurídica do pedido não é condição da ação. Por segundo, havendo
carência de ação (falta de interesse e/ou legitimidade), o processo será extinto sem resolução
do mérito (art. 485, VI, CPC).
Errado.
No CPC de 2015, predomina a teoria eclética: as partes (autor e réu) têm direito a uma real solução do
conflito, de modo que ela seja definitivamente finalizado/resolvido, pouco importando se a pretensão
do autor é procedente ou improcedente. A conceituação da teoria imanentista ou civilista, por sua
vez, está correta. O erro da questão é afirmar que tal teoria prevaleceria no direito processual atual.
Errado.
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No CPC de 2015, predomina a teoria eclética: as partes (autor e réu) têm direito a uma real so-
lução do conflito, de modo que ela seja definitivamente finalizado/resolvido, pouco importando
se a pretensão do autor é procedente ou improcedente.
Errado.
O interesse e a legitimidade são condições da ação. Os elementos, por sua vez, são as partes,
a causa de pedir e o pedido.
Errado.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Jurisdição, Ação e Pressupostos Processuais
Gustavo Deitos
No CPC de 2015, predomina a teoria eclética: as partes (autor e réu) têm direito a uma real so-
lução do conflito, de modo que ela seja definitivamente finalizado/resolvido, pouco importando
se a pretensão do autor é procedente ou improcedente. Logo, o direito material é totalmente
separado do direito de ação. Logo, o direito de ação é autônomo e independente.
Errado.
Conforme o art. 317, “antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conce-
der à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício”. Ademais, o art. 76 do CPC de 2015,
de forma específica, prevê a concessão de prazo razoável para regularização da representação
processual e da capacidade das partes.
Errado.
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Jurisdição, Ação e Pressupostos Processuais
Gustavo Deitos
a) Certa. Estes são exatamente os três exemplos mais trazidos pelos doutrinadores de pressu-
postos negativos de validade, que não devem estar presentes para que o processo seja válido
(por isso, são negativos).
b) Errada. Dentre estes três, a legitimidade processual não é pressuposto de existência, mas
de validade.
c) Errada. Capacidade postulatória é apontada como pressuposto de existência por uma parte
da doutrina, e de validade por outra, mas prevalece em questões que é pressuposto de vali-
dade. A demanda (objeto, pedido) é pressuposto de existência, e a arbitragem é reconhecida
como pressuposto processual negativo de validade.
d) Errada. Dentre estes três, somente a citação válida é pressuposto de existência. A compe-
tência é pressuposto de validade, e a arbitragem é reconhecida como pressuposto processual
negativo de validade.
e) Errada. A demanda (objeto, pedido) é pressuposto de existência, e a jurisdição é um pres-
suposto de existência. Somente a legitimidade é que é de fato um pressuposto positivo
de validade.
Letra a.
A doutrina diverge sobre a classificação da capacidade postulatória. Uns apontam como pres-
suposto de existência (como Marinoni, Arenhart e Mitidiero), e outros, como pressuposto de
validade. Para a banca VUNESP, o entendimento aplicável é o segundo: capacidade postulató-
ria é pressuposto de validade. Por ser inerente aos sujeitos processuais (parte e advogado), é
pressupostos subjetivo.
Letra b.
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Jurisdição, Ação e Pressupostos Processuais
Gustavo Deitos
I – Certo. É subjetivo por dizer respeito a um sujeito do processo, e de validade por não ser
essencial à constituição, mas sim ao desenvolvimento válido e regular do processo.
II – Certo. É objetivo por dizer respeito a um ato processual praticado em conformidade com
a lei, e de validade por não ser essencial à constituição, mas sim ao desenvolvimento válido e
regular do processo.
III – Errado. Os pressupostos de existência são todos positivos, mas, dentre os de validade,
existem pressupostos negativos: os que não devem se fazer presentes para que o processo
tenha desenvolvimento válido e regular. É o caso da coisa julgada, da litispendência, da pe-
rempção e da convenção de arbitragem.
Letra b.
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Jurisdição, Ação e Pressupostos Processuais
Gustavo Deitos
O juiz pode, sim, reconhecer a falta de pressupostos processuais de ofício, conforme o coman-
do do art. 485, § 3º, do CPC, que dá aos pressupostos processuais caráter de ordem pública.
Errado.
É neste sentido que se classifica a petição inicial nos pressupostos processuais. A existência
de petição contendo algum pedido atende aos pressupostos de existência, e a obediência aos
requisitos legais da petição inicial (arts. 319 e seguintes do CPC) atende aos de validade.
Certo.
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Jurisdição, Ação e Pressupostos Processuais
Gustavo Deitos
GABARITO
1. a 20. C 39. E
2. c 21. c 40. E
3. b 22. c 41. E
4. d 23. c 42. E
5. b 24. a 43. E
6. b 25. d 44. C
7. C 26. c 45. C
8. E 27. d 46. C
9. E 28. d 47. E
10. E 29. d 48. E
11. E 30. E 49. a
12. C 31. E 50. b
13. C 32. C 51. b
14. E 33. E 52. b
15. c 34. C 53. E
16. C 35. C 54. C
17. E 36. C 55. E
18. d 37. E 56. E
19. b 38. E 57. E
Gustavo Deitos
Professor de Cursos Preparatórios pra Concursos Públicos. Coach especialista em Concursos Públicos.
Servidor do TRT da 12ª Região.
Convocações: Técnico Judiciário do TRT da 12ª Região e Analista Judiciário do TRF da 3ª Região. Outras
aprovações: 8° lugar – TRT da 24ª Região – Analista Judiciário, 39° lugar – TST – Analista Judiciário e 48°
lugar – TRT da 24ª Região – Técnico Judiciário.
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