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26 A Formagao dos Solos Este é um poema sobre a existéncia...ndo um lirico, mas um épico lento cujas rimas foram definidas pelas longas eras geolégicas que 0 mundo jd experimentotta. — James Micitener, CENTENNIAL Retirando amostras do “solo” da Lua (NASA Apollo 14 ma Lua trabalharam em suas roupas pressurizadas pouco conforciveis para coletar amostras de rochas ¢ poeira da superficie lunar, as quais foram trazidas para a Terra a fim de serem analisadas. Descobriu-se, entdo, que as rochas da Lua tém composicio similar aquelas encontradas nas profundezas da crosta da Terra — uma composigio tao parecida que os cientistas conclufram que a Lua surgiu quando uma incrivel coliséo entre algum material (do tamanho de Marte) com a Terra ~ esta, entdo muito mais jovem ~ expeliu muitos fragmentos de material derretido em diregao a sua érbita. Depois, a forga da gravidade atraiu ¢ juntou todo esse material para formar a Lua, onde essas rochas permaneceram inal- teradas ou foram reduzidas a pocira, devido ao impacto dos metcoros. Essas mesmas rochas que existem na Lua, quando entraram em contato com o af, a agua ¢ os organismos vivos da superficie da Terra, transformaram-se em algo novo: muitos tipos diferentes de solos com vida. Este capitulo conta a histéria de como as rochas e sua poeira se tornaram “a pele exuberante da Terra”.! Iremos estudar os processos de formagao dos solos que transformam o re- golito sem vida nas multicoloridas camadas do perfil do solo; os fatores ambientais que fazem com que esses processos produzam, na Bélgica, solos tao diferentes dos do Brasil; e iremos aprender também sobre os solos formados sobre rochas calcérias, muito diferentes daqueles desen- _volvidos sobre arenitos,¢ solos do sopé das encostas, téo diferentes dos situados em suas partes mais elevadas, Os primeiros astronautas que explorarat \ Aespesio 8 pele exuberante da Terra” (the ecstatic skin ofthe Earth) vern de um livro sobre fils de letura muito agradve, escrito por Logan (1995). Mas a Terra pode no sero nico planets com uma pele formada de solo. Dados do planeta Marte (consulta Kert, 2005, para mais : formar) sugeem 3 ccorrnci de etosio ¢ formas de minerais secundios, como o geso, rovimento e da evaporagéo da dgua superfici p ial, mas quase nenh nnenhuma formagio de ar i vi sole caber pat =o ne Formas de gil ‘Annave Mars Reconnaissance Orbiter descobriu solo coberto pot Tas polon ars 6 6m 2008, 0 rb Phoenix Mars Lander raspou um pouco de slo de um dos andi, assim, uma branca placa de gelo. Os centistas concluiram que, hi bilhdes de anos, a superficie de Marte foi inundada por igua por certo period ‘mas esteve gelada demais le lada por 4gua por certo periodo, ve Para ficar na forma de 4gua corrente desde ento, ‘ : Cada paisagem & composta por um conjunto de diferentes solos, cada um com sua propria maneira de influenciar os processos ecolégicos, Se tivermos a intengio de modificar, explorar, preservar ou, simplesmente, entender uma paisagem, s6 poderemos ser bem-sucedidos se co. nhecermos como as caracteristicas do solo se relacionam com 0 ambiente ~ tanto em um local em particular como na paisagem como um todo. 2.1 INTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS A influéncia do intemperismo, ou seja, da alteracio fisica e quimica causada pelas intempé- ries sobre as particulas, em geral, é flagrante em qualquer lugar de nosso planeta. Nada esca- paa cle. A intemperizagao fragmenta rochas e minerais, altera ou destrdi suas caracteristicas fisicas quimicas ¢ transporta, de um local para outro, seus fragmentos menores ¢ produtos soliiveis. Além disso, o intemperismo sintetiza novos minerais de grande importancia para 9s solos. A natureza das rochas ¢ dos minerais que esto sendo intemperizados determina as taxas ¢ a natureza dos produtos resultantes de processos de decomposigao e de sintese (Figura 2.1). Caracteristicas das rochas e dos minerais Os gedlogos classificam as rochas da Terra como igneas, sedimentares ¢ metamérficas. As igne- as so aquelas formadas a partir de magma fundido ¢ incluem rochas comuns, como o granito € 0 basalto (Figura 2.2). Figura 2.1. Duas lapides de pedra, fotografadas no mesmo dia e no mesmo cemi téro, ilustram como 0 tipo de rocha interfere nas taxas de intemperismo. A data e as inici esculpic las na lapide de ardésia, em 1798, ainda esto claramente delineadas, enquanto a data e a imagem de um cordeieo, esculpidos em mérmore, em 1875, sofreram intemperismo, tornando-se quase irreconheciveis. A ardésia é em grande parte constituida de argilominerais silicatados resistentes, enquanto o marmore 6 composto, basicamente, de calcita, que é mais facilmente atacada por acidos existentes na agua da chuva. (Fotos: cortesia de R, Weil) Textura deiroche Ip. ex. feldspatos, muscovta Peridotita / Grosseira Granito Diorito Gabro en Intermedisria Riolito Andesito Basalto Fina Felsita / Obsidiana Basalto vitreo igura 2.2 Classificagao de algumas rochas igneas em relacdo 8 composi¢ao mineralégica ag tamanho dos graos dos minerais (textura da rocha). Os minerais de cores claras € 0 quartzo sao, em geral, mais comuns do que os minerais de cores escuras. Uma rocha ignea é composta por minerais primérios’ de cores claras, como 0 quart. 20, a muscovita e os feldspatos, e por aqueles de coloragao escura, como a biotita, a augita € a hornblenda. Os grios de minerais intercalados nas rochas igneas estio dispersos alea- toriamente, algumas vezes parecendo pequenos gros brancos ¢ escuros, como uma mistura de “sal e pimenta-do-reino”. Em geral, os minerais de cores escuras contém ferro e magnésio e sio intemperizaveis com mais facilidade que os de cor clara. As rochas sedimentares se formam quando os produtos do intemperismo sio liberados pases aaaants de outras rochas mais antigas ou quando elas so desgastadas e depositadas pela égua a formacao das rochas ‘como sedimentos que, entéo, podem se reconsolidar em uma nova rocha. Por exem- (clique em “Chapter 6"): plo, as areias de quartzo, oriundas do intemperismo do granito, e depositadas préxi- books/earth_science/terc/ navigation/visualization.cfm Como se formam as v wwer.clasazone.com mo & margem de um mar da pré-hist6ria, podem vir a ser cimentadas (tanto pelo calcio como pelo ferro, antes dissolvidos na 4gua), para se transformarem em uma massa s6lida denominada arenito. Da mesma forma, as argilas podem se compactar transformando-se em um folhelho. A resisténcia de uma rocha sedimentar ao intemperismo ¢ determinada tanto pelo tipo dos seus minerais dominantes como pelo agente cimentante, As rochas sedimentares sao o tipo mais comum, abrangendo cerca de 75% da superficie Terra As rochas metamérficas sio formadas a partir de outras rochas, por um processo de modifi- cacéo denominado metamorfismo, Com o deslocamento das placas continentais da Terra, rochas metamérficas, que as vezes colidem entre si, surge uma forca capaz de elevar grandes cadeias de monte Ci Estados Unidos: http://seis.natsci.csulb, edu/bperry/ROCKS.htm nia State University, has ou empurrar imensas camadas de rochas para as profundezas da crosta terres. Esse movimento submete as rochas igneas ¢ sedimentares a elevados niveis de calor ¢ pressio. Essa forca pode comprimir as rochas de forma lenta e parcial, além de causa @ fusdo e a distorgéo delas, ¢ também alterar as ligacées quimicas dos seus materiais origi nais. As rochas igneas, como 0 granito, podem ser modificadas para formar o gnaisse — uma roc metamérfica cujos minerais claros e escuros foram reposicionados em bandas. As rochas sedimen tares, como as do tipo calcario ¢ folhelho, podem ser metamorfisadas em marmores ¢ ardésias, respectivamente. A ardésia pode ser ainda mais metamorfisada, transformando-se em filito o¥ xisto, os quais normalmente apresentam mica que foi cristalizada durante o metamorfismo. As rochas metamérficas so normalmente mais duras e mais bem cristalizadas do que rochas sedimentares das quais se formaram. Certos tipos de minerais que predominam ¢™ uma determinada rocha metamérfica influenciam seu grau de resisténcia ao intemperism™ quimico (Tabela 2.1 e Figura 2.1). Tabela 2.1 Selecao de minerais encontrados nos solos, listados em ordem de aumento da resisténcia ao intemperismo, sob condiges prevalecentes em regides temperadas tmidas ins ea a \erais primérios Minerais secundarios Gipsita CaSO, : 2H,0 Calcita® Caco, Dolomita” CaCO, - MgCO, Olivina Mg,FeSiO, Anortita CaAl,Si,O, Augita Ca,(Al,Fe), (Mg,Fe),SiO.4 Hornblenda” Ca, Al,Mg,Fe,Si,O,.(OH), Albita NaAISi,O,, Biotita KAI(Mg,Fe),Si30,,(OH), Ortoclasio KAISiO, Microclina KAISiO,, Muscovita KAI,Si,0,(OH), Argilominerais Aluminossilicatos Quartzo SiO, Gibbsita AIO, - 3H,0 Hematita Fe,O, Goetita FeOOH Menos resistente Mais resistente “Em pradarias semiéridas, a dolomita e a calcita so mais resistentes ao intemperismo do que o mostrado na tabela, por causa das baixas taxas de intemperismo acide. 'A formula apresentada ¢ aproximada, porque © mineral é muito variével em sua composicao. Intemperismo: um caso geral O intemperismo é um proceso bioquimico que implica tanto na destrui¢io como na sintese de minerais. No diagrama do intemperismo (Figura 2.3) — olhando da esquerda para a direita -, as rochas ¢ os minerais de oiginais so alterados tanto por desinte- ‘gragio fisica como por decomposigéo quimica. A desintegracao fisica pode fragmen- Animagao sobre os aspectos gerais do intemperismo: tar as rochas tanto em pedacos menores (sem afetar significativamente sua com- www.uky.edu/AS/Geology/ ia fcailand ‘ , rad: del: if formad howell/goodies/elearning/ posicéo) como em particulas de areiae silte, cada uma delas normalmente formada jnoduleO7swt swt por um sé mineral. Ao mesmo tempo em que os minerais se decompéem quimica- mente, eles liberam materiais soltiveis que servem para sintetizar novos minerais, alguns dos quais si produtos finais muito resistentes. Esses novos minerais se formam por neossintese, tanto a partir de alteragées quimicas menores, como por decomposico quimica completa do mineral original. Durante as mudangas quimicas, 0 tamanho das particulas continua a diminuir, e os componentes continuam a se dissolver na solugao aquosa que contém os pro- dutos do intemperismo. As substincias dissolvidas podem se recombinar em novos minerais (secundérios), deixar 0 perfil junto com a agua de drenagem ou, ainda, ser absorvidas pelas raizes das plantas. Os minerais que mais permanecem nos solos bem-intemperizados estéo incluidos em trés dos grupos mostrados no lado direito da Figura 2.3: (1) argilas silicatadas, (2) produ. tos finais muito resistentes, éxidos de ferro ¢ aluminio, incluindo as argilas oxidicas e (3) minerais primérios muito resistentes, como 0 quartzo. Em solos muito intemperizados, de regides umidas tropicais ¢ subtropicais, os éxidos de ferro e de aluminio e certos argilo- minerais com baixa relacao Si/Al predominam, porque a maioria dos outros constituintes foram alterados e removidos. o continua Miner rin, ito rein (ex, quan | Desintegr26 Minerais muito lentamente Desintegracao oH ,,intemperaavels, | (Giminuigao scout fo tamanho) ees G. ex. quartzo, muscowt dot Minerais lentamente intemperizivels : ; VEG en eepeton total Alterac Argias si ee \ Minerais facilmente ON "hid = intemperizsveis tqiknicaa tS (p. ex, calita, aust, : hornblenda) g Decomposi¢ao Roches $ erecombinagao Outras arg, Se 8 i ilicatadas é 8 i 30, oxidacéo J ecomposica0, © Decomposigéo 4 DeconPridratagso Oris hig leFeeal " (@lteragdo quimiea) 8 pee ST scgses acids orgnicas erie, si orgénices de Solugao ® mane Fee AP 4 Hidréliee Acid slo _—_—_—_—$__~ | Solugao eee Nei te 6 Figura 2.3 Sequéncias mostrando as vias de intemperismo que ocorrem sob condigées moderadamente acids, comuns em regides de cima temperado Umido. A desintegracao de rochas em pequenos graos miner € um proceso fisico, enquanto a decomposigio, a recombinacao e a dissolucao S80 processos quimicos. A alteracic dos minerais inclui processos fisicos e quimicos. Note que os minerais primarios resistentes, os minerais secundiis: recém-sintetizados ¢ os materiais soliveis s30 produtos do intemperismo. Em regides dridas predominam os pro e350 fisicos, mas em dreas tropicais Gmidas a decomposicao e a recombinacio s80 os processos mais importares (Diagrama: cortesia de N.C. Brady) dividuals Intemperismo fisico (desintegracao) Temperatura O aquecimento das rochas, provocado pela luz solar ou por incéndios, 4 expansio dos minerais que as constituem. Como alguns minerais expandem mais dog! outros, varias mudangas de temperatura criam diferentes tens6es que, por fim, podem ci a fragmentacao das rochas. D Abrasdo por agua, geloe vento A dgua, 7 ; » quando transporta sedi ome der de erosio, como é amplamente comp rele adimentos, tem um en no mundo. O arredondamento das roch: Enormes massas de geo, que se moveram em dave 10 > 9g Gri? as arredondadas de certas egies incorporaram fragmentos de rocha e solo, Jue fc sj ahd 7 transportand eee glaciagao, eritu” ® Brandes quantidades desses m'e™ Figura 2.4 A esquerda: intemperismo esferoidal, formando camadas concéntricas em raz3o do processo denomina- do esfoliagao. Uma combinagao de fenémenos fisicos e quimicos promovem a fragmentaco mecanica que, por sua vez, produz camadas de folhas sobrepostas que se assemelham as de um repolho. A direita: bandas concéntricas de cores claras e escuras indicam que o intemperismo qui duzindo compostos de ferro com liferentes cores. (Fotos: cortesia de N.C Brady, esquerda; e R, Weil, dirita) Plantas e animais Em alguns casos, as raizes das plantas penetram nas fendas das rochas, forcando-as a se abrirem — 0 que resulta em sua parcial desintegracio. As escavagées feitas por animais também podem ajudar as rochas a se desintegrarem. No entanto, essas influéncias sio de pouca importancia na produgio do material de origem, quando comparadas aos marcantes, efeitos fisicos da dgua, do gelo, do vento ¢ das mudangas de temperatura. Intemperismo biogeoquimico Enquanto o intemperismo fisico é mais acentuado em ambientes muito frios ou muito secos, as reagées quimicas sio mais intensas onde o clima € timido e quente. No entanto, ambos os tipos de intemperismo ocorrem juntos, e um tende a acelerar 0 outro. Por exemplo, a abrasio fisica (pelo atrito) diminui o tamanho das particulas ¢, portanto, aumenta a sua superficie, tornando-as mais suscetiveis as répidas reagées quimicas. O intemperismo quimico é reforcado pela presenga de agentes geolégicos, como a agua ¢ 0 oxigénio, assim como por agentes biolégicos, como os dcidos produzidos pelo metabolismo dos micro-organismos e das raizes das plantas. Por isso, 0 termo intemperisme biogeoquimico é frequentemente usado para descrever esses processos. Em conjunto, esses agentes transformam 0s minerais primarios (p. ex., feldspatos e micas) em minerais secundarios (p. ex., argilas ¢ car- bonatos), bem como liberam os nutrientes das plantas em formas soliiveis (Figura 2.3). A dgua € 0 oxigénio desempenham papéis muito importantes nas reag6es quimicas do intemperismo. Aatividade de micro-organismos também tem um papel fundamental. Se nao houvesse organismos vivos na Terra, os processos de intemperismo quimico, provavelmente, teriam acontecido 1.000 vezes mais lentamente, resultando no desenvolvimento de poucos (ou nenhum) solos em nosso planeta. 2.2 FATORES QUE INFLUENCIAM A FORMAGAO DO SOLO* No Capitulo 1, aprendemos que o solo pode ser entendido como uma colegio de indivéduos solo, cada qual tendo um perfil com suas proprias caracteristicas. Esse conceito de solos, como corpos naturais organizados, foi inicialmente proposto a partir de estudos de campo durante 0 (oxidagao e hidratacao) ocorre de fora para dentro, pro- 6 século XIX, por uma equipe de cientistas russos, brilhantemente liderada por V. V. Dy, chaev. Eles observaram a existéncia de camadas semelhantes em perfis de solos separados centenas de quilémetros, onde o clima ea vegetagio eram também semelhances. Tas abs," goes € muitas pesquisas subsequentes, tanto no campo como no laboratério, levaram a ide, ficagao de cinco fatores principais que controlam a formagao dos solos: . Material de origem: precursores geoldgicos ou organicos do solo 2. Clima: com destaque para a precipitagao pluvial ¢ a temperatura 3. Biota (incluindo os seres humanos): a vegetagao nativa, os organismos vivos (especj,, mente os micrébios), os animais do solo e, cada vez mais, os seres humanos i. Relevo (ow topografia): inclinacio, aspecto e posigao do terreno Tempo: 0 periodo desde que os materiais de origem comecaram a se tranforma ¢, solo ww De acordo com esses fatores, os solos vém sendo definidos como uma colegéo de Conpos Crone ieee naturais condicionados, durante longos periodos de tempo, pela ago integrads gy formacao do solo: clima, do relevo ¢ dos organismos que atuam sobre 0 material de origem; por is, wow soils.umn.edu/ és ‘fi Ih item, principalme ssuem propriedades pedogenéticas especificas que lhes permitem, principalmenr. academics/classes/ Hees ne Paseeoe Hae Ps q soil2125/doc/slab2sff.htm rentar a vegetagao. . P Examinaremos agora como cada um desses cinco fatores interferem na formacig do solo. No entanto, 4 medida que o fizermos, deveremos ter em mente que eles nao exercem suas influéncias de forma independente; na verdade, a interdependéncia ¢ a regra. Por exem. plo, os regimes climdticos contrastantes condicionam, ¢ estéo associados, aos tipos também contrastantes de vegetasio, como também as mudancas no relevo ¢ possivelmente ao mate) de origem, No entanto, em certas situagées, um dos fatores atua de forma predominante, con dicionando as diferengas existentes em um conjunto de solos. Os estudiosos do solo referem-e a tais conjuntos como litossequéncia, climossequéncia, biossequéncia, topossequéncia o: cronossequéncia. 2.3 MATERIAIS DE ORIGEM Os processos geolégicos trouxeram para a superficie da Terra numerosos materiais de origen a partir dos quais os solos se formaram (Figura 2.5). A natureza desses materiais de origem influenciou profundamente as caracteristicas do solo. Por exemplo, um solo pode herdar um: textura arenosa (Seco 4.2) a partir de um material constituido de particulas grosseiras esc em quartzo, como 0 arenito ou o granito. A textura do solo, por sua vez, ajuda a control percolagao da égua através do seu perfil, afetando assim a translocacao de suas particulas fins e dos nutrientes das plantas. A composicao quimica e mineralégica do material de origem influencia o intemperist™ Deposigdo de materiais de quimico ¢ a vegetagao natural. Por exemplo, a presenga de calcdtio em um matetil origem: de origem vai retardar o desenvolvimento da acidez que normalmente ocorre em http://sis.agr.gc.ca/cansis/ mas imidos, taxa/genesis/pmdep/ ; . 5 i eases A natureza do material de origem influencia os tipos de argilas que se form! quando o solo se desenvolve (Secao 8.5). O material de origem também pode con® a : rte 4 argilominerais, provavelmente formados em um ciclo anterior de intemperismo. Por sua ¥ natureza dos minerais de argila presentes afeta muito 0 tipo de solo que se desenvolve. Classificagao dos materiais de origem Os materiais de origem mineral podem ser formados no local (in situ), como se fossem & arate : a manto residual intemperizado da rocha, ou podem ser transportados do local onde s¢ ” maram para serem depositados em outro lugar (Figura 2.6). Em ambientes timidos (co™ Em dai °) f4 s 4. © Figura 2.5 Diagramas mostrando como os processos geolégicos trouxeram diferentes camadas de rocha para a superficie da Terra em uma determinada regiao. (a) Camadas inalteradas de rochas sedimentares, com apenas uma delas, a mais elevada, exposta. (b) Pressdes geolégicas laterais deformam as camadas de rocha por intermédio de um processo chamado de deformagao crustal; ao mesmo tempo, a eroso remove grande parte da camada superior. expondo assim parte da primeira camada subjacente. (c) Pressées localizadas ascendentes causam modif ficagdes em todas as camadas, expondo mais duas camadas subjacentes. Depois que essas quatro camadas de rocha sao intem- Perizadas, elas do origem aos materiais de origem a partir dos quais diferentes tipos de solos podem se formar. A direita: deformacao crustal, a qual soergueu as Montanhas Apalachianas do leste norte-americano, inclinando suas formagSes rochosas sedimentares ~ que tinham sido originalmente depositadas em camadas horizontais. Este corte de estrada no Estado da Virginia (EUA) ilustra algumas mudangas abruptas nos materiais de origem do solo (litosse- quéncia), que podem ser percebidas quando se caminha na superficie situada na parte mais elevada do local onde esta foto foi tirada. (Foto: cortesia de R, Weill pantanos e charcos), a decomposicio incompleta pode fazer com que certos materiais de ori- gem orginica se acumulem a partir de residuos de muitas geragdes de vegetacio. Embora os materiais de origem sejam classificados por suas propriedades quimicas e fisicas, eles também podem ser classificados de acordo com 0 modo como foram depositados — 0 que pode ser observado no lado direito da Figura 2.6. Apesar de esses termos se relacionarem apenas 4 forma de deposigao do material de ori- gem, as pessoas, em geral, se referem aos solos que se formam a partir desses depésitos como solos organicos, solos glaciais, solos aluviais e assim por diante. Esses termos sio pouco especifi- os, nao s6 porque as propriedades do material de origem variam amplamente dentro de cada grupo, como também por o efeito do material de origem ser modificado pela influéncia do clima, dos organismos, do relevo e do tempo. Materiais de origem residuais Os materiais de origem residuais desenvolvem-se pelo intemperismo da rocha subjacente. Em superficies mais estaveis, eles podem ter softido longo e, possivelmente, intenso intempe- tismo. Onde o clima é quente ¢ muito timido, os materiais de origem residuais mais represen- tativos estao completamente lixiviados e oxidados; por isso, apresentam varios compostos de ferro oxidado e tém cores vermelhas ¢ amarelas (Pranchas 9, 11 ¢ 15). Em climas mais frios, principalmente quando também mais secos, a composicao quimica e a cor do material de ori- gem residual tendem a ser mais semelhantes as da rocha da qual ele se formou. Depositado em reas umidas Materiais de origem Plantas, —————> transportados Depositado em lagos Lacustre Depositado por cursos d'agua ‘Aluvial (fluvial) Minerais, oe Repositado em oceanos Marinho rochas \. 5 Coluvial 33 Depositado por gelo 3 povreso pers Morenas, til ee Outwash, Materiais Lacustre, de origem Aluvial, residuais Marinho Eélico Figura 2.6 Como varios tipos de materiais de origem sao formados, transportados e depositados. Os materiais residuais sio amplamente distribuidos em todos os continentes. O mapa fisiogréfico dos Estados Unidos (Figura 2.7) mostra nove grandes provincias onde os materiis residuais sao mais comuns (veja, no mapa, as areas indicadas pelos ntiimeros 3, 4, 5,9, 10, 14, 18, 19 e 20). Uma grande variedade de solos ocupa as regiées marcadas pelos materiais detriticos resi duais por causa da acentuada diversidade na natureza das rochas, a partir das quais esses mz teriais evoluiram. A variacao nos solos é também um reflexo de outras grandes diferencas em outros fatores de formacio dos solos, como o clima e a vegetagao (Segbes 2.4 ¢ 2.5). Detritos coluviais Os detritos coluviais, ou colivios, sio compostos de fragmentos de rocha heterogéneos (mal- selecionados) que foram destacados das partes mais elevadas do relevo e carregados por grav dade pelas encostas abaixo; em alguns casos, a aco do congelamento influencia esses depési tos. So bons exemplos os taludes de fragmentos de rocha depositados nos sopés das encostis (lus), os detritos de penhascos e outros materiais heterogéneos. As avalanches sio, em grande parte, compostas por sedimentos desse tipo. Os materiais originarios constituidos de detritos coluviais costumam ser grosseiros ¢ pe dregosos, porque neles predominou o intemperismo fisico sobre o quimico. Esses fragmentos mais grosseiros — pedras ¢ cascalhos — so bastante arestados ¢ estdo intercalados com materis mais finos (mas nao em camadas). Quando os fragmentos de rochas caem e depositam-se u! sobre os outros (8s vezes, com as faces maiores inclinadas), formam espacos vazios que ajudat™ a explicar a boa drenagem de muitos depésitos coluviais e também sua tendéncia & instabilid de e propensao a quedas deslizamentos, especialmente se afetados por escavacoes. Depésitos aluviais Planicies de inundagao Os cursos d’égua podem depositar trés classes gerais de materiais d¢ origem: planicies de inundacao, leques aluviais ¢ deltas. A planicie de inundagao é a porgio & um vale do rio que é inundada durante as cheias (também chamada de leito maior). Os se¢! mentos transportados pela corrente so depositados durante as inundagées; seus materiais ma grosseiros depositam-se perto do canal (ou leito menor) do tio, onde a 4gua é mais profund** AY \\\ \ Figura 2.7 Mapa generalizado da fisiografia e dos regolitos dos Estados Unidos. As regides so as seguintes: 1. Nova Inglaterra: predominio de ro: chas glaciais e metamérficas. 2. Adirondacks: rochas sedimentares e glaciais metamorfizadas. 3. Montanhas e Planaltos Apalachianos: folhelhos e arenitos. 4, Vales e cordilheiras de calcérios: pre- dominio de rochas calcérias. 5. Montanhas Blue Ridge: arenitos e folhelhos. 6. Planalto de Piedmont: rochas meta- meérficas. 7. Planicies costeiras do Atlantico e do Golfo: sedimentos inconsolidados; areias, argilas e siltes. 8. Planicie fluvial e delta do Mississippi: alivios. 9, 10. " 12, 13. 14. 15, Terras altas de calcétios: predominio de folhelhos e caleérios. Terras altas de arenitos: predominio de arenitos e folhelhos. Planicies centrais: predominio de ro- chas glaciais sedimentares com tille loess. Terras altas do Lago Superior: rochas metamérficas e glaciais sedimentares. Regio das Grandes Planicies: rochas sedimentares. Regio das Montanhas Rochosas: rochas sedimentares, metamérficas igneas, Regio entremontana do noroeste: predominio de rochas igneas; loess nna bacia dos rios. 16, Grande Depressao: cascalhos, areias, leques aluviais; rochas igneas e sedi- mentares. 17. Regido érida do sudoeste: cascalhos, areia @ outros detritos do deserto e de montanha. 18. Serra Nevada e Montanhas Casca des: rochas igneas e vulednicas. 19. Provincia da Costa do Pacifico: pre- dominio de rochas sedimentares. 20. Terras baixas do Puget Sound: rochas glaciais sedimentares. 21. Vale central da Califérnia: alivios depésitos glaciais de planicie (outwash). flui com mais turbuléncia ¢ energia. Os materiais mais finos se decantam nas 4guas mais calmas ¢ mais distantes do canal. Cada episddio de grandes inundagoes estabelece uma camada carac- teristica de sedimentos, criando uma estratificagao caracteristica dos solos aluviais (Figura 2.8). Se, depois de certo tempo, houver uma mudanga gradiente (ou rebaixamanto do nivel de base) do canal, o seu leito poderd escavar os seus depésitos aluviais jé bem formados. Essa ado forma terragos acima da planicie de inundagao, em um ou em ambos os lados. Com frequéncia, dois ou mais terragos de alturas diversas poderio ser vistos ao longo de certos vales, revelando as épocas em que o curso d’dgua se encontrava naqueles niveis. Os solos desenvolvidos de sedimentos aluviais geralmente tém caracteristicas consideradas como desejaveis para a agricultura e a urbanizagao. Essas caracteristicas incluem relevo quase plano, proximidade com a agua, alta fertilidade e elevada produtividade. Entretanto, 0 uso de solos de planicies de inundacio para mo: Nos tiltimos anos, muitas inundagées catastré! em uma varzea, néo importando quio vultoso seja o investimento em medidas radias e desenvolvimento urbano deve ser evitado. ficas tém mostrado que as construgbes eferuadas ss de controle de Materiais residuais, Materiais residuals Canal do eon San Terragos Canal do a curso d'igue Tress SF OS ‘marginais. mR = Argias ‘Sédiméntos “Alivios, @ © © Figura 2.8 Diagrama mostrando a formagao de uma planicie de inundagao. (a) Durante uma fase de inundagao, 0 rio transborda, depositando sedimentos na varzea. As particulas grosseiras so depositadas bem préximo do fluxo do canal onde a agua esta fluindo com maior velocidade, enquanto as particulas finas se decantam onde a agua esta se movendo mais lentamente. (b) Depois da inundacao, os sedimentos permanecem depositados no local, e a vegetacio cresce sobre eles. (c) Perfil de um solo desenvolvendo-se em uma planicie de inundacao do rio Mississippi (EUA), mos. trando camadas delgadas contrastantes de sedimentos de areia e silte no horizonte C — cada camada resultou de um Unico episddio de inundagao. (Diagramas e foto: cortesia de R. Weil enchentes, muitas vezes levam & trdgica perda de vidas e bens materiais durante essas inunda- Ges. Em muitas dreas, a instalacéo de sistemas de drenagem e de protecéo contra inundagées foi muito dispendiosa, mas ineficaz. Portanto, algumas providéncias devem ser tomadas para restabelecer as condig6es originais de muitas dessas planicies de inundagao, originalmente terras timidas que foram transformadas em éreas agricolas. Esses e outros solos aluviais podem fornecer habitats naturais, como as florestas hidrdfilas, que podem produzir muita madeirac suportar uma grande diversidade de passaros e outros animais selvagens. Leques aluviais So formados por cursos d’égua tempordrios que descem de terras altas pot meio de um estreito vale e, repentinamente, encontram uma brusca mudanga de gradient a0 atigirem niveis mais baixos (Figura 2.9). Eles formam, assim, um depésito de sedimentos, denominado leque aluvial. A 4gua corrente tende a selecionar as particulas dos sedimentos por tamanho, depositando, em forma de leque ¢ em direcéo a borda, primeiramente cascalhos € arcia grossa e, em seguida, materiais mais finos. Os solos derivados desses detritos aluviai muitas vezes s4o bastante produtivos, embora possam ser de textura bastante grosseira. Depositos de deltas Em alguns sistemas fluviais, grandes quantidades de material em sus- pensio se depositam perto da foz do rio, formando um delta. Comumente, o delta € um? continuagio da planicie de inundacao (a parte frontal, por assim dizer) e, devido a sua naturel argilosa, costuma ser maldrenado. Os marismas dos deltas estao entre os mais extensos ¢ biologicamente importantes hab tats de terras timidas. Muitos desses habitats estio sendo, hoje, protegidos ou restaurados; as civilizagOes antigas, e também as modernas, neles desenvolveram importantes éreas ag" colas (muitas vezes, reservadas para a produsao de arroz) por meio da implantagao de drenos € do controle das enchentes ~ como aconteceu nos deltas de rios como o Eufrates, Gange* ‘Amarelo, Mississippi, Nilo, Pé e Tigre. : Figura 2.9 Um leque aluvial caracteristi- camente moldado em um vale no centro do Estado de Nevada (EUA). Embora as areas de leques aluviais sejam geralmente pequenas e inclinadas, ainda assim podem conter solos bem-drenados e produtivos - podendo ser aproveitados para a agricultura. As setas indi- cam as diregoes dos fluxos d’Agua. (Foto: coresia eR. Weil Sedimentos marinhos Grande parte dos sedimentos transportados pela ago dos cursos d’agua acaba sendo depositada nos esturios e golfos: os fragmentos maiores, préximos das praias; as particulas mais finas, mais distantes (Figura 2.10). Durante longos periodos de tempo, esses sedimentos se acumularam de- baixo d’égua e, em alguns casos, tém centenas de metros de espessura. Mudangas relativas nas elevaces dos niveis do mar e da terra podem depois soerguer esses depésitos marinhos acima do de sedimentos costeiros.Tais depésitos ficam, entio, sujeitos a nivel do mar, ctiando uma plani um novo ciclo de intemperismo e formagio do solo, Normalmente, uma planicie costeira s6 tem declives moderados, sendo mais plana nas par- tes baixas perto da costa ¢ mais declivosa no interior, onde rios cbrregos, que fluer para nf cis inferigres, formam uma paisagem mais dissecada, A superficie das terras, situadas na parte Linha de escarpa Planicie costeira : Praia oceanic Peet cutey tue foram trazidos das colinas do continente para as regioes costelras @ Figura 2.10 Diagrama mostrando sedimentos a depostados em quae marinhas. O diagrama representa a planicie costeira emerst, situada no sudeste dos Estados U *s mais antigas. Ao longo do tempo, mudancas na posiGso dee, onde tals sedimentos cobrem rochas igneas e metamérrica gor, onde ta acne como nas correntes, originaram camadas(estratos) de secineri08 altemadamente compostos de argila, site, areia grossa e cascalho. A foto mostra essas camades de sedimentos marinhos no litoral, a longo da Baia de Checanaala am Marvland, EUA. (Diagram efoto: coresa de Weil inferior d: te do ano, formando, assim, terras timidas com vegetagao arbustiva ou florestal caracteristicas Depésitos marinhos ¢ outros depésitos costeiros tém texturas bastante varidveis. Algu,, sio arenosos, como & 0 caso, em grande parte, da planicie costeira préxima do litoral Atlincic, dos Estados Unidos. Outros depésitos sao ricos em argila, como os encontrados nas vir do Golfo do México e nas baixas florestas de pinheiros dos Estados do Alabama ¢ Mississipy; (EUA). Nos locais em que a agua dos rios cortaram as camadas de sedimentos marinho, (como no bloco-diagrama ilustrado na Figura 2.10), argilas, siltes e areias podem ser encon, trados lado a lado. Uma vez que a agua do mar é rica em enxofre, muitos sedimentos marinho, sio também ticos nesse elemento ¢ passam por um periodo de formagio de dcidos, decotreng da oxidagao do enxofre, em algum estagio da formagao do solo (Segao 9.6 € Prancha 109), Ja planicie costeira, pode estar apenas um pouco acima do lengol fredtico durante pa, Materiais de origem transportados por gelo glacial e aguas de degelos Durante 0 Pleistoceno (cerca de 10° a 10’ anos atrds), estima-se que 20% das terras do mundo aes ae auics — compreendendo a parte norte da América do Norte, norte ¢ centro da Europa ¢ glaciais por uma geleira partes do norte da Asia — foram invadidas por uma sucessio de grandes coberturas de alpina: gelo, algumas com mais de 1 km de espessura. As atuais geleiras das regides polares¢ winw.uwsp.edu/geO/ So tio espes : das altas montanhas cobrem hoje cerca de um terco dessa érea, mas faculty/lemke/glacial_ 2 4 processee/MorineMovie. S48 como eram as do grande periodo glacial do Pleistoceno. Mesmo assim, se a atu html tendéncia paulatina de aquecimento global continuar, essas geleiras, em grande pate irdo derreter, causando um significative aumento do nivel do mar ¢ a imundagao da reas costeiras do mundo inteiro. A medida que o gelo glacial foi se movendo, grande parte do manto de solo do regolito existente & sua frente foi removido; morros foram arredondados, vales preenchidos e, em alguns casos, rochas subjacentes foram severamente arrancadas e/ou trituradas, Dessa form, as geleiras encheram-se de fragmentos de rochas, muitos dos quais foram carregados dentio da massa de gelo, e outros, empurrados & sua frente (Figura 2.11). Finalmente, por ocasiio do degelo ¢ do consequente recuo das gelerias, um manto de material residual glacial (drif) permaneceu no local ou foi deslocado pelo vento. Isso fez. com que surgissem novos materi de origem e novos regolitos para a formagao de novos solos. Till e depésitos associados O nome depésitos glaciais (drift) é aplicado a todos os sedimer tos de origem glacial que tenham sido depositados pelo gelo ou pelas 4guas de seu degelo. Os materiais depositados diretamente pelo gelo, chamados de till, sao heterogéneos (ni est Figura 2.11 A esquerda: extremidades de uma geleira atual, no Canada. Note a evidéncia de transporte de materials pelo gelo e a aparéncia “reluzente” do principal |Gbulo de gelo. A direita: este vale em forma de U, nas Montanhas Ro" chosas (EUA), demonstra o trabalho das geleiras ao esculpir as formas do terreno. A geleira deixou o vale coberto co™ sedimentos glaciais do tipo till. Alguns dos materiais arrancados pela geleira foram depositados muitas milhas a jusant® do vale. (A esquerds, foto: A-16817-102, cortesia do National Air Photo Library, Surveys and Mapping Branch, Canadian Department of Energy, Mire" Resources; a dirita, foto: cortesia de R. Wei) ficados) e constam de uma mistura de residuos que variam, em tamanho, de pedras a argila Tais materiais, portanto, podem ter aparéncia semelhante a dos materiais coluvias, exceto pelo faco de que os fragmentos grossos sio mais arredondados por causa de seu transporte ¢ tritura- o pelo gelo, ¢ os depésitos apresentam-se muito mais densamente compactados, devido a0 grande peso das camadas de gelo que Ihes estavam sobrepostas. A Figura 2.12 mostra como varias camadas de depésitos glaciais depositaram diversos tipos de materiais de origem do solo, incluindo faixas de amontoados de sedimentos nio selecionados (tills), chamados de morenas. Sedimentos fluvioglaciais e lacustres As torrentes de 4gua que brotam do derretimento de geleiras transportam cargas enormes de sedimentos. Nos vales nas planicies, onde as aguas glaciais sio capazes de fluir livremente, os sedimentos formam planicies de sedimentos flu- vioglaciais (outwash plains) (Figura 2.12). Quando o Iébulo frontal da geleira esta para a dgua escoar, um represamento s¢ inicia, podendo até formar lagos muito grandes (Figu- ra 2.12). Os depésitos lacustres formados nesses lagos glaciais variam de depésitos grosseiros, do tipo deltas ¢ praias perto das margens, até dreas maiores de siltes e argilas, depositados em aguas mais profundas, mais para o centro do lago. Areas de solos naturalmente muito férteis (embora nem sempre bem drenados) se desenvolveram a partir desses materiais quando os na € comeca a se derreter, néo havendo lugar lagos secaram. Delta Lago glacial Delta Morena terminal Drumlins Morena recessional A Depésitos lacustres Figura 2.12 _lustragdo de como varios materiais glaciais foram depositados. (a) O Idbulo de uma geleira glacial moven- do-se para a esquerda e alimentando com 4gua e sedimentos um lago glacial e alguns cursos d’gua que esto se for- mando proximo a sua extremidade. (b) Depois que o gelo recua, as morenas laterais, basais e de fundo ficam descobertas junto com pequenas colinas de formato oval (drumlins),leitos dos cursos d’égua que fluiam sob a geleira (eskers) e depési- tos lacustres, deltas, e outwash. (c) Os depésitos glaciais estratificados (outwash), na parte inferior deste perfil do solo em Dakota do Norte (EUA), esto recobertos por uma camada de till, contendo um amontoado de particulas nao seleciona- das, que variam em tamanho - desde matacées até argilas. Note as bordas arredondadas das rochas: uma prova da ado desgastante dentro da geleira, A escala esté marcada a cada 10 cm. (Foto: cortesa de R. Wei) Poeiras cruzando os ‘oceanos, NASA (cliq em “China during April of 1998"): http://toms.gsfe.nas: Pee IR paisagens que as recebem, como é ti Materiais de origem transportados pelo vento O vento é 0 agente erosivo que pode carregas, de forma mais eficaz, 0 material do solo oy 4 regolito que esta solto, seco e desprotegido pela vegetacio. As paisagens dridas e desnuidas sen, ram, e continuam servindo, como fontes de material de origem para solos formados em locai, muito distantes da fonte, mesmo em hemisférios opostos do globo terrestre. Quanto menor, as particulas, mais longe o vento consegue carregé-las. Materiais transportados pelo vento (¢, licos) sio importantes como material de origem para a formagao do solo ¢ incluem, do mai, para o menor tamanho de particulas: dunas de areia, loess ¢ aerosséis. Dignas também 4, mengio, como um caso especial, sio as cinzas vulcinicas carregadas ¢ depositadas pelo ven, Dunas deareia Ao longo das praias dos oceanos, dos grandes lagos ¢ dos mais vastos ¢ did, desertos do mundo, os fortes ventos recolhem. graos de areias médias ¢ finas para depois reunj -los em grandes montes de areia chamados de dunas. As areias das praias consistem, pring. palmente, em quartzo, porque a maioria dos outros minerais foi intemperizada ¢ levada elas ondas; por isso, © quartzo, além de ser desprovido de nutrientes para as plantas, € altamentg resistente s aces intempéricas. No entanto, como ao longo do tempo gramineas ¢ outry, vegetagies podem criar raizes nas dunas, clas podem fazer com que nessas areias um novo sola inicie sua formagao. Nas areias do deserto também hd o predominio de quartzo, embora seja Possivel que existam quantidades substanciais de outros minerais que podem contribuir para © estabelecimento da vegetagao e para a formacao de novos solos, se houver chuva suficiente As dunas brancas, constituidas de graos de gesso do tamanho de ateias — as chamadas White Sands, no Estado do Novo México (EUA) ~ sao um bom exemplo da existéncia de mineras intemperizdveis nas areias do deserto. hoess Os materiais transportados pelo vento, chamados de loess (ou /oesse), 80 composts principalmente de particulas do tamanho do silte. Eles cobrem vastas areas do centro dos Estados Unidos, da Europa Oriental, da Argentina e da China Central (Figura 2.13,). As Particulas do loess podem ter sido transportadas pelo vento por centenas de quilémetts, formando depésitos edlicos que foram se tornando mais espessos e com particulas mais fins & medida que ia aumentando a sua distancia da fonte. Nos Estados Unidos (Figura 2.134), as principais fontes de loess foram as grandes dress sem vegetacao de tills ¢ outwashes, que foram deixadas nos vales dos rios Missouri ¢ Mississippi logo apés o recuo das geleiras, no fim da diltima Era Glacial. Durante os meses de invemno. ventos deslocavam os materiais finos e os moviam para o sul, cobrindo os solos ¢ os materials de origem pré-existentes com um manto de loess que se acumulou até 8 m de espessura. No centro e no oeste da China, os depésitos de loess chegam a ter de 30 a 100 m de pro fundidade ¢ cobrem cerca de 800.000 km* (Figura 2.14). Esses materiais foram carregados pelo vento dos desertos da Asia Central e, em geral, nao estéo diretamente associados co™ as geleiras. Esses ¢ outros depésitos de loess tendem a formar solos siltosos, muito fetes potencialmente produtivos. Poeiras aerossdlicas Particulas muito finas (cerca de 1 al clevadas altitudes, podem se deslocar por milhare: _ depositadas, geralmente pelas chuvas. Essas particu 0 um), transportadas pelo are s de quilémetros antes de serem 2.gov/ pico do loess, deradas como significativas pata a formacao do eo cilclo, cm solos do oes dos Entados Unidos, provavelmente, se oriainca dei circ ca tadas pelo vento, Estudos recente tm mostado ques posi onto do deserto do SH" ra, no norte da Africa, ¢ transportadas sobte 0 Oceane Atlantico na falea de alea aumost lo. Grande parte do carbonate Figura 2.13 (a) Os principais depésitos eélicos do mundo incluem os depésitos de loess da Argentina, da Europa Oriental, do norte da China e das grandes areas de dunas de areia no norte da Africa e Australia. (b) Distribuiggo aproximada de areias e loess nos Estados Unidos; nessas areas, os solos que se desenvolveram a partir de loess so geralmente de textura franco-siltosa e muitas vezes com quantidades elevadas de areias finas. Figura 2.14 Aldedes esculpem casas em espessos depésitos de loess semiconsolidados (loessitos), em Xian, na China. Os depésitos de loess so compostos principalmente de particulas do tamanho de silte, unidas por pequenas quantidades de argila. As argilas, que funcionam como aglutinantes, ajudam a estabilizar o loess quando escavado, mas somente se o material estiver protegido da chuva (esculpido na forma de paredes verticais). As escavagdes incli- nadas desse material podem rapidamente desmoronar e serem lavadas quando saturadas com a agua da chuva. Talu- des de estrada verticais sao, portanto, uma caracteristica comum de paisagens dos loesses em todo o mundo. (Fotos cortesia de Raymond Miler, University of Maryland, EUA). (croposfera), sio a fonte de grande parte do calcio e de outros nutrientes encontrados nos solos altamente lixiviados da Bacia Amazénica, na América do Sul. Da mesma forma, na primavera, as ventanias que ocorrem na regio do loess da China transportam as poeiras por sobre 0 Oce- ano Pacifico e vao se incorporar aos materiais de origem do solo (contribuindo para a poluicio do ar) na parte ocidental da América do Norte. Cinzas vulednicas Durante as erupgées vulcinicas, os materiais piroclisticos sao despeja, cy nas imediagdes dos vuleées e, ao mesmo tempo, as particulas mais finas de cinzas vuleinj” (muiras vezes, vitreas) sio carregadas pelo vento, depositando-se depois em extensas area, Solos desenvolvidos a partir de cinzas vuleanicas podem ser encontrados a algumas centg de quilometros da rea dos vuledes existentes ao longo da costa do Oceano Pacifico. In tantes areas de materiais de origem de cinzas vulcanicas ocorrem no Japao, na Indonésia,, Nova Zelandia, no oeste dos Estados Unidos (no Havaf, em Montana, Oregon, Washing, ¢ Idaho), no México, na América Central € no Chile. Os solos formados desses materi, sio caracteristicamente leves ¢ porosos ¢ tendem a acumular matéria organica com m,i, rapidez do que outros solos circunvizinhos (Se¢ao 3.7). As cinzas vulcinicas tendem a , intemperizar rapidamente para formar alofanas, um tipo de argila com propriedades poy., comuns (Se¢ao 8.5). cay May \Por. Depésitos organicos Os materiais orginicos se acumulam em brejos, pantanos, marismas ¢ outros locais muizy midos, onde a taxa de crescimento das plantas excede a taxa de decomposigao dos seus res duos. Em tais areas, esses residuos vém se acumulando ao longo dos séculos a partir de planta hidrdfilas, como musgos, juncos, aguapés, assim como alguns arbustos ¢ drvores. Esses resi duos afundam nos corpos d’dgua, onde a sua decomposigao ¢ dificultada devido & caréncia de oxigénio livre. Como resultado, os depésitos orginicos muitas vezes se acumulam até vitios metros de profundidade (Figura 2.15). Esses depésitos orgdnicos, em conjunto, séo chamados de turfas. Tipos de materiais turfosos Podemos identificar quatro tipos de turfa, com base na nature Pantanos em proceso de extingo: Cornelia Dean, New York Times (clique também no video: “A Marsh Mess"): www.nytimes.com/ 2005/11/15/science/ earth/15marsh.html?ex=1 289710800&en=debebd7 482392dcc&ei-S088&part ner=rssnyt&emc=rss dos materiais de origem: 1. Turfa de musgos: proveniente de restos de musgos, como © Sphagnum. 2. Turfa de herbceas: proveniente de residuos de plantas herbdceas, como taboss, juncos e aguapés. 3. Turfa de lenhosas: formadas a partir de restos de plantas lenhosas, incluindo érvo res ¢ arbustos. 4, Turfa sedimentar: proveniente de restos de plantas aquiticas (p. ex., algas) ede material fecal de animais aquiticos. Em alguns casos, depois de uma terra timida ter sido drenada, as turfeiras de lenhosas se transforma em solos agricolas bastante produtivos, muito apreciados para ap” ducao de hortaliga. Jé as turfeiras de musgos, se por um lado tém alta capacidade de retensid de agua, por outro tendem a ser bastante acidas. Geralmente, as turfas sedimentares nio 6 apropriadas para serem usadas como solos agricolas, pois sio compostas de materiais alta" te coloidais, compactos ¢ plisticos quando molhados. As turfeiras herbiiceas sio tipicas & pantanos costeiros. O material orginico seré chamado de fibrico, se os residuos estiverem suficientemen"® inractos para permitirem que as suas fibras sejam identificadas. Mas, se a maior parte 4° material se decompés, restando pouca fibra, 0 termo sdprico serd utilizado. Em materia intermediarios, entre os fibricos ¢ os sépricos (hémicos), apenas algumas das fibras veget** podem ser reconhecidas. Depois de termos constatado do solo sto modificados pelas infl do relevo ¢ do tempo, comegando pelo clima. que os efeitos dos materiais de origem nas propriedid® luéncias combinadas do clima, das atividades biolégic™ voltaremos agora a esses outros quatro fatores de formagio do $0!” Pequene lago @ Figura 2.15 Quatro estagios no desenvolvimento de uma tipica varzea de turfa lenhosa. (a) Um lago, formado du- rante a Era Glacial, recebe nutrientes arrastados das terras altas adjacentes; esses nutrientes propiciam o desenvolvi- mento de plantas aquaticas, principalmente em volta do lago. (b ~ d) Residuos organicos se depositam no fundo do lago, conforme vegetacdo emergente e mais enraizada invade. (e) Finalmente, arbustos e arvores cobrem toda a area. Muitos desses brejos turfosos foram desmatados e drenados por meio de valas para remover parte da agua e expor 0 solo organico, o qual muitas vezes é bastante produtivo para 0 plantio de hortalicas. A area de turfa lenhosa da foto situa-se na parte central do Estado de Michigan (EVA). (oto: cortesia de R. Wei) 2.4 CLIMA O clima 0 mais influente dos quatro farores que agem sobre o material de origem, pois deter- mina a natureza ¢ a intensidade do intemperismo que ocorre em grandes reas geogrificas. As principais varidveis climéticas que influenciam a formagio do solo sao a precipitacao efetiva €.a temperatura, as quais afetam as taxas dos processos fisicos, quimicos ¢ bioldgicos. Precipitacao efetiva A Agua é essencial a todas as pi cipais reagdes quimicas de intemperismo, mas deve penetrar no regolito para ser eficaz na formagio do solo. A distribuicao sazonal das chuvas, a deman- da evaporativa, o relevo local ¢ a permeabilidade do solo interagem entre si para determinar como a precipitacao efetiva influencia na formagao do solo. Quanto maior a profundidade de penetragao da agua, mais intemperizado e espesso sera 0 solo. O excesso de dgua que percola através do seu perfil no somente transporta os materiais soliveis e suspensos das camadas superiores para as inferiores, como também pode carregar os materiais soliveis para as 4guas de drenagem. Assim, a 4gua de percolacéo facilita as reag6es do intemperismo ¢ ajuda a dife- renciagao dos horizontes do solo. Ay fi ra eterminagar forma, a caréncia de dgua é um fator importante na decerminagao das Sata, 4 dos desses sols, ‘ Da me; teristicas dos solos da regides secas. Por isso, 0s sais sohiveis nao sao lixi m até niveis que limitam o erescimento das plantas. Nas regi iguns casos, se acumul m s c s s perfis de solo t m tendem a acumular certos tipos de carbona," Aridas e semiaridas, os perfis de solo também tendem a acu ip’ argilas expansivas. Temperatura oo A cada 10°C de aumento na temperatura, as taxas das reagdes bioquimicas mais do que 4, bram, Tanto a remperatura como a umidade influenciam no teor da matéria organica do so. devido aos seus efeitos sobre 0 equilibrio entre o crescimenco das plantas € a decomposic. microbiana. Se égua em abundincia e altas temperatutras estio, 20 mesmo tempo, presen, no perfil, os processos de intemperisme, a lixiviagao e 0 crescimento das plantas serio may mizados. O pouco desenvolvimento dos perfis de solos das regides frias contrasta muito con 0s perfis profundamante intemperizados dos trépicos timidos. ; Em solos com material de origem, regime de temperatura, topografia ¢ idade similares, 0 aumento da precipitagao efetiva anual geralmente leva a um aumento dos teores de atgilag de matéria organica, além de uma maior acidez, mas leva também a diminuicao das relacie, Si/Al (uma indicacao da existéncia de minerais mais intensamente intemperizados). No en. tanto, muitos lugares, em épocas do passado geolégico, jd estiveram sujeitos a climas muity diferentes dos hoje existentes. Esse fato é ilustrado em paisagens antigas de certas regides ari. das, onde os solos altamente lixiviados e intemperizados permanecem como reliquias do clims tropical timido que prevaleceu ha muitos milhares de anos. O clima também influencia a vegetacao natural. Climas timidos favorecem o crescimento das arvores. Por outro lado, as gramineas sao a vegetacéo nativa dominante em regides subi. midas ¢ semiéridas, enquanto os varios tipos de arbustos dominam as zonas dridas. Dessa for. ma, o clima exerce a sua influéncia, em parte, por meio de um fator secundério da formagio do solo: os organismos vivos. 2.5 BIOTA: ORGANISMOS VIVOS (INCLUINDO OS SERES HUMANOS) Os organismos do solo influenciam muito o intemperismo bioquimico, a sintese do humus a homogeneizacéo dos perfis, a ciclagem dos nutrientes e a formagao de agregados estiveis Todos eles ~ micrdbios, plantas e animais, incluindo pessoas — desempenham importantes Papéis, embora, muitas vezes, a maior influéncia seja a da vegetacao natural. Papel da vegetacdo natural Actimulo de matéria organica O efeito da vegetacdo na formacao do solo pode ser percebido comparando-se as propriedades dos solos que estéo proximos dos limites entre os ecossistemis de vegetacao de pradarias e os de florestas (Figura 2.16), Nas pradarias, sanpabica ue €adicionada a0 solo advém dos profundos efbrosos fear Pics penne Na florestas, ao contrétio, a Principal fonte de matéria orgdnica dos solos s40 S eee ee no ce, Outra diferenca &a frequente ocorréncia, nas pradaris, aids bee hgran Ba quantidades de material da superficie, mas estimulam um etnies a aie isso, aacidez, Presente de forma mais significativa em muit® Sears ‘“'ganismos do solo que deveriam misturar a maior parte dt Como resultado, os solos das pradarias, se comp” : Parte mineral do solo, Tados com 0s solos sob florestas, geralmente desemo distribuigio de matéria organica see vem tum espesso horizonte A, com ut grande parte da mat Sob vegetagao de floresta, Sob vegetagio de pradaria Acimule de _ 7 materia organica Zona de maxima perda de oxides, edeargila Desenvolvimento de ‘agregados com —_ formato de blocos Actimulo de argila & — de éxidos hidratados — Desenvolvimento de agregados prismaticos Material de origem desintegrado e _ intemperizado; fraco —* desenvolvimento de agregados Actimulo de CaCO; e CaSO, Material — de origem relativamente pouco intemperizado Figura 2.16 A vegetacao natural influencia 0 tipo de solo, formado a partir de um dado material de origem itll carbo- natico, neste exemplo). O solo sob floresta exibe uma serrapilheira, ou camadas superficiais de folhas e galhos (horizonte 0), em varios estagios de decomposicao, sobre um delgado horizonte A mineral, no qual a serrapilheira foi parcialmente misturada. Por outro lado, no solo sob vegetacao de pradaria, a maior parte da matéria organica é adicionada na forma de raizes finas distribuidas no primeiro metro superior, formando um espesso horizonte A mineral. Observe também que, neste solo, 0 carbonato de calcio foi solubilizado e moveu-se para os horizontes inferiores (Ck); enquanto no solo sob floresta, que é mais acido e lixiviado, os carbonatos foram completamente removidos, Em ambos 0s tipos de vegetacao, as argilas e os éxidos de ferro se moveram para baixo do horizonte A e se acumularam no horizonte B, proporcionando a formagao de agregados caracteristicos. No solo florestal, a zona logo acima do horizonte B é, geralmente, um horizonte E nitidamente clareado, basicamente porque a maior parte da matéria organica se restringiu as camadas mais proximas da superficie e também porque a decomposicao da serrapilheira da floresta gerou dcidos org’nicos que dissolveram e remo- vveram os revestimentos marrons de éxidos de ferro. Compare esses perfis bem desenvolvidos com as mudangas ao longo do tempo, discutidas nas Secdes 2.7 € 2.8. (Ciaramas:cortesia de R, Wei) estes tém a maior parte dos restos organicos na serrapilheira (horizonte O) ¢ no horizonte A delgado, A comunidade microbiana existente no solo de uma pradaria tipica é dominada por bactérias, enquanto no solo sob floresta predominam os fungos (consulte o Capitulo 10, para mais detalhes). As diferengas na acao microbiana afetam a taxa de ciclagem de nutrientes € 0 modo de agregacio das particulas minerais, na forma de grinulos estéveis. O horizonte E, de cor clara ¢ com alta taxa de lixiviagao, caracteristicamente encontrado abaixo do horizonte O ow A de um solo sob floresta, resulta da acao de dcidos organicos gerados principalmente por fungos da serrapilheira dcida da floresta. No entanto, esse horizonte E geralmente nao é encontrado em solos de pradarias. Ciclagem de cations por érvores A capacidade da vegetagao natural em acelerar a liberagdo de nutrientes dos minerais por meio do intemperismo biogeoquimico e de extrair esses ele- mentos do solo influencia fortemente as caracteristicas dos solos ae ee tase desenvo Portanto, a reciclagem de cations tem grande influéncia na aci edo sol can “ a Ocop, rem nao s6 entre as pradarias ¢ a vegetacio de florestas, mas tam oe Ee ase de drvores das florestas. A serrapilheira proveniente es apvores conics ioe Pinhcing abetos ciprestes) iri reciclar apenas pequenas quantida 7 res se magne o Pts, comparagio com aquelas recicladas por algumas drvores deci has (pees : i ss choup bordos), que absorver e armazenam quantidades muito maiores desses cétions (Figura 215 Pci Heterogeneidade em campos naturais Em campos naturais aridos e ene a compet, pela Agua no solo (tao limitada) nao permite o crescimento de uma vegetagao lensa 0 suficieny, para cobrir completamente a superficie do solo. Por isso, arbustos c/ou gramineas disper. Abeto (Teuga sp) Bordo (Acer sp.) Figura 2.17 "A reciclagem de nutrientes é um processo importante pelo qual as plantas modificam o solo em que crescem, bem como o curso do seu desenvolvimento, adequando-o a um ambiente proprio para as geragées futu- ras da mesma vegetacao. Por exemplo, o abeto (uma conifera do género Tsuga) e 0 bordo (uma arvore decidua do género Acer) diferem muito em sua capacidade de acelerar 0 intemperismo mineral, mobilicer os ions nutrientes € reciclé-los para os horizontes superiores do solo. As raizes do bordo consequem retirar de forma eficaz, 0 calcio do* minerals do solo; por isso, as folhas que a érvore produz contém altas concentragoes de Ca, Quem essas folhas caem no solo, rapidamente se decompéem, liberando grandes quantidades de toe Ca®", que podem ser adsorvidos pelo humus e pela argila como Ca” trocavel dos horizontes Oe A. Esse afluxo de ions Ca** pode retardar um pouc? a acidificagéo das camadas mais superficiais. No entant ial. No ©, essa eficiente extracao dos minerais do material de orige™ elas raizes do bordo pode acelerar a acidificacao e o intemperismo dos horizontes mais profundos do solo. Em co” trapartida, as aciculas do abioto so pobres em Ca e se decompdem muito mais lentamente, resultando, portanto, &" um horizonte © mais espesso e mais acido, tanto na serrapilheira como no horisome 'esse caso, o intemperism? dios minerals no material de origem subjacente seré, possivelmente, mais lento. eve dados de uma floresta de Connecti" IEUA| relatados por van Breemen o Finzi (1998) crescem na forma de reboleiras intercaladas com espacos onde o solo esti desnudo ou coberto apenas com algumas folhas caidas. Essa esparsa vegetacio altera as propriedades do solo de vé- rias formas. Suas copas interceptam as poeiras trazidas pelo vento — as quais, muitas vezes, sio relativamente ricas em silte e argila ~, e suas rafzes retiram nutrientes (como nitrogénio, fésforo, potissio ¢ enxofre) das areas nao vegetadas. Esses nutrientes (e poeiras) séo depois depositados, na serrapilheira, sob a copa da planta, sendo que a sua decomposigao libera acidlos organicos que feduzem o pH do solo ¢ estimulam o intemperismo dos minerais. Com o tempo, as dreas de solo desnudo entre as reboleiras vio aumentando em tamanho & medida que se tornam mais empo- brecidas em nutrientes e ainda menos convidativas para a fixagao de plantas. Ao mesmo tempo, as reboleiras de vegetacio criam “ilhas” de fertilidade maior com um solo de horizonte A mais espesso ¢ com 0 carbonato de calcio, muitas vezes lixiviado mais profundamante (Figura 2.18). Papel dos animais, incluindo pessoas papel dos animais nos processos de formagao do solo nao deve ser ignorado. Os de grande porte, como 0s roedores, as toupeiras ¢ os cies-de-pradaria, perfuram os horizontes subsuper- ficiais do solo, trazendo seus materiais para cima. Dessa forma, como seus tineis séo geral- gua e do ar em mente abertos em diregao a superficie, acabam facilitando 0 movimento da diregdo 8s camadas inferiores do solo. Em determinadas reas, esses animais misturam os ho- rizontes superiores com os inferiores, cavando tineis e depois preenchendo-os. Por exemplo, grandes bandos de toupeiras podem revirar completamente o metro superior do solo durante varios milhares de anos. Antigas galerias de animais, escavadas nos horizontes inferiores, mui- tas vezes podem ficar preenchidas com material de solo do horizonte A sobrejacente, criando feicdes especiais do perfil conhecidas como crotovinas (Figura 2.19). Em certas situagdes, a atividade animal pode impedir 0 desenvolvimento do solo, acentuando sua perda por erosio. Minhocas, formigas e cupins As minhocas, as formigas ¢ os cupins misturam o solo & medida que o cavam, afetando significativamente sua formagao. As minhocas ingerem residuos orgi- nicos e particulas de solo, aumentando assim a disponibilidade de nutrientes para as plantas no material que passa através de seus corpos. Esses anelideos arejam e remexem o solo, au- Figura 2.18 As reboleiras dispersas de gramineas nos campos naturais desta regiao semidrida da Patagénia (Ar- gentina) formaram “ilhas” de solos com maior fertilidade e horizontes A mais espessos. A tampa da lente da maquina fotografica, colocada na extremidade de uma dessas ilhas, da uma ideia da dimensao (e indica a maior espessura) do solo sob 0 dossel das plantas. A heterogeneidade do solo em pequena escala associada a vegetagao é comum onde as limitagdes da agua do solo impedem a completa cobertura da sua superficie pelas plantas. (Fotos: cortesia de Ingrid C. ‘Burke, Short Gass-Steppe Long Term Ecological Research, Colorado State Univesity, EUA) Figura 2.19 As galerias que foram aban- donadas por ani material de solo de outro horizonte diferente 830 chamadas de crotovinas. Nesse solo, sob Pradaria, do Estado de Illinois (EUA), 0 mate- rial escuro, rico zonte A, preencheu antigas cavidades que se estendiam até o horizonte B. As manchas ar- redondadas e escuras do horizonte B indicam onde a parede da trincheira seccionou essas cavidades. Marcas na escala a cada 10 cm. (Foto: cortesia de R. Alama do rio tlin se transforma em solo superficial no nove parque imais e so preenchidas com em matéria organica do hori Weil) mentando a estabilidade dos seus agregados estruturais, garantindo assim a pronta infiltacio de agua. Jé as formigas € os cupins, quando constroem seus ninhos, também transportan materiais do solo de um horizonte para outro. Em geral, a atividade de revolvimento por animais, as vezes chamada de pedoturbagao, tende a desfazer ou neutralizar a tendéncia de outros processos de formagao do solo que acentuam as diferencas entre os seus horizontcs No entanto, cupins e formigas também podem retardar o desenvolvimento do perfil do solo fazendo com que surjam grandes éreas desprovidas de vegetago em torno de seus ninhos -0 que leva ao aumento da perda de solo por erosio. m bastante Influéncias humanas e solos urbanos As atividades humanas também influen« formacio do solo. Por exemplo, acredita-se que os nativos americanos regularmente ateavin fogo para garantir grandes Areas das pastagens naturais das pradarias nos Estados de Indiana¢ Michigan (EUA). Atualmente, as agdes humanas que destroem a vegetagao (érvores ¢ capits) ¢ 0s cultivos subsequentes do solo para producio agricola tém modificado, e muito, a form ‘¢40 dos solos. Da mesma forma, irrigar um solo drido afeta, de forma dristica, os atributos (0 solo, assim como a adigao de adubos ¢ calcétio em solos de baixa fertilidade. Hoje, nas dt com mineracao de superficie ¢ sob urbanizacao, as maquinas escavadoras tém um ‘feito sobte 10s solos quase semelhante ao das geleiras antigas, nivelando ¢ misturando os horizontes & solo —e, com isso, levando a formacao de um novo solo ao seu tempo zero, Em outras situagées, si0 as préprias pessoas as responsiveis pela “construgao” de no solos (Prancha 78), como aqueles da maioria dos greens dos campos de golfe¢ slg! gramados de campos de atletismo e os que servem como material de revestimen” para vegetar e selar aterros (Prancha 64), bem como 0s jardins planejados na cobe de Chicago (NPR, David tura dos edificios. Os seres humanos podem até mesmo reverter os process0s Schepers erosio ¢ sedimentagao (que normalmente destroem os solos) e, assim. at sol templates/story/story. a se formar (Seséo 2.6 ¢ Capitulo 14). Por exemplo, em um projeto recente cham” php?storyld=1 1919840. do de Mud to Parks (ver nota da margem lateral), sedimentos caledrios, deagad0s fundo do rio Illinois (EUA), foram colocados sobre um tenaga sin ane tog” do ¢ estéil, formando uma espessa camada de material barrente, Doe ie es novo material de origem secou e, além de sustentar uma ae Pepois de um anos desenvolver as caracteristicas préprias de um solo, com agrega ie sari ares e pri 2.6 RELEVO O relevo, por vezes referido como topografia, diz respeito as feiges da superficie terrestre ¢ & descrito em termos de diferengas de altitude, inclinacéo e posigao na paisagem, ou seja, quan- to & configuracao do terreno, a qual tanto pode apressar como retardar o trabalho das forcas climaticas. Por exemplo, nas regides semiridas, as encostas ingremes geralmente fazem com que menos 4gua das chuvas penetre no solo e mais enxurrada ocorra. Nas encostas mais ingre- mes dessas regises, a pouca precipitacéo efetiva também resulta em uma rarefeita cobertura vegetal do solo, reduzindo, assim, a contribuigio das plantas na sua formacao. Por todas essas razées, essas encostas ingremes acabam inibindo a formacio de solo, pois sia taxa de remocao € maior do que a de formacio. Portanto, os solos em terrenos ingremes tendem a ser relativa- mente delgados, com perfis pouco desenvolvidos, em comparacio aos solos a cles proximos, situados em locais menos inclinados ou planos (Figura 2.20). Em canais ¢ depressées onde a 4gua das enxurradas tende a se concentrar, o regolito é em geral, mais intemperizado, eo perfil do solo, mais desenvolvido. Contudo, nessas posigaes mais baixas da paisagem, a égua pode saturar o regolito, a tal ponto que a drenagem e a acracio sto restringidas. Nesses locais, 0 intemperismo de alguns minerais ¢ a decomposi¢ao da matéria orginica sao retardados, enquanto a perda de ferro e manganés é acelerada, Desa forma, é nas posigdes mais baixas do relevo que os perfis dos solos tipicos das terras imidas podem se desen- volver (consulte a Secéo 7.7, sobre os solos das terras timidas) Na paisagem, solos comumente ocorrem em conjunto, formando uma sequéncia cha- mada de catena (palavra do latim que significa “cadeia” ou “corrente”, como se essa sequén- cia estivesse pendurada entre duas colinas adjacentes, com cada um de seus elos represen- tando um solo). Cada membro da catena ocupa uma posi¢ao topogrifica caracteristica. Os solos existentes em uma catena geralmente apresentam propriedades que refletem a interfe- réncia da topografia sobre 0 movimento da dgua ¢ sua drenagem. A topossequéncia é um Figura 2.20 0 relevo influencia as propriedades do solo, inluindo a sua espessura. O diagram & esquerda mona © efeito da incinagSo de uma encosta sobre as caracteristicas do perfil e a expessura dos solos nos quais 2 vegeta natural é de uma floresta. A foto da direita ilustra o mesmo principio sob vegetacio de prada, Muitas vezes, uma mmudanga relativamente pequena na inclinacéo do terreno pode ter um grande efeito sobre o desenvolvimento do solo. Consulte a Seco 2.9 para obter uma explicago sobre os simbolos dos horizontes.* (Foto: cortesia de R, Wai tipo de carena em que as diferengas entre os solos resultam quase inteiramente da influén,, de relevo, pois os solos a0 longo de toda a sequéncia compartilham do mesmo materia 1 condig6es semelhantes no que diz respeito ao clima, & vegeta¢ao € 20 temp, origem e (Figura 2.20 e Prancha 16). Interagdo com a vegetagéo A topografia muitas vezes interage com a vegetagio Pata in, fluenciar a formasio do solo. Nas zonas de transigao de floresta-pradatia, as drvores aparece, com mais frequéncia somente nas depressbes onde 0 solo ¢ geralmente mais timido do gy, nas dreas mais elevadas. Como é de se esperar, a natureza do solo nas depressées ¢ bastante diferente do que nas éreas que se situam em tertas atas. Por exemplo, se a dgua estiver para, durante alguns meses, ou o ano inteiro, as areas baixas podem dar origem a turfeiras e, por s, vez, a solos orginicos. O aspecto (orientacao) das encostas relevo afeta a absor¢ao da energia solar em um, determinada paisagem. No hemisfério norte, as encostas voltadas para o sul s4o mais per. pendiculares aos raios do sol e, por isso, mais quentes ¢ mais secas do que suas homéloga, voltadas para o norte (Figura 7.20). Consequentemente, os solos nas encostas voltadas par, o sul tendem a possuir quantidades menores de matéria organica ¢ ndo sao tio intensamente intemperizados. Actimulo de sais Em regides dridas e semidridas, o relevo influencia o actmulo de sais soli- veis. Os sais dissolvidos das partes mais clevadas do relevo deslocam-se tanto sobre a sua su- perficie como por meio do lencol fredtico para as areas mais baixas (Sega0 9.12). Nesses locais, a medida que a agua evapora, os sais sobem para a superficie, muitas vezes se acumulando em niveis t6xicos para as plantas. Interagées com o material de origem O relevo também pode interagir com 0 material de origem. Por exemplo, em éreas com camadas de rochas sedimentares inclinadas, os divisores de agua muitas vezes consistem arenitos resistentes, enquanto em os vales se encaixam nas rochas calearias mais facilmente intemperizaveis. Em muitas paisagens, o relevo condiciont a distribuicao dos materiais de origem residual, coluvial ¢ aluvial: os residuais situam-se na parte mais elevada; os coluviais, nas mais baixas; e os aluviais preenchem o fundo dos vales (Figura 2.21). Meia-encosta Material aluvial Planicie de | Curso 2.7 TEMPO Os processos de formagio do solo demoram a mostrar seus efeitos. O tempo de formagao do solo comega a contar quando um deslizamento de terra expée uma nova rocha ao ambiente intempérico da superficie, a inundagao de um rio deposita uma nova camada de sedimentos em sua varzea, uma geleira derrete e despeja sua carga de detritos minerais, ou quando uma es- cavadeira corta e aterra uma encosta para nivelar o terreno, preparando-o para uma edificacéo ou para a recuperacio de uma drea onde foram colocados residuos de mineracao. Taxas de intemperismo — Muitas vezes, quando falamos de um solo “jovem” ou de um solo “maduro”, nao estamos nos referindo 4 idade do solo em anos, mas sim ao seu grau de intem- perismo e desenvolvimento do seu perfil. Isso porque 0 tempo interage com os outros fatores de formacéo do solo. Por exemplo, em um local quase plano, com clima quente e muita chuva caindo sobre um material de origem permedvel e rico em minerais reativos, a acao do intem- perismo ¢ a diferenciacao do perfil do solo podem se revelar muito mais rapidamente do que em um local com declive acentuado e material de origem resistente ao clima frio ¢ seco. Em alguns casos, os solos se formam tao rapidamente que o feito do tempo sobre o pro- cesso de formagao pode ser medido com base no tempo de vida do ser humano. Por exemplo, mudangas marcantes na mineralogia, na estrutura e na cor ocorrem dentro de poucos meses ou alguns anos, quando certos materiais, contendo sulfeto, sao primeiramente expostos ao ar, devido & escavacao, drenagem de terras timidas ou a dragagem de sedimentos (Prancha 109 € Seco 9.6). Em condigées favoraveis, a matéria orginica pode se acumular ¢ acabar formando um horizonte A escuro ¢ fértil em aluvides recém-depositados ao longo de somente uma ou duas décadas. Em alguns casos, apenas 40 anos sio o suficiente para o horizonte B incipiente se tornar perceptivel em residuos de mineraco em regiGes timidas. A modificacao da estru- tura ¢ da coloragéo por compostos de ferro acumulados pode formar um tinico horizonte B dentro de alguns séculos; contudo, se o material de origem for arenoso eo clima for imido, 0 mesmo grau de horizonte B levard muito mais tempo para se formar nessas condicées menos favordveis de intemperismo ¢ lixiviagao. O acimulo de argilas silicatadas e a formacio de agre- gados em forma de blocos no horizonte B, geralmente, se tornam perceptiveis somente apés milhares de anos. O desenvolvimento de um solo maduro e profundamente intemperizado a partir de rochas muito resistentes ao intemperismo pode levar muitos outros milhares de anos (Figura 2.22). Exemplo da génese do solo ao longo do tempo Vale a pena estudar a Figura 2.22 com aten- 40, pois ela ilustra as mudangas que normalmente ocorrem sobre uma rocha exposta em um clima quente e imido durante o desenvolvimento do solo. Durante os primeiros 100 anos, liquens e musgos estabeleceram-se sobre a rocha nua exposta ¢ comecaram a acumular matéria orginica cuja decomposi¢4o comesou a acelerar intemperismo. Depois de algumas centenas de anos, capins, arbustos e drvores menores ja Jangavam suas raizes em uma profunda camada de rocha desintegrada de solo, contribuindo muito para o actimulo de materiais orginicos para a formaco dos horizontes A ¢ C. Durante os 10 mil anos seguintes, outras sucessdes de Arvores da floresta se estabeleceram, e as atividades de uma multido de pequenos organismos do solo transformaram a serrapilheira em um caracteristico horizonte O. Ja 0 horizonte A foi, entio, aos poucos, se espessando ¢ escurecendo, desenvolvendo também uma estrutura com agtegados granulares e estaveis. Pouco tempo depois, uma zona clareada surgit logo abaixo do horizonte A, quando os produtos do intemperismo, como argilas e éxidos de ferro, foram translocados com a Agua e dcidos orginicos percolantes para baixo da camada de serrapilheira. Esses materiais transportados comecaram a se acumular em uma camada mais profunda, for- mando um horizonte B. O processo continuou com mais argilas silicatadas se acumulando formando uma estrutura com agregados em blocos, 4 medida que o horizonte B se distinguia Figura 2.22 Estagios pro- gressivos de desenvolvimen- to do perfil do solo origina- do, a0 longo do tempo, dos residuos de uma rocha ignea em clima quente e imido e propicio & vegetagao de floresta. A escala de tempo aumenta logaritmicamente da esquerda para a direita, perfazendo mais de 100.000 anos. Note que o perfil maduro (lado direito desta figura) expressa a influéncia completa da vegetacao da floresta, como ilustrado na Figura 2.16.* Ciagrama: cortesia de R. Weil) SN de T: Nesta figura, 0 h com simbolo Bi (B incipiente), usado 1 Brasil, equvale a0 Bw. Animagao sobre os Processos de formagéodo der ou, mais comumente, solo: www.environment.ualberta, ca/soa/process2.cfm Rocha nao intemperizada izonte aoa eeeeum™ 100 1,000 10.000 100.000 Rocha intacta, ndo intemperizada Tempo (anos) —> € se espessava. Finalmente, as argilas silicatadas também se alteraram ¢ alguma silica foi lt- viada. Dessa forma, novas argilas contendo menos silica se formaram no horizonte B. Com © passar do tempo, & medida que o perfil, como um todo, continua a se aprofundar, a zon intemperizada da rocha nao consolidada pode atingir muitos metros de espessura Como vimos, os cinco fatores de formagao do solo atuam simultaneamente e de form interdependente, influenciando a natureza dos solos que se desenvolvem em um determinado local. A Figura 2.23 ilustra algumas das complexas interagées que podem nos ajudar a pret quais propriedades do solo podem ser encontradas em um determinado ambiente. Vamos agora voltar nossa atengéo para os process que fazem com que os materiais de origem st formem em solos, quando sob a acio integracla desses fatores de formacao dos solos, 2.8 OS QUATRO PROCESSOS BASICOS DE FORMAGAO DO SOLo* O actimulo do regolito a partir da fragmentagao ¢ decomposicio da rocha ou da deposici? (pelo vento, agua, gelo, etc.) de materiais geoldgicos nao consolidados pode prec : Ocorrer ao mesmo tempo que o desenvolvimento 49 caracteristicos horizontes de um perfil do solo. Durante a formacao (génese) uum solo, a partir de um material de otigem, o regolito passa por muitas mudans* Profundas causadas por quatro grandes processos de formagao do solo (Figt” 2.24), que serao tratados a seguir. Esses quatro processos basicos de formagao, ou process

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