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Universidade Federal de Alagoas

Faculdade de Letras
Disciplina: Sintaxe do Português Professor: Jair Farias
Aluno(a):Wanessa Daniele Nunes Silva
Data: 26/05/2022

A partir da leitura e compreensão dos textos trabalhados em sala de aula, responda o


que se pede:

• Produza uma resenha acadêmica, estabelecendo relação entre os dois textos:


“O estudo da gramática” e “A arquitetura da gramática”, evidenciando como
podemos compreender o estudo científico da sintaxe.

Sabemos que durante o curso histórico a linguística sofreu diversas transformações que a
tornaram cada vez mais aprimorada, procurando compreender a linguagem humana como ciência
que precisa ser analisada, investigada e concluída por um viés lógico. No livro Novo Manual da
Sintaxe, escrito por Carlos Mioto, Maria Cristina Figueiredo e Ruth Elisabeth Vasconcellos, em
seu primeiro capítulo estudo da gramática, os autores começam a desenvolver a partir de
exemplos como a linguagem pode ser comparada com as demais ciências e seus estudos
precisam estar pautados em uma análise apurada e imparcial dos fatos, pois só observar as
sentenças não basta, como afirma Mioto, Silva e Vasconcellos (2017): “[...] a quantidade de
fenômenos que o termo linguagem abarca é muito grande - como o termo mundo natural da
física - e será necessário restringir drasticamente o seu objeto de estudo.[...]” (2017, p. 12).
Dessa forma, é preciso levar em consideração várias características para formular um
padrão que desse ser baseado em algo já existente (metalinguagem) para formar um novo modelo
teórico mais conhecido como gramática gerativa, pois “[...] apenas observando as sentenças que
efetivamente existem na língua, ele não será capaz de prever o formato da próxima sentença que
vai lhe aparecer pela frente. [...]” (Mioto, Silva e Vasconcellos, 2017, p. 13-14). Quando os
autores referem-se ao que vem pela frente, eles consideram a flexibilidade e modificação que a
língua, por intermédio de seus nativos, desenvolve novos significados e contextos para uma
sentença e, por isso, não podemos analisar apenas pela gramática tradicional, exemplo:[...] É
claro que para 'cê, que é a forma reduzida de você, não existe nem mesmo uma mísera menção.
[...]” (MIOTO, SILVA & VASCONCELLOS, 2007, p.19). Dessa forma podemos dizer que o uso
formal do você é aceito por GT e o uso contraído decê não é, mas dentro da análise da sintaxe os
dois são falados, pois eles possuem uma gramática internalizada.
Nessa perspectiva podemos observar o impasse entre a gramática tradicional e a
gramática gerativista que, por um lado, temos o uso da língua natural que determina o conceito
de certo ou errado sobre a forma com o falante se expressa, como afirma Mioto, Silva e
Vasconcellos (2017): [...] nesta acepção, apenas uma variedade da língua está em jogo: a norma
culta ou padrão; e é esse "padrão" que guiará os julgamentos do que é "certo" ou "errado" na
língua.[...]” (2017, p.16) Já a segunda, analisa a forma como a língua se desenvolve a partir do
uso de seus falantes e assim, podendo desenvolver novos significados e concepções, pois [...] Só
os seres humanos são capazes de combinar ítens de um conjunto de elementos segundo certos
princípios básicos, que são em número finito, de modo a gerar um número infinito de sentenças
novas: isto corresponde ao que chamamos de "aspecto criativo da linguagem" [...]” (MIOTO,
SILVA & VASCONCELLOS, 2007, p.18). Nesse sentido, como citado no parágrafo anterior: cê
é a forma contraída de você, logo a primeira foi inspirada a partir na gramática tradicional
brasileira, que é entendida pelos seus falantes e por isso é chamada de agramaticada.
Vale ressaltar que a norma culta da nossa língua faz parte do nosso contexto, pois segue
um conjunto de regras e normas que foram desenvolvidas ao logo do tempo e por meio de
adaptações de seus nativos, afim de aprimorar a linguagem. Mas não podemos controlar seus
nativos, que podem assumir uma flexibilidade a partir da sua fala e em alguns contextos são
usados também na forma escrita como contração das palavras que são entendidas pelos demais
da mesma comunidade. Por outro lado a linguagem formal é outro aspecto extremamente
importante, pois é ela que rege a escrita e fala sociail em vestibulares e ambientes profissionais
que por necessidade de um padrão social valorizam o uso dessa norma culta da comunicação,
pois cada civilização tem a sua língua materna, suas regras e normas que não surgiram por acaso,
desde a antiguidade, principalmente com os gregos que desenvolveram na linguagem a
preocupação para categorizar e definir a função das palavras dentro de uma sentença. No livro
Gramática do português culto falado no Brasil, escrito por Mary A. Kato e Carlos Mioto, no
primeiro capítulo arquitetura gramatical, é apresentado que os gregos, por meio dos filósofos
Platão e Aristóteles, começaram a desenvolver concepções sobre sujeito, predicado, adjetivos...
em suma, definiram as classes gramaticais dentro de uma sentença.
Desse modo tivemos uma padronização das normas cultas no uso da língua que seguiam
uma ordem lógica construída para a sentença apresentar veracidade seja pela escrita ou retórica.
Claro que esses estudos foram aprimorados ao longo do tempo e, por isso, novas concepções
estruturalistas surgiram após novos estudos. Segundo Kato e Mioto (2009):“Se para Aristóteles o
conceito de sujeito era fundamental para estudar a lógica das proposições, para Frege, o pai da
lógica moderna, tal conceito é dispensável.”(2009, p.27) Frege agora parte da concepção do
predicado e argumentos, pois é a partir dele (predicado) é que temos um leque de combinações
variadas que trazem sentido para a sentença. Desse modo, “[...]Os predicados classificam-se
conforme o número de lugares (argumentos) que exigem para formar uma proposição. Os
predicados não se limitam a verbos, mas podem ser também adjetivos ou até nomes. [...]”
(KATO & MIOTO, 2009, p.27)
A partir de Chomsky começamos a ter uma nova visão sobre a estrutura das sentenças,
enquanto os gregos estavam preocupados com o valor de verdade e falsidade e por isso as
sentenças são construídas a partir das lógicos e o tempo garantia esse valor de veracidade. E
assim o linguísta analisa agora por meio do argumento sintático e não pela lógica, e através dessa
análise a categoria de tempo passa a ser chamada de categoria flexível, pois [...]A categoria
flexão pode abrigar não apenas a flexão de tempo, mas também a flexão de concordância.(KATO
& MIOTO, 2009, p.29)
Desse modo podemos observar que as normas cultas e padrões estipulados dentro da
gramática tradicional foram desenvolvidas e pensadas para atender e proporcionar a veracidade
das sentenças. Essa evolução das análises é a prova que a língua natural passou e passa por
diversas transformações ao longo da história. O processo de categorização e padronização da
norma precisa ser desenvolvida em qualquer civilização, pois elas estipulam as regras e
concepções que cada argumento deve assumir de acordo com seu contexto. Entretanto
precisamos também compreender que seus falantes naturalmente desenvolvem por meio de uma
base (metalinguagem) novas concepções de escrita com o mesmo significado, afim de contrair o
uso cotidiano, mas sem desconsiderar a estrutura e a forma padrão da linguagem.

Referências

Kato, Mary Aizawa& Nascimento, Milton do. Gramática do Português Culto Falado no
Brasil, Volume III. Campinas: Editora da Unicamp, 2009.
MIOTO; Carlos. SILVA; Maria Cristina Figueiredo. VASCONCELLOS; Ruth Elisabeth. Novo
Manual da Sintaxe. Florianópolis: Insular. 3ª Ed.2007.

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