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série € IxOS, QUIMICA AMBIENTAL Conceitos, Processos e Estudo dos Impactos ao Meio Ambiente Geérica | Saraiva Sumério Capitulo 1 ~ tntrodugaio & Quimica Ambiental ... Capitulo 2 - Quimica da Hidrosfera . 1.1.0 queé aquimica ambiental? 1.2-Classificacéo dos impactos ambient 1.3 Acidentes quimicos e éreas contaminadas 1.3.1 Contaminagio ambiental por metais pesados. 13.11 Classificagdo dos metais.. 1.3.2 Contaminagio ambiental por hidrocarbonetos... 1.3.3 Acidentes quimicos pelo mundo 1.3.4 Acidentes quimicos no Brasil 1.4 Protocolo de Kyoto e seu impacto nas agbes humanas. 1.4.1 A origem do Protocalo de Kyoto 1.4.2.As conferéncias para 0 meio ambiente eo Protocolo de Kyoto. Agora é com vocd!, 2.1.2.1 Radiagio solar subaquitica.. 211.22 Teanepectnda dh Mua iiisiiisiciciaticbinsiidtinicasalinani 2.1.2.3 Turbidez. 33 2.1.2.7 Potencial hidrogeniénico (pH) 2.1.2.8 Alcalinidade 2.1.29 Dureza total 2.1.2.10 Condutividade elétrica.. 2.2.11 Sélidos. 2.1.2.12 Demanda bioquimica de oxigtnio e demanda quimica de oxigéni 212.13 Compostos de fésforo... 2.1.2.14 Compostos de nitrogenio..... 2.1.2.15 Coliformes totais e Escherichia col. 2.2 Poluigdo da dgua 2.3 Formas de tratamento da agua ¢ de esgotos. 2.3.1 Sistemas de abastecimento e tratamento de agua, 2.3.1-1 Mananciais, captagies e adugies, 23.1.4 Tratamento 2.32 Tratamento de esgot 2.4 Resolugdes que regulamentam o uso € 0 tratamento da gua... Agora é com voed! Capitulo 3 - Quimica da Atmostera..... 3.2.1 Classificagio dos poluentes 3.2.1.1 Classificagio dos poluentes segundo as diferengas nas caracteristicas fisicas ou quimica.. 3.2.1.2 Classificagdo baseado na origem dos poluentes.. 3.2.1.3 Classificagdo baseada no modo como os poluentes chegam & atmosfera 3.2.1.4 Classificagio baseado no estado legal dos polvemteS on mrmmmnennmnnimmarenren 3.2.1.5 Classifiagéo baseada na toxicidade e frequéncia de 0¢OFFENCIa ween enncrnenen 3.2.2 Medidas de controle da poluiglo atmosterica.. 3.2.3 Padrées de qualidade do ar. 3.2.4 Principais poluentes atmosféricos.. 3.2.4.1 Material particulado, 3.2.4.2 Monéxide de Carbono (CO). 3.2.4.3 Hidrocarbonetos. 3.2.4.4 Oxido de Nitrogénio (NO) e Didxido de Nitrogénio (NO), 3.24.5 Oznio (Oy) € oxidantes fotoquimicos. 3.2.4.6 Didxido de Gartvono (CQ,), 324.7 Enxofre Reduzido Total (ERT). 3.24.8 Didxido de Enxofie ($0,).. 3.3 Camada de Ozinio... 34 Efeito estufa 3.6.1 Principais problemas do aquecimento global no ar atmasterica wen Agora é com vor!! Capitulo 4 — Quimica da Litosfe 4 S010 sem 4.1.1 Composigio do solo.. 4.1.3 Caracteristicas do solo, 4.14 Classificagdo do solo, 4.2 Degradagio ¢ poluigdo do solo. 4.211 Bfeltos da pol uig80.eor rere 4.2.2 Tipos de poluentes ¢ degradacio do solo. 422.1 Erosio, 4.22.2 Residuos perigosos 42.2.3 Residuos urbanos.. 42.2.4 Resida0s industrAh8 wenn mmmnnmnenmennennnarennmmnneeninnnnmnenrnrn GA 4.2.2.5 Residuos de portos, aeroportos, terminais rodovidrios ¢ ferrovidrios © postos de frontelras. 42.2.6 Salinizacio. 4.3 Tratamento do solo e de residuos.. 4.3.1 Limpeza pablica. RESSSRRAERRAR Capitulo 5 ~ Energias Alternativas e Eficiéneia Energétice.. 5.1 Bnergia.¢ 0 meio ambiente ...nsinnsennennnn ve . 5.2 Fontes no renovavels de ener csansennnennenoe st i S21 Pebbleo cisco cuss 32.2 Gis natura 52.3 Carvio mineral 5.2.4 Combustiveis macleares connnnunsnnnsmnennn 5.3 Fontes de energia alterathytseeewen enn 5.3.1 Energia Midget connsnnrnnnnnnninnn ss 3.3.2 BIOMASS enn z 5.3.3 Energia edlica.. 5.3.4 Energia solar. 5.3.5 Energia geotGrmict nnnnnnennnneee . 5.3.6, Boergia das ondas © energia das mart. = 5.3.7 Biodiesel. 5.3.8 Hidr0BEN0 son z 5.4 Historica da. crise energetic’ 5.5.1 Ulilizagio eficiente da eletricidade eesene een en os 5.5.2 Blicéncia energética no setor de transpartes.cccmnn ve 55.2.1 Biodiesel 552.2 Veiculos elétricos e hibrides.. Agora & com woe. Capftulo 6 ~ Nossa Cenério Futuro 6.1 Lmporténcia da quimica ambiental. 6.2 A Quimica Verde cama futuro dos passivos ambient... ~ a8 6.3 Biotecnologts para a preservagiio ambiental cern = ed 6.4 Biorremediagéo de ambientes terrestres @ AQUIUICOS. a sennmnsnnnnnnen un 6.4.1 Aspectos da biorteAmedia¢ 0 ssn 6.4.2'Tipos de biorremediagao 64.3 Vantagens ¢ limitagdes da biorremediaga © a [ites rea-ouinenActie Caras roe inn acai Aor Ciaen DI me wat Amel Eo 66.2 Vantagens e desvantagens do uso de biofiltrs. 6.7 Monitoramento ambiental. 67.1 Caracteristicas do monitoramento ambiental. 6.7.2 Implantagio, 6.7.3 Rede de monitoramente ssn Agora écom vox! Bibliogratia, Apresentagao A Quimica Ambiental € uma ciéncia interdisciplinar que, em conjunto com outras ciéncias a Ecologia ¢ a Toxicologia, tem como principal objetivo entender a qui- tuito principal de melhorar a qualidade de vida. A Quimica Orginica, Inorginica, Fisico-Quimica ¢ a Bioquimica contribuem para transferir ¢ integrar conhecimento sobre os impactos dos compostos quimicos sobre o ambiente. ‘A Quimica por si s6 estuda as transformagées quimicas. Quando somamos 0 contexto ambiental, podemos definir a Quimica Ambiental como a ciéncia que estuda as transformages qui- micas que ocorrem no meio ambiente, bem como suas consequéncias. Os pracessos quimicos que ocorrem no meio ambiente podem ser de ordem natural ou antrépica (provocada pelo préprio ser humano). Neste livro observaremas essas modificagdes em trés niveis: na 4gua, no ar e no solo. ‘Quando estudamos o meio ambiente, buscamos entender as inter-relagGes do uso dos recursos naturais. No inicio, nao havia preocupacio na gera¢io de residuos industrials, assim como nao havia controle destes. Com a geracdo de residuos abusiva decorrente da necessidade de crescimento ¢ da aumento das atividades produtivas, houve a necessidade de criar uma drea especifica para a gestio desses residuos. Consequentemente aumentaram as exigéncias para o licenciamento ambiental, con- trole e o tratamento de suas emissSes atmosféricas, residuos sélidos e efluentes Nquidos. No Capitulo 1 estudaremos conceito da Quimica Ambiental e seus principais impactos. ‘Também veremos que a falta de conscientizagao ambiental na induistria quimica ¢ capaz de gerar danos por vezes irrepariveis & satide humana e ao bem-estar do meio ambiente. Porém, gragas 20 interesse das governantes foi possivel acreditar que a paluigao ambiental teria cura ¢, hoje, com as diversas conferéncias ambientais, podemos ter perspectivas para um futuro melhor. © Capitulo 2 estudard a agua ¢ suas diferentes formas no ciclo hidrolégico, bem como o ciclo da agua e seus parimetros fisico-quimicos e bioldgicos envalvidos. Veremos também as prin- formas de poluigdo € meios de tratamento para dguas de abastecimento ¢ esgoto com base na legislagio vigente. © Capitulo 3 trata das camadas da atmosfera e dos principais agentes poluidores. Também aborda as medidas de controle de poluigio do ar e quais parimetros so importantes para verificar a qualidade do ar, Veremos ainda os principais poluentes atmosféricos e seus efeitos a nivel global. No Capitulo 4 sao apresentadas as caracteristicas dos solos ¢ como ele é classificado; os efeitos da poluigo por residuos; além da coleta, tecnologias e medidas preventivas para evitar a poluigio. ‘Também estudaremos a base legal dos residuos sélidos. © Capitulo 5 tratard das alternativas as fontes ndo renovéveis de energia e quais opgies vidveis existirao para evitar uma nova crise energética. ene fe -Qimien Atertat Conon, Peo ie nrveceo en Antne- Cori ro nena Ate Rare © Capitulo 6 nos trard uma visdo do que poderi ser feito em curto, médio e longo prazos para ‘que possamos corrigir os erros do passado em prol de uma melhor qualidade de vida para todos nés, sem agredir o meio ambiente. “Todos os capitulos sio encerrados com exercicios que provocam a curiosidade e demandam pesquisas, levando o aluno a refletir sobre o contedo abordado e ampliar seus conhecimentos, Esperamos que aproveite este ivro como uma ferramenta de aprendizagem e que auxilie a evo lugio académica ea atuagio profssional. Asautoras 6 Quimica Ambiental - Conceitas, Processos e Estucto dos Impactos ao Meio Ambiente Ter e-Card ro None Map ins Rang Ee Introdugao a Quimica Ambiental Pye Rate Neste capitulo estudaremos a quimica do nosso entorno e a quimica relacionada aos problemas ambientais atuais. Entenderemos os conceitos que formam essa matéria e como surgiram as preocupa- ‘es sobre as transformagdes no meio ambiente, especialmente no que se refere 20 clima. ‘Como essas transformagdes amearam significativamente nosso meio ambiente, existe uma pre- ocupagio quanto as principais dificuldades e solugdes para essas mudancas. A Quimica Ambiental aparece para resolver essa questio envolvendo mecanismos que lefinem e controlam @ concentracio das espécies quimicas que precisam ser monitoradas através da detecgao dos problemas que nés seres huma- ‘nos criamos no meio em que vivemos. ica Ambiental? 1.10 queéaQ A Quimica Ambiental é uma area de conhecimento que surgiu a partir da quimica cléssica € ganhou reconhecimento nestas iiltimas décadas. & considerada uma ciéncia interdisciplinar, j4 que envolve diversas outras matérias como a Ecologia, a Geologia ¢ a Biologia. Ela estuda as altera- «bes quimicas que ocorrem na natureza de forma natural ou pela ago do homem (antrépica) ¢ que podem comprometer a sade humana ¢ 0 meio ambiente, Desde 0 século XVII, no Reino Unido, existia uma grande preocupacio com a destruigao do meio ambiente na extragio do carvao, com a publicagio de alguns documentos se referindo a esse fato. Ji em 1872 foi publicado em um dos artigos da revista Nature uma andlise da qualidade do ar nas cidades de Londres e Manchester em que foram apresentados 0s perigos das altas concentragbes de SO. Cabe dizer que a maioria dos problemas ambientais de origem quimica que enfrentamos sio causados pelo préprio homem, que contribui para os processos de poluicéo. Tanto nas indiistrias ‘come nas residéncias, existe a geragao de efluentes e residuos s6lidos, liquidos e gasosos, que acabam tendo seu destino final na atmosfera, no solo e nas éguas. Entretanto, este cenério est mudando gra- ‘¢as ao crescimento da conscientizacao da sociedade sobre os danos causacios pelas atividades huma- nas inadequadas. Sendo assim, gragas & quimica ambiental, diversos mecanismos criados pelos quimicos sio capazes de controlar a concentracio dos mais diferentes produtos, criando sinergia com areas corre- latas como a Toxicologia ¢ Engenharia Ambiental. 1.2 Classificagao dos impactos ambientais Considera-se impacto ambiental qualquer alteragao provocada no meio ambiente por deter- minada ago ow atividade. O planeta Terra atualmente tem apresentado diversos sinais de transigio que fazem com que o homem reveja seus conceitos sobre natureza. Esta conscientizacao gera novos modelos, contribuindo para novos comportamentos e definindo novas providéncias para evitar a poluigio ambiental, que pode ser definida como qualquer alteracio fisico-quimica ou biolégica que venha a desequilibrar um ecossistema. ‘Um dos fatores que mais preocupam a sociedade diz respeito aos problemas relacionados aos recursos hidricos, como 0 uso indiscriminado da agua e sua escassez, atualmente consideradas as ‘questdes mais graves do século XXI. Como jd é sabido, a poluigo atmosférica provém das atividades que nds desenvolvemos, como a indkistria, principal fonte geradora de residuos, que podem ser eliminados de trés formas: » na égua: é um descarte de dejetos muito comum, pois se trata de uma forma barata € cOmoda de eliminar as substincias sem valor. Infelizmente, esses residuos sao langados nos corpos d'égua que muitas vezes sio utilizados como fonte de égua para abasteci- mento piblico; » na-atmosfera: a eliminagdo de poluentes na atmosfera ocorre quando os residuos estéo no estado gasoso. Ou seja, por meio da queima de substancias que sio dispersadas através de chaminés sem tratamento; > no solo: a eliminacio de residuos no solo pode ocorrer em Areas isoladas previamente esco- Ihidas, que quando possuiem tratamentos para evitar a poluigdo sio chamadas de aterros sanitérios, e quando nio, sio chamadas de lixdes. As reacdes quimicas produzidas pelo lixo, por exemplo, © chorume, quando descartados em lixdes ou areas sem tratamento podem contaminar solos e éguas subterraneas causando a poluigdo orginica. Gutro tipo @ eS ae Tet re -Qsne Antra Corton Pena «Ear en ie rtd Nom ra Ae Ria bh de poluigio capaz de afetar 0 solo ¢ olen= sol freitico ¢ a poluigdo principalmente ocasionada por combustiveis fésseis. A seguir, apresentaremos as principais clas- sificagbes dos residuos: > residuos téxicos: considerados os mais perigosos, os residuos téxicos podem provocar a morte, dependendo da sua concentragao. Geralmente sio identifica- dos rapidamente, pois provocam diversas reagoes maléficas no organismo. Entre 0s principais geradores desses poluentes destacamos os poluentes industriais, como 08 residuos de cianetos, cromo, chumbo e fendi » residuos minerais: relativamente esté- veis, os residuos minerais compreendem substancias quimicas de origem mineral, ‘mas que alteram as condigées fisico-qui- micas e biolégicas do meio ambiente, Figura 1.1 ~ Cerca de 890 mithées de pias ‘somuns s40 produzidas no Brasil por ano, Cada tuma delas pode contaminar 0 solo por cerea de 50 anos. Apesar de nem todos os tipos de pias © baterias apresentam © mesmo risco ambiental, falta de controle eo despejo inadequado € um ‘erro comium com graves consequéncias. por exemplo, 05 residuos das refinarias de petrOleo, das industrias metalirgicas ¢ princi- palmente das mineradoras, Figura 1.2 Agua poluida por mineragio de cobre no lago Germinia, na Roménia Introtugzo Quimica Ambiental {ar i-inr Coen Prem Ea ln ncn nl Cnc iO Noma Mean Ane Rina » _residuos organicos: seus principais representantes estdo presentes em nosso dia a dia, sio 1 esgotos domésticos, de frigorificos, de laticinios etc. Esses residuos so representados pela matéria orginica em decomposicio langada no meio ambiente; > residuos mistos: tm caracte cas diversas associadas as de natureza biolégica.. (0s residuos mistos sio provenientes das lavanderias, inchistrias textes, e das indiistrias de papel e borrachas > residuos atémicos: com is6topos radioativos, é 0 lixo at@mico capaz de emitir radiagées ionizantes ¢ extremamente nocivas & satide do homem, causando efeitos que muitas vezes atravessam geragSes ¢ perduram por longos perfodos de tempo. 1.3 Acidentes quimicos e areas contaminadas Uma area contaminada pode ser definida como um local ou terreno onde ha comprovada- mente poluigo ou contaminacio causada pela introdugio de quaisquer substancias ou residuuos que possam ter sido depositados, armazenados, enterrados ou infiltrados, seja de forma planejada, aci- dental ou até mesmo natural Os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se em subsuperficies nos diferentes com: partimentos do ambiente, como, por exemplo, no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos materiais ttilizados para aterrar os terrenos e nas Aguas subterrineas, além de estar presentes em paredes, pisos ¢ nas estruturas de construgées. ‘A propagagio desses poluentes ou contaminantes pode ser por diferentes vias, como © ar, 0 préprio solo, as guas subterriineas e superfcias, e ainda alterando caracteristicas naturais por onde passa, deixando um rastro com impactos negatives e/ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na propria érea ou em seus arredores. Segundo a Politica Nacional do Meio Ambiente (lei n® 6938/81), sio considerados bens a proteger: » asaidee obem-estar da populagio; >» afauna ea floras » — aqualidade do solo, das Aguas e do ar; » os interesses de protesdo natureza/paisagem; » aordenacdo territorial e planejamento regional e urbano;, » — aseguranga e ordem piiblica. Dessa maneira, quando ocorre uma contaminagio nao proposital, chamamos de acidente qui- mico, que pode ser definido como um evento inesperado ou provocado por ages antrépicas, que afetam direta ou indiretamente a satide publica, a seguranga das populagdes e até mesmo os préprios sistemas industriais, que por consequéncia degradam o meio ambiente. Vazamentos de petréleo, gés natural, gases industriais, explosées, incéndios industriais, contaminagdes de produtos quimicos € radioativos so exemplos de acidentes quimicos. Analisando de uma forma global, substancias quimicas com potenciais de risco de acidentes quimicos podem ser classficadas em fungao dos seguintes pardmetros: ® ae > potencial xico; > proprivdades fisico-quimicas, » — -variedade de aplicagao; » volume, quantidade e concentragio dos reagentes, aditivos e produtos utilizados durante ‘o processamento industrial, armazenamento e o transporte. Os simbolos de risco sio pictogramas que seguem normas para apresentagio. Sao representa- das em forma quad rada, impressos em preto com fundo leranja-amarclo ¢ obrigatoriamente utiliza- dos em rétulos ou informagSes de produtos quimicos. Servem para nos alertar dos riscos no manu- seio do produto. ses simbolos seguem as normas da Unio Europeia, no Anexo II das diretivas 67/548/EWG. Ji no Brasil estio identificados na Norma Brasileira (NBR) 7500 da Associagio Brasileira de Normas “Técnicas ~ ABNTT Segundo elas, os simbolos e indicagies de perigo que devem ser utilizados s20: > cortosivo:o simbolo de um dcido ativo; > explosivo: uma bomba detonante; > comburente: uma chams acima de um circulo; > inflamével: uma chama; > tOxico: a representagdo de uma caveira sobre tibies cruzadas; > nocivo: uma cruz de Santo André; > irvitante: uma cruz de Santo André; > perigoso para o meio ambiente: uma drvore seca e um peixe, Bele Pelt [Figura 1.3 ~ Exemplos dos pictogramas uiizados aa norma curopeia pura apresentagao dos riscos, 1.3.1 Contaminagdo ambiental por metais pesados “Acredita-se que os metais talvez sejam os agentes toxicos mais conhecidos pelo homem. Hi relatos de 2000 anos a.C., onde grandes quantidades de chumbo eram obtidas de minérios, como subproduto da fusio da prata ‘Com 0 desenvolvimento industrial ocorrido nas tiltimas décadas, os metais pesados tém sido tum dos principais responsiveis pela contaminacao de nossas aguas ¢ solos, seja pela negligéncia no tratamento, seja por acidentes cada vez mais frequentes, que infelizmente propiciam o langamento de muitos poluentes nos ambientes aquiticos. ‘0s metais pesados so elementos nao biodegradiveis e apresentam na maioria das vezes mais de um estado de oxidagio. Os diferentes estados de oxidacao indicam a sua mobilidade, biodispo- nibilidade e toxicidade. De modo geral, o tempo de residéncia de alguns metais pesadas em solos €-citado por diversos autores como sendo entre 75 ¢ 380 anos para o cédmio, $00 a 1000 anos para © mercirio, e os mais fortemente adsorvidos sao arsénio, cobre, chumbo, selénio e zinco, que tém tempo de residéncia de 1000 a 3000 anos. Assim como os agrot6xicos, esses elementos ainda podem ser bioacumulados, ou seja, fazer parte da cadeia alimentar dos seres vivos e assim passar de espé- cie a espécie a0 longo da cadeia alimentar. Os maiores teores sio encontrados nos niveis mais altos dessa cadeia, correspondente aos predadores. ‘Os metais pesados so elementos quimicos metélicos, de peso atémico relativamente alto, que em altas concentragdes so muito téxicos & vida. As atividades industriais introduzem metais pesados nas dguas numa quantidade muito maior do que a taxa de resiliéncias que os rios poderiam. suportar, causando grandes desastres ambientais, sem contar que a agio dos metais pesados na satide humana é muito maléfica. Mercirio, cddmio (encontrado em baterias de celulares), cromo e chumbo sio 0s mais perigosos, presentes no nosso dia a dia. A seguir, apresentamos 0s principais tipos de metais e suas principais fontes: > Chumbo » industria de baterias automotivas, chapas de metal semiacabado, canos de metal, cable sheating, aditivos em gasolina, munigio; » —indlistria de reciclagem de sucata de baterias automotivas para reutilizagdo de chambo. > Cidmio » fundigao e refinagao de metais como zinco, chumbo ¢ cobre; » derivados do cédmio sio utilizados em pigmentos ¢ pinturas, baterias, processos de galvanoplastia, solda, acumuladores, estabilizadores de PWC, reatores nucleares. > Mercirio > mineragio e uso de derivados n >» eélulas de eletrdlise do sal pare produsao de cloro, \éstria e na agricultura; 6 Quimica Ambiental ~ Conceltos, Processas e Estudo dos Impactos ao Melo Amibiente: staan oi Grn Pn Et or ips eth Can CB Noe ope Aa apo > Cromo >» curtigio de couros, galvanoplastias, » Zinco » metalurgia (Fundigao e refinagdo), indiistrias recicladoras de chumbo. A presenca de metais esté associada 4 localizagao de regides agricolas e industria, impedindo a produglo de alimentos em solos contaminados com metais pesados. Todas as formas de vida sio afetadas pela presenca dos metais, dependendo da dose e da forma quimica. Muitos metais sio esseneiais para 0 crescimento de todos os tipos de organismos, desde bactérias até o set humano, mas eles sio necessérios em baixas concentragies e podem danificar sistemas biolbgicos. 1.3.1.1 Classificagao dos metais » elementos essenciais: s6dio, potassio, clcio, ferro, zinco, cobre, niquel e magnésio; » microcontaminantes ambientais: arsénico, chumbo, cédmio, merctirio, aluminio, titinio, estanho e tungsténio; » — dlementos essenciais ¢ simultaneamente microcontaminantes: cromo, zinco, ferro, co- balto, manganés e niquel. Os efeitos téxicos dos metais sempre foram considerados eventos de curto prazo, com mani- festagio aguda ¢ répida, como diarreia sanguinolenta, decorrente da ingestdo de mercirio, Porém, as ocorréncias em médio ¢ longo prazos so percebidas nos acidentes ambientais de larga escala com relagdes causa-efeito quase sempre subelinicas, As principais fontes de exposigdo aos metais tOxicos sio os alimentos que, dependendo da dosagem, afetam virios érgios e podem causar alteragdes nos processos bioquimicos, nas organelas, membranas celulares e no meio fisico em que vivemos. A queixa mais comum nos seres humanos esté relacionada ao sistema gastrointestinal. Acredita-se que pessoas idosas e criangas sejam as que mais sofram a exposigio das substincias téxicas. A midia escrita e falada tem noticiado a contaminagio de adultos, criangas, lotes ¢ vivendas residenciais, com metais pesados, principalmente chumbo e merciirio. Contudo, a maioria da popu- lacio nao tem informagées precisas sobre os riscos e as consequéncias da contaminagao por esses rmetais para.a saiide humana. Muitos acidentes quimicos tém deixado rastros de destruigio em muitas partes do planeta. Nos iiltimos 40 anos tém ocorrido acidentes de pequeno, médio e grande portes em diversas partes do mundo com produtos quimicos ¢ principalmente derramamentos de petrdleo, gerando grande impacto ambiental e deixando grandes catistrofes na histéria, que até hoje continuam sendo citados na midia como exemplos de contaminacdes ambientais, como 0 caso de Minamata no Japio, Seveso na Itélia, Bhopal na {ndia e Chernobyl na Réssia. ater re anen Arba Coron, Pn ae een ai tnt Cai Ca Buc oon Aes Rpt Figura 1.4 ~ Canais e cérregos sio um ponto de entrada comum para metals pesados 1.3.2 Contamina¢géo ambiental por hidrocarbonetos 0s hidrocarbonetos policiclicos arométicos (HPAs) constituem uma familia de compostos caracterizada por possuirem dois ow mais anéis aromatics condensados, Estas substéncias, bem como seus derivados nitrados ¢ oxigenados, ttm ampla distribuigao e sio encontradas como consti- tuintes de misturas complexas em todos os compartimentos ambientais (NETTO, 2000), Dentre suas intimeras fontes, podem ser citados os processos de combustio de motores a die~ sel ou a gasolina, a queima de carvio, os fotocopiadoras, a exaustio de plantas de incineracio de rejeitos, a fumaga de cigarro, além de virios processos industriais, como, por exemplo, a produgdo de aluminio ea gaseificagio do coque (NETTO, 2000). Alem das fontes citadas, destacamos a fonte potencial da maioria dos acidentes de contamina ‘glo por hidrocarbonetos: os tanques de combustiveis, © vazamento de tanques subterrineos ou derramamentos durante a operacio de transferén- cia do produto para o tanque contendo derivados de petréleo, como a gasolina e 0 dleo diesel, pode acarretar problemas & populagio, além de oferecer riscos A sade piiblica e aos ecossistemas. A contaminagio dos corpos d'égua por hidrocarbonetos pode representar um tisco para os ecossistemas aquiticos e para a saide humana. A maioria dos contaminantes apresenta baixa solu bilidade e quando estes entram em contato com a Agua, apenas uma pequena fracio se dissolve. Um ‘outro fator importante para se abordar é que a concentragao de oxignio dissolvido na égua pode ‘Quimica Ambiertal~ Conc, rocesos eEstudo dos impacos 20 Mio Ambiente diminuir quando hi contaminagio por hidrocarbonetos, ja que os microrganismos presentes no meio podem degradar esses poluentes, que sdo convertidos a gis carbénico e égua. Figura 1.5 A contaminagdo por hidrocarbonetos éum problema comum nas zonas urbanas. [Na foo, acidente na praia de Papamoa na Nova Zelindia, pola pelo petrdleo derramado ‘no nauftigio do navio carguetro MV Rena, em 20 Compostos como 0 benzeno, tolueno, etilbenzeno xilenos (hidrocarbonetos denominados Bex), a0 contaminar as éguas subterrneas inviabilizam fontes alternativas de abastecimento, ¢ quando ingeridos, dependendo da concentrago e do tempo de exposi¢ao. podem afetar o sistema nervoso central. O benzeno € 0 composto mais t6xico e jf esta associado a cAnceres. Riscos de inctndios, explosées € contaminago do solo, do subsolo e da égua subterrinea ocorrem devido a corrosio ou falhas estruturais do tanque ou da tubulagio conectada ao tanque, ou ‘mesmo por sua instalagio inadequada. AA seguir apresentaremos alguns dos principais acidentes quimicos corridos na histéria. 1.3.3 Acidentes quimicos pelo mundo > Doenga de Minamata: ocorrido em 1954, os moradores de Minamata, uma ilha localizada no sudoeste do Japao, perceberam um comportamento estranho nos gatos, que comeca- ‘vam a ter convulsoes ¢ saltar no mar. Essa conduta estranha dos felinos ficou conhecida como “Doenga da Danga do Gato’, Porém, somente em 1956 a doenca se manifestou no primeiro humano, sendo conhecida como “Doenga de Minamata’, que, além das con- ‘vulsdes, causava perda ¢ descontrole das funges motoras. Dois anos apés as primeiras anifestagdes da doenga, estudos concluiram que a doenga estava assaciada ao envenena- mento das éguas por merctirio e outros metais pesados, que infectaram peixes e mariscos, produtos que eram a fonte de alimentagao da populagao local. Navem de dioxina em Seveso: uma exploséo em uma fabrica de produtos quimicos ‘em Seveso, no Norte da Italia, em 10 de julho de 1976, langou uma espécie de nuvem composta de dioxina, que estacionou sobre @ cidade. As primeiras mudancas foram obser- ‘vadas nos animais, que comegaram a morrer gradualmente. © gato de um agricultor com apenas um dia encontrava-se num grau de deterioragio muito avangada. Esse caso serviu para acionar os drgios responsiveis, que constataram que 0 gato havia morrido devido & uma poluigdo acida. Dois dias apés o relato do incidente com o gato do agricultor, foram relatados efeitos nos humanos, com feridas na pele, desfiguragao, nduseas e visio turva, Love Canal: em 1978, toneladas de lixo comegaram a borbulhar nos pordes ¢ quintais nas residéncias de um vilarejo localizado em Nova York. A causa desse mistério foi devido {5 21,000 toneladas de residuos t6xicos industriais que haviam sido enterradas por uma ‘empresa local nas décadas de 1940 ¢ 1950. Centenas de familias assustadas abandonaram local imediatamente, apresentando sinais de intoxicacao. ‘Three Mile Island: 0 desastre conhecido como “Pesadelo Nuclear” ocorreu em 9 de abril de 1979, quando uma falha mecinica aliada a erro humano aconteceu em um reator da uusina nuclear Three Mile Island, na Pensilvinia (EUA), langando gases e efluentes radio- ativos em um raio de 16 km, Por descaso ou desconhecimento, infelizmente, a populacso nigo foi informada sobre o acidente, ea evacuagio da populagio ocorreu apés dois dias do ‘ocorride, Nao foram relatadas mortes relacionadas ao acidente. Bhopal: uma fébrica de pesticidas em Bophal, na india, langou 45 toneladas de metil iso- cianato na atmosfera em dezembro de 1984, causando a morte de milhares de pessoas em poucas horas. Nos meses que se seguiram ao acidente, mais pessoas morreram devido a complicagdes geradas pela contaminagio. Este acidente contabilizou aproximadamente 15.000 morte, mas acredita-se que cerca de 500.000 pessoas foram afetada com relatos de ccegueira, faléncia dos érgaos, mé formagdo.em fetos e defeitos congénito. Até os dias atu- ais, a populacdo sofre com os efeitos. Chernobyl: sem diivida considerado um dos piores desastres nucleares da histéria. Em 1986, na cidade de Chernoby!, na Ucrinia, um reator da usina nuclear instalada no local explodiu fazendo com que enormes quantidades de radiagio fossem dispersadas para atmosfera, espalhando-se por toda a Riissia ¢ parte da Europa. Q nimero de pessoas afetadas pelo acidente é incalculavel. O cancer de tiroide em criangas é um dos relatos mais comuns da populagdo afetada. Até hoje, uma érea de quase 20 quilémetros perto da planta permanece desativada e o reator que explodiu também permanece selado em uma espécie de sarcéfago de concreto, embora cientistas apontem que ha uma deterioracgo gradual que pode causar um novo impacto no futuro. ‘Quimica Ambiental ~ Conceitos, Processose Estudo dos Impacios a0 Melo Ambiente Teer ie -Cucn tania Coren Penn Ene on bon ois tl Cn rn Noe a Meg Ae Ren Intrdugso& Qulmica Ambiental 3 Figura 1.6 ~ Rofnas de uma fazenda abandonada préxima a Chernobyl. Detalhe para placa com o simbolo internacional de radiaglo, conhecido também como triflio. Exxon Valdez: 0 navio petroleito Exxon Valdez encalhou nas 4guas do Alasca no dia 24 de marco de 1989, despejando 10,8 milhdes de galées de éleo nas 4guas, deixando um rastro de cerca de 500 quildmetros em pouco tempo, matando milhares de animais. Cerca de 11,000 pessoas e 1.000 embarcagaes se mobilizaram para conter e reverter 0 impacto que até hoje é considerado um dos maiores acidentes da histéria, Petréleo em Chamas no Kuwait: em 1991, Saddam Hussein, motivado por questdes poli- ticas, perdeu o territério do Kuwait. Em resposta, ordenou que seu exército explodisse os posos de petréleo da regio, Seus homens incendiaram cerca de 600 pogos que queima- ram por sete meses ¢ langaram sobre o Golfo uma fumaga venenosa, com fuligem ¢ Refinaria de Manguinhos: em 1991, no bairro de Benfica (RJ), ecorreu a explosio de cilindros de aménia, ferindo trabalhadores, causaneo queimaduras e até Obitos. Por se tratar de uma drea altamente urbanizada, houve panico geral na favela ao redor, causando © bloqueio de uma das principais vias da cidade, a Avenida Brasil. Este acidente poderia ter tido proporydes maiores, jé que a Companhia de Gas Natural - CEG e a Fundagio Oswaldo Cruz (niicleo do Ministério da Satide que possui laboratories, fabrica de vacinas « presta atendimento ambulatorial e hospitalar) encontram-se prdximas ao local, » — Refinaria Gabriel Passos: em 1998, erros de projeto dos dutos da refinaria na cidade de Betim (MG) néo impediram um vazamento de nafta onde um trabalhador realizava um servigo de solda. Rapidamente 0 fogo espalhou-se causando a morte de seis pessoas ¢ ferindo gravemente outras seis, » Plataforma P-36 da Petrobras: na madrugada de 15 de marco de 2001, duas explosées na plataforma P-36 ocasionaram 0 afundamento da maior plataforma de petréleo do mundo ea morte de 11 petroleiros. Os danos ambientais foram catastrOficos, causando a morte de diversos animais marinhos. Figura 7 ~ Afundamento de plataforma. As atividades de exploracio de petrdleo sio profundidade. Por exemplo, em dias quentes de verio os niveis de oxigénio dissolvido sao minimos, ‘© que causa geralmente a mortandade de peixes, Por isso, para melhor entendimento das modifica- ‘gbes causadas pela temperatura, esta deve ser analisada de forma integrada com outros parimetros, por exemplo, o oxigénio dissolvide (OD). Como vimos anteriormente, a temperatura influencia diretamente nos processos fisico- -quimicos ¢ biologicos da agua. As variagdes de temperatura interferem nas propriedades da gua, como a viscosidade, a densidade, 0 teor de oxigénio dissolvido, além de diminuirem a solubilidade de gases. A temperatura também aumenta a taxa das reagdes quimicas e bioldgicas, como catalisa- dor e aumenta as trocas gasosas entre os sedimentos e a coluna d'agua, o que facilita a liberagio de ‘metano, gis sulfidrico e amonfaco. As alteragbes na temperatura de um corpo digua causadas por fontes antrépicas provém do langamento de éguas de resfriamento ¢ despejos industriais. Segundo a Resolugio Conama n° 357, de 2005, no padrdo para a emissio de efluentes, a temperatura maxima é de 40°C. Como alternativa, ‘em indiistrias de tinturaria, galvanoplastia e celulose, em que o efluente produzido & quente, pode-se utilizar torres de resfriamento. Os equipamentos usados para realizar a medigao de temperatura sio 0 termémetro simples de merciirio e termémetro digital ou termistor. As medidas de temperatura da égua devem ser realiza- das no proprio local de coleta. 2.1.2.6 Oxigénio dissolvido (OD) Do ponto de vista ecolégico, o oxigénio dissolvido (OD) & importante para a respiracio da mai sia dos organismos que habitam o meio aquatico. A quantidade de oxigénio dissolvido na dgua pode modificar-se de acordo com a temperatura, a mistura ¢ 0 movimento da gua, a pressio atmosférica e apresenga de matéria orgénica. Quando hé.o langamento de residuos domésticos, industrais e sdlidos, ‘ocorre o aumento da matéria orginica, Esta, por sua vez, ¢ decomposta por microrganismos presentes na dgua, que produzem compostos simples e inertes, come o-gas carbénico ea propria égua. ‘As medigBes de OD ttm como objetivo avaliar as condigées naturais ¢ detectar impactos ambien- tais como eutrofizagdo e poluicio organica. As principais fontes de poluigdo sio substincias orginicas biodegradéveis encontradas em esgotos domésticos, residuos industriais e vinhoto. Como os microrga- rnismos utilizam 0 oxigénio para consumir a matéria orginica, quanto maior a quantidade de despejos xde origem orginica lancada no corpo receptor, menor seri o nivel de oxigénio discolvido disponivel. (0 método mais comum para determinagio de OD é titulagio pelo método de Winkler. Tam- bem pode ser utilizado 0 equipamento eletrométrico ¢ a colorometria. Em caso de corpos receptores sque recebem grandes quantidades de matéria orginica, 0 nivel de oxigénio dissolvido pode oscilar muito, Entia, faz-se necessario utilizar equipamentos que podem medir a quantidade de OD direta- ‘mente no corpo receptor. 2.1.2.7 Potencial hidrogeniénico (pH) Do latim, pH, pondus hidrogenii, significa peso do ion hidrogénio. O potencial hidrogenionico (pH) € a medida da relacio entre a concentracio de ions hidrogénio (H*) e a concentracio- de ions hidroxila (OH) presente no corpo dgua. ‘Qulmica da Hirostora ‘Quando houver a predominancia de fons H*, determinamos que a agua apresenta cardter Acido. JA quando houver a predominancia de fons OH, a égua apresentard cariter bisico. Quando ‘uma solucao apresenta a mesma concentragao de ions OH- e H’*, ela tem carter neutro. Os valores slo expressos em escala logaritmica entre Oe 14, conforme a Equagio 2.1. pH = -log(H*] Equacdo 2.1 ~ Potencial hidrogtnico. ‘Amplie seus conheci ‘Acscalade pH, conforme estucamos neste capitulo, 6 expressa de 0 a 14. Quanto mais préximo de zero, mais dcida serd ‘a solugto, assim como, quanto mals préximo de 14, mais basiea ou alealina sard a solucSo, Corsidera-se neuta a solu- ‘bo que apresenta o seu pH mais priximo de 7. Observe a Figura 2.4 2 seguir: ‘sume do amoniace imi sabe eornercal 1 ' ' pOH1433 1211109 8 76 5 43220 oe en poo 1234 5 6 78 9 wn wis wo sucode lebia calatnco Tomato Raman Figura 24 —Bseaa de pH, ‘As medidas de pH nos auxiliam na obtengéo de informages acerca da qualidade das aguas. ‘Normalmente, as aguas apresentam pH entre 6 ¢ 8. Podem apresentar um cardter ligeiramente alca- lino devido a presenca de carbonatos e bicarbonatos presentes no tipo de solo por onde passam. ‘A interpretago dos valores de pH & uma das tarefas mais diffceis, pois sofre a influéncia de ‘irios fatores, como sélidos, gases dissolvidos, dureza, acalinidade e temperatura. Ao mesmo tempo, excelente na identificasao de fontes pontuais de poluigo, principalmente de efluentes industriais. Para determinar o pH, pode-se utilizar inameros recursos. Normalmente em laboratérios uti- liza-se o pHmetro (Figura 2.5), que consiste em um eletrodo acoplado a um potenciémetro (equipa- mento que mede a diferenca de potencial). Outra maneira de se determinar 0 pH de uma solugdo & utilizar tras de papel absorvente com uma mistura de indicadores de pH, conhecido como indica dor universal (Figura 2.6). Cada cor representa um valor de pH de 0 a 14, que pode ser comparado ‘com tabelas que apresentam cores padrées. Figura 246 ~ Indicador universal, 2.1.2.8 Alcalinidade A alcalinidade representa a capacidade de um sistema aquoso neutralizar a ago de dcidos, 0 que depende da presenga de carbonatos, bicarbonatos e hidréxidos. Geralmente & causada por sais, alcalinos de s6dio e calcio, Sendo assim, a principal fonte de poluigdo sio os efluentes industriais, principalmente aqueles que utilizam em seus processos bases fortes como a soda ciustica (hidréxido de s6dio) e a cal hidratada, constituida basicamente de hidréxido de calcio. Outra fonte de alteracio da alcalinidade € 0 dcido hiimico, devido a sua alta resistencia & oxidacao biol6gica. Nas faixas de pH acima de 7, os bicarbonatos representam uma grande parte da alcalinidade ‘em um corpo digua, pois sao formados a partir da agio do diéxido de carbono (CO;) sobre materiais ‘bisicos do solo, como o carbonate de cilcio (CaCO). A reacia é representada pela Equacio 2.2. CO, + CaCO, + HO Ca HCO,), Equagio 2.2 ~ Reagho de formasio do bicarbonate de cilia. ‘A presenca do didxido de carbono (CO,) deve-se A respiracio bacteriana, que é mais intensa devido 4 quantidade de matéria orginica proveniente de esgotos domésticos. Acido acético, acido propidnico e alguns sais de acidos fracos, como boratos, silicatos e fosfatos, encontrados em esgotos domésticos, podem contribuir também para o aumento da alcalinidade de um corpo d'igua, e con- sequentemente elevar o pH. Para a determina¢ao da alcalinidade utiliza-se o método da titulagio. 2.1.2.9 Dureza total ‘A dureza indica a presenga de sais de cflcio e de magnésio. Quando ha excesso desses sais na ‘gua, chamamos essa 4gua de “gua dura’. A principal fonte de dureza nas Aguas esté relacionada com sua passagem pelo sola em que ha uma dissolugao da rocha calcdria pelo gas carbdnico na égua. Nas Aguas superficiais a dureza é menor do que em éguas profundas superficiais. A dureza total & a associagdo da dureza tempordria com a dureza permanente. A dureza tem- poriria é aquela que apresenta carbonatos e bicarbonatos e pode ser eliminada com uma simples fervura. J dureza permanente nio pode ser eliminada por uma simples fervura e ocorre quando ha presenca de cloretos, nitratos ¢ sulfatos. Normalmente determina-se a dureza em partes por milhio (ppm) de carbonato de célcio (CaCO). Quanto maior a concentragdo de CaCO mais dura sera a dgua, © método para determi- nagio de dureza é 0 titulo métrico com EDTA ou permanganato, ou a espectrofotometria de absor- Gao atémica, © principal problema da égua dura ¢ a formagio de incrustagdes nas tubulagdes, Também pode diminuir a eficigncia de detergentes e sabdes, pois impede a formagio de espuma. Alguns car- bonatos podem agir come inibidores de corrosio. 2.1.2.10 Condutividade elétrica A condutividade elétrica ¢ a capacidade de conduzir corrente elétrica ¢ esta diretamente rela- cionada com a presenga de ons dissolvidos na Agua. Quanto maior a concentragao de ions dissolvi- e SaaS Tes ie -Cuimi ebah rentn,Pesn Es npc sll Anal eC Nee ego AR Ee dos na agua, maior sera a sua condutividade elétrica. Altos valores de condutividade podem dar & gua earacteristicas corrosivas. Esse parimetro pode contribuir para a identificagdo de poluentes oriundos do lancamento de residuos industriais e domésticos, principalmente de fontes de poluigdo pontuais, como os exgotos domésticos. Normalmente niveis acima de 100 uS/em sinalizam a presenga de poluentes, Para a determinacao da condutividade pode ser utilizado o método eletrométrico com um condutivimetro digital. 2.1.2.11 Solidos Qs sélidos nas éguas correspondem a toda matéria que permanece como residuo apés evapo- ragSo, secagem ou calcinagio em uma amostra. fo procedimento adotado na determinagio de séli- dos que os classifica em totais, em suspensdo, dissolvidos, fixos ou voléteis. Os métodos utilizados para a determinagio de sOlidos sao gravimeétricos ¢ 0 volumétrico, sendo o iiltimo para os sélidos sedimentiveis. Os sélidos totais (ST) sfo residuos resultantes da evapora¢io em banho-maria e secagem em cstufa. Os sélidos em suspensio ou suspensos (SS) sao os residuos de didmetro maior ou igual a 1,2,um que ficam retidos no filtro, por isso séo conhecidos como residuos nao filtréveis. Os sélidos voliteis (GV) ou residuos voléteis sio aquela porcio de sélidos que se perde apés a caleinacio da amostra em mufla. Aqueles residuos que permanecem apés a calcinacao sio chamados de sélidos fixos (SE) ou residuos fixos. Os sélidos sedimentaveis (SSed) sao a porgao de sélidos que se sedimenta sob a agdo da gravidade em uma amostra mantida em repouso em um cone Imhoff (Figura 2.7) Figura 27 ~ Ensaio de slidos sedimentiveis em cones Imhof. O estudo das fragbes de sélidos no controle de poluigao das aguas e na caracterizagio de esgo- tos sanitdrios determina um quadro geral das particulas em relacdo ao tamanho e com relagio a sua natureza. Em sistema operacionais de tratamento de esgotos, algumas frages de sélidos assumem grande importincia, por exemplo, os sélidas em suspensGo e voléteis na caracterizagio de matéria organica. A concentragao de sélidos é uma medida importante no controle de decantadores e outras unidades de separagio de sélidos. aa e@ ater Gear Antertt Cat, remot ae co acon Meo Ant Can Co Noe a Mara Ame Ro ESS Nos rios,a presenga de s6lidos causa assoreamento, diminuindo as vazdes de escoamento e os volumes de armazenamento. As principais fontes de aumento da concentracio de sdlidos so a ero- sio do solo, efluentes domésticos e industriais, residuos s6lidos, dentre outros. 2.1.2.12 Demanda bioquimica de oxigénio e demanda quimica de oxigénio A demanda bioquimica de oxigénio (DBO) corresponde & quantidade de oxigénio consumida pelos microrganismos na oxidagio bioldgica da matéria orginica ¢ ¢ expressa em miligramas de oxi~ genio por litro (mg 02/1). Os valores de DBO refletem uma indicagio indireta da quantidade de poluentes organicos biodegraddveis presentes na égua. Isso porque, quanto maior a concentragio: de material orginico, maior a quantidade de oxigénio demandada pelos microrganismos. A matéria orginica apresenta-se na forma dissolvida ou em suspensio e pode ser biodegradé- vel ou nao. & constituida por compostos de proteina, carboidratos, uréia, surfactantes (detergentes), gordura, dleos, fendis e pesticidas. Na agua, origina-se a partir de atividades fotossintetizantes dos organismos autdtrofos, da presenca de folha, do solo carreado, dos restos de animais, do langamento- de residuos, dentre outros, A alta concentragio de matéria organica pode esgotar o oxigénio disponi- vel na dgua e causar a mortandade de peixes ede outras formas de vida aquitica. A DBO ¢ uma importante ferramenta nos estudos de autodepuragio dos cursos dligua ¢ na composigio dos indices de qualidade das Aguas. No tratamento de esgotos, a DBO é um pardmetro de controle da eficiéncia dos tratamentos biolégico aerébico e fisico-quimico. O alto valor de DBO: pode produzir sabores © odores desagradéveis e obstruir filtros de areia utilizados em estagoes de tratamento de égua. Ademanda quimica de oxigenio (DQO) éa medida da quantidade de oxigenio necesséria para oxidar quimicamente a matéria orginica na 4gua e um pardmetro para identificar esgotos sanitérios ¢ industriais. Ao contrério da DBO, a DQO nio diferencia matéria organica biodegradivel de nao. biodegradivel. Sendo assim, parte-se do principio de que todos os compostos organicos, com poucas, excegies, podem ser oxidados pela agdo de um agente forte em meio acido. A.DQO determina o grau de poluigao da agua, pois determina a quantidade de componen- tes oxidaveis, como carbono, hidrogenio, nitrogénio, enxofie ¢ fésforo. O aumento da relagio entre DQO e DBO deve-se principalmente ao lancamento de residuos industriais. Juntamente com a DBO, pode-se observar a biodegrabilidade das despejos. 2.1.2.13 Compostos de fésforo © fésforo é um ametal ¢ encontra-se na dgua na forma de ortofosfato, polifosfato e fosforo orginico. E essencial ao crescimento dos onganismos vegetais e na manuten¢io dos processos fisiolé- gicos dos animais. Em determinada concentragdes nao é considerado um problema de ordem sani- téria, pois é um nutriente, obtido a partir da dissolugao de compostos do solo ¢ da decomposigao da matéria orginica. Entretanto, a presenga de fosfatos (HPO,?- ¢ PO,*) em altas concentragSes no corpo receptor causa 0 processo de eutrofizacao. Portanto, a determinado desse elemento nas aguas é importante no controle ecolégico das algas ¢ para caracterizacio de efluentes industrials por tratamento bioldgico, As principais fontes poluidoras de fésforo sio os esgotos domésticos & eo ‘Quimica Ambiental — Conceitas, Processos e Estudo dos Impactos ao Meto Ambiente “tre n-ne Ae Cetin Pat get be Ma tari Can inh nea Ana Ran industriais, fertilizantes, detergentes € dejetos de animais. Os detergentes utilizados em casa so a principal fonte de superfosfatos 2.1.2.14 Compostos de nitrogénio Assim como o fésforo, os compostos nitrogenadas ado importante na manutengéo dos arga- nismos wegetais e animais. Fm um corpo gua podem ser encontradas diversas formas dos com- postos de nitrogénio (Figura 2.8): o gas nitrogénio (N,) livre na atmosfera; 0 nitrogénio organico, dissolvido ¢ em suspensto; a aménia livre (NH) € a ionizada (NH,"); 0 nitrito (NO;) € 0 nitrato (NO;). Poder ter origem natural, como proteinas, clorofila outros compostos bioldgicos; origem antrépica, como esgotos domésticos c industriais ¢ origem animal, como dejetos animais. Fixagao Nitrogénio na atmosfera Bactérias cris feantes ‘sre tt aco Pe Seas Nc Cems octets Eee er Peed Nitrificagao Core) OD ERE Cece orts ecg de Nzn0 solo amass Figura 2.8 Ciclo do nitrogtnio em agus naturais. O nitrogénio apresenta-se sob a forma de nitrogénio orgénico e aménia livre em dguas recen- temente poluidas. Quando chega & égua, a am6nia livre transforma-se na forma ionizada, e em con- digGees acrébicas transforma-se cm nitrogénio nitroso ¢ posteriormente em nitrato, Para determinar fontes poluidovas de espotos domésticas brutos utiliza-se 0 método para determinacio do nitrogénio total Kjeldahl (NTK), que mede o mitrogénio amoniacal ¢ orgénico. © nitrogénio amoniacal é a forma Inorganica mais reduzida do nitrogénio ¢ inclui a am6- nia dissolvida (NH,) e o fon (NEI,'). A amonia ¢ libersda continuamente na égua por meio da decomposicio de protelnas, aminodcides ureia. A medicdo de nitrogénio amaniacal é impor- tante para constatar a presenga de residuos domésticos, industrials ¢ da agricultura, ¢ princi- palmente na indicagda futura do consumo de oxigénio devide aa processo de nittificagiio e do ae © aes tex cnx Actta: Cato Promnaew nae acaaling ArbciCraa INC Aaa A Awe crescimento de algas. Além disso, sua forma molecular (NH,) apresenta efeitos toxicolégicos importante para os peixes. Como essas formas de nitrogenio sio oxidadas rapidamente na agua devido A presenga de bactérias nitrificantes, esses pardimetros constituem um importante indice da presenca de despejos orginicos recentes. Considera-se como nitrogénio orginico todo aquele presente em compostos organicos, como, por exemplo, aminodcidos, aminas, amidas, imidas, dentre outros. Estes, por sua vez, sao encon- trados principalmente em esgotos domésticos. Os efluentes industriais também contribuem para a descarga de nitrogénio, como nas indiistrias quimicas, petroquimicas, siderirgicas, farmacéuticas, de conservas alimenticias, matadouros, frigorificos ¢ curtumes. A atmosfera também é uma fonte importante de nitrogénio orginico, pois as bactérias e as algas utilizam © nitrogénio atmosférico para a fixagdo em seus tecidos. 2.1.2.15 Coliformes totais e Escherichia coli Alguns microrganismas s4o encontrados nos corpos d'igua ¢ séo responsiveis pela sua auto- depuracio, ou seja, decomposi¢ao da matéria organica langada. Os microrganismos do grupo coli- forme, especificamente coliformes fecais, so utilizados como indicadores biolégicos de qualidade das 4guas e ajudam na investigacio de fontes poluidoras de conteiido fecal. Principalmente em rios urbanos, encontramos fezes humanas devido a ligagdes elandestinas e vazamentos de fossas sépticas. Para comprovar claramente a contaminagao fecal, determina-se a Escherichia coli, membro do grupo de coliformes fecais. 2.2 Poluigao da agua Vocé sabe que de todos os recursos naturais que temos a égua é o bem mais precioso? Embora saibamos ¢ reconhegamos esse fato, © homem continua poluindo ¢ desperdigando as éguas de rios, lagos ¢ oceanos. Além de prejudicarmos a nés mesmos, a mortandade de outros seres vivos inocen- tes cresce absurdamente em virtude da poluigio das Aguas. Resumidamente, @ poluicdo das dguas é caracterizada pela presenga, langamento ou liberacio de qualquer forma de matéria ou energia em quantidade, concentragio ou caracteristica em desa- cordo com a legislagZo ou que tornem as {guas imprdprias, nocivas ou ofensivas & satide, inconve- nientes ao bem-estar piblico, danosas aos materiais, 4 fauna e & flora, prejudiciais a seguranca e a0 uso, Nem sempre uma égua poluida esté contaminada, porém, toda égua contaminada € poluida. A contaminagao da 4gua ocorre quando ela contem organismos patogénicos, substincias téxicas ou resfduos radioativos. Podemos classificar a poluigdo de acordo com sua distribui¢do no espaco: poluicio pontual «¢ poluigdo difusa, A poluigio pontwal, como o proprio nome jé diz, ocorre de maneira localizada ¢ de forma concentrada, por exemplo, o despejo de esgotos domésticos langados diretamente em um rio, Este tipo de poluigao é facil de identificar e seu controle é mais rapido e eficiente. J4 a poluicio dlifusa é assim chamada porque ndo apresenta um ponto de langamento especifico, portanto é mais dificil de ser identificada e controlada. £ um fendmeno que faz parte do ciclo hidroldgico, em que os poluentes atmosféricos so arrastados pelas chuvas ¢ o escoamento superficial promove o transporte até 0 corpo receptor. Os s6lidos arrastados pelo escoamento superficial formam depésitos no fundo @ Saas Titre -nesRnttCreaon. rns Ean ot baton leg Antrta Cvina Co. Noms a. As ae de rios ¢ lagos. Também sao exemplos de poluigio difusa o escorrimento de lixeiras, drenagens agri- ccolas, residuos provenientes de sistemas de transporte, dentre outros. A poluicio, seja pontual ou difusa, afeta as caracteristicas fisicas, quimicas e biolégicas da égua. © aumento da concentragio de sedimentos em suspensdo afeta a transparéncia da 4gua, aumenta a turbidez e altera a cor e a aparéncia do corpo receptor. Para a decomposicio da matéria ‘orginica lancada na agua, ocorre consumo de oxigenio dissolvido e também a produgio de odor. Podem ocorrer também alteragdes de pH, 0 que pode deixar a Agua com teor dcido ou alealino. O Jangamento de detergentes utilizados na cozinha de casa ou mesmo em indistrias e restaurantes ‘bem como o Jangamento de esgotos dao origem a0 aparecimento de materiais que flutuam na super- ficie da &gua semelhantes a blocos de espuma. Todas essas alterages tornam a 4gua pouco atraente ‘ou até mesmo imprépria para diferentes usos, 2.3 Formas de tratamento da agua e de esgotaos Dentro do sistema de saneamento bisico, encontramos diferentes atividades importantes para a manutengdo da qualidade de vida. Duas dessas atividades sao os tratamentos de aguas e esgotos. © objetivo deste livro nao é esgotar todo o assunto, uma ver que este tépico seré novamente discu- tido em outras disciplinas Porém, é importante estudarmos este assunto, pois o quimico ambiental, dentro de suas atividades, precisa conhecer quais sio as principais etapas de um sistema de abasteci- mento puilico ¢ de tratamento de 4gua, bem como 0 tratamento de seus residuos. Existe no mundo ‘uma infinidade de sistemas de tratamento de agua ¢ de esgoto, Vamos estudar agora os elementos principais desses sistemas. 2.3.1 Sistemas de abastecimento e tratamenta de agua Figura 2.9 ~ Sistema de abastecimento ¢ tratamento de-dgua, 2.3.1.1 Mananciais, captagdes e adugGes (Os mananciais so considerados fontes de obtengio de gua para consumo humano, Podem ser tum rio, um lago, uma nascente ou um pogo. De acordo com sua fonte de obtencio, clasificam-se em guas metecricas ou atmosféricas, como a chuva e a neve; aguas superficiais, formadas por rios, oérre- £g0s, Lagos, represas, mares, dentre outros ¢ éguas subterrineas, como o pogo artesiano e 0 pogo freitico. Ao escolher um manancial, deve-se levar em consideragdo a quantidade ¢ a qualidade da égua. 2.3.1.2 Captacoes ‘As captagbes sto formadas por um conjunto de estruturas © equipamentos construidas ow montados junto ao manancial. Ao estabelecer a captacao deve-se levar em consideracdo as diferen- tes estagées do ano, para facilitar a entrada de égua, Quando possivel, para diminuir os custos € até mesmo facilitar 0 processo, a captacao pode ser por gravidade, sem 0 uso de bombas. 2.3.1.3 Aducgées ‘A.adugdo € a parte do sistema formada pela tubulacdo-que levaré a 4gua da captacio até a esta cdo de tratamento, e do tratamento até o reservatério de distribuicdo. Pode ser por gravidade, com auxilio de bomba ou ambos, 2.3.1.4 Tratamento Existem diferentes formas de tratamento da agua. Os critérios de escolha da melhor forma de tratamento vio desde 0 uso, os custos ¢ a infraestrutura disponivel para tal. Na maioria dos casos, a finalidade do tratamento da 4gua € o consumo humano. E importante remover as impurezas € microrganismos que possam prejudicar a satide humana. Basicamente, um sistema de tratamento de gua (Figura 2.10) & composto por floculagdo, decantagao, filtrago, dosagem de produtos quimicos. a) Floculagio: nessa etapa do tratamento adicionamos substincias quimicas chamadas de coagulantes, que reagirdo com as impurezas e formarao um material floculento € gelatinoso. O produto dessa reagio ficard armazenado em tanques de floculagao com agitadores de baixa rotagéo, Os flocos formados tem a capacidade de se agrupar com as particulas que estdo em suspensio e com o material coloidal, como miceorganis- ‘mos, corantes, argila e matéria organica. b) Decantacio: apés passar pelos tanques de floculacSo, a 4gua seguird para os tanques de decantagdo, chamados de decantadores. Com wma velocidade baixa, a dgua flocu- Jada passa por esses tanques até a saida. Durante esse processo, os flocos irio sedi- ‘mentando e ao final a dgua saird praticamente limpa. Normalmente a égua permanece nesse processo por trés horas, o chamado tempo de detengio. ©). Filtraggo: ao final da decantagao a agua é encaminhada aos filtros. Nesse tangue ha camadas de areia fina, areia grossa, pedrisco e pedregulho. A dgua atravessa da cama da mais fina (areia fina) até a mais grossa (pedregulho) para reter aqueles flocos que passaram pela decantagao. 4d) Dosagem de produtos quimicos: apds a filtragdo, a agua recebe cloro, cal e for. O cloro tem como principal objetivo eliminar microrganismos que ainda possam existir @ See sr n-ne Antr Coenon. Pc nines aie Arrle-Cacna rt Nowe Meena Ahm Rana co

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