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VOZES EM DEFESA* DA FÉ

Caderno 45

Esta era a Fé de nossos Pais

EDITORA VOZES LIMITADA


PETRÓPOLIS, RJ
1964
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Mais por que c que você não é católico?

Sem dúvida você se res­ E' inteiramente possível


sentiria se alguém brus­ que, mediante o auxílio
camente lhe perguntasse: de nosso Deus misericor­
“Por que é que você não dioso, você sinta a influ­
é católico?” ência de um senso espiri­
Mas suponha que essa tual interior, mesmo se
pergunta surgisse na sua você não crê em religião.
mente, como é quase certo Por outro lado, como
suceder se você der algu­ pode você explicar o uni­
ma consideração séria ao versal “senso espiritual
que lhe vai acontecer de­ interior” senão como sen­
pois da morte. Como po­ do algum sentimento mis­
deria você responder a isso de to de dignidade e de dependên­
maneira que satisfizesse o seu cia, de privilégios e de obrigações
bom-senso? para com o Criador de todos?
Certamente você poderia dizer Chame você a isso como quiser,
que as suas idéias sobre Deus são o fato é que há essa ordem en­
vagas e incertas, e que a religião tre o Criador e a criatura — uma
não oferece melhor resposta. Por ordem que o homem não faz, mas,
esta razão você se sente justifi­ antes, uma ordem que já é exis­
cado de continuar sem nenhuma tente e que êle é obrigado a des­
fé positiva, e sem sentir a ne­ cobrir.
cessidade de qualquer interêsse Embora dotado de admiráveis
religioso particular. podêres de intelecto e de vonta­
Entretanto, se você é honesto de, ao homem não foi concedi­
consigo mesmo, terá de admitir da infalibilidade pessoal — nem
que essa não é uma resposta mui­ mesmo em matérias que envolvem
to boa. Antes de tudo, ela está o plano da sua vida estabeleci­
em conflito não somente com os do por Deus. Para a sua assis­
seus próprios instintos e com o tência, há as muitas revelações
juízo raciocinado das idades, co­ divinas, diretas e indiretas, e há
mo também está especialmente principalmente a Igreja, que Cris­
em conflito com a verdade cris­ to fundou como sua mestra ofi­
tã revelada. cial para o esclarecimento da hu­
3
manidade através das sucessivas
gerações.
Você poderia tentar discutir
isso e dizer que a Igreja apenas
pretende ser o arsenal da ver­
dade de Deus. Poderia argumen­
tar que essa pretensão assenta
totalmente na fé e não pode re­
sistir à prova da lógica e da ra­
zão. Mas será isso verdade — e
acaso tal argumento satisfaz o
seu bom-senso?
Em cada particularidade, a
criação de Deus é ordeira. Cada
coisa no universo. . . até o mais
pequeno átomo... serve um uso creem e ensinam? Acaso o Deus
e um fim definidos. Então será da verdade é servido por con­
lógico ou razoável presumir que tradições?
Deus deixou o homem solto no uni­
verso sem finalidade para a qual A religião verdadeira?
viver e sem regras segundo as Convimos em que não é fácil
quais viver? Sem dúvida, a res­ pesar e julgar as pretensões de
posta é que não, e então a con­ muitas religiões e escolher a ver­
clusão evidente é que nós deve­ dadeira. Mas há uma verdadeira
mos volver-nos para a religião,
«do contrário não haverá regras — e só uma — e sôbre cada
permanentes, não haverá ordem um de nós pesa a obrigação de
e não haverá meios pelos quais achá-la e segui-la. Se você em­
possamos servir a Deus e aos preender sèriamente essa busca,
fins para os quais êle nos deu finalmente deverá ser forçado a
a vida. encarar esta pergunta: “Por que
Mas, diz você, — que é a re­ é que eu não sou católico?”
ligião? Os seus antepassados, quase
Como o fazem muitos, você certamente, eram católicos. Por
pode concluir que uma religião é mil anos, e talvez mais, os seus
tão boa como outra. Porém, uma avoengos renderam culto na Igre­
vez mais, o seu próprio bom- ja histórica, tal como os seus
senso deveria dizer-lhe que assim amigos e próximos católicos à
não é. Como poderia haver mui­ volta de si ainda fazem hoje. Mui
tas religiões verdadeiras — to­ provàvelmente, você não pode tra­
das pretendendo possuir e pro­ çar a sua árvore genealógica até
clamar a verdade de Deus reve­ o século dezesseis sem topar com
lada, e no entanto diferindo to­ o fato de ser descendente de
das nos essenciais daquilo que católicos.
4
E por que não calilico?
E por que é então que você
hoje não é católico? A resposta
pode ter que remontar até á re­
belião do século dezesseis contra
a Igreja Católica, rebelião da
qual brotaram as numerosas e
antagónicas seitas dos nossos tem­
pos. Ou talvez seus avós tenham
deixado a Igreja por outras ra­
zões e em tempos mais recentes.
Seja, porém, qual fôr a causa,
você deve a si mesmo o inquirir
por que razão não é católico —
aprovar ou desaprovar a nossa
pretensão de que a Igreja Cató­
lica é hoje e foi desde o tempo Podem os seus antepassados
dos Apóstolos o empório da ver­ ter perdido a sua fé católica his­
dade e do culto cristãos integrais tórica numa era de opressão da
estabelecidos por Cristo para guia Igreja, como, por exemplo, na
da humanidade e para eterna sal­ Inglaterra, onde os católicos eram
vação de todos. multados por assistirem & Mis-
sa e multados por não frequen­
No seu caso, os seus ancestrais tarem os serviços protestantes. A
podem ter deixado a Igreja Ca­ Dinamarca, a Noruega e a Sué­
tólica há uns 400 ou 500 anos. cia foram, por séculos, nações ca­
Uas, por mil anos antes disso, tólicas, porém muitas foram per­
Sles foram católicos. Pode você didas para a Igreja quando o
capacitar-se de haverem êles an­ Luteranismo foi impõsto pela
dado certo em mudarem a sua fõrça e os católicos eram perse­
fidelidade à luz da verdade his­ guidos com multas, prisão, con­
tórica? Lembre-se de que a Igre­ fisco da propriedade, incapacida­
de para possuir propriedades ou
ja Católica é a única Igreja cris­ ocupar cargos, e por leis contra
tã que data dos Apóstolos — que a assistência a quaisquer cerimó­
data de Cristo. E’ a Igreja com nias católicas.
a qual Cristo prometeu que “es­ Nessas circunstâncias, pode ser
taria sempre”, e da qual disse: que muitos que deixaram a Igreja
”. . . as portas do inferno não Católica não o tenham feito por
prevalecerão contra ela”. Se vo­ escolha deliberada — não por
cê recusa reconhecer a Igreja Ca­ pensarem que a “nova religião*
tólica como a Igreja de Cristo, era melhor — mas sim por te­
então diz que Cristo deixou de rem sido forçados a fazê-lo ou,
cumprir a sua promessa. E pode do contrário, aceitarem a sorte
você crer isto? dos mártires, dos quais está cheia
a longa história da Igreja. O re­ da Áustria, da Polónia ou da Li­
sultado foi que os filhos deles e tuânia, da Tchecoslováquia ou da
os filhos dos filhos dêles foram Hungria, da Croácia, da Espa­
criados como acatólicos. nha, da Itália, de Portugal ou de
qualquer das outras nações do
Como alguns perderam a fé mundo ocidental.
Também é possível que a sua A sua resposta a tudo isto po­
separação da Igreja Católica te­ de ser que não lhe interessa o
nha provindo de outras e mais que seus antepassados eram —
recentes causas. Não raras vêzes, que a religião, na medida em que
imigrantes vindos de países ca­ lhe interessa, é assunto de sua
tólicos estabeleceram-se em área própria escolha. Pode você dizer-
do Novo Mundo onde a Igreja não se a si mesmo que não é cató­
estava bem estabelecida. Não lico por não crer naquilo que
havia ali Missa ou outros Sacra­ a Igreja Católica ensina, ou por
mentos, e gradualmente êles per­ não gostar dêste aspecto do cul­
deram o hábito de culto e o in- to católico ou daquele. Talvez vo­
terêsse pela sua religião. Se você cê diga que crê na Bíblia, e, com
examinar a sua árvore genealó­ esta crença, não importa em que
gica bastante para trás, pode tal­ igreja você presta culto, se o
vez achar ser essa a razão pela presta em alguma.
qual hoje não é católico.
Também pode ser que um ca­ Mas será que esta resposta re­
samento misto de um dos seus siste à prova do seu bom-senso
ancestrais — ou mesmo o seu — e do seu raciocínio lógico?
é que o tenha tirado do redil Você há de convir em que a
católico. Talvez seu pai e sua Igreja Cristã se iniciou com Je­
mãe estivessem divididos sobre sus Cristo. Cristo confiou os seus
a questão de religião, ou talvez ensinamentos aos Apóstolos, e es­
isso tenha acontecido muito para tabeleceu a sua Igreja para as­
trás, nos dias de seu avô, de seu segurar que o seu ensino conti­
bisavô, ou mesmo além. E então, nuaria depois que êle e os seus
repito, pode você ter sido bati­ Apóstolos houvessem deixado a
zado como católico, mas não ter terra. Nos tempos apostólicos —
sido educado na fé e instruído e por muito tempo depois — não
no significado e importância da havia Bíblia. Mas havia uma
religião. Igreja — a Igreja única que hoje
é chamada Igreja Católica. O cor­
Êles eram católicos po da verdade de Cristo estava
Seja lá qual tenha sido a causa em poder da Igreja. Como se pode,
da sua separação da Igreja Ca­ pois, sustentar que todo o corpo
tólica, os seus antepassados eram da verdade cristã está na Bí­
católicos — fôssem êles da Ingla­ blia, quando milhões de cristãos
terra ou da França, da Noruega viveram e morreram sem nunca
ou da Suécia, da Alemanha ou terem ouvido falar de tal livro?
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Os primeiros 1500 anos muito tempo antes de ter havido
Na realidade, as únicas cópias Bíblia... e de que muitas Bí­
existentes da Escritura completa blias hoje em dia omitem certos
estavam nas mãos da Igreja Ca­ livros inspirados, necessários para
tólica, e durante os primeiros uma plena compreensão do ensino
1.500 anos do Cristianismo não cristão... e de que, ao passo que
houve coisa tal como a ampla mandou os homens “ouvirem a
distribuição da Bíblia, porque a Igreja”, Cristo nunca nos obri­
imprensa ainda não fôra inven­ gou a haurir todos os seus en­
tada até meados do século quinze. sinamentos na Bíblia.
Mas, se você ainda insiste em se Aprenda a Verdade
agarrar à teoria de “a Bíblia so­
Só nos Estados Unidos, o povo
tem “voltado” para a Igreja Ca­
tólica em números excedentes de
100.000 por ano. Dizemos “volta­
do” porque, como anteriormente
foi assinalado, êles são descen­
dentes de católicos — como sem
dúvida você mesmo verificará ser,
se se der o trabalho.de traçar a
origem de sua família bastante
para trás.
Sabemos que muitos outros de­
sejarão voltar à fé de seus pais
se ao menos se derem o trabalho
de investigar a Igreja Católica.
mente”, a qual Igreja recorreria Por esta razão é que a Igreja Ca­
você para a conveniente inter­ tólica insiste repetidamente no
pretação da Bíblia, — à Igreja seu convite a todos os acatólicos
Católica, que possuiu e preser­ para que examinem os ensina­
vou a Bíblia desde os tempos mentos, as crenças, as tradições
apostólicos, ou a alguma outra e a história católicas. Êste é tam­
Igreja que não teve existência bém o convite que lhe fazemos.
histórica nos primeiros 1500 anos Uma investigação da religião
da era cristã? católica levá-lo-á a muitos desco­
Os católicos têm tanta reverên­ brimentos surpreendentes e con­
cia pela Bíblia como a têm quais­ vincentes. Você achará que, con-
quer outros cristãos. Nós não te­ tràriamente ao que pode ter acre­
mos senão respeito pelos que sin­ ditado, os católicos não adoram
ceramente aceitam a Bíblia e estátuas ou imagens. Verá que
procurqm moldar sua vida pelas a Missa não é uma cerimónia
verdades cristãs que ela contém. pagã, como às vêzes é falsamen­
Mas estamos sempre cônscios do te representada, mas sim um ato
fato de ter havido uma Igreja belo, sugestivo, e tremendamente
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significativo, de culto público, no aquilo que a Igreja Católica en­
qual se enquadra o Sacrifício do sina é confirmado pela Sagrada
Calvário. Descobrirá que a Con­ Escritura como estando de ple­
fissão, a abnegação ou abstinên­ no acordo com o ensino de Cristo.
cia — tal como não comer carne Êste folheto e outros desta sé­
às sextas-feiras — a oração e rie fornecem as respostas a mui­
qualquer outro aspecto da cren­ tas das dificuldades e dúvidas
ça católica são próprios e essen­ que o possam estar mantendo
ciais à vida cristã. E talvez fora da Igreja Católica. Se, len­
ainda mais surpreendente lhe ve­ do algum dêles ou todos êles, você
nha a ser a descoberta de que, sentir o desejo dc prosseguir, não
enquanto o credo católico teve a deixe de ler os outros folhetos,
sua origem antes que as Escri­ pois Deus levará infalivelmente
turas do Antigo e do Nôvo Tes­ à Verdade os que sinceramente
tamento houvessem sido postas procuram o Seu auxílio.
entre as capas de um livro, tudo

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SÓ SOÍMOo iiuvuluò fJVilji
nossos pais o foram?
Alguns dos nossos ami­ e fervorosos. São boas
gos e próximos não ca­ pessoas, fiéis no seu cul­
tólicos assim parece pen­ to, e compreendem e pra­
sarem. Argumentam que ticam os ensinamentos e
em religião e em política crenças católicos. M a s
as pessoas geralmente se­ que dizer dos que são
guem as pegadas dos pais. católicos apenas de nome
E aparentemente acredi­ — que vêm de famílias
tam que o modo de vida católicas mas não pra­
e de culto católicos é re­ ticam a sua religião e
sultado de hábito antes não sabem sobre ela o
que uma escolha indivi- bastante para responde­
iual e uma convicção religiosa. rem a perguntas quando alguém
Sem dúvida, é verdade que o lhas faz?”
adestramento, a educação e o Alguns católicos, por certo
sxemplo de nossos pais tiveram nunca empregaram seu temp<
muito que ver com o fato de ser­ em compreender a sua fé. Esti
mos católicos desde o começo. E, veram expostos aos ensinamento^
portanto, à Providência de Deus católicos desde o comêço dos seus
s à influência guiadora de nos­ anos escolares, mas apenas se dei­
sos pais somos devedores de têr- xaram levar, tomando a sua re­
mos a nossa Fé hoje. ligião como pressuposta. Em re­
Porém os católicos não diferem, sultado disso, quando sobrevém
na natureza, das outras pessoas. uma prova real, êles podem mi-
Por esta razão, se êles não esti­ seràvelmente faltar à sua santa
vessem convictos da verdade da religião.
sua religião, abandoná-la-iam e Há também, lamentamos dizê-
experimentariam alguma outra lo, católicos ignorantes e católi­
religião, ou nenhuma. A vasta cos timoratos. O católico igno­
maioria, contudo, não a abando­ rante ainda pode ser alguém que
na. Continua praticando-a mesmo seja brilhante em outros terrenos,
quando é difícil fazê-lo, e mui­ mas que desde muito deixou de
to tempo depois de haverem es­ pesar à luz da sua fé os ne­
capado à influência dos pais. gócios diários da vida e, então,
“Sim”, podem dizer alguns, quando interrogado sôbre a sua
“há católicos que são devotos religião, é incapaz de dar uma
9
resposta satisfatória. O católico se ressentirem da profunda segu­
timorato parece constantemente rança da convicção católica. “Vo­
receoso daquilo que o mundo pos­ cês católicos”, dirão êles, “são
sa pensar a respeito dêle e da seguros demais de si mesmos.
sua religião, e tem mêdo de de­ Para vocês, a Igreja Católica, e
fendê-la até mesmo contra as ca­ só a Igreja Católica, é que está
lúnias mais ultrajantes. certa. Todas as outras estão er­
Ao que parece, muitos não-ca- radas”.
tólicos esperam de todo católico Sem dúvida os católicos são se­
uma vida virtuosa; o que é um guros e positivos na sua fé. To­
tributo à nossa religião católica. davia, não acreditam que todos
Infelizmente, porém, muitas vê- os não católicos vão para o in­
zes êles consideram a falta e a ferno, e nem a Igreja ensina tal
conduta pecaminosa de um mau coisa. E há boas razões para a
católico como uma indicação da certeza religiosa dos católicos.
falta da própria religião católica. Em primeiro lugar, nós esta­
mos certos de que Jesus Cristo
existiu. Todos os cristãos concor­
darão com isto. Os católicos crêem
que Jesus era divino, e, enquan­
to muitas outras denominações
crêem isto, algumas não crêem.
A crença católica de que Cristo
fundou uma igreja é quase geral­
mente compartilhada por seitas
não-católicas, porém elas recu­
sam conceder que a Igreja Cató­
lica é a Igreja que Cristo esta­
beleceu. Numerosas denominações,
muitas das quais não vieram à
existência senão muitos séculos
depois da Igreja Católica, e tan­
to como 1.500 anos depois da mor­
O que êles, entretanto, deveriam te de Cristo, pretendem ser a úni­
julgar não é a falta ocasional, ca que o Salvador fundou. Por
mas sim a piedade, o zêlo e a mais estranho que pareça, estas
inflexível devoção aos ensinamen­ incluem algumas denominações
tos e ideais católicos demonstra­ que nem sequer reconhecem Cris­
dos dia por dia pela vasta mul­ to como divino.
tidão de católicos no mundo in­ Os católicos crêem que, estabe­
teiro. lecendo uma Igreja, Cristo ga­
rantiu-a contra êrro no ensino
Católicos positivos da sua Palavra. Para o católico,
Há também, da parte de mui­ portanto, a Igreja é a voz da
tos acatólicos, uma tendência para autoridade em todos os assuntos
10
de fé e de moral; ey suceda o que disse: “Onde quer que dois de
suceder, a Igreja nunca pode er­ vós estiverdes reunidos em meu
ra r nem enganá-lo. Ou isto está nome, aí estou eu”? Sim, Cristo
certo, ou Cristo está errado. disse isso, mas certamente não
Por outro lado, a maioria dos quis dizer que essas pequenas re­
não-católicos baseiam as suas uniões dos fiéis, ou mesmo gran­
convicções religiosas principalmen­ des, deviam substituir a Igreja
te na Bíblia. E dificilmente umas que êle fundou e a qual êle man­
duas denominações, entre as cente­ dou aos fiéis que “ouvissem”. Se
nas destas ora em existência, estão êle houvesse querido dizer tal
de acordo sôbre o sentido e a in­ coisa, não se teria dado o traba­
terpretação das Sagradas Escri­ lho de fundar uma Igreja.
turas. Não há entre elas voz de Se você está disposto a convir
autoridade para determinar quem em que Cristo fundou uma igre­
está certo e quem está errado, ja, então é inteiramente fácil
e, òbviamente, foi êste estado de acertar, pela lógica e pela razão,
confusão que Cristo desejou evi­ com o motivo por que a Igreja
ta r quando fundou uma igreja Católica, e só a Igreja Católica,
docente. pode reivindicar ser essa Igreja.
Por certo, reivindicações contrá­
As palavras de Cristo rias são feitas, e os não-católicos
“Mas”, discutirão alguns, “que sentem amiúde a positividade dos
direito tem você de dizer que a católicos na sua atitude sôbr
Igreja Católica é essa igreja que esta questão. Mas examinem*
Cristo fundou? Acaso êle não os fatos.

11
POR QUE RAZÃO OS CATÓLICOS SÃO TflO SEGUfiOS DE Sl

Quando os católicos di­ de origem muito mais re­


zem o Credo dos Após­ cente. Há, portanto, uma
tolos, sabem que estão brecha de 1.600 anos en­
professando fé em verda­ tre Cristo e as numerosas
des fundamentais exata­ seitas que professam ser
mente com a mesma in­ a sua Igreja.
terpretação com que o Postos de frente a es­
fizeram os primeiros már­ tes fatos históricos, al­
tires cristãos e os primei­ guns não-católicos tentam
ros convertidos dos Após­ pretender que a Igreja
tolos. Católica caiu em maus ca­
Quando os católicos as­ minhos, que levaram à Re­
sistem à Missa ou recebem qual­ forma do século dezesseis. Há
quer dos sete Sacramentos, sa­ tantas contradições deste argu­
bem que estão assistindo à mes­ mento, que nenhuma pessoa de
ma Missa e recebendo os mes­ mente larga pode honestamente
mos Sacramentos tal como o apegar-se a êste modo de ver,
fizeram os primeiros cristãos. se se der o trabalho de estudar
Quando os católicos obedecem os fatos.
ao Papa como ao supremo diri­
gente da cristandade na terra, Alguns chefes da Igreja, é ver­
sabem que estão fazendo o mes­ dade, foram descuidados, negli­
mo que fizeram os primeiros cris­ gentes, e mesmo pecaminosos na
tãos, que sempre escutaram o Bis­ sua conduta. Todavia, isto não
po de Roma como o sucessor di­ foi verdadeiro da Igreja em geral,
reto de S. Pedro. e de modo algum afetou a ade­
A História fàcilmente prova são da Igreja à doutrina original
que só a Igreja Católica remon­ confiada à sua guarda pelos
ta aos Apóstolos através dos sé­ Apóstolos.
culos, e que só ela, com essen­ Se devemos crer em Cristo, de
cialmente as mesmas crenças, sa­ fato um tal fracasso da Igreja
cramentos e governo, pode reivin­ não poderia ter lugar, pois Cris­
dicar Cristo como seu fundador. to não garantiu que a Igreja per­
Por outro lado, a mais antiga sistiria até o fim dos tempos e
igreja protestante data apenas que “as portas do inferno não
de 400 anos, e muitas delas são prevaleceriam contra ela”?
12
A palavra “reforma”, como ca­ munidades denominacionais dife­
da um sabe, quer dizer a modi­ rentes e discordantes entre si.
ficação de algo já existente. A Por outro lado, os católicos es­
chamada “Reforma”, entretanto, tão seguros de que o ensino da
absolutamente não foi uma re­ sua Igreja é certo, por ser o en­
forma. Foi a criação de alguma sino de Cristo. O que a Igreja
coisa nova e diferente. Não so­ ensina hoje ensinou-o desde o
mente se destinou a corrigir coi­ tempo dos Apóstolos. A Igreja ja­
sas indesejáveis que tinham vin­ mais comprometeu as suas dou­
do a existir, mas também “refor­ trinas e princípios morais, mes­
mou” a doutrina que Cristo au­ mo em tempos em que a fide­
torizara seus Apóstolos a con­ lidade de uma nação inteira po­
fiarem à Igreja. deria ter-lhe sido conservada pe­
Desunião lo estabelecimento de concessões;
mas, a despeito de defecções oca­
O resultado foi a criação de sionais de alguns dos seus che­
centenas de seitas diferentes, ten­ fes, a própria Igreja tem per­
do pouca coisa em comum entre manecido fiel à doutrina e às ver
si, salvo o fato de se chamarem dades fundamentais que Crist
Protestantes. Em larga extensão, lhe mandou “ensinar a toda
até mesmo esta afinidade entre as nações”.
essas seitas não tem outro sig­ Hoje seria muito mais fácil à
nificado senão o de um símbolo Igreja Católica comprometer as
da sua oposição à Igreja Católica. suas doutrinas e ensinamentos,
A chamada Reforma não pro- e conformar-se às tendências do
veu essas várias e numerosas sei­ nosso mundo secular. Sem dúvi­
tas de uma doutrina ou base co­ da, ela poderia lisonjear os seus
mum para a sua fé e culto. Al­ membros permitindo o divórcio
guns arguirão que todas elas com recasamento, fechando os
creem na Bíblia, e que esta é a olhos ao controle da natalidade,
autoridade para as suas crenças. contentando-se com a educação
Porém esta pretensão tem pouco secular de seus filhos em escolas
valor em vista do fato de cada públicas. Mas, para fazer estas
seita interpretar a Bíblia a seu e outras coisas e ganhar uma po­
modo, para quadrar com as suas pularidade momentânea, ela teria
próprias vistas, e de estarem, mui­ de comprometer a Bíblia, os seus
tas vêzes, essas interpretações ra­ próprios ensinamentos tradicio­
dicalmente em conflito entre si. nais, e a lei moral natural e
Ademais, Cristo mandou que os
homens “ouvissem a Igreja”. Con­ revelada. Isto ela não poderia fa­
tudo, fora da Igreja Católica não zer sem faltar ao seu dever como
há igreja para falar com auto­ a única Igreja fundada por Cris­
ridade aos não-católicos, porque to; e isto ela não poderia fazer,
o Protestantismo é formado não por haver Cristo dito que a sua
de uma só, porém ide muitas co­ Igreja não cairia no êrro.
13
li!
A Jffeeja Católica vai ao encontro de
todas as necessidades espirituais
IssiHssnnininniiHiHHH:^ Otí:::::
Ao brilhante autor bri­ doar. Podem, pois, se fo­
tânico Gilbert K. Chester- rem inteligentes, ser às
ton certa vez foi pergun­ vêzes afligidos por sérios
tado por que decidira fa- remorsos concernentes aos
zer-se católico. E ele res­ pecados que lhes marca­
pondeu: “Foi porque eu ram o caminho através
precisava estar seguro de da vida. Um acatólico pa­
que os meus pecados eram rece apenas ligeiramente
perdoados”. em melhor posição no ca­
Isso de estar seguro re­ so, porque, se reconhece
presentava apenas uma a absoluta necessidade da
das muitas razões pelas confissão, dizem-lhe que
quais Chesterton veio a ser um confesse seus pecados diretamen­
convertido católico. Mas isso tam­ te a Deus. A própria idéia de
bém ilustra o ponto de não po­ um intermediário nisso, tal co­
der êle achar nas outras seitas a mo um sacerdote, é ridiculari­
resposta a uma necessidade bá­ zada, mesmo se a Bíblia, que é
sica humana; porque a Confis­ de esperar seja crida por todos
são, como tantos outros Sacra­ os cristãos, registe expressa­
mentos da primitiva era cristã, já mente a incumbência dada por
não faz parte da doutrina de Cristo aos seus Apóstolos para
muitas seitas, senão da quase perdoarem pecados. Ademais, os
totalidade delas. primeiros cristãos não somente
Todo ser humano normal, a
não ser que a sua consciência te­ Mas não são só os fatos his­
nha sido pervertida por pecados
reiterados, tem um sentimento de tóricos que tornam um católico
culpa. E é simplesmente natural seguro da sua fé. O católico que
e normal desejarmos estar segu­ realmente compreende a sua re­
ros de que os nossos pecados, ligião e a prática acha nos en­
grandes e pequenos, são perdoa­ sinamentos dela, nos seus sacra­
dos. O pagão ou o ateu, quando mentos e nas suas graças, todas
acusados pela sua consciência, as respostas a todos os proble­
não têm para onde se volver em mas da vida — não só da vida
busca de pendão, por não crerem neste mundo, mas também da vida
que haja alguém capaz de os per­ no outro.
14
se confessavam ao seu sacerdote para a vida neste mundo, c tôda
ou bispo, mas também confessa­ a segurança de que precisamos
vam públicamente os pecados que para o mundo futuro, por que
eram contra o público. então ter-se-ia Deus preocupado
Depois de sinceramente procu­ de nos dar os Dez Mandamentos?
rar fazer uma boa Confissão, o Por que razão Cristo, no seu
católico não tem dúvida quanto Seraião da Montanha, se deu o
ao perdão dos seus pecados. Fica trabalho de indicar as virtudes
tão certo disto como está certo por cuja posse êle esperava que
de que o Sacramento do Batis­ nós nos esforçássemos? Por que
mo lhe limpou a alma do pecado foi, de fato, que Jesus achou
original. Porque nós temos a pa­ necessário ensinar tudo o que en­
lavra explícita de Cristo aos seus sinou, quando poderia ter gran­
Apóstolos, de que “aquêles a jeado crença somente pelos seus
quem perdoardes os pecados ser- milagres e pela sua crucifixão e
lhes-ão perdoados, e aquêles a ressurreição?
quem os retiverdes ser-lhes-ão re­
tidos”. Se nós cremos que Cris­ Não a «Fé sòzinha»
to pôde criar o Sacramento do E* verdade que nós somos sal­
Batismo para apagar a mancha vos pela fé. Mas não pela fé sò
do pecado original, deveria al­ mente. “A fé sem as obras é moí
guém duvidar de que êle forne­ ta”, escreveu S. Tiago (2, 26,
cesse um meio para o perdão dos “Fazei penitência e sêde batiza
pecados cometidos depois do Ba­ dos cada um de vós em nome de
tismo? Especialmente, por que Jesus Cristo, para a remissão
se haveria de duvidar disto, quan­ dos vossos pecados” (At 2, 38).
do a Bíblia diz que Cristo o fêz? “Se eu tiver tôda a fé, de modo
Muitas vezes dizem aos não- a remover montanhas, e não ti­
católicos que a Confissão, a Mis- ver caridade, isso de nada me
sa e vários ensinamentos, cren­ aproveita” (1 Cor 13, 2).
ças e formas de culto católicos A fé sòzinha evidentemente não
são apenas crendices, inventadas basta, em vista do mandamento
pelos padres para embair os ig­ de “fazer penitência e ser ba­
norantes e os supersticiosos, e tizado”. Não baste têrmos uma
para manter grande número de fé bastante grande para mover­
pessoas no temor do sobrenatu­ mos as montanhas, se “não ti­
ral. E dirão êsses: “Porque a vermos caridade”. De certo a fé
Bíblia nos diz que creiamos em é absolutamente necessária para
Cristo, e seremos salvos”. vivermos reta e tranqiiilamente
Certamente, seria muito mais a vida presente, e para atingir­
fácil se as nossas obrigações para mos o nosso destino eterno com
com Deus não passassem disso. Deus. Mas não a fé sòzinha —
Mas, se a simples crença nos for­ a menos que desejemos menos­
necesse tôdas as respostas certas prezar tudo o que Cristo nos en­
15
sinou, tudo o que a Sagrada Es­ fício da Missa, em petição da mi­
critura nos diz. sericórdia de Deus sôbre a alma
dos seus entes queridos que se
A morte é certa foram.
Gilbert K. Chesterton, pensan­ A prática católica de orar pe­
do sôbre o perdão dos seus pe­ los defuntos é ridicularizada pe­
cados, sem dúvida pensou tam­ los não-católicos. Todavia, persis­
bém sôbre o tempo em que teria te o fato de que os primeiros
de morrer e de enfrentar o juízo cristãos acreditavam na eficácia
do seu Criador. Isto, mui pro- de tais orações, de que essa prá­
vàvelmente, foi um incentivo mais tica tem feito parte do ensino e
forte na sua busca da purifica­ da tradição da Igreja desde o
ção espiritual do que o desejo tempo dos Apóstolos, e de que
imediato de acalmar a sua cons­ a Sagrada Escritura dá evidência
ciência. Porquanto, seja lá o que específica de que é coisa conjun­
fôr que um homem creia, e viva tamente “santa e salutar” orar
ele como viver, mais cedo ou mais pelos mortos.
tarde deverá êle enfrentar o fato Para os católicos, a sua reli­
da morte e perguntar-se o que gião é não apenas um conjunto
há para além dela. de normas éticas ou de princí­
Os católicos, por certo, temem pios morais. Antes, é um com­
ianto a morte como a temem pleto modo de vida. E* uma fon­
quaisquer outras pessoas, mas te de inspiração para viver reta
desde a infância o católico é ensi­ e convenientemente, uma fonte de
nado a crer que vive a vida pre­ fortaleza para a constante luta
sente em preparação para a vida contra a tentação e o pecado, um
futura. E, embora os católicos não meio de cumprir os fins para os
sejam dotados, por natureza, de quais Deus nos criou, uma fon­
maior coragem em face da morte, te de graça para atingir uma
o terror dela é diminuído para intimidade e unidade com Deus,
êles pela segurança e conforto uma coluna de fôrça em tempo
da sua fé. de fraqueza. Nós somos seguros
Um católico é justamente tão na nossa fé porque a nossa fé
penosamente afligido pela perda vai ao encontro de tôdas as neces­
de um ente amado como qualquer sidades, e porque sabemos que,
outro ser humano. Mas a Igreja seguindo-a, seguimos a clara sen­
lhe lembra que êle deve ter uma da que Cristo nos marcou.
firme confiança numa futura re­ O perdão do pecado, o confor­
união com o ente amado no céu. to na tristeza — estas são ape­
Semelhantemente, o católico sabe
que pode, pela oração, ajudar um nas algumas das coisas no modo
ente amado falecido, e também de vida católico. Olhemos para
pela participação no Santo Sacri­ algumas outras.

16
17
Os católicos que ingressam no esquecido é que foi Deus quem
casamento são ensinados pela sua nos deu as leis que são as leis
Igreja a crerem que estão liga­ da Igreja. Foi Deus quem disse
dos até a morte pelos seus votos, que nenhum homem pode repu­
suceda o que suceder. Êles reco­ diar sua mulher para desposar
nhecem o casamento como um outra.
Sacramento, e portanto devem Pela crítica que você às vêzes
olhar para a sua vida conjugal ouve, você poderia imaginar que
como para um estado santo, com­ foi a Igreja Católica que se
parável, como o estabeleceu S. apartou da fé de nossos pais.
Paulo, à união de Cristo com a Mas, se você estudar cuidadosa­
sua Igreja. mente e pesar honestamente a po­
Via de regra, os católicos não sição católica sôbre tôdas as ques­
se precipitam, quando se trata tões, será forçado a admitir que
do casamento. 0 seu preparo e na sua doutrina básica, na sua
as leis da Igreja exigem que preservação dos Sacramentos, nos
êles só assumam essas solenes seus ensinamentos e formas de
obrigações com a devida instru­ culto, e na sua insistência sôbre
ção, reflexão e respeito. Êles re­ a aplicação da verdade religiosa a
conhecem que a finalidade primá­ todos os aspectos da vida, só a
ria do casamento, tanto sob a Igreja Católica persiste fiel aos
lei divina como sob a lei natural, ensinamentos de Cristo e firme
é a procriação de filhos. E’-lhes na sua recusa de comprometer a
ensinado que coisas tais como o doutrina confiada à sua guarda
movimento chamado “paternidade pelo próprio Nosso Senhor.
planejada” são nada mais nada Os cânones matrimoniais da
menos do que uma violação da lei Igreja, dizem alguns, são destina­
natural e divina. dos a fazer com que os católicos
se casem com católicos. Conquan­
O casamento é um Sacramento to a Igreja certamente prefira
Muitas vêzes acontece ergue­ isto, e a experiência demonstre
rem-se as leis da Igreja Cató­ que os casamentos de pessoas de
lica no caminho de um casamen­ convicções religiosas semelhantes
to, como no caso de um homem geralmente são mais satisfatórios,
divorciado que deseja esposar em certas circunstâncias ela to­
uma môça católica, insistindo es­ lera casamentos mistos, desde
ta em ter a cerimonia católica. que não haja perigo para a fé
Um casamento na Igreja é im­ dos filhos. As regras da Igreja
possível sob tais circunstâncias, no tocante ao casamento têm a
e muitas vêzes a parte não-cató- sua autoridade na lei divina e
lica critica altamente a posição são destinadas a ater-se a essa
da Igreja. Entretanto, o que é lei.

18
A FÉ DE NOSSOS PAIS
£ A FÉ SEGURA
Até mesmo a pessoa as mesmas verdades, re­
ais sincera, buscando ar- zam as mesmas orações,
irosamente a verdade re- assistem à mesma Mis-
jiosa, provavelmente de- sa e recebem os mesmos
i ficar confusa com a ^ u m Sacramentos, e, em as-
Lriedade de pretensões h//h y á suntos espirituais, obede­
doutrinas religiosas an- " *■ ' *iv cem aos mesmos dirigen­
gônicas que ouve hoje tes.
ii dia. Desde a revolta de Mar-
Prontamente ela descd- tinho Lutero, há cêrca
e que, enquanto muitas de 400 anos, o Cristia­
nominações professam nismo foi tristemente di­
mdar-se no Nôvo Testamento, vidido. Essa desunião, disse u?
i grandes diferenças no modo observador não-católico, constit
mo as várias seitas interpre- “um escândalo para o mundc
m os sentidos Escriturários. E ninguém pode chamar a is
E, se ela se der o trabalho de um exagero quando nos pòmc
har bastante para trás, acha- a imaginar que, além da Igreja
, que as interpretações que uma Católica, há umas 675 denomina­
ita hoje aprova são, não raro, ções, todas se chamando cristãs,
teiramente diferentes, em al- embora discordando radicalmente
ins particulares, das interpre- umas das outras.
ções formuladas pela mesma Por certo, tentativas também
ita há 100, 200 ou 400 anos. têm sido feitas para forçar a
Somente quando se dá o tra- Igreja Católica a mudar seme­
ilho de estudar o catolicismo lhantemente a sua doutrina e a
que a pessoa interessada che- comprometer as suas crenças.
i a uma religião que tem ade- Mestres como Lutero, e Ario an­
lo consistentemente à sua dou- tes dêle, procuraram negar ou
ina desde o comêço. . . não por interpretar a seu modo as ver­
'0 anos ou 400, mas pelos qua- dades estabelecidas da religião
2.000 anos que são decorridos católica. Em cada caso, foi dado
sde o tempo de Cristo. ouvido a êsses discrepantes usual­
Seja lá por onde fôr que você mente num concílio geral dos
aje, em qualquer parte do mun- bispos do mundo; e à luz dos en­
i, achará que os católicos crêem sinamentos apostólicos tradicio-
19
nais e da Sagrada Escritura os Os católicos sabem que todos os
seus escritos foram julgados. ensinamentos da sua religião po­
De fato, todos os ensinamentos dem ser apoiados pela razão, e
e práticas essenciais da Igreja que não há nada na sua fé que
Católica estão contidos no peque­ seja contrário à razão. Mas dis­
no catecismo. Êles são tão sim­ põem-se a aceitar a autoridade de
ples, que mesmo uma criança pode Cristo e da sua Igreja infalível
ser ensinada a compreendê-los, quanto aos fatos e verdades que
embora êles respondam a ques­ estão para além do reino da ob­
tões as mais profundas e a dú­ servação e da compreensão hu­
vidas as mais fundamentais do • manas — e isto é a fé.
sábio, do filósofo e do teólogo. De fato, não há sequer uma
única contradição na linha intei­
A Verdade viverá ra da crença católica. Pelo con­
• No decurso dos séculos, suces­ trário, todos os ensinamentos for­
sivas hordas de ateus, agnósti­ mam um todo harmónico — o
cos e zombadores têm atacado o que é indicação, senão prova, de
catecismo, mas nem uma só vez serem êles verdadeiros. Os con­
conseguiram provar uma só dou­ vertidos que vêm em busca de ins­
trina falsa nêle. trução na religião católica mui­
Tentativas similares continuam tas vêzes ficam pasmados com as
hoje. O incrédulo moderno que­ penas que os sacerdotes se dão
reria ver-nos alijar a fé como em mostrar cada passo sucessivo
um fator de conhecimento em ma­ na doutrina católica.
téria de religião, e ver-nos limi­ Quando o bom-senso é aplicado
tar a nossa apreensão das ver­ às divergências de crença entre
dades religiosas àquilo que po­ os católicos e as seitas, a vali­
demos conhecer e compreender pe­ dade da doutrina católica é tor­
la razão e pela lógica. Para di- nada clara mesmo àqueles que não
zê-lo de outro modo, êle quere­ simpatizam com o ponto de vista
ria limitar a religião a uma ci­ católico. Isto é claramente ilus­
ência natural. Mas o que o cha­ trado sobre três pontos de diver­
mado livre-pensador esquece é gência mais importantes, a sa­
que a razão humana é limitada ber: 1) — s e a f é e a s boas-obras
nas suas capacidades. Há gran­ são necessárias para a salváção;
des áreas de conhecimento para 2) — se há ou não há purgató­
além da sua apreensão, verdades rio; 3) — o Sacramento da Pe­
que ela nunca conheceria se Deus nitência.
não as houvesse revelado. Tais O ensinamento de que só a fé
são as verdades sobrenaturais da é necessária para a salvação não
religião. A razão pode fornecer convém à razão, por ser possível
motivos para crer essas verdades, saber-se o que é direito e, no
mas a crença é a aceitação delas entanto, não se fazer; crer num
precisamente porque Deus as re­ ideal ou princípio e, no entanto,
velou. nada fazer a respeito dêle. O
20
senso comum, além do claro en­ Mas negam que Cristo tenha es­
sino do nosso Salvador BÔbre o tabelecido qualquer outro Sacra­
assunto, exige que nés “façamos mento para tirar os pecados come­
a vontade de nosso Pai”, ou seja, tidos depois do Batismo, especial-
que pratiquemos aquilo que cre- mento a Confissão. Mas a grande
questão é que, depois do Batis­
mo, o homem ainda é capaz de
Sim — Purgatório! cometer o pecado. A prática da
Quanto ao Purgatório, até mes­ Confissão católica não sómente
mo não-católicos admitem que as desempenha a incumbência dada
almas que se foram deste mundo por Nosso Senhor aos Apóstolos:
com pecados veniais, pecados pe­ “Aquêles a quem perdoardes os
quenos, na consciência não po­ pecados ser-lhes-ão perdoados, e
dem entrar no céu, porque “nada aquêles a quem os retiverdes ser-
manchado” pode entrar no céu. lhes-ão retidos”, mas também é
Contudo, segundo todo bom ra­ uma doutrina complctamente ra­
ciocínio êlcs podem também con­ zoável que deveria invocar o bom-
ceder que essas almas não serão senso de qualquer um.
condenadas a um castigo eterno. A religião católica é, entretan­
E então para onde irão elas de­ to, a Fé segura não apenas por­
pois da morte? A doutrina ca­ que os seus ensinamentos invo­
tólica do Purgatório, que ensina cam o bom-senso, nem por ser <
a existência de um lugar tempo­ Fé dos nossos antepassados des­
rário de purificação em prepa- de o comêço da era cristã. Ela
é a verdadeira Fé por ser a re­
posta que vem ao encontro das ligião de Jesus Cristo revelada —
exigências do bom-senso. por incorporar todo o ensino do
Algumas seitas não-católicas Salvador — por preservar o en­
admitem o batismo numa forma sino de Nosso Senhor exatamente
ou noutra. Algumas também re­ pelo modo como êle disse que o
conhecem que êle remove o pe­ faria a sua Igreja.
cado e dota a alma com a graça.

21
Os não-católicos irritam- que deseje ser sensato e
se, muitas vezes, com a razoável.
pretensão católica de que Assim, a única questão
a sua Igreja é infalível. que resta ser resolvida é:
Consideram isto uma ar­ Qual é a Igreja de Cris­
rogante presunção e um to, e como pode ser iden­
insulto à sua seita. Sen­ tificada?
tem que esta tem o direi­ Poderá ela ser uma das
to de fazer a mesma rei­ 675 seitas não-católicas,
vindicação. a primeira das quais só
Mas — quais são os veio à existência há uns
fatos? 400 anos? Se procurar­
Nenhum não-católico razoável mos sustentar isto, estaremos di­
e instruído negará que Cristo zendo que a Igreja que Cristo fun­
fundou uma Igreja. Porque isto dou 1.600 anos antes falhara,
é provado não só pelas tradições coisa que êle disse que ela não
do cristianismo desde o tempo de poderia fazer.
Nosso Senhor até o presente dia, Ou a Igreja de Cristo será a
como também pelo Novo Testa­ Igreja Católica, que tem existi­
mento, que as denominações não- do como um todo orgânico, sem
católicas proclamam como sendo mudança essencial nos seus ensi­
a única base da sua doutrina. namentos, desde o tempo de Cris­
Semelhantemente, pode-se con­ to e dos Apóstolos até o presente
vir em que qualquer Igreja fun­ dia?
dada por Cristo deva ser incapaz Cristo, sem dúvida, só ensinou
de êrro e invulnerável aos assal­ uma única doutrina, e a sua
tos dos seus inimigos. Êste fato Igreja deve evidentemente ter
também é atestado pela tradição perfeita unidade em todos os seus
e pela Sagrada Escritura. Qual­ ensinamentos e Sacramentos, sem
quer outra espécie de Igreja se­ contradições.
ria uma monstruosa^ deslealdade, Pode-se honestamente dizer que
da qual o nosso Salvador não po­ há unidade de ensino e de cren­
deria ser culpado. ça, sem contradição, entre as
Que Cristo tem uma Igreja, e seitas não-católicas? E onde é que
que ela é infalível, deve, pois, ser nessas igrejas estão os Sete Sa­
concedido por qualquer cristão cramentos? A verdade, por cer-
22
to, é que si a Igreja Católica ros séculos, do fato de ser ela
tem unidade mundial nos seus rcalmcnte universal.
ensinamentos e práticas. O Concilio de Nicéia, por exem­
Diz-nos o bom-senso que a Igre­ plo, no ano 325, definiu a Igreja
ja de Cristo deve ser uma Igreja como a Igreja Una, Santa, Ca­
revestida de autoridade, pois Nos­ tólica e Apostólica. O Credo
so Senhor delegou uma autori­ Apostólico proclama a crença na
dade definida aos seus Apistolos “santa Igreja Católica”. Muitas
para continuarem a obra da sua tentativas fazem-se hoje para fa­
Igreja. E cada um sabe que a zer crer que a Igreja Católica
Igreja teve os seus bispos e sa­ é apenas outra seita cristã, e
cerdotes desde o começo, com au­ que qualquer outra seita que de­
toridade aos mesmos conferida seje faz£-lo pode pretender ser
pelos Apóstolos. Na Igreja Ca­ católica e apostólica, embora não
tólica, a sucessão dos bispos c seja nem uma coisa nem outra.
sacerdotes tem continuado sem Também deve ser aparente a
interrupção desde os tempos apos­ qualquer pessoa razoável que uma
tólicos ató hoje. igreja, como qualquer outra or­
Mas onde é que, entre as de­ ganização, deve ter ordem e dis­
nominações não-católicas, h i uma ciplina se quiser cumprir as suas
simples autoridade, e muito me­ finalidades. Isto óbviamente é im­
nos um corpo de bispos e de sa­ possível em seitas onde há diver­
cerdotes investidos para falarem sidade de opinião sõbre matóriai
pelo grupo todo e para promul­ de doutrina; onde, em alguns cu
garem crenças c práticas sóbro sos, um ministro pode reptar oJ
as quais todos concordam? Onde seus superiores eclesiásticos e le­
é que, entre essas seitas não-ca­ var o seu caso perante os mem­
tólicas, há um mestre, erudito, bros leigos da sua congregação;
clérigo ou discípulo, que possa e onde os leigos," em alguns gru­
com razão pretender estar em pos, podem ditar regras ao mi-
legitima sucessão aos Apóstolos?
Os não-católicos &s vêzes dis­ A Igreja Católica, por outro
cutem o direito da Igreja Católica lado, tem ordem e disciplina. En­
de se chamar “católica”, coisa tre os fatõres que contribuem pa­
que por certo quer dizer univer­ ra isto estão a secular estrutura
sal. A resposta católica a isso da chefia na Igreja, o Direito
é não apenas o fato de ser a Canónico, e o respeito que o povo
Igreja Católica mundial, ou de católico tem aos seus bispos, por
se elevarem os seus membros a êle reconhecidos como os suces­
cerca de 400 milhões de pessoas sores legais e oficiais, e devida­
de tôdas as raças e cõres. O fato mente designados, dos Apóstolos.
da sua catolicidade remonta & Em vista de todos ístes fatos,
própria origem da Igreja, que £ claro que a pretensão católi­
Cristo declarou seria universal, ca da infalibilidade da Igreja se
e ao reconhecimento, nos primei­ baseia não em arrogância, mas
A BÍBLIA MÃO E A
AUTORIDADE PLENA
Ninguém que depende Portanto, quem quer
exclusivamente da Bíblia que insiste sobre a Bí­
pode pretender ter a com­ blia como sendo a única
pleta verdade de Cristo. fonte da verdade cristã
E* difícil convencer disto está dizendo, com efeito,
pessoas que por tôda a que não houve fonte de tal
vida têm crido na teoria verdade para as massas
de “a Bíblia somente”, do povo durante 400 anos
embora muitas se con­ depois da morte de Cris­
vençam quando se dão to. De certo, nenhuma
o trabalho de estudar pessoa inteligente quere­
os fatos. ria sustentar isto.
Antes de tudo, sabemos que Há, realmente, duas fontes da
Cristo ensinou os seus discípu­ crença cristã. Uma é a tradição,
los por palavra de bôca. Não es­ abrangendo o ensino oral de
creveu coisa alguma. A Bíblia Jesus como transmitido pelos
não poderia, pois, evidentemente, Apóstolos. A outra é a Sagrada
ter sido a autoridade para a fé Escritura, representando aquela
dos primeiros cristãos. Vasto nú­ porção do ensino de Nosso Se­
mero dêles viveram e morreram nhor que foi posta por escrito pe­
sem terem jamais visto uma Bí­ los seus discípulos sob a inspira­
blia, ou mesmo sem terem ouvi­ ção do Espírito Santo.
do falar de tal livro. Mas em ambos os casos as pa­
Isto foi verdade dos converti­ lavras de Cristo e os fatos da
dos não só durante a própria história tornam claro que a pre­
vida de Cristo aqui na terra, gação, o ensino e a interpretação
como também durante a vida e deviam estar nas mãos de uma
longo tempo depois da morte dos autoridade reconhecida, estabele-
Apóstolos. Os vários livros do
Nôvo Testamento foram escritos
entre os anos 45 e 100 da era na promessa do próprio Cristo,
cristã, e só no ano 400 foi que e na clara evidência de que só
a Igreja definiu quais os livros a Igreja Católica tem todas as
que deveriam formar o Nôvo Tes­ marcas e qualificações que evi­
tamento e ser aceitos como ins­ dentemente a Igreja de Cristo
pirados pelo Espírito Santo. deve possuir.
24
ida, imutável e indissolúvel — Quem é que pode interpretar?
Igreja. Os católicos, naturalmente, des­
De fato, ninguém pode mos- mentem o dogma fundamental
rar que a Bíblia é de origem não-católico da “fé haurida nas
ivina e inspirada pelo Espírito Escrituras somente, e por inter­
anto sem que reconheça a in- pretação privada”. Essa foi uma
alibilidade da Igreja Católica. opinião inteiramente desconheci­
Em vista disto, é inteiramente da e não praticada durante os
asmoso ouvir às vezes dizer que primeiros 16 séculos da era cris­
s seitas não-católicas defendem tã. Ela é desaprovada pelo en­
Bíblia e que a Igreja Cató- sino e pela própria natureza da
íca se opõe a ela. A Igreja Ca- Igreja, desde o tempo dos Após­
51ica, por certo, teve a Bíblia tolos. A sua impraticabilidade é
ntes que houvesse coisa tal co- profundamente demonstrada pelo
10 Igreja protestante — de fato,
número de seitas que estão em
eve-a mais de 1.500 anos antes. conflito nas suas várias inter­
Durante êsses 1.500 anos, os pretações.
ristãos “ouviam a Igreja”, como E, se a Bíblia sozinha é sufi­
"risto mandara, e como o fazem ciente para a obtenção de uma
ioje os católicos. A teoria “a verdadeira e plena compreensão
líblia somente” só veio à exis- da vida cristã, por que então é
ência por ocasião da revolta de necessário às várias seitas terer
-útero contra a Igreja, há cêr- pregadores e ensinantes? Pek
a de 400 anos, o que tudo for- suas ações, senão pelas suas p;
a uma pessoa razoável a per­ lavras, é evidente que elas tanj
guntar: “O Cristianismo come- bém consideram a igreja, e na
;ou com Cristo ou com Lutero?” a Bíblia, como a autoridade, pois
O Nôvo Testamento não é um é de uma igreja que êles depen­
ivro de texto, ou manual, de dem para fazerem a interpreta­
•eligião, completo e ordenado. Em ção, o ensino e a pregação.
:ertos lugares é vago, fragmen- O Sacramento da Penitência,
;ário e difícil de entender. E isto como praticado na Igreja Cató­
í porque os seus escritores pre­ lica, é um dos aspectos mais cri­
sumiam que o povo já aprendera ticados da fé católica. “A Bíblia”,
pela pregação a verdade cristã. arguirão alguns críticos, “não diz
A Bíblia evidentemente tinha em que nós devemos confessar a um
mira completar o ensino da Igre­ padre. Nós confessamos nossos
ja, e não substituí-lo. Se uma pecados a Deus”.
pessoa totalmente alheia à tradi­
ção e ao ensino cristãos tivesse Docentes de Cristo
de pegar um exemplar da Bíblia,
poderia, sem outro auxílio, ter o O próprio fato de a Bíblia não
plano completo de Cristo sôbre dizer isso demonstra que a Bí­
a vida cristã e um guia seguro blia não pode ser a única fonte
para a eterna salvação? da verdade cristã. Porque Cris­
25
to especlficamente autorizou os a que êles chamam uma falta de
Apóstolos a perdoarem ou não "democracia” na Igreja Católica.
perdoarem os pecados. E incum­ O povo católico, dizem êles, não
biu os Apóstolos do dever de no­ tem nada a dizer sobre a dou­
mearem outros para continuarem trina, o ensino ou a conduta da
a sua obra. Igreja, ao passo que em outras
Os nomeados pelos Apóstolos denominações os leigos têm cer­
evidentemente são aquêles que são tos direitos e autoridade.
os seus sucessores históricos, cro­ Em resposta a isto, podemos
nológicos, a saber, os bispos e sa­ mais uma vez apontar para a
cerdotes da Igreja — da Igreja Igreja primitiva — para a Fé
Católica, pois não há outra que original, a Fé de nossos pais.
existisse no tempo dos Apóstolos, Cristo investiu da sua autorida­
e nenhuma que date dos tempos de os Apóstolos — e não as
apostólicos. multidões. E os Apóstolos tive­
A Bíblia é, verdadeiramente, a ram de escolher sucessores para
Palavra de Deus inspirada. Não prosseguirem a sua obra. Em
é, entretanto, a Palavra plena e parte alguma, no seu ensino oral
completa. Para entendê-la conve­ ou no registo escrito das suas pa­
nientemente, devemos “ouvir a lavras e obras, há a sugestão de
Igreja”, como Cristo mandou. Se que as massas do povo, então ou
apenas “perscrutarmos as Escri­ em gerações posteriores, poderiam
turas” e ignorarmos a Igreja, exe­ determinar por si mesmas o ple­
cutaremos uma das advertências no e verdadeiro sentido do ensi­
de Nosso Senhor e ignoraremos no de Nosso Senhor.
totalmente outra mais importante. Os cristãos primitivos “ouviam
Alguns dos nossos amigos não- a Igreja”, como o fazem os ca­
católicos comentam às vêzes isso tólicos hoje em dia.

26
Mas cu conheço alguns MAUS católicos!"
83SS8333SSS333SSS8
7ocè não poria abai- da sua religião. Quando
uma vigorosa maciei- um não-católico lhes faz
sòmente por ter acha- uma pergunta, eles não
no chão, debaixo dela, podem responder-lhe. E às
a maçã podre. vêzes são culpados de de­
Contudo, a Igreja Cató- turpação das crenças e
i às vezes é criticada e doutrina católicas, sem se
idenada por causa do darem conta da exten­
u exemplo ou pecami- são do seu êrro.
jidade de alguns cató- Às vêzes os críticos
ds individuais. da Igreja parecem pen­
3em dúvida, é um alto sar que a doutrina cató­
buto prestado ao catolicismo lica inteira deveria ser desacre
i os seus críticos apliquem ês- ditada por haverem êles encon
altos padrões de conduta ao trado um católico ignorante qui
i juízo dos católicos. Todavia, não pode explicar a sua Fé, ou
gar a Igreja à base de indiví- que dá sôbre ela uma explicação
33 errados não é nem hones- evidentemente incorreta. Aqui ain­
nem sensato. da, trata-se de uma falta do in­
Ma Igreja Católica, como em divíduo, e não da Igreja.
alquer outra — e, nessa ma­ Se um católico comete um cri­
ia, em qualquer outra grande me e é mandado para a prisão,
nunidade de pessoas — há al- a tendência de alguns críticos é
ns que não correspondem aos dizer: “Se a fé católica é a fé
tis altos ideais. O fato de, aqui verdadeira, por que então tantos
ali, alguns deixarem de viver católicos são mandados para a
conformidade desses ideais cadeia?” Muitas vêzes sucede que
o quer, entretanto, dizer que os prisioneiros sob sentença de mor­
iais sejam errados. Tudo o que te querem, mediante os esforços
o prova é o desacêrto dos ho- de um capelão católico, abraçar
tns — e não o desacêx*to da a fé católica quando seu fim se
reja. aproxima. Alguns dêles nunca
Por exemplo, há católicos que foram católicos; alguns foram ca­
ralmente são bem informados tólicos nominalmente, mas nunca
jre negócios materiais, porém viveram a sua fé. Contudo, a pri­
lorantes sôbre muitos aspectos meira coisa que alguns críticos
27
sugerem é que a fé católica é um críticas simplesmente assinalan­
fracasso porque tal gente profes­ do que o “indiferente” absoluta­
sa ser católica. E nunca pensam mente não é um católico — que,
em dar crédito à Fé que recon­ de fato, alguns dêles são os crí­
duz esses penitentes a Deus, co­ ticos mais acerbos da Igreja. Na
mo Cristo reconduziu o bom la­ realidade, entretanto, é impossí­
drão na cruz. vel destruir o cunho do catolicis­
Também se critica a Igreja por mo na alma humana, pois o Ba­
causa dos seus sectários que po­ tismo deixa no indiferente uma
deriam ser chamados “católicos marca indelével. Na pior das hi­
mecânicos”. Êsses vão a todas as póteses, pode êle ser apenas um
funções de culto e frequentam to­ péssimo católico.
das as cerimonias católicas, in­ Católicos indiferentes
clusive o Santo Sacrifício da Mis-
sa, e no entanto não levam real­ Coisa altamente importante de
mente a vida católica devota que observar sôbre o católico indife­
a sua fé lhes ensina viverem. Os rente é o fato de raramente dei­
que faltam desta maneira dão, xar êle a fé por preferência de
na verdade, fraco testemunho da outra religião. Em alguns casos
sua Fé, mas, no entanto, a falta a sua defecção resulta de casa­
é dêles mesmos, e não da Igreja. mento com pessoa de outra fé. Às
vêzes ela é devida ao fato de o
indiferente nunca ter sido pessoa
ardentemente religiosa. A lei mo­
ral católica erige-se no caminho
de quaisquer meios suspeitos para
o êxito mundano, e para alguns
a tentação de êxito é maior do
que o senso de dever para com
Deus.
Seja, porém, qual fôr a razão
que haja para um indivíduo de­
sertar a Fé de seus pais, tal
deserção não pode ser legitima-
mente usada para arguir que a
religião católica é errada ou ina­
dequada. Tentar tal coisa é mes­
mo menos razoável do que argu­
mentar que a democracia é um
fracasso porque alguns cidadãos
O católico indiferente muitas que professam crer nos seus prin­
vêzes é citado como um exemplo cípios não os praticam.
da falência da Igreja, quando
ainda aqui o mau exemplo é ape­ Bons católicos
nas de um indivíduo. Sem dúvida Deus nos fêz seres humanos
a Igreja poderia refutar essas sociáveis. Devemos viver juntos
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e ajudar-nos uns aos outros. De A grande maioria é fervorosa na
fato, dificilmente há uma pala­ sua Fé c nas suas práticas, e,
vra que pronunciemos ou um ato no seu modo quieto de viver, pre­
que pratiquemos que não tenha gam um excelente sermão que não
algum efeito, grande ou pequeno pode ser ridicularizado pelo es­
— bom ou mau — sobre a vida cárnio nem anulado por uma
dos que nos cercam. A nossa vida beatice desarrazoada.
religiosa — ou a falta dela — A crença católica nos santos
é, portanto, um assunto que diz é freqiientemente ridiculizada pe­
respeito primàriamente a nós mes­ los não-católicos, e um mau ca­
mos, mas diz respeito também ao tólico pode mesmo atrair esse ri­
nosso próximo. dículo pela sua aceitação apenas
Um bom católico que tenha isto meio sincera dessa crença. To­
em mente nunca dará consciente­ davia, isto não faz que a Igreja
mente um mau exemplo. Esfor­ esteja errada no tocante aos san­
çar-se-á por manter a sua alma tos e ao poder destes de interce­
em estado de graça pela fideli­ derem junto a Deus em nosso
dade aos mandamentos de Deus, favor.
Dificilmente alguém nega ter
havido santos na Idade Apostó­
lica e nos primeiros séculos do
Cristianismo. As numerosas sei­
tas não-católicas, como também

às leis da Igreja e aos deveres


do seu estado na vida. Será ativo
na vida sacramental, devota e ca­
ritativa da sua paróquia. Pela
sua devoção ganhará o respeito os católicos, cujas igrejas têm
do seu próximo, sejam quais fo­ nomes em honra de santos, tes­
rem as crenças deste. tificam o fato de que todos os
Por certo, nem todos os cató­ cristãos no passado tinham uma
licos se medem por estes padrões. firme crença nos santos — crença
29
que os católicos conservam hoje, nas coisas que fazem. . . por que
e que muitas igrejas não-católi- razão tantos se esforçam por ter
cas rejeitam. Uma religião que uma vida exemplarmente cris­
nos primeiros anos foi capaz de t ã . .. por que razão tantos se dis­
produzir santos deveria ser clas­ põem a abandonar vidas de pra­
sificada como uma religião mor­ zer mundano para servirem a
ta se fosse incapaz de continuar Deus como padres e freiras. Só
a fazê-lo. Nos quase 2.000 anos quando se conhecem a verdadei­
desde Cristo, a Igreja Católica ra profundeza e significado e os
tem continuado a proclamar os irrefragáveis fatos da religião
seus santos, e os bons católicos católica de Cristo é que é pos­
têm continuado a crer nêles. Mas, sível compreender o que o ator
em 400 anos, nenhuma seita não- de cinema Pat 0 ’Brien quis di­
católica tem proclamado um só zer quando disse:
dêles. “Todo homem espiritual tem um
sentimento de amor à sua fé e
Católicos por 2.000 anos herança religiosa, e eu sinto o
Em geral, a Igreja Católica mesmo sobre a minha, pois a
bem pode ufanar-se da conduta de Igreja Católica muito tem signi­
seus filhos e filhas no decurso dos ficado para mim.
quase 20 séculos de história cris­ “A fé nunca falha. Qual um
tã. E ela constantemente procura ilimitado fundo de reserva, ela
gravar-lhes na mente a importân­ está sempre aguardando dar pro­
cia de viverem vida prática por teção, inspiração, perdão, cora­
amor das suas próprias almas e gem e alegria espiritual. Estou
para edificação do seu próximo firmemente convencido de que tu­
não-católico. do o que eu sou hoje e tudo o
Mas, se alguém deseja hones­ que tenho o devo à minha fé.
tamente julgar sobre a verdade E’ uma dívida que só pode ser
da doutrina e crença católica, a paga transmitindo essa fé a
prova a ser estudada está na pró­ outros.
pria Igreja e no seu ensino, e “Não posso querer maior gôzo
não nos seus membros individuais. na minha vida do que sentar-me
O não-católico sincero deveria, na na igreja aos domingos cora mi­
sua procura da verdade, buscar nha estremecida mãe, com a ama­
esta em fontes autênticas — ejn da parceira da minha vida He­
autoridades que possam explicá-la loísa, e com meus quatro filhos,
corretamente — numa prova que todos compreendendo e procuran­
não dependa de interpretações in­ do realmente servir a Deus —
dividuais e mutáveis. todos vivendo uma fé prática.
Desejo que cada homem e cada
A Fé de Pat 0'Brien mulher no meu país possa dizer
Quem quer que se dê êsse tra­ com a convicção com que eu o
balho logo virá a compreender por faço: ‘a minha fé é a minha
que razão tantos católicos creem vida, é a minha norma de viver'.”
Nem todo católico ó tão elo- Deus fornecidos nos Sacramen­
qtlentc como Pat 0'Bricn. E nem tos da Igreja... se fecha os ou­
todos podem ter a sua profun­ vidos a Cristo, que, ao estabele­
deza de compreensão e intensi­ cer a sua Igreja, disse: "Quem
dade de fó. Porém, na maioria, vos escuta a mim escuta”.
os católicos são bons cidadãos e A Fó católica era a Fó de seus
bons próximos, por serem bons pais. Quando ou por que razão
católicos. Quando alguém que pro­ você ou os seus antepassados dei­
fessa ser católico falta ao seu xaram o Aprisco Verdadeiro, isto
dever para com o próximo e para não podemos sabê-lo, e talvez não
com o Estado, é só e primeira­ o saiba você mesmo. Se você po­
mente por ter deixado de ser um deria desejar voltar ou ficar fora
bom católico. Porquanto, como di­ é matéria para a sua própria
zia o cx-presidente William Ho- consciência. Mas, ou por amor da
ward Taft, um não-católico, "po­ sua alm a... ou apenas para uma
demos estar certos de que um bom melhor e mais clara compreensão
católico í um bom cidadão". - do seu próximo católico... nós
Você não está sendo honesto sinceramente esperamos que você
consigo mesmo se julga a Fé Ca­ investigue a religião católica e só
tólica pelo mau exemplo de uns a julgue pela sua verdade — à
poucos indivíduos... se dá aten­ luz do ensino de Cristo — sóbre
ção ãs calúnias de uma propa­ a clara evidência de que Cristo
ganda anticatóliea, em vez de pro­ só fundou uma única Ig reja...
curar a verdade por si mesmo... e que esta é a Igreja Católica.
se rejeita os meios da graça de

I
.m < •
SUMARIO

Mas por que é que você não é católico? .................................... 3

Só somos católicos porque nossos pais o foram? ........................ 9

Por que razão os católicos são tão seguros de si ........................ 12

A Igreja Católica vai ao encontro de tôdas as necessidades


esp iritu ais..................................................................................... 14

O Casamento é sagrado para os católicos .................................... 17

A Fé de nossos pais é a Fé segura ............................................... 19

“Quem é que diz que a Igreja Católica é infalível?” ................ 22

A Bíblia não é a autoridade plena ............................................... 24

“Mas eu conheço alguns MAUS católicos!” .................................. 27

82
Esta era a Fé dos nossos Pais

Contendo:

• Mas por cjuc é que você não ê católico?

• Só somos católicos porque nossos pais o foram?

• Por que razão os católicos são tão seguros de si.

• A Igreja Católica vai ao encontro de todas as


necessidades espirituais.

• O casamento é sagrado para os católicos

• A Fé de nossos pais é a Fé segura

• "Quem é que diz que a Igreja Católica é in­


falível?”

• A Bíblia não é a autoridade plena.

• "Mas eu conheço alguns MAUS católicos!”

Êste caderno foi preparado pelos Cavaleiros de Co­


lombo e traduzido para o português com a devida
autorização.
Cum approbatione ecclesiastica

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