Professional Documents
Culture Documents
CADERNO 45 Esta Era A Fe Dos Nossos Pais
CADERNO 45 Esta Era A Fe Dos Nossos Pais
l
%
<
VOZES EM DEFESA* DA FÉ
Caderno 45
iJ;! V-
r*V. • • .
E- V>
:5*. ' .
v-. 'V-C* • *\ ■’ •V
Mais por que c que você não é católico?
8
SÓ SOÍMOo iiuvuluò fJVilji
nossos pais o foram?
Alguns dos nossos ami e fervorosos. São boas
gos e próximos não ca pessoas, fiéis no seu cul
tólicos assim parece pen to, e compreendem e pra
sarem. Argumentam que ticam os ensinamentos e
em religião e em política crenças católicos. M a s
as pessoas geralmente se que dizer dos que são
guem as pegadas dos pais. católicos apenas de nome
E aparentemente acredi — que vêm de famílias
tam que o modo de vida católicas mas não pra
e de culto católicos é re ticam a sua religião e
sultado de hábito antes não sabem sobre ela o
que uma escolha indivi- bastante para responde
iual e uma convicção religiosa. rem a perguntas quando alguém
Sem dúvida, é verdade que o lhas faz?”
adestramento, a educação e o Alguns católicos, por certo
sxemplo de nossos pais tiveram nunca empregaram seu temp<
muito que ver com o fato de ser em compreender a sua fé. Esti
mos católicos desde o começo. E, veram expostos aos ensinamento^
portanto, à Providência de Deus católicos desde o comêço dos seus
s à influência guiadora de nos anos escolares, mas apenas se dei
sos pais somos devedores de têr- xaram levar, tomando a sua re
mos a nossa Fé hoje. ligião como pressuposta. Em re
Porém os católicos não diferem, sultado disso, quando sobrevém
na natureza, das outras pessoas. uma prova real, êles podem mi-
Por esta razão, se êles não esti seràvelmente faltar à sua santa
vessem convictos da verdade da religião.
sua religião, abandoná-la-iam e Há também, lamentamos dizê-
experimentariam alguma outra lo, católicos ignorantes e católi
religião, ou nenhuma. A vasta cos timoratos. O católico igno
maioria, contudo, não a abando rante ainda pode ser alguém que
na. Continua praticando-a mesmo seja brilhante em outros terrenos,
quando é difícil fazê-lo, e mui mas que desde muito deixou de
to tempo depois de haverem es pesar à luz da sua fé os ne
capado à influência dos pais. gócios diários da vida e, então,
“Sim”, podem dizer alguns, quando interrogado sôbre a sua
“há católicos que são devotos religião, é incapaz de dar uma
9
resposta satisfatória. O católico se ressentirem da profunda segu
timorato parece constantemente rança da convicção católica. “Vo
receoso daquilo que o mundo pos cês católicos”, dirão êles, “são
sa pensar a respeito dêle e da seguros demais de si mesmos.
sua religião, e tem mêdo de de Para vocês, a Igreja Católica, e
fendê-la até mesmo contra as ca só a Igreja Católica, é que está
lúnias mais ultrajantes. certa. Todas as outras estão er
Ao que parece, muitos não-ca- radas”.
tólicos esperam de todo católico Sem dúvida os católicos são se
uma vida virtuosa; o que é um guros e positivos na sua fé. To
tributo à nossa religião católica. davia, não acreditam que todos
Infelizmente, porém, muitas vê- os não católicos vão para o in
zes êles consideram a falta e a ferno, e nem a Igreja ensina tal
conduta pecaminosa de um mau coisa. E há boas razões para a
católico como uma indicação da certeza religiosa dos católicos.
falta da própria religião católica. Em primeiro lugar, nós esta
mos certos de que Jesus Cristo
existiu. Todos os cristãos concor
darão com isto. Os católicos crêem
que Jesus era divino, e, enquan
to muitas outras denominações
crêem isto, algumas não crêem.
A crença católica de que Cristo
fundou uma igreja é quase geral
mente compartilhada por seitas
não-católicas, porém elas recu
sam conceder que a Igreja Cató
lica é a Igreja que Cristo esta
beleceu. Numerosas denominações,
muitas das quais não vieram à
existência senão muitos séculos
depois da Igreja Católica, e tan
to como 1.500 anos depois da mor
O que êles, entretanto, deveriam te de Cristo, pretendem ser a úni
julgar não é a falta ocasional, ca que o Salvador fundou. Por
mas sim a piedade, o zêlo e a mais estranho que pareça, estas
inflexível devoção aos ensinamen incluem algumas denominações
tos e ideais católicos demonstra que nem sequer reconhecem Cris
dos dia por dia pela vasta mul to como divino.
tidão de católicos no mundo in Os católicos crêem que, estabe
teiro. lecendo uma Igreja, Cristo ga
rantiu-a contra êrro no ensino
Católicos positivos da sua Palavra. Para o católico,
Há também, da parte de mui portanto, a Igreja é a voz da
tos acatólicos, uma tendência para autoridade em todos os assuntos
10
de fé e de moral; ey suceda o que disse: “Onde quer que dois de
suceder, a Igreja nunca pode er vós estiverdes reunidos em meu
ra r nem enganá-lo. Ou isto está nome, aí estou eu”? Sim, Cristo
certo, ou Cristo está errado. disse isso, mas certamente não
Por outro lado, a maioria dos quis dizer que essas pequenas re
não-católicos baseiam as suas uniões dos fiéis, ou mesmo gran
convicções religiosas principalmen des, deviam substituir a Igreja
te na Bíblia. E dificilmente umas que êle fundou e a qual êle man
duas denominações, entre as cente dou aos fiéis que “ouvissem”. Se
nas destas ora em existência, estão êle houvesse querido dizer tal
de acordo sôbre o sentido e a in coisa, não se teria dado o traba
terpretação das Sagradas Escri lho de fundar uma Igreja.
turas. Não há entre elas voz de Se você está disposto a convir
autoridade para determinar quem em que Cristo fundou uma igre
está certo e quem está errado, ja, então é inteiramente fácil
e, òbviamente, foi êste estado de acertar, pela lógica e pela razão,
confusão que Cristo desejou evi com o motivo por que a Igreja
ta r quando fundou uma igreja Católica, e só a Igreja Católica,
docente. pode reivindicar ser essa Igreja.
Por certo, reivindicações contrá
As palavras de Cristo rias são feitas, e os não-católicos
“Mas”, discutirão alguns, “que sentem amiúde a positividade dos
direito tem você de dizer que a católicos na sua atitude sôbr
Igreja Católica é essa igreja que esta questão. Mas examinem*
Cristo fundou? Acaso êle não os fatos.
11
POR QUE RAZÃO OS CATÓLICOS SÃO TflO SEGUfiOS DE Sl
16
17
Os católicos que ingressam no esquecido é que foi Deus quem
casamento são ensinados pela sua nos deu as leis que são as leis
Igreja a crerem que estão liga da Igreja. Foi Deus quem disse
dos até a morte pelos seus votos, que nenhum homem pode repu
suceda o que suceder. Êles reco diar sua mulher para desposar
nhecem o casamento como um outra.
Sacramento, e portanto devem Pela crítica que você às vêzes
olhar para a sua vida conjugal ouve, você poderia imaginar que
como para um estado santo, com foi a Igreja Católica que se
parável, como o estabeleceu S. apartou da fé de nossos pais.
Paulo, à união de Cristo com a Mas, se você estudar cuidadosa
sua Igreja. mente e pesar honestamente a po
Via de regra, os católicos não sição católica sôbre tôdas as ques
se precipitam, quando se trata tões, será forçado a admitir que
do casamento. 0 seu preparo e na sua doutrina básica, na sua
as leis da Igreja exigem que preservação dos Sacramentos, nos
êles só assumam essas solenes seus ensinamentos e formas de
obrigações com a devida instru culto, e na sua insistência sôbre
ção, reflexão e respeito. Êles re a aplicação da verdade religiosa a
conhecem que a finalidade primá todos os aspectos da vida, só a
ria do casamento, tanto sob a Igreja Católica persiste fiel aos
lei divina como sob a lei natural, ensinamentos de Cristo e firme
é a procriação de filhos. E’-lhes na sua recusa de comprometer a
ensinado que coisas tais como o doutrina confiada à sua guarda
movimento chamado “paternidade pelo próprio Nosso Senhor.
planejada” são nada mais nada Os cânones matrimoniais da
menos do que uma violação da lei Igreja, dizem alguns, são destina
natural e divina. dos a fazer com que os católicos
se casem com católicos. Conquan
O casamento é um Sacramento to a Igreja certamente prefira
Muitas vêzes acontece ergue isto, e a experiência demonstre
rem-se as leis da Igreja Cató que os casamentos de pessoas de
lica no caminho de um casamen convicções religiosas semelhantes
to, como no caso de um homem geralmente são mais satisfatórios,
divorciado que deseja esposar em certas circunstâncias ela to
uma môça católica, insistindo es lera casamentos mistos, desde
ta em ter a cerimonia católica. que não haja perigo para a fé
Um casamento na Igreja é im dos filhos. As regras da Igreja
possível sob tais circunstâncias, no tocante ao casamento têm a
e muitas vêzes a parte não-cató- sua autoridade na lei divina e
lica critica altamente a posição são destinadas a ater-se a essa
da Igreja. Entretanto, o que é lei.
18
A FÉ DE NOSSOS PAIS
£ A FÉ SEGURA
Até mesmo a pessoa as mesmas verdades, re
ais sincera, buscando ar- zam as mesmas orações,
irosamente a verdade re- assistem à mesma Mis-
jiosa, provavelmente de- sa e recebem os mesmos
i ficar confusa com a ^ u m Sacramentos, e, em as-
Lriedade de pretensões h//h y á suntos espirituais, obede
doutrinas religiosas an- " *■ ' *iv cem aos mesmos dirigen
gônicas que ouve hoje tes.
ii dia. Desde a revolta de Mar-
Prontamente ela descd- tinho Lutero, há cêrca
e que, enquanto muitas de 400 anos, o Cristia
nominações professam nismo foi tristemente di
mdar-se no Nôvo Testamento, vidido. Essa desunião, disse u?
i grandes diferenças no modo observador não-católico, constit
mo as várias seitas interpre- “um escândalo para o mundc
m os sentidos Escriturários. E ninguém pode chamar a is
E, se ela se der o trabalho de um exagero quando nos pòmc
har bastante para trás, acha- a imaginar que, além da Igreja
, que as interpretações que uma Católica, há umas 675 denomina
ita hoje aprova são, não raro, ções, todas se chamando cristãs,
teiramente diferentes, em al- embora discordando radicalmente
ins particulares, das interpre- umas das outras.
ções formuladas pela mesma Por certo, tentativas também
ita há 100, 200 ou 400 anos. têm sido feitas para forçar a
Somente quando se dá o tra- Igreja Católica a mudar seme
ilho de estudar o catolicismo lhantemente a sua doutrina e a
que a pessoa interessada che- comprometer as suas crenças.
i a uma religião que tem ade- Mestres como Lutero, e Ario an
lo consistentemente à sua dou- tes dêle, procuraram negar ou
ina desde o comêço. . . não por interpretar a seu modo as ver
'0 anos ou 400, mas pelos qua- dades estabelecidas da religião
2.000 anos que são decorridos católica. Em cada caso, foi dado
sde o tempo de Cristo. ouvido a êsses discrepantes usual
Seja lá por onde fôr que você mente num concílio geral dos
aje, em qualquer parte do mun- bispos do mundo; e à luz dos en
i, achará que os católicos crêem sinamentos apostólicos tradicio-
19
nais e da Sagrada Escritura os Os católicos sabem que todos os
seus escritos foram julgados. ensinamentos da sua religião po
De fato, todos os ensinamentos dem ser apoiados pela razão, e
e práticas essenciais da Igreja que não há nada na sua fé que
Católica estão contidos no peque seja contrário à razão. Mas dis
no catecismo. Êles são tão sim põem-se a aceitar a autoridade de
ples, que mesmo uma criança pode Cristo e da sua Igreja infalível
ser ensinada a compreendê-los, quanto aos fatos e verdades que
embora êles respondam a ques estão para além do reino da ob
tões as mais profundas e a dú servação e da compreensão hu
vidas as mais fundamentais do • manas — e isto é a fé.
sábio, do filósofo e do teólogo. De fato, não há sequer uma
única contradição na linha intei
A Verdade viverá ra da crença católica. Pelo con
• No decurso dos séculos, suces trário, todos os ensinamentos for
sivas hordas de ateus, agnósti mam um todo harmónico — o
cos e zombadores têm atacado o que é indicação, senão prova, de
catecismo, mas nem uma só vez serem êles verdadeiros. Os con
conseguiram provar uma só dou vertidos que vêm em busca de ins
trina falsa nêle. trução na religião católica mui
Tentativas similares continuam tas vêzes ficam pasmados com as
hoje. O incrédulo moderno que penas que os sacerdotes se dão
reria ver-nos alijar a fé como em mostrar cada passo sucessivo
um fator de conhecimento em ma na doutrina católica.
téria de religião, e ver-nos limi Quando o bom-senso é aplicado
tar a nossa apreensão das ver às divergências de crença entre
dades religiosas àquilo que po os católicos e as seitas, a vali
demos conhecer e compreender pe dade da doutrina católica é tor
la razão e pela lógica. Para di- nada clara mesmo àqueles que não
zê-lo de outro modo, êle quere simpatizam com o ponto de vista
ria limitar a religião a uma ci católico. Isto é claramente ilus
ência natural. Mas o que o cha trado sobre três pontos de diver
mado livre-pensador esquece é gência mais importantes, a sa
que a razão humana é limitada ber: 1) — s e a f é e a s boas-obras
nas suas capacidades. Há gran são necessárias para a salváção;
des áreas de conhecimento para 2) — se há ou não há purgató
além da sua apreensão, verdades rio; 3) — o Sacramento da Pe
que ela nunca conheceria se Deus nitência.
não as houvesse revelado. Tais O ensinamento de que só a fé
são as verdades sobrenaturais da é necessária para a salvação não
religião. A razão pode fornecer convém à razão, por ser possível
motivos para crer essas verdades, saber-se o que é direito e, no
mas a crença é a aceitação delas entanto, não se fazer; crer num
precisamente porque Deus as re ideal ou princípio e, no entanto,
velou. nada fazer a respeito dêle. O
20
senso comum, além do claro en Mas negam que Cristo tenha es
sino do nosso Salvador BÔbre o tabelecido qualquer outro Sacra
assunto, exige que nés “façamos mento para tirar os pecados come
a vontade de nosso Pai”, ou seja, tidos depois do Batismo, especial-
que pratiquemos aquilo que cre- mento a Confissão. Mas a grande
questão é que, depois do Batis
mo, o homem ainda é capaz de
Sim — Purgatório! cometer o pecado. A prática da
Quanto ao Purgatório, até mes Confissão católica não sómente
mo não-católicos admitem que as desempenha a incumbência dada
almas que se foram deste mundo por Nosso Senhor aos Apóstolos:
com pecados veniais, pecados pe “Aquêles a quem perdoardes os
quenos, na consciência não po pecados ser-lhes-ão perdoados, e
dem entrar no céu, porque “nada aquêles a quem os retiverdes ser-
manchado” pode entrar no céu. lhes-ão retidos”, mas também é
Contudo, segundo todo bom ra uma doutrina complctamente ra
ciocínio êlcs podem também con zoável que deveria invocar o bom-
ceder que essas almas não serão senso de qualquer um.
condenadas a um castigo eterno. A religião católica é, entretan
E então para onde irão elas de to, a Fé segura não apenas por
pois da morte? A doutrina ca que os seus ensinamentos invo
tólica do Purgatório, que ensina cam o bom-senso, nem por ser <
a existência de um lugar tempo Fé dos nossos antepassados des
rário de purificação em prepa- de o comêço da era cristã. Ela
é a verdadeira Fé por ser a re
posta que vem ao encontro das ligião de Jesus Cristo revelada —
exigências do bom-senso. por incorporar todo o ensino do
Algumas seitas não-católicas Salvador — por preservar o en
admitem o batismo numa forma sino de Nosso Senhor exatamente
ou noutra. Algumas também re pelo modo como êle disse que o
conhecem que êle remove o pe faria a sua Igreja.
cado e dota a alma com a graça.
21
Os não-católicos irritam- que deseje ser sensato e
se, muitas vezes, com a razoável.
pretensão católica de que Assim, a única questão
a sua Igreja é infalível. que resta ser resolvida é:
Consideram isto uma ar Qual é a Igreja de Cris
rogante presunção e um to, e como pode ser iden
insulto à sua seita. Sen tificada?
tem que esta tem o direi Poderá ela ser uma das
to de fazer a mesma rei 675 seitas não-católicas,
vindicação. a primeira das quais só
Mas — quais são os veio à existência há uns
fatos? 400 anos? Se procurar
Nenhum não-católico razoável mos sustentar isto, estaremos di
e instruído negará que Cristo zendo que a Igreja que Cristo fun
fundou uma Igreja. Porque isto dou 1.600 anos antes falhara,
é provado não só pelas tradições coisa que êle disse que ela não
do cristianismo desde o tempo de poderia fazer.
Nosso Senhor até o presente dia, Ou a Igreja de Cristo será a
como também pelo Novo Testa Igreja Católica, que tem existi
mento, que as denominações não- do como um todo orgânico, sem
católicas proclamam como sendo mudança essencial nos seus ensi
a única base da sua doutrina. namentos, desde o tempo de Cris
Semelhantemente, pode-se con to e dos Apóstolos até o presente
vir em que qualquer Igreja fun dia?
dada por Cristo deva ser incapaz Cristo, sem dúvida, só ensinou
de êrro e invulnerável aos assal uma única doutrina, e a sua
tos dos seus inimigos. Êste fato Igreja deve evidentemente ter
também é atestado pela tradição perfeita unidade em todos os seus
e pela Sagrada Escritura. Qual ensinamentos e Sacramentos, sem
quer outra espécie de Igreja se contradições.
ria uma monstruosa^ deslealdade, Pode-se honestamente dizer que
da qual o nosso Salvador não po há unidade de ensino e de cren
deria ser culpado. ça, sem contradição, entre as
Que Cristo tem uma Igreja, e seitas não-católicas? E onde é que
que ela é infalível, deve, pois, ser nessas igrejas estão os Sete Sa
concedido por qualquer cristão cramentos? A verdade, por cer-
22
to, é que si a Igreja Católica ros séculos, do fato de ser ela
tem unidade mundial nos seus rcalmcnte universal.
ensinamentos e práticas. O Concilio de Nicéia, por exem
Diz-nos o bom-senso que a Igre plo, no ano 325, definiu a Igreja
ja de Cristo deve ser uma Igreja como a Igreja Una, Santa, Ca
revestida de autoridade, pois Nos tólica e Apostólica. O Credo
so Senhor delegou uma autori Apostólico proclama a crença na
dade definida aos seus Apistolos “santa Igreja Católica”. Muitas
para continuarem a obra da sua tentativas fazem-se hoje para fa
Igreja. E cada um sabe que a zer crer que a Igreja Católica
Igreja teve os seus bispos e sa é apenas outra seita cristã, e
cerdotes desde o começo, com au que qualquer outra seita que de
toridade aos mesmos conferida seje faz£-lo pode pretender ser
pelos Apóstolos. Na Igreja Ca católica e apostólica, embora não
tólica, a sucessão dos bispos c seja nem uma coisa nem outra.
sacerdotes tem continuado sem Também deve ser aparente a
interrupção desde os tempos apos qualquer pessoa razoável que uma
tólicos ató hoje. igreja, como qualquer outra or
Mas onde é que, entre as de ganização, deve ter ordem e dis
nominações não-católicas, h i uma ciplina se quiser cumprir as suas
simples autoridade, e muito me finalidades. Isto óbviamente é im
nos um corpo de bispos e de sa possível em seitas onde há diver
cerdotes investidos para falarem sidade de opinião sõbre matóriai
pelo grupo todo e para promul de doutrina; onde, em alguns cu
garem crenças c práticas sóbro sos, um ministro pode reptar oJ
as quais todos concordam? Onde seus superiores eclesiásticos e le
é que, entre essas seitas não-ca var o seu caso perante os mem
tólicas, há um mestre, erudito, bros leigos da sua congregação;
clérigo ou discípulo, que possa e onde os leigos," em alguns gru
com razão pretender estar em pos, podem ditar regras ao mi-
legitima sucessão aos Apóstolos?
Os não-católicos &s vêzes dis A Igreja Católica, por outro
cutem o direito da Igreja Católica lado, tem ordem e disciplina. En
de se chamar “católica”, coisa tre os fatõres que contribuem pa
que por certo quer dizer univer ra isto estão a secular estrutura
sal. A resposta católica a isso da chefia na Igreja, o Direito
é não apenas o fato de ser a Canónico, e o respeito que o povo
Igreja Católica mundial, ou de católico tem aos seus bispos, por
se elevarem os seus membros a êle reconhecidos como os suces
cerca de 400 milhões de pessoas sores legais e oficiais, e devida
de tôdas as raças e cõres. O fato mente designados, dos Apóstolos.
da sua catolicidade remonta & Em vista de todos ístes fatos,
própria origem da Igreja, que £ claro que a pretensão católi
Cristo declarou seria universal, ca da infalibilidade da Igreja se
e ao reconhecimento, nos primei baseia não em arrogância, mas
A BÍBLIA MÃO E A
AUTORIDADE PLENA
Ninguém que depende Portanto, quem quer
exclusivamente da Bíblia que insiste sobre a Bí
pode pretender ter a com blia como sendo a única
pleta verdade de Cristo. fonte da verdade cristã
E* difícil convencer disto está dizendo, com efeito,
pessoas que por tôda a que não houve fonte de tal
vida têm crido na teoria verdade para as massas
de “a Bíblia somente”, do povo durante 400 anos
embora muitas se con depois da morte de Cris
vençam quando se dão to. De certo, nenhuma
o trabalho de estudar pessoa inteligente quere
os fatos. ria sustentar isto.
Antes de tudo, sabemos que Há, realmente, duas fontes da
Cristo ensinou os seus discípu crença cristã. Uma é a tradição,
los por palavra de bôca. Não es abrangendo o ensino oral de
creveu coisa alguma. A Bíblia Jesus como transmitido pelos
não poderia, pois, evidentemente, Apóstolos. A outra é a Sagrada
ter sido a autoridade para a fé Escritura, representando aquela
dos primeiros cristãos. Vasto nú porção do ensino de Nosso Se
mero dêles viveram e morreram nhor que foi posta por escrito pe
sem terem jamais visto uma Bí los seus discípulos sob a inspira
blia, ou mesmo sem terem ouvi ção do Espírito Santo.
do falar de tal livro. Mas em ambos os casos as pa
Isto foi verdade dos converti lavras de Cristo e os fatos da
dos não só durante a própria história tornam claro que a pre
vida de Cristo aqui na terra, gação, o ensino e a interpretação
como também durante a vida e deviam estar nas mãos de uma
longo tempo depois da morte dos autoridade reconhecida, estabele-
Apóstolos. Os vários livros do
Nôvo Testamento foram escritos
entre os anos 45 e 100 da era na promessa do próprio Cristo,
cristã, e só no ano 400 foi que e na clara evidência de que só
a Igreja definiu quais os livros a Igreja Católica tem todas as
que deveriam formar o Nôvo Tes marcas e qualificações que evi
tamento e ser aceitos como ins dentemente a Igreja de Cristo
pirados pelo Espírito Santo. deve possuir.
24
ida, imutável e indissolúvel — Quem é que pode interpretar?
Igreja. Os católicos, naturalmente, des
De fato, ninguém pode mos- mentem o dogma fundamental
rar que a Bíblia é de origem não-católico da “fé haurida nas
ivina e inspirada pelo Espírito Escrituras somente, e por inter
anto sem que reconheça a in- pretação privada”. Essa foi uma
alibilidade da Igreja Católica. opinião inteiramente desconheci
Em vista disto, é inteiramente da e não praticada durante os
asmoso ouvir às vezes dizer que primeiros 16 séculos da era cris
s seitas não-católicas defendem tã. Ela é desaprovada pelo en
Bíblia e que a Igreja Cató- sino e pela própria natureza da
íca se opõe a ela. A Igreja Ca- Igreja, desde o tempo dos Após
51ica, por certo, teve a Bíblia tolos. A sua impraticabilidade é
ntes que houvesse coisa tal co- profundamente demonstrada pelo
10 Igreja protestante — de fato,
número de seitas que estão em
eve-a mais de 1.500 anos antes. conflito nas suas várias inter
Durante êsses 1.500 anos, os pretações.
ristãos “ouviam a Igreja”, como E, se a Bíblia sozinha é sufi
"risto mandara, e como o fazem ciente para a obtenção de uma
ioje os católicos. A teoria “a verdadeira e plena compreensão
líblia somente” só veio à exis- da vida cristã, por que então é
ência por ocasião da revolta de necessário às várias seitas terer
-útero contra a Igreja, há cêr- pregadores e ensinantes? Pek
a de 400 anos, o que tudo for- suas ações, senão pelas suas p;
a uma pessoa razoável a per lavras, é evidente que elas tanj
guntar: “O Cristianismo come- bém consideram a igreja, e na
;ou com Cristo ou com Lutero?” a Bíblia, como a autoridade, pois
O Nôvo Testamento não é um é de uma igreja que êles depen
ivro de texto, ou manual, de dem para fazerem a interpreta
•eligião, completo e ordenado. Em ção, o ensino e a pregação.
:ertos lugares é vago, fragmen- O Sacramento da Penitência,
;ário e difícil de entender. E isto como praticado na Igreja Cató
í porque os seus escritores pre lica, é um dos aspectos mais cri
sumiam que o povo já aprendera ticados da fé católica. “A Bíblia”,
pela pregação a verdade cristã. arguirão alguns críticos, “não diz
A Bíblia evidentemente tinha em que nós devemos confessar a um
mira completar o ensino da Igre padre. Nós confessamos nossos
ja, e não substituí-lo. Se uma pecados a Deus”.
pessoa totalmente alheia à tradi
ção e ao ensino cristãos tivesse Docentes de Cristo
de pegar um exemplar da Bíblia,
poderia, sem outro auxílio, ter o O próprio fato de a Bíblia não
plano completo de Cristo sôbre dizer isso demonstra que a Bí
a vida cristã e um guia seguro blia não pode ser a única fonte
para a eterna salvação? da verdade cristã. Porque Cris
25
to especlficamente autorizou os a que êles chamam uma falta de
Apóstolos a perdoarem ou não "democracia” na Igreja Católica.
perdoarem os pecados. E incum O povo católico, dizem êles, não
biu os Apóstolos do dever de no tem nada a dizer sobre a dou
mearem outros para continuarem trina, o ensino ou a conduta da
a sua obra. Igreja, ao passo que em outras
Os nomeados pelos Apóstolos denominações os leigos têm cer
evidentemente são aquêles que são tos direitos e autoridade.
os seus sucessores históricos, cro Em resposta a isto, podemos
nológicos, a saber, os bispos e sa mais uma vez apontar para a
cerdotes da Igreja — da Igreja Igreja primitiva — para a Fé
Católica, pois não há outra que original, a Fé de nossos pais.
existisse no tempo dos Apóstolos, Cristo investiu da sua autorida
e nenhuma que date dos tempos de os Apóstolos — e não as
apostólicos. multidões. E os Apóstolos tive
A Bíblia é, verdadeiramente, a ram de escolher sucessores para
Palavra de Deus inspirada. Não prosseguirem a sua obra. Em
é, entretanto, a Palavra plena e parte alguma, no seu ensino oral
completa. Para entendê-la conve ou no registo escrito das suas pa
nientemente, devemos “ouvir a lavras e obras, há a sugestão de
Igreja”, como Cristo mandou. Se que as massas do povo, então ou
apenas “perscrutarmos as Escri em gerações posteriores, poderiam
turas” e ignorarmos a Igreja, exe determinar por si mesmas o ple
cutaremos uma das advertências no e verdadeiro sentido do ensi
de Nosso Senhor e ignoraremos no de Nosso Senhor.
totalmente outra mais importante. Os cristãos primitivos “ouviam
Alguns dos nossos amigos não- a Igreja”, como o fazem os ca
católicos comentam às vêzes isso tólicos hoje em dia.
26
Mas cu conheço alguns MAUS católicos!"
83SS8333SSS333SSS8
7ocè não poria abai- da sua religião. Quando
uma vigorosa maciei- um não-católico lhes faz
sòmente por ter acha- uma pergunta, eles não
no chão, debaixo dela, podem responder-lhe. E às
a maçã podre. vêzes são culpados de de
Contudo, a Igreja Cató- turpação das crenças e
i às vezes é criticada e doutrina católicas, sem se
idenada por causa do darem conta da exten
u exemplo ou pecami- são do seu êrro.
jidade de alguns cató- Às vêzes os críticos
ds individuais. da Igreja parecem pen
3em dúvida, é um alto sar que a doutrina cató
buto prestado ao catolicismo lica inteira deveria ser desacre
i os seus críticos apliquem ês- ditada por haverem êles encon
altos padrões de conduta ao trado um católico ignorante qui
i juízo dos católicos. Todavia, não pode explicar a sua Fé, ou
gar a Igreja à base de indiví- que dá sôbre ela uma explicação
33 errados não é nem hones- evidentemente incorreta. Aqui ain
nem sensato. da, trata-se de uma falta do in
Ma Igreja Católica, como em divíduo, e não da Igreja.
alquer outra — e, nessa ma Se um católico comete um cri
ia, em qualquer outra grande me e é mandado para a prisão,
nunidade de pessoas — há al- a tendência de alguns críticos é
ns que não correspondem aos dizer: “Se a fé católica é a fé
tis altos ideais. O fato de, aqui verdadeira, por que então tantos
ali, alguns deixarem de viver católicos são mandados para a
conformidade desses ideais cadeia?” Muitas vêzes sucede que
o quer, entretanto, dizer que os prisioneiros sob sentença de mor
iais sejam errados. Tudo o que te querem, mediante os esforços
o prova é o desacêrto dos ho- de um capelão católico, abraçar
tns — e não o desacêx*to da a fé católica quando seu fim se
reja. aproxima. Alguns dêles nunca
Por exemplo, há católicos que foram católicos; alguns foram ca
ralmente são bem informados tólicos nominalmente, mas nunca
jre negócios materiais, porém viveram a sua fé. Contudo, a pri
lorantes sôbre muitos aspectos meira coisa que alguns críticos
27
sugerem é que a fé católica é um críticas simplesmente assinalan
fracasso porque tal gente profes do que o “indiferente” absoluta
sa ser católica. E nunca pensam mente não é um católico — que,
em dar crédito à Fé que recon de fato, alguns dêles são os crí
duz esses penitentes a Deus, co ticos mais acerbos da Igreja. Na
mo Cristo reconduziu o bom la realidade, entretanto, é impossí
drão na cruz. vel destruir o cunho do catolicis
Também se critica a Igreja por mo na alma humana, pois o Ba
causa dos seus sectários que po tismo deixa no indiferente uma
deriam ser chamados “católicos marca indelével. Na pior das hi
mecânicos”. Êsses vão a todas as póteses, pode êle ser apenas um
funções de culto e frequentam to péssimo católico.
das as cerimonias católicas, in Católicos indiferentes
clusive o Santo Sacrifício da Mis-
sa, e no entanto não levam real Coisa altamente importante de
mente a vida católica devota que observar sôbre o católico indife
a sua fé lhes ensina viverem. Os rente é o fato de raramente dei
que faltam desta maneira dão, xar êle a fé por preferência de
na verdade, fraco testemunho da outra religião. Em alguns casos
sua Fé, mas, no entanto, a falta a sua defecção resulta de casa
é dêles mesmos, e não da Igreja. mento com pessoa de outra fé. Às
vêzes ela é devida ao fato de o
indiferente nunca ter sido pessoa
ardentemente religiosa. A lei mo
ral católica erige-se no caminho
de quaisquer meios suspeitos para
o êxito mundano, e para alguns
a tentação de êxito é maior do
que o senso de dever para com
Deus.
Seja, porém, qual fôr a razão
que haja para um indivíduo de
sertar a Fé de seus pais, tal
deserção não pode ser legitima-
mente usada para arguir que a
religião católica é errada ou ina
dequada. Tentar tal coisa é mes
mo menos razoável do que argu
mentar que a democracia é um
fracasso porque alguns cidadãos
O católico indiferente muitas que professam crer nos seus prin
vêzes é citado como um exemplo cípios não os praticam.
da falência da Igreja, quando
ainda aqui o mau exemplo é ape Bons católicos
nas de um indivíduo. Sem dúvida Deus nos fêz seres humanos
a Igreja poderia refutar essas sociáveis. Devemos viver juntos
28
e ajudar-nos uns aos outros. De A grande maioria é fervorosa na
fato, dificilmente há uma pala sua Fé c nas suas práticas, e,
vra que pronunciemos ou um ato no seu modo quieto de viver, pre
que pratiquemos que não tenha gam um excelente sermão que não
algum efeito, grande ou pequeno pode ser ridicularizado pelo es
— bom ou mau — sobre a vida cárnio nem anulado por uma
dos que nos cercam. A nossa vida beatice desarrazoada.
religiosa — ou a falta dela — A crença católica nos santos
é, portanto, um assunto que diz é freqiientemente ridiculizada pe
respeito primàriamente a nós mes los não-católicos, e um mau ca
mos, mas diz respeito também ao tólico pode mesmo atrair esse ri
nosso próximo. dículo pela sua aceitação apenas
Um bom católico que tenha isto meio sincera dessa crença. To
em mente nunca dará consciente davia, isto não faz que a Igreja
mente um mau exemplo. Esfor esteja errada no tocante aos san
çar-se-á por manter a sua alma tos e ao poder destes de interce
em estado de graça pela fideli derem junto a Deus em nosso
dade aos mandamentos de Deus, favor.
Dificilmente alguém nega ter
havido santos na Idade Apostó
lica e nos primeiros séculos do
Cristianismo. As numerosas sei
tas não-católicas, como também
I
.m < •
SUMARIO
82
Esta era a Fé dos nossos Pais
Contendo: