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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

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PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA DA 3ª REGIÃO

Processo nº: 0001067-62.2010.4.03.6100

Apelante: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Apelado: Sindicato Patronal dos Empregadores em Empresas e


Profissionais Liberais em Estética e Cosmetologia do
Estado de São Paulo/SP - SEEMPLES

Relatora: Juíza Conv. Lesley Gasparini – 3ª Turma

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APELAÇÃO. DIREITO ADMINISTRATIVO. AÇÃO
ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO. RDC Nº 56/09 DA
ANVISA. PROIBIÇÃO DE COMERCIALIZAÇÃO DE
EQUIPAMENTOS DE BRONZEAMENTO ARTIFICIAL. RISCO À
SAÚDE. INTERESSE SOCIAL. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PELA NULIDADE DO FEITO.

Egrégio Tribunal,

Colenda Turma,

Trata-se de recurso de apelação interposto pela Agência


Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA contra sentença que declarou a
nulidade da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 56/2009, que proibiu a
comercialização e o uso de equipamentos para bronzeamento artificial, com
finalidade estética, em todo território nacional.

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Ministério Público Federal

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A medida liminar foi deferida (ID 90268899 – pág. 1110).

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Citada, a agência reguladora contestou no ID 90269000 –
pág. 1221.

O autor apresentou ação incidental de exibição de


documentos (ID 90319215 – pág. 1645).

Réplica no ID 90319215 – pág. 1654.

A ANVISA manifestou-se acerca da ação incidental


interposta pela autora (ID 90268967 – pág. 1780).

A decisão de ID 90268967 – pág. 1819 indeferiu o pedido


liminar feito pelo autor em sede da ação incidental.

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Sobreveio sentença que julgou procedente o pedido do
sindicato autor para declarar a nulidade da Resolução de Diretoria Colegiada
(RDC) nº 56/2009, que proibiu a comercialização e o uso de equipamentos para
bronzeamento artificial em todo o território nacional (ID 90268968 – pág.
1999).

A agência ré opôs embargos de declaração (ID 90268914 –


pág. 2031), que foram acolhidos pelo juízo (ID 90268914 – pág. 2039).

Irresignada, a ANVISA apelou no ID 90268914 – pág.


2049).

Contrarrazões no ID 90268915 – pág. 2289.

A agência ré apresentou memoriais (ID 267978632).

Vieram, então, para parecer do Ministério Público Federal.

É o breve relatório. Passo à análise.

Da análise dos autos é possível constatar que o Ministério


Público atuante em primeiro grau não foi intimado dos atos processuais antes da
prolação da sentença de procedência.
Conforme disposto pelo artigo 127 da Constituição Federal,

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o Parquet é uma instituição permanente e essencial à função jurisdicional do

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Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Nesse prisma, cabe ao órgão
ministerial, nos termos do artigo 129, inciso II, da Magna Carta, zelar pelo
efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias à
sua garantia.
Ainda, prescrevem os artigos 178 e 179, inciso I e II, e 84,
ambos do Código de Processo Civil:

“Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30


(trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses
previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que

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envolvam
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura,
por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.

Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o


Ministério Público:
I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os
atos do processo;
II - poderá produzir provas, requerer as medidas processuais
pertinentes e recorrer.”

Dessa maneira, nas ações que tratem do interesse público e


social, é obrigatória a intervenção do Ministério Público, e, como tal não
ocorreu, o feito padece de nulidade absoluta, nos termos do art. 279 do CPC.

No presente caso, o autor ajuizou a ação, pleiteando a


anulação da RDC nº 56/09, que proibiu em todo território nacional a importação,
recebimento em doação, aluguel, comercialização e o uso dos equipamentos
para bronzeamento artificial, com finalidade estética, baseados na emissão de

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radiação ultravioleta.

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O magistrado a quo julgou procedente a pretensão do
sindicato autor, sob fundamento de que não há provas conclusivas de que as
câmaras de bronzeamento artificial, comprovadamente, provoquem câncer de
pele, de tal sorte que a RDC nº 56/2009 não atende aos princípios da
razoabilidade, afrontando as liberdades constitucionalmente asseguradas.

Nesse diapasão, somente após a interposição do recurso de


apelação, os autos foram remetidos ao Parquet Federal para manifestação.
Considerando que o presente caso discute os riscos à saúde decorrentes da
utilização de câmaras de bronzeamento artificial, sua relação com o
aparecimento do câncer de pele, além do fato de se observar diversas ações, em
diversas instâncias, discutindo o mesmo objeto, fica constatado o prejuízo, de

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modo que eventual intervenção não será capaz de sanar a nulidade absoluta que
está impregnada no feito.

Ante o exposto, opina o Ministério Público Federal pela


nulidade do feito desde o momento em que o Ministério Público atuante em
primeiro grau deveria ter sido intimado, conforme considerações aduzidas
neste parecer.
São Paulo, 22 de março de 2023.

MARIA CRISTIANA SIMÕES AMORIM ZIOUVA


Procuradora Regional da República

apelação – bronzeamento artificial - RDC nº 56/2009 – interesse social - ausência de manifestação do MP - nulidade (1067) vmel

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