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Caderno de Resumos - 41 Semana Do Tradutor (2022)
Caderno de Resumos - 41 Semana Do Tradutor (2022)
Caderno de Resumos
Preparação dos originais: Beatriz Martinez Rossi, Isadora Tietz, Marcus Vinícius da Silva Ribeiro
e Mariana da Paixão Matos
REALIZAÇÃO
Curso de Bacharelado em Letras com Habilitação de Tradutor
UNESP – IBILCE
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
Câmpus de São José do Rio Preto
UNESP/IBILCE
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - Câmpus de São José do Rio Preto
Rua Cristóvão Colombo, 2265 - Jardim Nazareth - São José do Rio Preto/SP
CEP 15054-000
www.ibilce.unesp.br semanadotradutor@gmail.com
REITOR
VICE-REITORA
PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO
PRÓ-REITOR DE PESQUISA
VICE-DIREÇÃO
Câmpus de São José do Rio Preto – Chefia: Profa. Dra. Suzi Marques Spatti Cavalari
Câmpus de São José do Rio Preto – Chefia: Prof. Dr. Márcio Scheel
Câmpus de São José do Rio Preto – Coordenadora – Dra. Angélica Karim Garcia Simão
COMISSÃO CIENTÍFICA
Adauri Brezolin
Tradutor e Pesquisador
Álvaro Luiz Hattnher
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Álvaro Hwang
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Angélica Karim Garcia Simão
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Anna Flora Brunelli
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Celso Fernando Rocha
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Claudia Nigro Ceneviva
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Claudia Zavaglia
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Cristina Carneiro Rodrigues
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Érica Luciene Alves de Lima
Universidade Estadual de Campinas
John Milton
Universidade de São Paulo
Jorge Díaz-Cintas
University College London (Inglaterra)
José Antonio Sabio Pinilla
Universidad de Granada (Espanha)
Karin Volobuef
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Leila Cristina de Mello Darin
Pontifícia Universidade Católica
Lucinea Marcelino Villela
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Maria Cristina Parreira da Silva
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Marileide Esqueda
Universidade Federal de Uberlândia
Marize Mattos Dall'aglio Hattnher
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Maurício Mendonça Cardozo
Universidade Federal de Curitiba
Melissa Alves Baffi Bonvino
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Nelson Luis Ramos
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Nilce Maria Pereira
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Paula Tavares Pinto
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Sebastião Carlos Leite Gonçalves
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Suzi Marques Spatti Cavalari
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
SUMÁRIO
SUMÁRIO 7
Apresentação Caderno de Resumos 8
PROGRAMAÇÃO GERAL 9
Programação das Comunicações e Painéis 12
Resumos das Conferências 19
Resumos das Mesas-redondas 21
Resumos dos Minicursos 24
Resumos das Comunicações 25
ÍNDICE DE AUTORES E COAUTORES 52
ÍNDICE POR ÁREA TEMÁTICA 57
Apresentação Caderno de Resumos
A Semana do Tradutor, em sua 41ª edição, será realizada nos dias 26 a 30 de setembro de
2022. É uma reunião científica organizada por discentes e docentes do curso de Bacharelado em
Letras com Habilitação de Tradutor da UNESP de São José do Rio Preto a fim de promover o
intercâmbio de informações e experiências entre estudantes e profissionais da área. Para que fosse
possível a realização da Semana, devido às consequências da pandemia da COVID-19, esta edição
será novamente em formato totalmente on-line.
Neste ano, o tema é Tradução: criação e tecnologia, que tem como proposta pôr em evidência o
impacto cada vez maior que a tecnologia vem tendo sobre a prática tradutória, assim como o
processo criativo a ela vinculado. Para isso, teremos como foco tanto a esfera acadêmica quanto o
mercado de trabalho, de modo a possibilitar uma discussão ampla e de resultado duradouro.
Neste Caderno de Resumos, constam a programação geral e aquela das sessões de
comunicação oral e de painel, além dos resumos de cada conferência, mesa redonda, minicurso e
dos trabalhos apresentados. A programação da Semana do Tradutor contará com cinco conferências
(nas línguas portuguesa e inglesa), cinco mesas redondas e três sessões de minicursos. Haverá
também seis sessões de comunicação oral, distribuídas nas mais de dez áreas de Estudos da
Tradução, e uma sessão de painel.
É um privilégio para a Comissão Organizadora poder realizar esse encontro de alunos,
professores e pesquisadores de modo a agregar às suas formações acadêmicas e profissionais.
Esperamos que a 41ª Semana do Tradutor seja proveitosa para todos.
A Comissão Organizadora
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PROGRAMAÇÃO GERAL
SEGUNDA-FEIRA (26/09/2022)
9h00 - 9h30 Solenidade de Abertura
TERÇA-FEIRA (27/09/2022)
9h00 - 10h30 Mesa-redonda 2 - Tradução e Interpretação nas Áreas da Ciência da
Saúde
Dra. Denise Delegá Lucio (TRADUSA)
Dra. Patrícia Gimenez Camargo (TRADUSA)
Local: Youtube - Mesa-redonda 2 - Tradução e Interpretação nas Áreas da
Ciência da Saúde
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16h00 - 16h30 Intervalo
QUARTA-FEIRA (28/09/2022)
9h00 - 10h30 Mesa-redonda 3 - Tradução musical: desafios, impasses e sucesso
Prof. Dr. Lauro Meller (UFRN)
Prof. Eduardo Friedman (PUC-Rio)
Local: Youtube - Mesa Redonda 3 - Tradução musical: desafios, impasses e
sucessos
QUINTA-FEIRA (29/09/2022)
9h00 - 10h30 Mesa-redonda 5 - Localização: tradução e adaptação de softwares, sites e
aplicativos
Luciane Shanahan (tradutora)
Rafael Galhardi (tradutor)
Local: Youtube - Mesa-redonda 5 - Localização: tradução e adaptação de
softwares, sites e aplicativos
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16h30 - 18h30 Sessão de Comunicações E
Local: Google Meet
SEXTA-FEIRA (30/09/2022)
8h30 - 10h30 Sessão de minicurso - Desafios Tradutórios
Prof. Dr. Érico Nogueira (Unifesp)
Local: Google Meet
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Programação das Comunicações e Painéis
Segunda-feira
26.09.2022
Sessão de Comunicações A - 16h50 às 18h50
Estudos de Interpretação
Local: Google Meet - https://meet.google.com/xfi-dxtr-gfu
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Camila Nathália de Oliveira
Braga Cinema Acessível: legendagem para surdos e
Filipe Petrônio Mendonça ensurdecidos (LSE) do curta-metragem Pranto, de
Fernandes Jaime Guimarães
Lay José Viana Pontes dos
Santos
Terça-feira
27.09.2022
Sessão de Comunicações B - 16h30 às 18h30
Tradução e Literatura
Local: Google Meet - https://meet.google.com/kiq-mimn-ezt
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Alexsandro Pizziolo Os Agentes da Tradução: notas sobre a tradução de
literatura coreana no Brasil na década de 1990
Quarta-feira
28.09.2022
Sessão de Comunicações C - 16h30 às 18h30
Tradução Audiovisual
Local: Google Meet - https://meet.google.com/dyr-radq-ncz
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Análise da dublagem em produções do Espanhol para
Pamela Frazão de Carvalho o PB: evoluções no processo de tradução no século
XXI
Quinta-feira
29.09.2022
Sessão de Comunicações D - 14h00 às 16h00
Tradução e Literatura
Local: Google Meet - https://meet.google.com/txp-scby-bcd
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A mediação linguística como garantia de direitos no
Letícia de Souza Sá Brasil: Rumo a políticas institucionais de tradução e
interpretação na Defensoria Pública da União
Quinta-feira
29.09.2022
Sessão de Comunicações E - 16h30 às 18h30
Sexta-feira
30.09.2022
Sessão de Comunicações F - 14h00 às 16h00
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As traduções de Machado de Assis na Argentina no
Débora Garcia Restom contexto da expansão editorial no país (1939-1957)
Gabriela Farias de
Figueiredo Aspectos neológicos e ideológicos na tradução de
Angélica Karim Garcia unidades lexicais em webnotícias
Simão
Sexta-feira
30.09.2022
Sessão de Painéis - 11h00 às 12h00
Local: Google Meet
Painéis
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Orientadora: Melissa Alves Baffi-Bonvino mandato bolsonarista extraídos a partir de textos
Link: https://meet.google.com/pnc-wspa-agd jornalísticos do par linguístico português – inglês
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Resumos das Conferências
Segunda-feira (26/09/2022)
Despite their importance in the reception and distribution of films, translation and accessibility have
traditionally been neglected in the film industry. They are regarded as an afterthought, which results
in translators being isolated from the creative team and working in conditions that hamper their
attempts to maintain the filmmaker’s original vision. Accessible filmmaking offers a potential
solution to this problem by considering translation and accessibility in the production process
through the collaboration between the creative team and the translator. Based on the work carried
out by, amongst others, the researchers in the UVigo research group GALMA, the first part of this
presentation will outline the accessible filmmaking model and show how it is currently materialising
in terms of research, training and professional practice. The second part of this presentation will
introduce creative media accessibility and illustrate it with examples of current professional practice.
O léxico tabu, especialmente aquele associado aos domínios do sexual e do escatológico, sempre
constituiu um desafio para tradutoras e tradutores. É claro que o léxico, assim como seu uso, reflete
certos aspectos socioculturais: ao traduzir esse tipo de termos, portanto, é interessante observar a
passagem dessas questões de um sistema linguístico-cultural a algum outro. Nesse caso, apresentarei
uma breve análise e reflexão sobre a tradução do léxico tabu contido em obras de João Ubaldo
Ribeiro e de Jorge Amado – principalmente A casa dos budas ditosos e os romances amadianos com
mulheres protagonistas – em suas traduções para o italiano, seguindo assim a viagem dessas palavras
do contexto brasileiro ao sistema italiano.
Terça-feira (27/09/2022)
O mercado de jogos de tabuleiro no Brasil vem crescendo de maneira constante, e grande parte dos
jogos publicados por aqui são traduções (ou localizações) de produtos que fizeram sucesso no
exterior.
Percebendo um filão ávido por jogos de cartas e de tabuleiro no país, além de uma carência de
títulos, alguns estúdios resolveram investir nesse mercado, produzindo e trazendo as versões
localizadas de jogos como "Colonizadores de Catan", "Gloomhaven", "Zombicide", "Terraforming
Mars", entre vários outros. Esta linha de produtos criou também uma demanda por tradutores
especializados.
Nesta palestra, Luciana Galeani Boldorini e Ivar Panazzolo Junior, diretores da Rook - Produção de
Textos, Tradução, Localização e Revisão, falam sobre o mercado, as perspectivas para os tradutores e
as características do trabalho com a localização de jogos de tabuleiro.
Quinta-feira (29/09/2022)
Durante nosso encontro, iremos analisar os diferentes aspectos da tradução audiovisual acessível do
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filme Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Observaremos, mais
especificamente, as soluções encontradas para elaborar o roteiro da audiodescrição e para definir a
audiolegendagem.
Sexta-feira (30/09/2022)
Resumo:
Pense qe qem tem vez em qe qer qe se enrede em Les Revenentes, de G. Perec, é verbete qe tem E, e
neres de neres de seres qe se escrevem sem E; qem lê esses vergês dele, té se esqece de gentes e trens
sem E. E lembre-se qe, se bem qe bem freqentes, esses EE nem excedem dezessete em cem lettres
em FR. Seqentemente, tente entender qe qem qer qe venere Perec e qe deseje verter Les Revenentes
vê-se de frente de nem seqer treze EE em cem lettres em PT-BR; e qe esse ser peleje e persevere
nesse flente (e erreverente) verter, qe tem de mexer e remexer nesses vergês de Perec, sem temer,
sem tremer, sem tresler. Depreende-se qe é perrengge qe nem esse (vezes três, vezes sete, vezes dez,
de repente…) qe este Zé (Zéfere) qe lhe escreve, este qe se fez vertente e reescrevente de Les
Revenentes em Qe regressem (qe deve-se vender em breve, em meses qe vêm), é perrengge desses qe ele
elege descrever e pretende, nem qe brevemente, sem treler, expender em frente (em rede) de qem
deve se ver presente.
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Resumos das Mesas-redondas
Segunda-feira (26/09/2022)
MARUN REIS - O impacto das plataformas de streaming na tradução audiovisual: Nos últimos
anos, o conceito de globalização tem se ampliado em diversos sentidos. A tradução, fundamental
nesse processo, também teve de se adaptar às novidades dos diversos mercados. No mercado
audiovisual, a mudança mais marcante da última década se deu com a chegada dos canais de
streaming que mudaram completamente a forma como a tradução para dublagem e legendagem é
feita, tanto em quesitos técnicos - como o tempo disponível para o trabalho - como em questão de
linguagem e acessibilidade. Nesta mesa redonda, falaremos sobre essa transformação, seus pontos
positivos e negativos e o que esperamos para o mercado no futuro.
Terça-feira (27/09/2022)
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Quarta-feira (28/09/2022)
EDUARDO FRIEDMAN - O modelo poligonal e "All Along the Watchtower", de Bob Dylan
O modelo poligonal é uma ferramenta para análise de canções populares com base em quatro
parâmetros: melodia, cantabilidade, forma e sentido. Cada um deles recebe uma gradação para
indicar o peso que tem naquela canção específica, com o objetivo de reduzir instruções prescritivas,
como, por exemplo, "sempre preservar a melodia". A meta do tradutor, então, é se aproximar o
máximo possível daqueles graus. Utilizando uma tradução autoral de "All Along the Watchtower",
de Bob Dylan, vou explicar como o modelo funciona e as escolhas que fiz ao traduzir a canção.
Quinta-feira (29/09/2022)
LUCIANE SHANAHAN - Nunca se produziu tanto conteúdo quanto na última década. As redes
sociais impulsionaram os negócios on-line, e o volume de conteúdo digital gerado diariamente
representa um desafio para o setor de tradução. Para atender a essa crescente demanda, a pós-edição
de tradução automática (MTPE, em inglês) tornou-se uma opção viável para as empresas que
oferecem conteúdo em outras línguas para um público global. Com a MTPE, é possível reduzir
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custos e traduzir um volume de conteúdo que antes era inimaginável. Assim, o objetivo desta mesa
redonda é discutir a relevância da pós-edição no setor de tradução e, mais especificamente, de
localização, analisar como essa tecnologia afeta o perfil de trabalho do tradutor, além de discutir
como os profissionais podem se preparar para o futuro e aumentar a empregabilidade em um campo
que está e continuará ligado à tecnologia.
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Resumos dos Minicursos
Terça-feira (27/09/2022)
O Wordfast Pro é uma das ferramentas de auxílio à tradução mais conhecidas e utilizadas no Brasil.
Neste minicurso serão trabalhados os recursos essenciais do programa, como memórias de tradução,
glossários, pesquisas de concordância, autocompletamento, controle de qualidade, entre outros. O
conteúdo será demonstrado por meio de exercícios práticos com o programa.
Quarta-feira (28/09/2022)
O mercado para dublagem cresceu muito na última década e a qualidade da tradução não
acompanhou esse crescimento. É preciso mostrar versatilidade da tradução e suas técnicas para que
o tradutor aprenda a dominar esta área da tradução audiovisual. O minicurso visa apresentar as
técnicas da tradução de roteiros para dublagem de filmes, desenhos animados, documentários,
novelas, etc, fornecer conhecimento do contexto de dublagem, com as variáveis que interferem na
elaboração de uma boa tradução, oferecer prática da tradução para dublagem com exercício de
simulação e discutir principais problemas e aspectos necessários à qualidade de uma tradução para
dublagem.
Sexta-feira (30/09/2022)
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Resumos das Comunicações
Os Agentes da Tradução: notas sobre a tradução de literatura coreana no Brasil na década
de 1990
O presente trabalho propõe uma investigação acerca da tradução e publicação de literatura coreana
no Brasil, alinhando-se à ideia de Andrew Chesterman (2014) da existência de uma subárea dos
Estudos da Tradução, nomeada Estudos do Tradutor. Nosso foco recai sobre os Agentes da
Tradução envolvidos na publicação das coletâneas O pássaro que comeu o sol: poesia moderna da
Coréia (Arte Pau-Brasil, 1993), Sijô: poesiacanto coreana clássica (Iluminuras, 1994) e
Olho-de-corvo: e outras obras de Yi Sáng (Perspectiva, 1999). Baseando-nos na teoria dos
paratextos de Gérard Genette (2009), apresentamos uma reflexão sobre o discurso produzido pelos
elementos paratextuais das coletâneas a partir do conceito de agentividade, segundo Milton e Bandia
(2009) e Buzelin (2011). Tal estudo de caso nos permite sugerir uma tipologia da agentividade,
singularizando determinados agentes que desempenham papeis que se constroem nas respectivas
publicações. São eles: (1) agentes catalisadores, os tradutores, que desempenham um papel central na
tradução dessa literatura, pois possuem contato direto com a cultura de partida, exibindo total
domínio teórico, cultural e histórico dos textos traduzidos; (2) agentes propiciadores, as editoras,
responsáveis por oferecer os meios para que a obra literária seja traduzida, publicada e distribuída na
cultura-meta, detentoras de um projeto editorial que possibilite a tomada de risco que é a publicação
de literatura de uma cultura marginal; (3) agentes legitimadores, os prefaciadores, que atestam a
qualidade artística e o valor literário das obras que prefaciam, adotando estratégias que produzem
um discurso legitimador, enunciado a partir de um lugar de autoridade no campo literário em
questão. Identificamos que a tradutora Yun Jung Im desempenha um papel central na tradução de
literatura coreana no Brasil na década de 1990, atuando como agente catalisador, construindo redes
de influências perceptíveis nos discursos criados baseados nas obras traduzidas, repercutindo
diretamente em como elas serão apresentadas ao público leitor.
Nadiéjda Téffi foi uma das escritoras mais populares da Rússia pré-revolucionária por seus escritos
satíricos e seu humor perspicaz e contundente. Com a revolução de 1917, emigrou para Paris, onde
prosseguiu sua carreira literária, havendo se destacado como uma das principais cronistas da vida
dos emigrados russos na capital francesa. A pesquisa volta-se, primeiro, à tradução para o português
de uma seleção de contos da autora escritos entre as décadas de 1920 e 1930, reunidos na coletânea
“A cidadezinha” (“Городок”), bem como à análise dos problemas tradutórios encontrados,
sobretudo decorrentes do frequente emprego de ditados populares russos, de expressões originais
surgidas do contato entre as línguas russa e francesa, dos recursos sonoros presentes no texto
original, a serem comunicados de forma satisfatória em português. Em seguida, pretende-se
identificar e analisar os aspectos fundamentais da poética de Téffi, em especial a ironia na
representação artística da vida cotidiana pela autora, com a utilização de uma série de recursos: a
brevidade na composição e a economia nos instrumentos narrativos e descrições; a importância do
subtexto, com ideias implícitas e sugestões; a predominância da linguagem coloquial e o retrato
frequente de cenas corriqueiras, que produzem uma sensação inicial de trivialidade no leitor. Além
disso, pretende-se abordar a recorrência da temática do tempo, da memória e da nostalgia no
contexto da comunidade dos emigrados russos em Paris. Estes aspectos vêm sendo o objeto de
estudo e aprofundamento no curso da pesquisa desenvolvida no mestrado do Programa de
Pós-graduação em Tradução e Letras Estrangeiras da USP.
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Legendagem criativa: um estudo de caso da série She’s Gotta Have It, de Spike Lee.
Esta comunicação tem como objetivo apresentar conceitos e exemplos práticos de legendas criativas,
uma modalidade cada vez mais utilizada em mídias audiovisuais e que se contrapõe aos padrões
técnicos tradicionais de legendagem, uma vez que não se restringe às normas estabelecidas para a
prática no decorrer dos anos. A escassez de pesquisas brasileiras com enfoque exclusivo nessa
temática viabilizou a elaboração de uma iniciação científica, visando analisar a tradução de legendas
criativas para o português brasileiro, em especial aquelas presentes na série She’s Gotta Have It (2017),
dirigida por Spike Lee e distribuída pela plataforma de streaming Netflix. A partir dessas análises, é
possível verificar se, após o processo tradutório do inglês para o português brasileiro, a legendagem
criativa presente no objeto de estudo e em outros produtos audiovisuais alcançou os mesmos efeitos
almejados inicialmente em sua língua-alvo. Para tal, utilizou-se como referência bibliográfica as obras
de Nornes (1999), Foerster (2010), McClarty (2012), Fox (2018) e Romero-Fresco (2019),
permitindo analisar a receptividade da legendagem criativa em mídias audiovisuais, seu impacto
perante à compreensão da mensagem idealizada pelo diretor ao público-alvo e a importância da
atuação de tradutores durante os diversos processos de produção. Essas obras foram selecionadas
pois permitem, de maneira cronológica, compreender como as primeiras reflexões sobre a utilização
de legendas criativas impactaram na conceituação e execução dessa prática nos dias atuais, além de
possibilitarem uma análise de como a legendagem criativa vem sendo vista e aceita nas últimas
décadas.
Diante da realidade imposta pela pandemia da COVID-19, são evidentes as alterações no léxico de
várias línguas, principalmente no que diz respeito à criação de novos itens lexicais e veiculação de
itens provenientes da língua inglesa, tanto na mídia jornalística como em mídias sociais. Partindo do
pressuposto de que o léxico de uma língua se modifica constantemente (BIDERMAN, 1978;
BORBA, 2006; HENRIQUES, 2018) ao longo dos tempos, devido a fatores diversos, constata-se o
surgimento de palavras novas por conta de situações igualmente novas. Essa criação efetiva de itens
lexicais, seja pela inexistência ou pela adaptação de unidades existentes, pode ser considerada pela
maneira com que uma comunidade linguística percebe e utiliza a língua para delinear e expressar o
mundo (LARA, 2006). Este estudo, de natureza qualitativa, tem por objetivo discutir a utilização do
léxico procedente da pandemia em textos jornalísticos e mídias sociais, no par linguístico
português-inglês. A análise do léxico pandêmico se dá por meio da caracterização, classificação e
utilização desses itens e suas possíveis traduções, extraídos de jornais como Washington Post, The
New York Times, Notícias O Globo, Notícias G1 e Folha de S. Paulo. Os itens lexicais encontrados
não estão necessária e diretamente ligados à doença COVID-19, mas sim ao contexto relacionado à
pandemia como, por exemplo: “Coronababies”, “covidivorces”, “teletrabalho”, “vachina”,
“quaranteens”, “covidiots”, “home office”, entre outros. Os resultados preliminares, a partir da
listagem de 30 unidades lexicais, indicam o surgimento de neologismos e estrangeirismos derivados
da pandemia, assim como a adaptação de itens e expressões existentes nos textos midiáticos, como é
o caso dos itens “covidiota”, “lockdown”, “teletrabalho” e “home office”, que constituem o recorte
analisado neste trabalho. A discussão aponta para o processo de inovação lexical, de acordo com
Correia e Barcellos Almeida (2012), que ocorre motivada pela relação entre léxico, cultura e fatores
sociais.
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A formação de uma intérprete nativa de espanhol no Programa de Formação de Intérpretes
de Conferências da PUC-Rio: uma autoetnografia
Ana María Camacho Ruano - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)
André Luís Leite de Menezes Berndt - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
A literatura latino-americana que data do final do século XIX em diante, conforme têm
demonstrado diversos estudiosos desde os anos 1990, possibilitou a configuração de um
homoerotismo com dialética própria. Insistentemente esquecido (ou negado) pela história e pela
crítica literária, talvez por excesso de “pudor” no reconhecimento desse desejo masculino, esse
aspecto passa a merecer atenção também dos estudos da tradução. Partindo do pressuposto de que a
reescrita de um texto para uma nova cultura ocorre por intermédio de uma série de receptores –
tradutores, editoras, público-alvo –, podemos perceber a emergência de estratégias que podem tanto
acolher como negar a existência de tais pluralidades no texto de partida, domesticando-as segundo
interesse próprio. Uma postura crítica que leve em conta tais questões pode, assim, contribuir para
desafiar qualquer pretensa equivalência linguística que ainda se possa almejar no processo de
tradução. Aliás, como falar em qualquer tipo de equivalência, ou mesmo no respeito à ética
tradutória, sem considerar o complexo paradigma linguagem/sexualidade? Quanto à
(re)configuração do homoerotismo, quais aspectos subjetivos, por parte de seus mediadores, entram
em jogo e quais são as limitações da cultura-alvo para recebê-lo? Buscando responder a essas
perguntas, analisaremos todo o aparato paratextual das seguintes antologias de língua inglesa: Now
the Volcano (1979), My Deep Dark Pain is Love (1983) e Cuíer: Queer Brazil (2021). O objetivo
desta comunicação é discutir o surgimento de uma estratégia minoritarizante – isto é, que assimila as
especificidades textuais (em termos de diversidade sexual) do estrangeiro para construir um modelo
afirmativo de homossexualidade num contexto pós-Stonewall – e observar de que modo demandas
atuais da comunidade LGBTQIA+ podem nos ajudar a problematizar os diferentes discursos
identificados nessas antologias.
André Ricardo Cardoso Couceiro - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio)
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Andressa Cristina de Oliveira - Universidade Estadual Paulista (FCLAr - UNESP)
Exercices de style é uma das obras mais importantes de Raymond Queneau, autor francês que viveu
entre 1903 e 1976, e, no início de sua carreira, ligou-se ao grupo surrealista, realizando, sobretudo
experiências psicanalíticas. Escreveu ensaios, romances e poemas, trabalhou como editor na
Gallimard e se envolveu com a matemática, disciplina que influenciaria muito sua obra. Tornou-se
bastante conhecido do grande público na ocasião em que sua obra Zazie no metrô, foi adaptada
para as telas do cinema por Louis Malle em 1959. Nesta ocasião, associa-se à OuLiPo (Ouvroir de
Littérature Potentielle). A obra que aqui analisamos, Exercices de style, é singular, pois, nela, o autor
conta a mesma história 99 vezes de maneiras totalmente diferentes, servindo-se de diferentes figuras
de retórica e de diferentes gêneros literários. A tradução desta obra foi publicada no Brasil em 1995,
pela editora Imago. Abordando contrastivamente o texto original em francês e a tradução brasileira,
pretendemos analisar brevemente de que forma se deu a tradução de uma obra tão complexa e
trazer à tona os conceitos de tradutor e de pastichador, conforme Berman (2016) e abordar, ainda, o
conceito de Eco sobre a "intraduzibilidade da obra", que se faz muito presente neste caso, pois, na
maior parte dos exercícios, é nítido que o tradutor criou novos exercícios, ultrapassando seu papel, e
fazendo com que nos questionemos sobre a real possibilidade de tradução desta obra de Queneau
sem haver “transcriações”, de acordo com as teorias de Campos (2019).
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Tendo em vista a expansão da educação linguística com crianças e o crescente surgimento de
métodos modernos para ensino de línguas, que dão lugar a um movimento, cada vez mais forte,
contra o uso da tradução no ensino de línguas estrangeiras, que têm tido como principal foco o uso
da Abordagem Comunicativa (DE ALMEIDA FILHO, 1989; SCHNEIDER, 2010), esta pesquisa
visa a compartilhar uma experiência didática que buscou desconstruir a crença de que traduzir é
“somente passar de uma língua para outra”. Buscamos fazer da tradução intersemiótica
(JAKOBSON, 1959, p. 233-239) uma aliada na inclusão de pedagogias críticas (FREIRE, 1974) em
sala de aula. Para tal, as crenças dos alunos sobre o que é tradução foram elencadas pela docente
previamente à construção e proposta dessa atividade. Assim, busca-se responder às seguintes
perguntas de pesquisa: quais são as crenças dos alunos de língua inglesa sobre o que é tradução? A
tradução intersemiótica é uma boa aliada na construção do pensamento crítico desses alunos e quais
as evidências disso? Quais as reações dos alunos a partir da desconstrução do conceito em foco? No
que diz respeito ao contexto, os alunos estavam matriculados no 4º ano do Ensino Fundamental em
uma escola particular, na região sudeste do interior de São Paulo, com duas horas-aula de Língua
Inglesa semanais. A atividade proposta e desenvolvida pela própria docente teve uma duração de
implementação de quatro horas-aula. Em relação aos dados, serão analisadas as traduções
intersemióticas feitas pelos alunos, bem como as notas de campo da docente oriundas das discussões
durante as aulas. A partir de uma análise indutiva, que considera o ponto de vista docente (EGIDO,
REIS, 2019, p. 1-20), os dados que ainda se encontram em processo de análise já dão indícios de
uma resposta da mudança das crenças frente ao que é a tradução.
Esta comunicação tem como objetivo apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de
mestrado, cujo objetivo é realizar a tradução parcial comentada para o português brasileiro do ensaio
Le silence des médias (1993), da escritora e jornalista quebequense Colette Beauchamp, no qual a
autora investiga as relações entre mulher e imprensa nos anos 1980, expondo o domínio masculino
nas mídias. Desse modo, a partir do trabalho de tradução e da criação das notas, busco apresentar as
decisões tradutórias tomadas durante o processo, assim como minhas análises e reflexões sobre o
livro. Para o projeto de tradução, baseio-me nos estudos de Zavaglia, Renard e Janczur (2015) e
Torres (2017), sobre o gênero tradução comentada, bem como na proposta de tradução de letra, de
Antoine Berman (2007), que consiste em uma tradução ética, que busca reconhecer o Outro
enquanto Outro no texto traduzido, considerando a letra, ou seja, a corporeidade carnal do texto
como um todo, e não de palavra por palavra, como costumava-se pensar. Já para análise da obra, o
eixo central é a relação entre gênero e imprensa, com base nos trabalhos de Santos e Temer (2016),
Mateos (2019) e Bourdieu (2016). Além disso, por tratar-se de um ensaio, a tradução comentada
neste trabalho é pensada sob o ponto de vista da tradução de obras, também apresentado por
Berman (1991), levando em consideração as especificidades da tradução de um texto teórico de
ciências humanas, mas que também se constrói enquanto obra, uma vez que seu objetivo é tratar das
experiências humanas no mundo (BERMAN, 1991). Por meio deste trabalho, portanto, observa-se
em que medida a tradução de textos teóricos de ciências humanas distancia-se e, ao mesmo tempo,
aproxima-se da tradução de textos literários, uma vez que Berman classifica ambos os textos como
obras.
Este trabalho apresenta mapeamentos de seis plataformas de streaming e análises de quatro filmes
do gênero “suspense” com audiodescrição (AD) em língua portuguesa, como parte avaliativa da
disciplina de Oficina IV, do curso de Letras/Língua Inglesa e suas respectivas literaturas, feito com a
colaboração do grupo de pesquisa LETRAA (Laboratório dos Estudos de Tradução Audiovisual),
da FECLI/UECE, coordenado pela Profa. Ms. Sara Mabel Ancelmo Benvenuto, no ano de 2021. A
primeira parte procede de mapeamentos de filmes das seguintes plataformas de streaming: Netflix,
Amazon Prime, HBO Max, Disney Plus, Globoplay e Telecine. Ao todo, foram encontrados dez
filmes com AD em língua portuguesa, a saber, nove deles na Netflix e um na plataforma Prime
Vídeo, da Amazon Prime. Três dos quatro filmes analisados, isto é, Awake (2021), Bird Box (2018) e
Fuja (2021), fazem parte da Netflix e o quarto, A Gruta (2020), está no catálogo do Prime Vídeo. Na
etapa seguinte da pesquisa, foram realizadas as análises de natureza descritiva, com base em
BENVENUTO & LIMA (2017) e PAYÁ (2010), as quais foram subdivididas em três distintos
levantamentos: o primeiro foi a análise fílmica de cada uma das obras estipuladas; no segundo,
sucederam-se as análises dos roteiros de suas respectivas ADs; e no terceiro, deram-se as análises das
locuções das ADs de cada uma das quatro obras audiovisuais escolhidas. Após os mapeamentos e as
análises individuais e, em seguida, discussão feita pela equipe a respeito de cada plataforma e das
etapas da pesquisa, infere-se que boa parte dos serviços de streaming não dão opções de
acessibilidade para as pessoas com deficiência visual e, nas plataformas em que há esse tipo de
inclusão, o número de produções nos catálogos é escasso e insuficiente.
Este trabalho trata sobre o efeito de humor causado por elementos fonológicos na fala de
estrangeiros e suas respectivas traduções. Ao trocar um som por outro durante a fala, estes falantes
podem pronunciar uma palavra equivocadamente, fazendo com que se torne outra, com significado
desproporcional ao cenário em questão. Este ato se transforma em algo humorístico nas séries
televisivas, cabendo ao tradutor realizar escolhas que sejam adequadas ao contexto da série e à
cultura dos espectadores brasileiros. Sendo assim, os objetivos dessa pesquisa são observar quais os
fatores linguísticos responsáveis pelo ato cômico na série de comédia norte-americana Modern Family
e analisar as escolhas tradutórias feitas pelo tradutor do seriado para legendagem. Para isso, as falas
da personagem colombiana Gloria Delgado-Pritchett, que abordam os fatores mencionados, foram
selecionadas, tanto na língua inglesa, como no português brasileiro, e analisadas a partir das teorias
de Tradução, com maior foco em tradução de humor, e Fonética e Fonologia de Língua Inglesa.
Pensando nisso, o Alfabeto Fonético Internacional (2020) foi consultado, além dos estudos de
alguns autores como McMahon (2002), Zsiga (2013) e Schutz (2019). Para embasar os trechos
relacionados a tradução de conteúdos humorísticos, foram abordados os trabalhos de Liebold
(1989), Schimtz (1996) e Attardo (2017) a fim de entender quais são os principais pontos que devem
ser levados em consideração durante o processo de tradução. Concluiu-se que o profissional tem
alguns caminhos a seguir, podendo até reformular a piada criada pelo autor do texto para que o
público de chegada compreenda, entretanto, é importante que a comicidade seja mantida, o que se
torna mais complexo quando existem trocadilhos fonológicos em sua composição, por se tratarem
de idiomas diferentes. Após a análise, foi possível notar que a maioria das escolhas tradutórias da
série foram bem sucedidas, considerando as informações levantadas por esses estudiosos.
33
O estudo apresenta os desafios dos intérpretes para realizar uma autopromoção ética nas mídias
sociais, respeitando os códigos de conduta das associações de intérpretes profissionais. Para
compreender o que define um intérprete profissional no mercado contemporâneo, utilizamos os
estudos de Taylor-Bouladon, Roderick Jones e Daniel Gile, entre outros, para observar a visão
histórica do “intérprete invisível”, que valoriza a invisibilidade como o grande trunfo do intérprete,
versus a visão mais contemporânea do “intérprete empreendedor” apresentada por Dagmar e Judy
Jenner e Jonathan Downie, que defendem que o intérprete deve abraçar sua posição de freelancer,
abandonando a invisibilidade em seus esforços de promoção, em prol de um relacionamento de
parceria e confiança entre o intérprete e seus clientes. Os autores que apoiam a visão do intérprete
empreendedor incentivam a classe a buscar inspiração na nova geração de intérpretes, que usa as
mídias sociais para fazer o seu marketing pessoal. Conduzimos um estudo de caso que se propôs a
analisar conteúdos publicados por intérpretes no Instagram, rede social de maior engajamento de
público atualmente, e percebemos que cerca de metade das publicações respeita os códigos de ética
das associações, mas a outra metade desrespeita o sigilo profissional tão defendido pela classe. O
resultado da pesquisa conclui que há uma aparente despreocupação com a ética profissional nas
mídias sociais por parte dos intérpretes. Ao mesmo tempo, descobrimos que já existem soluções que
buscam remediar tais infrações sendo utilizadas por uma pequena quantidade de intérpretes
profissionais.
Carolina Coelho dos Santos Monteiro - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-Rio)
34
Esta pesquisa exploratória de caráter experimental investiga o uso de estratégias de interpretação
simultânea por estudantes de graduação ao realizarem uma tarefa de interpretação simultânea no par
linguístico inglês-português brasileiro. Tem por objetivos específicos: (i) identificar as estratégias
mais utilizadas; (ii) investigar se o uso dessas estratégias está relacionado ao esforço cognitivo
despendido pelos estudantes; e (iii) avaliar se o uso dessas estratégias está relacionado a normas de
interpretação. Os participantes da pesquisa, então alunos do Curso de Graduação em Tradução da
Universidade Federal de Uberlândia, realizaram uma tarefa de interpretação simultânea do inglês
para o português-brasileiro, que foi gravada com o arquivo de áudio contendo tanto o texto-fonte
quanto o texto-alvo da interpretação. Os dados foram analisados à luz tanto do produto quanto dos
processos cognitivos envolvidos, cotejando-se o texto-fonte e cada um dos textos-alvo para a
identificação das estratégias empregadas pelos participantes durante a realização da tarefa.
Realizaram-se uma análise quantitativa para a contabilização de todas as ocorrências de estratégias
encontradas nos textos-alvo e uma análise qualitativa, utilizando-se como pressupostos teóricos o
Modelo dos Esforços de Gile (2009), e as definições de normas operacionais propostas por Garzone
(2002) e Gile (2009). Os resultados apontam que os estudantes utilizaram táticas, não estratégias. Os
resultados também indicam que: (i) as táticas mais utilizadas foram omissão, segmentação,
transformação morfossintática e transcodificação; (ii) implicaram esforço cognitivo; e (iii) estavam
relacionadas a normas de interpretação. Esta pesquisa e seus resultados contribuem para os Estudos
Cognitivos da Tradução e Interpretação, especificamente para os estudos no par linguístico
inglês-português brasileiro, até então inexplorado pela literatura, assim como para a formação de
intérpretes e para a atuação de intérpretes profissionais, uma vez que possibilitam compreender
melhor como problemas específicos desse par linguístico podem ser resolvidos.
Entre Zeus e Sísifo: tradução de palavras culturalmente marcadas, uma pedra no caminho?
Traduzir é comum e necessário desde a antiguidade: promove interação entre os povos, auxilia nas
transações comerciais, contribui na divulgação e popularização da palavra divina, favorece a
disseminação de conhecimentos em geral. Esses são alguns dos objetivos que respaldam a tarefa do
tradutor. Destacamos que esse labor vem acompanhado de pesquisas e desafios constantes para que
o tradutor possa realizar a tarefa competentemente, adequando o texto traduzido aos objetivos
pretendidos e ao perfil do leitor. Neste sentido, esta comunicação tem por escopo fomentar
reflexões acerca da tarefa do tradutor, a qual lhe apresenta desafios na seleção das unidades léxicas
mais apropriadas que reflitam tanto o sentido como o conteúdo contidos em um texto fonte ao
serem transpostos para o texto meta, por isso ressaltamos a apropriação dos elementos culturais
como uma das demandadas no labor tradutório, assim, o tradutor deveria dominar aspectos
linguísticos e culturais (AUBERT, 2003; BĂLTĂREȚ, 2015; FERREIRA, 2018, 2019, 2020, 2021,
2022; FERREIRA; DURÃO, 2003; ORTIZ ALVAREZ, 2010, 2014; RODRIGUES, 2012; RÓNAI,
2012a, 2012b; TANQUEIRO, 2002). Como resultado das reflexões elaboradas neste texto, podemos
concluir que traduzir é (re)construir complexas teias textuais, por meio de interpretações,
transposições e (re)acomodações de um texto base em forma de texto meta. Traduzir e retraduzir
um mesmo texto é estratégia que contribui a um resultado mais ajustado ao público leitor. Traduzir
é, pois, tentar encontrar a peça precisa que se encaixa no quebra-cabeça, resultando no êxito da
mensagem que se almeja, a qual é orientada pelos propósitos do autor do texto base ou pela função
a ser exercida pelo texto meta.
Le diable est dans les détails, de Leïla Slimani: tensões entre língua(s), cultura(s) e religião
e(m) tradução comentada
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O presente projeto tem por objetivo apresentar a tradução comentada, do francês para o português
brasileiro, da obra Le diable est dans détails (2016), da escritora franco-marroquina Leïla Slimani.
Trata-se de um ensaio literário que aborda questões identitárias e sociopolíticas geradoras de tensão
no contexto a partir do qual fala Slimani. Para discorrer sobre a pluralidade temática que perpassa a
obra, nos debruçaremos sobre as pesquisas de Nojea (2015), Tavares (2006), Hinojosa (2012). No
que diz respeito ao projeto de tradução, parte-se sobretudo dos trabalhos do teórico francês Antoine
Berman, mais especificamente de A tradução e a letra ou o albergue do longínquo ([1985] / 2007) e
Pour une critique des traductions: John Donne (1995). Para Berman a finalidade principal da
tradução não é a simples procura de palavra ou expressões equivalentes, mas o acolhimento da
literalidade da obra traduzida, o que inclui a recepção da “originalidade” própria da obra e da
“estranheza” do outro. Para que se possa fazer uma tradução eticamente responsável pelo trabalho
da “literalidade carnal” da obra, Berman (1995) aponta como necessárias, em primeiro lugar,
múltiplas leituras de outras obras do autor e sobre o autor, em segundo lugar, uma análise textual
que apresente a sistematicidade própria da obra e que seja um apoio à tradução. Este trabalho será
realizado com base numa adaptação do método de Berman. Ricoeur (2011) propõe a articulação
entre o ato de interpretar e o de traduzir, já que o sentido não preexiste à tradução como uma
entidade “independente” e “transponível”, mas deve ser construído. A tradução orientar-se-á
também pelas contribuições de Sardin (2007), de Zavaglia, Renard e Janczur (2015) e de Torres
(2017), pesquisas nas quais as autoras se debruçam sobre a problemática do gênero textual tradução
comentada em contexto acadêmico.
O período que vai de aproximadamente do final da década de 1930 a meados da década de 1950 foi
o de maior número de publicações de traduções da obra de Machado de Assis na Argentina, tendo
sido publicadas pelo menos seis traduções de romances e sete de contos. Apenas do romance Dom
Casmurro houve quatro traduções: a de Luis Baudizzone e Newton Freitas, pela editora Nova, em
1943; a de J. Natalicio González, pela Jackson, em 1945 (reimpressa em 1946 e 1957); a de Alfredo
Cahn, pela Acme, em 1953; e a de Ramón de Garciasol, pela Espasa-Calpe, em 1955. O trabalho
pretende estabelecer uma relação entre esse aumento da publicação de traduções de Machado de
Assis com alguns eventos do espaço cultural argentino influenciados pelo contexto internacional:
em primeiro lugar, a própria expansão do campo editorial no país devido à retração do mercado
editorial espanhol, que sofria uma crise impingida pela Guerra Civil; em segundo lugar, a difusão de
um “pan-americanismo” que estimulou a aparição de coleções americanas, como as da Nova
(Colección Nuestra América), Jackson (Colección Panamericana) e Emecé (Colección Novelistas
Americanos Contemporáneos), que publicaram Machado de Assis; e, em terceiro lugar, um evento
relevante, prévio às traduções de Dom Casmurro, que foi a publicação de um número da revista Sur
em homenagem ao Brasil, por ocasião do posicionamento do Brasil ao lado dos Aliados na Segunda
Guerra Mundial. O trabalho se concentrou na análise dos paratextos editoriais das publicações
dessas traduções, tanto os que circundam a obra (peritextos) quanto artigos literários e jornalísticos
sobre a obra e o autor (epitextos).
Tradução e representação ideológica: a apropriação do discurso feminista no gênero
publicitário
Este trabalho tem como objetivo apresentar reflexões sobre a apropriação do léxico representativo
do discurso feminista feita em anúncios audiovisuais de diversos setores, nos idiomas português,
espanhol e inglês e as respectivas traduções entre essas línguas. Entendemos que o uso de tais lexias
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se configura como um meio para atingir o público-alvo que se identifica com as pautas do
movimento feminista, uma vez que os ideais do movimento são associados aos produtos e às marcas
que compõem as mensagens publicitárias em questão. Nesse sentido, visamos analisar quais lexias,
consideradas características do feminismo, aparecem nessas produções e nas suas traduções, pois,
devido à globalização, estratégias de internacionalização e exportação das marcas anunciantes são
aplicadas a fim de conquistar um número maior de consumidores. Ademais, investigamos de que
forma o discurso verbal relaciona-se com o conteúdo não-verbal dos anúncios, contribuindo para a
construção da articulação entre esses sentidos. Para tratar do léxico, nos apoiamos em Lara (2006),
Biderman (1981; 2001), Polguère (2018) e Ferraz (2012). Com relação à Análise Crítica do Discurso,
Van Dijk (2005), e Hall (2016) para tratar de discurso e representação. Além disso, nos
fundamentamos em Goldman (1992) e Hamlin e Peters (2018) para investigar a respeito do discurso
publicitário e em Wolf (2020), Friedan (1971) e Fraser (2019) para o que concerne à crítica feminista.
Por fim, Rodríguez (2018) e Ricoy (2007) para a tradução publicitária. A partir da análise,
observamos que valores como “liberdade” e “empoderamento” são representados nos anúncios por
meio do léxico e associados ao consumo dos produtos, configurando como uma apropriação desses
ideais que visa o lucro das empresas e não uma disseminação genuína da luta pelos direitos das
mulheres.
Esta apresentação é um desdobramento da tese de doutorado de Barbosa (2020) e tem por objetivo
apresentar e discutir os gatilhos de problemas (GILE, 2009) na interpretação em conferência de
português para Libras. Partindo de evidências identificadas nos dados da tese, durante a
interpretação surgem problemas e/ou dificuldades, que forçam o profissional a recorrer aos recursos
disponíveis (estratégias linguísticas de solução de problemas, a saber: omissão, adição, substituição,
parafraseamento, expansão, antecipação, entre outras) para que o processo não seja interrompido e
assim não prejudique a entrega do produto aos receptores. Nos Estudos da Interpretação as
estratégias linguísticas de solução de problemas são discutidas por inúmeros autores, dentre eles:
Cokely (1986), Riccardi (1998), Jones (1998), Napier (2001), Leeson (2005), Bartłomiejczyk (2008) e
Gile (2009). A partir da análise dos vídeos das interpretações de conferência de português para
Libras, foi possível identificar esses pontos nevrálgicos e a aplicabilidade das estratégias na
interpretação de português para Libras. Para essa discussão seremos norteados pelos seguintes
passos: (a) discutir a interpretação de conferência de português-Libras; (b) problematizar as
dificuldades e os problemas durante a interpretação; (c) os gatilhos de problemas; e (d) apresentar as
estratégias linguística de solução de problemas. A partir da discussão realizada, podemos evidenciar
o quão fundamental é para entendermos que: (i) os problemas na interpretação podem gerar
equívocos/erros na informação a ser entregue; (ii) conhecer os gatilhos de problemas é importante
para sabermos quais ferramentas (estratégias) podemos utilizar para resolvê-los antes que acarretem
os equívocos/erros; e (iiii) apresentar essas discussões para os estudantes de interpretação.
Para desenvolvermos a competência intercultural (FERREIRA, 2018, 2020a, 2020b, 2020c, 2021a,
2021b), faz-se necessário abarcar conhecimentos linguísticos atrelados, também, aos aspectos
culturais, pois capacitam o aprendiz, contribuindo para uma comunicação mais espontânea, fluida,
bem como aproximando-o à língua meta. Nesse sentido, esta comunicação tem o escopo de dialogar
37
acerca da elaboração de um glossário contendo onomatopeias e/ou palavras onomatopaicas que
representam os sons de alguns animais, com o propósito de realizar um contraste entre as línguas
portuguesa, inglesa e espanhola. Para tal, utilizamos os preceitos teóricos que se referem as
onomatopeias e/ou palavras onomatopaicas (SOBKOWIAK, 1990; SCHALLWORT, 1972 apud
CALDAS, 2011, 156). A ideia de contrastar tais vocábulos em diferentes idiomas surge para reforçar
a importância da Linguística Contrastiva (DURÃO, 1999; FERREIRA, 2007; LADO, 1957/1973)
no aprendizado de línguas adicionais, uma vez que o processo de aprendizagem de uma língua
envolve mais do que apenas a comunicação oral ou escrita, diz respeito também à apropriação da
cultura do outro. Desta forma, reiteramos que as onomatopeias e as palavras onomatopaicas são
elementos que precisam ser estudados à luz do contraste bilíngue e bicultural, pois há
palavras/expressões que podem coincidir com ou diferenciar-se da língua/cultura materna. Além do
glossário contrastivo, propomos ainda algumas atividades para aulas de língua inglesa e língua
espanhola que podem ser desenvolvidas por professores em sala de aula para que possam utilizar as
onomatopeias/palavras onomatopaicas apresentadas. Assim, concluímos que contemplar matizes
culturais sob a ótica das onomatopeias e/ou palavras onomatopaicas é um dos passos para o êxito e
para a otimização da competência comunicativa como um todo.
Investigação baseada em corpus das traduções para o inglês do vocábulo coisa em Água
Viva de Clarice Lispector
Clarice Lispector é uma escritora de grande notoriedade dentro e fora do Brasil. Dada sua
relevância no quadro da literatura brasileira feminina e da importância do trabalho dos seus
tradutores, em especial de Elizabeth Lowe & Earl Fitz e Stefan Tobler para a aceitação das obras
no exterior, optamos por selecionar uma obra de Clarice Lispector com as respectivas traduções
para a língua inglesa. Compilamos o seguinte trio de obras: a obra Água Viva e suas traduções
efetuadas por Elizabeth Lowe e Earl Fitz, The Stream of Life, em 1989, bem como por Stefan
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Tobler, Água Viva, em 2012. O objetivo deste artigo foi analisar se houve variação nas traduções
das quatro frases lexicais provenientes do vocábulo coisa por seus respectivos tradutores.
Também, tivemos o intuito de identificar as semelhanças e diferenças encontradas nas quatro
frases lexicais selecionadas no tocante ao texto original e as traduções de 1989 e 2012. Para
fundamentar a nossa investigação, recorremos a uma abordagem interdisciplinar de Camargo
(2005, 2007), tendo como apoio a proposta por Baker (1993, 1995, 1996, 1999, 2004a, 2004b) para
os estudos da tradução baseados em corpus, bem como os princípios e métodos da linguística de
corpus adotados por Berber Sardinha (2000, 2004). O presente trabalho também contou com o
auxílio do programa computacional WordSmith Tools, versão 7, criado por Mike Scott (1999), o
qual proporcionou os recursos técnicos necessários para o levantamento de dados. Selecionamos
o vocábulo coisa, uma vez que foi o terceiro na lista de palavras, além de sua importância no
romance. Verificamos que houve mais aproximações entre a obra original e a traduzida de 1989;
já, em relação ao original e à tradução de 2012, observou-se mais distanciamentos, isto é, foram
utilizadas mais variações na obra traduzida de 2012 se comparada com a tradução de 1989.
O estudo de tradução de canções é relativamente novo na academia, havendo poucos métodos que
tratem desse tipo de expressão poética e que levem em conta suas especificidades. Dentre os
principais, destaca-se aquele desenvolvido pelo Prof. Dr. Peter Low, membro sênior na Universidade
de Canterbury em Christchurch, Nova Zelândia. Denominado “Princípio do Pentatlo”, o método de
Low é composto por cinco critérios: a “cantabilidade” (singability), ou seja, a possibilidade de
execução da letra por um cantor; o sentido, que deve se aproximar ao máximo do propósito
estabelecido pelo texto-fonte; a naturalidade, fator mais bem avaliado por nativos da língua-alvo, que
podem constatar se o texto traz construções aceitáveis naquele idioma; o ritmo, que deve ser
observado para que a nova letra contenha o mesmo número de sílabas poéticas e os mesmos
acentos musicais que a original, a fim de que possa ser cantada sobre a melodia original; e, por fim,
as rimas, que dão forma à letra, com a reiteração de sons semelhantes. Neste trabalho, aplicamos o
Princípio do Pentatlo ao ciclo cancional “História de Pescadores”, de Dorival Caymmi, lançado no
disco Caymmi e o Mar (1957). A partir da aplicação, chegou-se a uma versão cantável da obra em
língua inglesa. Para esta comunicação, foi feito o recorte das traduções de duas canções do ciclo:
"Canção da Partida" e "Velório". Além de consolidar e expandir a área de Estudos da Tradução de
Canção, o trabalho serve ao resgate da obra caymmiana, importantíssima para os rumos tomados
pela Música Popular Brasileira ao longo do século XX.
O que motiva minha pesquisa de doutorado (IEL-UNICAMP) é o desejo de abordar a relação entre
tradução audiovisual (TAV) e a realidade social, olhando para comunidades sub-representadas e para
a desigualdade social no enlaçar de diferentes línguas-culturas em ambientes audiovisuais,
particularmente, na tradução para legendas de documentários. O objetivo geral desta comunicação é
apresentar um recorte de minha pesquisa, ainda em andamento, com foco na análise de recortes de
traduções para a língua-cultura inglesa de documentários brasileiros que tematizam pobreza, pessoas
catadoras de lixo, mulheres do “terceiro mundo” e vidas negras, quais sejam: “Ilha das Flores”
(1989), “Boca do Lixo” (1992), “Estamira” (2004) e “Lixo Extraordinário” (2009). A perspectiva
teórica de que parto é a discursivo-desconstrutiv(ist)a, proposta por Maria José Coracini,
embasando-se, principalmente, nos pensamentos de Michel Foucault, Jacques Derrida e Jacques
39
Lacan. Os recortes de análise selecionados a partir de trechos dos documentários incluem o áudio,
mais especificamente as falas das personagens em português brasileiro, as trilhas sonoras e os pontos
de silêncio, suas respectivas traduções para legendas em inglês e também as imagens e textos. A
análise apresentada se concentrará, especificamente, na nomeação das pessoas catadoras nas
línguas-culturas dos documentários (inglês e português brasileiro), além de expandir a discussão para
outros contextos (fóruns, boletins, sites, livros e outras publicações) em que o dilema do nome tem
gerado debates e sinalizado para o fato de diferentes nomeações cumprirem funções político-sociais
específicas e provocarem efeitos de sentidos diversos. Os resultados parciais da minha pesquisa
parecem contribuir para vislumbrarmos como a mídia traduzida produz representações
sociopolíticas de alguns grupos, colaborando para possibilidades de entendimento dos papéis que a
TAV desempenha em corroborar estereótipos e discriminação e/ou ajudar a romper com problemas
sociais como racismo, sexismo e classicismo.
Tomando a produção e a tradução jornalística como fundamentais para a difusão do léxico em uma
comunidade linguística, este estudo tem como objetivos observar a incidência de “marcas de
tradução” (HERNÁNDEZ GUERRERO, 2011) na tradução de textos jornalísticos opinativos, além
de analisar as estratégias utilizadas para a tradução de unidades lexicais em tais textos,
contrastando-as com as estratégias empregadas na tradução de artigos informativos. Assim, esse
estudo investigou textos dos jornais El País e Folha de S. Paulo, redigidos em português, buscando
discutir os aspectos neológicos e ideológicos na tradução para o espanhol de unidades lexicais.
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Consideramos, para isso, fatores intra e extratextuais, principalmente os de natureza cultural, que
incidem sobre os leitores brasileiros e espanhóis. Nos pautamos, para a análise, nos trabalhos de
Lara (2006), Borba (2006), Hernández Guerrero (2011), Bielsa (2016) e Simão e Stupiello (2017), a
fim de discutir as questões lexicais envolvidas na esfera da tradução jornalística. Para tratar do
processo neológico, utilizamos Correia e Barcellos (2012), bem como Mittmann (1999) e Venuti
(2002) para questões discursivas abordadas no âmbito da tradução. A partir da análise, foi possível
perceber de que maneira as estratégias de tradução são empregadas no âmbito jornalístico como
forma de facilitar a compreensão do público leitor, considerando o tratamento dado às unidades
lexicais na tradução dos distintos textos, devido algumas exigências em função, principalmente, do
status dos textos de partida, fontes instáveis e fontes estáveis de tradução (HERNÁNDEZ
GUERRERO, 2011). Além de verificar a indicação, tanto no texto opinativo quanto no informativo,
da autoria da tradução, contrariando o comum entre os textos na esfera jornalística, como discute
Hernández Guerrero (2011).
Este trabalho discute a tradução presente, especificamente, nas legendas para o português, do
socioleto queer explorado na série de TV Pose, distribuída, no Brasil, pela Netflix até o início de
2022. O enredo da série é situado em Nova York, entre os anos de 1980 e 1990, e foca em uma
comunidade LGBTQIAP+ latino-americana e afro-americana e, em particular, na cultura de
ballroom, os bailes em que se compete por troféus e reconhecimento através de danças e desfiles,
que se desenvolveu na periferia da cidade. Os diálogos entre os personagens contam com diversas
gírias e expressões que são características dessa cultura e desse grupo social, as quais denominamos
socioleto queer. Foi feito um paralelo histórico desta variedade linguística no Brasil e nos Estados
Unidos, que nos permitiu aproximar a cultura desenvolvida por esse grupo social nos dois países.
Ademais, nos apoiamos nos conceitos de enunciado e contexto extraverbal do círculo de Bakhtin
para sustentar a ideia de língua socialmente estratificada em variedades linguísticas, como
consequência de seu uso social, entendendo os falantes enquanto seres sociais, sociáveis e
socializáveis. Enfim, foram analisadas linhas de legenda de cenas de dois episódios, notadamente o
primeiro episódio da primeira temporada e o primeiro episódio da segunda temporada. As análises
foram perpassadas por conceitos de tradução de variedade linguísticas e identidades de gênero.
Assim, situada no incipiente campo da tradução queer no Brasil, esta pesquisa aborda, em particular,
o efeito produzido pelas legendas em português desses episódios sobre a percepção do espectador
acerca das identidades de gênero das personagens.
O trabalho a seguir irá tratar sobre uma análise paratextual de obra traduzida em território brasileiro
e sobre a visibilidade da prática tradutória. Há um interesse crescente nos estudos do paratexto
traduzido, no campo de Estudos da Tradução, uma vez que ao verter-se para outro meio cultural um
texto exporta e importa um conjunto de escritos que pode revelar suposições sobre o processo
tradutório de uma obra. Diante disso, este trabalho buscou analisar três edições brasileiras de O
Hobbit (1974; 1995; 2019), de J. R. R. Tolkien, traduzidas para o português brasileiro, com o intuito
de verificar se há e como são os paratextos dessas versões, para entender as estratégias tradutórias
das épocas em questão e a maneira como elas influenciam na voz (ou ausência de voz) dos
41
tradutores. O referencial teórico se apoiou nos estudos de paratexto de Genette (2009), de paratexto
traduzido de Carneiro (2015); Nida (1964); Rodrigues (2010); Newmark (1987); Mittman (2003);
Hoek (1981), da visibilidade do tradutor de Schiavi (1996); Hermans (1996); Hattnher (1994) e dos
postulados sobre design editorial de Hendel (2006). Conclui-se, a partir disso, que as edições de
1976, feita em plena ditadura militar, e 1995 trazem poucas mudanças com relação à visibilidade do
tradutor considerando a distância temporal e mudanças sociais entre as duas. Por outro lado, a
edição de 2019 reforça ao leitor real a presença da segunda voz, do tradutor, a todo o momento,
tanto no começo, quanto no meio e no fim da edição, evidenciando a importância do implemento
de paratextos para uma valorização do tradutor.
Considerando que a tradução, assim como a produção dos textos, não é feita em um vácuo, mas em
uma cultura particular e em um momento específico, leva-se em consideração aspectos como raça,
gênero, idade, classe e origem. Assim, a tradução está imbricada a relações de poder que existem no
contexto fonte e alvo, de forma que a tradução envolve muito mais do que apenas a língua
(BASSNETT, 1998). Diante do exposto, este trabalho intenta propor uma sequência didática de
tradução audiovisual para legendagem realizada em contextos culturais específicos considerando,
para tanto, regionalismos e minorias. Desse modo, propõe-se a reflexão sobre escolhas, problemas,
adaptações e apagamentos que podem ocorrer na tradução a partir de textos alinhados a tais
temáticas. Visando o desenvolvimento de competências tradutórias (HURTADO-ALBIR, 2017), a
atividade orienta-se para a aprendizagem ativa por meio da solução de problemas (SANTOS, 2019;
BACICH; MORIN, 2017), buscando a autenticidade através da proposição de avaliação orientada
para a prática profissional (YANIZ; VILLARDÓN, 2006; VILLARDÓN, 2006). Desse modo, a
atividade busca levantar reflexões sobre a representação da cultura e língua de partida na cultura e
língua de chegada, e sobre a circulação entre língua, linguagens e comunidades em ambientes
multimidiáticos, bem como estratégias de tradução e legendagem, fundamentando-se em Berman
(2013), Venuti (2020), Pettit (2009), Rittmayer (2009), entre outros. A proposta de Sequência
Didática desenhada neste trabalho visa o desenvolvimento de competências tradutórias para o
exercício profissional. As particularidades de contextos específicos demandam escolhas lógicas do
tradutor para realizar transferências funcionalmente equivalentes, enquadrando-se no contexto
específico da legendagem. Portanto, espera-se a partir da proposta apresentada, auxiliar na ampliação
da discussão de didática e avaliação de tradutores em formação, considerando a preparação para o
mercado de trabalho.
A presente comunicação tem como objetivo analisar algumas obras de poesia venezuelana traduzidas
no Brasil. No texto, discorre-se sobre os tradutores, as editoras e os anos em que essas traduções
foram publicadas. Assim, procura-se, através da revisão desse acervo – do qual pouco tem se escrito
– criar um mapa como um trânsito dialógico entre ambos os países e suas tradições literárias. Dentro
dos casos expostos, enfocam-se, principalmente, as obras: O poeta sem rio, de Eugenio Montejo
(1975, Editora Movimento & Carlos Tortolero Editor) e Os espaços cálidos, de Vicente Gerbasi
42
(1988), ambas traduzidas por Sergio Faraco, como também as recentes versões: Você dorme, senhor
presidente? (2019, Sol Negro), de Caupolicán Ovalles, traduzida por Wallace V. Masuko, e a Mostra
de poesia venezuelana (2020, Malha fina Cartonera), com seleção de Leonardo Rodríguez e tradução
de Bárbara Zocal da Silva, Chayenne Mubarack, Fernanda Lobo, Leonardo Rodríguez e Pacelli Dias
Alves de Sousa. Procura-se refletir sobre a circulação dessas traduções, seus suportes e a dinâmica
que envolveu a escolha dos textos traduzidos, a maioria deles, pertencentes a poetas do cânone
venezuelano da segunda metade do século XX. Indagam-se os elementos paratextuais das obras, os
quais chegam a realizar uma incursão do político como elemento exploratório dentro do Brasil atual,
criando uma transposição alegórica e temporal com a Venezuela dos anos 60 e o grupo El techo de
la ballena, como também com uma série de significantes que fundamentam uma ponte ainda a ser
percorrida para o entendimento de um presente em contínua migração.
Neste trabalho temos como objetivo analisar a tradução de textos jornalísticos, entendendo a
tradução como um fenômeno de representação cultural. Nessa perspectiva, o fluxo de informação
traduzido se apresenta como um produto estratégico global, controlado em todas as suas
manifestações com fins comerciais e ideológicos, fato que contribui para difundir e uniformizar
certas correntes de pensamento em suas audiências (HERNÁNDEZ GUERRERO, 2019). A
invisibilidade, própria ao processo tradutório, e a transparência na transmissão da informação fazem
com que a notícia pareça circular sem modificações (BIELSA & BASSNETT, 2009). No entanto,
durante o processo de tradução de notícias, a fim de recontextualizar informações novas a partir de
interesses ideológicos específicos e atingir públicos mais amplos (HERNÁNDEZ GUERRERO,
2020), os meios de comunicação selecionam, adaptam, acrescentam ou eliminam unidades lexicais
43
ou segmentos textuais, realizando intervenções ou contextualizações que incidem diretamente sobre
a recepção do texto. Este trabalho analisa um corpus de notícias provenientes dos jornais Folha de
São Paulo e El País (nas direções português-espanhol e espanhol-português), com o objetivo de
observar, do ponto de vista lexical, de que modo as condições de produção dos textos traduzidos
incidem sobre adaptações culturais e linguísticas, passando, consequentemente, a veicular novos
valores implícitos nos discursos emitidos. Neste contexto, a tradução é uma peça-chave na difusão
mundial dos discursos midiáticos e, em especial, na construção da opinião pública. Assim,
tenciona-se refletir sobre o papel que as instituições sociais desempenham, bem como seu poder e
influência na transmissão de ideologias.
Larissa Lins de Freitas Oliveira - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
44
criá-los. Sendo assim, diretrizes específicas para o processo de tradução e adaptação transcultural
destes instrumentos são propostas na literatura. Isto posto, este trabalho visou traduzir e adaptar
transculturalmente o SWAL-QOL e o SWAL-CARE do inglês norte-americano para o português
brasileiro. Considerando diretrizes específicas, seis etapas metodológicas foram conduzidas, sendo:
tradução, síntese das traduções, retrotradução, banca de especialistas, pré-teste e submissão da
documentação ao comitê. Na primeira etapa, duas traduções para o português foram feitas por
diferentes tradutores nativos de português. Na segunda etapa, essas duas traduções foram
compiladas e uma versão síntese foi estabelecida. Na terceira etapa, a versão síntese foi
retrotraduzida para o inglês por dois tradutores nativos de inglês, individualmente. Na quarta etapa,
tradutores e fonoaudiólogos estabeleceram a versão pré-final dos instrumentos em português a ser
testada em campo. Na quinta etapa, três fonoaudiólogos da Clínica de Fonoaudiologia da Faculdade
de Odontologia de Bauru aplicaram a versão pré-final em 10 pacientes voluntários. Em cada item da
versão pré-final foram incluídas as opções “de difícil compreensão” e “não se aplica”. Apenas um
item foi indicado como “de difícil compreensão” e este item foi readequado. Portanto, a versão final
do SWAL-QOL e do SWAL-CARE em português foi estabelecida e considerada equivalente à
original. Na etapa final, os documentos das etapas realizadas foram apresentados ao comitê de
acompanhamento do processo.
Os recentes fluxos migratórios para o Brasil demandam do Estado um novo olhar sobre as
necessidades sociais dos indivíduos recém-chegados no país. A implementação de uma política
linguística e de tradução é também condição de acesso da população imigrante aos sistemas de
prestação de serviços públicos. Nesse sentido, incumbida da missão de garantidora de direitos
humanos, a Defensoria Pública da União (DPU), visando ampliar e aperfeiçoar os serviços de
assistência jurídica prestados a imigrantes no Brasil, criou o Núcleo de Tradução (NuTrad), em
parceria com a Universidade de Brasília (UnB). Inicialmente responsável pela tradução de
documentos processuais, o NuTrad, frente ao aumento exponencial das demandas de atendimento
por não falantes de português, vem ampliando suas atividades com a criação de um serviço de
mediação linguística entre o agente público e o solicitante de direito. Esse crescimento das demandas
relacionadas à tradução e interpretação revela a necessidade de institucionalizar políticas de tradução
hoje em sua maioria implementadas pela sociedade civil. Para respaldar essas ações, buscou-se aqui
traçar um diagnóstico da situação sociolinguística da DPU nesse contexto, por meio de uma coleta
de dados junto aos setores de atendimento das diversas unidades da DPU. Foram aplicados
questionários aos atendentes dessas unidades para conhecimento das dificuldades e necessidades
linguísticas nos locais de atendimento. Os resultados revelam, por um lado, os desafios linguísticos
enfrentados de acordo com os tipos de interação entre demandantes de direitos e agentes públicos e,
por outro, o grande desamparo das instituições frente a esses desafios.
O presente trabalho tem como objetivo analisar a construção de sentidos sobre os feminismos
de(s)coloniais entre línguas e geografias. Para isso, analisarei a versão em inglês do texto “Coloniality
and power”, publicado em 2016 no livro Oxford Handbook of Feminist Theory, da pesquisadora
feminista hondurenha Breny Mendoza, e sua autotradução para o espanhol, “La colonialidad del
género y poder: de la postcolonialidad a la decolonialidad”, publicado no livro Miradas en torno al
problema colonial, de 2019. Também serão cotejadas as duas traduções do texto para o português
45
que partiram cada uma de uma das versões. Parto da pergunta exploratória: como a decolonialidade
e os feminismos decoloniais viajam nos textos de Breny Mendoza e como refletem o movimento da
teoria em si pela região? A análise será fundamentada tanto nas discussões dos feminismos
decoloniais (ALVAREZ, 2003; MENDOZA, 2017; BALLESTRIN, 2013; CURIEL, 2014;
ESPINOSA, 2014; LUGONES, 2020; TORRES, 2018; GONZÁLES, 2020; PAREDES, 2020), para
pensar o desenvolvimento da teoria na qual os textos se inserem e as interseccionalidades na
pesquisa, na autoria e na viagem dos textos; assim como nos estudos da tradução feminista
transnacional (ALVAREZ, 2014; CASTRO, ERGUN, 2017, SPOTURNO, CASTRO, 2019; COSTA,
2013, 2014, 2020; SANCHEZ, 2018; FONSECA, SILVA, SILVA-REIS, 2020), de modo a pensar o
tráfico e as rotas de teorias e as transformações dos seus sentidos. Compararei os contextos de
publicação de ambas as versões, que refletem a economia da produção do conhecimento em geral e
do próprio pensamento decolonial, como já denunciada por Nelly Richard (1999) e Silvia Rivera
Cusicanqui (2010), assim como analisarei as escolhas lexicais - considerando, a marcação distinta da
racialidade e os efeitos e as equivocidades entre as versões para pensarmos a viagem do pensamento
decolonial nas Américas.
Enquanto ainda escrevia e publicava a saga Harry Potter, J. K. Rowling presenteou os fãs com uma
enciclopédia de criaturas fantásticas assinada pelo magizoologista – também advindo do universo de
Harry Potter – Newt Scamander; essa obra conta com criaturas criadas por Rowling especialmente
para habitarem seu universo mágico, animais emprestados de diversas mitologias e seres advindos de
nosso universo real e agraciados com poderes e propriedades mágicas. Esse bestiário foi traduzido
pela já conhecida tradutora dos livros da saga do menino bruxo, Lia Wyler, que empregou o
conhecimento já adquirido acerca do processo de criação de Rowling para transpor para o português
46
a enciclopédia em questão. Nesta resenha crítica – que se torna agora uma apresentação –,
analisamos como Wyler expressa em português o que Rowling elaborou em inglês; para isso,
selecionamos as traduções mais interessantes e emblemáticas de nomes de criaturas e as dividimos
em sete categorias que parecem representar o modus operandi de nossa tradutora: tradução de
nomes de criaturas folclóricas; transcriações de Wyler sem aparente relação com o original;
traduções “literais”; adaptações do nome original; transcriações híbridas entre nome e descrição do
animal; adaptações livres relacionadas ao conceito; e o que chamamos de “caso especial”, pois
trata-se de uma categoria que possui um único nome, uma única tradução, que parece ser uma
ocorrência única em termos de mecanismo de tradução no livro em questão. Aliadas à nossa análise,
temos as discussões acerca de tradução elaboradas por Walter Benjamim ao falar da tarefa do
tradutor, Haroldo de Campos ao apresentar sua noção de “transcriação poética”, e Michaël
Outstinoff ao expor suas ideias acerca das operações tradutórias. Ao final, seremos capazes de
avaliar o quanto Wyler se aproximou do processo de criação da autora e se ela permitiu ao leitor
lusófono viver a experiência de leitura almejada por J. K. Rowling.
Este trabalho propõe uma reflexão em torno dos conceitos de jogo apresentados pelos filósofos
Gadamer (1960) e Didi-Huberman (1992) e sua relação com a prática da audiodescrição (AD). Para
isso, será apresentado um resumo teórico de ambos os autores no que diz respeito a seu
entendimento do jogo como uma metáfora para a relação entre a pessoa e a obra de arte. Gadamer
nos apresenta sua proposta de hermenêutica a partir da relação do ser humano com a obra de arte,
47
encarada por ele como fio condutor da nossa experiência existencial. O jogo com a obra de arte é
um recurso metafórico para refletir acerca da relação do ser humano com as coisas do mundo, ou
seja, a partir da reflexão em torno da relação (jogo) do ser humano (jogador) com a obra de arte, o
filósofo alemão tece sua teoria hermenêutica. Didi-Huberman, por outro lado, concebe o jogo de
duas formas distintas: o jogo das evidências e o jogo do esvaziamento. Com essa distinção, o
filósofo propõe um questionamento da dicotomia visível/invisível e defende que para se ver uma
imagem é preciso olhá-la para além do que ela nos apresenta no campo do visível. Com base em tais
considerações, foi feita uma análise de trechos de cinco entrevistas realizadas durante nossa pesquisa
de mestrado, a fim de relacionar o jogo na proposição dos filósofos à prática da AD. Por fim,
concluímos que, apesar de partirem de propósitos diferentes, há convergências possíveis entre
ambos os filósofos, em especial no que se refere à ideia da obra de arte como sujeito do jogo de
significações.
Se a tradução entre culturas é algo inquestionável, as culturas, assim como as línguas, estando
sujeitas a um processo de ressignificação constante, em função dos contatos, dos “empréstimos”,
das hibridizações, das influências (mútuas ou não), cabe sempre se perguntar de que forma se deram
ou se dão essas relações e quais suas consequências para o que se pretende, às vezes, tão
impropriamente chamar “cultura nacional”. De acordo com o filósofo francês Marc Crépon (2016),
no decorrer da história, algumas culturas estiveram (e ainda estão) em posição dominante em relação
a outras culturas que se mantiveram dominadas, apontando que “as culturas não tiveram (e nunca
têm) a mesma maneira de traduzir e de se traduzir. Elas não estiveram em contato da mesma
maneira” (CRÉPON, 2016, p. 258). No entanto, de acordo com o autor, o que não se pode negar é
o acontecimento da tradução em toda cultura, ou o reconhecimento de que aquilo que toda cultura
tem próprio é o resultado de uma tradução. Dessa forma, o objetivo desta comunicação é mostrar, a
partir de um mapeamento das traduções de obras francesas para o português brasileiro, no século
XX, como se deu a influência do pensamento francês no Brasil, sobretudo no que diz respeito às
ideias feministas e à tradução dos escritos de Simone de Beauvoir. De forma específica, tenciona-se
analisar alguns fragmentos da tradução do primeiro volume de O Segundo Sexo: fatos e mitos
(1949/1961), a obra de maior impacto para os estudos e os movimentos feministas no Brasil.
Este trabalho apresenta um estudo sobre a produção acadêmica internacional voltada à interpretação
de línguas de sinais nos contextos jurídicos. O tema é emergente no âmbito internacional e nacional,
carecendo de análises que possam elucidar e aprofundar os principais assuntos investigados, autores,
países e demandas que emergem dessa produção acadêmica. Desta forma, toma-se como base o eixo
teórico dos Estudos da Tradução e Interpretação de Línguas de Sinais e dialoga-se principalmente
com as contribuições de Metzger (2010), Santos (2013), Roy e Napier (2015) e Rodrigues e Beer
(2015). O estudo analisa a produção bibliográfica internacional por meio de levantamento
bibliométrico das publicações hospedadas na Bibliography of interpreting and translation (BITRA)
sobre interpretação de línguas de sinais em contextos jurídicos. A pesquisa considera uma
abordagem mista do ponto de vista metodológico, combinando as abordagens qualitativa e
48
quantitativa, bem como os métodos de pesquisa e técnicas de coleta de dados. Para realização da
busca foram utilizadas estratégias que combinam um termo que representa as línguas de sinais
(Deaf, Interpretation Studies, Sign language e Sign Language), mais um termo que representa o
contexto jurídico (Court, Court hearing, Court interpreter, Court interpreting, Legal, Legal context,
Legal interpreting, Legal settings, Legal translation e Police station). Como resultados obteve-se
1.486 produções acadêmicas. Estas produções foram analisadas individualmente, através da leitura
do título, palavras-chave e resumo, para validação da produção, isto é, verificar de fato se ela
pertencia ao corpus desta pesquisa. Após esta etapa, o total coletado de produções para análise foi
de 60 títulos, os quais foram submetidos a análises bibliométricas. Os resultados apontaram que: as
produções estão no formato de artigos científicos, capítulos de livros, livros e teses; e são
majoritariamente na língua inglesa, publicadas por editoras e periódicos de origem norte-americana,
apesar de BITRA ser uma base sediada na Espanha.
A tradução audiovisual pode ser dividida em ao menos quatro modalidades, estas são: vozes
sobrepostas, interpretação simultânea, legendagem e dublagem. Nosso trabalho focará nesta última,
que vem crescendo gradativamente com o decorrer dos anos graças à globalização e às plataformas
de streaming. Visando este crescimento, nossa pesquisa se centra em analisar as possíveis evoluções
ocorridas na dublagem de séries/ novelas mexicanas para o PB no decorrer do século XXI, no que
diz respeito ao que Agost (1999) denomina “sincronia visual”, ou seja, no encaixe do texto dublado
com o movimento labial do personagem. Para entendermos a temática trabalharemos o conceito de
tradução para dublagem e suas implicações a partir de Agost (1999), Machado (2016) e Konecsni
(2016). A escolha pelo par linguístico Espanhol/ Português se deu visando o menor número de
pesquisas neste e as eventuais dificuldades que a “proximidade” entre estas línguas trazem para o
fazer tradutório. Para tal, selecionamos como corpus as obras: Rebelde (2004) e Control Z (2020), por
ambas serem produzidas no México e por serem voltadas para o público juvenil. Dentro deste
corpus, selecionamos dez cenas, cinco de cada obra, considerando um mesmo contexto
conversacional para cada par. A partir disso, fizemos um teste de percepção com dez juízes a fim de
verificar se houve evoluções no decorrer dos últimos anos. Por fim, concluímos que de acordo com
os juízes houve sim uma evolução no que concerne a sincronização visual. Em quatro dos cinco
pares de cenas 50% ou mais afirmaram que perceberam uma evolução, e se juntarmos esse valor
com os que não souberam afirmar se houve ou não uma evolução, todos os pares passam de 60%.
Isso nos aponta que a linha de chegada para uma dublagem que não gere nenhum estranhamento no
telespectador ainda está distante, porém estamos caminhando a passos largos até ela.
Meu trabalho busca investigar, como foco principal, as formas e medidas em que a prática da
atividade de legendagem espelha a da interpretação simultânea, para assim avaliar possibilidades de
diálogo e abordagens interdisciplinares entre as modalidades, considerando o que uma teria a
acrescentar ao processo de treinamento de profissionais da outra. Partindo de uma análise da
natureza e das especificidades das modalidades, apresento uma contextualização da trajetória da
legendagem e discuto a resistência histórica à sua aceitação como tradução propriamente dita. Em
seguida, destaco semelhanças entre a legendagem e a interpretação simultânea no que diz respeito a
seus propósitos práticos, dando foco especial à importância do poder de síntese às duas práticas e
tecendo uma comparação com conceitos ligados ao mundo da tradução literária e dos estudos da
49
tradução, tais como o da natureza do papel do tradutor e do dilema entre a domesticação ou
estrangeirização na tradução. Apresento, na sequência, considerações de minha experiência própria
como legendador e aluno de um curso de formação de intérpretes de conferência. Discuto, então,
uma série de semelhanças entre a legendagem e a interpretação simultânea, principalmente os
processos de reformulação e de síntese e a natureza de ambas como casos de tradução subordinada.
Com esses fundamentos, discuto alguns exemplos de usos da legendagem no ensino linguístico e na
formação de tradutores e intérpretes. Tais exemplos incluem o uso de tabelas de transcrição
multimodal e de programas de legendagem de caráter pedagógico. Concluo com considerações a
respeito das possibilidades apresentadas pela incorporação da legendagem no ensino de intérpretes,
na esperança de ver um diálogo interdisciplinar ainda mais amplo entre as modalidades no futuro.
Este é um trabalho descritivo sobre o mapeamento das audiodescrições (ADs) presentes nas
plataformas de streaming populares da atualidade que foi realizado durante uma disciplina do curso
de Licenciatura em Língua Inglesa da UECE, campus de Iguatu. Primeiramente, os alunos foram
separados em grupos para os quais foi designado um gênero de filme de plataformas de streaming
como: Netflix, Disney plus e Amazon prime. Nossa equipe ficou responsável pelo gênero ação para
títulos acessíveis e, de preferência, com AD em português. Dentre os resultados, na Netflix,
encontramos um total de 10 filmes do gênero ação com AD em português; na Amazon Prime, apenas
1 e, na Disney plus, um total de 21. Em seguida, analisamos o filme Mulan, dirigido por Niki Caro e
disponível na plataforma Disney plus. Destacamos algumas de suas características: a AD é inserida
nos momentos de silêncio do filme; ela descreve não só o gênero e características dos personagens,
tais como porte físico e cabelos, como também sentimentos e expressões que eles manifestam
durante o filme, além de outras informações importantes, como seus eventuais poderes especiais e
cenas de combate. Notamos também que a voz da locutora é madura e tem um tom agudo médio;
além disso, sua locução é monocórdia e não sugere emoções como felicidade ou tristeza. Ao fim,
concluímos que a AD de “Mulan”, narrada por Helena Fruet, é competente, pois cumpre os
parâmetros AD de filmes (Payá, 2010, Benvenuto, 2013) e transmite informações importantes para o
entendimento da obra; no entanto, julgamos ser necessário ainda traduzir elementos do gênero ação
na locução audiodescritiva.
Soraya Vidal de Faria Lima - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio)
51
ÍNDICE DE AUTORES E COAUTORES
25
Alexsandro Pizziolo alex.pizziolo@gmail.com
33
Aline Cantarotti (coautora) acantarotti@uem.br
33
Aline Yuri Kiminami (coautora) alinekiminami@gmail.com
25
Amanda Falconi da Rocha Damasceno amandafrdamasceno@gmail.com
26
Ana Carolina Barros Vasques acbvasques@gmail.com
26
Ana Carolina de Souza Medeiros Japur ac.japur@unesp.br
27
Ana Laura Dias al.dias@unesp.br
27
Ana Luiza Cecato ana.cecato@unesp.br
28
Ana María Camacho Ruano ana.camacho.ruano@hotmail.com
28
Anderson de Souza Andrade ander2790@yahoo.com.br
29
André Luís Leite de Menezes Berndt andreluisleite13@gmail.com
29
Andre Ricardo Cardoso Couceiro andrecouceiro@gmail.com
30
Andressa Cristina De Oliveira ancrisolive@gmail.com
30
Anelise Freitas Pereira Gondar anelisegondar@id.uff.br
36, 40, 43
Angélica Karim Garcia Simão (coautora) angelica.karim@unesp.br
30
Arelis Felipe Ortigoza Guidotti arelita@uel.br
(coautora)
30
Bárbara Lopes Garcia de Souza Campos barbara.lopesgarcia@uel.br
52
NOME CONTATO PÁG.
31, 48
Beatriz Romero (autora e coautora) beatriz.romero@unesp.br
31
Camila Nathália de Oliveira Braga camila.braga@academico.ufpb.br
32
Carla Thais Serafim Da Silva carla.thais@aluno.uece.br
32
Carlos César da Silva 1996.carlos@gmail.com
33
Carmen Heloisa Montes Carvalho ra109299@uem.br
33
Carolina Câmara carol@carolinacamara.com
34
Carolina Coelho dos Santos Monteiro carolescoelho@gmail.com
17
Carolina Palamartchuk Herrmann carolina.p.herrmann@unesp.br
34
Cecília Franco Morais cecilia.fm.04@gmail.com
32
Cícera Jainy Batista Lima (coautora) jainy.lima@aluno.uece.br
35
Claudia Cristina Ferreira claucrisfer@sercomtel.com.br
41
Daniel Padilha Pacheco da Costa dppcost@ufu.br
(coautor)
35
Daniela de Almeida Leone dal.dani@hotmail.com
36
Débora Garcia Restom deborarestom@gmail.com
36
Denise Bordin da Silva Antonio denise.bordin@unesp.br
37
Diego Mauricio Barbosa diego.barbosa@ufg.br
37
Diogo Campiolo Sanches (coautor) diogo.campiolo@uel.br
38
Diva Cardoso de Camargo (coautora) divaccamargo@gmail.com
53
NOME CONTATO PÁG.
37
Eduardo Bueno da Costa eduardo.bueno.costa@uel.br
38
Eduardo de Almeida Navarro eduardonavarro@usp.br
38
Emiliana Fernandes Bonalumi efbona@uol.com.br
32
Ester de Lucena Gonçalves (coautora) ester.lucena@aluno.uece.br
51
Eveline Soares de Araújo (coautora) eveline.araujo@aluno.uece.br
39
Fabrisia Marques de Azevedo lauromeller@ymail.com
39
Fernanda Boito de Melo Silva fer_boito@hotmail.com
40, 48
Fernanda Christmann (autora e coautora) fernanda.c@posgrad.ufsc.br /
fe.christmann.fc@gmail.com
31
Filipe Petrônio Mendonça Fernandes filipe10_jp@hotmail.com
(coautor)
40
Gabriela Farias de Figueiredo gf.figueiredo@unesp.br
44
Giédre Berretin-Felix (coautora) gfelix@usp.br
41
Gustavo Matheus Pires gustavo.matheus.pires@gmail.com
41
Hélio Parente hpn.helio@gmail.com
18
Humberto Luís Godoy Rossilho humberto.rossilho@unesp.br
34
Igor A. Lourenço da Silva (coautor) ialsigor@gmail.com
50
Igor Mateus Alves da Silva (coautor) igor.mateus@aluno.uece.br
42
Jeremias Lucas Tavares jlucastvrs@gmail.com
42
Jesús Montoya jesus.montoya@estudante.ufscar.br
54
NOME CONTATO PÁG.
42, 43
João Gabriel Carvalho Marcelino (autor joaogabrielcarvalho@hotmail.com
e coautor)
50
Jozivania Alves de Farias (coautora) jozivania.farias@aluno.uece.br
43
Júlia Vilar Diogo julia.diogo06@gmail.com
18
Júlia Zavatini Secco zavatini.secco@unesp.br
44
Larissa Lins de Freitas Oliveira larissa.lins.freitas@gmail.com
37
Laura Marques Sobrinho (coautora) laura.marques.espanhol@uel.br
41
Laura Zanetti (coautora) zanettilcs@gmail.com
39
Lauro Wanderley Meller (coautor) lauromeller@ymail.com
32
Lay José Viana Pontes dos Santos layjpontes44@gmail.com
(coautor)
44
Leila Maria Gumushian Felipini leila.felipini79@gmail.com
45
Letícia de Souza Sá leticiasouza.2@gmail.com
45
Leticia Pilger da Silva leticiaspilger@gmail.com
46
Letícia Silva Santos leticiasantos@alunos.utfpr.edu.br
46
Lígia de Medeiros Nogueira ligia.m.nogueirs@unesp.br
47
Liliam Cristina Marins liliamchris@hotmail.com
27
Lucinéa Marcelino Villela (coautora) lucinea.villela@unesp.br
51
Magda Rebeca Marques de Lima magda.lima@aluno.uece.br
(coautora)
55
NOME CONTATO PÁG.
47
Marcella Wiffler Stefanini marcella.wiffler@gmail.com
48
Maria Angélica Deângeli angelica.deangeli@unesp.br
26, 27
Melissa Alves Baffi Bonvino (coautora) melissa.baffi@unesp.br
48
Melque da Costa Lima fe.christmann.fc@gmail.com
44
Nayara Ribeiro da Silva (coautora) nayararibeiro@usp.br
49
Pamela Frazão de Carvalho pamela.frazao@letras.ufrj.br
49
Pedro Abrantes Coelho morpheus514@gmail.com
18
Rafaela Bertolazzo Pereira rafaela.bertolazzo@unesp.br
50
Sara Mabel Ancelmo Benvenuto sara.benvenuto@uece.br
48
Silvana Aguiar dos Santos (coautora) s.santos@ufsc.br
50
Soraya Vidal de Faria Lima sv.tradutora@gmail.com
18
Thomás de Paula Andrade thomas.andrade@unesp.br
51
Vitória Helen Felipe Bandeira vitoria.bandeira@aluno.uece.br
56
ÍNDICE POR ÁREA TEMÁTICA
ENSINO DA TRADUÇÃO
ESTUDOS E INTERPRETAÇÃO
HISTORIOGRAFIA DA TRADUÇÃO
57
TRADUÇÃO AUDIOVISUAL
58
Maria Angélica Deângeli Comunicação Oral 48
TRADUÇÃO E LITERATURA
59
60