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Pragas Urbanas – Animais Sinantrópicos

Define-se animais sinantrópicos aqueles que se adaptaram a viver junto ao homem, a


despeito da vontade deste. Difere dos animais domésticos, os quais o homem cria e cuida
com as finalidades de companhia (cães, gatos, pássaros, etc.), produção de alimentos ou
transporte (galinha, boi, cavalo, porcos, etc.). As pragas causam danos ao homem desde
os tempos mais remotos seja através das doenças transmitidas ou pelos danos causados na
estocagem , contaminando os produtos, as embalagens e o meio ambiente.

Todo ser vivo necessita de três fatores: água, alimento e abrigo para sua sobrevivência.
Água não é fator limitante no nosso meio, mas podemos interferir nos outros dois fatores -
alimento e abrigo - de modo que espécies indesejáveis não se instalem ao nosso redor. As
pragas são produtos do próprio homem.

Com a chegada do verão as pragas urbanas começam a se proliferar, pois é na alta


temperatura que elas aparecem. Por isso, segundo especialistas, a melhor forma é se
prevenir no inverno, época que os filhotes são gerados. Limpeza, armazenamento dos
alimentos são ítens importantes levados em consideração para a definição de uma
estratégia para o combate dos cupins, baratas, formigas, ratos, pombos, abelhas,
pernilongos, moscas e até escorpiões.

Para tanto, é necessário conhecer o que serve de alimento e abrigo para cada espécie que
se pretende controlar, e adotarmos as medidas preventivas de forma a interferir nesse
controle, mantendo os ambientes mais saudáveis, evitando o uso de produtos químicos (os
quais poderão estar eliminando não somente as espécies indesejáveis, como também
outras espécies benéficas, contaminando a água e o solo), que por si só não evitarão novas
infestações.

Assim, pretende-se oferecer alguns conhecimentos básicos sobre a vida desses animais, de
modo que o leitor compreenda a importância de se adotar medidas preventivas no seu lar,
no seu local de trabalho, ou mesmo transmitir a outras pessoas essas informações.

Destacamos dentre os animais sinantrópicos, aqueles que podem transmitir doenças ou


causar agravos à saúde do homem ou outros animais e que estão presentes na nossa
cidade, como:

Abelhas - Aracnídeos - Baratas - Cigarras - Cupins - Formigas - Gafanhotos e Grilos -


Lesmas - Morcegos - Moscas - Mosquitos - Piolhos - Pombos - Pulgas - Roedores -
Traças
Abelhas
http://www.youtube.com/watch?v=prd4pMrm8YU
http://www.youtube.com/watch?v=Z03VT31jUcg
http://www.youtube.com/watch?v=x98L-L-GozA

Existem cerca de 20.000 espécies de abelhas. As mais conhecidas


são as comumente denominadas de abelha europa ou
africanizada (mistura da abelha africana com a européia), porém
existem também as chamadas abelhas indígenas as quais não
tem ferrão (irapuá, jataí, mandaçaia, etc.) e normalmente
enroscam no cabelo quando importunadas, bem como as
mamangabas, abelhas grandes que em geral fazem seus ninhos
no solo. Neste manual nos deteremos a comentar alguns aspectos
da Apis mellifera (abelha europa ou africanizada).

As abelhas são consideradas insetos úteis porque:

- contribuem para a fecundação das flores propiciando aumento da produção de frutos e


grãos;

- produzem o mel e a geléia real, importantes fontes energética e nutritiva;

- produzem o própolis à partir de substâncias resinosas dos brotos e cascas de vegetais, o


qual atua como antibiótico natural.

Na sociedade das abelhas (Apis mellifera), distinguem-se 3 tipos de indivíduos: rainhas


(possuem ferrão utilizado somente para postura), zangões (sem ferrão) e operárias (que
possuem ferrão).

Alimentam-se do néctar e pólen que retiram das flores levando-os para a colméia e
armazenando-os em favos, sendo que todo trabalho da colméia (coleta de pólen, néctar e
própolis; limpeza; defesa; construção de favos e alimentação das larvas) é realizado pelas
operárias.

As abelhas somente atacam quando se sentem perturbadas ou agredidas, sendo este um


fato raro.

Em épocas de escassez de néctar, algumas vezes, invadem residências, confeitarias,


panificadoras e outros locais à procura de açúcar; mas são inofensivas, não aplicam
ferroadas à menos que alguém as apalpe, esmague ou tente afugentá-las com movimentos
bruscos. Nestes casos é comum avistarmos uma abelha e depois várias delas. Este fato
ocorre porque quando uma abelha descobre uma fonte de alimento, avisa as outras na
colméia. Nesta situação recomenda-se retirar o alimento do local ou impedir o acesso das
abelhas ao mesmo. A presença de algumas abelhas sobrevoando o local não representa um
fator de risco para as pessoas, e nem indica presença de colméia próxima deste local, já
que as abelhas podem percorrer uma distância média de 2 Km à procura de alimento.

Ciclo de vida

Uma colméia de Apis mellifera contém em média 50 a 60 mil indivíduos, sendo a maioria
composta por operárias, alguns zangões e apenas uma rainha. O tempo de vida varia: a
rainha vive em média de 2 a 5 anos, o zangão cerca de 80 dias e as operárias de 32 a 45
dias. Todos estes indivíduos sofrem metamorfose completa, isto é, passam pelas seguintes
fases:

Ovo -> Larva -> Pupa -> Adulto

A rainha é a única fêmea fértil, e, depois de fecundada por vários zangões, armazena os
espermatozóides por toda a vida, podendo botar até 2 mil ovos por dia na época das
floradas. Dos ovos podem nascer operárias (fêmeas estéreis) e novas rainhas, o que vai
depender do tipo de alimentação que a larva recebe. Já os zangões (machos da colméia),
nascem de óvulos não fecundados.
Uma parte das abelhas de uma colméia, em determinadas condições (colméia muito
populosa por exemplo), pode abandonar sua morada à procura de novo abrigo e
constituem o que se denomina de enxame viajante.

O enxame é a família migrante composta, via de regra, por uma rainha-mãe acompanhada
de uma boa parte das abelhas operárias e zangões.

Os enxames em geral são mansos, porque estão com as atenções voltadas para a
sobrevivência da família e a guarda da sua rainha. A agressividade é esporádica e ocorre
em situações em que as abelhas se sentem agredidas ou em situação de risco.

As abelhas quando estão enxameando levam uma reserva de mel nos papos e não
conseguem dobrar o abdômen para aplicar o veneno.

De vez em quando elas pousam para descansar, é quando se amontoam em um canto


formando um "cacho" em torno de sua rainha e se abrigam em locais como cobertura de
garagem, árvores e outros locais. Algumas operárias ficam voando à procura de abrigo
definitivo, que lhes ofereça proteção total, como forros de telhado, porões, cascas, muros
ocos, móveis vazios e abandonados entre outros. Quando encontra, todas imigram para
este local e começam a construção dos favos.

Importância para a saúde

A abelha é considerada um animal peçonhento por possuir um ferrão na região posterior do


corpo que serve para inocular veneno. Sua picada pode causar reações alérgicas, cuja
gravidade depende da sensibilidade do indivíduo, local e número de picadas, sendo
aconselhável procurar atendimendimento médico.

Curiosidades

- A comunicação entre os membros de uma colméia é altamente desenvolvida, existe a


"dança do requebrado" executada quando uma abelha retorna de uma coleta bem
sucedida, comunica as outras operárias a natureza, direção e distância da fonte de
alimento, oscila seu abdome e entre pulsações audíveis, movimentos circulares, mostram a
direção, a freqüência do requebrado da cauda indica a distância, quanto mais próximo da
colméia está o alimento, maior a freqüência de pulsações. Utilizam a posição do sol, se o
requebrado da cauda é dirigido para cima, o alimento está localizado em direção do sol,
com a inclinação indicam o ângulo do sol. Um relógio interno compensa a passagem do
tempo entre a descoberta do alimento e o início da dança de forma que a informação
permaneça correta, mesmo com a movimentação do sol neste intervalo.

Em dias nublados a polarização dos raios luminosos e a luz ultravioleta agem como
referência indireta na ausência do sol.

 
Fontes: Prefeitura de São Paulo (www2.prefeitura.sp.gov.br) e Astral Saúde Ambiental (www.astral.ind.br)
Abelha
Abelha

Classificação científica

Reino: Animalia

Filo: Arthropoda

Classe: Insecta

Ordem: Hymenoptera

Superfamília: Apoidea

Espécie: Apis
MelíferaAndrenidae
Anthophoridae
Apidae
Colletidae
Ctenoplectridae
Halictidae
Heterogynaidae
Megachilidae
Melittidae
Meliponinae
Oxaeidae
Sphecidae
Stenotritidae

Abelha é a denominação comum de vários insetos pertencentes à ordem Hymenoptera,


da superfamília Apoidea, aparentados das vespas e formigas. O representante mais
conhecido é a Apis mellifera, oriunda do Velho Mundo, criada em larga escala para a
produção de mel.

As espécies de abelhas nativas das Américas (Novo Mundo) não possuem ferrão. A
maioria destas pertence à tribo Meliponini.
Biologia da Apis mellifera

Abelha rainha e operárias

Os indivíduos adultos se alimentam geralmente de néctar e são importantes agentes de


polinização. As abelhas polinilizam flores de cores monótonas, escuras e pardacentas
(todos os tipos de flores).

Uma abelha visita dez flores por minuto em busca de pólen e do néctar. Ela faz, em
média, quarenta vôos diários, tocando em 40 mil flores. Com a língua, as abelhas
recolhem o néctar do fundo de cada flor e guardam-no numa bolsa localizada na
garganta. Depois voltam à colmeia e o néctar vai passando de abelha em abelha. Desse
modo a água que ele contém se evapora, ele engrossa e se transforma em mel.

A abelha tem cinco olhos. São três pequenos no topo da cabeça e dois olhos compostos,
maiores, na frente.

Uma abelha produz cinco gramas de mel por ano, para produzir um quilo de mel, as
abelhas precisam visitar 5 milhões de flores.

Uma colmeia abriga até 80 mil abelhas. Tem uma rainha, alguns zangões e milhares de
operárias. Se nascem duas rainhas ao mesmo tempo, elas lutam até que uma morra. A
abelha-rainha vive até 4 anos, enquanto as operárias não duram mais de um mês e meio.

Apenas as abelhas fêmeas trabalham. Os machos podem entrar em qualquer colmeia ao


contrário das fêmeas. A única missão dos machos é fecundar a rainha. A rainha voa o
mais que pode e é fecundada pelo macho que conseguir ir ter com ela. Depois de
cumprirem essa missão, eles não são mais aceitos na colmeia. No fim do verão, ou
quando existe pouco mel na colmeia, as operárias fecham a porta da colmeia e deixam
os machos morrerem ao frio e à fome.

Anatomia
Esquema anatómico de uma abelha.

Patas

A abelha como todo o inseto é hexápode, tem três pares de patas. Utiliza o primeiro para
limpar as antenas, protegendo-as da poeira. O segundo serve de apoio para o seu corpo e
o terceiro par é chamado de patas coletoras, serve para transportar pólen. Nas patas
coletoras fica (na tíbia) o recipiente para o pólen: corbícula, espécie de cesta. Ainda no
terceiro par fica o esporão, com o qual a abelha recolhe o pólen e, cruzando as patinhas,
deposita-o com a esquerda na corbícula direita e com a direita na corbícula esquerda.

Língua

A língua, ou lígula move-se num canal formado pelas maxilas e os palpos labiais,
terminando num tufo de pêlos que, como uma esponja, absorve o nectar da flor.

Mandíbula e maxilar

São órgãos responsáveis por amassar as escamas de cera que a abelha expele do
abdômen, utilizadas depois para construir os favos. Têm também a função de abrir as
anteras das flores – para extrair o pólen; varrer a colméia; e mutilar os inimigos.
Antenas

Órgãos do olfato e do tato são extremamente sensíveis. As abelhas, farejando com as


antenas na escuridão, são capazes de construir favos perfeitamente geométricos.

Ferrão

O ferrão serve para injetar o veneno no corpo do inimigo. Na fuga a abelha operária,
quase sempre, deixa o ferrão na vítima, morrendo um ou dois dias depois por isso.

       

n° Legenda n° Lege

1 Língua 23 Intestino delgado

2 Orifício do tubo excretor da glândula da mandíbula posterior 24 Tubos de Malpighi

3 Mandíbula inferior 25 Glândulas rectais

4 Mandíbula superior 26 Bolsa de excremento

5 Lábio superior 27 Ânus

6 Lábio inferior 28 Canal do ferrão

7 Glândula da mandíbula frontal (glândula mandibular) 29 Bolsa de veneno

8 Glândula da mandíbula posterior 30 Glândulas de veneno

9 Abertura da boca 31 Arcos do canal do fe

10 Glândula da faringe 32 Pequena glândula

11 Cérebro 33 Vesícula seminal

12 Ocelos 34 Glândulas ceríferas

13 Glândulas salivales 35 Gânglios abdominais

14 Músculos torácicos 36 Tubo da válvula

15 Postfragma 37 Intestino intermédio

16 Ala frontal 38 Copa (entrada do es

17 Ala posterior 39 Bolsa do mel (bucho


18 Coração 40 Aorta

19 Estigmas 41 Tubo digestivo

20 Saco aéreo 42 Cordão neuronal

21 Intestino médio (intestino quiloso, estômago) 43 Palpe labia

22 Válvulas cardíacas 44 Metatarso

Abdômen e tórax

São os órgãos que contém os aparelhos: digestivo (tubo faringiano, o esôfago e o


estômago ou papo); o circulatório e o respiratório (o sangue é incolor e circula com as
contrações do coração, pela aorta e pelo vaso dorsal. Há ainda os estigmas – orifícios
por onde respiram os insetos.); o aparelho de reprodução masculino (os órgãos sexuais
masculinos terminam na face dorsal do penúltimo anel da crosta) e o feminino (um par
de ovários, um oviduto e um receptáculo seminal).

Órgãos da visão

Os olhos compostos são dois grandes olhos localizados na parte lateral da cabeça. São
formados por estruturas menores denominadas omatídeos, cujo número varia de acordo
com a casta, sendo bem mais numerosos nos zangões do que em operárias e rainhas
(Dade, 1994). Possuem função de percepção de luz, cores e movimentos. As abelhas
não conseguem perceber a cor vermelha, mas podem perceber ultravioleta, azul-violeta,
azul, verde, amarelo e laranja (Nogueira Couto & Couto, 2002). Os olhos compostos –
um de cada lado da cabeça de superfície hexagonal, permite uma visão panorâmica dos
objetos afastados, aumentando-os 60 vezes.

Os olhos simples ou ocelos são estruturas menores, em número de três, localizadas na


região frontal da cabeça formando um triângulo. Não formam imagens. Têm como
função detectar a intensidade luminosa.

Asas

As asas são formadas por duas membranas superpostas, reforçadas por nervuras
ramificadas. Os pares de trás são menores e munidos de ganchinhos, com os quais a
abelha, durante o vôo, prende as duas asas formando uma só.

Sistema de defesa
Homem vítima de ferroada no lábio superior.

A abelha operária (ou obreira), preocupada com sua própria sobrevivência e


encarregada da proteção da colmeia como um todo, tem um ferrão na parte traseira para
ataque em situações de suposto perigo. Esse ferrão tem pequenas farpas, o que impede
que seja retirado com facilidade da pele humana.

Quando uma abelha se sente ameaçada, ela utiliza o ferrão no animal que estiver por
perto. Depois de dar a ferroada, ela tenta escapar e, por causa das farpas, a parte
posterior do abdômen onde se localiza o ferrão fica presa na pele do animal e a abelha
perde uma parte do intestino, morrendo logo em seguida. Já ao picar insetos, a abelha
muitas vezes consegue retirar as farpas da vítima e ainda sobreviver.

A ferroada da abelha no ser-humano é muito dolorosa, e a sensação instantânea é


semelhante a de levar um choque de alta voltagem. Seu ferrão é unido a um sistema
venenoso que faz com que a pele da vítima inche levemente na região (cerca de 2 cm ao
redor), podendo ficar avermelhada, dolorida e coçando por até dois dias.

Apesar disso, o veneno (baseado em Apitoxina) não causa maiores danos. Esse veneno
é produzido por uma glândula de secreção ácida e outra de secreção alcalina embutidas
dentro do abdômen da abelha operária. O veneno, em concentração visível, é semi-
transparente, de sabor amargo e com um forte odor. Pode ser usado eventualmente com
valor terapêutico e tem alguns efeitos positivos na região em que foi injetado. O veneno
pode ser também um perigo grave ou mortal em grande quantidade para quem é alérgico
à sua composição.

A vida das abelhas


As abelhas são insetos sociais que vivem em colônias. Elas são conhecidas há mais de
40.000 anos e as que mais se prestam para a polinização, ajudando enormemente a
agricultura, produção de mel, geléia real, cera, própolis e pólen, são as abelhas
pertencentes ao gênero Apis.

Inseto laborioso, disciplinado, a abelha convive num sistema de extraordinária


organização: em cada colméia existem cerca de 80.000 abelhas e cada colônia é
constituída por uma única rainha, centenas de zangões e milhares de operárias.
Abelha-rainha
A rainha é personagem central e mais importante da sociedades. Seu tamanho é quase
duas vezes maior do que o das operárias, e sua única função do ponto de vista biológico,
é a postura de ovos. Única fêmea com capacidade de reprodução, a rainha nasce de um
ovo fecundado, e é criada numa célula especial – diferente dos alvéolos hexagonais que
formam os favos – uma cápsula denominada realeira, na qual é alimentada pelas
operárias com a geléia real, produto riquíssimo em proteínas, vitaminas e hormônios
sexuais. A geléia real é o único e exclusivo alimento da abelha rainha, durante toda sua
vida. E a partir do nono dia, ela já está preparada para realizar o seu vôo nupcial,
quando, então, será fecundada pelos zangões. Caso apareça outra rainha na colméia
ambas lutarão até que uma delas morra.

Imagens

Abelha Abelhão Zangão

Veja também

Quadro clínico
A reação alérgica ao ataque de abelha depende se a vítima é propensa ou não ao veneno.
Se ela for sensibilizada aos antígenos de abelha ocorrerá um quadro alérgico típico que
poderá ser leve até chegar ao choque anafilático, mesmo com um número pequeno de
picadas. Cada ferroada introduz 300 microgramas de veneno, mais do que o suficiente
para desencadear a reação alérgica. Outra forma de apresentação são os ataques de
enxame. A equipe do Hospital Vital Brasil do Instituto Butantan avaliou cinco pacientes que
estavam em unidade de terapia intensiva. A quantidade de ferroadas variou entre duzentas
e mil! Acredita-se que 150 ferroadas são letais a uma criança e, acima de mil para um
adulto, porém há relato de óbito com menos de 50 ferroadas. Nesses casos, mesmo que a
pessoa não seja alérgica, a morte ocorre por envenenamento.
O veneno da abelha é constituído por várias substâncias, três quartos delas são a
fosfolipase A2 e a melitina. A fosfolipase A2 é o componente alergênico principal e atua
também no processo inflamatório, provocando espasmos musculares, insuficiência
respiratória e hipotensão. A melitina induz instabilidade da membrana dos glóbulos
vermelhos produzindo um quadro grave de hemólise que lesa os rins. As abelhas
africanizadas têm menos melitina e mais fosfolipase. Mas, há variação entre os
componentes dos venenos dentro de cada uma das subespécies de acordo com colônia
estudada.
Reação local: dor intensa, inchaço e edema na região da picada que dura poucas horas.
Se ocorre em lábio ou pálpebra há aumento de volume desproporcional por serem regiões
mais sensíveis. Quando você estiver em ambientes abertos tomando refrigerante em
copos ou latas, verifique sempre se não caiu uma abelha dentro da bebida. É uma causa
freqüente de acidentes com abelha.

Reação alérgica generalizada: ocorre em pessoas que já sofreram picadas anteriores e,


estão sensibilizadas ao alérgeno da abelha. Basta uma ferroada para desenvolver um
quadro clínico dramático. Acredita-se que há reação alérgica entre 0,3% a 3% das
ferroadas.

Esse é o grande problema das picadas de abelhas e outros insetos: não há sinal de alerta.
Metade dos casos ocorrem em pessoas com história de alergia, mas a outra metade em
pessoas sem nenhuma história de hipersensibilidade. Em crianças há reações sistêmicas
menos graves, com urticárias que podem ser facilmente controladas no atendimento
médico.

Reação tóxica: costuma ser grave e decorrente de centenas de ferroadas. Os primeiros


sintomas são náuseas, vômitos, febre e convulsão. Não há quase prurido por que a
sensação geral é mais intensa. Há destruição de parte da musculatura esquelética e de
glóbulos vermelhos levando à insuficiência renal. O tratamento deve ser feito em unidade
de tratamento intensivo.

Reação tardia: em raros casos há sintomas que aparecem uma semana depois em
decorrência de reação imunológica – a doença do soro – com aparecimento de mal-estar,
febre, aumento de gânglios seguido ou não de urticária

Tratamento e prevenção
Como tratar

Após a picada, se única, tente retirar o ferrão, passando uma lâmina de barbear rente a
pele em que aconteceu a picada. Desse modo, o ferrão é retirado sem que se introduza o
veneno no corpo da vítima. Não use pinça porque desse modo poderá ocorrer liberação do
veneno na pele.
Utilizar compressa fria com gelo reduz o efeito local.
Verifique se há algum tipo de manifestação geral como urticária e prurido. Nesse caso
procure de imediato assistência médica.
Como prevenir

Em alguns períodos do ano, por redução de néctar das flores, abelhas costumam invadir
padarias, lojas e residências a procura de um substituto para o néctar. Não há
necessidade de alarme, simplesmente cubra os alimentos e, nunca use inseticida. Se o
problema persistir, verifique se há colméia instalada em local próximo.

Se identificar uma colméia, não toque nelas, nem jogue álcool, querosene, inseticida
porque o efeito será o inverso, as abelhas sairão e a probabilidade de acidente aumenta.
Chame o centro de zoonoses do município que são os únicos habilitados a remover
colméias.

De imediato, retire do local crianças, animais e pessoas com histórico de reações


alérgicas. Após a retirada da colméia, revise o local para impedir nova instalação da
colméia.
Informações para médicos
O local com maior experiência e com serviço de atendimento telefônico 24 horas é o
Hospital Vital Brasil do Instituto Butantan em São Paulo. Como a experiência no
tratamento é restrita, médicos que se deparam com esse tipo de caso no atendimento de
emergência podem utilizar esse recurso.

Hospital Vital Brasil – Assistência médica gratuita e orientação telefônica 24 horas


Instituto Butantan
Av. Vital Brasil 1500, CEP 05503-900, São Paulo - SP
0XX-11-3726-7962
0XX-11-3726-7222
Email: hospital@butantan.gov.br
Figura 1- Distribuição por unidade da federação de casos atendidos por picadas de
abelhas no território nacional em 2006.
fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan do Ministério da Saúde,
2007.

Figura 2- Distribuição por mês de casos de picadas abelhas ocorridas no território


nacional em 2006.
fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan do Ministério da Saúde,
2007.

Figura 3- Distribuição dos casos de picada de abelha por sexo e faixa etária  no  território
nacional em 2006.
fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan do Ministério da Saúde,
2007.

Figura 4- Tempo entre a picada de abelha e atendimento no território nacional em 2006.


fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan do Ministério da Saúde,
2007.
Anatomia da abelha
Os cientistas suspeitam de que as abelhas e as plantas com flores tenham se
desenvolvido há cerca de 100 milhões de anos, no meio do período Cretáceo. Antes desse
período, muitas plantas se reproduziam do mesmo jeito que as atuais coníferas fazem.
Elas liberavam sementes e pólen usando cones. O vento carregava os cones e, com o
tempo, o pólen entrava em contato com as sementes e as fertilizava. Durante o período
Cretáceo, algumas plantas começaram a se reproduzir usando flores. Ao contrário das
coníferas, essas plantas, chamadas angiospermas, precisavam da ajuda de insetos e de
outros animais para se reproduzirem. Os insetos tinham de, fisicamente, passar os grãos
de pólen das anteras das plantas, ou estruturas masculinas, para os estigmas, ou
estruturas femininas.
Quase na mesma época, as abelhas se diferenciaram de suas ancestrais parecidas com
vespas. As vespas pré-históricas eram carnívoras que depositavam seus ovos nos corpos
de suas presas. As abelhas se tornaram herbívoras, comendo pólen e néctar das plantas
recém-desenvolvidas e polinizando as flores enquanto faziam isso. Evidências fósseis
apóiam essa teoria: o fóssil mais velho de abelha de que se tem conhecimento tem 100
milhões de anos de idade, e a abelha preservada possui várias características parecidas
com as das vespas. Isso não significa necessariamente que as abelhas evoluíram delas. É
mais provável que as abelhas e as vespas tenham evoluído de um ancestral comum
parecido com uma vespa.
Hoje em dia, as abelhas ainda têm várias características físicas em comum com suas
primas vespas. Elas também têm algumas características das formigas. Juntas, abelhas,
vespas e formigas formam a ordem de insetos Hymenoptera, que significa "asas
membranosas".
Imagem cedida por MorgueFile
As plantas com flores precisam da ajuda de polinizadores,
como as abelhas, para se reproduzirem

O corpo de uma abelha tem muito em comum com os de outros insetos. A maior parte dele
é coberto por um exoesqueleto formado por pequenas placas removíveis de quitina. O
corpo de uma abelha também é coberto por muitos pêlos macios e ramificados, que
coletam o pólen e ajudam a regular sua temperatura. O corpo também possui três partes:
a cabeça, o tórax e o abdômen.
 
A cabeça acomoda o cérebro, um conjunto com cerca de
950 mil neurônios. Eles são especiais e se comunicam
com neurônios vizinhos específicos. Essa divisão de
tarefas faz parte da razão pela qual o cérebro da abelha,
que tem uma fração do tamanho de sua cabeça,
consegue realizar tarefas complexas que geralmente
poderiam exigir um cérebro maior. Um sistema de nervos
permite que o cérebro se comunique com o resto do
corpo.
Em sua cabeça, uma abelha possui duas antenas
sensoriais. Ela também tem cinco olhos: três simples ou
ocelos e dois compostos. Os olhos compostos são
formados por pequenas estruturas chamadas omatídeos.
Em cada olho composto, cerca de 150 omatídeos são
especializados em padrões visuais. Isso permite que as abelhas detectem a luz
polarizada, coisa que os seres humanos não conseguem fazer.
Como a maioria dos insetos, as abelhas possuem aparelhos bucais complexos que são
usados para comer e beber. O tamanho e o formato dessas partes podem variar de uma
espécie para a outra, mas em geral a maioria tem:
 2 mandíbulas ou maxilares;
 1 glossa, ou língua;
 1 labro e duas maxilas.
O labro e as maxilas são como lábios. Elas apóiam um probóscide ou tubo para coletar o
néctar.

Os dois pares de asas e os três pares de pernas de uma abelha são conectados ao tórax.
As asas são partes extremamente finas do esqueleto das abelhas. Em muitas espécies, as
asas da frente são maiores do que as traseiras. Duas fileiras de ganchos chamados
hamuli conectam as asas da frente e as de trás para que elas se movam juntas quando a
abelha estiver voando.
Na próxima seção, vamos dar uma olhada nas pernas das abelhas e em uma parte que
ninguém esquece: o ferrão.

As pernas e os ferrões das abelhas


As pernas das abelhas têm as mesmas partes básicas das de outros insetos. Começando
com a parte mais próxima do corpo da abelha, elas são coxa, trocânter, fêmur, tíbia e
tarso. Essas partes funcionam basicamente como o quadril, a coxa, a canela e o pé das
abelhas, e pequenas juntas separam cada segmento. As pernas das abelhas também
podem ter várias estruturas especiais, como:
 pêlos parecidos com escovas, pentes e cestas para coletar o pólen;
 uma pata e uma garra para segurar e manipular objetos;
 um pequeno esporão para remover o pólen da antena;
 uma corbícula para armazenar o pólen.
O abdômen não tem quase nenhuma apêndice, mas armazena praticamente todos os
órgãos internos da abelha. Passagens chamadas espiráculos permitem que a abelha
respire e uma rede de tubos e traquéias leva o oxigênio para dentro do corpo da abelha.
Uma aorta no tórax bombeia o sangue, ou a hemolinfa, diretamente para os órgãos em
vez de passar por um grupo de vasos sangüíneos. O oxigênio passa pela hemolinfa sem o
uso de glóbulos vermelhos; então, o fluido é transparente em vez de ser vermelho. O
abdômen também armazena um sistema digestivo que parece com um tubo e inclui um
papo, ou um estômago de mel, onde a abelha guarda o néctar.

Foto cedida por MorgueFile


As cestas nas pernas traseiras da
abelha, feitas de pêlos, estão cheias de
pólen

O abdômen de uma abelha tem um apêndice notável, o


ferrão, que é um ovipositor, ou um depositador de ovo
modificado. O ferrão possui uma bolsa de veneno com
lancetas afiadas, que injetam o veneno (em inglês) que
a abelha produz usando sua glândula de veneno. Muitos
cientistas acreditam que as abelhas herdaram o veneno
de suas ancestrais parecidas com vespas, que usavam
seus ovipositores para depositar ovos nos corpos de
outros insetos. Por fim, as substâncias que revestiam o
ovipositor se tornaram venenosas, o que facilitou o
domínio das presas pelas vespas pré-históricas.
As abelhas não depositam ovos na carne, mas
mantiveram a habilidade de picar para se defender.
Algumas abelhas, no entanto, não possuem ferrões. Os
ovipositores são os órgãos reprodutivos das fêmeas;
assim, os zangões geralmente não podem picar. Também existem várias espécies de
abelhas sem ferrão.
 Várias espécies de abelhas domésticas têm ferrões farpados, que grudam nos corpos de
mamíferos e puxam parte de seu abdômen quando voa para longe. Como resultado, a
abelha morre. As abelhas com ferrões farpados muitas vezes podem picar outros insetos
sem se machucar. As abelhas rainhas domésticas e as abelhas de muitas outras espécies,
inclusive as grandes e muitas das solitárias, têm ferrões lisos e podem picar mamíferos
várias vezes.
Além do veneno, as abelhas produzem uma série de substâncias úteis em suas glândulas
localizadas por todo o corpo. Os tipos de glândulas variam consideravelmente,
dependendo da espécie da abelha e da maneira como ela vive. Vamos dar uma olhada, na
próxima seção, nos diferentes tipos de abelhas e no modo como elas usam as substâncias
que seus corpos produzem.

O veneno da abelha
O veneno da abelha contém várias substâncias que destroem as
células. Isso inclui peptídeos e enzimas que invadem e destroem
a camada de gordura que reveste cada célula. O veneno também
destrói os mastócitos da pele, que fazem parte do sistema
imunológico do corpo. Isso libera histamina, que estimula a
dilatação dos vasos sangüíneos e permite que as células
imunológicos cheguem ao local da picada mais rapidamente e
neutralizem o veneno.
Em pessoas com alergia à picada de abelha, no entanto, esse
processo libera muita histamina. A resposta de dilatação dos
vasos sangüíneos é extrema, e eles não conseguem mais realizar
suas funções de regular a pressão sangüínea. Como resultado, a
pressão sangüínea baixa rapidamente e as células param de
receber oxigênio. Esse tipo de choque anafilático (em
inglês) também causa inchaço e espasmos e pode levar à morte.
O tratamento típico é uma injeção de epinefrina, que contrai os
vasos sangüíneos, ajudando a restabelecer a pressão sangüínea
e a distribuição de oxigênio.

Tipos de abelhas
Em termos científicos, as abelhas pertencem à superfamília de insetos Apoidea. Essa
superfamília inclui várias famílias, subfamílias, tribos e aproximadamente 20 mil espécies
de abelhas. Em cada família as abelhas possuem características em comum, como os
métodos de construção dos ninhos. Espécies diferentes geralmente têm características
físicas distintas, como o formato da asa ou o tamanho da língua.
Muitas pessoas estão mais familiarizadas com as abelhas farejadoras e com as abelhas
grandes. As duas são abelhas sociais, ou seja, elas vivem em grupos grandes. As
abelhas sociais usam secreções de cera que saem de seus corpos para construir ninhos e
locais grandes para armazenar comida e criar as abelhas jovens. Um terceiro tipo de
abelha social é a sem ferrão. As abelhas sem ferrão são nativas de áreas tropicais, onde
algumas sociedades as usam para a produção de mel. Até recentemente, a criação de
abelhas sem ferrão era comum nas regiões dos maias da América do Sul (em inglês), mas
a prática quase desapareceu nos últimos 20 anos.
Foto cedida por MadMaven/T.S.Heisele/ Stock.xchng
Uma colônia de abelhas na floresta

Embora as abelhas grandes e as domésticas sejam sociais, suas sociedades se


diferenciam consideravelmente. As colônias de abelhas domésticas, ou colméias, são
permanentes. A rainha e suas filhas usam cera das glândulas cerígenas em seus
abdômens para construir um ninho que dura por gerações. Se a colméia ficar superlotada,
as operárias, que são todas fêmeas, irão criar uma nova rainha, alimentando-a durante
todo seu desenvolvimento com geléia real, produzida por uma glândula em suas cabeças.
A antiga rainha irá deixar a colméia com cerca de metade das operárias para construir um
novo ninho, e a nova rainha ficará para trás. As abelhas sabem que precisam criar uma
nova rainha quando param de receber a quantidade suficiente de feromônio da rainha,
que é produzido em suas glândulas mandibulares.

Foto cedida por MorgueFile


Quando as abelhas domésticas deixam a colméia para
construir um novo ninho, elas formam um enxame
As abelhas grandes, por outro lado, possuem ninhos anuais. A cada ano, a rainha se
acasala no outono e passa o inverno abrigada. Na primavera, ela sai e constrói um ninho
no qual deposita os ovos. Quando suas filhas saem dos ovos, elas se tornam operárias e
ajudam a rainha a aumentar o ninho. No fim do verão, a rainha deposita os ovos, que se
transformam em novas rainhas e em zangões. Os zangões se reúnem na área de
acasalamento para se acasalar com as rainhas de várias colônias, e assim o ciclo
continua.
Muitas pessoas estão mais familiarizadas com as abelhas sociais porque elas podem ser
mais visíveis do que as solitárias. Muitas espécies sociais produzem substâncias usadas
pelas pessoas, como o mel e a cera alveolada, e as pessoas podem ver grandes enxames
se alimentando em pomares e jardins. A maioria das abelhas, porém, não são sociais.
Menos de 15% das abelhas vivem em colônias. As outras são solitárias. Elas podem
apresentar algumas tendências sociais, mas não constroem grandes colméias ou
armazenam bastante mel extra. Em vez disso, elas constroem ninhos pequenos que têm o
tamanho suficiente para armazenar alguns ou apenas um ovo. Algumas vezes, várias
abelhas solitárias constroem seus ninhos próximos uns dos outros; com exceção do
acasalamento e da ocasional defesa em grupo da área do ninho, porém, essas abelhas
não costumam interagir umas com as outras.

Foto cedida por Museu de História Natural da Eslovênia


Algumas espécies de abelhas usam conchas de caracóis
para construir seus ninhos

Muitas abelhas solitárias são conhecidas pela maneira como constroem seus ninhos. Elas
podem usar cerume, um tipo de cera secretada por seus corpos, ou própolis, uma cola
que as abelhas produzem com a resina de árvores. Muitas abelhas adicionam outros
materiais a essas substâncias, por exemplo:
 carpinteiras fazem buracos em madeira sem pintura e sem acabamento.
Algumas pessoas confundem as carpinteiras com as abelhas grandes;
 rebocadoras fazem buracos e túneis com uma secreção glandular parecida
com cimento;
 cortadoras-de-folhas usam seus aparelhos bucais para cortar pedaços de
folhas, usados para revestir seus ninhos;
 construtoras, que estão na mesma família das cortadoras-de-folhas, usam a
saliva e as secreções das glândulas mandibulares para colar areia e
pedregulhos;
 cardeadoras reúnem partes de plantas com pêlos ou lãs para revestir seus
ninhos.
Outras abelhas se aproveitam de materiais existentes quando constroem seus ninhos.
Algumas usam cupinzeiros ou ninhos de vespas. Outras espécies depositam seus ovos
em conchas vazias de caracóis, dividindo-as em duas câmaras usando secreções
glandulares ou depositando um ovo em cada concha. As conhecidas como parasitas,
depositam seus ovos nos ninhos de outras abelhas. Elas não têm estruturas para coletar
pólen, e dependem do pólen de outras abelhas para alimentar suas crias.

Foto cedida por Ralph Holzenthal/2003 Membros do conselho da Universidade de


Minnesota
A abelha das orquídeas, Apinae euglossini, tem um
probóscide extremamente longo usado para alcançar o
néctar dentro das flores das orquídeas.

Outras abelhas solitárias são conhecidas pelo tipo de flores que freqüentam ou por outras
características diferenciadas. Pequenas abelhas do suor, por exemplo, são atraídas pelo
suor humano. As abelhas das orquídeas são bem coloridas e costumam ter uma
aparência metálica. Os cientistas acreditam que as orquídeas e as abelhas das orquídeas
se desenvolveram juntas de um modo tal que agora uma se tornou dependente da outra.
Essas abelhas possuem um probóscide bem longo, e as orquídeas armazenam seu néctar
no fundo de suas flores. A espécie das abelhas das orquídeas é uma das poucas em que
os machos realizam atividades produtivas que não a de acasalamento. Em algumas
espécies, os zangões das abelhas das orquídeas coletam óleos aromáticos de flores
usando partes de suas pernas que se parecem com uma pá. Como as fêmeas não
coletam esses óleos, os cientistas acreditam que os zangões podem usá-los para atrair
uma parceira.
Embora as abelhas sociais e as solitárias apresentem diferenças consideráveis na maneira
como vivem e constroem seus ninhos, elas têm muito em comum quando se trata de
reprodução. Vamos ver o ciclo de vida da abelha na próxima seção.

Abelhas africanizadas
Em 1957, as pessoas importaram abelhas africanas para o Brasil
(em inglês) e, inadvertidamente, as soltaram na floresta. Elas se
acasalaram com as abelhas européias, criando as abelhas
africanizadas. Essas abelhas são praticamente idênticas às
européias, mas tendem a ser bem mais agressivas quando estão
defendendo seus ninhos. Por essa razão, a mídia as trata como
"abelhas assassinas". As abelhas africanizadas se espalharam do
Brasil para outras partes da América do Sul e Central e para a
parte sul dos Estados Unidos, inclusive para Flórida, Califórnia e
Arizona. Essas abelhas são mais perigosas quando pessoas ou
animais ficam muito próximos de seus ninhos, mas elas produzem
mel e polinizam plantas como qualquer outra abelha doméstica.
Você pode aprender mais sobre as abelhas africanizadas e como
evitá-las no site da Universidade Texas A&M (em inglês).

O favo de mel e a reprodução das abelhas


Independentemente de viverem sozinhas ou em grupos, a maioria das abelhas tem uma
conduta parecida para se acasalar. Em quase todas as espécies, o único trabalho de um
zangão é acasalar com a fêmea. A maioria dos zangões nem ao menos tem as estruturas
necessárias para produzir cera ou carregar pólen; assim, os machos nas espécies sociais
não ajudam no trabalho diário que acontece na colméia. Na verdade, as abelhas
farejadoras fêmeas geralmente expulsam os zangões sobreviventes do ninho antes do
inverno ou quando a comida fica escassa.
Geralmente, uma abelha fêmea se acasala com vários zangões enquanto está suspensa
no ar, reunindo todo o esperma de que irá precisar durante sua vida, que dura alguns
meses para uma abelha solitária ou até cinco anos para uma abelha doméstica. O
acasalamento costuma acontecer em uma área coletiva, embora os cientistas ainda não
tenham descoberto como os zangões escolhem o lugar. Em algumas espécies, inclusive
das abelhas domésticas, os zangões morrem um pouco depois de acasalarem porque
deixam seus endófalos no corpo da fêmea, se ferindo fatalmente durante o processo. Em
outras espécies, os zangões podem se acasalar com várias fêmeas. Elas usam o esperma
de vários zangões para fertilizarem seus ovos, isso oferece aos zangões uma chance mais
alta de serem pais de abelhas jovens.
Depois que a fêmea se acasala, ela se isola em um abrigo durante o inverno ou volta para
seu ninho para depositar os ovos, dependendo de sua espécie. Quando deposita os ovos,
eles passam pelas mesmas fases dos ovos das lagartas e das borboletas. Primeiro, as
abelhas saem dos ovos e se transformam em larvas. As larvas se alimentam antes de
trocarem de casulo e se transformarem em pupas. Então, elas saem dos casulos como
adultas.
Mesmo que os passos sejam os mesmos, o ambiente em que a abelha em
desenvolvimento cresce pode variar consideravelmente. No caso das abelhas solitárias, a
fêmea constrói um ninho, coloca comida dentro dele e deposita um ovo. A comida pode
incluir uma mistura de pólen e néctar chamada pão de abelha. Também pode incluir um
tipo de mel. A maneira exata como as abelhas posicionam seu ovo e a comida, assim
como a construção do próprio ninho, depende de cada espécie. Algumas espécies
depositam um ovo em cada ninho, ao passo que outras os dividem em múltiplas câmaras
de criação. Em ninhos com câmaras múltiplas, os ovos dos machos geralmente ficam na
frente, permitindo que os jovens zangões voem até a área de acasalamento antes que as
abelhas fêmeas tenham saído dos ovos. Muitas abelhas solitárias fecham seus ninhos
depois de depositarem os ovos e nunca vêem suas crias. Muitas vezes, essas espécies
depositam os ovos durante o outono. Os ovos abrem durante a primavera, mas as
abelhas-mães não sobrevivem ao inverno.

Foto cedida por Stock.xchng


Cada alvéolo no favo de uma colméia de abelha pode
armazenar mel ou uma única abelha em desenvolvimento

As abelhas sociais, por outro lado, têm uma conduta diferente para criar as jovens. A
abelha solitária fêmea deposita apenas alguns ovos durante sua vida, ao passo que uma
abelha rainha doméstica deposita milhares. Ela deposita um ovo em cada alvéolo na área
de criação da colméia. A abelha rainha controla se ela deposita ovos de machos ou de
fêmeas, e deposita os dos machos em alvéolos um pouco maiores. Se ela usa o esperma
para fertilizar o ovo primeiro, a larva que sairá será fêmea. Se ela não fertilizar o ovo, a
larva que sairá dele será macho. Isso significa que as abelhas fêmeas herdam os genes
das mães e dos pais, ao passo que os machos herdam apenas os genes das mães.
Quando os ovos abrem, as abelhas operárias mais jovens na colméia cuidam deles.
Durante os dois primeiros dias de vida das larvas, as operárias as alimentam com geléia
real. Depois disso, elas comem pólen ou pão de abelha. A única exceção é a abelha
rainha. Quando as operárias criam uma nova rainha, elas a alimentam com geléia real até
que ela troque de casulo. As larvas das abelhas sofrem metamorfose várias vezes antes
de trocarem de casulo, e nesse ponto as operárias tapam os alvéolos com pequenas
placas de cera alveolada para proteger as crias em desenvolvimento.
O tempo de vida de uma abelha doméstica fêmea depende da época em que ela sai de
seu casulo. Se ela sai no início da primavera, deve viver apenas por algumas semanas,
enquanto prepara a colméia para várias abelhas novas. As operárias que saem mais tarde
podem sobreviver durante o inverno. Independentemente da época em que ela nasça,
porém, uma abelha doméstica fêmea começa a sua vida como uma nutriz, cuidando das
outras abelhas. Quando fica mais velha, começa a
realizar outras tarefas importantes na colméia, como
fazer a limpeza de alvéolos vazios. Ela também aprende
a produzir mel e a ir em busca de comida. Vamos ver, na
próxima seção, as ferramentas que as abelhas usam
para encontrar e armazenar comida.

Alimentação e dança: o vôo da abelha


As abelhas encontram comida da mesma forma que
outros animais, por meio de informações sensoriais e de
uma percepção das características dos ambientes. As
abelhas têm um olfato apurado elas conseguem recordar
e reconhecer padrões, como as cores-padrão que
provavelmente estão perto de bons alimentos. Elas
também podem reconhecer a simetria, uma característica
que os cientistas costumam associar com formas de vida
mais inteligentes. Todas essas habilidades ajudam a
abelha a encontrar e reconhecer as flores, que produzem
Foto cedida por alexwell/Stock.xchng
o pólen usado pelas abelhas como proteína e o néctar,
Uma abelha colhendo néctar
usado como energia.
A vida de uma abelha solitária e de suas crias depende da habilidade que ela tem para
encontrar comida, colhê-la e levá-la para o ninho. Para uma abelha exploradora social, a
sobrevivência de sua colônia depende das mesmas coisas, além da habilidade de informar
para as companheiras de colméia como encontrar a comida. Algumas abelhas sociais
fazem isso deixando um rastro com óleos de flores aromáticas ou guiando as
companheiras de colméia até parte do caminho. As abelhas domésticas informam para
suas irmãs como encontrar comida, água, resina e novos lugares para a construção de
ninhos usando uma das linguagens animais mais estudadas: a dança.
Quando uma abelha doméstica campeira encontra comida, ela utiliza duas ferramentas
conhecidas para perceber onde está essa comida. Uma delas é sua bússola solar, que
permite que ela se lembre onde as coisas estão em relação ao sol. A habilidade da abelha
de ver a luz polarizada permite que ela determine onde o sol está, mesmo que ele esteja
encoberto por nuvens. A outra ferramenta é seu relógio interno, que permite controlar a
distância que já voou. O relógio interno também permite que ela determine quantas vezes
o sol se movimenta durante sua jornada. Em outras palavras, quando a abelha volta para a
colméia, ela pode informar para suas irmãs exatamente onde está a comida em relação à
posição atual do sol, e não na posição em que ele estava quando ela encontrou a comida.
À medida em que uma abelha se desenvolve, ela também aprende que a trajetória do sol
muda no céu durante as estações do ano e em latitudes diferentes, se sua colméia mudar
de lugar. Ela pode incorporar essas mudanças a seus cálculos. 
Quando ela volta para a colméia, a abelha campeira recruta suas irmãs para carregarem a
comida até o ninho. Elas, como a campeira, são as abelhas mais velhas da colméia. A
campeira distribui amostras de comida, que ajudarão suas irmãs a encontrarem o alimento
quando chegarem ao destino. Em seguida, ela realiza uma dança na superfície vertical dos
favos na colméia. A área onde ela realiza a dança é normalmente conhecida como pista
de dança, e as operárias que observam a dança são as seguidoras.
Se a comida estiver próxima, a abelha realiza a dança em círculo, voando em círculos
para direções diferentes. Essa dança não passa muitas informações sobre o local exato
onde está a comida. A comida, no entanto, geralmente está próxima o suficiente para as
operárias sentirem seu cheiro rapidamente.
Quando a comida está longe, a campeira realiza a dança do requebrado. Durante esssa
dança ela voa em linha reta enquanto movimenta seu abdômen e, em seguida, volta para
o ponto de partida, formando uma curva para a esquerda ou direita da linha. A linha reta
indica a direção da comida em relação ao sol. Se a abelha voa em linha reta e para cima
da parede da colméia, as campeiras podem encontrar comida voando em direção ao sol.
Se ela voa em linha reta e para baixo da parede da colméia, as campeiras podem
encontrar comida voando para longe do sol. Enquanto a dança continua, a abelha
dançarina ajusta o ângulo do vôo do requebrado para que ele fique de acordo com o
movimento do sol.

A velocidade dos círculos de volta permite que as outras abelhas saibam sobre a
qualidade da fonte de comida, elas sabem para onde ir seguindo o vôo do requebrado.
Com a vibração de suas asas e o movimento de seu abdômen, a abelha dançarina
movimenta bastante ar. Fazendo com que as que estão ao seu redor sentirem esse
movimento. As abelhas que estão diretamente atrás dela, onde o movimento de ar é
maior, recebem informações claras sobre a distância e o lugar para onde devem voar.
Quando elas chegam à posição descrita, começam a voar em um padrão de busca até
encontrarem a fonte de comida. Depois disso, elas fazem até doze viagens de ida e volta
entre a colméia e a comida, lembrando-se da posição todas as vezes. Durante cada
viagem, uma abelha pode transportar metade de seu peso em pólen ou néctar. Se
necessário, elas realizam uma dança da vibração, em que voam em várias direções
enquanto vibram, para encorajar as outras abelhas a começarem a descarregar o néctar.
As abelhas na colméia descarregam o pólen e o néctar e os armazenam nos alvéolos da
colméia. Essas abelhas são mais novas do que as campeiras, e mais velhas do que as
nutrizes. Cabe a essas operárias determinar quando a colméia tem a quantidade suficiente
de um tipo de comida ou material de construção e informar as abelhas campeiras. Elas
fazem isso mudando a maneira como aceitam o material. Se elas aceitam com
entusiasmo, as campeiras sabem que a colméia precisa de mais. Se as operárias, porém,
não estiverem animadas para descarregar o material, as campeiras sabem que a colméia
já tem o suficiente .
Para conservar espaço e preservar a comida, as abelhas transformam o néctar em mel. O
processo oferece ao mel algumas propriedades únicas. Vamos ver essas propriedades na
próxima seção.

Produção de mel
O mel começa como néctar que as abelhas coletam nas flores. Basicamente, o néctar é
uma recompensa que as plantas produzem para atrair insetos e pássaros polinizadores. É
um líquido doce que possui os óleos aromáticos responsáveis pelo perfume das plantas,
além de outras substâncias características. As abelhas coletam esse néctar sugando-o
com seus probóscides e armazenando-o em seus estômagos de mel. Em seguida, as
abelhas domésticas levam o néctar de volta para a colméia, carregando 40 miligramas por
vez.

Foto cedida por hotblack/Morguefile


Mel e favo de mel

As abelhas campeiras regurgitam o néctar e passam-no para as operárias na colméia. Em


seguida, essas abelhas gradualmente transformam o néctar em mel por meio da
evaporação da maior parte da água que ele contém. O néctar possui 70% de água, ao
passo que o mel tem apenas em torno de 20%. As abelhas se livram da água extra
engolindo e regurgitando o néctar várias vezes. Elas também agitam suas asas sobre os
alvéolos cheios do favo de mel. Esse processo retém bastante açúcar e os óleos
aromáticos da planta enquanto as enzimas dos aparelhos bucais das abelhas são
adicionadas.
O mel final é espesso, grudento e bem doce. Ele contém vários tipos de açúcares (em
inglês), inclusive sucrose, frutose e glicose. O sabor e a cor dependem das flores em que
as abelhas colheram o néctar. O mel de flor de laranjeira, por exemplo, tem sabor e aroma
que lembram o da laranja (em inglês).
Esses tipos de mel vêm de diferentes plantas com flores que
crescem no sudeste dos Estados Unidos. As variações na cor
se devem aos diferentes tipos de néctar que as abelhas
colhem para produzir o mel.

As abelhas se alimentam de mel e armazenam a quantidade suficiente para sobreviverem


durante o inverno. À primeira vista, as abelhas não parecem ser muito ativas ou precisar
de muita comida durante o inverno. Elas só deixam suas colméias para se aliviarem, já
que as abelhas não defecam no lugar onde vivem. Enquanto estão dentro das colméias,
porém, as abelhas trabalham muito. Elas cuidam da rainha e aquecem a colméia tremendo
os músculos de suas asas, de forma muito parecida com os humanos, que tentam se
aquecer estremecendo o corpo. Elas também controlam a temperatura da colméia durante
o verão, fazendo o ar circular pela colméia com suas asas e respingando água no favo de
mel.
O mel é uma boa fonte de alimento para as abelhas por duas razões. Primeiro, a grande
quantidade de açúcar que ele contém fornece muitas calorias, que são queimadas por elas
quando aquecem o ninho e cuidam da rainha. Segundo, suas propriedades físicas o
tornam extremamente resistente às bactérias:
 uma das enzimas adicionadas ao mel durante o processamento do néctar é a
glucose oxidase; quando as abelhas diluem o mel para alimentar as mais
jovens, a glucose oxidase quebra a glicose em peróxido de hidrogênio, que
ajuda a matar os germes;
 o pH do mel fica entre 3,5 e 4; em outras palavras, ele é levemente ácido -- tão
ácido quanto um suco de laranja --, o que desencoraja o desenvolvimento de
bactérias (em inglês);
 o mel é higroscópico, o que significa que pode absorver a umidade do
ambiente, e possui uma alta pressão osmótica. As bactérias que entram em
contato com o mel sofrem plasmólise. Elas perdem sua umidade, que passa
para o mel, e morrem.

Mel e botulismo
O mel geralmente é muito bom para matar bactérias, mas existe
uma exceção notável: as bactérias em forma de esporos, como a
Clostridium botulinum, que causa o botulismo (em inglês). A C.
botulinum pode formar esporos protetores, que a isolam das
propriedades antibacterianas do mel. Como eles podem viver no
solo e se sedimentar na natureza, é relativamente fácil para
alguns esporos pegarem carona nos corpos das abelhas e
chegarem ao mel. A quantidade de esporos do botulismo no mel
geralmente não é perigosa para adultos, mas pode ser mortal
para crianças com menos de um ano de idade. Por esse motivo,
nunca é uma boa idéia dar mel para um bebê.

A grande quantidade de açúcares, o sabor e as propriedades antimicrobiais do mel


também o tornam útil para as pessoas. Hoje em dia, ele é usado na culinária caseira e
comercial, e uma pesquisa médica indica que pode ser eficaz no tratamento de
organismos resistentes a antibióticos, principalmente em feridas abertas. Nada disso é
novidade. As pessoas vêm colhendo e usando mel por mais de 6 mil anos. Historicamente,
as pessoas o usaram para adoçar alimentos e fazer bebidas fermentadas, como o
hidromel. Além disso, cobrir uma ferida com mel ou com ataduras embebidas em mel era
uma prática comum antes do desenvolvimento de antibióticos.
Por essas razões, as pessoas encontraram maneiras para facilitar e tornar mais cômoda a
colheita de mel das abelhas. A seguir, vamos ver como os apicultores acomodam as
abelhas e colhem o mel.

Apiterapia
O uso de produtos produzidos por abelhas, inclusive mel, pólen
colhido, geléia real e cera alveolada, para tratar doenças ou
machucados é conhecido como apiterapia. Os apiterapeutas
defendem desde o uso de ferrões de abelhas para combater a dor
de artrite (em inglês) até o uso de mel para tratar cortes e
arranhões. A medicina ainda não confirmou muitas das
capacidades de cura atribuídas a essas substâncias. O mel
possui, no entanto, propriedades antibacterianas evidentes e
documentadas pela medicina.

Apiterapia é praticada na Madeira por António Couto

Curar através das picadas de abelhas


A apiterapia é a modalidade de Medicina Alternativa ou Ciência que utiliza os
produtos da abelha no tratamento de vários tipos de doenças. No mundo são
muitos os países que fazem uso desta modalidade de medicina, inclusive sendo
comum clínicas especializadas, com profissionais de várias especialidades da área
de saúde humana. Na Madeira esta terapia é praticada por António Couto, um
apiterapeuta nascido na Beira Baixa, que descobriu há cerca de onze anos os
milagrosos benefícios das abelhas e dos produtos apícolas.
 
António Couto descobriu a apiterapia há cerca de onze
anos. Apesar de, desde sempre, ter estado em contacto
com as abelhas devido ao facto dos seus avós terem
colmeias para uso próprio, foi já na idade adulta, e
depois de ter passado por dois empregos que em nada
tinham a ver com medicinas alternativas, que “descobriu”
os poderes curativos que estes pequenos insectos têm
sobre o ser humano e até animais.
 
Foi numa ida a Dakar que António Couto começou a
interessar-se por uma terapia que mais tarde soube já
ter mais de cinco mil anos de existência. Desde aí
começou a estudar e a especializar-se nesta área da medicina tradicional. Hoje em
dia dá consultas em Lisboa e vem à Madeira de quinze em quinze dias para receber
pacientes. A procura, disse o apiterapeuta à OLHAR, «é cada vez maior porque a
palavra vai passando de pessoa em pessoa e como os resultados são visivelmente
benéficos são mais aqueles que recorrem a este tratamento».

E se para alguns é arrepiante e até assustadora a ideia de uma abelha estar a


picar-lhes a pele várias vezes, para outras é apenas um “pequeno desafio” já que o
resultado é bem mais reconfortante do que a própria picada.

António Couto refere, a este respeito, que o medo inicial é ultrapassado nas
primeiras sessões e que o facto de haver realmente melhorias significativas no
estado de saúde das pessoas faz com que a picada seja encarada de uma forma
mais serena. É com este “espírito” que Paulo Farinha enfrenta as várias investidas
das abelhas no seu corpo. Paciente de António Couto há já alguns meses, este
agente imobiliário confessou à OLHAR que desde que descobriu esta terapia não
quer saber de mais antibióticos nem medicamentos que durante vários anos tomou
para a tensão nervosa. Neste momento está a apenas “manutenção” já que foi feito
o tratamento propriamente dito.

«Desde 1992 que vivia com dores nas costas e no pescoço devido aos nervos. Era
um sofrimento que ninguém imagina. Enchia-me de comprimidos e não havia
medicina convencional que solucionasse o meu problema. Foi aí que comecei a
pesquisar e a encontrar muita informação acerca do veneno da abelha e dos seus
poderes curativos. Reparei que os Estados Unidos e alguns países de leste
apostavam muito nesta terapia e já há dezenas de anos», explicou este paciente.

Um “stress” muscular que Paulo Farinha garante ter deixado de sentir logo após o
primeiro mês de tratamento. «Passado um mês senti, sem dúvida, os efeitos
benéficos. Agora só levo as picadas das abelhas preventivamente», revela.

Um veneno que afinal pode ajudar a curar

Um facto curioso, e explicado por António Couto é que, ao contrário do que


acontece com os medicamentos, o veneno da abelha tem anticorpos que fazem
com que nem o nosso corpo, nem animal nenhum se habitue a ele. Uma vantagem
que faz com que o paciente ao ser picado tenha sempre a mesma reacção ao
veneno, isto é, é como se estivesse a ser tratado pela primeira vez.

Contudo, e já que falamos de veneno de abelha, é do conhecimento geral que


existem pessoas alérgicas a estas picadas tanto que, quando acidentalmente as
levam, têm que ser atendidas de urgência porque podem correr risco de vida.
Segundo António Couto as estatísticas apontam que apenas um por cento da
população mundial é alérgico às picadas de abelhas e que também para essas
pessoas existe solução. Aliás, caso a pessoa não saiba se é ou não alérgica a estas
picadas, o terapeuta, antes de iniciar o tratamento, realiza um teste de reacção
alérgica logo na primeira consulta. «A partir daí começa o tratamento e as várias
etapas do mesmo já que, cada corpo é um caso e pode reagir de diferentes
formas», frisou.
Baseando-se nos princípios básicos da acupuntura, António Couto refere ainda que,
para praticar apiterapia, é «fundamental saber-se e compreender-se as bases da
acupuntura». Foi por isso que aprendeu com alguns mestres chineses e interessou-
se, através de estudos, pela anatomia humana. Aliás, em cada consulta que dá,
apoia-se no desenho de um corpo humano, no qual assinala através de pontos
coloridos o tratamento que efectuou nesse dia.

Associação de Apiterapia já existe em Portugal desde 2004

Decidido a dar continuidade ao seu trabalho, António Couto fundou, em 2004, a


Associação de Apiterapia. A sede desta instituição é em Lisboa e tem como principal
objectivo difundir e divulgar a apiterapia em Portugal.

Em 2005, juntamente com mais três amigos apiterapeutas estrangeiros, fundou a


Organização Bees for Life (apiterapeutas sem fronteiras), uma organização sem fins
lucrativos que pretende ajudar pessoas ou entidades carenciadas em qualquer
parte do mundo. Uma espécie de “médicos sem fronteiras” que utiliza, em vez de
medicamentos simples abelhas.

Iniciados os estudos em Apiterapia em 1996, António Couto dispõe hoje em dia de


um consultório em Lisboa desde 2003, local onde lhe chegam pessoas vindas de
todo o país.

Uma terapia com cinco mil anos

A Apiterapia nasceu na China há cerca de 5.000 anos. É uma medicina alternativa


que usa os produtos apícolas (mel, pólen, geleia real, própolis, veneno das abelhas,
larvas de zangão, cera, entre outros) para tratar e curar doenças em seres
humanos e animais.

Na Europa, esta terapia natural é usada há 200 anos enquanto que no resto do
mundo há vários séculos. Os resultados, na maior parte das doenças, é, segundo
muitos testemunhos «extraordinário».

Como é uma “terapia holística” (que significa que trata o paciente como um todo -
mente, corpo e alma), utiliza produtos cem por cento naturais os quais não
provocam efeitos secundários nem de habituação.

Com resposta para quase todas as patologias, a apiterapia é, em alguns casos,


«muito mais eficaz do que a medicina alopata curando doenças consideradas
incuráveis ou dificilmente curáveis, como por exemplo sinusite e até mesmo alguns
casos de cancro.

Nos antigos escritos, já Hipócrates mencionava nos seus textos essa terapia, bem
como, nos seus escritos, os chineses. No antigo Egipto, o veneno das abelhas já era
recomendado no tratamento de reumatismo e na artrite. Além disso, a apiterapia
pode tratar diversas doenças de pele, reumatológicas, virais, infecciosas,
pulmonares, ortopédicas, psicológicas e endócrinas.

 Embora seja um método terapêutico já reconhecido, a apiterapia ainda tem um


longo percurso a percorrer. Apesar dos efeitos benéficos, a acreditação das
medicinas alternativas, por parte dos governos, não está próxima, mas sim «ainda
muito longe daquilo que seria o ideal». Como defende António Couto, «infelizmente
as multinacionais farmacêuticas mandam no mundo. Pagam milhões de impostos
aos governos e estes fazem o que elas mandam. As medicinas alternativas são
eficientes mas não conseguem lutar contra a indústria farmacêutica. É assim agora
e sempre será assim. Tenho a certeza disso. A indústria farmacêutica é muito
poderosa neste sentido e jamais vão querer perder receitas», conclui.

Cinco principais produtos utilizados na Apiterapia

De acordo com António Couto, são cinco os principais produtos utilizados na


Apiterapia. São “valiosos” complementos nutricionais que facilitam o bem-estar do
corpo humano, podendo, alguns deles, prevenir ou diminuir os efeitos de algumas
doenças graves.

A Geleia Real - este produto contém propriedades energéticas. É constituída por


cerca de 65-70% de água, 4.5-5% de gorduras, cerca de 1% de cinzas, 11-14% de
proteínas e 11-16% de hidratos de carbono. A geleia real é caracterizada pela sua
riqueza em vitaminas, especialmente o ácido pantoténico-vit B5. Tem um factor
antibiótico (ácido 10-hidroxidecenóico), diferente do do pólen, activo contra várias
bactérias e fungos. É um produto segregado pelas glândulas hipofaríngeas das
obreiras e serve de alimento à abelha rainha durante toda a sua vida, larvar e
adulta.

O uso de geleia real é também aconselhado em casos de fadiga, stress, depressão,


anemia, pois permite uma recuperação das forças, um aumento do apetite. A sua
aplicação parece ter melhores efeitos nas crianças e nos idosos, não provocando
alergia, habituação ou toxicidade. Tem também um efeito positivo nos distúrbios
provocados pela menopausa.

Regulariza ainda as funções do sistema nervoso, cardiovascular, aparelhos


respiratórios e digestivos, rins e fígado.

O Pólen - é o conjunto dos minúsculos grãos produzidos pelas flores das plantas
angiospérmicas. Contém uma grande proporção de proteínas (16 a 40 %) contendo
todos os aminoácidos conhecidos, assim como numerosas vitaminas,
principalmente as vitaminas C e PP, sendo a principal fonte de alimentação das
abelhas. Pesquisas recentes indicam que o pólen é o alimento mais completo e
valioso da natureza, pois além de conter todos os aminoácidos essenciais ao
organismo humano, também é rico em oligoelementos minerais, fibras, hormonas
vegetais e vitaminas. O pólen também estimula o funcionamento de todos os
órgãos internos, melhorando, inclusive, o desempenho sexual. Tem valor nutritivo
muito superior à carne ou à proteína de soja. Possui propriedade antioxidante,
antianémica e auxiliar no tratamento preventivo do cancro da próstata. Pode ser
utilizado no tratamento de anemias profundas visto que eleva rapidamente a taxa
de hemoglobina no sangue.

O Mel - é fonte de energia e vitaminas. O mel é produzido pelas abelhas a partir do


néctar recolhido de flores e processado pelas enzimas digestivas desses insectos,
sendo armazenado em favos nas suas colmeias para servir-lhes de alimento
durante o Inverno. Além de ser utilizado como adoçante, o mel sempre foi
reconhecido devido às suas propriedades terapêuticas. De um modo geral, o mel é
constituído, na sua maior parte (cerca de 75%), por hidratos de carbono,
nomeadamente por açúcares simples (glucose e frutose). O mel é também
composto por água (cerca de 20%), por minerais (cálcio, cobre, ferro, magnésio,
fósforo, potássio, entre outros), por cerca de metade dos aminoácidos existentes,
por ácidos orgânicos (ácido cítrico, entre outros) e por vitaminas do complexo B,
por vitamina C, D e E. Possui ainda um teor considerável de antioxidantes
(flavonóides e fenólicos).

É também usado externamente devido às suas propriedades anti-microbianas e


antissépticas. Assim, o mel ajuda a cicatrizar e a prevenir infecções em feridas ou
queimaduras superficiais. O mel é também utilizado largamente na cosmética
(cremes, máscaras de limpeza facial e tónicos) devido às suas qualidades
adstringentes e suavizantes.

O veneno das abelhas - também conhecido por apitoxina, o veneno das abelhas é
produzido por uma glândula de secreção ácida e outra de secreção alcalina incluídas
no interior do abdómen da abelha obreira. Tem uma cor transparente, de sabor
agudo e amargo, e com odor aromático forte. É solúvel em água e ácidos e à
semelhança do veneno de cobra também não faz efeito se tomado via oral. Com o
ferrão, a abelha, pica e injecta o veneno no "inimigo". Uma forma que a abelha tem
de defender-se. Aliás, ela só pica se for directamente atacada, porque quando a
abelha pica, o seu ferrão (que tem uma configuração igual a uma farpa) fica preso
na vítima. Passada uma hora a abelha morre. A abelha não sobrevive, depois de
picar porque para além do ferrão perde uma parte do intestino. O seu valor
terapêutico deve-se principalmente às suas propriedades hemorrágicas e
neurológicas. É por isso que, durante o tratamento de doenças não se formam anti-
corpos contra o veneno de abelha e por isso o nosso organismo não cria habituação
ao mesmo, sendo assim as picadas de abelha cada vez mais eficazes.

Também quando injectado directamente, ou através de picadas, nas juntas do


corpo, é um remédio efectivo no combate ao reumatismo. Aliás, o “poder curativo”
do veneno foi descoberto pelo médico austríaco Philip Terc, no século XIX. Um dia,
estando sentado num banco do seu jardim, o médico foi atacado por um enxame.
Depois desse incidente reparou que as fortes dores nas articulações começaram a
desaparecer e os seus membros adquiriram uma nova mobilidade.

A partir desse incidente começou a investigar a causa da sua cura e durante 10


anos fez experiências. Ricularizado pela comunidade médica da altura, em 1878 e
1889 apresentou, na Universidade Imperial de Viena, as suas conclusões sobre
milhares de pacientes tratados com êxito, mas deparou-se com um auditório
intransigente de tal modo que ele acabou por abandonar a cidade de Viena com
medo que acabasse num manicómio.
Deixando como testemunho muitas investigações e um livro publicado em 1910,
que acabou por ser reconhecido e aceite por muitos médicos estrangeiros, hoje em
dia, todos estes conhecimentos estão cientificamente provados.

O Própolis - são propriedades antioxidantes que protegem o corpo dos radicais


livres. A própolis é obtida pelas abelhas a partir de resinas retiradas principalmente
de secreções de árvores, quando destas se quebra algum galho. Dessa forma a
árvore se proteje com um produto natural com poder antibactericida e a abelha
reprocessa essa seiva originando a própolis. Esta é utilizada pelas abelhas para dois
usos principais: vedar a colmeia de maneira a não entrar água, vento ou outro
animal e serve tambem para mumificar outros insectos que penetrem na colmeia. A
própolis é bastante útil ao ser humano que a usa como auxiliar medicamentoso
uma vez que possui poder antibactericida.
 

Lucia Mendonça da Silva

Criação de abelhas
Por centenas de anos, as pessoas desenvolveram muitos tipos de colméias artificiais que
oferecem abrigo e espaço para as abelhas e ao mesmo tempo facilitam a colheita de mel.
O modelo mais usado hoje em dia é a colméia Langstroth, desenvolvida por Lorenzo
Lorraine Langstroth na década de 1850. Antes das invenções de Langstroth, as pessoas
basicamente mantinham as abelhas em colméias feitas de cestas, caixas ou pedaços de
lenha. Algumas delas tinham suportes inclinados e removíveis, em que as abelhas
penduravam os favos de mel. Outras não tinham uma maneira conveniente de conseguir
acesso ou remover o mel. Colméias com suportes inclinados ainda são usadas em
algumas partes do mundo, e os apicultores maias que criam abelhas sem ferrão ainda
usam lenhas como colméias.
Foto cedida por Herman Hooyschuur/ Stock.xchng
Estruturas de argila ou alcovas de pedra feitas para
armazenar as colméias tradicionais são chamadas de cortiço,
no País de Gales

Langstroth descobriu que as pessoas podiam influenciar a maneira como as abelhas


desenvolvem seus favos de mel ajustando a quantidade de espaço em sua área de
desenvolvimento. Essa área, conhecida com espaço-abelha, permite que as abelhas se
movimentem, cuidem das mais jovens, desenvolvam novos favos de mel e produzam mel.
De acordo com as teorias de Langstroth, a quantidade ideal de espaço entre as camadas
de favo de mel é de 64 a 79 milímetros.

Foto cedida por Morguefile


Colméias de Langstroth

A colméia de Langstroth usa uma estrutura com várias camadas e quadros removíveis
para incentivar as abelhas a construírem suas colméias de forma organizada e para
facilitar a colheita do mel pelos apicultores. A partir da base, as camadas são:
 o fundo, onde fica a base da colméia;
 o ninho, que é feito com uma caixa chamada melgueira e é onde a rainha
deposita seus ovos e as operárias criam as larvas;
 a tela excluidora, uma chapa perfurada pela qual a rainha não pode passar,
impedindo que ela deposite ovos nos alvéolos;
 melgueiras rasas, que possuem em torno da metade da profundidade do
ninho, onde as abelhas armazenam o mel.
 tampa.
 Os apicultores geralmente usam melgueiras rasas em vez das normais para armazenar o
mel porque ele é relativamente pesado. Uma melgueira rasa pesa cerca de 15,9 Kg
quando está cheia, ao passo que uma funda pesa quase 36,3 Kg. Isso facilita a remoção e
a substituição das melgueiras pelos apicultores. As abelhas irão continuar a produzir e
armazenar mel enquanto tiverem espaço suficiente; então, remover os favos de mel
completos e substituí-los por melgueiras vazias é importante para a criação de abelhas.
Também é importante se certificar de que as abelhas tenham comida suficiente para o
inverno. Por isso, muitos apicultores fazem a última colheita de mel no fim do verão, para
que elas possam coletar néctar e transformá-lo em mel durante o outono.
 Para fazer a colheita de mel, os apicultores podem remover os favos de mel prontos das
melgueiras rasas e colocá-los para girar em um aparelho chamado centrífuga, ou extrator
de mel. Ele remove o mel do favo ao mesmo tempo que deixa a estrutura intacta. Como
são necessários 9 Kg de mel para formar 45 Kg de cera alveolada para a colméia, a
reutilização dos favos geralmente permite que os apicultores colham mais mel.

Foto cedida por Morguefile


Apicultores fazendo a colheita de mel

Essa estrutura faz com que seja relativamente fácil para o apicultor realizar a colheita do
mel sem danificar a colméia ou machucar alguma abelha. O apicultor, no entanto, tem que
ser cuidadoso. Muitos apicultores usam uma máscara e luvas para proteger seus rostos e
mãos das picadas (em inglês) enquanto estão trabalhando com as colméias. Eles também
se movem bem devagar quando estão abrindo a colméia, retirando e substituindo os
quadros. Isso é importante porque as abelhas liberam um feromônio de alarme quando
são esmagadas ou usam seus ferrões. Esse feromônio incentiva suas irmãs na colméia a
picarem qualquer coisa que esteja por perto. Os apicultores podem mascarar esse
feromônio com a fumaça de um fumegador, que essencialmente é um conjunto de foles
preso a uma lata à prova de fogo com um bocal na ponta. A fumaça também incentiva as
abelhas a pararem de trabalhar e começarem a comer mel no caso de precisarem
abandonar a colméia por causa do fogo. Isso diminui a chance de as abelhas se tornarem
agitadas ou defensivas enquanto o apicultor trabalha na colméia.
Ocupando a colméia
Uma colônia de abelhas pode ter milhares de operárias. Os apicultores podem conseguir
Para produzir bastante mel, essas abelhas precisam de suas abelhas de várias fontes.
grandes fontes de alimento, como pomares, extensas Algumas vezes, o apicultor irá
plantações de vegetais ou outras áreas com uma densa capturar um enxame que se
vegetação. Os apicultores, porém, principalmente formou na propriedade de
aqueles que realizam atividades de grande escala, nem alguém. Os apicultores também
sempre vivem perto o suficiente das fontes de alimento ocupam suas colméias com
certas para alimentar todas as abelhas. Alguns rainhas e abelhas compradas de
suplementam os alimentos naturais das abelhas com um fornecedor.
néctares artificiais e pólen comprado. Outros alugam
suas abelhas para fazendeiros, que as usam para polinizar as plantações. Sem as abelhas
alugadas, as plantações não produziriam os alimentos necessários.
Essa necessidade de abelhas domésticas para a polinização de plantações é a razão pela
qual muitas pessoas estão preocupadas com um fenômeno conhecido como Distúrbio do
Colapso das Colônias (DCC). A seguir, vamos ver os mitos e as verdades por trás do
DCC.

Desaparecimento de abelhas: Distúrbio do Colapso das Colônias (DCC)


Na primavera de 2007, agências de notícias começaram a fazer reportagens sobre um
fenômeno preocupante na população das abelhas. De acordo com as reportagens, os
apicultores visitaram suas colméias e descobriram que as abelhas haviam desaparecido.
Às vezes, a rainha e algumas abelhas que tinham acabado de sair dos ovos eram as
únicas que restavam. Os apicultores não encontraram evidências de predadores que se
alimentam de abelhas, como vespas e mamíferos que gostam de mel. Eles também não
viram muitas abelhas mortas ou evidências de doenças, como a cria giz ou a cria
ensacada, que atacam as larvas em desenvolvimento, ou de nenhuma espécie de ácaro,
que ataca abelhas adultas ou em desenvolvimento. Com base nessas informações,
pareceu improvável que as abelhas tivessem ficado doentes e morrido. Por outro lado,
muitos apicultores relataram que mariposas, animais e outras abelhas evitaram os ninhos
que tinham acabado de ficar vazios, pelo menos por alguns dias. Isso geralmente
acontece quando as abelhas morrem por causa de doenças ou de contaminação química.
Muitas dessas notícias eram alarmantes. Elas descreviam que os apicultores estavam
perdendo mais da metade de suas abelhas e explicavam a importância das abelhas
domésticas na polinização das plantações de alimentos. Alguns artigos indicavam que o
desaparecimento das abelhas iria resultar em fome alastrada por várias regiões. Outras
citavam Albert Einstein, dizendo que os seres humanos morreriam em quatro anos se as
abelhas entrassem em extinção.
Foto cedida por MorgueFile
O DCC parece afetar em grande escala as atividades
comerciais de criação de abelhas. Seus efeitos em colônias
de abelhas selvagens são incertos.

É bastante improvável que Einstein tenha feito essa afirmação sobre abelhas, que agora é
famosa, mas o Distúrbio do Colapso das Colônias (DCC) é um fenômeno real. Ele tem o
potencial de afetar drasticamente a produção de comida e de mel, mas é mais complexo
do que algumas notícias o fazem parecer. Primeiro, o DCC afetou abelhas domésticas e
comerciais, aquelas que são criadas exclusivamente para produzirem mel e polinizar
plantações. Ele parece afetar abelhas de colméias que são movidas de um lugar para o
outro com o intuito de polinizar plantações. As abelhas comerciais compõem uma pequena
porção da população geral de abelhas. Outros tipos delas, inclusive as abelhas
africanizadas, não parecem ser afetadas.
Essa também não foi a primeira vez que a população de abelhas domésticas diminuiu de
maneira repentina e inesperada. As populações de colônias individuais podem diminuir
bastante durante o inverno, época em que as abelhas morrem naturalmente. Além disso,
os apicultores relataram grandes diminuições nas populações de suas colméias várias
vezes nos últimos 100 anos. Em 1915, apicultores de vários estados informaram grandes
perdas de abelhas. Esse distúrbio ficou conhecido como Doença do Desaparecimento, não
porque as abelhas desapareciam, mas porque o distúrbio era temporário e não voltou a
ocorrer.
Os pesquisadores nunca determinaram a causa da Doença do Desaparecimento ou das
diminuições subseqüentes na população de abelhas. As causas da DCC ainda são
incertas e várias possibilidades foram descartadas porque não estão presentes em todas
as colônias afetadas. Por exemplo, os apicultores que tiveram as colônias afetadas têm
métodos diferentes para alimentar suas abelhas e para controlar os ácaros e outras
pestes. As abelhas nas colônias afetadas não parecem ter vindo do mesmo fornecedor. O
Grupo de Trabalho do Distúrbio do Colapso das Colônias, que está investigando o
fenômeno, também não suspeita que as plantações geneticamente modificadas sejam
culpadas.
Existem, no entanto, algumas teorias predominantes sobre as causas do DCC:
 o processo de transportar abelhas por longas distâncias para polinizar
plantações pode causar estresse, debilitar o sistema imunológico das abelhas,
deixá-las expostas a outros patógenos ou afetar suas habilidades de vôo;
 ácaros que geralmente se alimentam de abelhas, como o varroa e o traqueal,
podem estar expondo as abelhas a um vírus desconhecido. Esses ácaros
podem ter causado colapsos de colônias no passado, mas também deixaram
evidências para os apicultores, o que não é o caso da DCC;
 algum patógeno desconhecido ou outro fator pode estar afetando a habilidade
de vôo das abelhas;
 as abelhas domésticas podem ter pouca diversidade genética, fazendo que a
espécie inteira seja suscetível a um surto de doença.
Uma teoria conhecida, de que os celulares podem estar causando a DCC, foi
completamente descartada. Essa teoria virou notícia em abril de 2007, depois que o jornal
britânico "The Independent" apresentou um artigo com uma conexão entre os celulares e o
desaparecimento das abelhas. O estudo que o "The Independent" citou não era, no
entanto, relacionado com os celulares. Em vez disso, os pesquisadores estavam
estudando a energia eletromagnética emitida pelas bases dos telefones sem fio, por meio
da implantação delas diretamente nas colméias. Um telefone sem fio usa um comprimento
de onda de energia eletromagnética diferente da que o celular usa.
Aproximadamente 15% da comida que os norte-americanos consomem vem diretamente
da polinização das abelhas domésticas. Outros 15% vêm de animais que consomem
alimentos que as abelhas polinizam. Em outras palavras, quase um terço da comida que
os norte-americanos consomem atualmente precisa da polinização. Alguns artigos afirmam
que os norte-americanos também irão perder todo o fornecimento de carne sem as
abelhas domésticas para polinizar os alimentos. Isso não é necessariamente verdade.
Algumas plantas, como o trevo vermelho e a alfafa, são uma grande fonte de alimento
para vacas e outros animais de pasto. As abelhas grandes geralmente polinizam os trevos
vermelhos e as solitárias abelhas cortadoras-de-folhas costumam polinizar a alfafa. Em
outras palavras, a diminuição das abelhas domésticas não significa necessariamente que
essas plantas irão perder seus polinizadores.
Não é incomum as abelhas selvagens serem grandes polinizadoras de plantas selvagens
e de plantações. Na verdade, até o século XVI não havia abelhas domésticas nas
Américas. As abelhas solitárias, selvagens e outros animais faziam toda a polinização
necessária para o desenvolvimento das plantas. Os colonizadores espanhóis trouxeram as
abelhas domésticas para as Américas com o intuito de aumentar a produção de mel.
Embora muitas pessoas achem que as abelhas domésticas são benéficas, elas
tecnicamente são uma espécie invasora.
Infelizmente, se as abelhas domésticas entrarem em extinção, seria difícil para as abelhas
selvagens assumirem as funções delas na polinização de plantações de alimentos.
Existem algumas razões para isso:
 as fazendas de hoje geralmente são de monocultura -- elas usam bastante
terra para cultivar um único tipo de plantação. Grandes colônias de abelhas
domésticas são boas para polinizar esses tipos de plantações. As abelhas
solitárias são melhores para polinizar plantas mais variadas e em áreas
menores;
 o uso de pesticidas e a perda do hábitat causou um grande declínio na
população e na diversidade de abelhas solitárias e selvagens.
Neste momento, não se sabe exatamente para onde foram as espécies de abelhas
domésticas e como essa queda da população irá afetar o fornecimento de comida mundial.
Embora essa diminuição possa não resultar na extinção repentina da raça humana, é
provável que tenha, se continuar, um grande efeito sobre o que comemos.

 
http://www.youtube.com/watch?v=CW4dpMHGe50

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