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(CAVALCANTI, 2005) Parques Metopolitanos Gestão e Proteção de Áreas Especiais
(CAVALCANTI, 2005) Parques Metopolitanos Gestão e Proteção de Áreas Especiais
PARQUES METROPOLITANOS
GESTÃO E PROTEÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
PARQUES METROPOLITANOS
GESTÃO E PROTEÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS
Região Metropolitana do Recife – 1975 / 2004.
PARQUES METROPOLITANOS
GESTÃO E PROTEÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS
Região Metropolitana do Recife – 1975 / 2004.
Recife – 2005
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus filhos – Tiago, Patrícia, Eduardo e Gustavo e ao meu marido Ronaldo,
pelo imenso estímulo ao meu crescimento profissional e pelas longas horas em que
contribuíram de forma silenciosa nessa construção, permitindo a minha imersão nas
pesquisas e na produção do trabalho.
Por fim, em especial agradeço a Graça Barreto, pelo apoio fundamental na finalização dos
trabalhos e a Vera Lima, ambas colegas de trabalho.
O que espero, parece hoje mais provável e próximo e, por isso, tenho que agradecer a todos
que comigo vivenciaram essa batalha, desde aqueles que me são mais próximos até os que
direta ou indiretamente contribuíram, cada um na sua maneira própria, pelo que agradeço, a
todos.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução
APRESENTAÇÃO
Esta é a questão central que orientou a pesquisa, cujos resultados compõem esse trabalho,
em complementação ao Mestrado de Desenvolvimento Urbano – MDU/UFPE: os parques
metropolitanos, notadamente no que se refere à proteção e gestão desses espaços,
considerando a possibilidade de integrá-los em um sistema de unidades de conservação e
áreas de relevante interesse. Também é foco dessa pesquisa a relação entre essas áreas
verdes destinadas ao lazer metropolitano e as áreas urbanas ocupadas na Região
Metropolitana do Recife - RMR.
Nesse sentido, as áreas verdes que integram a mancha verde da RMR não se articulam
com as manchas urbanas ocupadas e, assim, não permitem que a cidade usufrua do
potencial ambiental existente, da mesma forma que a mancha verde não interage com
cidade, impedindo que a mesma exerça funções complementares às diversas atividades
urbano-metropolitanas.
Essa investigação teve, ainda, como objetivo, contribuir para o debate atual sobre esse
tema, colocando novamente na agenda das políticas públicas o compromisso com a oferta
de espaços de lazer, de caráter público ou privado e, ao mesmo tempo, servir como reflexão
para todos que queiram dar continuidade às pesquisas e observações, considerando a
responsabilidade de cada um com a proteção dos recursos naturais representados por estas
áreas.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução
RESUMO
Da mesma maneira foi analisado o sistema legal de proteção ambiental e sua relação com
os parques metropolitanos, na perspectiva de que os mesmos possam constituir uma
unidade de conservação diferenciada e, portanto, permitir melhor qualidade ambiental
urbana na RMR.
ABSTRACT
The scope of this work is to contribute for a deeper knowledge about the metropolitan parks
of the Recife Metropolitan Area (RMA), taking into account the evolution of the valid concepts
as well as the actions set down in the metropolitan-urban master plan, for the period 1975-
2004, this work presents a comparison between the effectively executed actions with those
foreseen in the design studies carried out for the selected park sites of the RMA, considering
the growing urbanization and the conservation necessity of important environmental areas,
allowing the balance and integration of green areas and urban occupied sites.
The since 1975 selected areas were studied under a sustainable development approach,
considering its economical, ecological and social extents, as sites to lodge metropolitan
parks and its connection with the city itself, accounting for the conservation of the
environment, the quality of life and the political-administrative matters.
The environmental legislation was observed, considering metropolitan parks being elected as
protected areas, so allowing better urban environmental quality in the RMA.
The lack of a specific studies for the object metropolitan park, connected with the challenge
of installing productive activities in periurban areas under great real estate pressure, are
significant factors when dealing with areas that should comply with social requirements,
assuring the environmental sustainability in a process of urbanization and nature
conservation with complete city-park interaction.
Several documents were analysed as references for the metropolitan plan, trying to
overcome the challenge of joining the processes of urbanization with conservation of priority
areas for metropolitan parks, resulting in an analysis of its legal protection and those aspects
related to the vulnerability degree and implementation perspectives.
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE MAPAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE FOTOS
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS vi
APRESENTAÇÃO vii
RESUMO viii
ABSTRACT ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS x
LISTA DE QUADROS xii
LISTA DE QUADROS ANEXOS xiii
LISTA DE TABELAS xiv
LISTA DE MAPAS xv
LISTA DE FIGURAS xvi
LISTA DE FOTOS xvii
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Objetivos 9
1.2. Estrutura do Documento 9
2. CONTEXTUALIZAÇÃO 12
2.1. Pressão Antrópica sobre os Espaços Livres na RMR 13
2.2. Referenciais dos Parques Metropolitanos 21
2.3. Áreas Selecionadas para Parques Metropolitanos 23
3. BASE TEÓRICA E CONCEITUAL 37
3.1. Desenvolvimento Sustentável e Cidades 38
3.2. Conservação Integrada Urbana e Territorial 47
3.3. Áreas de Interface Periurbanas 53
3.4. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza 55
3.5. Parques Metropolitanos na RMR 66
4. METODOLÓGIA 73
4.1. Métodos Utilizados 75
4.2. Natureza do Problema e Estratégia do Estudo 77
4.3. Estratégia de Trabalho 80
5. RESULTADOS DA PESQUISA 85
5.1. Histórico do Planejamento dos Parques Metropolitanos 86
5.2. Proteção Legal das Áreas 124
5.3. Avaliação dos Parques Metropolitanos 134
5.4. Fichas Técnicas dos Parques Metropolitanos 135
5.5. Mapas dos Parques Metropolitanos 150
6. RECOMENDAÇOES E CONCLUSÕES 165
7. REFERÊNCIAS 188
8. ANEXOS 195
8.1. Quadros do Crescimento da População Urbana no Brasil 196
8.2. Quadros do Crescimento da População Urbana na RMR 199
8.3. Processo Histórico da Política de Conservação Ambiental no Brasil 203
8.4. Proteção Legal 212
8.5. Proteção Ambiental 214
8.6. Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti 218
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução
1. INTRODUÇÃO
1.1. OBJETIVOS
1.2. ESTRUTURA DO DOCUMENTO
1. INTRODUÇÃO
3
Texto sobre “ÁREAS VERDES URBANAS” do autor Perci Guzzo, ecólogo da Secretaria de Meio Ambiente da
Prefeitura de Ribeirão Preto, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente da UNESP –
Rio Claro, com apoio de André Jean Deberdt, MSc Alexandre Schiavetti e MSc Flávia Cristina Sossae.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Segundo GUZZO et al. (2005) os serviços prestados pelas áreas verdes à cidade
está relacionado com a qualidade e quantidade dessas áreas distribuídas na
malha urbana, promovendo melhorias de clima, qualidade do ar, da água e do
solo, consequentemente da qualidade de vida e, ainda, pela possibilidade de lazer
que as mesmas podem oferecer à população. Segundo Medeiros (1971), a
necessidade de lazer é básica para o homem pelas condições em que a vida se
desenrola no ambiente urbano e o seu progressivo afastamento da natureza.
Gera-se assim uma demanda por oportunidades de lazer que vem aumentando
junto com a automação progressiva das tarefas, das leis de proteção ao trabalho,
com o crescimento populacional e com o ritmo de vida determinado pela
urbanização, no qual o tempo de folga fica altamente valorizado.
Uma outra linha de argumentação, na qual a posição de Antas (1995) se inscreve, apóia-
se na concepção de que a produção dos espaços públicos de lazer contribui para a
produção do espaço urbano, no qual estão inseridos, como uma potencialidade,
permitindo as relações entre a sociedade e o espaço da cidade, num constante embate
entre forças sociais transformadoras e forças espaços-temporais, condicionadoras.
com relação ao modo de se conseguir uma gestão que garanta o uso coletivo
dessas áreas, preservando-se o seu suporte ambiental.
A presente pesquisa parte do princípio de que proposições sobre uma gestão dos
espaços livres e especiais, direcionada pela conservação das estruturas
ambientais, pressupõe o entendimento dos conceitos e abordagens teóricas que
fundamentam a definição física e funcional dessas áreas.
4
O órgão metropolitano inicialmente era denominado Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife
– FIDEM, passando a Fundação de Desenvolvimento Municipal, em 1999. Atualmente constitui a Agência Estadual de
Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – CONDEPE-FIDEM.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Depois de quase 30 anos das primeiras abordagens sobre a preservação de áreas e sua
destinação como espaços de lazer cultural, contemplativo e desportivo, tratadas no Plano
Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos – PDSPM, em 1979, que teve como
referência o 1o Plano de Desenvolvimento Integrado da RMR – PDI/RMR – em 1976,
tem-se como desafio maior a institucionalização, a implementação e a gestão dessas
áreas de interesse comum, que hoje totalizam 10 áreas prioritárias, totalizando 1.873 ha.
Também integra este levantamento um breve relato das experiências que paralelamente
vinham ocorrendo na RMR na defesa da função ambiental e social dos parques na
cidade metropolitana, já bastante comprometida frente às pressões do setor privado de
ocupação os vazios urbanos da cidade metropolitana. Pois a análise dos espaços de
lazer não teria valor mais significativo sem a sua inserção no espaço urbano, posto que
não são independentes, embora possuam qualidades bem específicas que lhe dão
significado e valor.
Tratar dos parques da Região Metropolitana do Recife não tem sido uma tarefa simples,
inclusive do ponto de vista teórico. A escassez de produção teórica e temática sobre
parques metropolitanos e a decisão de trabalhar com a noção de espaços livres e
especiais em interação com os demais espaços urbanos, inclusive prestando serviços
ambientais necessários ao cidadão, representou uma dificuldade, pois faltaram
parâmetros teóricos, o que acarretou um empobrecimento dos conceitos utilizados. É
emblemático o fato de que, apesar do termo parque metropolitano ser utilizado desde
1976, pela FIDEM, nesta pesquisa observou-se que uma conceituação técnica adequada
só foi elaborada no âmbito de um grupo de trabalho constituído pelo Conselho Estadual
de Meio Ambiente, em 2001, quando se discorreu sobre as relações entre a unidade
tratada e as unidades de conservação da natureza.
Ainda, segundo Antas, o fenômeno da reserva de áreas para o lazer das cidades – tão
necessário e tão pouco aprofundado, tem sua importância a partir da concepção da
geografia, que parte da noção de espaço enquanto instância da sociedade e não como
um receptáculo. (1995: p. 11).
Esta pesquisa muito pode contribuir para a defesa e proteção dessas áreas no território
metropolitano da RMR, sendo particularmente oportuna na medida em que alguns dos
espaços selecionados há quase trinta anos ainda estão reservados para tal finalidade,
mesmo com redução de áreas, como poderá ser visto, de forma mais detalhada no
capítulo 2, que trata da contextualização.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
1.1. OBJETIVOS
Quanto à estrutura, este trabalho apresenta seis capítulos, além das referências e
dos anexos. Mapas da Região Metropolitana do Recife, nos períodos detalhados
foram elaborados visando à espacialização das informações, assim como mapas
de cada parque, com fotos que melhor representam à área.
O quarto capítulo, por sua vez, apresenta o percurso metodológico utilizado nessa
pesquisa, justificando os passos e procedimentos adotados para atingir os objetivos
propostos.
visão geral de cada uma, sob o ponto de vista da proteção legal, das características
gerais de cada área e das propostas nos período de 1980, 1987 e 2001, além das
condições de vulnerabilidade e possibilidade de implementação.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
Durante a década de 70 a população urbana ultrapassou a população rural no Brasil, como mostra o
Quadro 1.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Esse fato acarretou, de um lado, a preocupação com a vida moderna e o processo acelerado de
urbanização brasileira e, de outro, a necessidade de proteger antecipadamente as estruturas urbanas
e periurbanas mais sujeitas à pressão imobiliária. As áreas que deveriam abrigar os parques
metropolitanos foram selecionadas justamente neste período, consolidando a intenção de prover os
habitantes com uma quantidade adequada de áreas verdes e de lazer.
A oferta de áreas verdes em territórios de grande densidade urbana, caso das regiões
metropolitanas brasileiras, tem sido objeto de inúmeros estudos em todo o mundo. Dados
e indicadores relativos a várias cidades demonstram que a proporção de áreas verdes
em relação à área urbana total varia muito. Na Comunidade Européia (Relatório do
Ambiente na Europa, 19986) esse percentual passa de 60% na capital da Eslováquia e
cai para 5% em Madrid, segundo dados de 1995. Esse estudo destaca, ainda, a
necessidade do planejamento, do desenho e da ordenação da vegetação e das áreas
florestais como valores atrativos, tanto em áreas urbanas como periurbanas, vinculando a
paisagem e as condições de desenvolvimento da vegetação à qualidade da vida urbana.
5
No capítulo de anexos apresenta-se Quadro I – População Residente no Brasil, por região. 1940 a 2000; Quadro II -
População residente em Pernambuco e Região Nordeste, 1940/2000; Quadro III – População Urbana e Rural, total e
percentual por Região Brasileira, 1950/2000, onde aparece o fenômeno da urbanização, desde a década de 50.
6
Relatório elaborado pelo Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Européias, em seqüência ao Relatório – O
Ambiente na Europa: A Avaliação de Dobris (1995), decorrente da solicitação dos ministros do Ambiente de todos os
países europeus, visando a quarta Conferência Ministerial de Arhus, Dinamarca, em junho de 1998.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Os dados sobre as áreas verdes nos municípios da RMR são extremamente precários, não sendo
possível avaliar o seu percentual no território ou a quantidade de área verde por habitante. A cidade
do Recife, uma exceção a essa regra, vem realizando estudos e levantamentos sobre a questão
ambiental e construindo um aparato legal e de gestão para a proteção dessas áreas. Nesse esforço,
elaborou o Cadastro de Unidades de Conservação7, que permitiu não apenas formar um banco de
dados, mas um diagnóstico para formulação de propostas de ação, tudo amparado pela Política
Ambiental da cidade do Recife. Embora Recife8 apresente dados importantes sobre os espaços
livres existentes no município, duas observações devem ser consideradas: a primeira trata do
conceito adotado referente aos espaços livres que considera, avenidas, ruas, passeios, vielas, pátios,
largos, parques, praças, jardins, maciços arbóreos cultivados representados pelos quintais, matas,
manguezais, lagoas, restingas, praias fluviais e marítimas, porquanto considera que a denominação
espaços livres está apoiada na condição de oferecer livre acesso. E, a segunda é que não há
informações para os demais municípios da RMR que possibilite uma análise qualitativa.
Os dados mais aproximados que existem para a RMR referem-se à relação entre área total, área
urbanizada e área rural dos municípios, mostrados no Quadro 2. Esses dados demonstram que, na
RMR, 28,65% do território é de área urbanizada, como mostrado no Mapa 2, a seguir.
QUADRO 2 – ÁREA TOTAL URBANA E RURAL COM % DOS MUNICÍPIOS DA RMR*
ÁREA TOTAL ÁREA URBANA (ha) ÁREA RURAL (ha)
MUNICÍPIOS
MUNICÍPIO(ha) ha % ha %
Abreu e Lima 12,850 2,8257 21,99 10,0242 78,01
Igarassu 30,290 3,5802 11,82 26,7097 88,18
Ilha de Itamaracá 6,510 2,7400 42,09 3,7699 57,91
Itapissuma 7,390 0,5609 7,59 6,8231 92,41
Olinda 3,790 3,4898 92,08 0,3001 7,92
Paulista 10,180 7,1483 70,22 3,0316 29,78
Recife 21,780 21,7800 100 0,00 0,00
Jaboatão dos Guararapes 25,620 14,9774 58,46 10,6425 41,54
Cabo de Santo Agostinho 44,650 7,6172 17,06 37,0327 82,94
Ipojuca 51,260 2,6245 5,12 48,6354 94,88
Moreno 19,130 2,6131 13,66 16,5168 86,34
São Lourenço da Mata 26,330 3,5782 13,59 22,7517 86,41
Camaragibe 48,100 4,8100 100 0,00 0,00
Araçoiaba 9,650 0,2113 2,19 9,4386 97,81
Fonte – Projeto Análise do Solo Urbano da RMR-FIDEM-2003.
(*) A RMR tem um total de 2.742km2.
7
O Cadastro de Unidades de Conservação da Cidade de Recife foi elaborado pela Secretaria de Planejamento da
Prefeitura de Recife, em atendimento à Lei Municipal nº 16.243, de 13.09.1996, que instituiu a Política de Meio
Ambiente da Cidade do Recife e o Código de Meio Ambiente e do Equilíbrio Ecológico da Cidade.
8
Documento sobre os Espaços Livres do Recife, elaborado pela Prefeitura da Cidade do Recife e Universidade Federal
de Pernambuco, em 2000, conceitua e quantifica os espaços livres.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Quanto à questão de áreas de parques por município na RMR, o Quadro 3 apresenta dados sobre a
proporcionalidade dessas áreas com a área total e com a área urbana de cada um dos municípios.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Para entender o contexto das áreas dos parques metropolitanos da Região Metropolitana
do Recife é necessário ir além dos dados quantitativos, objetivos, sobre a pressão
antrópica que elas sofrem e retroagir ao final da década de 70, para compreender o
contexto histórico da sua criação, em termos de gestão urbana no Brasil.
Essa preocupação do poder público surgiu a partir do perfil do crescimento urbano que se
estabeleceu no país a partir do início do século passado, quando a população urbana salta de
10,70%, em 1920, para 31,24% em 1940, seguindo-se por 36,16% em 1950, 44,93% em 1960,
55,92% em 1970, 67,59% em 1980, 75,59% em 1990, chegando a 81,23% em 20009.
Esses números demonstram da busca de habitantes pelo espaço urbano, gerando um processo de
crescimento sem precedentes das grandes cidades brasileiras e dos vários problemas a serem
enfrentados. O Quadro 4, mostra a situação das 13 maiores cidades brasileiras em termos de grau
de urbanização da população, em 2000.
9
Quadro III – População Urbana e Rural, total e percentual por Região Brasileira, 1950/2000, já citado.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Esse momento histórico do processo de gestão urbana no Brasil associou as três esferas
de poder num ambiente de negociação dos diferentes interesses. Nesse esforço, planos,
programas e projetos foram traçados dentro da lógica urbana da RMR, numa rede de
funções complementares, diferentemente de uma visão isolada do crescimento municipal.
Ano de referência População Total População Urbana População Rural % pop. Urbana
1940 576.467 415.668 160.799 72,10%
1950 843.409 664.451 178.958 78,78%
1960 1.275.125 1.090.050 185.075 85,48%
1970 1.827.173 1.660.039 167.134 90,85%
1980 2.386.461 2.148.574 237.887 90,03%
1991 2.919.979 2.757.088 162.891 94,42%
1996 3.087.967 2.926.174 162.793 94,76%
2000 3.337.565 3.234.647 102.918 96,91%
Fonte – Diagnóstico Preliminar da Região Metropolitana do Recife – Volume 1 – Recife-1974. Governo do
Estado de Pernambuco/Secretaria de Coordenação Geral – Conselho de Desenvolvimento de Pernambuco –
CONDEPE e BDE – Banco de Dados do Estado de Pernambuco – CONDEPE/FISEPE, Governo do Estado
de Pernambuco, 2004.
O Mapa 3 apresenta a fatia da RMR comprometida com restrições ambientais legais, em relação à
área urbanizada da RMR. Na parte litorânea é onde se concentra a ocupação predominante urbana.
O Quadro 6 apresenta a população urbana e rural em cada município da RMR.
10
Quadros demonstrativos do crescimento urbano por município da RMR (Quadros IV ao X), desde a década de 40 até
2000 encontram-se, no capítulo de anexo, desta dissertação, permitindo a análise do crescimento da região.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Os problemas gerados pelo crescimento urbano chamaram mais uma vez a atenção do
mundo e da ONU a partir de 1994, quando da preparação da Conferência sobre
População (Cairo). Ali se reconheceu o papel da autoridade local, considerando-se que
os processos sociais, econômicos, culturais e populacionais tendem a globalizar-se, mas
seus efeitos concentram-se nas aglomerações urbanas, requerendo atuações políticas
integradas. Ficou patente a necessidade de se buscar uma articulação entre atores
urbanos para promover as cidades e uma maior oferta de infra-estrutura física, social e
de comunicação, e o atendimento às demandas por serviços sociais, principal razão de
ser das regiões metropolitanas. De fato, a criação e o delineamento das regiões
metropolitanas sejam no sentido das competências e áreas de atuação institucional, seja
no sentido físico-geográfico, buscaram sempre reger um entendimento mais integrado
dos diversos setores atuantes na região.
11
III Plano de Desenvolvimento Nacional – III PND, para o período de 1980-85, elaborado pela Secretaria de
Planejamento da Presidência da República – Brasília -1979.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
12
O II Plano de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco – II PDE (1980-83) é um instrumento de política estadual,
elaborado pelo Governo do Estado, através da sua Secretaria de Planejamento, em 1980.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Outros documentos trataram dessas áreas, tais como: Parques Metropolitanos - Série
Documental do Governo do Estado de Pernambuco (1987); Inventário sobre a situação
das áreas selecionadas para os parques metropolitanos (2001); Plano Diretor da Região
Metropolitana do Recife – METRÓPOLE 2010 (1998); Plano de Ação Regional para a
RMR – PAR (2000-2003); Agenda 21 do Estado de Pernambuco (2002). Mais
recentemente, os Parques Metropolitanos foram tratados a partir da perspectiva da
promoção de uma maior inclusão social, considerando as questões da competitividade
local e regional. Neste aspecto se destaca o Plano Metrópole Estratégica (2002). A
análise detalhada desses documentos encontra-se no capítulo 5, como destacado
inicialmente.
A definição das áreas reservadas para abrigar parques metropolitanos na RMR teve três
momentos de destaque: 1980, o final da década de 80 (1987) e o ano de 2001.
Em termos de distribuição espacial, observa-se que 8 dos 9 municípios que integravam a RMR na
época – Recife, Olinda, Jaboatão, Cabo, Itamaracá, Igarassu, Moreno, São Lourenço da Mata e
Paulista - tinham pelo menos um parque. Jaboatão abrigava o maior número, com 4 áreas
selecionadas, seguido por Recife, Cabo e Paulista, cada um com 3 parques; Itamaracá, Olinda e
Moreno com 2 áreas, cada; e São Lourenço da Mata com 1 parque. Apenas o município de Igarassu
não estava contemplado com parque metropolitano, devendo ser atendido pelos municípios
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
ÁREAS PRIORITÁRIAS
Ordem Área (ha) Município
Nome do Parque
01 Armando Holanda 370 Cabo
02 Itamaracá 850 Itamaracá
03 Guararapes 365 Jaboatão
04 Janga 654 Paulista
05 Capibaribe 1.400 Recife
06 Tapacurá 800 S.L.Mata
6 SUB-TOTAL 4.439 RMR
ÁREAS SECUNDÁRIAS
Ordem Área (ha) Município
Nome do Parque
01 Estuário Rio Beberibe 80 Olinda
02 Ilha de São Simão 130 Recife
03 Horto de Olinda 31 Olinda
04 Lagoa Olho D’Água 560 Jaboatão
05 Estuário do Rio Timbó 670 Paulista
06 Barra de Orange 550 Itamaracá
6 SUB-TOTAL 2.021 RMR
Nome do Parque
Área (ha) Município
Ordem ÁREAS ALTERNATIVAS
01 Açude Jangadinha 240 Jaboatão
02 Engenho Novo 1.200 Jaboatão
03 Engenho Uchoa 120 Recife
04 Istmo do Paiva 240 Cabo
05 Açude Gurjaú 500 Cabo
06 Serra do Cotovelo 800 Moreno/Cabo
07 Paratibe 1.200 Paulista
08 Engenhos Pintos/Pereira 600 Moreno
8 SUB-TOTAL 4.900 RMR
20 TOTAL 11.360 ha RMR
QUADRO 9
PARQUES POR MUNICÍPIO – ÁREAS PRIORITÁRIAS/1980 – PDSPM/RMR
01 Armando Holanda 370 Cabo 56 mil 871 mil Invasões/ Erosão de encostas/ Monumentos em ruínas. Processo de tombamento.
02 Itamaracá 850 Itamaracá 68 mil 973 mil Pressão pela ocupação. Interesse específico para o turismo.
03 Guararapes 365 Jaboatão 255 mil 3,5 milhões Invasão no interior da área. Plano Diretor e Projeto específico.
04 Janga 654 Paulista 215 mil 2,9 milhões Pressão de ocupação no entorno. Proposta para Capela. Parque sem projeto.
05 Capibaribe 1.400 Recife 255 mil 4,1 milhões Pressão por ocupação/Especulação imobiliária nos terrenos. Implantação de trechos.
06 Tapacurá 800 S.L.Mata 130 mil 550 mil Riscos de ocupação rural. Área desapropriada pelo Governo.
QUADRO 10
PARQUES POR MUNICÍPIO – ÁREAS SECUNDÁRIAS/1980 - PDSPM/RMR
01 Estuário Rio Beberibe 80 Olinda Olinda RMR Centro Forte pressão de invasões. Plano Diretor Parque Duarte Coelho.
02 130 Recife Recife RMR Centro Pressão do setor imobiliário. Área protegida pela Marinha.
03 Ilha de São Simão 31 Olinda Olinda RMR Centro Loteamento de parte da área. Plano Diretor para o Horto Del Rey.
04 560 Jaboatão Jaboatão RMR Centro Pressão de loteamentos irregulares. Sem projeto. Atrativo diferencial para o turismo.
Horto de Olinda
05 670 Paulista Paulista RMR Norte Pressão de loteamentos irregulares. Sem projeto. Atrativo diferencial para o turismo.
Lagoa Olho D’Água
06 550 Itamaracá Itamaracá RMR Norte Pressão por ocupação. Patrimônio Histórico.
Estuário do Rio Timbó
Barra de Orange
6 TOTAL 2.021 RMR
* População calculada segundo Plano Diretor de Parques Metropolitanos - FIDEM 1980.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
QUADRO 11
PARQUES POR MUNICÍPIO – ÁREAS ALTERNATIVAS/1980 - PDSPM/RMR
01 Açude Jangadinha 240 Jaboatão Jaboatão RMR Centro Área sem infra-estrutura. -
02 Engenho Novo 1.200 Jaboatão Jaboatão RMR Centro Área mais rural, sem infra-estrutura. -
03 Engenho Uchoa 120 Recife Recife RMR Centro Pressão por ocupação e invasão. Legislação específica. Interesse do Poder Público.
04 Istmo do Paiva 240 Cabo Cabo RMR Sul Área sujeita à especulação imobiliária. -
05 Açude Gurjaú 500 Cabo Cabo RMR Sul Área mais rural, sem infra-estrutura. -
06 Serra do Cotovelo 800 Moreno/Cabo Moreno/Cabo RMR Oeste Área mais rural, sem infra-estrutura. -
07 Paratibe 1.200 Paulista Paulista RMR Norte Pressão por ocupação. -
08 Engenhos Pintos/Pereira 600 Moreno Moreno RMR Oeste Área mais rural, sem infra-estrutura. Sítio histórico como fator diferencial.
Houve grande redução de área: de 11.360 ha., em 1980, para cerca de 5.227 ha., em
1987, com uma redução de 6.133 ha. As áreas definidas como alternativas (8) foram
desconsideradas, reduzindo-se as possibilidades de expandir a rede de parques
metropolitanos. A redução no índice de atendimento foi de quase 50%, ficando em 21,90
m2/hab. Se considerarmos a população da RMR em 1990, com 2.919.979 habitantes,
esse índice é menor (17,90 m2/hab.), o que equivale a 37,5% do índice inicial estimado.
Não há uma razão explícita para as alterações propostas. Especula-se que tenham se fundamentado
apenas na viabilidade de implementação dos parques, em detrimento de outras considerações, como
a de salvaguardar áreas do processo de acelerada urbanização e, principalmente, a de distribuição
equilibrada no território.
Os Quadros 12 a 15, a seguir, apresentam a seleção das áreas prioritárias e secundárias constantes
do documento Parques Metropolitanos e informações adicionais.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
01 Salgadinho 35 Olinda RMR Centro Pressão por novos usos Interesses governamentais
02 Janga 654 Paulista RMR Norte Pressão de invasões Interesses governamentais
03 Timbó 150 Paulista RMR Norte Pressão de loteamentos irregulares Re-enquadramento de U.C.
04 Lagoa Olho D’Água 500 Jaboatão RMR Sul Pressão de loteamentos irregulares Estudos municipais.
05 Encanta Moça 25 Recife RMR Centro Pressão de invasões Objeto de Concurso em 1984.
06 Jiquiá 52 Recife RMR Centro Pressão de invasões Objeto de Concurso em 1984.
6 TOTAL 1.416 RMR
01 Itamaracá 850 Itamaracá RMR Norte Patrimônio Histórico em ruínas Sem projeto específico
02 Tapacurá 800 S.L.Mata RMR Centro Risco de ocupação rural Área desapropriada pelo Governo do Estado/SUAPE.
03 Armando Holanda 370 Cabo RMR Sul Invasões / Erosão de encostas Tombamento Estadual
04 Guararapes 365 Jaboatão RMR Centro Pressão de invasões Plano Diretor e Projeto Específico
05 Capibaribe 1.400 Recife RMR Centro Pressão de ocupação / invasões Implantação de trechos.
06 Horto de Olinda 26 Olinda RMR Centro Loteamento de parte da área Sem projeto
6 TOTAL 3.811 RMR
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
O terceiro momento de destaque para o planejamento dos parques metropolitanos se deu no final da
década de 90, com a intensa discussão sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza, culminando com a Lei Federal nº 9.985, sancionada em 18 de julho de 2000.
É o caso também da área do Timbó, em Paulista, que passa a ser a Reserva Ecológica
de Caetés, única reserva ecológica implantada entre as 40 áreas selecionada. O Parque
Tapacurá passa a constituir uma Estação Ecológica, a partir da implantação de uma
barragem de abastecimento d’água para a RMR. Finalmente, o Parque do Engenho
Uchoa que passa a constituir uma Reserva Ecológica, para na seqüência abrigar uma
Área de Proteção Ambiental – APA Engenho Uchoa. Esse último exemplo está inserido
em uma Zona Especial de Proteção Ambiental - ZEPA, pela legislação de uso do solo do
município do Recife. Os Quadros 16 a 18 a seguir, apresentam os resultados dessa
seleção.
QUADRO 16
PARQUES METROPOLITANOS – 2001
ÁREAS PRIORITÁRIAS* ÁREAS RECLASSIFICADAS ÁREAS COMPLEMENTARES
Quantidade Nome do Parque Quantidade Nome do Parque Quantidade Nome do Parque
01 Arcoverde 01 Dois Irmãos 01 Camaragibe
02 Guararapes 02 Caetés (Estuário do Timbó) 02 Cordeiro
03 Armando H. Cavalcanti 03 Engenho Uchoa 03 Jaqueira
04 Janga 04 Tapacurá 04 13 de Maio
05 Horto de Olinda 05 Santana
06 Manguezais 06 Paiva
07 Itamaracá
08 Lagoa Olho D’Água
09 Jiquiá
10 Capibaribe
10 Áreas Prioritárias 4 Áreas Reclassificadas 6
Áreas Complementares
TOTAL DE ÁREAS PROPOSTAS PARA PARQUES METROPOLITANOS – 10 ÁREAS – 2.188 ha.
A população da RMR, em 2000, totaliza 3.337.565 (Fonte FIDEM/IBGE).
* Parques metropolitanos implantados ou a implantar.
Apenas como dados comparativos cumpre destacar que a população da RMR, em 1980, totalizava 2.386.461, em 1991, totalizava
2.919.979, chegando a 2000 com 3.337.565.
Fonte: Dados do FIDEM/IBGE.
ÁREAS PRIORITÁRIAS
01 Arcoverde 32 Olinda
02 Guararapes 224 Jaboatão
03 Armando Holanda 270 Cabo
04 Janga 616 Paulista
05 Horto de Olinda 9 Olinda
06 Manguezais 245 Recife
07 Itamaracá 200 Itamaracá
08 Lagoa Olho D’Água 500 Jaboatão
09 Jiquiá 52 Recife
10 Capibaribe 40 Recife
10 SUB-TOTAL 1.873 RMR
Em 2001, deu-se o quarto momento relevante nas áreas reservadas para os parques
metropolitanos, com uma nova revisão que resultou em uma redução significativa da área
proposta, agora com apenas 2.188 ha, distribuídos em 10 áreas prioritárias e 4 re-
classificadas.
O quadro 18, abaixo, apresenta os novos parques, suas áreas, a população atendida,
direta e indiretamente por cada um deles e seus pontos de maior vulnerabilidade.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Os 2.188 ha atuais devem atender a uma população de 3.337.565 habitantes, posto que
Município de Ipojuca passou a integrar a RMR, com base na Lei Complementar nº 10, de
6 de janeiro de 1994, passando de 2.201 km2 para 2.742,4 km2. Ou seja, reduz-se as
áreas de parques tendo havido aumento de área e população na Região Metropolitana.
Este capítulo trata das questões conceituais que nortearam a pesquisa e fundamentaram
a lógica da dissertação. Inicia-se pela questão do desenvolvimento sustentável e suas
possibilidades na cidade, dada sua capacidade de associar as questões ambientais,
sociais e econômicas.
46
Espaço periurbano segundo definições do Laboratório de Estudos Periurbanos da UFPE, constitui área situada em zona
urbana ou e expansão urbana sob forte pressão antrópica de ocupação ou especulação imobiliária, com possibilidade de
passar por um processo de transformação significativo. Destaca-se, ainda, a necessidade de manter esses espaços como
áreas de amenização do processo acelerado de ocupação urbana, permitindo qualidade ambiental às cidades.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
A busca por uma forma de desenvolvimento sustentável está presente nos meios
científicos e acadêmicos desde a década de 60, mas só após o encontro das
Nações Unidas, ocorrido em Estocolmo, em 1972, é que surgiram movimentos
mais atuantes em defesa de um crescimento econômico menos predatório,
observando o meio ambiente e sua capacidade de resiliência47. Apenas na
década de 80, é que se consagra a idéia de desenvolvimento sustentável,
consolidado no Encontro Mundial ocorrido no Rio de Janeiro, a ECO 92.
47
Resiliência é a capacidade de um sistema de manter sua estrutura e padrão de comportamento face aos distúrbios
externos. Capacidade de se adaptar às mudanças.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
48
Zancheti, Sílvio Mendes. Conceitos de desenvolvimento sustentável, no 1º CURSO DE CONSERVAÇÃO
INTEGRADA URBANA E TERRITORIAL- CECI,1997. PROGRAMA BRASIL- ITUC/BR.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Na RMR existe um percentual elevado de pobreza49, aquela sem acesso aos serviços
públicos e, conseqüentemente, às condições necessárias a uma vida digna. As tabelas a
seguir apresentam dados de 2000 e indicadores de pobreza dos municípios da RMR. È
possível verificar o contingente populacional que vive em precárias condições de vida na
região: cerca de 40,53% das famílias da metrópole contam com uma renda per capita
inferior a meio salário mínimo.
49
O índice de pobreza foi formado pelos indicadores de abastecimento de água e esgotamento sanitário, média de anos
de estudos dos chefes de família, rendimento médio mensal de até um salário mínimo dos chefes de família e taxa de
analfabetismo. Essas informações tiveram por base estudo do consultor Rodolfo Hoffmann (Plano Metrópole
Estratégica, EstudoTemático sobre Pobreza. FIDEM - Hoffmann, 2001) e nos dados e indicadores da pobreza
organizados pela FIDEM - 2000.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
50
A pobreza e, principalmente, as desigualdades sociais, constituem os principais problemas da RMR, refletidos na
paisagem dominada pelas favelas e aglomerados populacionais, com baixa qualidade de vida. Tanto pelo conceito de
renda quanto pelas condições de vida e acesso a equipamentos sociais básicos, a RMR apresenta um dramático quadro de
pobreza. As figuras constam do Plano Regional de Inclusão Social da Região Metropolitana e do PPA Estadual
2004/2007.Governo do Estado de Pernambuco.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Percebe-se que municípios com melhor desempenho também contam com bairros ou
distritos em condições evidentes de carências sociais. Agrupando as 20 localidades de
maior pobreza (Tabela 4), percebe-se que a localidade de pior posição é Nossa Senhora
da Luz, no município de São Lourenço da Mata. Entretanto, a situação mais dramática é
a de Ipojuca, que tem todos os seus três distritos incluídos entre as vinte piores
localidades da região. Todos os bairros de Olinda com alto índice de pobreza estão
localizados ao longo da bacia do rio Beberibe.
O município do Paulista tem dois bairros na lista das vinte piores localidades (Jaguarana
e Jardim Velho), enquanto quatro bairros do Recife estão incluídos entre os de maiores
índices de pobreza não monetária (bairro do Recife, Guabiraba, Ilha Joana Bezerra e Pau
Ferro).
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
51
Arquiteta e especialista em Conservação e Restauração de Monumentos e Conjuntos Históricos pela UFMG, em sua
participação no 2º Seminário Internacional de Conservação e Desenvolvimento Sustentável Urbano-1998.
52
Professor na Universidade da Lituânia, em Conservação do Patrimônio Cultural, em sua participação no 2º Seminário
Internacional de Conservação e Desenvolvimento Sustentável Urbano-1998.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Já Leitão53, trata a conservação integrada sob um outro aspecto. Ela aborda a dimensão
subjetiva da sustentabilidade urbana e destaca mais um ingrediente na questão dos
limites e escassez dos recursos e dos processos da natureza: a noção de continuidade.
Essa continuidade se expressa na intervenção do espaço urbano pela conservação ou
pela mudança. Tal questão representa um desafio quando se refere à sutentabilidade dos
processos, porquanto se trata de uma cidade e, como tal, representa a coisa humana.
Lúcia Leitão define a cidade como “a coisa humana por excelência, pois espelha e reflete
a humanidade”.
53
Arquiteta e Mestre em Desenvolvimento Urbano e Regional da UFPE, na sua abordagem sobre da Dimensão Subjetiva
da Cidade, no CECI – 1997.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Observa-se que no interior das áreas destinadas aos parques metropolitanos são
encontrados resquícios do patrimônio histórico e cultural, que representam a
diversidade de modos de vida e acúmulos de padrões culturais, compondo um
mosaico de elementos diferenciadores de experiências da vida, os quais são
alvos de processos de obsolescência. Benévolo, em “A Cidade e o Arquiteto”,
afirma que “... (as cidades antigas) não nos interessam porque são belas ou
históricas, mas porque indicam uma possível transformação futura de toda a
cidade em que vivemos”.
54
Zanchetti, Sílvio. Conceitos de desenvolvimento sustentável, no 1º CURSO DE CONSERVAÇÃO INTEGRADA
URBANA E TERRITORIAL - CECI,1997. PROGRAMA BRASIL- CIUT/BR.
55
Conservação Integrada Territorial e Urbana parte do pressuposto da sustentabilidade de território tratado, avaliando a
capacidade de auto-sustentação do sítio histórico ou área referencial para a cidade, a partir da compreensão dos processos
a que estão submetidos os recursos, garantindo que recursos exauríveis mais renováveis possam permanecer para as
gerações futuras.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
ÁREAS PRIORITÁRIAS
PARA PARQUES SÍTIO HISTÓRICO* CATEGORIA* PATRIMÔNIO HISTÓRICO
METROPOLITANOS
01 Parque Arcoverde Olinda (sede) Conjunto Antigo
Parte integrante do Conjunto de Olinda, compõe
área “non aedificandi” para visibilidade da colina
histórica.
02 Guararapes Parque Guararapes Conjunto Tombado Sítio de importância histórica pelas batalhas
contra os holandeses, com tombamento federal.
A área dos Guararapes é alvo de proteção do
Governo Federal, desde 1937, quando foi
tombada a Igreja de Nossa Senhora dos
Prazeres. Em 1965, o Governo Federal fez o
tombamento da área dos Montes e, em 1966,
executou a desapropriação das áreas
pertencentes à Ordem de São Bento , através do
Decreto nº 57.273, de 16/11/65.
Em 1971 foi criado o Parque Histórico Nacional
dos Guararapes, através do Decreto nº 68.527,
de 19/04/1971.
03 Armando H. Cavalcanti Cabo de Sto. Agostinho Conjunto Tombado Conjunto constituído por sítio natural onde
desembarcou a Expedição de Vincente Pinzón,
com edificações de grande valor patrimonial.
04 Janga Igreja de São Bento Ruínas Edificação com arquitetura do século XVIII, em
ruínas.
05 Horto de Olinda Olinda (sede) Conjunto Antigo Parte do conjunto monumental de Olinda.
06 Manguezais Estação Rádio Pina Edifício Isolado Edificação da Marinha do Brasil.
07 Itamaracá Engenho Amparo e Vila Povoados Antigos 1ª Povoação da Capitania de Itamaracá, tendo
Velha como acesso o Engenho Amparo de arquitetura
do século XVIII
08 Lagoa Olho d’Água - - -
09 Jiquiá Torre do Zeppelim Edifício Isolado Único exemplar existente no mundo, pela
característica de ser uma torre móvel, onde
atracou o dirigível Zeppelim.
10 Capibaribe Casa Grande do Engenho Edifício Isolado Exemplar de arquitetura significativa do século
Barbalho XIX. Hoje denominada (O Sobrado do Cordeiro)
Áreas complementares
01 Dois Irmãos Chalé do Prata Edifício Isolado Açude e chalé do Prata, formando ambiente de
rara beleza.
02 Caetés - - -
03 Engenho Uchoa - - -
04 Tapacurá Ruínas do Convento Ruínas Edificação do século XVII, anterior à Guerra
Holandesa. Encontra-se hoje em ruínas.
* Sítio Histórico e categoria, segundo Plano de Preservação dos Sítios Históricos - PPSH/RMR,1978.
Fonte – Dados utilizados do Plano de Preservação dos Sítios Históricos - PPSH/RMR,1978.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
56
Segundo o Estudo do Mercado Imobiliário Informal de Terras – a inclusão social do morador de loteamentos
clandestinos e irregulares na RMR (1ª versão - 2000) o percentual de parcelamentos irregulares é da ordem de 63,43%
dos parcelamentos existentes na RMR.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
57
Legislação de Conservação da Natureza, Fundação Brasileira para Conservação da Natureza. CESP, Companhia
Energética de São Paulo, 1986.
58
O Brasil assinou a Convenção em 27 de dezembro de 1940, segundo Rocha, Carmem Moretzsohn. Legislação de
Conservação da Natureza.op.cit., p.30.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Com a Lei do SNUC, instituída após oito anos de tramitação no Congresso Nacional,
espera-se adequar áreas de conservação já instituídas, promovendo o seu novo
enquadramento e/ou reclassificação, e identificar novas áreas, com base em critérios
científicos mais detalhados, ampliando a oferta de áreas protegidas. Ressalta-se que o
Brasil tem uma média inferior a outros países, no que diz respeito à proteção legal de
ecossistemas representativos. Isso é fundamental diante do reduzido conhecimento
sobre a biodiversidade, já que se supõe que as espécies não conhecidas superam em 20
vezes aquelas já descobertas.
Com o SNUC várias questões estão dispostas, com destaque para a participação social
na criação e gestão de áreas, a indenização ou justo tratamento de população inserida no
interior das áreas e ainda, a oferta de alternativas sustentáveis de subsistência,
adaptando métodos produtivos; alocação de recursos financeiros para garantia de sua
permanência e sua regularização, quando for o caso.
59
Fonte – Relatório do GT CONSEMA sobre Parques Metropolitanos, 2002.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Essa Lei teve por objetivo redefinir os critérios de distribuição do ICMS que cabe aos
municípios, segundo Artigo 2º da Lei nº 10.48960, de 2 de outubro de 1990,
estabelecendo, para o exercício de 2002, a participação de cada município quanto ao que
lhes é destinado da receita do ICMS, respeitando a aplicação de índice percentual
correspondente à soma das parcelas, com as seguintes condições ou critérios:
municípios que possuam unidades de conservação da natureza integrantes dos
sistemas nacional, estadual ou municipal;
municípios que possuam unidades de compostagem ou aterro sanitário;
municípios que tenham bom desempenho na área de saúde, medido por
coeficiente de redução da taxa de mortalidade infantil;
municípios que tenham bom desempenho na área de educação, medido pelo
número de alunos matriculados no ensino fundamental em escolas municipais;
municípios que tenham bom desempenho tributário, considerando a sua
participação relativa na arrecadação “per capita” de tributos municipais.
60
Esta Lei dispõe sobre a distribuição, entre os municípios da parcela do ICMS que lhes é destinada, decorrentes da
arrecadação do Imposto sobre Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de
transportes interestadual e intermunicipal e de comunicação – ICMS de forma que 75% dos mesmos cabem ao Estado e
25%, constituem a parcela destinada aos municípios.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Esta categoria não inviabilizaria as demais. Pelo contrário, traria um adicional reforço nas
atuais condições e instrumentos normativos, que não conseguem garantir a proteção
necessária dessas áreas, principalmente daquelas sob forte pressão da ocupação e
expansão urbana.
1 – Quanto à responsabilidade pela criação e administração: o SNUC define um tipo de categoria dependendo da esfera de poder
que criou a UC (Parque Nacional, Estadual ou Municipal) o qual também será responsável pela sua administração. Para os Parques
Metropolitanos esta responsabilidade tem caráter mais amplo embora esteja localizado num município específico. É necessário,
entretanto, que o plano de manejo da área estabeleça uma caracterização ambiental própria e o enquadramento, ou não, da área
como uma das categorias do SNUC.
4 – Quanto aos procedimentos para criação, a forma e os instrumentos de planejamento e gestão: As unidades de conservação
possuem legislação específica, critérios definidos para criação e instrumentos de planejamento e gestão (zoneamento e plano de
manejo, linhas de programas prioritários, etc). Com relação aos procedimentos para a criação dos parques há que se considerar: a) as
iniciativas dos setores que já vêm debatendo a proteção e a conservação dessas áreas e sua relação com a comunidade; b) o processo
de urbanização com a ausência de uma discussão mais aprofundada sobre a sustentação de unidades de conservação.
61
Os conceitos aqui tratados foram definidos pelo Grupo de Trabalho – GT - Parques Metropolitanos, do CONSEMA,
iniciado em 2001, sob minha coordenação e presidência, culminando pelo encaminhamento de Relatório Final, entregue
em maio/2003, propondo a Criação de um Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza e de Áreas de
Relevante Interesse do Estado de Pernambuco.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
62
Definição adotada pelo GT CONSEMA - Maria José Marques Cavalcanti (Presidente do GT) e Eleonôra Delgado –
Fundação de Desenvolvimento Municipal – FIDEM; Geraldo Margela Correia – Ministério Público de Pernambuco -
MPE; Marcelo Mesel – Sociedade Nordestina de Ecologia – SNE; Roberto Lemos Muniz – Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA/PE; Francisco de Assis Araújo – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; Alberto Jorge da Rocha Silva – Prefeitura da Cidade do Recife – PCR;
Normando Carvalho Oliveira da Silva – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco – SECTMA;
Giannina Cysneiros e Maria Lúcia Costa Lima – Companhia Pernambucana de Meio Ambiente – CPRH.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Parque pode ser definido como “terreno murado ou vedado onde há caça; jardim extenso
e murado; ainda, no sentido mais amplo, como região natural que o governo de um país
coloca sob proteção do Estado a fim de conservar flora e fauna, como defesa contra as
devastações feitas pelo homem”. 63,
O parque metropolitano tem um conceito mais amplo, sendo parte de um sistema capaz
de abrigar as áreas destinadas ao lazer coletivo do cidadão metropolitano com a
possibilidade de abrigar em seu interior as unidades de uso sustentável, com agregação
de outra função urbana: a oferta de espaços para atividades de lazer.
63
Pequeno Dicionário da Língua Brasileira – 13ª Edição, supervisionado por Aurélio Buarque de Hollanda Ferreirra,
com a assistência de José Baptista da Luz – GAMMA, 3º volume.
64
Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com
características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Em 1939 são criados mais dois parques nacionais, também por Decretos Federais, o de
nº 1.035, de 19 de janeiro e o de nº 1.822, em 30 de novembro, constituindo os Parques
Nacionais de Iguaçu e o da Serra dos Órgãos, respectivamente. Vinte anos depois (1959)
voltam à tona os Decretos de criação de parques. Nesse intervalo são constituídas as
Florestas Protetoras no território nacional. No Quadro 21, a seguir consta a evolução
quantitativa dos parques nacionais instituídos.
Os parques nacionais, portanto, vêm sendo instituídos desde o Código Florestal de 1934,
constituindo áreas remanescentes de domínio público, com proibição de qualquer
atividade contra a flora e a fauna.
Com 712 ha. é o maior parque de Santiago. Nele está o Monte São Cristóbal, com 300 m
de altura, em cujo topo se destaca a imensa estátua da Virgem Maria. Um teleférico leva
os visitantes até o alto do monte. O parque abriga local para espetáculos, Observatório
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Central Park
O Central Park, em Nova York, localizado no Distrito de Manhattan oferece uma área de
3.4 km², ou seja 340 ha, distribuídos por matas, gramados, bosques e lagos, oferenco um
conforto ambiental imenso à cidade, tendo sido criado há 150 anos atrás, projetado pelos
arquitetos Calvert Vaux e Frederick Law Olmsted, o Central Park se inspira no estilo dos
paisagistas ingleses e italianos. O parque representa um oásis para os habitantes de
Manhattan escaparem do cotidiano urbano e da grande massa de arranha-céus existente
na região.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Parque Ibirapuera
A área do Ibirapuera é de 1.584 mil m2 e seus três lagos artificiais interligados ocupam
157 mil m2. Projeto de Oscar Niemeyer, o parque ostenta alguns dos principais ícones
arquitetônicos da cidade, com a gigantesca marquise – 28 mil m2 de área, que faz a
intercomunicação entre vários prédios, a abóbada da Oca e o pavilhão da Bienal. Este
último emprestou seu nome, como "estilo Bienal", para designar a arquitetura moderna
que floresceu no país a partir daquele período. No seu interior encontram-se os seguintes
equipamentos, entre outros: Pavilhão Manoel da Nóbrega; Museu da Aeronáutica; Museu
do Folclore; Planetário e Escola Municipal de Astrofísica; Grande Marquise; Pavilhão
Japonês; Assembléia Legislativa;Monumento às Bandeiras; Monumento às Bandeiras;
Homenagem a Pedro Álvares Cabral; Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932;
Viveiro Manequinho Lopes; e, Monumento Ayrton Senna.
Parque Barigüi
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
65
O lazer, segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Recife – PDI/RMR – 1975/76,
elaborado pelo Governo do Estado de Pernambuco, através da Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana
do Recife – FIDEM - “constitui necessidade básica para o restabelecimento físico e psíquico do organismo humano,
devendo no entanto estar sempre caracterizado como liberdade de escolha das atividades, em oposição ao stress imposto à
vida pela sociedade moderna” Complementa ainda o entendimento de que “o lazer das massas é força motriz positiva,
dirigida no sentido do aperfeiçoamento e desenvolvimento da educação e da cultura da população, assumindo uma
posição importante no planejamento metropolitano”.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
A palavra lazer, derivada do verbo latino “licere”, corresponde a ser permitido, ser
facultado, ser tolerado, ter licença, poder ser feito. Como necessidade elementar do
homem, conforme já referido, o lazer representa uma necessidade humana de
relaxamento, descanso, folga, descontração, despreocupação, ócio, e, principalmente, de
relacionamento com a natureza66.
Salienta-se, ainda que Parque Metropolitano é uma categoria abrangente. Ela permite uma gestão mais participativa e comprometida
não apenas com a realidade local de cada município, mas com a dimensão metropolitana. Isso torna fundamental a constituição de
um sistema de gestão compartilhada, em que as unidades teriam funções complementares. Um mosaico é o resultado que se
pretende atingir, onde o plano de manejo tem a função de associar as diferentes partes e interesses, passando a constituir uma área de
reserva integrada de conservação e desenvolvimento ou, ainda, área de relevante interesse especial, com um sistema de gestão que
possibilite atender aos diferentes grupos e objetivos da conservação. Para isso, seria necessário estabelecer um Sistema Estadual de
Unidades de Conservação da Natureza e de Áreas de Interesse Especial para Pernambuco67, permitindo introduzir essas unidades
específicas para cada região e destacar as potencialidades locais.
66
Sistema de Parques Metropolitanos-1980. Lazer como necessidade elementar, p.19
67
GT CONSEMA apresentou proposta para um Sistema Estadual onde constam essas questões, em 2003.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
4. METODOLOGIA
4.1. MÉTODOS UTILIZADOS
4.2. NATUREZA DO PROBLEMA E ESTRATÉGIA DO ESTUDO
4.3. ESTRATÉGIA DE TRABALHO
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
4. METODOLOGIA
Minayo (1997) destaca que o ciclo da pesquisa se constitui num processo de trabalho
iniciado com um problema ou uma pergunta e concluído com um produto provisório,
capaz de originar novas interrogações. É seguido de fases de exploração do objeto a ser
trabalhado, da análise desse material, do tratamento dado a esse conjunto com todo o
referencial teórico para, finalmente, apresentar os resultados.
De acordo com Vergara (2000), há vários tipos de pesquisa, segundo os fins, os critérios
e os meios utilizados para os fins propostos. Nesse sentido, de acordo com os fins, uma
pesquisa pode ser exploratória; descritiva; explicativa; metodológica; aplicada; e
intervencionista. A presente pesquisa tem caráter explicativo e aplicado. Ainda segundo
Vergara, a utilização da pesquisa explicativa tem como principal objetivo esclarecer quais
os fatores que contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado
fenômeno. Já a pesquisa aplicada é motivada pela necessidade de resolver problemas
concretos, imediatos ou não, com finalidade prática, se contrapondo à pesquisa motivada
pela curiosidade intelectual do pesquisador, situada no nível da especulação,
principalmente.
tratadas. Esse trabalho permitiu a análise comparativa das condições dessas áreas
em três momentos relevantes, no momento da sua seleção, em 1978 e nos dias de
hoje. Essa análise se constitui em um dos principais produtos da pesquisa.
Região:
Parques Metropolitanos – em 2001 detalhou as áreas selecionadas para os
parques metropolitanos, sob o ponto de vista da vulnerabilidade de algumas
áreas, e os aspectos relativos à implementação de outras; e,
o Plano Metrópole Estratégica, de 2002, que apontou as diretrizes de
desenvolvimento da Região, destacando importantes projetos territoriais,
com base em estratégias de desenvolvimento com maior inclusão social,
onde foram destacados os parques metropolitanos como ambientes de
interesse naturais a serem protegidos.
68
Arquiteta e especialista em Conservação e Restauração de Monumentos e Conjuntos Históricos pela UFMG.
69
Arquiteto e professor na Universidade da Lituânia, em Conservação do Patrimônio Cultural.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
70
Arquiteta, professora da UFPE e Doutora em Desenvolvimento Urbano pela Universidade do Porto, na sua abordagem
sobre a Dimensão Subjetiva da Cidade.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
A partir da base teórica e conceitual, foi também possível proceder a uma avaliação
crítica do processo de enquadramento dessas áreas no sistema de proteção ambiental –
unidades de conservação da natureza - e das pressões de transformação a que estão
sujeitas frente ao processo de transformação das áreas periurbanas.
De posse desse conjunto de análises, construiu-se as idéias que vem a ser a proposição
central dessa dissertação, ou seja: existe um conjunto de áreas urbanas e periurbanas na
RMR, selecionadas como parques metropolitanos, sob evidente pressão antrópica, no
contexto do processo de urbanização da cidade metropolitana, sem uso planejado e que
estas áreas poderiam constituir uma unidade diferenciada dentro do sistema formal de
unidades de conservação da natureza e das áreas de interesse especial. Nessa
perspectiva, a cidade metropolitana ganharia qualidade ambiental pela relação de
interação entre as áreas verdes e as áreas urbanas ocupadas.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
5. RESULTADOS DA PESQUISA
5. RESULTADOS DA PESQUISA
Por fim, um quadro com os parques metropolitanos apresenta uma análise comparativa
das propostas do planejamento metropolitano no período pesquisado e uma avaliação da
situação atual dos parques da RMR.
Nesse período, o conhecimento mais aprofundado das questões a serem tratadas era
condição básica, razão porque o diagnóstico realizado ainda era tratado como
insuficiente, considerando que o conhecimento mais completo da região viria a ser
trabalhado em bases informacionais e tecnológicas mais sólidas. Observa-se, assim, que
esse plano teve por base uma análise e interpretação da realidade socioeconômica, da
natureza e dos vários tipos de dinâmica na RMR, a saber:
a dinâmica social, entendida pelas atividades individuais e coletivas, com o
conjunto de instituições e processos;
a dinâmica econômica, representada pelo atendimento às necessidades de um
conjunto de bens e serviços e, ainda, pelas funções econômicas desse território
em relação ao Estado, à Região Nordeste e ao País;
a dinâmica ecológica, considerada a partir das necessidades dos habitantes da
região de espaços para moradia, sobrevivência e desenvolvimento de sua
personalidade;
a dinâmica política, retratada na concepção de que a sociedade metropolitana é
um subconjunto da sociedade nacional, tendo um sistema de produção e
apropriação dos recursos e excedentes, individuais ou coletivos, determinando o
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
parques, praças, áreas verdes, áreas desportivas, para garantir o restabelecimento físico
e psíquico do organismo humano na RMR. Com base nesse entendimento ao programa
de lazer estavam associadas ações e metas referentes ao desenvolvimento
socioeconômico, representado pela implantação de Centros Sociais Urbanos – CSUs,
que contemplava a ampliação da oferta dos serviços de recreação e reativação das
tradições culturais; pela expansão das atividades de turismo, através da valorização dos
elementos naturais, principalmente na faixa litorânea; pela preservação do patrimônio
cultural, histórico e artístico, assim como pela política de desenvolvimento físico-
ambiental, notadamente quanto aos objetivos voltados para o lazer e a recreação.
A questão do lazer e dos espaços para essa finalidade foi tratada no bojo dos aspectos
sociais. Além de identificar o contingente demográfico da região, toda uma leitura da
qualidade de vida e da condição social dessa população, foi analisada, frente as
condições de habitação, saúde e nutrição, educação, lazer e segurança. Os Programas e
Projetos Prioritários estavam voltados para ações capazes de promover o
desenvolvimento, vinculadas sempre às políticas nacionais, regionais e estaduais em
curso.
Dentro da recreação ativa livre destaca o conjunto de praias da RMR que constituem
espaços livres permanentes de lazer coletivo e que, além da paisagem, oferecem
diversas modalidades de lazer, a exemplo de jogos, passeios de barco, banhos, etc. Os
espaços abertos como praças e jardins também constituem áreas destinadas à recreação
ativa livre, assim como espaços de acampamentos. Entre estes últimos destaca-se o
Engenho Monjope, em Igarassu.
Programa de Lazer da RMR, programas como o de Valorização das Faixas de Praia, que
recomenda o desenvolvimento de projetos específicos de atividades turísticas e
implantação de parques de recreação nas faixas de praia, assim como o Programa de
Habitação e Equipamentos Básicos, com destaque para os serviços de transporte e
saneamento, serviços conexos de educação, abastecimento, recreação, entre outros.
Sobre essa questão há que se refletir sobre o papel soberano do Estado: por um lado,
como legislador dos bens, exercendo um papel normativo, e, por outro, a natureza de
suas intervenções, que permitem o entendimento de que o custo das intervenções
ficavam sob a responsabilidade quase exclusiva do setor público, provocando um certo
descompromisso da sociedade com a proteção.
Por outro lado, a interferência da legislação nas estruturas urbanas quase sempre
aponta para a deficiência dos municípios da RMR quanto aos instrumentos
reguladores, ao mesmo tempo em que o sistema de controle demonstra uma
fragilidade comprometedora. A implementação de programas e projetos assinala o
compartilhamento entre as entidades federais, estaduais e municipais como
exercício da administração metropolitana. Nessa ocasião, são congregados
diversos agentes e profissionais motivados pela preservação. O apoio ao
PPSH/RMR foi dado através da Secretaria de Planejamento da Presidência da
República, pela sua Secretaria Geral e Delegacia Regional; pela Comissão Nacional
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Plano, estava encerrado dentro das instituições oficiais; por outro lado, era
imposto aos municípios, os possíveis gestores, gerando a não apropriação
decorrente da não participação/envolvimento desses agentes durante a sua
elaboração. A não participação da população nesse processo acarretou
conseqüências graves no tocante à preservação dos bens, principalmente pela
falta de consciência preservacionista. Por outro lado, era pensamento corrente o
de que bens preserváveis eram aqueles edifícios isolados e monumentais que, por
si sós, expressavam a necessidade de preservação, como se os traçados de rua, a
morfologia urbana e as características peculiares não tivessem qualquer ligação ou
interesse cultural na sua preservação.
zona rural, composto pela Casa Grande, como a residência original do dono de
engenho; a Senzala, como habitação destinada aos escravos; a Capela, como
símbolo da religiosidade; e, a Moita, local onde se moía a cana-de-açúcar e se
fabricavam seus derivados. Existiam 13 exemplares distribuídos na zona rural da
RMR, com apenas 3 completos;
71
A década de 70 trazia consigo os grandes planos e no caso específico do setor de transportes os investimentos
ultrapassavam em muito os recursos responsáveis, por exemplo, para uma política habitacional e de tratamento dos
espaços público. Entre os anos de 1964 e 1985 foi implantado o Sistema Financeiro de Habitação, responsável por 4
milhões de unidades habitacionais no Brasil, insuficientes à demanda existente.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Nas suas diversas abordagens, o PDSPM/RMR define uma política metropolitana para
parques, com objetivos e metas, além de estabelecer diretrizes espaciais, setoriais,
institucionais e administrativas, da mesma forma que explicita os instrumentos normativos
e operacionais, capazes de atender aos objetivos propostos, finalizando por traçar as
linhas de ação de cada unidade, com a definição de sua implementação.
A tabela de cobertura vegetal, também por município, diferentemente das demais traz as
diversas classificações da vegetação existente no município e o somatório da categoria,
sem, contudo estabelecer percentuais de déficit ou superávit. Por exemplo, Paulista se
apresenta como a maior área de vegetação tipo capoeirão (mata), representando cerca
de 30% do município e 27,9% do total de capoeirão da RMR. Já o município de Igarassu
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
chega a 45% do total de vegetação tipo capoeira de toda a região. Recife e Cabo
superam os demais na categoria capoeirinha, sendo Igarassu o mais representativo em
termos de vegetação de mangue. No caso de uma análise mais seletiva o município de
Igarassu estaria no primeiro rank nos diversos tipos tratados.
Já a tabela que trata da população vem trazendo além da população total de RMR, com
dados dos censos de 40 (553.846 hab.), 50 (819.256 hab.), 60 (1.225.992 hab.) e 70
(1.791.322 hab.), a população por município onde se destaca o crescimento na ordem de
67,60%, 66,82% e 68,44%, respectivamente entre os períodos tratados, salientando-se
que entre 60 e 70 há um crescimento maior.
Ainda quanto aos dados da população, a estimativa para os anos de 1980 e 2000
chegava, em muito, a superar o crescimento atual, principalmente porque eram
considerados como estimativa de crescimento as projeções dos índices presentes, por
município, em taxas elevadas, o que acarretaria no quadro apresentado, onde a
população prevista para a RMR no ano de 1980 totalizaria 2.668.149, chegando a
4.946.006, no ano 2000. Ora, as décadas de 80 e 90 apresentaram respectivamente
índices bem inferiores àqueles que vinham acontecendo no Brasil e nas suas regiões
metropolitanas, mesmo considerando-se o fluxo constante de migração rural, o que
significa dizer que mesmo com índices baixos de crescimento da população que chega
hoje (ano 2000) na RMR a um total de 3.333.603 habitantes, abaixo das previsões, as
constantes mudanças da população do campo para as cidades continuaram em ritmo
acelerado.
A importância das tabelas que tratam da estrutura etária por município e os totais gerais e
percentuais representam um esforço de estimar a capacidade de suporte das áreas
selecionadas, nas suas diferentes ofertas, considerando as respectivas faixas de idade
da potencial clientela. No tocante a relação da população economicamente ativa e o setor
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Outro importante referencial para a questão dos parques metropolitanos foi o documento
Sistema de Parques Metropolitanos, elaborado pela FIDEM em 1986, na Série de
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Apresenta-se identificando a plena
necessidade dos parques e espaços vegetados para o estabelecimento e a manutenção
do equilíbrio das relações do homem com a natureza, visando à melhoria da qualidade de
vida e a valorização da paisagem urbana. Realça ainda a importância do respeito às
áreas verdes e seu uso público para entretenimento e lazer, por serem não só
desejáveis, mas também testemunhos da cultura dos povos.
No momento desse plano são registrados 1.460 ha, considerando-se 6 parques: Parque
de Salgadinho, na histórica cidade de Olinda, mas especificamente na zona intersticial
entre Recife e Olinda; o Parque do Janga e do Timbó, em Paulista, o Parque da Lagoa
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Parque de Itamaracá;
Parque de Tapacurá;
Parque Armando Holanda
Parque histórico Nacional dos Guararapes;
Parque Capibaribe;
Horto de Olinda.
5.1.5. O Plano Diretor da RMR – Metrópole 2010
A segunda parte, se constitui numa abordagem sobre os futuros possíveis dessa região,
a partir da formulação de Cenários, num total de 4, que levou em consideração as
tendências gerais do ambiente externo, além dos condicionantes endógenos e exógenos.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Nada foi possível tratar sem que se conhecessem as principais linhas que constituíram o
espaço metropolitano, com suas tendências de crescimento, os futuros possíveis, as
potencialidades, desafios e condicionantes externos e internos ao desenvolvimento. Com
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Esta proposta se situa em bases atuais, principalmente por estar de acordo com
os movimentos internacionais e políticas de desenvolvimento. O modelo de
desenvolvimento sugerido passa a dar relevância à questão ambiental, nos
moldes dos avanços conseguidos pelos movimentos ambientalistas do mundo
inteiro.
A cobertura vegetal, a fauna, os cursos d’água, além dos elementos construídos pelo
homem, constituem assim um bem único, não-renovável, de cuja conservação depende o
futuro da Região.
Como ponto de destaque, está citada a proteção dos recursos paisagísticos da região,
inclusive as áreas protegidas e os parques metropolitanos. Entretanto, alerta para a
necessidade de sua dinamização, destacando que o esforço havido nas décadas de 70 e
80, de normatização do uso de mananciais, manguezais e sítios históricos, embora
importante, é insuficiente para assegurar sua proteção. Além das leis instituídas na
década de 80, mostra-se necessário prover tais reservas de uso e função específica,
principalmente do ponto de vista econômico e de forma sustentável.
O PDRMR aborda a questão dos elementos que permitem a unidade dos espaços,
constituindo elementos de ligação entre as partes, num tecido único. Essa idéia é básica
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
No Território G, por outro lado foi, apontado o Parque Metropolitano Armando Holanda
Cavalcanti, das praias do Paiva e de Gaibu/Calhetas como sendo um território de “farta
ocorrência de locais de valor ambiental”, cujos componentes variam das praias extensas
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
de rara beleza aos estuários dos Rios Pirapama e Jaboatão, além de um conjunto de
matas de preservação permanente constituído pelas matas do Paiva, Duas Lagoas e
Zumbi.
Eixo da competitividade:
• Ampliação e integração da infra-estrutura viária
• Educação de qualidade e qualificação profissional
• Inovação e desenvolvimento tecnológico
• Consolidação e articulação da cadeia produtiva de turismo e cultura
• Consolidação e articulação da cadeia produtiva do Pólo Médico
• Consolidação e articulação da cadeia produtiva de serviços educacionais e de
informática
• Consolidação e diversificação da cadeia produtiva agrícola e agroindustrial
• Consolidação e articulação da cadeia produtiva industrial
Eixo da habitabilidade:
• Ampliação e melhoria dos sistemas de água e esgotamento sanitário
72
Os estudos temáticos foram contratados diretamente pelo Banco Mundial, com apoio do Cities Alliance e do IPEA,
através de Consultoria local – LÓCUS, tendo os seguintes temas: Violência e segurança; Uso do Solo; Transporte;
Trabalho; Serviços municipais; Saneamento; Saúde; Pobreza; Meio ambiente; Lixo; Habitação; Finanças municipais;
Educação; Demografia; Crescimento econômico; e, Projetos territoriais.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
73
Desenvolvido pela consultora Fátima Maria de Miranda Bryner, contratada pelo Banco Mundial para o Plano
Metrópole Estratégica.2001/2002.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
seja no espaço urbano, seja em áreas totalmente rurais. Nessa pesquisa considerou-se
não só os instrumentos legais existentes dentro do recorte temporal pesquisado, mas
analisar as bases conceituais em que vários deles estão calcados, buscando sempre
trazer a tona à questão do uso sustentável de áreas especiais e o suporte legal das
mesmas.
A legislação74 voltada para a conservação da natureza, constituída desde 1934, tem nas
Leis, Decretos-Lei e Decretos, nos níveis federal, estadual e municipal, um respaldo no
sentido de assegurar para a geração futura os patrimônios naturais, construídos e
culturais de cada região. Se, entretanto, esses regramentos não têm atingindo a função
precípua de sua constituição parece que a questão está muito mais na sua aplicabilidade
do que no próprio instrumento.
74
Rocha, C. M. Legislação de Conservação da Natureza, 1986. Fundação Brasileira para a Conservação de da Natureza.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Em 1979, surge uma legislação específica sobre parques, no nível nacional, tudo
abrigado por uma Política de Meio Ambiente (só consolidada em 1981) e por um sistema
institucional que já estava constituído desde 1973, com a criação da Secretaria Especial
de Meio Ambiente – SEMA.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
A Constituição Federal do Brasil de 1988 traz no Artigo 225 as propostas para o Meio
Ambiente, sendo complementada pela Constituição Estadual de Pernambuco, datada de
1989, que traz no Artigo 205 o estabelecimento da competência complementar para os
Estados e Municípios, em consonância com a União, no sentido de proteger Áreas de
Interesse Cultural e Ambiental.
A AGENDA 21 GLOBAL vem consolidar esse amplo movimento mundial. Mesmo assim,
verifica-se um processo lento de mudanças de posturas e práticas, em função
principalmente da divulgação desses conhecimentos e da necessidade de uma
conscientização maior por parte dos que produzem a mudança de fato – os setores
econômicos, que se sentem restringidos no direito de utilizar sua propriedade da forma
como melhor lhes convier.
No nível nacional, com o advento da Lei Federal nº 9.985/00, de 18 de julho de 2000, que
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, são
unificados entendimentos e estabelecidos os regramentos para a proteção ambiental, no
território nacional. Sobre o rebatimento do SNUC nos parques metropolitanos algumas
questões são relevantes. A primeira diz respeito à ausência de objetivos precisos para
cada uma das unidades estabelecidas pelo SNUC, razão provável da pouca
aplicabilidade no tocante à regulamentação de algumas áreas. A Segunda refere-se à
impossibilidade de se estabelecerem usos diversos para as áreas de proteção integral,
muitas com grandes dimensões, provocando elevados custos de segurança e controle.
Essa proibição impossibilita que essas unidades abriguem usos e manejos distintos,
mesclando atividades. Isso dificulta o simultâneo uso sustentável, uso restrito e o uso de
lazer e esportivo, que poderia gerar novas oportunidades de desenvolvimento sustentável
para as comunidades integrantes deste sistema.
É nesse contexto que se insere a proposta de uso sustentável das áreas selecionadas
para os parques metropolitanos da RMR, de grande importância por abrigarem
remanescentes de vegetação primária e constituírem grandes espaços ainda livres da
ocupação urbana. Elas poderiam abrigar áreas de proteção rigorosa e de uso restrito,
assim como as áreas de uso sustentável e ainda outras destinadas à prática de
atividades de lazer e esportivas, constituindo um mosaico de diferentes partes, inserido
num sistema de gestão compartilhada pelo poder público, em diferentes níveis, e pelo
setor privado.
Como se viu anteriormente, a Lei do SNUC coloca a necessidade de que cada Estado da
Federação defina suas especificidades em termos de unidades de conservação da
natureza, permitindo que sejam redefinidas unidades constituídas, re-classificadas áreas
que tiveram um enquadramento provisório e que apresentem razões específicas para um
novo enquadramento, e ainda, que sejam definidas novas categorias complementares. É
nesse caso que se insere a proposta da criação de uma categoria específica de unidade
de conservação para os parques metropolitanos e áreas de relevante interesse especial.
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente que prevê como um dos seus
instrumentos a criação de espaços especialmente protegidos pelo Poder Público
estadual;
A Constituição Brasileira, de 1988 que incumbe ao Poder Público definir em todas
as unidades da federação espaços territoriais e seus componentes a serem
75
O esforço do GT– Parques Metropolitanos, desde 2001, foi direcionado para a elaboração de uma proposta preliminar
de criação de um SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DE ÁREAS DE
RELEVANTE INTERESSE – SEUC, que se justifica necessidade de um Sistema Estadual, para legislar de forma
complementar ao SNUC – Lei nº 9.985, 18 de julho de 2000, e também, adicionando o disciplinamento das Áreas de
Relevante Interesse do Estado de Pernambuco. Ao longo das discussões, o GT verificou que o objeto de seu estudo inicial
propiciava uma visão mais ampla do problema, tendo concluído, ser oportuno, um avanço no seu posicionamento no
sentido de desenvolver propostas para um sistema que abrigasse as unidades de uso sustentável com agregação de outro
valor, o de lazer.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Parque Metropolitano
Ordem Proteção Legal
ÁREAS PRIORITÁRIAS
01 PARQUE Tombamento a nível federal do Conjunto Arquitetônico da Cidade de Olinda –
ARCOVERDE nº 1004/68 – 19/04/68 pelo IPHAN.
Em 1974 – Convênio celebrado entre Governo do Estado e Marinha para a
implantação do Complexo Rodoviário de Salgadinho – 29/03/74, acarretando
áreas desapropriadas pelo Estado;
Em 1978 – Recomendações do PPSH/RMR-FIDEM para tornar a área do
Coqueiral em Zona de Preservação Ambiental – ZPA;
Em 1979 – Parte central da área desapropriada pelo Governo Federal – D.F.
nº 83.257 – 12/03/79.
Em 1985 – Re-ratificação do Polígono de Tombamento de Olinda, ampliando
a área preservação estabelecida anteriormente pelo Decreto nº 1155/79. A
Re-ratificação ocorreu em 18/11/85, pelo IPHAN;
Criação do Sistema de Preservação de Olinda – Lei Municipal nº 4119/79;
Em 1992 – Definição da Legislação Urbanística dos Sítios Históricos – Lei
Municipal nº 4849/92, que estabelece a Zona de Proteção Ambiental – ZPA e
área “non aedificandi”, formada pelas vegetações de coqueiral;
Em 1994 – Análise e aprovação pelas instâncias competentes das etapas 1, 2
e 3 do projeto do Parque Memorial Arcoverde, enquanto que a etapa 4 – área
do Coqueiral, não foi considerada diante de sua complexidade;
Em 1997 – Aprovação do Plano Diretor de Olinda – Lei complementar nº
02/97 – 24/11/97;
Em 2000 – Área da Marinha do Brasil integra proposta do TERMO de
COMPROMISSO com o Governo de Pernambuco e as Prefeituras de Olinda
e Recife visando à implantação de projeto especial;
Em 2001 – Termo de Compromisso – nº 001/2001 – FIDEM, firmado entre a
União e o Governo do Estado para a elaboração do Estudo Urbanístico para
a área do Complexo Salgadinho.
Em 2004 – Aprovado a revisão do Plano Diretor Municipal de Olinda – Lei
Complementar nº 026/2004.
02 PARQUE HISTÓRICO Em 1938 – Tombamento, a nível Federal da Igreja N. S. dos Prazeres;
NACIONAL DOS Em 1961 – Tombamento do Campo de Batalha dos Guararapes ;
GUARARAPES Em 1965 – 224ha desapropriados pelo Governo Federal – Decreto Federal nº
57.273 – 16/11/65;
Em 1971 – Criação do Parque Nacional – Decreto Federal nº 68.527 –
19/04/71;
Em 1978 – Definição do Sítio Histórico – Parque Guararapes, na
categoria sítio tombado, pelo Plano de Preservação de Sítios Históricos
da Região Metropolitana do Recife – PPSH/RMR;
03 PARQUE ARMANDO Em 1961 – Tombamento a nível federal da Igreja de N. S. de Nazaré e as
HOLANDA ruínas do Convento dos Carmelitas, pelo IPHAN;
CAVALCANTI Área desapropriada por SUAPE em 1979;
Em 1978 – Definição do Sítio Histórico - Cabo de Santo Agostinho, na
categoria de Sítio Tombado, pelo Plano de Preservação de Sítios
Históricos da Região Metropolitana do Recife – PPSH/RMR;
Em 1979 – Criação do Parque Metropolitano de Santo Agostinho – Decreto
Estadual nº 5554 – 06/02/79 e posterior mudança de nome para Parque
Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti – Decreto Estadual nº 5765 –
15/05/79;
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Pôde-se verificar que nas propostas analisadas há variação não só da dimensão das
áreas, apontando para uma redução considerável do que foi proposto inicialmente, assim
como alterações visando o enquadramento em categorias ambientais definidas por lei. O
mesmo acontece com as intervenções propostas para cada uma delas, que varia caso a
caso, principalmente devido às suas características ambientais. O que permanece ao
longo da análise é a proposição de que essas unidades possam estabelecer um sistema
complementar de oferta de áreas de lazer, contemplação e esportes, onde cada peça
tenha seu papel, no atendimento às necessidades do cidadão metropolitano.
• Situação da área inicial, reservada para parque metropolitano, onde foi possível
identificar as alterações ocorridas no período temporal estudado;
• A variação das propostas existentes para cada área, na trajetória do planejamento
metropolitano;
• a evolução das propostas para sua implementação e gestão de cada uma das
áreas selecionadas, identificando o grau de vulnerabilidade e a condição para sua
implementação.
⎯ PARQUE ARCOVERDE
⎯ PARQUE HISTÓRICO NACIONAL DOS GUARARAPES
⎯ PARQUE ARMANDO HOLANDA CAVALCANTI
⎯ PARQUE DO JANGA
⎯ HORTO DE OLINDA
⎯ PARQUE DOS MANGUEZAIS
⎯ PARQUE DE ITAMARACÁ
⎯ PARQUE LAGOA OLHO D’ÁGUA
⎯ PARQUE DO JIQUIÁ
⎯ PARQUE DO CAPIBARIBE
⎯ PARQUE DO TIMBÓ
⎯ PARQUE DOIS IRMÃOS
⎯ PARQUE ENGENHO UCHOA
⎯ PARQUE TAPACURÁ
76
Os mapas foram elaborados para essa pesquisa, tendo por base as fotografias aéreas do acervo técnico da FIDEM.
77
As fotos que integram as fichas dos parques metropolitanos pertencem ao acervo FIDEM, resultado do levantamento
realizado por bolsista da FACEPE, que, em 2000, desenvolveu estudo sobre a situação dos parques na RMR.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
FICHAS TÉCNICAS – PROPOSTA TEMÁTICA, ÁREA E ANÁLISE COMPARATIVA DE PARQUE METROPOLITANO, POR PERÍODO TEMPORAL
Áreas Prioritárias para Recorte Temporal – 1975 - 2000
Parques 1980 1987 2000
Metropolitanos
01 PARQUE Denominação anterior - Parque Parque de Salgadinho, com proposta Parque Memorial Arcoverde, datado de 1991, onde se inserem 4 etapas:
ARCOVERDE Estuário do Rio Beberibe, onde de lazer contemplativo e práticas - Etapa 1 e 2 – áreas de lazer e praticas esportivas, já implantadas em1993. Etapa 3 –
também estava inserido o Parque esportivas; posto de prestação de criação de um monumento ao índio Arcoverde, uma pista de automobilismo e um circo para
Município Duarte Coelho, sito à Av. Joaquim serviços de interesse comunitário, a a formação de uma escola circense, com apresentações convencionais; na Etapa 4– Istmo
Nabuco. ser implantado com tratamento de Olinda, se prevê a restauração das ruínas do Forte do Buraco e a construção de um
OLINDA
paisagístico, tudo de acordo com a hotel, com restaurante panorâmico, marina e parque aquático. Duas pontes estão
zona de transição Recife/Olinda. propostas, uma ligando a Ilha do Recife ao Istmo e a outra do Istmo até a área do
Coqueiral. As propostas das Etapas 3 e 4 não foram aprovadas.
A área integra ainda o Estudo Urbanístico de Renovação Urbana Recife/Olinda, com
propostas em desenvolvimento, com destaque para requalificação da Vila Naval de Santo
Amaro; ampliação da Escola de Aprendizes de Marinheiros com implantação de novas
habitações; recuperação do coqueiral, do mangue nas margens do Rio Beberibe, da
vegetação nativa de restinga e do ambiente aquático.
Área 80ha 35ha 32ha
Análise comparativa Redução da área anteriormente demarcada, representando 50% do total inicialmente proposto. No período estudado há um deslocamento das áreas anteriormente
estabelecidas, posto que a 1ª proposta considera um conjunto muito maior de espaços livres ao longo do Rio Beberibe, incluindo terrenos situados à Av. Agamenon
Magalhães e à Av. Joaquim Nabuco (área denominada V8 V9 e V10) além das áreas remanescentes da implantação do Complexo Viário do Salgadinho.
Esse parque se sobressai no período seguinte como a grande oportunidade de implantar o parque em tela, em contraposição às outras áreas, principalmente porque as
demais áreas já estavam em processo de invasão acelerada. No momento atual este parque é um bom exemplo de parque implantado, com gestão do Governo do Estado
e financiamentos externos para implantação de equipamentos.
Vários instrumentos incidem sobre a área, cujo controle e aplicação da legislação e o uso da área permitiram sua conservação. Proposta de parque temático.
Vulnerabilidade Por estar inserida na malha urbana de Olinda, mais precisamente na sua zona de expansão sofre pressão por ocupação.
Implementação Parque com duas etapas já implantadas, com sua gestão feita pelo Governo do Estado e com plano de atividades educativas e culturais, direcionando sua
sustentabilidade. A área do coqueiral encontra-se em negociação com a Marinha, onde foi realizado o Estudo Urbanístico para a área do Complexo Salgadinho.
A negociação com a Marinha deu um grande passo, posto que foi assinado um protocolo de intenções, na forma de um TERMO DE COMPROMISSO entre a Marinha, o
Governo do Estado e as Prefeituras de Recife e Olinda, em março de 2002. Dessa maneira o Coqueiral de Olinda poderá ser alvo de um projeto de parque temático ou
paisagístico, exercendo sua função natural e complementando algumas das atividades do entorno.
No tocante a área anteriormente designada Etapa 4 do Parque Memorial Arcoverde, denominada Praia Ponta Del Chifre ou Praia da Enseada, cabe destacar que na
ponta sul da mesma, em território de Recife, onde encontram-se as ruínas do Forte do Buraco, existe um movimento de pescadores, que usam a área para o lazer e
pretendem se organizar em uma ONG, para garantir a continuidade desse uso.
Movimentos de limpeza da área e coleta de material para reciclagem são feitos com as Prefeituras e com o envolvimento do Espaço Ciência.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
⎯ PARQUE ARCOVERDE
⎯ PARQUE HISTÓRICO NACIONAL DOS GUARARAPES
⎯ PARQUE ARMANDO HOLANDA CAVALCANTI
⎯ PARQUE DO JANGA
⎯ HORTO DE OLINDA
⎯ PARQUE DOS MANGUEZAIS
⎯ PARQUE DE ITAMARACÁ
⎯ PARQUE LAGOA OLHO D’ÁGUA
⎯ PARQUE DO JIQUIÁ
⎯ PARQUE DO CAPIBARIBE
⎯ PARQUE DO TIMBÓ
⎯ PARQUE DOIS IRMÃOS
⎯ PARQUE ENGENHO UCHOA
⎯ PARQUE TAPACURÁ
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
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6. RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
6. RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES
Esta análise permitiu considerações em relação às razões para a efetiva implantação e gestão
desses parques e dos possíveis caminhos de superação dos problemas. Destaca-se ainda
nessa análise a questão da gestão dos parques, de forma a maximizar os seus benefícios para
a população e garantir a conservação do seu suporte físico, através de um gerenciamento
adequado.
ÁREA
No período pesquisado pode-se verificar que nas propostas existentes há variação não
só na dimensão das unidades como da área total anteriormente reservada para abrigar
os parques metropolitanos. Reduziu-se também o número de unidades selecionadas,
posto que algumas delas passaram a uma outra destinação a partir de um
enquadramento em instrumentos normativos e legais existentes.
Em 1980, são 20 áreas selecionadas (Mapa 4), totalizando 11.360 ha., para atender a
uma população de 2.386.461 habitantes, o que equivale a uma taxa de 47,60 m2/hab.
São identificadas 6 áreas prioritárias, com 4.439 ha. e 6 secundárias, com 2.021 ha.,
reservando-se ainda 8 áreas, com 4.900 ha., para complementar um sistema de parques
metropolitanos.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Em 1987 há uma redução substantiva, sem que haja uma explicação sobre as razões
que levaram a essa redução (Mapa 5). São 12 áreas selecionadas com um total de 5.227
ha., sendo 6 prioritárias, com 1.416ha., e 6 secundárias, com 3.811ha., havendo uma
redução de 6.133 ha. A redução no índice de atendimento à população passa para 21,90
m2/hab., representando uma redução de quase 50% da estimativa de 1980.
Em 2001, ocorre mais uma redução significativa de área total proposta para os parques,
que passam a ter apenas 2.188 ha, distribuídos em 10 áreas prioritárias e 4 re-
classificadas (Mapa 6), para atendimento a uma população de 3.337.565 habitantes. As
10 áreas selecionadas de parques metropolitanos, assim como as 4 áreas re-
classificadas,para atender ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza – SNUC não abrangem todos os municípios, principalmente porque a RMR é
acrescida com o Município de Ipojuca, além de vários distritos de municípios
metropolitanos terem sidos emancipados, passando a constituir novas unidades
federativas, formando a RMR com 14 municípios.
PROPOSTAS EXISTENTES
indicação de vários equipamentos de lazer, esportes e recreação em cada uma das áreas
selecionadas.
PROTEÇÃO LEGAL
Todos os parques metropolitanos têm a seu dispor institutos legais, sejam na forma de
decretos específicos, tombamentos (nas unidades onde há patrimônio histórico), leis
estaduais, termos de compromisso firmado entre governos, leis de criação (caso do
Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti), seja de forma indireta, através
das leis de zoneamento municipal, leis federais e estaduais de proteção ambiental, leis
de parcelamento do solo urbano, entre outros, conforme apresentado no Capítulo 5 -
Resultados da Pesquisa.
A função mais abrangente dos parques metropolitanos, sem dúvida está relacionada à
melhoria da qualidade de vida da população metropolitana. Entretanto, cabe destacar que
essas áreas deveriam suprir as necessidades do lazer e da convivência, sem deixar de
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
considerar a sua destinação do uso – como parque, desde que permitisse a preservação
de fatias do território metropolitano, mesmo que para isso conciliasse uma ocupação
compatível com a proteção ambiental.
43
FUNDARPE foi criada em 1974 tendo por atribuição maior a proteção dos edifícios e sítios históricos, constituindo o
conjunto de bens a serem preservados no Estado de Pernambuco.
44
A Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – FIDEM, foi instalada em 01 de outubro de
1975, criada através da Lei Estadual nº 6.890, de 03 de julho de 1975, para abrigar, no Estado de Pernambuco as
competências de gerir os serviços públicos de interesse comum. Atualmente passou a Agência Estadual de Planejamento
e Pesquisas de Pernambuco – CONDEPE/FIDEM, de acordo com a Lei Complementar nº 049/03, denominada Lei da
Reforma do Estado. Anteriormente, entretanto, através da Lei Estadual nº 6.708, de 17 de junho de 1974 foram criados os
Conselhos Deliberativo e Consultivo da Região Metropolitana do Recife.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
interior dessas áreas. São resquícios do patrimônio edificado, principalmente nos séculos
XVII, XVIII e XIX, como apresentado no Capítulo de Resultados da Pesquisa, tendo como
exemplo, de maior relevância os Parques Metropolitanos Armando de Holanda
Cavalcanti, no Cabo de Santo Agostinho, o Parque dos Guararapes, em Jaboatão dos
Guararapes e o do Janga, no município do Paulista. Essa abordagem remete a duas
questões relevantes:
GRAU DE VULNERABILIDADE
Toda a trajetória, vivenciada pelos planejadores urbanos e gestores das cidades, desde a
década de 70, no caso em tela, de áreas integrantes da RMR, está marcada por um
processo de mudanças, que se efetuou de forma acelerada, principalmente nos últimos
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO
45
O esforço do GT– Parques Metropolitanos, desde 2001, foi direcionado para a elaboração de uma proposta preliminar
de criação de um SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DE ÁREAS DE
RELEVANTE INTERESSE – SEUC, que se justifica necessidade de um Sistema Estadual, para legislar de forma
complementar ao SNUC – Lei nº 9.985, 18 de julho de 2000, e também, adicionando o disciplinamento das Áreas de
Relevante Interesse do Estado de Pernambuco. Ao longo das discussões, o GT verificou que o objeto de seu estudo inicial
propiciava uma visão mais ampla do problema, tendo concluído, ser oportuno, um avanço no seu posicionamento no
sentido de desenvolver propostas para um sistema que abrigasse as unidades de uso sustentável com agregação de outro
valor, o de lazer.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente que prevê como um dos seus
instrumentos a criação de espaços especialmente protegidos pelo Poder Público
estadual;
A Constituição Brasileira, de 1988 que incumbe ao Poder Público definir em todas
as unidades da federação espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos. Por sua vez, estabelece como responsabilidade do
poder público, a proteção da fauna e da flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais à crueldade;
Todos os estudos em curso visando a revisão da Lei Estadual Nº 11.206/ 95, que
estabelece a Política Florestal para o Estado de Pernambuco e dispõe sobre as
unidades de conservação;
O Plano Estadual de Desenvolvimento Florestal e de Conservação da
Biodiversidade;
A falta de uma política e de um sistema estadual de áreas protegidas no Estado e
a carência de recursos humanos e financeiros para apoiar o planejamento e a sua
gestão;
A existência do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC;
A inclusão do critério “unidades de conservação” na nova Lei que estabelece a
distribuição do ICMS no Estado (Lei nº 11.899/00) --- ICMS Socioambiental;
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
SITUAÇÃO FUNDIÁRIA
46
Conceito de espaço periurbano já abordado no item 3. Base teórica e conceitual, segundo definições do Laboratório de
Estudos Periurbanos da UFPE.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
PRIORIDADES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS
Considerando que parte dos parques metropolitanos são áreas do setor público, exemplo
para o Parque Armando Holanda Cavalcanti, o Parque dos Manguezais e o Parque dos
Guararapes, torna-se fundamental a implementação dos mesmos, como forma de dotar a
região de espaços destinados à coletividade.
GESTÃO
47
Professor David Harvey, da City University of New York – CY, Estados Unidos, em sua palestra –
Questões Estruturais do Planejamento Metropolitano, durante o Seminário Internacional “Diálogos
Metropolitanos”, ocorrido em Curitiba, entre os dias 07 e 10 de maio de 2002.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Mito 5 - A ordem social ditada a partir do livre mercado, como se ele fosse condição básica
de resolver problemas das desigualdades sociais. Sobre essa questão destaca-se que
nada mais desigual do que tratar pessoas desiguais de forma igual;
Mito 6 - A solidariedade comunitária como um fim em si próprio e o entendimento de que
desta maneira as relações seriam a base de uma construção alternativa. A solidariedade é
uma base importante, porém as dificuldades são exclusivas de cada questão e os limites
devem ser colocados;
Mito 7 - A lógica de que a exploração de idéias vai oferecer soluções para tudo e a
perspectiva de que nem sempre conseguimos idéias aplicáveis à realidade local. Sobre
essa questão é importante considerar que a solução normalmente vem da base, ou seja,
da experiência e da prática, assim a vida diária é a matéria bruta para as soluções;
Mito 8 - Tudo se resolve com ordem, quando na verdade é preciso ter cuidado para que os
planejadores com poder não imponham uma ordem absoluta, provocando uma grande
confusão na prática e ordem nas coisas comunitárias. É, preciso, certa desordem como
forma de fermentação para se entender as questões do dia a dia; e, por fim,
Mito 9 - O movimento ambientalista onde as cidades se inserem como anti-ecológico e não
como um meio para se buscar novas abordagens e como um ambiente de base para
novas alternativas.
48
Atual Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – CONDEPE/FIDEM, segundo a Lei
Complementar nº 049/2003.
49
A Lei Complementar Estadual nº 10, de 06 de janeiro de 1994, instituiu o Sistema Gestor Metropolitano, exercido pelo
Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife - CONDERM, onde deliberam os 14 Prefeitos que
integram a região, além de igual número de representantes do Governo do Estado e mais 14 representantes das Câmaras
Municipais e 3 representantes da Assembléia Legislativa.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
7. REFERÊNCIAS
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
7. REFERÊNCIAS
VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento no Brasil. In: DEÁK,
Csaba; SCHIFFER, Sueli R. (Orgs.). O processo de urbanização no Brasil. São Paulo:
EDUSP; FUPAM, 1999.
WORKSHOP POLÍTICAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 1994, Brasília. Unidades
de Conservação: um debate conceitual. Brasília: Ministério dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal; Câmara dos Deputados; Comissão de Defesa do Consumidor, Meio
Ambiente e Minorias, nov./dez. 1994. Anexo 2.
ZANCHETI, S. M.; LACERDA, N. Desempenho do Plano de Revitalização do Bairro
do Recife: o caso do Pólo Bom Jesus. Recife, 1997.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
8. ANEXOS
8.1. QUADROS DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA NO BRASIL
8.2. QUADROS DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA NA RMR
8.3. PROCESSO HISTÓRICO DA POLÍTICA DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL NO
BRASIL
8.4. PROTEÇÃO LEGAL
8.5. PARQUE METROPOLITANO ARMANDO HOLANDA CAVALCANTI
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
QUADRO III – POPULAÇÃO URBANA E RURAL– TOTAL E PERCENTUAL, POR REGIÃO DO BRASIL - ENTRE 1950 E 2000.
Brasil e Situação População – pessoas e percentual/ Ano
Região do 1950 1950 1960 1960 1970 1970 1980 1980 1991 1991 2000 2000 (%)
Geográ- domicílio (%) (%) (%) (%) (%)
fica
Total 51.944.397 100,00 70.992.343 100,00 93.134.846 100,00 119.011.052 100,00 146.825.475 100,00 169.590.693 100,00
Brasil Urbana 18.782.891 36,16 32.004.817 45,08 52.097.260 55,94 80.437.327 67,59 110.990.990 75,59 137.755.550 81,23
Rural 33.161.506 63,84 38.987.526 54,92 41.037.586 44,06 38.573.725 32,41 35.834.485 24,41 31.835.143 18,77
Total 2.048.696 100,00 2.930.005 100,00 3.603.679 100,00 5.880.706 100,00 10.030.556 100,00 12.893.561 100,00
Norte Urbana 607.164 29,64 1.041.213 35,54 1.626.275 45,13 3.036.264 51,63 5.922.574 59,05 9.002.962 69,83
Rural 1.441.532 70,36 1.888.792 64,46 1.977.404 54,87 2.844.442 48,37 4.107.982 40,95 3.890.599 30,17
Total 17.973.413 100,00 22.428.873 100,00 28.111.551 100,00 34.815.439 100,00 42.497.540 100,00 47.693.253 100,00
Nordeste Urbana 4.744.808 26,40 7.680.681 34,24 11.756.451 41,82 17.568.001 50,46 25.776.279 60,65 32.929.318 69,04
Rural 13.228.605 73,60 14.748.192 65,76 16.355.100 58,18 17.247.438 49,54 16.721.261 39,35 14.763.935 30,96
Total 22.548.494 100,00 31.062.978 100,00 39.850.764 100,00 51.737.148 100,00 62.740.401 100,00 72.297.351 100,00
Sudeste Urbana 10.720.734 47,55 17.818.649 57,36 28.969.932 72,70 42.841.793 82,81 55.225.983 88,02 65.441.516 90,52
Rural 11.827.760 52,45 13.244.329 42,64 10.880.832 27,30 8.895.355 17,19 7.514.418 11,98 6.855.835 9,48
Total 7.840.870 100,00 11.892.107 100,00 16.496.322 100,00 19.031.990 100,00 22.129.377 100,00 25.089.783 100,00
Sul Urbana 2.312.985 29,50 4.469.103 37,58 7.305.650 44,29 11.876.780 62,40 16.403.032 74,12 20.306.542 80,94
Rural 5.527.885 70,50 7.423.004 62,42 9.190.672 55,71 7.155.210 37,60 5.726.345 25,88 4.783.241 19,06
Total 1.532.924 100,00 2.678.380 100,00 5.072.530 100,00 7.545.769 100,00 9.427.601 100,00 11.616.745 100,00
Centro- Urbana 397.200 25,91 995.171 37,16 2.438.952 48,08 5.114.489 67,78 7.663.122 81,28 10.075.212 86,73
Oeste Rural 1.135.724 74,09 1.683.209 62,84 2.633.578 51,92 2.431.280 32,22 1.764.479 18,72 1.541.533 13,27
Fonte: IBGE - Censo Demográfico
Notas:
1 - Para 1950: População presente.
2 - Para 1960: População recenseada
3 - Para 1970 até 2000: População residente
4 - Para 1950 e 1960: Os dados referentes ao nível Brasil incluem a população da região de Serra dos Aimorés, área de litígio entre Minas Gerais e Espírito Santo.
5 - Os dados referentes à unidade da federação Pernambuco, referentes aos anos 1950, 1960, 1970 e 1980, incluem os do território federal de Fernando de Noronha.
6 - Os dados referentes à unidade da federação Pernambuco, referentes aos anos 1991 e 2000, incluem os do distrito estadual de Fernando de Noronha, criado em 06.10.1988.
7 - Para 1950 e 1960: Os dados para a unidade da federação Minas Gerais excluem a população da parte da Serra dos Aimorés anexada à unidade da federação Minas Gerais.
8 - Para 1950 e 1960: Os dados para a unidade da federação Espírito Santo excluem a população da parte da Serra dos Aimorés anexada à unidade da federação Espírito Santo.
9 - Para 1970 e 1980: Dados da Amostra
10 - Para 1991: Dados do Universo
11 - Para 2000: Dados da Sinopse Preliminar
12 - Até 1970: Os dados referentes à unidade da federação Rio de Janeiro incluem a do Estado da Guanabara.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 5 – Resultados da Pesquisa
50
A Mesorregião Metropolitana do Recife é constituída pelas seguintes Microrregiões – Fernando de Noronha; Itamaracá
(Araçoiaba, Igarassu, Itamaracá e Itapissuma); Recife (Abreu e Lima, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes, Moreno,
Olinda, Paulista, Recife e São Lourenço da Mata); Suape (Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca).
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
51
O Brasil assinou a Convenção em 27 de dezembro de 1940, segundo Rocha, Carmem Moretzsohn. Legislação de
Conservação da Natureza.op.cit., p.30.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Uma região administrada pelos poderes públicos, onde existem condições primitivas
Reserva de Região Virgem naturais de flora, fauna, habitação e transporte, com ausência de caminhos para o
tráfego de veículos e onde é proibida toda a exploração comercial.
Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente,
dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do
Consumidor, Meio Ambiente e Minorias. Baseado em Rocha, Carmem Moretzsohn. Legislação de Conservação
da Natureza.1986.
Até o Novo Código Florestal de 1965, muitas áreas foram protegidas por Decretos, conforme
Quadro a seguir.
O novo Código Florestal – Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 – faz nova
categorização das áreas a serem preservadas, segundo a permissão ou não para a
exploração dos recursos naturais.
52
Rocha, Carmem Moretzsohn. Legislação de Conservação da Natureza.1986, cit., p.23.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio
Ambiente e Minorias.
Entre 1983 e julho de 1986 foram criadas no Brasil as Unidades de Conservação constantes
do Quadro a seguir.
Reserva Ecológica 04
Área de Relevante Interesse Ecológico 10
Total 29
Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor,
Meio Ambiente e Minorias.
Neste mesmo ano, o Decreto Federal nº 98.914, de 31 de janeiro de 1990, dispõe sobre a
instituição de Reservas Particulares de Proteção Natural – RPPN, por destinação do
proprietário, em caráter perpétuo. Essas reservas são constituídas por imóveis de domínio
privado onde existem condições naturais primitivas, semi-primitivas, recuperadas, ou cujas
características justifiquem ações de recuperação, pelo aspecto paisagístico, ou para a
preservação do ciclo biológico de espécies da fauna e da flora nativa do Brasil. O Decreto
Presidencial traz ainda o modelo de Termo de Compromisso a ser firmado pelo proprietário,
ou seu representante legal, que se compromete a divulgar, na região, a sua condição de
RPPN, destacando a proibição de desmatamentos, queimadas, caça, pesca, apanha,
captura de animais e quaisquer outros atos que afetem o meio ambiente local. No caso do
órgão federal de meio ambiente caberá ao mesmo encaminhar o pedido de isenção do
Imposto de Terras Rurais - ITR, junto ao INCRA. No quadro a seguir encontram-se as
características dessas unidades.
Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor,
Meio Ambiente e Minorias.
O Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, criado pela Lei Federal nº 6.938/81 e
estabelecido segundo Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, com alterações em alguns
dispositivos através do Decreto nº 91.305/85. O CONAMA promoveu uma articulação dos
diferentes tipos de unidades de conservação, com a Resolução nº 11/87, de 03 de
dezembro de 1987, que declara como Unidades de Conservação as seguintes categorias de
Sítios Ecológicos de Relevância Cultural, criados por atos do Poder Público: Estações
53
Reservas Extrativistas são espaços territoriais considerados de interesse ecológico e social, constituindo áreas
que possuam características naturais ou exemplares da biota e que possibilitem a sua exploração auto-
sustentável, sem prejuízo da conservação ambiental. Na sua criação são definidos os limites geográficos, a
população destinatária e as medidas a serem tomadas pelo Poder Público Executivo para a sua implantação,
ficando a cargo do órgão federal, no caso o IBAMA, as desapropriações que se fizerem necessárias.
54
Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
55
O Substitutivo ao Projeto de Lei nº 2.892/92 foi apresentado pelo Deputado Fábio Feldman.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Destina-se a preservar áreas que contêm Constituído por sítios abióticos singulares ou de
sítios abióticos e cênicos que, por sua especial beleza cênica,cuja extensão física
limitada ou ausência de diversidade de
MONUMENTO
singularidade, raridade, beleza e ecossistemas, não justifica a criação de um
NATURAL vulnerabilidade, exijam proteção, não Parque nacional. Objetiva preservar a natureza
justificando a criação de outra e proporcionar oportunidade para a pesquisa
categoria de UC, dada a extensão científica, a educação ambiental e o turismo
limitada da área ou a ausência de ecológico.
diversidade de ecossistemas. É
permitida a visitação pública....
Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio
Ambiente e Minorias.
TOTAL 14 36 3 12 6 3 1 5 80
Fonte – Plano de Preservação dos Sítios Históricos da Região Metropolitana do Recife – PPSH/RMR – 1978
* Por ocasião do PPSH/RMR, a região era composta de 9 municípios.
Visando detalhar a situação do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti este item
trata dos aspectos gerais e históricos; aspectos jurídicos e institucionais; aspectos
econômicos; das potencialidades e problemas na área, assim como elenca o conjunto de
propostas para a área, trazendo os elementos de uma gestão, no âmbito metropolitano.
convento, as ruínas da Capela Velha, do Antigo Quartel, do Forte Castelo do Mar, das
Baterias de São Jorge, da antiga Casa do Faroleiro, da Bateria de Calhetas e do Forte de
São Francisco Xavier, o qual, durante a Segunda Guerra Mundial, ainda serviu de posto
avançado de observação das forças aliadas.
Por seu aspecto singular de sítio natural e cultural, e de elemento turístico importante do
litoral do Estado de Pernambuco, foi desapropriado em 1979 pelo Governo do Estado e
destinado à implantação de um Parque Metropolitano.
Em 1983 a área do Parque é considerada Zona de Proteção Cultural, como parte das
normas de Uso do Solo do Complexo Industrial Portuário de SUAPE, aprovado pelo Decreto
nº 8447 de 02/3/83. Ainda em 1983 é lançado o Edital de Tombamento do Sítio Histórico do
Cabo de Santo Agostinho, só homologado em 1993 através do Decreto nº 17070 de
16/11/93.
56
O escritório Sena Caldas & Polito Arquitetos Associados foi contratado pela FUNDARPE e pela Empresa SUAPE para
elaboração do Revitalização, em tela.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
Em 1989 a Empresa SUAPE aprova a Permissão de Uso de Bem Imóvel, a título oneroso,
pelo prazo de 99 anos, de uma área de 117 ha, denominada Propriedade Tiriri, ao grupo
empreendedor do Hotel em Suape, tendo como contrapartida a restauração dos prédios
públicos, equipamentos e monumentos históricos, bem como a preservação do meio
ambiente do Parque por igual período, além do ônus pela vigilância, impostos e taxas
incidentes sobre a área do Parque.
Assim, em 1998 foi elaborado um novo Cadastro por Imóvel da Ocupação da Área do
Parque e, em 1999, novo Plano Estratégico foi desenvolvido no sentido de atualizar as
ações para a implementação do parque, bem como para permitir a sustentabilidade
ambiental, social e econômica da área, em parceria com o setor privado.
– ASPECTOS ECONÔMICOS57
Basicamente estas atividades econômicas estão voltadas aos serviços pessoais, tais
como corte e costura, cabeleireiro e manicure, assim como uma culinária local e a
fabricação de doces. Não há atividade com grande concentração de mão de obra.
57
Os dados apresentados têm por base o Plano Estratégico do Parque Armando de Holanda Cavalcanti, elaborado em
cumprimento ao Convênio nº 003/98 celebrado entre a FIDEM – Fundação de Desenvolvimento Municipal, a FADE –
Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE e a FUNCEF – Fundação dos Economiários Federais, com interveniência
da Empresa SUAPE – Complexo Industrial Portuário, da FUNDARPE – Fundação do Patrimônio Histórico Artístico de
Pernambuco e da CPRH – Companhia Pernambucana do Meio Ambiente, finalizado em 1999.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
A beleza de sua pequena faixa de praias e a seu potencial turístico destaca a área
em relação a outros pontos do litoral de Pernambuco.
A zona portuária apresenta, face às atividades com petróleo, material vulnerável, sob
o ponto de vista do controle, um certo risco, devendo, portanto, serem redobradas a
atenção para que não ocorra nenhum dano ao meio ambiente.
Praia de Suape com o Parque Metropolitano Vista aérea da Igreja de Nazaré, na parte central
Armando de Holanda Cavalcanti ao fundo. da área do parque.
Como dificuldades são consideradas:
A ocupação desordenada com prejuízos ao meio ambiente;
Processo erosivo do solo;
Envelhecimento da cobertura vegetal exótica;
Degradação da vegetação nativa com comprometimento da vida animal silvestre;
Precariedade de infra-estrutura, principalmente água e esgoto;
Dispersão de atividades produtivas;
Proximidade de atividades portuárias e industriais;
Proximidade de núcleos urbanos espontâneos, com comprometimento da ocupação
urbana;
Deficiência em capacitação profissional, social e ambiental da população residente e
dos usuários; e,
Ausência de uma política de regularização dos posseiros.
– PROPOSTAS
Com uma área de 270 ha., o Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti, conta
com as propostas estabelecidas no Plano Estratégico, elaborado em 1999, que pressupõe
como condição indispensável à sua implementação, a constituição de um Conselho Gestor
do Parque.
Assim, o Plano em tela recomenda que para uma área com as características
ambientais do Cabo de Santo Agostinho, a OMT58 estabelece como densidade
máxima, 25 habitantes por hectare, que, de acordo com a área destinada à vocação
turística (108 ha), determina uma capacidade máxima de ocupação por dia
(população residente + visitante / dia) de 2.700 pessoas.
A capacidade de absorção das áreas de praia foi também recomendada. Para este
caso, a Organização Mundial de Turismo estabelece uma área confortável de 25 m2
/ banhista ou 0,4 banhistas / metro linear de praia. De acordo com a extensão de
400 metros de praia, distribuídas entre Calhetas (120 m), Calhetinhas (80 m) e
Paraíso (200 m), determina-se que a capacidade máxima de banhistas são,
respectivamente, 48, 32 e 80, totalizando os 160 banhistas.
QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
PROJETOS AÇÕES
1. PARQUE INSTITUIÇÃO 04 04
2. PARQUE SÍTIO NATURAL 04 17
3. PARQUE SÍTIO CULTURAL 03 08
4. PARQUE SUSTENTABILIDADE 10 23
PARQUE - INSTITUIÇÃO
PROJETOS AÇÕES IMPACTOS
Adoção da categoria Área Especial de Assegurar a vocação turística do litoral
DEFINIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA
Interesse Turístico, mesmo considerando de Pernambuco, opção econômica para
DA ÁREA, COMO UNIDADE DE
a área como Parque Metropolitano, com o Estado.
CONSERVAÇÃO.
gestão compartilhada.
Estabelecimento de dois níveis de gestão: Atribuição de responsabilidades, e
DEFINIÇÃO DO MODELO DE GESTÃO Conselho Gestor, Órgão Consultivo e divisão específica de tarefas com
DO PARQUE Deliberativo e a Gerência Administrativa. gestão participativa para melhor
controle da área.
Definição dos usos e da ocupação, em Disciplinamento dos usos, atividades e
harmonia com os seus elementos naturais ocupações.
USO E OCUPAÇÃO
e construídos, a partir dos projetos
setoriais.
Identificação de todas as ocupações e Estabelecer as condições de
CADASTRO IMOBILIÁRIO
respectivas posses. permanência dos usos e ocupações.
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
PARQUE - SUSTENTABILIDADE
PROJETOS AÇÕES IMPACTOS
Oferecer meios de acesso dos produtores Oferta de produtos agrícolas para uma
FOMENTO A AGRICULTURA
locais a tecnologias alternativas de clientela especial, com possibilidade de
ORGÂNICA
cultivos orgânicos. ampliação do mercado consumidor.
Oferta de cursos de guias e de tratamento Criação de uma infraestrutura capaz de
de turistas, incluindo formas de tratamento atender as necessidades e os anseios
CAPACITAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA na apresentação dos produtos naturais, dos turistas da área, vindo a contribuir
artesanais e da culinária local. para o incremento de renda das
famílias.
Oferta de cursos de gerenciamento e Criação de um clima de preservação e
contabilidade objetivando permitir uma conservação das potencialidades
maior capacitação dos empresários locais existentes e de aproveitamento das
CURSO DE CAPACITAÇÃO
e dos presidentes das associações na oportunidades.
PROFISSIONAL
preservação dos recursos ambientais e
das riquezas advindas da exploração do
potencial turístico.
Adaptar um monumento ou um outro Criação de um espaço para um público
imóvel, com recursos técnicos e uma especializado constituindo uma
biblioteca virtual para professores e alternativa de ser referência para
IMPLANTAÇÃO DE UM CENTRO DE
estudiosos, principalmente profissionais encontros técnicos.
PESQUISAS
da área de consultoria, nas questões de
desenvolvimento sustentável, inclusive
dos recursos da flora e fauna existentes.
Aproveitamento das vocações locais de Incrementar a renda familiar e criar
fabricação de peças artesanais e no formas de participação da população
aproveitamento dos excedentes dos da terceira idade e dos jovens.
FOMENTO A FABRICAÇÃO CASEIRA produtos agrícolas;
Instalação de um centro de vendas de
artesanato, souvenirs, frutas e verduras Estruturar e dimensionar a venda da
biológicas e demais produtos naturais. produção local.
Melhoramento, ampliação e modernização Proporcionar atendimento de qualidade
das pousadas, bares e restaurantes, como condição para prolongar a
MODERNIZAÇÀO, AMPLIAÇÃO E dimensionados segundo a capacidade de permanência dos turistas no local.
IMPLANTAÇÀO DE EQUIPAMENTOS absorção do Parque;
DE APOIO AO TURISMO RECEPTIVO Implantação de barracas ou quiosques em
locais atendidos pela infraestrutura de
água, esgoto e energia elétrica.
Instalação de áreas de jogos ao ar livre Proporcionar atrativos para recreação,
(mini-golf bar, xadrez de solo, bocha) para esportes e lazer, principalmente da
atender as diferentes faixas etárias dos comunidade metropolitana.
usuários;
Instalação de mirantes nas diversas
localidades de descortínio paisagístico
com sua respectiva infraestrutura;
ELEMENTOS DE RECREAÇÀO, LAZER Construção de caminhos e trilhas naturais,
E DE INTERESSE TURÍSTICO autoguiadas, de interesse e de
características do sítio natural;
Implantação de áreas para camping e
piqueniques;
Implantação de centros esportivos nas
duas centralidades definidas para a zona
de atividades rurais e a de interesse
turístico e de lazer.
Identificação de locais para a pesca
esportiva, mergulhos e outros esportes
UTILIZAÇÃO DE PRAIA E MAR
náuticos;
Orientação para navegação e
Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR
estacionamento de embarcações;
Orientação para utilização de todos os
locais sem danos ao meio ambiente,
inclusive daqueles apropriados para
banho de mar.
Capacitação dos professores da rede Melhor qualificação profissional da
escolar local em técnicas de preservação população residente, com o objetivo de
ambiental, cultural e de participação preservação do Sítio Natural e de
comunitária; participação nas atividades
Elaboração do cadastro imobiliário como desenvolvidas.
elemento para estudo de regularização da
permanência no local;
ATENDIMENTO À COMUNIDADE Implantação de cooperativa de tratamento
RESIDENTE dos resíduos sólidos do lixo coletado;
Implantação do laboratório de fitoterapia
para aproveitamento da flora nativa no
tratamento alternativo de algumas
doenças, a custos menores;
Implantação de creches domiciliares, com
utilização da mão de obra das pessoas da
3a idade, devidamente capacitadas.
Edição de material sobre temas Ampliação da área de influência do
informativos e de divulgação como mapas, Parque e aumento do público cliente
normas, história, aspectos naturais, potencial.
ecologia e conservação da área do
DIVULGAÇÃO E PROMOÇÃO
Parque;
Promoção nos mercados emissivos após
pesquisa sobre equipamentos e
demandas existentes.
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– GESTÃO
A gestão de uma área dessa importância passa por vários níveis e instituições
envolvidas. Entretanto, torna-se fundamental a clareza na definição dos papéis de
cada um dos envolvidos. De fato, esse é um dos maiores desafios, que aliado à falta
de um proposta para a área pode levar a perdas irreparáveis.