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Monografia Ugf
Monografia Ugf
Belo Horizonte
2003
CENTRO DE ATUALIZAÇÃO EM DIREITO
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
Belo Horizonte
2003
ii
CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Renato Veloso
_____________________________
Assinatura
AVALIAÇÃO
1. CONTEÚDO 2. FORMA
________________________________ _____________________________
Assinatura Assinatura
3. GRAU FINAL
______________________________________
Marconi Bastos Saldanha
RESUMO
iii
O presente trabalho expõe um dos mais intricados problemas apresentados
na atualidade pelo processo brasileiro. Nunca foi tão discutida a problemática da prova em
é tornar presente fatos que já se passaram. Provar é também procurar a verdade sobre o que
de discute. O que se prova? Os fatos não se provam; os fatos existem. O que se prova são
as afirmações, que poderão se referir aos fatos. Com isso, o objetivo de prova é a busca ou
Art. 6. São direitos básicos do consumidor VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,
inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hiposuficiente, segundo as
Ônus da Prova, Efeitos da inversão do Ônus da prova, Inversão do ônus da Prova nos
iv
Acidentes de Consumo, Uniformização de Jurisprudência, Considerações Finais e
Referências Bibliográficas.
v
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SUMÁRIO
1. Introdução 07
4. Prova Legal 15
5. O Direito a Prova 15
14 . Uniformização de Jurisprudências 34
1 - INTRODUÇÃO
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processo civil e a oportunidade para declarar invertido o ônus da prova instituídos pelo
sendo constantemente questionado e debatido entre juristas, que buscam sempre novos
colocam-na em lugar de grande destaque, apesar de alguns exagerarem, nenhum, lhe nega
o merecido valor.
verdade do fato argüido. Neste sentido, as partes, demonstram a existência de certos fatos
passados, tornando-se presentes, a fim de que o juiz possa formar o seu convencimento. A
prova é matéria processual; via de regra, o ônus da prova cabe a quem alega, ou seja, cada
uma das partes deverá provar o que alegar, pois, vigora em nosso direito a seguinte
de Provas, que determina que se pode produzir toda e qualquer prova, em termos de
moralidade.
consumo estão presentes, no mundo atual, em todos os momentos da vida das pessoas onde
fornecedor.
do ônus da prova e seus detalhes como momento de aplicação e efeitos dela decorrente.
probatório, relativos aos ônus da prova. O Código de Processo Civil regulamenta no art.
333 que “o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito”.
José Frederico Marques, citado por Rogério Lauria Tucci, define prova
como: “Meio e modo utilizados pelos litigantes com o escopo de convencer o juiz
para formar sua convicção sobre os fatos que constituem a base empírica da
tornando-os presentes, a fim de que o juiz possa formar um juízo, para dizer quem tem
razão.
convicção do juiz. Aquele que quer provar terá que utilizar-se de meios apropriados e
adequados, que variam conforme a natureza do fato, e que precisam ser juridicamente
idôneos, com respeito aos princípios e às normas processuais, isso, significa por certo, que,
que se deva ou possa ser provado. E quando ao objeto concreto da prova, é o juiz quem
meramente protelatórias.
possibilidade de se instaurar um processo. Ele envolve uma série de passos que devem ser
introdução, no processo, das provas que entendam úteis e necessárias à demonstração dos
fatos em que assentam suas pretensões, embora de índole constitucional, não é, entretanto,
absoluto, ao contrario, com qualquer outro direito, também sujeito a limitações decorrentes
proteção.
devem ser expressas de forma taxativa e justificada. Existe uma propensão dos modernos
“lógica do razoável” do mestre Recaséns Siches, poderão ocorrer situações onde estarão
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provas orais. A etapa seguinte corresponde à produção, o que acontece entre o saneamento
e a audiência.
os seus resultados.
O segundo principio que é o da imediação diz que toda prova deve ser
3 - ÔNUS DA PROVA
baseia-se na idéia de que a parte que alega ter o direito deverá fazer prova disto. Segundo
Ovídio A. Batista da Silva, “pode, portanto, estabelecer, como regra geral dominante de
nossos sistema probatório, o principio segundo o qual à parte que alega a existência de
determinado fato para dele derivar a existência de algum direito, incumbe o ônus de
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demonstrar a sua existência. Em resumo, cabe-lhe o ônus de produzir a prova dos fatos por
Assim, o autor da ação deve fazer prova dos fatos que traz a juízo para
confirmar a existência de seu direito, enquanto que o réu terá o ônus da prova apenas
quando fizer afirmações, tendo em vista desconstituir o direito do autor. Quando o réu
apenas negar a existência do direito do autor, a este caberá o ônus probandi.( Jussier
Barbalho Campos).
Luiz Rodrigues Wambier, diz que: “O ônus difere de dever, pois este
pressupõe sanção. Sempre que norma jurídica impõe um dever a alguém, em verdade está
com o ônus, que implica tão somente, no caso de descumprimento do ônus da prova. Com
interesse se quer dizer que a prática do ato processual favorece à parte. Há interesse em
“Assim, ônus da prova pode ser conceituado como a conduta que se espera
da parte, para que a verdade dos fatos alegados seja admitida pelo juiz e possa ele extrair
ônus da prova”.
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exemplo, a prova de que um objeto saiu de fabrica ou mesmo da loja com um determinado
defeito. Isso se devia, ao mais das vezes, porque era requerida uma prova pericial para se
quando imaginava como iria provar que aquele defeito foi decorrente da má fabricação e
fornecedor e o consumidor, ficou estabelecido no art. 6º, inciso VIII, do CDC, a inversão
qualquer que seja a posição assumida pelo consumidor na relação jurídica processual, seja
incumbência do consumidor. A verdade é que, na maioria das vezes, essa discussão vai ser
irrelevante, posto que o normal é que o consumidor figure na posição de autor da ação,
fatos, diz: “O art. 302 impõe ao réu o ônus da impugnação específica dos fatos articulados
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pelo autor. Ora, para impugnar os fatos não se exige a afirmação de que ocorreram de outro
modo, que não o expressado pelo autor. Pode ser, apenas, negá-los. É perfeitamente
possível que o réu simplesmente diga que o fato não aconteceu. Nesse caso, negativa de
fatos, pela regra do ônus da prova, o réu estará isento de qualquer atividade probatória,
pois caberá ao autor provar que o fato existiu, e não ao réu que tal fato não se deu.
negativos, nestes, não há a afirmação da existência do fato pelo autor e a negativa pelo réu,
mas apenas a afirmação de que um fato que deveria ter ocorrido não houve. Afirma-se,
portanto, um fato negativo, que não aconteceu, e dessa inexistência é que se busca a
ocorrido. Mas assim não é. É preciso distinguir entre fato negativo definido e fato negativo
indefinido, pois, somente este não pode ser objeto de prova O fato negativo indefinido é
que não comporta prova, é aquele que demonstra uma universalidade de inocorrência, a
4 - Prova legal
jurídico a que esta prova se refere”, nessa hipótese, não cabe opção ao juiz, o qual fica
rigorosamente adstrito a, uma vez apresentada a prova legal e desde que a mesma tenha
sido tida por valida, ter como verdadeiro determinado fato, ou seja, haverá de lhe
motivado do juiz encontra limite nas provas legais. Se a prova legal existir validamente o
juiz não poderá deixar de lhe atribuir o valor probante que a lei lhe confere. Apesar de
viger no processo civil o principio da verdade formal, o legislador optou pela adoção de
forme seu convencimento com base em determinadas provas, ao passo que a regra sobre o
ônus da prova produz efeito somente depois que a fase probatória já se encontre
negativamente encerrada.
5 - O Direito a Prova
possibilidade de se instaurar um processo. Ele envolve uma série de passos que devem ser
respeitados, a fim de que seja assegurado às partes os efetivos acesso à justiça. Dentre eles,
úteis e necessárias à demonstração dos fatos em que assentam suas pretensões, embora de
índole constitucional, não é entretanto, absoluto. Ao contrário, com qualquer direito, está
justificada.
serviço, submetia-se as condições que lhe eram impostas, não possuindo forças para
seus direitos, bem como de pagarem as despesas processuais. Aliás, naquele, destaca-se
Esta mesma situação fática foi vivida há cinqüenta anos, quando surgiu a
fornecedor e consumidor.
A inversão do ônus da prova deve ser aplicada pelo juiz quando “for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente”. O dispositivo supra transcrito faz
menção expressa a esses dois requisitos. Inicialmente devemos levantar a discussão que
“ou” for lido como “e”, conjunção aditiva, haverá a necessidade da presença dos dois
isso mesmo deve ser entendido que a presença de apenas um dos requisitos é suficiente
ser aplicada quando requerida pela parte. Carlos Roberto Barbosa Moreira, ensina que
pode ser aplicada nas duas hipóteses. E justifica: “tratando-se de um dos direitos básicos
do consumidor, e sendo o diploma composto de normas de ordem pública (art. 1º), deve-se
1997, p. 128).
7.1 - Verossimilhança
consumidor, que pretende a inversão do ônus da prova. Não se destina apenas a verificação
ter a oportunidade de provar o fato constitutivo, não pela falta de provas, mas pelo abuso
quando a prova apontar para “uma probabilidade muito grande” de que sejam verdadeiras
as alegações do litigante.
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assenta em juízo de probabilidade, que resulta, por seu turno, da análise dos motivos que
lhe são favoráveis e dos que lhe são desfavoráveis. Se os motivos favoráveis são superiores
Edição).
7.2 - Hipossuficiência
direito do trabalho, pois acrescentou ao texto legal a partícula alternativa; mesmo que as
hipossuficiente.
Nesse rumo, ensina o Prof. José Roberto Bedaque que “os princípios
inerentes ao processo liberal não garantem um processo “justo” que só se verifica se, além
da igualdade jurídica, houver também igualdade técnica e econômica”, pois “vãs seriam as
liberdades do indivíduo se não pudessem ser reivindicadas em juízo. Mas é necessário que
significado de forma mais ampla do que realmente é, pois “embora os dicionários definam
pessoa de discernimento pouco desenvolvido para uma atuação vigilante na relação sócio-
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econômica. Não se trata do incapaz, eis que este tem a proteção específica que conduz a
feito com menos rigor pelo magistrado, tendo-se ademais sempre em vista que basta que
esteja presente qualquer destes dois requisitos para que seja lícita a inversão. (Arruda
Alvim, José Manoel de e outros. Código de Defesa do Consumidor Comentado, RT, 2. ed.
1995, p. 69).
para que o juiz lhe conceda o beneficio da inversão do ônus probanti. Esse dispositivo
deixou expresso que o privilégio haverá de ser concedido ao consumidor nos casos, e
apenas nos casos, em que pelas regras de experiência, se possa presumir a veracidade de
suas alegações.
ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito. (Nery Júnior, Nelson. O processo civil
do ônus da prova. Partindo deste ponto, a parte deve ter o conhecimento prévio dos
critérios de distribuição que serão utilizados pelo magistrado para direcionar sua sentença,
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sob pena de não ter a oportunidade de provar suas alegações no momento ideal, bem como,
adversário.
Nesse sentido, admitir que as partes somente possam ter conhecimento das
regras de distribuição do ônus da prova no momento em que o juiz for prolatar sua
sentença, ou seja, após toda a instrução probatória ter sido precluída, será como um afronto
ao principio da ampla defesa, pois, não obstante, a parte já não poderá mais, na sistemática
processual vigente, produzir novas provas, salvo nos termos do artigo 303 do Código de
Processo Civil.
Moreira, é incorreta essa tendência pois, ao despachar a inicial, o Juiz não conhece os
argumentos da contestação e, dessa maneira, não conhece ainda quais são os pontos
conflitos. Isso ocorre por ser de difícil compreensão a definição de quem irá provar
determinado fato, somente após a fase instrutória, uma vez que todas as provas já estão
inversão do ônus da prova no inicio da fase instrutória, cuja idéia coaduna com a reforma
do Código de Processo Civil e a nova redação do art. 331, parágrafo 2º que determina que
não sendo possível a conciliação o juiz deverá fixar os pontos controvertidos e determinar
“Há uma outra inovação, prevista pelo CDC, que tem por objetivo o de
compensar as desigualdades entre as partes, dando ao juiz mais poder, sem, todavia,
prova, caso chegue à conclusão no sentido de que uma das partes é hipossuficiente, quando
mesmo depois que esta se encerre, que à outra caberá provar que ao hipossuficiente não
assiste razão.
não nos parece haver razões bastantes para que se diga não poder decorrer esta
regra ou antes da instrução, para que se faça uma redistribuição do ônus da prova, em
função desta regra, ou mesmo depois de finda a instrução, quando, só em virtude de como
esta terá ocorrido, se apercebe o juiz da hipossuficiência de uma das partes. Neste caso,
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danos só se dará por opção do credor ou quando a tutela específica seja impossível.
direitos individuais, quando isto for possível (por exemplo, quando um consumidor, com
base num dispositivo de direito material contido no CDC, intenta, contra o fornecedor,
ação com base nesta lei), têm rito comum, ordinário ou sumaríssimo, obedecidas as
Assim, pode-se pleitear liminar, pode haver inversão do ônus da prova, até,
de acordo com o art. 16 da LACP, os recursos interpostos podem passar a ter efeito
suspensivo.
Pensamos que isto ocorre também com as ações em que se pleiteiam direitos
individuais, previstos no CDC, ou seja, parece-me que também este autor pode usufruir dos
benefícios (peculiaridades) de rito criados pelo CDC e pela LACP, sendo a ação coletiva,
Quando se tratar de ação cujo resultado econômico seja próprio da ação civil
Ovídio A. Baptsta da Silva, diz que “o juiz não poderá exercer a faculdade
de inverter o ônus da prova senão no momento em que, estando a sentenciar, verifique que
autos. A declaração prévia porventura feita pelo magistrado de que se irá valer da
hipotética, pois ele não poderá saber antecipadamente qual o fato resultará carente de
prova”. Concluindo, diz: “para que o juiz declare antecipadamente que inverterá o ônus da
prova, é indispensável que indique, dentre as afirmações feitas pelo autor, qual será tida
como presumivelmente verdadeira, mesmo que a prova lhe cabia fazer, segundo o art. 333
que o consumidor ingressa em juízo com sua pretensão, o magistrado diante das alegações
carreadas, dispõe, desde já, com a possibilidade de aplicar a inversão, quando preenchidos
maneira, é importante diferenciar o tratamento para cada uma das situações quanto à
dano e o nexo causal para constituir a obrigação de indenizar. Pode o juiz diante de casos
de fato do produto ou do serviço determinar a inversão do ônus da prova para que fique
provado o nexo causal, vez que estabelecer este liame, muitas vezes, depende de perícia
técnica, o que torna difícil a posição do consumidor em juízo, lembrando que sempre
consumidor.
o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes
partes viciadas”.
alegação.
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Lobo: “este principio ( art. 6º, VIII, do Código do Consumidor) preside todas as relações
entregues sem vícios ocultos ou aparentes, e que tais defeitos são supervenientes e
exploradas.
disposta em seu art. 6º, inciso VIII, mais precisamente, a uma questão anterior ao momento
ou restrições de direito, de acordo com o ordenamento jurídico pátrio, sempre devem estar
dispostas de maneira expressa, o que não é o caso do art. 6º, inciso VIII.
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objetivamente. Para se evitar violações com esta, a análise do ônus da prova deverá atender
aos princípios da hermenêutica, de forma que jamais poderá impor-se ônus impossível à
parte.
Civil, impõe ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos do direito que alega. O
mencionado dispositivo tem como um dos seus fins obstar o uso indevido do processo para
direito que a parte adversa não pode provar, assim, conseguiria um titulo judicial lícito,
porém fulcrado em fatos e intenções ilícitas. Até por isso o art. 333, parágrafo único, inciso
I dispõe que “é nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando
à sua atividade.
Sendo assim, tal dispositivo não se aplica em casos cujo objeto probatório
Judiciário deve atender aos princípios da hermenêutica que impõem uma interpretação
constitucionais, visto que, a lei exige requisitos subjetivos para a inversão do ônus da
Caixa Econômica Federal, mas não para o efeito de dispensar o autor do adiantamento das
despesas de perícia por ele requerida. Citou lição doutrinaria, no sentido de que a inversão
ocorre apenas no momento da sentença, para evitar o non liquet. (TRF 3ª. Região, 2ª
“Ônus da prova” é expressão com duplo sentido, um subjetivo e outro objetivo. Em sentido
subjetivo, trata-se de determinar qual das partes deve produzir provas. É regra geral que o
ônus da prova recai sobre quem alega fato constitutivo, impeditivo ou extintivo. Em
sentido objetivo, trata-se de orientar o juiz sobre a decisão a tomar, caso não tenha sido
provado o fato.
prova ao seu aspecto objetivo e ao que parece indevidamente, visto que, não adiantando o
autor o valor das despesas com a perícia não ficará provado o fato por ele alegado. Ora, soa
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absurdo que, no momento da sentença, diga o juiz: “nada tendo sido provado, julgo
procedente a ação dado que, por inversão, incubia à ré o ônus da prova”. Se, pelo contrário,
disser o juiz: “nada tendo sido provado, julgo improcedente a ação”, onde terá ficado a
inversão do ônus da prova?. Na verdade, a inversão do ônus da prova deve ser decretada
pelo juiz antes da sentença, para que as partes saibam como se conduzir no processo para
que saibam a qual delas incumbe o ônus do adiantamento das despesas com perícia.
Carlos Amaral Leão, ao conceituar acidente de consumo afirma serem “os acidentes
referentes aos vícios de qualidade por insegurança, são os que mais afetam o combalido
de segurança, que é mais que uma obrigação, é mesmo um dever do fabricante garantir a
Empreendimento onde, “todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no campo
Acórdão nº 14551 da Primeira Câmara Cível do Tribunal do Estado do Paraná: “em ação
consumidor incumbe o ônus de provar apenas o dano e o nexo de causalidade entre esse e
exclusiva do consumidor.
Proteção e Defesa do Consumidor que é a inversão do ônus da prova. Tal discordância tem
amparo nos ensinamentos do Ilustre Professor Carlos Machado Vianna, em sua obra
comenta sobre a inversão do ônus da prova da seguinte forma: “isso significa que ao
consumidor bastara alegar o dano, cabendo ao produtor provar que ele não ocorreu,
Esses altos custos, todavia, não são inteiramente suportados pelo Estado,
cabendo as partes, em regra, provar as despesas dos atos que realizem ou requerem no
processo, antecipando-lhes o pagamento em todo o seu curso. Esse adiantamento deve ser
realizado antes da realização de cada ato pelo litigante que requer sua consecução, que
Surge daí a questão: uma vez operada a inversão do ônus da prova nas lides
de consumo, a quem cabe ônus o ônus de antecipação de despesas nos casos de atos
probatórios requeridos pelo consumidor, determinadas de oficio pelo juiz ou requeridas por
ambas as partes?
estabelecidas no Código de Processo Civil, pelo simples fato de não se pode identificar o
ônus da prova com o ônus financeiro da realização dos atos probatórios. As normas do
Código do Consumidor que prevêem a inversão do ônus da prova servem como meio de
das partes.
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de Processo Civil, que trata do ônus subjetivo da prova, e não das normas do art. 19 e
seguintes, que tratam do ônus financeiro da produção dos atos processuais. Entendimento
insuficiência econômica, baseada nos critérios estabelecidos no art.2, par. Único da Lei nº
1.060/50.
probatórios por ele requeridos, devendo arcar ainda, se for o autor da demanda, com as
prova previsto no art. 6º, inc. VIII do Código de Defesa do Consumidor, que diz com
assistência judiciaria prevista em nosso ordenamento pela já mencionada Lei 1.060/50, que
serve de exceção legal aos ditames processuais referentes ao ônus financeiro de realização
(Reg. 94 57040) Relator: O Sr. Ministro Ruy Rosado De Aguiar, Ementa Prova. Código
determinar que o réu apresente a cópia do contrato que o autor pretende revisar em juízo.
Aplicação do disposto no artigo 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor. Arts. 396 e
283 do CPC. Acórdão Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da
Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas
que lhe ordenou a juntada de cópia do contrato objeto da ação, alegando que essa prova
deveria ter sido feita pelo autor, com a inicial. Negado provimento ao agravo, foi
interposto recurso especial, fundado em ofensa aos artigos 396 e 283 do CPC, além de
instrumento, negado pelo ilustre Min. Dias Trindade através da seguinte da decisão: "Não
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contraria aos arts. 283 e 396 o acórdão que convalida decisão do juiz determinando, de
instituições bancárias com os usuários dos seus serviços são reguladas pelo Código de
Defesa do Consumidor, como está previsto no artigo 3º, § 2º: "Serviço é qualquer atividade
restabelecer alguma igualdade nas relações de consumo, uma vez que o fornecedor ou o
intelectuais para o desempenho da sua atividade. Percebendo que não bastava inquinar de
prova, assim como disposto no artigo 6º, inciso VIII, que incluiu entre os direitos básicos
de consumidor "a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
aplicação deste princípio pode ser feita em muitas situações, sendo propícia à que se
regra formal dos artigos 283 e 396 do CPC, atribuindo à parte Autora instruir a petição
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inicial com os documentos destinados à prova de suas alegações, que no caso consistiria na
reexaminar. O Réu não nega a existência do contrato, mas quer ver encoberto o direito do
Autor de reclamar contra as condições do negócio, por desatenção à regra formal. Ora,
aconteça com o pequeno agricultor que talvez nem tenha recebido cópia das condições
gerais do negócio (o que não é incomum), e certamente não terá um gabinete com cofre se
habitar uma casa de taipa, o "Rincão dos Potreiros", interior de São Nicolau, chão
missioneiro onde há trezentos anos procurou-se construir uma sociedade mais igualitária.
Penso, portanto, que essas novas exigências éticas feitas para a regulação do tráfico
comercial e que se estendem para todos os ramos do Direito, inclusive para o campo
processual, devem orientar o comportamento das partes. Não se trata de simples preceito
direitos fundamentais do cidadão estabelecem enunciados que devem regular não apenas
suas relações com o Estado, mas orientam todo o campo da autonomia privada, sobre o
qual igualmente incidem. Portanto, aplicando a regra sobre a inversão do ônus da prova
maior facilidade de o Banco apresentar cópia do contrato, concluo pelo acerto da decisão
na alínea "a", igualmente não é admissível pela letra "c", pois o paradigma não versou
PROVA.
Quinta Câmara Cível Relator: Rui Portanova Ementa Defesa Do Consumidor. Relação
Bancária. Ônus Da Prova. A relação entre o banco e o cliente é uma relação de consumo.
Assim, ao consumidor basta alegar, pois o ônus da prova é invertido em seu favor. Logo,
competia ao Banco provar que não havia necessidade de agir. Sem esta prova, a ação de
Esta Corte, em repetidas vezes, tem decidido que a relação jurídica entre a
entidade bancária e os clientes é uma relação de consumo. Logo, os litígios entre bancos e
clientes, devem ser resolvidos sob a égide do Código de Defesa do Consumidor.” APC
193.051.216 - Sétima Câmara Cível - Rel. Antônio Janyr Dall'Agnol Júnior - Código De
quem \'equiparado', e o caso do art. 29, para o efeito das práticas comerciais e da proteção
do consumidor diz que o ônus da prova é invertido em favor do consumidor (art. 6º, VIII,
Assim, ao consumidor basta alegar, pois o ônus da prova é invertido em seu favor. Logo,
competia ao Banco provar que não havia necessidade de agir. Sem esta prova, a ação de
Alçada João Carlos Branco Cardoso, Presidente, E Silvestre Jasson Ayres Torres.
revisão é pleiteada pelo cliente. Ante o nexo existente, é possível a revisão de contrato
extinto por novação. Não é procrastinatório o pedido de prova pericial para a demonstração
Ônus Da Prova Considerando que a autora informa não possuir o referido contrato, aplica-
se à espécie o disposto no art. 6º, inc. VIII, da Lei 8078/90, cabendo ao Banco acostar o
diz com o mérito da ação e não prescinde de dilação probatória, haja vista a possibilidade
Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), por força do contido em seu art. 3º, §
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2º. Esse diploma legal, ainda, em seu art. 6º, VIII, prevê a inversão do ônus da prova, pelo
normas estabelecidas pelo CDC têm aplicação às relações contratuais bancarias, inclusive
o dispositivo da legislação (CDC - Art. 6º, VIII) que permite a inversão do ônus da prova
fatos alegados pelo autor. Este entendimento foi reafirmado pela Quarta Turma do
Superior Tribunal de Justiça durante exame de um recurso especial ajuizado pelo Banco do
Brasil contra decisão tomada pela 2ª Cível do Tribunal de Alçada do Rio Grande do Sul. O
relator da matéria foi o ministro Ruy Rosado de Aguiar. Processo; RESP 264083.
15 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
um instrumento feito para defesa do consumidor, como seu próprio nome dispõe. Ele
por inadequação, uma para os vícios de quantidade e um para os vícios de qualidade por
insegurança. Cumpre, portanto o seu constante estudo por parte de quem vai com ele
e tentar equilibrar uma balança que quase sempre pende para o lado do fornecedor. Mauro
consumidor a justiça ensina que “se não chega a ser a época de uma guerra civil dos
escopo último consiste em tornar o direito e a justiça acessíveis aos cidadãos, ou seja, aos
sociedade civil, da qual com demasiada freqüência ele se alienou”. (Cappelletti, p. 63).
16 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• ALMEIDA, João Batista de. A proteção do consumidor. São Paulo: Saraiva, 1993.
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209 e 210.
• SANTOS, Moacyr Amaral dos. Comentários ao Código de Processo Civil, 6 ed, Rio de
www.oab-mg.com.br/escola.
• Wambier, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil, 3 ed., Editora Revista
dos Tribunais.