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Aparelho
Locomotor
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Na Unidade, 2 você entenderá como o aparelho locomotor é cons-


tituído e como cada sistema que o forma atua a fim de possibilitar
o movimento humano harmônico e de forma coordenada pelo
sistema nervoso. Nesta unidade, você também entenderá as particu-
laridades dos ossos, das articulações e dos músculos que compõem
o corpo humano.
UNICESUMAR

Você sabe quantos ossos tem o corpo humano? Será que um recém-nascido tem a mesma quantidade
de ossos que um adulto? Você tem noção de quantos músculos temos? Será que todos os músculos
agem ao mesmo tempo?
Acho que de imediato você só saberá a resposta para estas perguntas se for realmente um interes-
sado em Anatomia Humana. No entanto, você será bastante questionado em relação a estas e muitas
outras curiosidades do corpo quando estiver atuando profissionalmente. Por isso, ao ler e participar
das atividades propostas nesta unidade, você se tornará hábil a respondê-las de prontidão.
Perceba a importância de sua atuação como futuro profissional da saúde. Em sua jornada, você irá
se deparar com diversos perfis sociais, econômicos e técnicos de pacientes, cujas necessidades deverão
ser identificadas segundo suas habilidades e conhecimentos na área de Anatomia.
O Governo Federal, por exemplo, em conjunto com o Ministério da Saúde, dentro das estratégias
públicas de atenção à saúde da família, desenvolveu o Programa Saúde na Escola. Este projeto tem
o objetivo de, entre outros, promover e ampliar “o alcance e o impacto de suas ações relativas aos
educandos e suas famílias, otimizando a utilização dos espaços, dos equipamentos e dos recursos
disponíveis” (BRASIL, 2021).
Uma das diretrizes básicas do Programa, é a articulação entre saberes compartilhados entre a
comunidade escolar, pais e sociedade, tornando-os agentes ativos e com autonomia e participação
na construção de políticas públicas em Saúde. E é aqui que você entra! Como futuro profissional da
Saúde e Bem-Estar, você poderá contribuir diretamente nesta empreitada.

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UNIDADE 2

Imagine que, após terminar sua graduação, você seja convidado a ministrar uma palestra sobre o
aparelho locomotor para uma turma de ensino médio que prestará vestibular na área da Saúde e do
Bem-Estar.
Com base no artigo “A importância da Educação Postural evitando situações que possam afetar a
saúde de crianças e adolescentes em idade escolar”, uma das preocupações diz respeito às frequentes
alterações posturais e queixas de dor na região da coluna vertebral em crianças e adolescentes, pelas
possíveis consequências patológicas nos indivíduos na fase adulta.
Suponha que durante tais aulas alguns alunos lhe façam as perguntas que eu mesma fiz no início
da unidade, e também questionem outras coisas mais profundas, por exemplo, sobre como as nossas
articulações se mantêm funcionantes durante o envelhecimento.
A fim de que você esteja bastante preparado para estes e tantos outros questionamentos aos quais
você irá responder ao longo da sua vida profissional, fundamente-se nas informações trazidas pelo
artigo indicado, bem como, o que você estudou até aqui, na Unidade 1, e identifique os principais
argumentos e estratégias para que sua palestra junto aos adolescentes os esclareça e seja engajadora.
Experimente pensar em demonstrar a esta turma de ensino médio um laboratório de aula prática de
anatomia humana, na qual ela poderá ter contato com um esqueleto humano adulto e compará-lo aos
ossos de um feto, por exemplo. Aqui, você pode correlacionar a proposta de sua palestra com a iden-
tificação de importantes articulações que podem ser comprometidas pela falta de Educação Postural.
No laboratório, você também poderá mostrar aos alunos um cadáver com suas articulações e
músculos dissecados e eles poderão entender como o envelhecimento afeta o sistema articular. Após
esta prática, você chegará à conclusão de que seus conhecimentos prévios são essenciais para seu de-
senvolvimento profissional, seja na docência ou na atuação prática. Para tanto, anote suas conclusões
no Diário de Bordo.

DIÁRIO DE BORDO

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UNICESUMAR

SISTEMA ESQUELÉTICO

Ossos são peças rígidas, com formatos variados. Eles são muito plásticos, ou seja, adaptam-se às es-
truturas vizinhas, inclusive permitindo que tais estruturas lhes imprimam marcas em decorrência do
contato.
A criança apresenta um total de 350 ossos, mas o indivíduo adulto tem este número reduzido para
206. Você pode se perguntar: “O que ocorre para este número reduzir tanto”? Na verdade, há uma fusão
em vários ossos do corpo, por exemplo, no osso frontal, no sacro e nos ossos do quadril. Além disso,
você precisa saber que este número pode sofrer variações de acordo com características individuais.
Por exemplo, se a pessoa tiver um dedo ou uma costela a mais ou a menos. Além disso, este número
total de ossos também pode ser influenciado pelo critério de contagem adotado.
Muitas vezes escuto pessoas dizendo que o peso alto na balança não é porque estão acima do
peso, e sim por conta de terem ossos largos e pesados. Sorrio quando ouço isso porque tenho a
impressão de que as pessoas se veem como o Wolverine e seus ossos de adamantium. Acho que as
pessoas imaginam que os ossos pesam muito mais do que verdadeiramente pesam. Você sabe qual
é o peso real dos seus ossos? Por exemplo, em um homem adulto de cerca de 80 Kg, os ossos pesam
cerca de 12 Kg. Assim, não é tanto quanto a maioria das pessoas julgam ser.
Se você acha que a função dos ossos se restringe a possibilitar movimentos, você está muito enganado.
Na verdade, o esqueleto desempenha várias funções, inclusive algumas consideradas vitais (MOORE et
al., 2014). De fato, os ossos se relacionam ao movimento, embora não os produzam. Isto porque quem
faz o movimento acontecer são os músculos e, por isso, estes são considerados os elementos ativos do
movimento (por outro lado, os ossos são elementos passivos do movimento). Eles são tracionados

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UNIDADE 2

pelos músculos em um efeito de alavanca. É o que ocorre, por exemplo, quando o músculo quadríceps
femoral traciona a tíbia e gera movimento de extensão do joelho.
Outras duas funções dos ossos podem ser identificadas quando observamos atentamente o corpo
humano na posição bípede (em pé). A habilidade dos ossos em suportar o peso corporal e dar forma
aos diferentes segmentos do corpo é extraordinária. Tais funções são percebidas quando imaginamos
um osso fraturado (o fêmur, por exemplo) e temos a certeza de que é impossível descarregar peso sobre
ele. Além disso, se você comparar a forma arredondada do seu crânio à forma alongada de seus dedos
terá clareza de que os ossos são os responsáveis por tais diferenças.
Quando os ossos protegem os órgãos internos, sintetizam células sanguíneas e absorvem toxinas,
certamente concluímos que suas funções também são vitais. Ao observarmos, por exemplo, a impor-
tante ação das costelas e do osso esterno envolvendo o coração e os pulmões, e do crânio envolvendo
o encéfalo, fica claro o quanto os ossos são relevantes. Além disso, os ossos atuam como reservatórios
de cálcio, fosfato e magnésio os quais são essenciais à transmissão sináptica e à contração muscular.
A síntese de células sanguíneas ocorre por meio da medula óssea vermelha que se localiza no interior
dos ossos. Por fim, os ossos são hábeis em absorver toxinas e metais pesados da corrente sanguínea
diminuindo os efeitos deletérios destes compostos em outros tecidos (principalmente no fígado e rins).
O esqueleto pode ser dividido em duas partes funcionais interligadas: o esqueleto axial e o esqueleto
apendicular. O esqueleto axial é formado pelos ossos localizados na região central do corpo, como
aqueles da cabeça (ossos do crânio), pescoço (osso hioide e vértebras cervicais) e no tronco (osso
esterno, costelas, vértebras e sacro). O esqueleto apendicular é formado pelos ossos localizados nas
extremidades do corpo, ou seja, nos membros superiores e inferiores, incluindo aqueles que formam
os cíngulos (escápula, clavícula e ossos do quadril) (DANGELO; FATTINI, 2011).

ANATOMIA DO SISTEMA ESQUELÉTICO HUMANO

Figura 1 - Esqueleto apendicular e es-


queleto axial

Descrição da Imagem: esque-


leto apendicular (ossos dos
membros superiores e inferio-
res e ossos dos cíngulos). Es-
queleto axial (ossos da cabeça,
pescoço e tronco).

Esqueleto apendicular Esqueleto axial

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Ao avaliar o comprimento, a largura e a espessura dos ossos, podemos agrupá-los em 6 tipos principais:
longos ou tubulares, curtos, laminares ou planos, irregulares, sesamoides e pneumáticos (WATANABE,
2000). Ossos longos ou tubulares têm predomínio do comprimento em relação à largura e à espessu-
ra. Apresentam uma cavidade central (chamada cavidade medular) que abriga a medula óssea. Além
disso, sua parte central é chamada de diáfise e suas extremidades são as epífises. Enquanto, a epífise
proximal fica mais próxima do cíngulo do membro, a epífise distal fica mais distante dele. A região de
transição entre epífise e diáfise recebe o nome de metáfise. O fêmur é um exemplo deste tipo de osso.

Estrutura do osso longo (úmero) inteiro

Osso
esponjoso
Epífise
proximal Placa óssea
cortical

Artéria nutrícia
Periósteo
Vasos
sanguíneos Periósteo
Osso compacto
Diáfise Osso esponjoso
Endósteo
Cavidade
medular Endósteo

Cavidade
medular

Epífise
distal

Figura 2 - Estrutura do osso longo (úmero)

Descrição da Imagem: a imagem mostra, à esquerda, o exemplo de um osso longo (o úmero inteiro), destacando suas
partes: Epífise proximal, diáfise, epífise distal. À direita, o úmero aparece cortado, mostrando sua estrutura interna. Es-
querda (de cima de baixo): Epífise proximal; Diáfise; Epífise distal; No meio: Periósteo; Osso compacto; Osso esponjoso;
Endósteo; Cavidade medular; Vasos sanguíneos; Direita (de cima de baixo): Osso esponjoso; Osso compacto; Artéria
nutrícia; Periósteo; Endósteo; Cavidade medular.

Alguns ossos têm características semelhantes, mas não apresentam cavidade medular e, por isso, são
chamados de alongados ao invés de longos. Ossos curtos têm os três diâmetros (comprimento, largura e
espessura) equivalentes, apresentando forma cuboide. É o que ocorre, por exemplo, com os ossos carpais

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UNIDADE 2

e tarsais. Por outro lado, os ossos laminares ou planos são largos e pouco espessos. Geralmente, estes
ossos têm função protetora, como os ossos planos do crânio (o parietal é um bom exemplo). Ossos
irregulares têm formatos variados sem predomínio específico de nenhum diâmetro. São exemplos
os ossos da face e as vértebras. Os ossos sesamoides (também chamados de ossos intratendíneos
ou periarticulares) desenvolvem-se em alguns tendões e são encontrados onde os tendões cruzam
as extremidades dos ossos longos. Assim, protegem os tendões contra desgastes e podem mudar seu
ângulo de inserção. A patela é um deles. Todavia, algumas pessoas podem ter ossos sesamoides nas
mãos e pés como variação anatômica. Ossos pneumáticos apresentam cavidades contendo ar em
seu interior e localizam-se no crânio (osso frontal, maxila, esfenoide e etmoide). Suas cavidades são
revestidas por mucosa e são chamadas de seios. Devido ao fato de drenar seu conteúdo mucoso para
a cavidade nasal, podem ser chamados em conjunto de seios paranasais.
Ossos longos ou tubulares

Ossos planos ou chatos Ossos curtos ou cubóides

Substância
óssea
compacta
Substância
óssea
esponjosa

Cavidade medular
Ossos irregulares
Substância
óssea compacta

Figura 3 - Tipos de ossos

Descrição da Imagem: a figura apresenta exemplos dos tipos de ossos quanto à forma.

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UNICESUMAR

Quando você observa atentamente um osso, é comum achar que se


trata de um tecido inerte, seco e até sem vida. Todavia, muito pelo
contrário, o tecido ósseo é vivo, dinâmico e se desenvolve e cresce
por meio de um metabolismo muito ativo. Para você ter uma ideia,
os ossos se renovam, em média, a cada dois anos. Isto significa que
o fêmur ou o crânio que você tem hoje, não são os mesmos que você
tinha há dois anos atrás e nem serão os mesmos que você terá daqui
a dois anos. Fantástico, não?
A constituição do tecido ósseo também é fabulosa, pois os ossos
são constituídos a partir de três componentes principais: água, ma-
triz óssea orgânica e matriz óssea inorgânica (DANGELO; FATTI-
NI, 2011). A água representa cerca de 25% de sua estrutura. Todavia,
é importante ressaltar que esta proporção é maior em recém-nas-
cidos e crianças, e vai diminuindo à medida que o envelhecimento
ocorre. A matriz orgânica também representa cerca de 25% da
estrutura óssea e é constituída por colágeno e proteoglicanas. As-
sim, esta matriz é rica em proteínas que dão resistência à tensão
e à tração às quais os ossos estão sujeitos diariamente. Por isso, a
matriz orgânica está diretamente relacionada à maleabilidade óssea,
ou seja, sua ausência pode causar doenças como, por exemplo, a
doença dos ossos de vidro. Nesse caso, os ossos não resistem à tensão
e à tração que os músculos lhes impõem e se tornam quebradiços,
mesmo aos menores esforços. A matriz inorgânica representa cerca
de 50% da estrutura óssea. É constituída por sais minerais (princi-
palmente, fosfato de cálcio e carbonato de cálcio) os quais dão ao
osso resistência à compressão. Deficiência nos componentes dessa
matriz também pode tornar os ossos quebradiços.
O tecido ósseo pode se organizar em dois tipos principais de
ossos: os compactos (ou corticais) e os esponjosos (ou trabecula-
res). No osso compacto, as trabéculas ósseas estão bem próximas
e formam uma estrutura pouco porosa e com alta capacidade de
resistência para sustentação de peso. Assim, atuam como colunas
que suportam a descarga de peso. Em contrapartida, no osso es-
ponjoso as trabéculas ósseas estão mais afastadas, deixam espaços
entre si os quais são preenchidos por ar. Essa disposição origina
uma estrutura altamente porosa e adaptada à absorção de impacto.

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UNIDADE 2

Osso esponjoso Osso esponjoso

Epífise proximal Osso compacto


Cartilagem articular

Artérias nutrícias

Endósteo
Medula óssea amarela

Diáfise

Epífise distal

Artérias nutrícias
Periósteo
Osso compacto

Figura 4 - Osso compacto e esponjoso

Descrição da Imagem: a figura apresenta um osso fêmur inteiro e um osso em secção coronal, evidenciando os tipos
de substâncias ósseas (compacta e esponjosa) e a cavidade medular com a medula óssea.

É importante que você saiba que a distribuição de tecido ósseo compacto e esponjoso nos ossos não é
uniforme, mas depende das solicitações biomecânicas impostas, ou seja, varia de acordo com a função
exercida pelo osso, com a tração e com a pressão a que os ossos são submetidos. Assim, embora todos
os ossos tenham uma fina camada superficial de osso compacto ao redor de uma massa central de
osso esponjoso, ossos longos adaptados à descarga de peso (como o fêmur, por exemplo) apresentam
maior quantidade de osso compacto próximo da parte média da diáfise onde tendem a se curvarem.
O mesmo não acontece nos ossos longos que não recebem grandes descargas de peso (por exemplo,
úmero) ou nos ossos das mãos.
A manutenção da saúde dos ossos depende da atuação das células que os compõem: osteoblastos,
osteócitos e osteoclastos (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). Os osteoblastos são células jovens,
originadas de células osteoprogenitoras, com grande capacidade de divisão celular e, portanto, forma-
doras de osso. Elas sintetizam e secretam fibras colágenas e outros componentes orgânicos necessários
à formação da matriz extracelular e iniciam a calcificação. À medida que são recobertos por matriz,
tornam-se presos em suas secreções e se transformam em osteócitos.

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CÉLULAS ÓSSEAS
Os osteócitos são considerados células ósseas maduras relacionadas à manutenção do tecido ósseo
e, por isso, são as principais células desse tecido. Assim como os osteoblastos, não sofrem divisão ce-
OSTEOBLASTO:

lular (apenas células osteoprogenitoras se dividem). Já os osteoclastos são células grandes que liberam
enzimas proteolíticas que englobam e solubilizam
CÉLULAScristais
ÓSSEASque contêm cálcioSINTETIZA
dissolvendo
OSSO as matrizes
ósseas. Assim, estão diretamente relacionados à renovação óssea, uma vez que o tecido ósseo sofre
OSTEÓCITOS
reabsorção e reelaboração durante toda a vida, fazendo com que o esqueleto seja constantemente
renovado. No entanto, sua ação excessiva pode causar osteopenia, que pode evoluir para osteoporose.
OSTEOBLASTO:

CÉLULAS ÓSSEAS CÉLULAS ÓSSEAS SÃO FORMADOS A PARTIR


SINTETIZA OSSO DOS OSTEOBLASTOS

OSTEÓCITOS OSTEOCLASTOS
OSTEOBLASTO: OSTEOBLASTO:

SÃO FORMADOS A PARTIR


SINTETIZA OSSO DEGRADAM O TECIDO
SINTETIZA OSSO
DOS OSTEOBLASTOS ÓSSEO

OSTEÓCITOS
OSTEÓCITOS OSTEOCLASTOS

Figura 5 - Células ósseas

SÃO FORMADOS A PARTIR


SÃO FORMADOS A PARTIR DEGRADAM O TECIDO
DOSósseas,
OSTEOBLASTOS
Descrição da Imagem: a figura representa as células ÓSSEO
por meio de ilustrações, com textos de definição de cada
DOS OSTEOBLASTOS
célula, na seguinte ordem: Osteoblasto: sintetiza osso; Osteócitos: são formados a partir dos osteoblastos; Osteoclastos:
degradam o tecido ósseo. OSTEOCLASTOS
OSTEOCLASTOS

A ação das células ósseas depende de diversos fatores como idade, hereditariedade, nutrição, doença,
DEGRADAM O TECIDO
trauma, gravidez, esforço funcional e influência hormonal.
ÓSSEO Em relação aos hormônios, os ossos sofrem
DEGRADAM O TECIDO
forte influênciaÓSSEO
do hormônio do crescimento (GH), dos hormônios sexuais (testosterona, estrogênio
e progesterona), da calcitonina (hormônio tireoidiano) e do paratormônio (ou hormônio paratireoi-
diano). Enquanto o GH, os hormônios sexuais e a calcitonina atuam como hormônios osteogênicos
ativando osteoblastos, o paratormônio estimula a degradação da estrutura óssea por estimular os
osteoclastos.
A deficiência na ingestão de determinados nutrientes pode enfraquecer os ossos. É o caso, por
exemplo, das proteínas (uma vez que aminoácidos são necessários para formar colágeno), vitamina
C (que estimula a síntese do colágeno), vitamina D (que é responsável pela absorção do cálcio e do
fosfato do intestino; é ativada pela exposição ao sol) e vitamina A (que ajuda a fazer com que os ossos
respondam adequadamente à tensão).
A medula óssea está presente em praticamente todos os ossos do feto e em alguns ossos dos adultos
(como costelas, osso esterno, ossos do quadril, crânio e ossos dos membros superiores e inferiores).
Nos ossos longos, o osso esponjoso da diáfise é substituído pela cavidade medular que abriga a medula
óssea. Essa medula pode ser vermelha ou amarela. A vermelha é um órgão hematopoiético, ou seja,
produz células sanguíneas. A amarela perde esta função em decorrência do envelhecimento e se torna
altamente gordurosa.

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UNIDADE 2

Uma medula óssea anormal ou cancerosa pode ser substituída por uma medula óssea vermelha
saudável a fim de restabelecer as contagens normais de células sanguíneas por meio de um
transplante de medula óssea. A medula óssea vermelha saudável pode ser fornecida por um
doador do qual é retirada, sob anestesia, da crista ilíaca e injetada na veia do receptor em um
processo muito semelhante a uma transfusão de sangue. Um procedimento mais moderno
envolve o transplante de células do cordão umbilical (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

A B

Figura 6 - Tipos de medula óssea

Descrição da Imagem: as figuras mostram o osso fêmur cortado para evidenciar os tipos de medula óssea. Em A, a
medula óssea vermelha é evidenciada; em B, a medula óssea amarela é destacada.

Pericôndrio, endósteo e periósteo são camadas de tecido conjuntivo fibroso que reveste os elementos
do esqueleto. O pericôndrio faz o revestimento das cartilagens nutrindo suas faces externas; o en-
dósteo reveste internamente a cavidade medular e contém uma única camada de células formadora
de osso; o periósteo faz o revestimento externo dos ossos, é capaz de depositar mais osso (sobretudo
durante a consolidação de fraturas ou o crescimento ósseo), formar uma interface para fixação dos
tendões e dos ligamentos, proteger o osso e ajudar na nutrição do tecido ósseo (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
As estruturas responsáveis pelo crescimento ósseo em comprimento e em espessura são diferentes.
Enquanto, o crescimento em espessura dos ossos é possibilitado pelo periósteo, o crescimento em

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UNICESUMAR

comprimento é feito pela lâmina epifisial. A lâmina epifisial é uma fina camada de cartilagem hialina
localizada na metáfise. Por volta dos 18 anos de idade para mulheres e 21 anos para homens, ela se
fecha, ou seja, suas células param de se dividir e o osso substitui a cartilagem permanecendo apenas a
linha epifisial. A clavícula é o último osso a parar de crescer (WATANABE, 2000).
Se você já sofreu alguma fratura sabe que dói muito e que pode ocorrer sangramento na região.
A dor se deve ao fato dos ossos serem muito inervados e o sangramento ocorre porque eles são muito
vascularizados. A drenagem venosa dos ossos é feita por veias que seguem trajetos muito semelhantes
aos das artérias. Os nervos dos ossos acompanham os vasos sanguíneos (MOORE et al., 2014).

Figura 7 - Vascularização dos ossos

Descrição da Imagem: a figura


mostra um osso com seus vasos
sanguíneos, passando, externa-
mente, ao periósteo.

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UNIDADE 2

Você já se perguntou se os fetos têm ossos prontos? A resposta é não, os ossos não nascem prontos.
Eles são gradativamente formados por um processo contínuo (chamado ossificação ou osteogênese)
que se inicia na sexta semana de desenvolvimento. Depois do osso formado pode haver, em casos de
traumas ou doenças, a ruptura do osso caracterizando algum tipo de fratura. O reparo de uma fratura é
um processo relativamente lento e sua recuperação deve ser sempre acompanhada por um profissional
habilitado que acompanhe todas as etapas para que não se forme um osso defeituoso (MIRANDA
NETO; CHOPARD, 2014).
Os acidentes anatômicos constituem os elementos descritivos para o estudo dos ossos. Eles surgem
onde há inserção de tendões, fixação de fáscias, ligamentos, onde artérias penetram os ossos etc. Podem
ser de vários tipos, por exemplo, saliências, depressões e aberturas. As saliências (como os processos,
tubérculos, eminências, cristas, espinhas etc.) geralmente estão relacionadas a pontos de inserção de
músculos e fáscias. Depressões (como fossas, sulcos, incisuras etc.) geralmente servem para adaptação
a estruturas vizinhas. As aberturas (como forames, canais etc.) geralmente servem para passagem de
estruturas como vasos e nervos (WATANABE, 2000).
Os ossos da cabeça são chamados em conjunto de crânio. Esta estrutura que se parece com um
capacete tem por principal função proteger o encéfalo (parte do sistema nervoso central popularmente
conhecida como “cérebro”) que fica em seu interior. No entanto, o crânio apresenta outras três impor-
tantes funções: abrigar e proteger os órgãos dos sentidos (olhos, mucosa olfatória, órgão auditivo, órgão
gustativo e do equilíbrio) em cavidades especiais (orbital, nasal, meato acústico interno e cavidade oral),
possibilitar a mastigação e a fonação por meio dos movimentos da Articulação Temporo-Mandibular
(ATM). (DANGELO; FATTINI, 2011).
O crânio tem um teto (chamado de calvária) e um assoalho (chamado de base) e é formado por 22
ossos que se articulam sendo apenas um deles móvel, a mandíbula. Vale lembrar que no interior de
dois destes ossos (os ossos temporais) estão presentes os ossículos da audição chamados de martelo,
bigorna e estribo, os quais não entram nesta contagem (DI DIO, 2002).
Dos 22 ossos, 8 formam o crânio neural (osso frontal, occipital, esfenoide, etmoide, parietais e
temporais) e 14 formam o crânio facial ou visceral (mandíbula, vômer, nasais, palatinos, maxilas,
zigomáticos, lacrimais e conchas nasais inferiores). Lembre-se de que a maxila e a mandíbula têm
estruturas destinadas à sustentação dos dentes (processos alveolares) e por todo o crânio há muitos
forames para a passagem de vasos e nervos.

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UNICESUMAR

Osso parietal
Osso frontal
Linha temporal superior
Asa maior do osso
esfenóide
Linha temporal inferior

Lâmina Orbital
do Osso etmóide

Osso lacrimal

Osso nasal
Osso occipital

Linha nucal superior Osso zigomático


Protuberância occipital externa
Crista occipital externa Maxila
Parte escamosa do osso temporal
Processo mastóide do osso temporal
Meato acústico externo Dentes
Processo estilóide do osso temporal
Arco zigomático
Mandíbula

Figura 8 - Ossos do crânio

Descrição da Imagem: a figura apresenta um crânio humano em vista lateral com os ossos que o compõem: osso
frontal, osso esfenoide, osso etmoide, osso lacrimal, osso nasal, osso zigomático, maxila, dentes, mandíbula, arco
zigomático, processo estiloide do osso temporal, meato acústico externo, processo mastoide do osso temporal, parte
escamosa do osso temporal, crista occipital externa, protuberância occipital externa, linha nucal superior, osso occipital,
linha temporal inferior, linha temporal superior, osso parietal.

Exceto a ATM, as outras articulações do crânio ocorrem por meio de suturas (como a sagital, a coronal,
a lambdoide, a escamosa, a internasal e a intermaxilar). Estas suturas não estão presentes desde o nasci-
mento, pois, inicialmente, entre os ossos do crânio existem espaços preenchidos com mesênquima não
ossificado chamados de fontículos (popularmente chamados de “moleiras”). Os fontículos permitem
relativa flexibilidade e possibilidade de crescimento ao crânio fetal. Os principais são o fontículo ante-
rior (entre o osso frontal e os parietais), o posterior (entre os parietais e o occipital), os ântero-laterais
(entre frontal, parietal, esfenoide e temporal) e os póstero-laterais (entre parietal, occipital e temporal).
Esses sofrem ossificação e desaparecem durante o crescimento do crânio.

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Fontículo posterior
UNIDADE 2

Fontículo Anterior

Fontículo
esfenoidal
Fontículo
mastoídeo

Fontículo posterior

Fontículo Anterior

Figura 9 - Fontículos

Descrição da Imagem: a figura mostra um crânio fetal em vista superior, contendo os fontículos anterior e posterior;
e em vista lateral, mostrando os fontículos esfenoidal e mastoídeo.

Fontículo
esfenoidal

Fazem
Fontículo parte dos ossos do pescoço o osso hioide, as vértebras cervicais, o manúbrio do esterno (que
mastoídeo
será descrito junto com o esqueleto do tórax) e as clavículas (que serão descritas junto ao esqueleto
do membro superior) (MOORE et al., 2014). O osso hioide fica situado na parte anterior do pescoço.
Ele é suspenso por músculos e ligamentos e não se articula com nenhum outro osso do corpo. Assim,
além de fixar os músculos da região anterior do pescoço, ele ajuda a manter as vias aéreas abertas. As
vértebras cervicais são sete pequenos ossos irregulares chamados, respectivamente, de C1 (ou atlas),
C2 (ou áxis), C3, C4, C5 e C6 e C7 (ou vértebra proeminente).

Figura 10 - Osso hioide

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma pessoa de perfil,
destacando seu osso hioide, lo-
calizado abaixo da mandíbula, à
frente das vértebras cervicais.

55
UNICESUMAR

Os ossos do tronco incluem o osso esterno, as costelas, as vértebras torácicas, as vértebras lombares,
as vértebras sacrais e as vértebras coccígeas (DI DIO, 2002).

Caixa torácica (vista anterior)

Clavícula

Manúbrio

Osso esterno Corpo


Costelas verdadeiras
(do 1º ao 7° par)
Escápula

Processo
Xifóide

Coluna vertebral Costelas falsas


(do 8º ao 12° par)
Cartilagens costais

Figura 11 - Ossos do tronco

Descrição da Imagem: a figura mostra um tronco, com ossos em destaque na seguinte ordem: Caixa torácica (vista
anterior); clavícula; escápula; costelas verdadeiras (do 1º ao 7° par); costelas falsas (do 8º ao 12° par); coluna vertebral;
cartilagens costais; osso esterno: manúbrio, corpo e processo xifoide.

O osso esterno é um osso ímpar, plano, localizado na região central e anterior do tórax. Ele é dividido
em três partes até a meia idade, quando ocorre sua ossificação. A parte mais larga e superior é chamada
de manúbrio. Esta se une ao corpo que é mais longo e estreito. O processo xifóide é a menor e a mais
inferior parte do esterno.
As costelas são 12 pares de ossos curvos com alta resiliência e que contém medula óssea. Podem ser
verdadeiras, falsas ou flutuantes. As verdadeiras (do 1° ao 7° par) fixam-se diretamente ao osso esterno
por meio de suas próprias cartilagens costais. As falsas (do 8° ao 10° par) têm conexão indireta com
o osso esterno, pois suas cartilagens costais são unidas (formando a margem costal). As flutuantes ou
anesternais (11° e 12° par de costelas) não se conectam ao osso esterno.
As 12 vértebras torácicas são chamadas de T1, T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9,T10, T11 e T12, as 5 lombares
são chamadas de L1, L2, L3, L4 e L5, as 5 sacrais são chamadas de S1, S2, S3, S4 e S5 e as 3 ou 4 coccígeas são
chamadas de Co1, Co2, Co3 e Co4 (variação anatômica). No entanto, as vértebras sacrais e as coccígeas,
por ossificação de seus discos intervertebrais, originam o sacro e o cóccix, respectivamente.

56
UNIDADE 2

Dorsal Lateral

Vértebras Vértebras
cervicais cervicais

Face costal

Discos
Vértebras intervertebrais
torácicas
Vértebras
Forames torácicas
intervertebrais

Figura 12 - Coluna vertebral

Descrição da Imagem: a figura


mostra a coluna vertebral em
Vértebras vista posterior e lateral, identifi-
lombares
cando suas regiões: cervical, to-
Vértebras rácica, lombar, sacral e coccígea,
lombares destacando à esquerda: Vista
posterior - Vértebras cervicais;
Vértebras torácicas; Vértebras
lombares; Vértebras sacrais e
coccígeas. No meio: Face costal;
Vértebras sacrais Discos intervertebrais; Forames
e coccígeas Sacro
intervertebrais; Sacro; Cóccix.
À direita: Vértebras cervicais;
Vértebras torácicas; Vértebras
lombares.
Cóccix

As lombares são as maiores e mais resistentes vértebras da coluna. Seus processos espinhosos servem
para fixação dos grandes músculos do dorso. O sacro é um osso triangular que se posiciona medialmente
aos ossos do quadril. Na mulher ele é mais curto, largo e curvo a fim de favorecer a expulsão do bebê
durante o trabalho de parto normal. Apresenta forames pelos quais passam nervos e vasos sanguíneos.

Você sabia que entre os corpos das vértebras ficam interpostos os discos intervertebrais?
Estes discos são altamente hidratados e por isso são capazes de absorver impactos impostos
à coluna vertebral e permitir movimentos sem desgastes.

57
UNICESUMAR

O membro superior é composto por vários ossos (32 no total) que se articulam para permitir ampla
mobilidade e realização dos movimentos das mãos, inclusive os de pinça fina. O cíngulo do membro
superior é composto pela clavícula e pela escápula e tem a função de unir a parte livre do membro ao
esqueleto axial. A parte livre do membro apresenta um osso no braço (o úmero), dois ossos no ante-
braço (o rádio e a ulna), treze ossos nas mãos (oito ossos carpais e cinco ossos metacarpais) e quatorze
ossos nos dedos (cinco falanges proximais, cinco falanges distais e quatro falanges médias). Apenas
os ossos carpais são classificados quanto à forma como curtos, sendo os demais classificados como
longos (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Clavícula

Cintura
Escápula Escapular

Úmero
Braço

Articulação do
Cotovelo

Rádio

Antebraço Ulna

Figura 13 - Ossos do membro superior


Ossos carpais

Descrição da Imagem: a figu- Ossos Metacarpais


ra mostra os ossos do membro
superior: Cintura Escapular, Es- Mão
cápula, Clavícula, Braço, Úmero,
Articulação do Cotovelo, Ante-
braço, Rádio, Ulna, Mão, Ossos Falanges
carpais, Ossos metacarpais, Os-
sos Falanges.

58
UNIDADE 2

A clavícula é um osso fino, em forma de “S”, que fica sobre a primeira costela. Sua posição lhe permite
se articular com o esterno e com a escápula, além de servir como ponto de fixação para alguns liga-
mentos. Em contrapartida, a escápula é um osso grande, plano, triangular e posterior que se articula
com a clavícula e com o úmero.
O úmero é o osso mais longo do membro superior. Sua extremidade proximal se articula com a
escápula e sua extremidade distal se articula com o rádio e com a ulna. Ele permite a fixação de vá-
rios músculos. Enquanto a ulna (o maior osso do antebraço) tem localização medial, o rádio é o osso
lateral do antebraço cuja extremidade distal se articula com três ossos do carpo (semilunar, escafoide
e piramidal) para formar a articulação radiocarpal. Rádio e ulna se articulam entre si pela membrana
interóssea do antebraço que serve como ponto de fixação de alguns músculos profundos do antebraço.
Os ossos da mão compreendem os ossos carpais e metacarpais. Os carpais são oito ossos curtos
unidos por ligamentos nas articulações intercarpais. São dispostos em duas fileiras com quatro ossos
cada. Na fileira proximal estão os ossos escafóide, semilunar, piramidal e pisiforme; na fileira distal
estão os ossos trapézio, trapezóide, capitato (maior) e hamato. Os ossos metacarpais são cinco ossos
longos numerados de I a V, a partir da posição lateral. Articulam-se proximalmente com os ossos do
carpo e distalmente com as falanges. Os ossos dos dedos são as falanges. São 14 ossos longos chamados
de falanges proximal, média e distal. O polegar tem apenas as falanges proximal e distal.
O membro inferior é composto por vários ossos que se articulam entre si para permitir
ampla mobilidade e o suporte de peso corporal durante a marcha e o equilíbrio do corpo na postura
estática. O cíngulo do membro inferior é composto pelos ossos do quadril e pelo osso sacro, e tem
por função unir a parte livre do membro inferior ao esqueleto axial. A parte livre do membro inferior
apresenta um osso longo na coxa (o fêmur), dois ossos longos na perna (a tíbia e a fíbula), um osso
sesamoide na região do joelho (patela), doze ossos no pé (sendo sete ossos tarsais e cinco ossos meta-
tarsais) e quatorze ossos nos dedos (cinco falanges proximais, cinco falanges distais e quatro falanges
médias). Os ossos do quadril e o sacro são irregulares, os tarsais são curtos, os metatarsais e as falanges
são longos (DANGELO; FATTINI, 2011).

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UNICESUMAR

OSSOS DO MEMBRO INFERIOR


Visão anterior

Osso do quadril

Fêmur

Patela

Tíbia Fíbula

Figura 14 - Ossos do membro inferior

Descrição da Imagem: a figura Ossos do Tarso


mostra os ossos do membro in- Ossos do Metatarso
ferior: ossos do quadril, fêmur,
patela, tíbia, fíbula, ossos tar-
sais, metatarsais, falanges. Falanges

O osso do quadril do recém-nascido é formado por três ossos separados por cartilagem: ílio, ísquio
e púbis. Eles se unem completamente por volta dos 23 anos de idade e se articulam anteriormente na
sínfise púbica e, posteriormente, unem-se ao sacro. Assim, o anel ósseo completo formado pelos dois
ossos do quadril e pelo sacro formam a pelve óssea (bacia popularmente referida), que dá suporte à
coluna e aos órgãos pélvicos.
O fêmur é o maior, mais pesado e mais resistente osso do corpo. Sua extremidade proximal arti-
cula-se com o osso do quadril e a distal articula-se com a tíbia e patela. A patela é um osso triangu-
lar e sesamoide que se desenvolve no tendão do músculo quadríceps femoral aumentando a força

60
UNIDADE 2

de alavanca deste músculo, mantendo a posição de seu tendão na flexão do joelho e protegendo a
articulação. Enquanto, a tíbia é o osso medial e sustentador de peso do membro inferior, a fíbula é
lateral. Superiormente, a tíbia se articula com o fêmur e com a fíbula e inferiormente se articula com
o tálus e com a fíbula (pela membrana interóssea da perna). Os ossos do pé incluem os ossos tarsais
e metatarsais. Os tarsais (tálus, calcâneo, navicular, cuboide, cuneiforme lateral, cuneiforme medial e
cuneiforme intermédio) unem-se pelas articulações intertarsais. Os metatarsais são numerados de I
a V a partir da posição medial. Articulam-se proximalmente com os ossos tarsais e distalmente com
as falanges. Exceto o hálux (popularmente chamado de “dedão”) que só apresenta falanges proximal
e distal, os demais dedos têm falanges proximal, média e distal.

SISTEMA ARTICULAR

Quem nunca ouviu a vó ou o vô reclamar que está com dor nas “juntas”? Quem nunca ouviu dizer que
se ficar muito tempo sem movimentar uma articulação a “junta” seca? Será que essas suposições são
fato ou boato? A fim de respondermos estas e tantas outras questões sobre este tema tão complexo,
neste tópico faremos um estudo completo sobre as articulações.
Em primeiro lugar, você só pode chamar as articulações de junturas. “Juntas” não! Em segundo
lugar, elas são definidas como um conjunto de estruturas anatômicas que promovem a conexão entre
duas ou mais peças do esqueleto. Se ocorrer entre apenas dois ossos ela é classificada como articulação
simples, mas se acontecer entre mais de dois ossos, ela é chamada de composta (WATANABE, 2000).
A maioria das articulações relaciona-se à produção de movimentos uma vez que as peças ósseas
são tracionadas pelos músculos. Todavia, algumas articulações não são muito móveis, mas dão esta-
bilidade às zonas de união entre os vários segmentos do esqueleto, ou seja, estão mais relacionadas à
manutenção da postura e do equilíbrio. Quando as articulações perdem suas funções em decorrência
de doenças (artrite, por exemplo), um procedimento cirúrgico chamado artroplastia pode ser feito.
Nele a articulação lesada é substituída por uma articulação artificial (MOORE et al., 2014).
As articulações podem ser classificadas segundo vários critérios, sendo os dois mais utilizados o
critério funcional (com base nos tipos de movimentos que permitem) e o critério estrutural (baseado
em características anatômicas). A classificação funcional está relacionada ao grau de movimento
que a articulação permite. Assim, pode ser chamada de sinartrose (quando a articulação é fixa, sem
movimento), anfiartrose (quando a articulação permite pouco movimento) ou diartrose (quando a
articulação é muito móvel). Já a classificação estrutural é baseada na presença ou ausência de um es-
paço (a cavidade articular) entre os ossos da articulação e no tipo de tecido que une os ossos. Assim, a
articulação pode ser fibrosa, cartilagínea ou sinovial (GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991).
A articulação fibrosa tem ossos unidos por tecido conjuntivo fibroso rico em fibras colágenas, não
tem cavidade articular entre os ossos e permite apenas pequenos deslocamentos e movimentos vibra-
tórios. A articulação cartilagínea tem ossos unidos por cartilagem hialina ou fibrocartilagem, não tem
cavidade articular entre os ossos e também permite apenas pequenos deslocamentos e movimentos

61
UNICESUMAR

vibratórios. Em contrapartida, a articulação sinovial tem ossos unidos por tecido conjuntivo denso
não modelado em forma de cápsula articular, tem cavidade articular e apresenta alguns elementos
articulares característicos e outros especiais.
As articulações fibrosas podem ser do tipo sutura, sindesmose e gonfose. As suturas são funcio-
nalmente classificadas como sinartroses, são encontradas nos ossos do crânio e podem ser planas
(quando os ossos se encaixam de forma retilínea, como no caso da sutura internasal), serrilhada
(quando os ossos se interdigitalizam um no outro, como na sutura sagital) ou escamosa (quando os
ossos se sobrepõem um ao outro, como ocorre entre o parietal e temporal). A ossificação das suturas
geralmente inicia na segunda década de vida e termina após 80 anos, recebendo o nome de sinostose.
Na sindesmose há uma distância maior entre os ossos e, por isso, existe mais tecido conjuntivo
fibroso entre eles o qual pode estar disposto como um feixe (ligamento) ou como lâmina (membrana
interóssea). Exemplo: membrana interóssea da perna (sindesmose tibiofibular) e do antebraço (sin-
desmose radioulnar). É funcionalmente classificada como anfiartrose.
A gonfose ocorre quando uma estrutura cuneiforme se ajusta a uma concavidade. É o que ocorre,
por exemplo, na união das raízes dos dentes com os processos alveolares da maxila e mandíbula. Vale
ressaltar que, embora discretos, os movimentos dos dentes existem e podem ser percebidos durante
pequenos rebaixamentos ao serem submetidos a fortes compressões (servem para suavizar impactos
e evitar que os dentes se partam). São funcionalmente classificadas como sinartroses.

Figura 15 - Articulações fibrosas do tipo sindesmose

Descrição da Imagem: a figura mostra as articulações fibrosas do antebraço (esquerda) e da perna (direita), destacando
as membranas interósseas destas regiões.

62
UNIDADE 2

As articulações cartilagíneas podem ser do tipo sincondrose ou sínfise. A sincondrose apresenta car-
tilagem hialina entre os ossos e é funcionalmente classificada como sinartrose. Algumas podem ser
temporárias sofrendo ossificação no decorrer da vida (como a sincondrose esfenocciptal e a lâmina
epifisial) e outras podem ser permanentes (como as articulações entre o osso esterno e as dez primeiras
cartilagens costais).
A sínfise é uma articulação onde os ossos são unidos por um disco de fibrocartilagem (por exemplo,
sínfise púbica, manubrioesternal e intervertebral). São classificadas como anfiartroses. As articulações
sinoviais têm elementos característicos e especiais como a superfície articular, cartilagem articular,
cápsula articular e líquido sinovial.
A superfície articular é a porção de cada osso da articulação. Não tem periósteo, mas é coberta por
cartilagem articular que é avascular (é nutrida pelo líquido sinovial), é fina, lisa e escorregadia (a fim
de reduzir o atrito entre os ossos e absorver impactos). A cápsula articular é uma membrana de teci-
do conjuntivo que envolve a articulação vedando-a e unindo os ossos (fazendo coaptação articular).
É amplamente vascularizada e inervada (tanto com inervação dolorosa quanto proprioceptiva). É
composta pela camada fibrosa (externa) e sinovial (interna). Enquanto a fibrosa é resistente, permite
coaptação, mobilidade e resistência à tração, a sinovial sintetiza o líquido.
O líquido sinovial é viscoso, amarelo-claro, constituído principalmente por ácido hialurônico,
proteoglicanas e glicosaminoglicanas. Ele reduz atrito (pois lubrifica a articulação), absorve impactos
(pois mantém os ossos levemente afastados) e elimina calor produzido nas articulações durante os
movimentos. Além disso, remove microrganismos e fragmentos resultantes do desgaste articular (pois
contém células fagocíticas), nutre e oxigena a cartilagem articular, assim como dela remove o CO2 e os
resíduos metabólicos. Como é produzido proporcionalmente ao movimento articular, quando uma
articulação fica imobilizada por muito tempo (para consolidar uma fratura, por exemplo), o líquido
torna-se menos abundante e viscoso. Por isso, as pessoas dizem que a “junta secou”. Todavia, produzido
em excesso (por um processo inflamatório, por exemplo, sinovite), deve ser aspirado a fim de diminuir
a pressão intra-articular e a dor (FREITAS, 2004).
Os elementos especiais das articulações sinoviais incluem os lábios, os discos articulares, os meniscos,
os ligamentos acessórios, as bolsas e as bainhas tendíneas. Os lábios são estruturas de fibrocartilagem lo-
calizadas em extremidades articulares, geralmente côncavas, a fim de ampliar a cavidade e conferir maior
estabilidade à articulação. Os discos articulares e os meniscos são estruturas de fibrocartilagem presentes
em articulações muito usadas, como a ATM e o joelho. Eles melhoram a coaptação articular, aumentam
a estabilidade, reduzem o atrito e os danos causados por impactos, além de distribuírem melhor o líquido
sinovial. Os ligamentos acessórios aumentam a coaptação articular e podem estar localizados por fora da
cavidade articular (extracapsulares - como os ligamentos colaterais do joelho) ou por dentro da cápsula, mas
fora da cavidade articular (intracapsulares - como o ligamento cruzado anterior do joelho). As bolsas são
sacos de tecido conjuntivo revestidos por membrana sinovial e preenchidos por uma pequena quantidade
de líquido semelhante ao líquido sinovial. Localizam-se entre pele e osso, tendão e osso, músculo e osso ou
ligamento e osso. Reduzem o atrito de articulações muito exigidas e sua inflamação é chamada de bursite.
Por fim, bainhas tendíneas são bolsas que envolvem tendões que estão sob atrito.

63
UNICESUMAR

As articulações sinoviais são nomeadas de acordo com os movimentos que permitem, os quais são
influenciados pela forma dos ossos. Assim, conforme a configuração das faces articulares, as articula-
ções sinoviais podem ser do tipo plana, gínglimo, trocoide, elipsoide, selar ou esferoide. Articulações
planas apresentam faces planas e permitem movimentos de deslizamento de uma superfície sobre a
outra. Isto ocorre entre os ossos carpais e tarsais, na articulação sacroilíaca, acromioclavicular, ester-
noclavicular, esternocostais e vertebrocostais. As articulações do tipo gínglimo têm superfícies ósseas
cilíndricas apresentando depressão em carretel em um osso e saliência correspondente no outro. As
articulações interfalângicas, do cotovelo e do joelho são alguns exemplos. As articulações trocoides têm
faces ósseas semi-cilíndricas completadas por ligamentos que possibilitam movimento de rotação. As
articulações radio-ulnar proximal e distal, e a articulação atlantoaxial são exemplos. Já nas elipsoides,
uma das superfícies ósseas é oval e convexa, e a outra é oval e côncava. As articulações radiocarpal e
metatarsofalângica são assim. As selares têm superfície côncava em uma direção e convexa em outra,
com encaixe recíproco em outra superfície óssea. Ocorrem, por exemplo, na articulação carpometa-
carpal do polegar. Por fim, as articulações esferoides têm superfície esférica articulando-se em uma
cavidade correspondente (como no quadril e no ombro) (TORTORA et al., 2010).

TIPOS DE ARTICULAÇÕES

Articulação
trocóide
Articulação
gínglimo

Articulação Articulação
selar elipsóide
Figura 16 - Tipos de articulações

Descrição da Imagem: a figura


mostra um esqueleto e, nele,
destaca os principais tipos de
articulações: articulação gíngli-
mo; articulação elipsoide; arti-
Articulação culação esferoide; articulação
plana plana; articulação selar e arti-
Articulação
esferóide culação trocoide.

64
UNIDADE 2

As articulações sinoviais podem apresentar movimento do tipo deslizamento, angular, de rotação


ou ainda movimentos especiais. No deslizamento, as faces planas dos ossos se movimentam sem alterar
significativamente o ângulo entre eles. Assim, a amplitude de movimento é limitada. Diferentemente,
nos movimentos angulares o ângulo entre os ossos da articulação é alterado. Incluem flexão, extensão,
flexão lateral, abdução, adução e circundução (GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991).
Flexão e extensão são movimentos opostos. Na flexão ocorre redução do ângulo entre os ossos e na
extensão ocorre aumento desse ângulo (normalmente para voltar à posição anatômica). Ocorrem no
plano sagital, por meio do eixo coronal (exceto a do polegar). Alguns autores consideram a continua-
ção da extensão para além da posição anatômica como hiperextensão. Na flexão lateral, o segmento
corpóreo é deslocado em direção ao plano lateral. Ocorre no plano coronal por meio do eixo sagital.
Este movimento ocorre, por exemplo, no tronco.
Abdução e adução são movimentos opostos. Na abdução ocorre movimento do segmento corpóreo
para longe da linha mediana do corpo. Na adução, o segmento corpóreo é deslocado em direção à
linha mediana (normalmente para voltar à posição anatômica). Ocorrem no plano coronal por meio
do eixo sagital (exceto a do polegar). Para os dedos, considera-se como ponto de referência uma linha
mediana que passa sobre o dedo médio da mão e sobre o segundo dedo do pé. Na articulação radio-
carpal, a abdução pode ser chamada de desvio radial e a adução pode ser chamada de desvio ulnar.
Na circundução, a extremidade distal do segmento corpóreo descreve um círculo. Ocorre como
resultado de uma sequência de movimento que envolve flexão, extensão, abdução e adução. Na rotação
o osso gira em torno do seu próprio eixo longitudinal. Nos membros, se a face anterior é girada em
direção à linha mediana do corpo, a rotação é chamada de medial e se é girada para longe da linha
mediana do corpo, é chamada de lateral.
Em algumas articulações podem ocorrer movimentos especiais. É o caso, por exemplo, da elevação
(quando parte do corpo se desloca para cima) e abaixamento (esta mesma parte move-se para baixo).
São possíveis na mandíbula, costelas, ombros, osso hioide etc. Outros movimentos especiais incluem
a protração (ou protrusão), retração (ou retrusão), inversão, eversão, flexão dorsal (ou dorsiflexão),
flexão plantar (ou plantiflexão), supinação, pronação, oposição e reposição.
Na protração, há movimento anterior de uma parte do corpo no plano transversal e na retração ocorre
o movimento da parte protraída de volta à posição anatômica (possível na mandíbula, clavícula etc.). A
inversão e a eversão ocorrem nas articulações intertarsais. Enquanto na inversão as plantas se movimentam
medialmente, na eversão elas se movimentam lateralmente. Na flexão dorsal, o dorso do pé é movido em
direção à face anterior da perna e na flexão plantar, a planta é movida em direção à face posterior da perna.
A supinação e a pronação ocorrem nas articulações radioulnar proximal e distal. Enquanto na supinação a
palma é girada anteriormente, na pronação a palma é girada posteriormente. Por fim, oposição é o movimento
do polegar para tocar as falanges distais dos demais dedos dando-lhes a capacidade de fazer movimentos de
pinça (possível na articulação carpometacarpal). Reposição é o movimento oposto.
As articulações são extremamente inervadas e vascularizadas (MIRANDA NETO; CHOPARD,
2014). Elas recebem sangue de ramos articulares das artérias que passam ao redor da cápsula arti-
cular e são drenadas por veias que acompanham as artérias. A maioria dos nervos articulares deriva

65
UNICESUMAR

de nervos que suprem músculos ao redor das articulações. Vale destacar que a inervação articular é
muito importante, pois está relacionada à sua proteção. Assim, a cápsula e os ligamentos articulares
apresentam vários tipos de sensibilidade, como a dolorosa e a proprioceptiva.
Alguns fatores afetam o contato entre as superfícies ósseas de uma articulação e, consequentemente,
limitam a amplitude de movimento articular. Os principais são a forma dos ossos que se articulam, a
resistência das estruturas articulares, a tensão muscular, o contato de partes moles próximas, ação de
alguns hormônios e o desuso (GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991). A forma dos ossos
afeta, por exemplo, a extensão completa do cotovelo, pois tal movimento depende do encaixe da ulna
no úmero. Extrapolar esta limitação óssea pode causar lesão. A resistência das estruturas articulares
pode ser vista, por exemplo, quando se faz a flexão e a extensão do punho em amplitude máxima.
Tais movimentos são limitados pela tensão dos ligamentos e da cápsula articular os quais são bastante
resistentes. A tensão muscular pode ser exemplificada com a realização da flexão do quadril associada
à extensão do joelho, a qual pode ser limitada por encurtamento dos músculos posteriores da coxa.
Quando a flexão do cotovelo é realizada por um indivíduo com hipertrofia do músculo bíceps bra-
quial, pode haver limitação da amplitude de movimento devido o contato das partes moles próximas
(músculos do braço e do antebraço). Além disso, alguns hormônios podem interferir na mobilidade
articular. É o caso da relaxina (produzida pelos ovários e placenta) que aumenta a mobilidade da sínfise
púbica em gestantes a fim de facilitar o trabalho de parto. Em contrapartida, o desuso ou a imobilização
articular podem reduzir a flexibilidade dos ligamentos e tendões.
Os efeitos do envelhecimento sobre as articulações variam individualmente segundo fatores here-
ditários e de uso. Incluem a diminuição na produção do líquido sinovial, a fragilidade da cartilagem
articular, a perda da flexibilidade dos ligamentos, o aumento do peso corporal e a tendência a de-
formidades corpóreas (principalmente na coluna vertebral e nos joelhos). (GRABINER; GREGOR;
VASCONCELOS, 1991). Todavia todos estes efeitos podem ser minimizados pela prática de exercícios
físicos frequentes e por cuidados alimentares (ingestão proteica e hídrica adequada, por exemplo).
As diferentes articulações do corpo têm características anatômicas próprias as quais variam com
as demandas funcionais. Assim, a presença de discos e meniscos na articulação do joelho e na ATM,
por exemplo, deve-se ao fato destas articulações receberem descarga de peso e serem utilizadas abun-
dantemente em toda a vida. Por outro lado, articulações dos tórax estão adaptadas não à descarga de
peso, mas aos movimentos respiratórios.
Outro aspecto importante é que as articulações se movem ao redor de eixos de movimento. Assim, quanto
mais móvel é a articulação, mais eixos passam por ela. Por exemplo, as articulações do quadril e do ombro
são muito móveis, pois são triaxiais, ou seja, por elas passam três eixos de movimento. Já as articulações do
joelho e cotovelo são monoaxiais e, por isso, desenvolvem menos movimentos. O punho e o tornozelo são
biaxiais e podem realizar mais movimentos do que as monoaxiais e menos do que as triaxiais.
Normalmente, os movimentos de flexão e extensão ocorrem por meio do eixo coronal e são rea-
lizados no plano sagital. Já os movimentos de abdução e adução ocorrem por meio do eixo sagital e
são realizados no plano coronal. As rotações ocorrem pelo eixo longitudinal e no plano transversal
(GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991).

66
UNIDADE 2

SISTEMA MUSCULAR

A função do músculo é realizar contração e a partir desta, vários outros eventos podem ser desencadea-
dos, como manutenção da postura (sustentação estática), respiração, movimento cardíaco, movimento
peristáltico e manutenção do tônus muscular. Além disso, os músculos dão forma ao corpo, são fonte
de calor e possibilitam movimentos voluntários, sendo considerados os órgãos ativos da locomoção
(MOORE et al., 2014).
Os músculos podem ser classificados considerando diferenças relacionadas ao controle voluntário,
à presença de estrias em suas fibras e à localização (FREITAS, 2004). Quanto ao controle voluntário,
o músculo pode ser voluntário (se sua contração ocorrer de acordo com a vontade do indivíduo) ou
involuntário (se sua contração não depender do controle do indivíduo). Quanto à aparência estriada
ou não de suas fibras ao microscópio, o músculo pode ser do tipo estriado (aquele que apresenta estrias
transversais) ou liso (sem estrias transversais). Por fim, quanto à localização, o músculo pode ser somático
(aquele localizado na parede do corpo ou nos membros) ou visceral (aquele localizado nos órgãos ocos
ou nos vasos sanguíneos). Assim, considerando estes três critérios, os músculos podem ser de três tipos:
Músculo estriado esquelético (movem ou estabilizam ossos e outras estruturas como os olhos; é somático
e voluntário), músculo estriado cardíaco (forma a maior parte das paredes do coração e dos grandes va-
sos; é visceral e involuntário) ou músculo liso (forma a parede da maioria dos vasos sanguíneos e órgãos
ocos; é visceral e involuntário). Um caso especial ocorre com o músculo diafragma, pois embora seja
involuntário, ele pode sofrer breve influência voluntária permitindo períodos de apneia (interrupção da
respiração) ou hiperpneia (aumento da frequência da respiração) de acordo com a vontade do indivíduo.

Figura 17 - Tipos de músculos

Descrição da Imagem: a figura mostra os três tipos de músculos: estriado cardíaco, estriado esquelético e liso.

A maioria dos músculos estriados esqueléticos está fixada aos ossos, cartilagens, ligamentos e fáscias.
Todavia, alguns deles podem se fixar a órgãos (como os olhos), pele (como os músculos da face) ou à
mucosa (como os músculos intrínsecos da língua). Tais músculos têm porções carnosas, avermelha-
das e contráteis (chamadas de cabeça ou ventre), e extremidades brancas não contráteis (chamadas
de tendões). Os tendões são compostos principalmente por feixes de colágenos e servem para fixação
dos músculos. Em alguns músculos aparecem como lâminas planas e passam a ser chamados de apo-
neurose (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

67
UNICESUMAR

VENTRE MUSCULAR

TENDÃO

APONEUROSE LOMBAR

Figura 18 - Ventre, tendão e aponeurose

Descrição da Imagem: a figura mostra o dorso dissecado de um indivíduo, evidenciando o ventre muscular, o tendão
e a aponeurose destes músculos.

Uma membrana de tecido conjuntivo denso chamada epimísio, envolve o músculo. Dela partem sep-
tos (o perimísio) para o interior do músculo, os quais envolvem pequenos grupos de células ou fibras
musculares (fascículos). Cada fibra muscular, por sua vez, é envolvida por uma membrana delicada de
tecido conjuntivo, o endomísio. Externamente, os músculos são revestidos por mais uma camada de
tecido conjuntivo - a fáscia muscular. Epimísio, perimísio e endomísio se prolongam além das fibras
musculares para formar tendões.
A fáscia muscular garante a sustentação do músculo bem como a preservação de sua anatomia
funcional sustentando vasos e nervos, e permitindo o deslizamento entre músculos próximos. Além
disso, forma septos intermusculares que compartimentalizam os músculos do corpo. Quando ocorre
aderência entre as fáscias (devido a processos inflamatórios ou traumas), os músculos diminuem seu
poder de contração.

68
UNIDADE 2

Cartilagem
articular

Tendão

Fáscia
muscular
Músculo
estriado
esquelético

Perimísio

Epimísio Figura 19 - Epimísio, perimísio, endomí-


sio e fáscia muscular
Fibras Vasos
musculares sanguíneos Descrição da Imagem: a figura
Fascículo mostra a estrutura interna do
músculo estriado esquelético.
Endomísio Osso

As fixações dos músculos (seja por tendão ou aponeurose) costumam ser descritas como origem
e inserção. Em geral, a origem é a extremidade proximal que permanece fixa durante a contração
muscular e muscular. No entanto, em alguns movimentos específicos, estes conceitos podem mudar.
Existem dois principais tipos de contração muscular fásica ou ativa: a isométrica e a isotônica
(GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991). Na contração isométrica, o comprimento do mús-
culo permanece igual (ou seja, não há movimento), mas a força aumenta para resistir à gravidade ou à
outra força antagônica. Este tipo de contração é importante para a manutenção da postura quando os
músculos atuam como fixadores. Em contrapartida, na contração isotônica o músculo altera seu com-
primento enquanto o movimento ocorre. Ela pode ser do tipo concêntrica (o movimento se dá junto
ao encurtamento do músculo) ou excêntrica (quando o músculo é alongado ao se contrair, havendo
relaxamento gradual e controlado enquanto ocorre uma força contínua). É importante destacar que a
gravidade influencia no tipo de contração que o músculo exercerá. Assim, a flexão resistida do coto-
velo com o indivíduo em pé é realizada por contração concêntrica dos músculos flexores do cotovelo,
mas o lento retorno à extensão do cotovelo é feita pela contração excêntrica dos mesmos músculos.

69
UNICESUMAR

Muitas pessoas imaginam que o retorno seja feito pela contração concêntrica do tríceps braquial que
é o agonista da extensão do cotovelo, mas não é. Isso porque o fato do movimento ocorrer contra a
ação da gravidade muda a participação do músculo no movimento.
A vascularização sanguínea é abundante nos músculos, pois dela depende a adequada oxigenação e nutri-
ção muscular, bem como a drenagem de gás carbônico e produtos residuais produzidos no próprio músculo.
Sem vascularização eficiente, a contração muscular é inviável e, por isso, ela geralmente é múltipla, ou seja, o
músculo é irrigado por várias artérias adjacentes. De igual modo, a inervação do músculo é responsável pela
contração e estímulos sensitivos dos mesmos (dolorosos e proprioceptivos). Assim, a coordenação motora
depende da interação entre sistema muscular e sistema nervoso (MOORE et al., 2014).
De acordo com o papel que o músculo desempenha durante o movimento, ele pode ser classificado
como agonista, antagonista, sinergista e fixador ou postural (GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS,
1991). O agonista (motor primário) é o principal músculo que produz o movimento (como o músculo
braquial na flexão do cotovelo). Já o antagonista, é o músculo que se opõe à ação de outro músculo
(como o tríceps braquial na flexão do cotovelo). O músculo sinergista complementa a ação do ago-
nista (como o músculo braquiorradial na flexão do cotovelo) ou fixa uma articulação intermediária
quando o agonista passa por mais de uma articulação (como o extensor dos dedos, que é sinergista do
flexor profundo dos dedos ao fixar em extensão todas as outras articulações pelas quais ele passa). Por
fim, o músculo fixador ou postural estabiliza partes proximais de um membro mediante contrações
isométricas, enquanto ocorrem movimentos nas partes distais. O músculo deltoide, por exemplo,
mantém o ombro em abdução enquanto uma pinça fina é executada nas articulações interfalângicas.
As bainhas fibrosas, as bainhas sinoviais e os retináculos auxiliam os músculos no desempenho
de suas funções e por isso são ditas órgãos anexos do sistema muscular (FREITAS, 2004). As bainhas
fibrosas revestem tendões e fáscias de revestimento. São constituídas por tecido conjuntivo e se inserem
nos ossos formando canais para manterem em posição os tendões de músculos longos que passam em
seu interior. As bainhas sinoviais são encontradas no interior das bainhas fibrosas. São constituídas
por uma camada interna (intimamente aderida ao tendão) e uma camada externa (voltada à bainha
fibrosa). Sua função é produzir um líquido semelhante ao líquido sinovial para facilitar o deslizamento
dos tendões durante a realização dos movimentos. São comuns na região dos ossos carpais e tarsais.
Os retináculos são espessamentos das fáscias. São constituídos por tecido conjuntivo e servem para
manter em posição os tendões que cruzam as articulações.
Segundo Moore et al. (2014), existem 656 músculos estriados esqueléticos nominados no
corpo humano. A nomenclatura dos mesmos é baseada em vários critérios, como forma (músculo
deltoide e músculo trapézio), localização (músculos intercostais e músculo subescapular), forma e lo-
calização (músculo quadrado da coxa e músculo orbicular da boca), ação (músculo eretor da espinha
e músculo extensor dos dedos), ação e forma (músculo pronador quadrado e músculo adutor longo),
ação e localização (músculo flexor superior dos dedos e músculo flexor radial do carpo), origem e
inserção (músculo esternocleidomastoideo), dentre outros. Além disso, os músculos também podem
ser classificados de acordo com outros critérios, por exemplo, função, direção das fibras musculares,
aparência, localização, número de pontos de origem, de pontos de inserção, de ventres musculares.

70
UNIDADE 2

Quanto à direção das fibras musculares, podem ser de fibras paralelas (como o sartório) ou de fibras
oblíquas (como o glúteo máximo). Normalmente, músculos de fibras paralelas desenvolvem bastante
amplitude de movimento articular, mas normalmente têm pouca força. Em contrapartida, músculos
de fibras oblíquas têm bastante força muscular, mas pouca amplitude de movimento. Complemen-
tarmente, os músculos de fibras oblíquas podem ser do tipo unipenados (como o extensor longo dos
dedos), bipenados (como o reto da coxa) ou multipenados (como o deltoide).
Vale ressaltar que em alguns músculos, as fibras convergem de uma larga origem para um estreito
e único tendão dando ao músculo um arranjo em forma de leque ou um aspecto triangular (é o que
ocorre, por exemplo, com o músculo peitoral maior). Quanto à aparência, os músculos podem ser
curtos (como os da mão), longos (em forma de fita; como o sartório), plano ou chato (presentes no
abdome e no dorso; como o trapézio), fusiforme (com uma região central de maior diâmetro em relação
às extremidades; como o bíceps braquial) ou circulares ou esfincterianos (que circundam aberturas
ou orifícios do corpo; como o orbicular do olho).
Quanto à localização, eles podem ser superficiais (aqueles que ficam logo abaixo da pele e têm pelo
menos uma de suas inserções na derme, sendo por isso chamados de dérmicos, como os músculos da
expressão facial) ou profundos (sem inserções na derme, como os músculos profundos do antebraço).
A nomenclatura também pode considerar o número de pontos de origem (bíceps, tríceps e quadrí-
ceps), o número de pontos de inserção (bicaudado e policaudado), de ventres musculares (digástrico
e poligástrico) ou a função exercida pelo músculo (flexor, extensor, abdutor etc.)
Os músculos da cabeça e do pescoço incluem os da expressão facial, os mastigatórios, os relaciona-
dos ao osso hióide, os superficiais do pescoço (como o esternocleidomastoideo), aqueles relacionados
à coluna vertebral (pré, para e pós-vertebrais), além daqueles que constituem a língua, o palato mole
e a faringe (FREITAS, 2004). Os músculos da expressão facial nos permitem expressar emoções por
meio de suas contrações. Seus nomes estão diretamente relacionados às suas funções, são eles:
• Occipitofrontal: apresenta ventres frontal e occipital unidos pela aponeurose epicrânica; eleva
os supercílios enrugando a pele da fronte, dando a expressão de atenção.
• Prócero: enruga a pele entre os supercílios.
• Corrugador do supercílio: junta os supercílios fazendo a expressão de bravo.
• Orbicular do olho: fecha a rima palpebral.
• Nasal: abre a asa do nariz para ampliar a captação do ar em esforço respiratório.
• Levantador do lábio superior e da asa do nariz: levanta o lábio superior e a asa do nariz.
• Levantador do lábio superior: levanta o lábio superior fazendo eversão ou “bico” do lábio
superior.
• Levantador do ângulo da boca: traciona o ângulo da boca obliquamente para cima na risada.
• Zigomático maior e zigomático menor: tracionam o ângulo da boca obliquamente para
cima na risada.
• Risório: traciona o ângulo da boca horizontalmente no sorriso.
• Orbicular da boca: fecha a rima bucal.
• Abaixador do ângulo da boca: abaixa o ângulo da boca fazendo a expressão de tristeza.

71
UNICESUMAR

• Abaixador do lábio inferior: abaixa o lábio inferior fazendo a eversão ou “bico” do lábio
inferior.
• Mentual: protrai o lábio inferior e enruga a pele do mento.
• Bucinador: contrai a bochecha no assopro, assovio, bocejo, e puxa o ângulo da boca lateral-
mente.
• Platisma: é superficial; abaixa a mandíbula, traciona o ângulo da boca para baixo e enruga a
pele do pescoço.

Figura 20 - Músculos da expressão facial

Descrição da Imagem: a figura mostra os músculos dissecados da expressão facial, conforme segue: escalpo - músculo
frontal, músculos da mastigação - temporal, masseter, músculo do mento - abaixador do ângulo da boca, abaixador
do lábio inferior, mentual, músculo do pescoço - platisma, boca - bucinador, orbicular da boca, risório, músculos da
bochecha - zigomático menor, zigomático maior, músculos do nariz - prócero, nasal, levantador do lábio superior e da
asa do nariz, levantador do lábio superior, levantador do lábio superior, músculos dos olhos - corrugador do supercílio,
orbicular do olho).

Os músculos da mastigação incluem o temporal, o masseter, o pterigoideo lateral e o pterigoideo


medial. Todos eles movimentam a mandíbula durante a mastigação e a fala.

72
UNIDADE 2

Figura 21 - Músculo Temporal e Músculo


Masseter

Descrição da Imagem: a figura


mostra os músculos da masti-
gação temporal e masseter em
vista lateral.

Os músculos relacionados ao osso hioide dividem-se em supra-hioideos (digástrico, estilo-hioideo,


milo-hioideo e gênio-hioideo) e infra-hioideos (omo-hioideo, esterno-hioideo, esterno-tireóideo e
tireo-hioideo). Supra-hioideos elevam o osso hioide durante a primeira fase da deglutição e abaixam
a mandíbula contra resistência. Infra-hioideos abaixam o osso hioide durante a segunda fase da de-
glutição.

Figura 22 - Músculos supra e infra-hioi-


deos

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra os músculos supra e
infra-hioideos em vista frontal.

73
UNICESUMAR

O esternocleidomastóideo é um músculo superficial do pescoço. Ele flexiona a cabeça (em contração


bilateral) e, em contração unilateral, faz a flexão lateral da cabeça para o mesmo lado do músculo que
se contraiu associada à rotação da face para o lado contrário do músculo que se contraiu.

Figura 23 - Músculo Esternocleidomas-


toideo (ECM)

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o pescoço dissecado,
destacando o músculo esterno-
cleidomastoideo.

Os músculos pré-vertebrais estão relacionados à flexão da cabeça e do pescoço (músculos longo da


cabeça, longo do pescoço, reto anterior da cabeça e reto lateral da cabeça). Os músculos para-vertebrais
realizam a flexão ou inclinação lateral da cabeça e do pescoço (escalenos anterior, médio e posterior).
Os músculos pós-vertebrais estão relacionados à extensão da cabeça e do pescoço (esplênio da cabeça,
esplênio do pescoço, semiespinal da cabeça, semiespinal do pescoço, multífidos e suboccipitais). Os
multífidos são também rotadores da coluna vertebral.

74
UNIDADE 2

Músculos paravertebrais Músculos pós-vertebrais

A B
Figura 24 - Músculos paravertebrais (a) e pós vertebrais (b)

Descrição da Imagem: a figura mostra o pescoço dissecado em vista anterior e posterior, destacando os músculos
paravertebrais e pós vertebrais.

Os músculos do dorso são fortes, fixam-se às vértebras e são essenciais para sustentar e mover a coluna
vertebral. De uma forma geral, podem produzir movimentos nos membros superiores (como o tra-
pézio, o latíssimo do dorso, o levantador da escápula e os rombóides), relacionam-se aos movimentos
respiratórios (como o serrátil posterior superior e o serrátil posterior inferior) ou agir sobre a coluna
permitindo movimento e sustentando a postura (como o esplênio da cabeça, esplênio do pescoço,
eretor da espinha, semiespinal, multífidos e rotadores) (DI DIO, 2002).

75
UNICESUMAR

Figura 25 - Vista superficial dos mús-


culos do dorso

Descrição da Imagem: a figura


mostra o dorso dissecado, des-
tacando seus músculos.

Os músculos do tórax incluem músculos que unem o esqueleto axial ao apendicular, músculos da
parede anterolateral do abdome, músculos do pescoço, do dorso e alguns que agem como acessórios
da respiração. No entanto, os verdadeiros músculos da parede torácica são os levantadores das costelas
(agem na inspiração), o transverso do tórax (função expiratória), os intercostais externos (atuam na
inspiração), os intercostais internos (na expiração), os intercostais íntimos (têm a mesma ação dos
intercostais internos) e os subcostais (com ação igual a dos intercostais internos).

Figura 26 - Vista superficial dos múscu-


los do tórax e abdome

Descrição da Imagem: a figura


mostra o tronco dissecado, des-
tacando os músculos do tórax e
abdome.

76
UNIDADE 2

O diafragma é um músculo comum ao tórax e ao abdome, e atua como o principal músculo da inspi-
ração. Apresenta uma parte central aponeurótica chamada de centro tendíneo, e uma parte muscular
chamada de cúpula diafragmática. Ele é atravessado pela veia cava, pelo esôfago e pela artéria aorta
(WATANABE, 2000).

Figura 27 - Músculo diafragma

Descrição da Imagem: a figura


mostra o músculo diafragma
em um tronco dissecado, visto
de baixo para cima, na cavidade
abdominal. É possível visualizar
o centro tendíneo e a cúpula
diafragmática.

Os músculos do abdome podem estar localizados na parede ântero lateral ou posterior do abdome. Na
parede ântero lateral existem cinco pares de músculos: reto do abdome, piramidal, oblíquo externo do
abdome, oblíquo interno do abdome e transverso do abdome. Estes músculos têm diferentes direções
de fibras e formam uma sustentação forte nesta região. Juntos, sustentam e protegem as vísceras ab-
dominais, comprimem o conteúdo abdominal para manter ou aumentar a pressão intra-abdominal,
opõem-se ao diafragma, movem o tronco, ajudam a manter a postura, formam um cinturão muscular
e atuam ao tossir, espirrar, vomitar, no parto normal, ao assoar o nariz, na defecação e outras atividades
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Os músculos da parede abdominal posterior incluem o psoas maior, o psoas menor, o ilíaco e o
quadrado do lombo. O psoas maior fica lateralmente à coluna vertebral e parte de suas fibras unem-se
ao tendão do músculo ilíaco formando o músculo iliopsoas, que é o principal flexor do quadril. Além
disso, ele faz a flexão lateral do tronco e ajuda a manter a lordose lombar. O psoas menor é considerado
uma variação anatômica. Enquanto o ilíaco estabiliza o quadril, o quadrado do lombo é flexor lateral
e extensor do tronco.

77
UNICESUMAR

Figura 28 - Músculos da parede abdo-


minal posterior e músculos do quadril

Descrição da Imagem: a figura


mostra a parte inferior da colu-
na vertebral e os ossos do qua-
dril formando a pelve. Nela, os
músculos da parede abdominal
posterior e os músculos da re-
gião anterior do quadril podem
ser visualizados.

Os músculos do membro superior são muito numerosos, principalmente, porque possibilitam os


precisos movimentos da mão. Incluem o peitoral maior, peitoral menor, subclávio, serrátil anterior,
levantador da escápula, rombóide maior, rombóide menor, deltóide, redondo maior, redondo menor,
supraespinal, infraespinal, subescapular, os vários músculos do braço, do antebraço e da mão. Vale
destacar que os músculos trapézio e latíssimo do dorso, embora presentes no dorso, também atuam
sobre o membro superior (DI DIO, 2002).
Os músculos do braço incluem o bíceps braquial, braquial, coracobraquial, tríceps braquial e an-
côneo. Os músculos do antebraço compreendem 17 músculos que cruzam a articulação do cotovelo.
Alguns atuam exclusivamente nesta articulação, enquanto outros atuam na articulação do punho e/
ou dedos. Os músculos da mão têm nomes que identificam suas funções. Incluem o músculo abdutor
curto do polegar, flexor curto do polegar, oponente do polegar, abdutor do dedo mínimo, flexor curto
do dedo mínimo, oponente do dedo mínimo, lumbricais, interósseos e o adutor do polegar (MOORE
et al., 2014).

78
UNIDADE 2

M. Supra escapula

M. Infra escapular

M. Redondo menor
M. Triceps Braquial

M. Redondo maior Cabeça lateral


Cabeça longa

M. Latissimo do dorso

A B
Figura 29 - Vista posterior dos músculos relacionados à escápula (a) e do membro superior (b).

Descrição da Imagem: a figura mostra, em vista posterior, alguns músculos relacionados à escápula (como o supra
espinal, infra espinal, tríceps braquial, cabeça lateral, cabeça longa, latíssimo do dorso, redondo maior e redondo
menor) e do membro superior.

Os músculos do membro inferior, além de movimentar as diversas articulações deste segmento cor-
póreo, permitem a sustentação do peso do corpo e a manutenção da postura bípede em equilíbrio,
possibilitando a marcha.

79
UNICESUMAR

Figura 30 - Aspecto superficial dos


músculos dos membros inferiores (em
ordem: vista anterior, posterior, lateral
e medial)

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o membro inferior
dissecado, destacando seus
músculos superficiais. Estes
músculos são apresentados em
vista anterior, posterior, lateral
e medial.

Os principais são: pectíneo, sartório, iliopsoas, quadríceps femoral, articular do joelho, adutor longo,
adutor curto, adutor magno, grácil, obturador externo, glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo,
tensor da fáscia lata, piriforme, obturador interno, gêmeo superior, gêmeo inferior, quadrado femoral,
semitendíneo, semimembranáceo, bíceps femoral, tibial anterior, extensor longo dos dedos, extensor
longo do hálux, fibular terceiro, fibular longo, gastrocnêmio, sóleo, plantar, poplíteo, flexor longo dos
dedos, flexor longo do hálux, tibial posterior (FREITAS, 2004).

A B

M. Glúteo mínimo M. Glúteo médio M. Glúteo máximo

Figura 31 - Músculos da região glútea (A) e da região posterior da coxa (B)

Descrição da Imagem: a figura mostra o membro inferior dissecado, destacando os músculos da região glútea e da
região posterior da coxa.

80
UNIDADE 2

Vale destacar que o músculo quadríceps femoral dá o maior volume para a região anterior da coxa
e é um dos músculos mais fortes do corpo. É constituído pelos músculos reto femoral, vasto lateral,
vasto intermédio e vasto lateral.

A B

Figura 32 - Vista superficial dos músculos da perna. Região anterior (A) e posterior (B)

Descrição da Imagem: a figura mostra o membro inferior dissecado, destacando os músculos da perna.

Os músculos do pé localizam-se na face plantar (14 deles), no dorso (2 deles) ou são intermediários
(4 deles). Os músculos da planta estão organizados em camadas e atuam na fase de suporte da mar-
cha mantendo os arcos do pé e produzindo supinação e pronação para permitir que o pé se ajuste ao
solo irregular. São eles o abdutor do hálux, adutor do hálux, flexor curto do hálux, abdutor do dedo
mínimo, flexor do dedo mínimo, flexor curto dos dedos, quadrado plantar, lumbricais, interósseos
dorsais e plantares. No dorso estão os músculos extensor curto dos dedos e extensor curto do hálux.

81
UNICESUMAR

Figura 33 - Vista lateral dos músculos superficiais do pé

Descrição da Imagem: a figura mostra o membro inferior dissecado, destacando os músculos do pé.

Querido(a) aluno(a), te convido a clicar aqui e ouvir o Podcast sobre


algumas alterações comuns relacionadas ao aparelho locomotor
com o fisioterapeuta e profissional de Educação Física Geraldo Iná-
cio Júnior, que é osteopata e especialista em acupuntura e técnicas
complementares na área da saúde e bem estar. Aproveite para tirar
todas as suas dúvidas!

82
UNIDADE 2

Título: A Teoria de Tudo


Ano: 2014
Sinopse: a história de Stephen Hawking é contada pela luz da ge-
nialidade e do amor que não vê obstáculos. Quando Jane conhece
Stephen, percebe que está entrando para uma família diferente. Com
grande sede de conhecimento, os Hawking possuíam o hábito de levar
material de leitura para o jantar, ir a óperas e concertos e estimular o
brilhantismo em seus filhos – entre eles aquele que seria conhecido
como um dos maiores gênios da humanidade, Stephen. Diagnosticado com Esclerose Lateral
Amiotrófica (ELA) aos 21 anos, Hawking superou todas as expectativas dos médicos sobre
suas chances de sobrevivência a partir da perseverança de sua mulher. Mesmo ao descobrir
que a condição de Stephen apenas pioraria, Jane seguiu firme na decisão de compartilhar
a vida com aquele que havia lhe encantado.
Comentário: é um filme que retrata a total dependência do sistema muscular em relação
ao sistema nervoso. Excelente!

Esta unidade expôs você ao fato de que o corpo humano é capaz de realizar movimentos graças ao
sistema locomotor o qual é formado por ossos, articulações e músculos. A atuação conjunta desses
sistemas, e em concordância com o comando do sistema nervoso, garante o movimento voluntário
harmônico e coordenado. O sistema muscular representa o elemento ativo do movimento tracionando
ossos que, como alavancas, movem, passivamente, as articulações. Se qualquer um destes sistemas
ou o controle nervoso falhar, distúrbios motores podem surgir como hiper ou hipotonia muscular,
paralisia, paresia, discinesia e outros. Por exemplo: Você lembra que, no início desta unidade, você
foi questionado a respeito de quantos ossos tem o corpo humano, se um recém-nascido tem a mes-
ma quantidade de ossos que um adulto, sobre quantos músculos tem o corpo humano e se todos os
músculos do corpo agem ao mesmo tempo? Pois bem. Precisamos responder tais questionamentos.
Temos 206 ossos quando adultos. Um recém-nascido nasce com 350. Temos 656 músculos os quais
não agem, simultaneamente, mas quando são requisitados. Assim, é essencial o pleno conhecimento
anatômico e fisiológico das estruturas que compõem tais sistemas, pois, por meio do conhecimento
adequado, procedimentos preventivos e curativos (como o fortalecimento e o alongamento muscular,
e até mesmo as intervenções cirúrgicas) poderão aperfeiçoar a atuação destes sistemas tão importan-
tes. Vale ressaltar que profissionais da saúde e do bem-estar devem conhecer, profundamente, estes
sistemas, pois agem modificando-os, ou mantendo a integridade dos mesmos.

83
Caro(a) aluno(a), gostaria que você fizesse, agora, uma verificação crítica dos conhecimentos
adquiridos por você ao término desta unidade. Para tanto, verifique o Mapa da Empatia a seguir
e, com base nos conhecimentos adquiridos, faça uma listagem resumida dos principais tipos de
ossos, articulações e músculos e inclua exemplos. Você pode fazer em formato de texto e utilizar
para seu estudo pessoal. Vamos lá!

SISTEMA ESQUELÉTICO SISTEMA ARTICULAR SISTEMA MUSCULAR

- FORMA: TIPOS DE OSSOS - ASPECTO ESTRUTURAL: - TIPOS DE MÚSCULOS


- EXEMPLOS TIPOS DE ARTICULAÇÕES - EXEMPLOS
- EXEMPLOS
MAPA MENTAL

84
1. Leia, atentamente, o texto que segue sobre o sistema esquelético:

“Além de dar sustentação ao corpo, o sistema esquelético protege os órgãos internos


e fornece pontos de apoio para a fixação dos músculos. Ele é constituído de peças ós-
seas e cartilagíneas articuladas, que formam um sistema de alavancas movimentadas
pelos músculos”.

(Fonte: https://afh.bio.br/sistemas/sustentacao/1.php).
I) O esqueleto do tórax é composto pelas cartilagens costais, osso esterno, costelas
e vértebras cervicais e torácicas. Sua mobilidade, apesar de não tão expressiva, é
essencial à respiração.
II) Pode-se afirmar que, exceto os ossos carpais e tarsais que são alongados, os outros
ossos que formam o esqueleto dos membros superiores e inferiores são classificados
como longos.
III) A escápula e a clavícula, embora estejam posicionadas no tronco, pertencem ao
esqueleto apendicular.
IV) O crânio é constituído por 22 ossos os quais apresentam pouca mobilidade. A maior
parte destes ossos constitui o crânio facial.

Assinale a alternativa que contém apenas proposições corretas.


a) I e II.

AGORA É COM VOCÊ


b) II e III.
c) III e IV.
d) I e IV.
e) I e III.

85
2. Relembre seus conhecimentos sobre miologia, analise as afirmações, a seguir, e iden-
tifique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F).
( ) Os músculos classificados como digástricos apresentam dois ventres musculares se-
parados por um tendão intermediário. Um exemplo de tal músculo é o estilo-hioideo
(um dos músculos supra-hioideos que atuam na primeira fase da deglutição, elevando
o osso hioide).
( ) Os músculos classificados como bíceps, tríceps ou quadríceps apresentam, respecti-
vamente, dois, três ou quatro ventres musculares.
( ) Os músculos mímicos são classificados como estriados esqueléticos, voluntários e
dérmicos. A proximidade deles à pele faz com que suas contrações repetitivas e con-
tínuas sulquem a pele, fazendo com que as rugas de expressão apareçam.
a) F, F, V.
b) V, F, V.
c) F, V, F.
d) V, F, F.
e) F, V, V.

3. A miologia estuda os músculos e seus órgãos anexos. Analise, atentamente, as afir-


mativas a seguir:
I) O músculo estriado cardíaco apresenta estrias transversais e contração involuntária.
Assim, ele é classificado como somático.
AGORA É COM VOCÊ

II) Ao contrário do músculo estriado cardíaco, o músculo estriado esquelético tem


contração voluntária e não apresenta estrias transversais. Assim, ele é classificado
como liso.
III) Um músculo classificado como policaudado (como alguns das mãos e dos pés)
apresenta um ventre muscular e vários tendões de inserção.
IV) É considerado o tendão de origem de um músculo seu ponto que permanece mais
fixo, durante determinado movimento. Em contrapartida, é considerado o tendão
de inserção de um músculo seu ponto que mais se move, durante um determinado
movimento.

Assinale a alternativa que contém apenas afirmativas corretas.


a) I e III.
b) II e III.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) II e IV.

86
1. C. A alternativa I está errada porque as vértebras cervicais não fazem parte do tórax.
A alternativa II está errada porque os ossos carpais e tarsais não são alongados, e sim
curtos.

2. A. A alternativa I está errada porque o músculo estilo hioideo não é digástrico. A alter-
nativa II está errada porque músculos classificados como bíceps, tríceps ou quadríceps
apresentam, respectivamente, dois, três ou quatro diferentes pontos de origem.

3. D. A alternativa I está errada porque o músculo estriado cardíaco é classificado como


visceral. A alternativa II está errada porque o músculo estriado esquelético apresenta
estrias transversais, e não é classificado como liso.

CONFIRA SUAS RESPOSTAS

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MEU ESPAÇO

88
89
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

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