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Entrevistador - Vamos iniciar a nossa entrevista.

Gostaríamos de conhecer um pouco do seu


percurso escolar e profissional. Pode contar-nos um pouco da sua experiência nestas duas
vertentes? Por exemplo, enquanto aluna como era a escola? Como brincavam? Se divertiam?
A sua relação com os professores? A posição dos pais face à escola…

Entrevistado - Ora bem… Muitas perguntas… (Risos) Ao mesmo tempo… Eu devo dizer-vos que
tenho aqui algumas perguntas que me foram enviadas pela vossa professora. A pergunta era
se considerava que tinha havido alguma alteração no método de ensino até agora, não é?
Pronto, eu posso passar então… começar agora a falar como é o ensino… como era o ensino no
meu tempo e como é o ensino agora, não é?

Eu escrevi e quero… e prefiro ir lendo porque estou numa fase em que é mais fácil para mim
do que estar a falar, a falar, a falar… Estão a perceber? Pronto. Tenho já alguns handicaps e um
deles é a memória. Então eu digo-vos e depois vós daqui vedes como fazeis vós o texto. Está
bem? Então eu digo aqui que desde o ano 1958, foi o ano em que eu entrei na escola primária
e até hoje várias foram as mudanças no método de ensino. Eu estive aqui, sei e vejo como as
minhas filhas foram, tiveram as aulas e como era no meu tempo, já era diferente.Com os meus
netos ainda mais diferente eu vejo que as coisas são. As coisas foram mudando. E isto
principalmente depois do 25 de abril de 1974, como vós sabeis, não é? Porque até aí era tudo
igual, sempre igualzinho, não havia grandes alterações. Eu nessa altura, no 25 de abril, tinha 23
anos e já era professora do 1º ciclo. Eu comecei por ser professora do 1º ciclo e na altura como
é que se dizia? O 1º ciclo? Vós sabeis? Era a escola…

Entrevistador - Primária.

Entrevistado - Primária. E eu nessa altura, pronto, as mudanças começaram mais rapidamente


nos nomes dos anos de escolaridade do que propriamente no método de ensino. Quer dizer,
começou a dizer-se, em vez de se dizer 1ª classe, 2ª classe, 3ª classe é o 1º ano, 2º ano… vós
percebeis que há uma mudança. E os ciclos também… a forma como eram designados… está
tudo diferente mas continuava tudo praticamente… continuou a fazer-se sempre as coisas
mais ou menos da mesma maneira até que houve realmente a verdadeira mudança. Durante
todos estes anos, até 1974, até à revolução do 25 de abril, os professores tinham sempre
razão, era muito difícil um aluno chegar a casa e fazer queixa de alguma coisa que aconteceu e
que, realmente às vezes os professores, incluindo eu, não é, que também fui professora, quer
dizer, nós somos seres humanos e podemos errar. Mas os pais davam sempre o grande
benefício da dúvida relativamente àquilo que os alunos diziam e acreditavam muito nos
professores. Pronto. E era o que acontecia nessa altura. Por isso um pai raramente
questionava o que o professor fazia. E era verdade. E depois no ensino primário, não sei se os
vossos pais se disseram, havia palmadinhas de régua, não é? Havia réguas para os alunos que
se portassem mal. E portar mal o que era? Era muitas vezes conversar para o lado com o
companheiro, ser chamado à atenção e continuava a falar e isto já era considerado uma coisa
muito grave. Quer dizer… E se continuassem, a régua… Na primária… Depois… Ou então
quando não estudavam a matéria. Quando era para… sabíamos que demos determinada
matéria, que era preciso estudá-la, quando nos perguntavam uma vez e outra e não sabíamos,
levávamos palmadas. Eu felizmente fui… fui… tive sorte, porque felizmente tinha capacidade
para poder apreender as coisas e tal… mas não somos todos iguais, e eu era uma boa aluna,
não tinha esse problema. Mas também éramos castigados com régua se fizéssemos… se
falássemos dentro da sala… com o colega do lado… não podíamos… Deus me livre…

Entrevistador - Peço desculpa por estar a interromper. E os seus pais incentivavam-na a


estudar?

Entrevistado - Incentivavam, sim.

Entrevistador - Ou preferiam que estivesse a trabalhar em casa? A fazer outras tarefas?

Entrevistado - Não. Foram… Eu estudei… Fiz a 4ª classe que era assim que se chamava na
altura e a maioria dos alunos ia logo trabalhar. Os pais arranjavam… ou iam trabalhar ou
ficavam em casa, não tinham mais nenhuma escola para onde ir a não ser para o liceu para
Guimarães por exemplo… Ou… Na altura ainda não havia liceu em Santo Tirso. Era o liceu em
Guimarães ou a Escola Secundária também em Guimarães. E claro que nem todos os pais
tinham essas possibilidades. Eu felizmente fui das que fui logo… Eu queria… Porque é que eu
fui? Eu fui porque a professora da 4ª classe chamou lá a minha mãe e disse-lhe que eu era uma
boa aluna e que era uma pena não continuar a estudar e nessa altura, nós éramos quatro
irmãos, e já éramos 5 irmãos e foi a minha mãe que insistiu com o meu pai. Ah, deixamos,
havemos de deixar, havemos de conseguir… E o que é facto é que eu fui estudar. Porque o
comum era a 4ª classe e ir trabalhar ou ficar em casa até arranjar algum trabalho. Pronto, era
isso. Houve grande… alterações no programa. Quer dizer… E dentro da sala na escola primária
castigo, muitas vezes era pôr de joelhos, o castigo. As pessoas estavam… estávamos a falar uns
com os outros, quem falasse era chamado a atenção, falava outra vez era chamado a atenção,
à terceira, digo eu assim mais ou menos no geral, castigo, lá para o fundo da sala… Era uma
sala grande. E nós só nos levantávamos de lá quando tivéssemos autorização. Aconteceu-me
isso uma vez. E foi uma colega que ainda há dias… há poucos dias … num encontro que
fizemos, me falou nisso, que eu já não me lembrava. Ela é que disse: “Lembras-te? Estávamos
a conversar uma com a outra, fomos chamadas a atenção, continuamos e fomos lá para o
fundo.” E eu: “Foi?” “Foi”. “Mas depois estávamos lá de joelhos e olhávamos para a
professora. Ela não estava a olhar e nós sentávamo-nos. Quando ela olhava nós…” (Risos)
Achei piada porque eu não me lembrava disso. Pronto, mas era assim, era…e os pais não
questionavam muito isto porque era uma mentalidade completamente… outra… não tem nada
a ver a mentalidade atual dos pais e mesmo da sociedade em geral, do que era antigamente.
Estávamos todos aqui muito fechados. As pessoas… não havia televisão. Era a rádio a única
coisa que se ouvia. E a televisão só já, quando eu já era uma jovenzinha é que tivemos
televisão. Por isso tudo… era um mundo muito fechado. Era um Portugal que não conhecia
mais nada senão… as pessoas conheciam praticamente o que havia à volta delas. E tudo o que
estava nas cidades ninguém conhecia, ninguém sabia. Hmm… Depois… O que é que os
professores faziam? Os professores explicavam a matéria e nós tínhamos de aprender não é?
Tínhamos os livros para fazer os exercícios mas quando o professor estava a explicar não havia
interrupções. Eles explicavam tudo e só depois é que nós podíamos falar. É uma boa regra. Eu
acho que essa é uma boa regra. Mas não sei o que é que vós pensais. O que é que vós pensais?

Entrevistador - Eu acho que é melhor deixar mesmo o professor explicar tudo até ao fim, para
não interromper as ideias do professor e o discurso que ele está a ter e só depois no final, se
tivermos algumas dúvidas…
Entrevistado - Exatamente.

Entrevistador - Até mesmo para anotar qualquer coisa…

Entrevistado - Para anotar… E assim é que se deve fazer. Mas naquela altura não era tanto por
saber… Dava mais fruto que as pessoas acabavam por aprender mais. Se eu fizesse assim. Não
era tanto por isso, como era… A ideia é que o professor é que manda, o professor é que sabe.
E quando ele… se ele entender que é agora, é agora, se ele entender que é logo, é logo. Não
era muito… Claro que os professores também eram pessoas formadas e iam para as… e tinham
indicações de como… E sabiam como eram ensinados a ensinar, só que todo o mundo era
diferente; não podia ser nada igual a hoje não é? Vós percebeis bem isso não é? Pronto.
Depois… Esta… Foi aqui… Depois vós quereis… Vós mandaste-me duas perguntas. A 1ª era, se
houve alteração no método de ensino ao longo dos anos. Pronto. Foi havendo, só que, como
eu digo, só depois do 25 de abril é que foi a verdadeira mudança e começou então por ser…
Deixou de ser a escola primária, passou a ser o ensino básico, o ensino secundário, não é?
Começou por ser o ensino preparatório. Ouviste? Vós ouvistes falar no ensino preparatório? As
minhas filhas andaram no ensino preparatório. Quer dizer… Saíram da escola e iam para o
ensino preparatório. Só depois é que era para o ensino secundário. Enquanto que eu fui do 4º
ano logo para o liceu para Guimarães e fomos para o liceu que era o liceu, era o ensino liceal.
Pronto, eram aqueles 5 anos que… ao fim dos cinco anos já tínhamos… já eram consideradas
pessoas quem tivesse o 5º ano tinha muito mais conhecimento, tinha muitos mais anos de
escolaridade do que quem só tinha feito a 4ª classe. Pronto. E essas pessoas conseguiam os
empregos que hoje só se conseguem, não é? Conseguem quando já se está na faculdade.
Percebes? Eu com o 5º ano fui para o magistério fazer o… Não… Não foi… Eu… Se quisesse ter
ido fazer o curso do magistério primário, que eu fiz primeiro o curso do magistério primário
para ser professora do 1º ciclo, bastava-me fazer os cinco anos e ia para o magistério primário.
Mas eu, como éramos novos e eu quis fazer o 7º ano, o equivalente ao 11º e os meus pais
deixaram-me. E eu fui fazer e depois depois disso é que ou ia para a faculdade ou ia para o
magistério primário para fazer… para ser professora. Como os meus pais eram trabalhadores
operários e eu tinha mais 5 irmãos, eu entendi, e os meus pais também, que era melhor fazer
um curso mais rápido, que era esse, eram dois anos, enquanto o outro eram quatro. Agora são
cinco, mas dantes eram quatro. E foi isso que eu fiz, fui para professora do ensino primário
mas não fiquei satisfeita e depois mais tarde fiz o curso de… Já trabalhava, já tinha as duas
filhas e ia para o Porto fazer o curso que queria fazer, que era o curso de Português-Francês,
que eu tinha feito o 7º ano de Português-Francês. E ficou ali aquele 7º ano feito assim em
stand-by. Com o 5º ano podia ter ido para o magistério, perceberam? Fiquei sempre assim…
Ficou ali aquele 7º ano. Parece que perdido. Porque não lhe estava a dar continuação e a
minha vontade era continuar e então logo que pude, depois de casada, fui. E fiz… Foi quando
depois me mudei para aqui.

Agora a segunda pergunta, vós perguntais…

Entrevistador - Se calhar é melhor já passar para a Terceira porque o resto já foi dito.

Entrevistado - Sim, entretanto já foram respondidas.


Entrevistador - Pensa que os alunos de hoje em dia estão mais motivados para a formação
académica do que antigamente?

Entrevistado - Acho que sim. Acho, porque a comunicação social tem muita força na vida das
pessoas e por aí também chega até nós o conhecimento que nós não tínhamos quando não
havia a comunicação social, nomeadamente a televisão que é aquela que mais capta os
sentidos. E por isso acho que realmente… e os pais também… também já há muitos pais que
têm uma formação diferente daquela que tinham os pais da minha época. Os meus pais
tinham feito a 4ª classe e tinham… por acaso tinham feito a 4ª classe porque havia muitos pais
daquela altura que nem sequer a 4ª classe tinham feito e… aliás, o meu pai tinha feito só a 3ª
porque também com a 3ª já se podia acabar… E ele tinha feito só a 3ª Engraçado porque
depois fui eu que lhe dei explicações para ele ir fazer a 4ª Foi engraçado. Fui eu que lhe dei as
explicações porque ele… quero fazer a 4ª classe… Queria tirar carta e com a 3ª não podia. E
sabes o que é? Uma filha estar a dar explicações ao pai? (Risos) De Matemática, de Português
e tal, mas ele lá foi fazer exame. Foi engraçado. Mas pronto. É uma experiência interessante da
minha vida, quer dizer… Não é muito comum uma filha ter depois de dar… É um bocado…
Pronto… Então agora muito menos. Hmmm. Depois… Perguntaste se os alunos estão mais
motivados para continuar os estudos. É exatamente isso, porque eu digo aqui e digo a
verdade. Os pais estão mais informados e há muitos pais que também já fizeram formação
pelo menos até ao 9º… Até ao 9º agora quase já todos têm. Os vossos pais também devem ter.

Entrevistador - Sim.

Entrevistado - Pronto, não é? Até ao 9º já toda a gente tem. Parece que não mas é uma
diferença grande. É uma diferença grande… Ter estado na escola até só aos onze, doze anos ou
ter estado até aos quinze… É diferente. E por isso nota-se que sim, sim senhor, acho que os
alunos estão mais motivados porque os pais também têm… os pais… a comunicação social…
aquilo que os alunos permite… a comunicação social permite mostrar aos jovens, se eles
quiserem ver, porque às vezes os jovens não querem ver, só querem ver as playstations…

(Risos)

Entrevistado - Mas… Tudo isso influi e acho que sim, que estão mais motivados agora, para
continuar e é muito bom que assim seja. E vós? O que é que vós achais?

Entrevistador - Sim, também consideramos isso.

Entrevistado - Vós estais em quê?

Entrevistador - No 11º.

Entrevistado - Ides ao 12º?

Entrevistador - Sim.

Entrevistado - E depois, qual é? Já agora estou curiosa. Quero saber…

Entrevistador - Eu ainda não sei.


Entrevistado - Ainda não sabes. Pronto… Nós não temos todos o mesmo timing. Uns sabem
mais rapidamente aquilo que querem ser, outros ficam na dúvida. Por isso… Tudo tem o seu
tempo e nada de stress. Não sabes, hás-de chegar lá. Um dia hás-de saber. Pronto. Eu sempre
quis ser professora. Não sei porquê mas sempre quis ser professora. E por isso é que fui…
Pronto… Primeiro para professora do primeiro ciclo, depois avancei e vim para esta área de
Português-Francês. Depois… Estão mais motivados sim… E eu digo aqui que durante os anos
em que eu estive aqui nesta escola… e tomei notas porque senão depois esquecia-me e…
porque a minha memória anda… a memória… não é bem a memória…é mais o meu ânimo, o
meu espírito, anda um bocadinho fraco, abato-me com facilidade porque sinto que estou um
bocado esquecida e então para não ficar aqui perdida eu escrevi. Noutras ocasiões não
escrevia nada. E como vedes até estou a ser capaz mais do que aquilo que achava que era
preciso, mas mais vale prevenir do que remediar, vós não achais?

Entrevistador - Exato.

Entrevistado - Então eu digo aqui que durante os anos que lecionei nesta escola poucos eram
os alunos que queriam… Que diziam que queriam continuar a estudar. E… Mas como os pais
foram estando cada vez mais… Pais que têm formação pelo menos até ao 12º ano, e alguns
não terão continuado porque não tiveram, como eu não tive, as posses dos pais, é natural que
agora queiram que os filhos vão. Por isso, acho que a comunicação social também tem muita
importância porque mostra muita coisa a que nós podemos ter acesso e ter conhecimento que
existe e que nos pode motivar a querer ser outra coisa que não somos. Por isso acho que sim.
Atualmente há mais… Estão mais motivados para a formação, eu acho… E vós achais que sim
ou que não?

Entrevistador – Sim. Outra pergunta… Hoje fala-se muito do bullying nas escolas e mesmo na
sala de aula os professores procuram sensibilizar os alunos para esta questão. Na sua altura
em que estudava já havia bullying? Em caso afirmativo, como se reagia face a este tipo de
atitude?

Entrevistado - Ora bem… Eu digo aqui que quando estudava não se falava de bullying. Mas
quando já era professora do ensino secundário… Só… Durante os anos que fui… 18 anos…
professora do 1º ciclo… E depois é que fiz o restante… Depois… Portanto… Estudava e ia para o
Porto fazer o curso como já vos disse, e depois passei para o secundário… Na altura em que eu
estudava não se falava mas depois aqui na escola havia alunos que se comportavam mal, mas
nunca dizíamos bullying, que pegavam uns com os outros… Nós víamos isso como uma… Uma
coisa mais ou menos natural entre os seres. No fundo a luta, a competição faz-nos crescer,
desde que não seja… Desde que não seja bullying… Desde que não seja para rebaixar o outro…
Baixar o ego do outro… Não… Mas queremos ser… Aquela teve 18, olha, eu tenho 16, vou ver
se também chego a 18. E se a outra ficar zangada, mas não via a fazer bullying… Que é isso de
bullying… Nessas circunstâncias… Se a pessoa estiver forte… O importante é que haja na
sociedade meios de fazer com que os alunos… De fazer com que as pessoas estejam
resilientes… Que sejam fortes a ponto de não… Não ficarem magoadas com determinadas
situações não é? Se ficarem, se sentirem que estão a ser alvo de bullying não… Devem
imediatamente dar a conhecer a quem de direito… Aos vossos pais, aos vossos professores…
Que é precisamente para quê? Para que haja ali um controlo, para não deixar continuar muito
a situação. E o que eu digo aqui… O que é que acontecia? Faziam troça uns dos outros às
vezes, e nós víamos, ou pela roupa que traziam ou pela forma como falavam ou… Havia… às
vezes víamos que havia ali um ou outro aluno que estava ás vezes sempre sozinho num canto,
a nossa obrigação como professores era procurar saber o porquê e tentar ajudá-los. E era isso
que fazíamos, não é? Ajudar. Saber o que é que se passava. Às vezes conseguíamos, outras
vezes não conseguíamos, mas digamos, bullying, a palavra bullying apareceu muito mais tarde.
Agora as pessoas ser… Os jovens e mesmo as pessoas adultas serem mazinhas umas com as
outras, isso… Infelizmente faz parte do ADN do ser humano…Sempre existiu…Infelizmente, não
é? Porque isso… O nosso ADN nós também podemos controlar… E devemos… Temos
cabecinha para isso. Mas realmente quem é que tratava depois mais diretamente do caso?
Quando havia essas situações… Eram os diretores de turma. Quando sabíamos, nós
professores, sabíamos que alguma coisa se estava a passar de errado com o aluno dizíamos…
Ou ele anda mais triste ou ele anda mais não sei quê… Dizíamos ao diretor de turma para ele
falar com os pais para saber o porquê, para ver se podíamos ajudar. Mas assim, como vos digo,
não víamos assim também nada de muito… Eu não me lembro de ter visto assim nada de
muito preocupante, não é? Também achávamos muito normal a luta. E é… E se formos ver é
muito normal a luta entre pares, não é? Desde que não haja agressões físicas nem agressões
verbais em termos… Aquelas fortes que magoam mesmo… dar um empurrão, andarem
zangados… Isso faz parte do crescimento não é? Mas nós precisávamos era de saber se se
tratava de uma coisa ou doutra e quando víamos alguém que estava a ficar… Que nos parecia
que estava muito sozinho abordávamos… Dizíamos ao diretor de turma… Ou se fôssemos nós
o diretor de turma procurávamos ajudar nessas circunstâncias.

Entrevistador - Para concluir a entrevista, gostaríamos que nos desse a sua opinião em relação
à atual situação dos professores.

Entrevistado - Ora, eu sobre isso… O que sei sobre o assunto é o que se ouve na comunicação
social não é? Porque não estou por dentro do que… Do que é necessário para que os
professores estejam bem e sejam felizes a dar aulas porque eles só podem transmitir
felicidade aos alunos se também forem alegres não é? Nós quando estamos tristes não
podemos pôr alegre ninguém. E quando não somos felizes também não podemos transmitir a
nossa felicidade a ninguém. E um professor que está em frente dos alunos precisa de estar
assim dessa forma não é? Por isso eu não sei o que… Só sei o que se ouve na comunicação
social, não é? Por isso não posso dizer muito mais. Mas parece-me, muito francamente, por
aquilo que vejo na televisão, que há muitos sindicatos metidos ao barulho e isso não ajuda
nada… Na minha perspetiva… Não ajuda nada à resolução do problema. Porque uns querem
que se vá por aqui e outros também querem por aqui, mas se fosse um bocadinho mais para
ali… O outro diz que é mais para a esquerda e o outro diz que é mais para a direita e há uma
grande baralhação, pronto… Eu digo que entendo que devem lutar pelo que lhes é devido, sim
senhor. Acho bem… Eu de certeza que se estivesse aqui também alinharia. Acho… Nunca
alinhei em nenhuma greve mas também nunca foi nada tão preocupante como é agora não é?
Também é verdade que se contesta mais, muitas vezes com razão mas muitas vezes sem
razão. Mas neste caso acho que os professores têm razão, por aquilo que oiço. Têm razão… No
entanto parece-me que em algumas questões os professores estão confrontados com uma
luta entre sindicatos. São muitos sindicatos metidos ao barulho. De diferentes… De diferentes
lados ideológicos digamos assim… Uns mais da direita, outros mais da esquerda e não podem
pensar todos a mesma coisa não é? Acho que estão ali mais a ver qual é o sindicato que
consegue mais coisas do que propriamente a pensar no bem dos professores… Por isso eu digo
isto porque simplesmente entendo que eles tendo razão devem lutar pelo que lhes é devido,
no entanto parece-me que os professores em algumas questões estão confrontados com uma
luta entre sindicatos. Estão ali aqueles sindicatos todos a ver quem é que tem mais créditos,
que é para ter mais… E desejo aos professores muita sorte nesta luta.

Entrevistador - Muito obrigada!

João Fernandes

Lara Mesquita

Rafaela Mesquita

11ºB

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