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Absolutismo Régio (origens)- pág.

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Afirmou-se na Europa ao longo do século XVII
Origem no século XII com um processo de centralização do poder do rei em muitas
monarquias europeias
Este processo intensificou-se nos séculos XV e XVI com um conjunto de fatores:
 Ressurgir do mundo urbano e mercantil
 Desejo da ascensão da burguesia enriquecida (época de decadência da sociedade
senhorial)
 Desenvolvimento cultural e renascimento do direito romano, revalorizando a noção
de Estado centralizado
 Crescimento económico, demográfico e geográfico, o que impôs, a necessidade de
uma organização mais eficiente, unitária e permanente que só podia ser feito pelo
poder régio com eficácia, imparcialidade e soberania
Estes fatores contribuíram para valorizar a figura do rei que passou a ser visto como organizador
da defesa nacional, juiz imparcial das questões sociais, impulsionador do progresso e da fortuna
das nações, um “pai protetor” que igualava perante o poder todas as ordens sociais.
O rei foi reduzindo gradualmente a importância política e o poder das ordens privilegiadas
garantindo apoios nalguma burguesia (endinheirada e ávida de poder).
Monarquia absoluta- regime político em que o rei detém uma autonomia total e única sobre os
seus súbditos, concentrando na sua pessoa todos os poderes do Estado. Vigorou na quase
totalidade dos reinos europeus de finais de séc. XVI a finais do séc. XVIII.
Antigo regime- regime político-social que caracterizou a Europa entre os séculos XVI e XVIII,
após o Renascimento até às Revoluções Liberais.

Monarquias absolutas de direito divino- Pág.125


Exerceram o poder de forma pessoal (não admitindo delegar poderes), absoluta (não
reconhecendo outro poder além ou acima do seu) e única (não repartida ou partilhada com
ninguém).
A soberania régia era um legado divino; sacralizados como imagem de Deus na terra
Assumiam o dever de tratar os seus súbditos com a bondade e justiça divinas devendo apenas a
Deus justificação pelos seus atos.
O rei detinha todos os poderes políticos:
 Legislativo (só ele podia promulgar ou renovar as leis; ele era a lei viva)
 Judicial (era o supremo juiz no seu reino e as suas decisões eram as únicas que não
admitiam apelação)
 Executivo
Os poderes do rei e do Estado eram unos e indivisíveis. A teoria absolutista reconhecia alguns
limites ao poder do rei:
 As leis de Deus (devia jurar obediência)
 As leis da justiça natural dos Homens (direito à propriedade, à liberdade, à vida...)
impostas desde sempre
 As leis fundamentais de cada reino nunca podiam ser revogadas, eram uma espécie de
constituição consuetudinária sendo anteriores aos reis, impunham limites ao Estado

A estratificação social/ sociedade de ordens- pág.127


Três grandes grupos:
 Clero
 Nobreza
 Terceiro Estado/ Povo (burguesia + povo)
Estes grupos eram diferenciados segundo o nascimento e/ou o prestígio da função que
desempenhavam na sociedade, independentemente da sua situação económica.
Leis consuetudinárias incluíam:
 A posição social dependia do nascimento ou do estado a que ascendiam
 Estabeleceram-se privilégios e deveres das ordens atribuindo leis civis e penas próprias
 Estavam determinados códigos de atuação pública de cada ordem e as relações de umas
com as outras
 Estavam definidas diferentes formas de tratamento (honras, dignidades e pensões a que
cada grupo tinha direito)
A estratificação da sociedade da corte era de tipo legal ou jurídico e assentava no
reconhecimento e aceitação do princípio da desigualdade natural.
Baseava-se no direito divino: cada um pertencia à ordem em que nascia pela vontade de Deus
A condição social era quase inalterável (só por decisão do rei, casamento ou compra de títulos se
podia ascender socialmente)

Direitos e deveres dos privilegiados- pág.129


1º lugar em prestígio- clero
Clero:
 Possuía leis e tribunais privados que julgavam de acordo com os direitos próprios dos
eclesiásticos
 diretamente dependente do Papa de Roma
 estava isento do serviço militar
 recebia, em nome de Deus, diversas dádivas e doações
 permitia acumular fortuna imobiliária e mobiliária, isenta de tributação
 pela cultura que detinham eram chamados a desempenhar importantes cargos no ensino,
na corte e na admistração pública
 impuseram-se como força económica pela riqueza que possuíam
 não pagava impostos
Nobreza:
 isenta de pagamento de impostos ao Estado com exceção dos impostos gerais em ocasião
de guerra
 cobravam direitos senhoriais aos camponeses
 possuíam em exclusivo o direito de caça
 desempenhavam os mais altos cargos no exército e no aparelho político-admistrativo
 acumulavam subsídios e pensões
 eram controlados pelo absolutismo através dos rituais palacianos e da vida na corte
Terceiro Estado:
 não possuía quaisquer privilégios
 era quem produzia riqueza
 não eram reconhecidos direitos, apenas obrigações (sobretudo fiscais)
 pagavam rendas e tributos às ordens privilegiadas e ao rei
 vivem exclusivamente do seu trabalho e vulneráveis a situações de crise (povo)
 enfrentava a ameaça da indigência e da mendicidade
Ter dinheiro passou a ser mais importante do que ter propriedades o que permitiu maior
mobilidade social
Mobilidade social- Transição de indivíduos ou grupos de um estado ou ordem social para outro.

Limites do Absolutismo régio- pág. 133

Reações violentas por parte do clero e da nobreza em relação à centralização régia


Limites ao poder absoluto:
 permanência de privilégios feudais das ordens e da admistração local;
 deficiências do funcionalismo, mal preparado e pouco ético que se deixava corromper e
abusos de poder
 corrupção dos cargos, venda ou transmissão por herança era prática corrente
 limitações financeiras do Estado, levando os reis a pedir empréstimos ficando mais
dependentes de ricos burgueses
 aumento da burocracia, distanciando o rei dos súbditos diminuindo a sua autoridade
Foram surgindo pensadores com novas ideias sobre o poder político que denunciavam o regime e
questionavam a existência do poder absoluto de direito divino.

A recusa do Absolutismo na Holanda- pág. 135


Sociedades protestantes (norte e centro da Europa) fomentavam a leitura da Bíblia diminuindo o
número de analfabetos. Capacidade de ler levou a que contactassem com as ideias de filósofos
sobre igualdade e liberdade acelerando mudanças sociais e políticas
Desenvolveram espírito de tolerância que os levou a aceitar imigrantes (maioritariamente judeus
fugidos da PI)
Países Baixos tiveram evolução económica, política e social
Desenvolvimento marcado por uma burguesia dinâmica e empreendedora consciente das suas
liberdades e dos limites e responsabilidades de quem as governa
Sociedade holandesa muito diferenciada das restantes da europa na época:
 mais de metade da população já era urbana / 90% da população vivia nos campos
 burguesia era o grupo social mais numeroso e mais dominante; no topo das hierarquias
encontrava-se uma elite de homens de negócios que controlavam a vida económica e
participavam na vida político-admistrativa, bem como a nobreza;
 nobreza holandesa reduzida e pouco influente mas por tradição ocupava os principais
postos do exército e do aparelho político-admistrativo
 nível de vida holandês era dos mais elevados da europa permitindo uma vida regrada mas
confortável
Sendo independentes recusaram o poder absoluto e aproximaram-se do modelo político inglês,
desenvolvendo um Regime Parlamentar designado por República das Províncias Unidas

A recusa do Absolutismo na Inglaterra- pág. 137


Sociedade inglesa no séc. XVII apresentava maior mobilidade social e aumento das classes
médias com predomínio daa burguesia.
Organização política- parlamento
Monarquia obrigada a aceitar a Magna Carta (séc. XIII) que impunha ao rei obrigatoriedade de
consultar o Parlamento para a aprovação de novas leis/impostos. Quando os reis absolutistas não
cumpriram com este acordo tiveram forte oposição e houve uma Guerra Civil da qual o
parlamento saiu vitorioso (destacando-se na guerra a ação de Cromwell que instaurou uma
república que conduziu de modo ditatorial).
O Parlamento entregou a coroa ao príncipe de Orange sob a condição de jurar e assinar a
Declaração dos Direitos (1689):
 respeito pelas liberdades individuais dos súbditos;
 divisão da governação com o Parlamento livremente eleito;
 mantimento da independência da justiça;
 permissão do livre exercício de todas as doutrinas protestantes.
O rei reconhecia não poder colocar-se acima das leis
O Parlamento tornou-se o fundamental órgão da sua organização política mas não o único
Foi a 1ª experiência parlamentar da Europa na época moderna
Promovia a tolerância religiosa
Estes regimes contribuíram para a projeção económica que estes Estados tiveram nos sécs. XVII
e XVIII.

Novas ideias de organização social- pág. 139


Iluminismo: a apologia da razão- pág.141
Sécs. XVII e XVIII- ocorreu uma revolução científica que originou um movimento de renovação
intelectual, o Iluminismo.
Teve origem na Inglaterra
Era uma corrente cultural que exaltava o indivíduo por aquilo que ele possuía de mais valioso: a
sua capacidade racional, a inteligência ou razão.
Tinha como objetivo contribuir para o bem da Humanidade, libertando-a da ignorância e da
superstição através do saber e da Razão.
Maior objetivo da existência humana: felicidade; construíram uma visão otimista do futuro
O iluminismo inspirava-se:
 no Humanismo (sécs. XV e XVI) que valorizava o indivíduo e o espírito crítico
 no surto científico animado pelo racionalismo e empirismo materialista
 em teorias como as de John Locke
Figuras do iluminismo: Condorcet, Turgot, Montesquieu, Voltaire, Holbach, Buffon, Rosseau,
António Ribeiro Sanches e Luís António Verney
Voltaire: defendeu a liberdade e a justiça social e criticou a intolerância do clero
Rosseau: defendeu a igualdade de todos perante a lei e a soberania do povo através do voto
Montesquieu: defendeu a separação de poderes políticos
Divulgaram as suas ideias em obras escritas e em reuniões secretas da maçonaria, salões e
academias ou publicações periódicas como a Enciclopédia
Estes foram meios de difusão de informação cruciais na formação da opinião pública
Iluminismo- corrente filosófica que defendia valores como a liberdade, igualdade e valorização
da Razão e do progresso da ciência como meios para atingir a felicidade humana.
Racionalismo- corrente filosófica que valoriza a Razão como meio para a solução de questões
ligadas ao conhecimento, à moral, à religião e à arte.

O reconhecimento dos direitos naturais- pág. 143


Direito natural- privilégio que resulta da natureza física e biológica dos seres, ou seja, direitos
adquiridos à nascença por todos os seres humanos.
Ideias do racionalismo e os valores que eram difundidos em cafés e academias contribuíram para
o desenvolvimento da ciência (sécs. XVII e XVIII) e para a mudança de ideias e valores nas
sociedades.
A reflexão de filósofos sobre a condição natural do ser humano conduziu-os ao reconhecimento e
formulação dos direitos naturais. Entre eles estavam os princípios de liberdade e igualdade.
Ao reconhecerem os direitos naturais condenaram a tradição, criticaram o poder absoluto da
origem divina e os valores que sustentavam a sociedade de ordens da época.
Estas alterações de pensamento vão levar à crítica sistemática das religiões, de alguns regimes
políticos e das sociedades que não correspondiam aos valores da igualdade e da liberdade.
Estes princípios enquadravam-se na mentalidade burguesa e nos valores que sempre tinham
promovido: individualismo, liberdade, igualdade, dignificação pessoal pelo trabalho e instrução,
progresso...
Como este século foi de grande ascensão da burguesia, estas ideias foram facilmente aceitadas
e contagiadas. (até monárquicos e aristocratas)
Tudo isto contribuiu para a valorização do saber e da educação como forma de desenvolver as
capacidades do Homem tentando formar cidadãos esclarecidos e cultos.
Ainda assim, a maioria da população permanecia analfabeta, vítima dos condicionamentos do
Índex, da Inquisição e uma sociedade muito desigual.

A recusa do Absolutismo Régio- pág. 145


Teoria iluminista defendia o espírito crítico: assentou em valores mais justos e racionais
Recusou o absolutismo monárquico, a sua origem divina e a sociedade de ordens
Propuseram uma sociedade que reconhecia os direitos naturais e o princípio da soberania
nacional (contrato social)
Contrato social- Acordo celebrado entre o indivíduo e a sociedade, o que legitima a transferência
de poder desta para o governante. É pelo contrato social que se institui o Estado e os órgãos do
governo.- ROSSEAU
Princípios do iluminismo:
 sendo os Homens iguais e livres, têm todos direito à soberania
 existência do contrato social
 quando o Rei não exercia a soberania no interesse dos governados, os filósofos,
defendiam que o povo tinha o direito de se unir para derrubar o poder- resistência ao
poder opressor
 separação de poderes- só assim se evitariam os abusos de poder (Monstesquieu- O
Espírio das leis 1748. Defendia que o rei apenas deveria chefiar o poder executivo e
governasse submetido às leis regidas pela Nação)

O Nascimento dos EUA- pág. 147


As ideias iluminista marcaram profundamente a mentalidade do século XVIII (segunda metade) e
influenciaram diretamente as primeiras revoluções liberais.
Revolução liberal- movimento político-militar que tem como objetivo derrubar o absolutismo e
implementar um regime em que os princípios ideológicos do Liberalismo (igualdade e liberdade
individuais, soberania popular e separação de poderes) fossem cumpridos.
A 1ª revolução liberal foi em 1776 nas Treze colónias inglesas da américa do norte.
Muitos ingleses emigraram para a América por razões económicas e religiosas e distribuíram-se
pelas treze colónias. A relação entre as colónias e a metrópole era próxima:
 falavam a mesma língua
 seguiam as mesmas leis
Rapidamente desenvolveram uma forte tradição pela liberdade de pensamento (especialmente
burguesia rica e com forte espírito de trabalho)
Esta relação tornou-se conflituosa quando o governo inglês decidiu
 aumentar a carga fiscal (taxas e impostos) nas colónias (para recompor as finanças gastas
na Guerra Dos Sete anos)
 obrigar o suporte das despesas militares inglesas no seu território
 recusar que as colónias tivessem assento no Parlamento de Londres
Muitos colonos recusaram-se a pagar estes impostos o que criou conflitos com as autoridades
inglesas e confrontos como
 Massacre de Boston (1770)
 Boston Tea Party (1773)
Para tentar parar as rebeldias das colónias a Inglaterra decretou umas leis (Leis Intoleráveis-
nome dado pelos americanos) que provocaram o definitivo corte de relações:
 Fecho do porto de Boston
 Redução da autonomia em Massachusetts
 Limites à expansão no oeste
 ...
Assim surgiram grupos de resistência ao poder inglês
1774- reunidos num congresso em Filadélfia os representantes das colónias resolveram lutar pela
completa autonomia e encerraram o comércio com Inglaterra
2º Congresso de Filadélfia- organizaram um exército chefiado por George Washington que lutou
contra os ingleses
1776- 3º congresso de Filadélfia aprovaram a declaração da independência

A afirmação da soberania nacional nos EUA- pág. 149


A revolução Americana foi revolucionária em três aspetos:
 Foi uma colónia que conseguiu a independência- inspirando outras colónias
 Criou um sistema de governo que defendia a soberania nacional- inspirando outros países
europeus
 Aplicou uma forma de governação inspirada nos princípios iluministas- abrindo caminho a
grandes mudanças por todo o mundo ocidental
A Declaração da Independência exaltava dois princípios revolucionários (fazendo eco dos ideais
iluministas):
 Todos os homens nascem iguais e possuidores de direitos inalienáveis- vida, liberdade e
felicidade -> sociedade igualitária/ igualdade de oportunidades
 Princípio de soberania nacional- maior parte do poder reside no povo- o governo só é
legítimo quando mandatado pela vontade popular
Futuro do estado devidamente regulamentado em 1787 com a promulgação de uma constituição
que instituía uma república federal resultando da livre associação de estados autónomos.
Constituição- documento legislativo que contém os princípios gerais e as normas jurídicas
fundamentais de um Estado, emanadas do poder legislativo primário. Define os direitos e deveres
essenciais dos seus cidadãos e a sua forma política.
Governo(funções)- relações externas, finanças e defesa
Poder legislativo:
 câmara dos representantes (proporcionais à população de cada estado)
 Senado (dois senadores por cada estado)
Poder judicial:
 Supremo tribunal (conjunto de juízes eleitos pelos estados membros)
Poder executivo:
 Chefiado por um presidente munido de poderes alargados (mandato 4 anos)
Esta constituição mostrou-se tão eficaz que vigora até hoje, com algumas mudanças
Assim, esta revolução criou o 1º regime liberal e abriu caminho a uma nova sociedade exemplo
que iria encontrar seguidores na europa.

República federal- estado que engloba vários estados, cada um com autonomia e governos
internos, mas todos submetidos a uma única Constituição e a algumas políticas comuns.

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