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STJ-Petição Eletrônica (PET) 00020721/2023 recebida em 19/01/2023 10:39:39 (e-STJ Fl.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO GURGEL DE FARIA,


RELATOR DOS RECURSOS ESPECIAIS Nº 1.896.678/RS E 1.958.265/SP NO
COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Petição Eletrônica juntada ao processo em 19/01/2023 ?s 10:41:00 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE DIRIGENTES LOJISTAS,


pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 34.173.682/0001-56,
domiciliada na ST SRVTN, Quadra 701, nº 124, Conjunto C, Bloco B, 3º andar,
Salas 322 e 324 a 337, Asa Norte, Brasília/DF, CEP: 70.719-000, e-mail:
cndl@cndl.org.br, endereço de e-mail para fins exclusivamente deste processo:
tiago@mgfadvogados.com.br, vem, respeitosamente, diante de V. Exa., por meio
de seus procuradores in fine assinados, requerer a sua admissão como:

AMICUS CURIAE

com fulcro no art. 138 do NCPC, nos Recursos Especiais de n° 1.896.678/RS e


1.958.265/SP, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir aduzidos.

I – DO OBJETO DOS RECURSOS ESPECIAIS N° 1.896.678/RS E 1.958.265/SP

Cuidam os Recursos Especiais nº 1.896.678/RS e 1.958.265/SP, a


serem julgados sob o rito dos recursos repetitivos, de processos nos quais
determinados contribuintes, na condição de substituídos tributários de ICMS,
propuseram ação pleiteando seja declarada a ilegalidade da inclusão da parcela

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relativa ao ICMS-ST, suportado na condição de substituído tributário, no cômputo


do faturamento da empresa utilizado para o cálculo do PIS e da COFINS.

Em 07/12/2021, foi proferido, pelos il. Ministros da Primeira Seção


do Superior Tribunal de Justiça, acórdão de afetação dos processos ao rito dos
recursos repetitivos, para delimitar a seguinte tese controvertida:

“Possibilidade de exclusão do valor correspondente ao ICMS-


ST da base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS
devidas pelo contribuinte substituído”

De um lado, o contribuinte substituído sustenta a ilegalidade da


inclusão da parcela relativa ao ICMS-ST, suportado na condição de substituído
tributário, no cômputo do faturamento da empresa utilizado para o cálculo do PIS
e da COFINS, argumentando contrariedade do disposto no art. 1º, § 1º, das Leis nº
10.637/2002 e 10.833/2003 e no art. 12 do Decreto-lei nº 1.598/1977, sob o
fundamento de que o ICMS-ST não se insere no conceito de receita
bruta/faturamento, base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS.
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Contudo, noutro giro, a Fazenda Nacional sustenta a inclusão dos


valores referentes ao ICMS-ST suportado pelo contribuinte na condição de
substituído tributário na base de cálculo contribuição ao PIS e da COFINS, sob o
argumento de que tais valores compõem o custo da mercadoria vendida, portanto,
adequando-se ao conceito de receita bruta.

Destarte, a controvérsia aqui delineada consiste em definir se, à luz


do ordenamento jurídico infraconstitucional, a importância relativa ao ICMS/ST,
suportada pelo contribuinte substituído, deve ou não ser incluída na base de
cálculo das contribuições ao PIS e COFINS.

II – DA INTERVENÇÃO COMO AMICUS CURIAE

2.1 – DO CABIMENTO

O amicus curiae (amigo do tribunal) é modalidade de intervenção de


terceiros prevista no artigo 138 do NCPC. O amicus curiae possui como função
precípua auxiliar o órgão julgador, em regra, pela explicitação de matérias
específicas e relevantes, contribuindo para o aumento qualitativo do debate em
juízo.

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Além disso, configura instrumento de democratização das decisões


jurisdicionais, possibilitando a participação, por meio de representação da figura
do amicus curiae, de vultoso número de cidadãos em demandas que atingirão uma
infinidade de indivíduos.

Nessa senda, é de prestigiosa consideração os ensinamentos


exarados por Cassio Scarpinella Bueno:

“O que enseja a intervenção deste “terceiro” no processo é a


circunstância de ser ele, desde o plano material, legítimo portador
de um “interesse institucional”, assim entendido aquele
interesse que ultrapassa a esfera jurídica de um indivíduo e
que, por isso mesmo, é um interesse meta-individual, típico de
uma sociedade pluralista e democrática, que é titularizado por
grupos ou por segmentos sociais mais ou menos bem
definidos.”1

Destarte, o ordenamento jurídico brasileiro, por meio do artigo 138


do Código de Processo Civil, prevê a possibilidade de admissão de amicus curiae
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em determinada demanda, como espécie de intervenção de terceiros. Nessa


matéria, o indigitado artigo estabelece que cabe a intervenção do amicus curiae
quando houver “relevância da matéria, especificidade do tema objeto da demanda ou a
repercussão social da controvérsia”. Veja-se:

“Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria,


a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão
social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou
a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se,
solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica,
órgão ou entidade especializada, com representatividade
adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação”.

Portanto, resta indubitável relevância da admissão, à luz das


previsões legais aplicáveis, da figura do amicus curiae, preenchidos os requisitos
exigidos que, consoante será demonstrado, estão presentes no caso concreto.

1Bueno, Cassio Scarpinella. Amicus Curiae: Uma homenagem a Athos Gusmão Carneiro. p.2. Disponível
em: http://www.scarpinellabueno.com/images/textos-pdf/005.pdf.
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2.2 – DOS REQUISITOS OBJETIVOS PARA A INTERVENÇÃO


COMO AMICUS CURIAE

2.2.1 – Da relevância da matéria e da repercussão social da


controvérsia

Conforme se extrai do caput do art. 138, do Código de Processo


Civil, descrito alhures, a admissão de intervenção do amicus curiae pressupõe o
preenchimento dos seguintes requisitos objetivos: a) relevância da matéria; b)
especificidade do tema objeto da demanda; ou c) repercussão social da
controvérsia. Assim, diante da presença de um dos indigitados requisitos, a
figura do amicus curiae pode ser solicitada ou admitida.

Destarte, cita-se, por oportuno, o ensinamento de Eduardo


Talamini:

"A complexidade da matéria justificadora a participação do amicus


tanto pode ser fática quanto técnica, jurídica ou extrajurídica. A
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importância transcendental da causa pode pôr-se tanto sob o


aspecto qualitativo (“relevância da matéria”) quanto quantitativo
(“repercussão social da controvérsia”). Por vezes, a solução da
causa tem repercussão que vai muito além do interesse das partes
porque será direta ou indiretamente aplicada a muitas outras
pessoas (ações de controle direto, processos coletivos, incidentes
de julgamento de questões repetitivas ou mesmo a simples
formação de um precedente relevante etc.). Mas em outras
ocasiões, a dimensão ultra partes justificadora da intervenção do
amicus estará presente em questões que, embora sem a tendência
de reproduzir-se em uma significativa quantidade de litígios,
versam sobre temas fundamentais para a ordem jurídica".2

A relevância e repercussão social da matéria discutida no leading


case é evidente – daí a ensejar o julgamento da matéria sob o rito dos recursos
repetitivos – sendo assim resta incontroverso o alcance e repercussão das questões
objetos da demanda.

Ainda, nos termos do artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal, faz-


se necessário garantir a plenitude da prestação jurisdicional, bem como obter
decisões mais equânimes, cuja participação da CNDL como amicus curiae
contribuirá com o contraditório, princípio basilar do nosso ordenamento jurídico
(art. 5º, LV, Constituição Federal).

2 (https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI234923,71043-Amicus+curiae+no+CPC15)

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2.3 – DOS REQUISITOS SUBJETIVOS PARA FIGURAR COMO


AMICUS CURIAE – REPRESENTATIVIDADE ADEQUADA

2.3.1 – Legitimidade e interesse da CNDL

Conforme dicção do art. 138 do Código de Processo Civil, são


legítimos para figurar como amicus curiae: “pessoa natural ou jurídica, órgão ou
entidade especializada, com representatividade adequada”.

Nesse sentido, é de se notar que a CNDL detém legitimidade para


intervir como amicus curiae na presente demanda, vez que se enquadra como
entidade especializada, bem como possui “representatividade adequada”,
conforme será demonstrado a seguir.

Inicialmente, deve ser destacado que a CNDL não é uma entidade


sindical, não necessitando de registro no MTE, mas sim uma entidade de classe de
âmbito nacional, e, como Confederação Nacional, fundada no ano de 1960, detém
a capacidade de representar, justificando o Estatuto Maior, o interesse da classe
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dos lojistas a ser protegido.

A CNDL dispõe como objetivo primordial básico a representação


do segmento em todas as áreas que estejam ao seu alcance, buscando a obtenção
de meios que permitam o fortalecimento da livre iniciativa, a diminuição da
burocracia, a redução da carga tributária, a defesa das reivindicações de
interesse dos lojistas e, sobretudo, contribui de forma incontestável para o
crescimento e desenvolvimento de nosso país.

Para se aquilatar a extensão da relevância nacional da CNDL, esta é


gestora, via seu órgão SPC Brasil, do reconhecido SPC – Serviço de Proteção ao
Crédito, com registro no INPI (órgão Federal) desde 1964, um benefício
reconhecido nacionalmente e disponibilizado o gerenciamento nacional de
informações de proteção ao crédito sobre o comportamento de adimplência de
consumidores que geram melhorias na vida das pessoas com o acesso ao crédito.

Além disso, dentre as finalidades da CNDL previstas no art. 3º do


seu Estatuto Social, destacam-se aquelas descritas no inciso III, quais sejam: a)
amparar e orientar os interesses do comércio lojista e demais atividades
empresariais, em especial as micro e pequenas empresas; b) defender a ordem
econômica e a livre iniciativa no âmbito nacional, inclusive na qualidade de
substituta processual ativa e na qualidade de representante judicial ou

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extrajudicial, em conformidade com o disposto no art. 5º, inciso XXI, da


Constituição Federal e na Lei nº 7.347/1985.

Não obstante, estão aqui configurados os seguintes requisitos: (i)


homogeneidade de interesses existente entre seus associados, na medida em
que o elemento unificador apto a identificar os associados que as compõem
como membros efetivamente pertencentes a uma mesma classe, é sem dúvida, a
atividade lojista; (ii) representatividade da “categoria” em sua totalidade e
comprovação do “caráter nacional” da entidade, pela presença efetiva de
associados em pelo menos nove estados-membros, pois o caráter nacional da
entidade de classe não decorre de mera previsão estatutária, sendo certo que a
CNDL tem efetiva e ativa presença pelos seus associados (Federações e
Câmaras) sediados nas 27 unidades federativas.

Com efeito, deve ser destacado que a CNDL, há 60 anos, é a


principal entidade de livre adesão representativa do Varejo no Brasil, representa
institucionalmente mais de 500 mil empresas associadas do setor de comércio e
serviços, sendo 90% micro e pequenas empresas, e mais de 2 mil entidades
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vinculadas, as Federações das Câmaras de Dirigentes Lojistas nos Estados


(FCDL), as Câmaras de Dirigentes Lojistas nos Municípios (CDL), a CDL Jovem
e o SPC Brasil.

Além disso, deve ser ressaltado que não se restringe a sua


representatividade da categoria em âmbito nacional na defesa dos seus próprios
interesses, vez que presta informações essenciais ao comércio, ou seja, possui
ampla relevância em âmbito nacional. Nesse sentido, vejamos excerto de parecer
exarado pelo il. Eros Roberto Grau, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal:

“É inegável, portanto, a importância do papel desempenhado


pela CNDL não apenas de representação ativa dos interesses
dos lojistas brasileiros, mas também no que respeita à
prestação de informações indispensáveis ao comércio, por
meio do SPC.”

Além do mais, no que tange à representatividade da CNDL,


imperioso trazer à baila que, o Excelso Supremo Tribunal Federal, no julgamento
do AR-ADPF 262-DF, tendo como autora a coirmã da CNDL, a CACB
(Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil), que detém o
mesmo perfil associativo empresarial, alterou o entendimento primário de
ilegitimidade ativa para conceder-lhe legitimidade na forma do artigo 103, IX, da
Constituição Federal na forma do voto-condutor do Excelentíssimo Senhor
Ministro Alexandre de Moraes, verbis:
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“AS CONFEDERAÇÕES NACIONAIS SÃO ENTIDADES DE


ALCANCE NACIONAL E DOTADAS DE EXPRESSO MANDATO
PARA REPRESENTAÇÃO DE INTERESSES DE SETORES
ECONÔMICOS, QUE COMPORTAM DIVERSAS CLASSES (...).”

Vejamos, pois, a decisão proferida pelo Pretório Excelso:

“Decisão: O Tribunal, por unanimidade, deu provimento ao agravo


regimental para admitir a legitimidade ativa da Confederação
das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, nos
termos do voto reajustado do Relator. Ausentes,
justificadamente, os Ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes e
Ricardo Lewandowski. Presidência do Ministro Dias Toffoli.
Plenário, 17.10.2018”.

Ora, pela similitude dos objetivos e atuações com a CACB, não é


razoável proferir tratamento diferente à CNDL, devendo ser reconhecida a sua
representatividade em relação aos interesses da classe dos lojistas.
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Por derradeiro, imperioso apresentar a análise jurídica elaborada


pelo Prof. Dr. EROS ROBERTO GRAU, ex-ministro da Suprema Corte, que conclui
sobre a CNDL: “é entidade de classe de âmbito nacional, legitimada a atuar em
nome da classe de lojista em todo território nacional, em especial mediante a
propositura de ações constitucionais perante ao Supremo Tribunal Federal”.

2.3.2 – Da pertinência temática

Por derradeiro, deve ser salientado que a representatividade


adequada pressupõe, também, a existência de pertinência temática entre a expertise
ou os fins a que se destina o amicus curiae e a matéria discutida no processo em
que se busca intervir.

Conforme já demonstrado, a CNDL é uma entidade de classe de


grau superior, que representa os direitos e interesses do comércio brasileiro e da
livre iniciativa, possuindo, dentre outras, as seguintes finalidades:

"Art. 3º A CNDL tem por finalidade:


(...)
III - amparar e orientar os interesses das FCDLs, do comércio
lojista e demais atividades empresariais, em especial, as micro e
pequenas empresas (MPEs); defender a ordem econômica, a
livre iniciativa no âmbito nacional e a justiça fiscal, inclusive na
qualidade de substituta processual ativa e na qualidade de
representante judicial ou extrajudicial, em conformidade com o
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disposto no art. 5º, inciso XXI da Constituição Federal e na Lei


7.347/85, inclusive para o fim de promover “Ação Civil Pública”,
“Ação Direta de Inconstitucionalidade” e "Mandado de Segurança
Coletivo";
(...)
VI - defender o princípio da liberdade, no campo político, sob a
forma da democracia e, no campo econômico pelo primado da
livre iniciativa" (destacamos).

Ressalte-se, outrossim, que o E. STF reconheceu a CNDL como


entidade de classe de âmbito nacional de natureza associativa com pertinência
temática nas questões relacionadas ao comércio varejista, consoante se observa da
ADI nº 5.224/SP:

“A mera utilização da expressão “Confederação” no nome social da


CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) não
justifica, por si só, o tratamento da entidade como órgão sindical,
muito menos a exigência de apresentação de registro sindical. A
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autora qualifica-se como entidade de classe nacional,


representante dos interesses do comércio varejista em todo o
território nacional, havendo demonstrado a representatividade
adequada sob os aspectos objetivos (pertinência temática) e
subjetivos (filiados em mais de 09 Estados). Preliminar rejeitada.”

Portanto, é de clareza solar a pertinência temática entre os fins a


que se destina a CNDL e as questões tratadas na demanda sub judice, vez que a
demanda trata da possibilidade de exclusão do valor correspondente ao ICMS-ST
da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS, devidas pelo contribuinte
substituído (situação na qual se enquadram os lojistas), o que está
umbilicalmente vinculado à justiça fiscal, à ordem econômica e à livre inciativa.

Dito isso, a admissão do presente pedido de intervenção de amicus


curiae merece deferimento, tendo em vista que a presente manifestação carrega
todos os pressupostos necessários para o seu deferimento, quais sejam, relevância
da matéria, especificidade do objeto e repercussão social da lide, o que se requer.

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III – DA ANÁLISE DA CONTROVÉRSIA DO TEMA 1.125

3.1 – DA EXIGÊNCIA DE PIS/COFINS SOBRE O ICMS/ST


SUPORTADO PELOS VAREJISTAS NA CONDIÇÃO DE SUBSTITUÍDOS
TRIBUTÁRIOS

Como visto, trata-se, a Requerente, de pessoa jurídica com ampla


representatividade no varejo.

O setor do varejo, por realizar, com habitualidade, operações de


circulação de mercadorias, está sujeito à cobrança do Imposto sobre Operações
relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, bem como das
contribuições sociais devidas para o custeio da Seguridade Social.

No que tange às contribuições sociais, incidem sobre a receita dos


varejistas os tributos identificados como Contribuição para o Financiamento da
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Seguridade Social – COFINS, e para o custeio do Programa de Integração Social –


PIS.

Nessa linha de raciocínio, é de se ver que parte das mercadorias


comercializadas pelo varejo está sujeita ao regime de substituição progressiva de
ICMS (o denominado “ICMS/ST”).

No âmago do regime da substituição tributária do ICMS, em regra,


podem ocorrer três situações:

1) recolhimento do ICMS/ST pelos fornecedores do varejista, com


destaque do imposto retido a título de substituição tributária em nota fiscal;

2) recolhimento do ICMS/ST pelo próprio varejista, na entrada de


mercadorias em seu estabelecimento, o que pode ocorrer, por exemplo, no caso de
operações interestaduais cujo remetente esteja situado em ente federado que não
mantenha protocolo ou convênio com o ente federado em que situado o varejista;

3) recolhimento do ICMS/ST em elo da cadeia de circulação da


mercadoria anterior à operação de venda ao varejista. Por exemplo, é o caso de
circulação iniciada na indústria (substituta tributária, que recolhe o ICMS/ST),
com venda para distribuidor que, por sua vez, vende a mercadoria para o

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varejista. Apesar de inexistir destaque de ICMS/ST na nota fiscal de aquisição


pelo varejista, este, ainda assim, figura como substituído tributário.

Seja qual for a hipótese, os varejistas vêm sendo compelidos a


incluir, no cômputo dos valores recolhidos ao PIS e para COFINS, o montante
relativo ao ICMS-ST, suportado na condição de substituído tributário,
porquanto esse tributo, sendo computado no preço das mercadorias
comercializadas pelo varejo, é considerado pela Fazenda Nacional como
integrante do conceito de receita/faturamento. Esse entendimento foi reforçado
por Alteração legislativa promovida pela Lei nº 12.973/2014, a qual, ao modificar
a redação do art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977,
estabeleceu que, no conceito de receita bruta, estariam compreendidos os
tributos sobre ela incidentes.

Na mesma esteira o entendimento cristalizado nas Soluções de


Consulta nº 106/2014 e 99041/2017 da COSIT, segundo o qual apenas o ICMS/ST
auferido na condição de substituto tributário poderia ser excluído da base de
cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS, mas não o ICMS/ST suportado na
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condição de substituída tributária. Veja-se:

”O valor do ICMS auferido pela pessoa jurídica na condição de


substituto tributário pode ser excluído da base de cálculo da
Cofins, tanto no regime de apuração cumulativa quanto no regime
de apuração não cumulativa, desde que destacado em nota fiscal”.

”Esta possibilidade de exclusão somente se aplica ao valor do


ICMS auferido pela pessoa jurídica na condição de substituto
tributário, não alcançando o valor do ICMS auferido pela pessoa
jurídica na condição de contribuinte do imposto. Ademais, tal
exclusão somente pode ser aproveitada pelo substituto tributário,
não servindo, em qualquer hipótese, ao substituído na obrigação
tributária correlata”.

Não obstante, tal qual será exposto a seguir, os valores relativos ao


ICMS-ST, suportados pelos varejistas na condição de substituídos tributários
não integram os conceitos de faturamento/receita, à luz do art. 195, I, “b”, da
CF/1988 c/c art. 110 do CTN, pelo que se afigura manifestamente
inconstitucional a cobrança das contribuições ao PIS e à COFINS sobre o ICMS-
ST, suportado na condição de substituída tributária.

De longa data, vem sendo questionada tanto na doutrina, quanto


na jurisprudência pátria, a forma de cálculo adotada para os pagamentos vertidos
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em favor da União Federal, identificados para o PIS e COFINS, tributos


instituídos, respectivamente, pelas Leis Complementares nº 7/70 e 70/91.

Discute-se, precipuamente, a impossibilidade de inclusão, no


cômputo daquelas contribuições, do valor dos tributos indiretos, quais sejam o
Imposto de Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações relativas
à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual
e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), recolhidos pelos sujeitos passivos
definidos na Constituição Federal, quando do exercício de suas atividades sociais.

É de se ressaltar que este Colendo Superior Tribunal de Justiça já


havia firmado o entendimento de ser vedado incluir, no cálculo do PIS e da
COFINS, os valores referentes ao crédito presumido do IPI, por não se
confundirem com receita do contribuinte3.

No que tange ao ICMS, cabe ressaltar que, há não muito tempo


atrás, a matéria foi julgada em sede de Repercussão Geral pelo Supremo
Tribunal Federal, tendo o Pretório Excelso, por maioria de votos, declarado
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inconstitucional a inclusão do ICMS-operação própria na base de cálculo do


PIS e da COFINS (Recurso Extraordinário nº 574.706).

O mesmo raciocínio se aplica ao ICMS-ST, suportado pelos


varejistas na condição de substituídos tributários, haja vista que este valor
também ostenta a natureza de ICMS.

É do que se passará a tratar doravante.

3.2 – DA INCONSTITUCIONALIDADE DA INCLUSÃO DO


ICMS-ST, SUPORTADO PELO CONTRIBUINTE NA CONDIÇÃO DE
SUBSTITUÍDO TRIBUTÁRIO, NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS

Ab initio, cumpre discorrer que as contribuições para o PIS e a para


a COFINS, fundadas no art. 195 e no art. 239 da CR/88, são contribuições sociais
que tem natureza de contribuições para o custeio da Seguridade Social. As
contribuições para o custeio da Seguridade Social, à luz da redação originária do

3Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, julgado em 19.08.2010, DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda
Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado
em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em
03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em
19.10.2004, DJ 06.12.2004).
11
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art. 195, I, da CR/88, possuem como fato gerador a folha de salários, o


faturamento ou o lucro da pessoa jurídica, in verbis:

“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,


de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o


faturamento e o lucro;
(...).” (destacou-se).

Após a edição da Emenda Constitucional nº 20/98, o inciso I do


citado art. 195 foi alterado, de modo que contribuições sobre a receita também se
tornaram fonte de custeio da Seguridade Social:

“I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na


forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
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a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos


ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste
serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
c) o lucro;” (Destaques nossos).

Sobre o PIS, extrai-se da Lei Complementar nº 07/70:

“Art. 1º. - É instituído, na forma prevista nesta Lei, o Programa de


Integração Social, destinado a promover a integração do
empregado na vida e no desenvolvimento das empresas.

(omissis).

Art. 3º - O Fundo de Participação será constituído por duas


parcelas:
a) a primeira, mediante dedução do Imposto de Renda devido,
na forma estabelecida no § 1º deste artigo, processando-se o seu
recolhimento ao Fundo juntamente com o pagamento do Imposto
de Renda;

b) a segunda, com recursos próprios da empresa, calculados


com base no faturamento, como segue: (Vide Lei Complementar
nº 17, de 1973).
(omissis).” (Destacou-se).
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Já quanto à COFINS, dispõem os arts. 1º e 2º, da Lei Complementar


nº 70, de 30 de dezembro de 1991:

“Art. 1° Sem prejuízo da cobrança das contribuições para o


Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de
Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), fica instituída
contribuição social para financiamento da Seguridade Social, nos
termos do inciso I do art. 195 da Constituição Federal, devida pelas
pessoas jurídicas inclusive as a elas equiparadas pela legislação
do imposto de renda, destinadas exclusivamente às despesas com
atividades-fins das áreas de saúde, previdência e assistência
social.

Art. 2° A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por


cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado
a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e
serviços e de serviço de qualquer natureza.

Parágrafo único. Não integra a receita de que trata este artigo, para
efeito de determinação da base de cálculo da contribuição, o valor:
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a) do imposto sobre produtos industrializados, quando


destacado em separado no documento fiscal;

b) das vendas canceladas, das devolvidas e dos descontos a


qualquer título concedidos incondicionalmente.” (destacou-se).

Tais contribuições, atualmente, são reguladas pela Lei nº 9.718, de


27 de novembro de 1998, que, em sua redação atual, já alterada pela Lei nº
11.941/2009, estabelece:

“CAPÍTULO I
DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS

Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas


pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com
base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as
alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº.
2158-35, de 2001)

Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior


corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (Vide Medida
Provisória nº. 2158-35, de 2001)

§ 1º (Revogado pela Lei nº. 11.941, de 2009)

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§ 2º Para fins de determinação da base de cálculo das


contribuições a que se refere o art. 2º, excluem-se da receita
bruta:

I - as vendas canceladas, os descontos incondicionais


concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e
o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS,
quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos
serviços na condição de substituto tributário;

II - as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados


como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o
resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do
patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de
investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido
computados como receita; (Redação dada pela Medida Provisória
nº. 2158-35, de 2001)

III - (Revogado pela Medida Provisória nº. 2158-35, de 2001).


Petição Eletrônica juntada ao processo em 19/01/2023 ?s 10:41:00 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

IV - a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente.

V - a receita decorrente da transferência onerosa a outros


contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de
operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o
do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.
(Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). (Produção de efeitos).”
(Nossos destacados).

Por ocasião das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, foi criado o


chamado “regime não-cumulativo” para as contribuições ao PIS e à COFINS, no
qual a base de cálculo se refere à receita bruta do contribuinte, entendida esta
como o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica. Veja-se:

- Lei nº 10.637/2002:

“Art. 1o A Contribuição para o PIS/Pasep, com a incidência não


cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela
pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou
classificação contábil. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014)”

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- Lei nº 10.833/2003:

“Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social


- Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das
receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente
de sua denominação ou classificação contábil.” (Redação dada
pela Lei nº 12.973, de 2014)”

Já de longa data, a Fazenda Nacional vem defendendo o


entendimento de que o ICMS/ST, suportado na condição de substituído tributário
pelo contribuinte, deveria ser computado na base de cálculo do PIS e da COFINS,
seja no regime cumulativo, seja no regime não-cumulativo.

Mais recentemente, por ocasião da Lei nº 12.973/2014, o legislador


modificou a redação do art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598/1977, alterando o conceito
de receita bruta, para fins de nele englobar os tributos incidentes sobre a receita,
como é o caso do ICMS/ST, o que veio a reforçar o entendimento das autoridades
fiscais de que o tributo estadual deveria compor a base de cálculo das
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contribuições. Veja-se:

“Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela Lei nº


12.973, de 2014) (Vigência)
I - o produto da venda de bens nas operações de conta
própria; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)
II - o preço da prestação de serviços em geral; (Incluído pela
Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)
III - o resultado auferido nas operações de conta alheia;
e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)
IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica
não compreendidas nos incisos I a III. (Incluído pela Lei nº
12.973, de 2014) (Vigência)
§ 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída
de: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)
I - devoluções e vendas canceladas; (Incluído pela Lei nº
12.973, de 2014) (Vigência)
II - descontos concedidos incondicionalmente; (Incluído pela
Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)
III - tributos sobre ela incidentes; e (Incluído pela Lei nº 12.973,
de 2014)
IV - valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata
o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta.
(Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)” (grifamos).

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No entanto, conforme enuncia o art. 110 do Código Tributário


Nacional, é vedado ao legislador dar conotação jurídica diversa a institutos do
direito privado4, pelo que manifestamente inconstitucional, por violação ao art.
195, I, da CF/1988, a alteração promovida pela Lei nº 12.973/2014 para fazer
incluir os impostos no conceito de receita, já que o ICMS/ST, suportado pelo
contribuinte na condição de substituído tributário, não integra os conceitos de
faturamento/receita bruta, vez que não representa riqueza própria do
contribuinte, mas sim dos entes federados titulares da competência tributária para
cobrar o imposto.

Neste passo, veja-se que, tratando-se de empregador, a


contribuição para o custeio da Seguridade Social decorre da “folha de salários”,
“do faturamento” – caso do PIS e da COFINS, ou “do lucro”, na forma do art. 195,
I, da CF/1988, não cabendo a qualquer das pessoas políticas promoverem
alterações na definição, no conteúdo e no alcance dos institutos, cujos conceitos
e formas estão fundados no Direito Privado, sendo utilizados, expressa ou
implicitamente, pela Constituição Federal, para definir ou limitar as
competências tributárias.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 19/01/2023 ?s 10:41:00 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Neste tema, é de suma excelência a doutrina do il. Hugo de Brito


Machado, nestes termos5:

Se um conceito jurídico, seja legal ou doutrinário, é utilizado


pela Constituição, não poderá ser alterado pelo legislador,
nem muito menos pelo intérprete. O art. 110 do CTN determina
que “a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o
alcance de institutos, conceitos e formas de Direito privado,
utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal,
pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do
Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar
competências tributárias”. Não o pode a lei, vale repetir, nem muito
menos o intérprete. A razão é simples. Se a Constituição referiu-
se a um instituto, conceito ou forma de Direito privado para
definir ou limitar competências tributárias, obviamente esse
elemento não pode ser alterado peia lei. Se a Constituição fala
de mercadoria ao definir a competência dos Estados para instituir e
cobrar o ICMS, o conceito de mercadoria há de ser o existente no
Direito Comerciai. Admitir-se que o legislador pudesse modificá-lo

4Art. 110 do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66):


“A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito
privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas
Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.”
5 Machado, Hugo de Brito, Curso de Direito Tributário – 31. ed. – São Paulo: Malheiros, 2010. p. 118.
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sena permitir ao legislador alterar a própria Constituição Federal,


modificando as competências tributárias ali definidas. (Grifamos).

Veja-se que o exato alcance do termo “faturamento” é aplicado


pela intelecção já incorporada ao Direito Comercial, sendo que a intenção de
prestigiar a “interpretação econômica” do Direito Tributário, em detrimento do
postulado da tipicidade, que representa, em nosso sistema normativo, projeção
natural e necessária do princípio constitucional de reserva absoluta de lei, já foi
amplamente rechaçada pelo Excelso Pretório.

Por sua vez, na lição de Ricardo Mariz de Oliveira6, a receita


significa ingresso que provoca, necessariamente, um acréscimo (plus) no
patrimônio da pessoa jurídica, que não esteja sujeito a condições ou eventos
futuros e incertos:

“Ora, toda e qualquer receita é um plus no patrimônio da


pessoa jurídica, algo a mais que se acrescenta a ele. Contudo,
só é receita esse plus que se integrar em definitivo ao
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patrimônio da pessoa, não sujeito a condições ou eventos


futuros e incertos.” (Grifamos).

Os valores atinentes ao ICMS-ST, suportado pelo contribuinte na


condição de substituído tributário, todavia, não se encaixam nos conceitos
constitucionais de faturamento ou de receita bruta.

A grande celeuma que se aplicou no caso de alargamento do


conceito atribuído ao faturamento, para que nele fossem incluídas as demais
modalidades de receita, repete-se na situação em apreço, em que se pretende
permitir a incidência de contribuição sobre o ICMS-ST, suportado pelo
contribuinte na condição de substituído tributário, quando a Lei Complementar nº
70/91, na fiel dicção constitucional, afastou a possibilidade de se incluir, na base
de cálculo da COFINS, o valor devido a título de IPI.

Ora, é cediço que o IPI, por não constituir parcela do preço, já que é
cobrado à parte, não fazia parte da base de cálculo destas contribuições, ex vi do
que dispõe o art. 2º, parágrafo único, “a”, da Lei Complementar nº 70/91, e das
demais leis alteradoras, que passaram a prever a base de cálculo constituída pelas
receitas.

6
Revista Dialética de Direito tributário, n. 122, p. 138.
17
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Dessa forma, como o IPI não pode ser considerado receita, assim o
é o ICMS-ST, suportado pelo contribuinte na condição de substituído tributário,
que, não obstante ter sua cobrança atrelada ao preço, não se confunde com a
receita obtida pela pessoa jurídica.

Com efeito, sendo o ICMS-ST também um imposto indireto, a


única diferença que traz em relação ao IPI é que aquele vem embutido no preço,
ao contrário do IPI que vem destacado à parte nas notas fiscais. Entretanto, tal
diferença não é suficiente para justificar a antinomia de tratamentos no que se
refere à tributação do faturamento que origina fato gerador do PIS e da COFINS.

É que os dois impostos são indiretos, tendo como principal


característica o fato de que, em ambos, ocorre o fenômeno da repercussão jurídica,
ou seja, em que temos a figura do contribuinte de direito, que é o sujeito passivo
da relação jurídica tributária, e a figura do contribuinte de fato, que suporta o
ônus financeiro do tributo, sem, no entanto, ter vinculação jurídica com o sujeito
ativo da obrigação tributária.
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Na verdade, o ICMS-ST, suportado pelo contribuinte na condição


de substituído tributário, trata-se de receita derivada do ente federado em que
localizada a pessoa jurídica, e não do contribuinte, de modo que o valor atinente
ao imposto estadual não se incorpora ao patrimônio da contribuinte.

Nessa matéria, a inclusão do ICMS-ST na base de cálculo da


contribuição da PIS e da COFINS, fere, inclusive, o princípio tributário
constitucional da capacidade contributiva, vez que os valores referentes ao ICMS-
ST não representam disponibilidade econômica do contribuinte, pelo fato de que
são recolhidos aos cofres dos estados, não possuindo o condão de configurar como
receita do contribuinte.

Desta forma, se ao IPI é garantida exclusão da base de cálculo das


contribuições em referência, por expressa definição legal e aplicação da situação
jurídica que orienta o conceito de faturamento, não se pode impingir
metodologia de tratamento diverso para o ICMS-ST, suportado pelo
contribuinte na condição de substituído tributário, principalmente porque
injustificável o fato de que um imposto seja base de cálculo de uma
contribuição, cuja fonte de custeio é explícita em matriz constitucional.

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3.3 – DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA


INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS PELO
STF – RE Nº 574.706 – RATIO DECIDENDI EXTENSÍVEL AO ICMS/ST
SUPORTADO NA CONDIÇÃO DE SUBSTITUÍDO TRIBUTÁRIO

A pretensão de fazer incidir os tributos calculados sobre a receita


bruta sobre o ICMS, in casu mais especificamente sobre o ICMS/ST, não é nova. Já
desde a época da extinta contribuição ao FINSOCIAL, havia entendimento de que
tal inclusão seria possível, conforme se verifica da Súmula nº 94 deste Col. STJ7.

No entanto, a jurisprudência sobre a matéria avançou, tendo o


Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº
240.785, em que se discutiu a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da
COFINS, adotado o entendimento de que o ICMS não configura faturamento,
tampouco receita do contribuinte. Com efeito, imperiosa a análise do seguinte
trecho extraído do voto-condutor do Exmo. Relator, à época, Ministro do STF,
Marco Aurélio:
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O conceito de faturamento diz com riqueza própria, quantia que


tem ingresso nos cofres de quem procede à venda de mercadorias
ou à prestação de serviços, implicando, por isso, mesmo, o
envolvimento de noções próprias ao que se entende como receita
bruta. Descabe assentar que os contribuintes da Cofins
faturam, em si, o ICMS. O valor deste revela, isto sim, um
desembolso a beneficiar a entidade de direito público que tem
a competência para cobrá-lo. A conclusão a que se chegou a
Corte de origem, a partir de premissa errônea, importa na
incidência do tributo que é a Cofins, não sobre o faturamento, mas
sobre outro tributo já agora da competência da unidade da
Federação. No caso dos autos, muito embora com a transferência
do ônus para o contribuinte, ter-se-á, a prevalecer o que decidido, a
incidência da Cofins sobre o ICMS, ou seja, a incidência de
contribuição sobre imposto, quando a própria Lei Complementar n.
70/91, fiel à dicção constitucional, afastou a possibilidade de incluir-
se, na base de incidência da Cofins, o valor devido a título de IPI.
Difícil é conceber a existência de tributo sem que se tenha uma
vantagem, ainda que mediata, para o contribuinte, o que se
dirá quanto a um ônus, como é o ônus fiscal atinente ao ICMS.
O valor correspondente a este último não tem natureza de
faturamento. Não pode, então, servir à incidência da Cofins,
pois não revela medida de riqueza apanhada pela expressão
contida no preceito da alínea ‘b’ do inciso I do artigo 195 da
Constituição Federal. (...) Conforme salientado pela melhor

7
Súmula 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS inclui-se na base de cálculo do Finsocial"
19
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doutrina, ‘a Cofins só pode incidir sobre o faturamento que,


conforme visto, é o somatório dos valores das operações negociais
realizadas’. A contrário sensu, qualquer valor diverso deste não
pode ser inserido na base de cálculo da Cofins.

Mais recentemente, a questão voltou a ser discutida no âmbito do


Pretório Excelso, desta vez em sede de Repercussão Geral, quando do julgamento
do Recurso Extraordinário de nº 574.706 (acórdão publicado em 02/10/2017),
prevalecendo a tese de que o ICMS, por não constituir riqueza própria do
contribuinte, não se enquadra no conceito de receita/faturamento, de modo que
não pode ser incluído na base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS,
nos termos do voto-condutor da Exma. Ministra Relatora, Dra. Carmen Lúcia:

“Desse quadro é possível extrair que, conquanto nem todo o


montante do ICMS seja imediatamente recolhido pelo contribuinte
posicionado no meio da cadeia (distribuidor e comerciante), ou
seja, parte do valor do ICMS destacado na “fatura” é aproveitado
pelo contribuinte para compensar com o montante do ICMS gerado
na operação anterior, em algum momento, ainda que não
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exatamente no mesmo, ele será recolhido e não constitui receita do


contribuinte, logo ainda que, contabilmente, seja escriturado, não
guarda relação com a definição constitucional de faturamento
para fins de apuração da base de cálculo das contribuições.

Portanto, ainda que não no mesmo momento, o valor do ICMS


tem como destinatário fiscal a Fazenda Pública, para a qual
será transferido.

8. Por ser inviável a apuração do ICMS considerando cada


mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, resolveu-se
adotar o sistema de sua apuração contábil. O montante de ICMS a
recolher é apurado mês a mês, considerando-se o total de créditos
decorrentes de aquisições e o total de débitos gerados nas saídas
de mercadorias ou serviços. Esta é a chamada análise contábil ou
escritural do ICMS.

Enfatize-se que o ICMS incide sobre todo o valor da operação,


pelo que o regime de compensação importa na circunstância
de, em algum momento da cadeia de operações, somente
haver saldo a pagar do tributo se a venda for realizada em
montante superior ao da aquisição e na medida dessa mais
valia, ou seja, é indeterminável até se efetivar a operação,
afastando-se, pois, da composição do custo, devendo ser
excluído da base de cálculo da contribuição ao PIS e da
COFINS.

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STJ-Petição Eletrônica (PET) 00020721/2023 recebida em 19/01/2023 10:39:39 (e-STJ Fl.889)

Contudo, é inegável que o ICMS respeita a todo o processo e o


contribuinte não inclui como receita ou faturamento o que ele
haverá de repassar à Fazenda Pública.

10. Com esses fundamentos, concluo que o valor correspondente


ao ICMS não pode ser validamente incluído na base de cálculo da
contribuição ao PIS e da COFINS.

12. Pelo exposto, voto pelo provimento do recurso


extraordinário para excluir da base de cálculo da contribuição
ao PIS e da COFINS.

Sem condenação em honorários, nos termos da Súmula n. 512 do


Supremo Tribunal Federal.

Proponho como tese do presente julgamento: “O ICMS não


compõe a base de cálculo para fins de incidência do PIS e da
COFINS”.” (Grifos nossos).

A ratio decidendi que emana dos precedentes acima é clara no


Petição Eletrônica juntada ao processo em 19/01/2023 ?s 10:41:00 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

sentido de que o ICMS não revela faturamento/receita do contribuinte, mas sim


receita derivada dos entes federados, de modo que, à luz do princípio da
capacidade contributiva (art. 145, § 1º, da CF/1988), o imposto estadual não deve
compor a base de cálculo de tributos incidentes sobre a receita.

Assim é que, da mesma forma que o ICMS-operação própria, o


ICMS/ST suportado pelo contribuinte na condição de substituído tributário se
trata de imposto recuperável, pois é embutido no preço praticado pelo
contribuinte em suas operações. Nos dois casos, o montante do imposto é ônus
fiscal do contribuinte substituído e não faturamento/receita.

Em sendo assim, não seria razoável cogitar tratamento diverso ao


ICMS/ST, suportado pelo contribuinte na condição de substituído tributário, haja
vista que este ostenta a mesma natureza do ICMS-operação própria, não
integrando o faturamento/receita bruta do contribuinte.

Ex positis, a CNDL intervém para que seja declarada a ilegalidade


da inclusão na base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS do ICMS/ST
suportado na condição de substituído tributário (seja ele retido em nota fiscal de
aquisição; recolhido pelo contribuinte na entrada das mercadorias; ou recolhido
por substituto tributário situado em elo da cadeia de circulação da mercadoria
anterior à operação de venda ao contribuinte).

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IV – DOS PEDIDOS

E, ante o exposto, tendo em vista a relevância jurídica e social da


matéria, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas – CNDL, requer sua
admissão no feito como amicus curiae, pugnando que essa Corte Superior, ao julgar
os presentes casos paradigmas, consubstanciados no tema 1125, fixe a tese pela
declaração da ilegalidade da inclusão na base de cálculo das contribuições ao
PIS e COFINS do ICMS/ST suportado na condição de substituído tributário
(seja ele retido em nota fiscal de aquisição; recolhido pelo contribuinte na
entrada das mercadorias; ou recolhido por substituto tributário situado em elo
da cadeia de circulação da mercadoria anterior à operação de venda ao
contribuinte).

Em tempo, requer que todas as intimações e publicações


porventura exaradas para a CNDL sejam dirigidas aos Drs. André Luiz
Pellizzaro, brasileiro, advogado regularmente inscrito na OAB/SC sob o número
13.733 e Vinícius Mattos Felício, brasileiro, advogado regularmente inscrito na
Petição Eletrônica juntada ao processo em 19/01/2023 ?s 10:41:00 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

OAB/MG sob o número 74.441, com escritório à Avenida dos Bandeirantes, n°


644, Bairro Mangabeiras, Belo Horizonte/MG, CEP: 30.315-382.

Belo Horizonte, 19 de janeiro de 2023.

ANDRÉ LUIZ PELLIZZARO


ADVOGADO – OAB/SC 13.733

VINÍCIUS MATTOS FELÍCIO TIAGO ABREUGONTIJO


ADVOGADO – OAB/MG 74.441 ADVOGADO – OAB/MG 96.242

GUILHERME VINICIUS MAGALHÃES DAVID MARTINS DE SOUZA


ADVOGADO – OAB/MG 143.323 ADVOGADO – OAB/MG 110.500

KAREN PRESOTI M. DE CASTRO CLARISSA DE ARAÚJO ALVARENGA


ADVOGADA – OAB/MG 192.373 ADVOGADA – OAB/MG 112.312

MARCELA MARTINS DA COSTA LOPES


ADVOGADA – OAB/MG 121.615

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