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Universidade Católica de Santos

Curso de Psicologia

Beatriz Sales de Paula Garcez


Carolina Conceição do Nascimento
Lara Moreira Mucci
Luma Camargo de Oliveira
Patrícia Carvalho dos Santos

FUNDAMENTOS DA PRÁTICA EM PSICOLOGIA IV


Análise do filme: O Mínimo para Viver

SANTOS - SP
Novembro de 2021

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Beatriz Sales de Paula Garcez
Carolina Conceição do Nascimento
Lara Moreira Mucci
Luma Camargo de Oliveira
Patrícia Carvalho dos Santos

FUNDAMENTOS DA PRÁTICA EM PSICOLOGIA IV


Análise do filme: O Mínimo para Viver

Trabalho apresentado à Universidade


Católica de Santos (UNISANTOS) como
parte dos requisitos de avaliação em
Fundamentos da Prática em Psicologia IV
no curso de Psicologia - 6° semestre.

Orientadora: Profª. Tereza Pires

SANTOS - SP
Novembro de 2021

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1. Introdução

A alimentação é um tema de enorme importância na vida de todos os


indivíduos, tendo um papel ainda mais fundamental no momento do
desenvolvimento de crianças e adolescentes. Com a maioria dos jovens
insatisfeitos com sua imagem corporal, e consequentemente com a alta da
incidência de transtornos alimentares, o debate sobre o tema se faz cada dia
mais necessário, tanto em ambiente acadêmico quanto fora.
A intenção deste trabalho é aprofundar no tema de transtornos
alimentares (TA) a partir do filme “O Mínimo para Viver”, fazendo uma análise
entre o que é retratado na ficção e como este transtorno se apresenta na
realidade. Além disso, falaremos sobre os impactos da anorexia na vida dos
jovens, sendo um tema extremamente importante, tendo em vista em como a
tecnologia tem o poder de afetar a auto-estima dos jovens em nossa sociedade
atual.

2. Resumo do filme: O Mínimo para Viver:

Logo no início do filme temos um aviso "contém gatilho”, o filme


retrata os comportamentos que um anoréxico pode ter, como contar calorias,
vomitar escondido, medir o tamanho do corpo, praticar exercício excessivos, etc.
A atriz também teve que emagrecer bastante para interpretar o papel, então a
aparência da mesma pode ser bastante desconfortável para quem assiste.
O filme conta a história de uma jovem de 20 anos que lida com
anorexia. Ellen, que enfrenta problemas familiares, como a ausência do pai e a
negligência da mãe, enfrenta tentativas frustadas em diversas clínicas para se
tratar. Já no início do filme, conseguimos ver que as únicas pessoas que cuidam
dela são a madrasta Susan e a irmã Kelly, e mesmo com diversas divergências
estão sempre preocupadas com ela. Ellen era muito famosa em uma
determinada rede social, onde postava artes de sua autoria, que mesmo sem
mostrar, o filme deixa claro que eram imagens fortes, já que uma menina

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cometeu suicídio e deixou uma carta mencionando Ellen como incentivo para a
atitude que tomou. Após esse acontecimento que abala demais a protagonista,
Susan, encontra um certo tratamento diferente dos que já haviam tentado. É aí
que entra em cena o doutor William Beckham, que oferece um tratamento não
convencional que a faz enfrentar a sua condição. O filme mostra aos olhos da
personagem como é a vida do anoréxico e a forma como se enxergam diante do
espelho e do mundo. No começo do filme pode se notar uma relutância de Ellen
perante ao tratamento, porém ao longo da trama ela se convence de que o
tratamento pode ser a sua única opção.
Ellen passa a frequentar a clínica, e lá ela divide espaço com mais
outros seis pacientes (Luke, Megan, Pearl, Kendra, Tracy e Anna). A
personagem se encontra na fase em que não sabe se segue um caminho de
força para superação ou se larga tudo e se entrega à doença. O tratamento de
Ellen na casa de recuperação é cheio de emoções, ela lida com problemas
internos e se sente culpada pelo sofrimento da família. Em certo momento ela
cria uma amizade com Luke e passa a conhecer melhor os pacientes da casa, o
que a ajuda a enxergar uma perspectiva melhor. Luke desperta nela um
interesse e tenta ajudá-la no processo de recuperação.
O doutor William Beckham também tem grande importância para o
tratamento de Ellen, mesmo ele não aparecendo tanto no filme ele é um elo que
traz esperança para a personagem e os demais pacientes da casa. Ele não é
um médico tradicional, sendo assim, ele deixa que a personagem chegue ao
fundo do poço para mostrar como a vida é importante, e até mesmo cita que para
alguns pacientes, chegar ao fundo do poço é muito difícil, mas para a
protagonista do filme é algo necessário. Após uma reconexão com a sua mãe
em uma cena muito marcante, Ellen faz uma longa caminhada, adormece e em
uma espécie de sonho se enxerga e compreende a gravidade do que vêm
enfrentando, assim, a mesma se sente pronta para seguir com seu tratamento,
mas dessa vez “de corpo e alma”.

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3. Os impactos da anorexia na vida dos jovens

As transformações vivenciadas na adolescência podem gerar uma


insatisfação com a forma física, pois nessa fase tão importante o indivíduo passa
por várias mudanças, tanto no aspecto físico como no aspecto psicológico. Um
mundo de descobrimento e transformação se forma com as transformações
vivenciadas, assim trazendo alguns conflitos nessa fase da vida.
A anorexia nervosa é um dos principais transtornos alimentares de
natureza psiquiátrica que acomete uma grande parte dos adolescentes. O corpo
magro imposto pelo modismo leva os adolescentes a praticar medidas
inadequadas para a saúde, bem como, exercícios físicos excessivos e
desgastantes, dietas extremamente restritas, preocupações exageradas com o
valor calórico dos alimentos e medo de engordar, tudo para se enquadrar ao que
a sociedade impõe. A opinião de amigos sobre a aparência física também tem
grande relevância para os adolescentes.
Os transtornos alimentares (TA) são quadros clínicos de
transtornos psiquiátricos, relacionados à saúde mental, que na grande maioria
dos casos afetam adolescentes e adultos jovens e 90% dos casos o sexo
feminino prevalece, e que podem levar a inúmeros prejuízos tanto biológicos
como psicológicos e ao aumento de morbidade e mortalidade.
Dentre os transtornos alimentares estão listados a anorexia (AN) e
a bulimia (BN) nas quais são as mais comuns. A anorexia é caracterizada por
uma alimentação de extrema rigidez para perda de peso sem limites, com um
medo mórbido de tornar-se gordo, podendo iniciar- se na adolescência ou no
início da fase adulta, onde grandes mudanças corporais e psicológicas estão
acontecendo com o indivíduo, acarretando um desconforto e insatisfação com a
forma física.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a anorexia
e a bulimia já atingem de 1% a 5% das mulheres no Brasil e no mundo. Na
maioria das vezes a mídia enaltece a magreza, fazendo com que os
adolescentes se preocupem mais com os padrões físicos de beleza impostos
pelos meios de comunicações. Por estarem em uma fase influenciáveis, eles se
tornam receptivos às imagens arquitetadas pela mídia. O indivíduo com anorexia

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se caracteriza pela recusa em manter o peso e o Índice de Massa Corporal (IMC)
dentro da normalidade para a sua idade e altura.
Já na bulimia a característica clínica primária segundo Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders ou Manual de Diagnóstico e
Estatística das Perturbações Mentais (DSMIV), está relacionada ao consumo
compulsivo de alimentos em um curto prazo de tempo assim levando o indivíduo
ao um sentimento de culpa e perca de controle. Geralmente os alimentos
consumidos contêm um grande índice calórico tais como, sorvetes, biscoitos
recheados, balas, salgadinhos, pizza. E ao consumi-los, perdem o controle da
situação gerando sentimentos de incapacidade e logo depois do episódio de
compulsão, sentem a necessidade de punição para que se obtenha uma falsa
sensação de alívio imediato.
Os transtornos alimentares (TA) têm como características
sintomatológicas tanto sintomas físicos como sintomas psíquicos variados, tais
como, distorção acentuada da imagem corporal, rituais de alimentação. E no
âmbito mental esses pacientes são obsessivos, compulsivos, extremamente
impulsivos e têm maiores chances de desenvolver quadros de depressão, abuso
de álcool, drogas, transtornos de personalidade quando comparados com
pessoas sem transtornos alimentares. Na grande maioria, os casos de anorexia
ocorrem a partir de uma dieta decorrente da insatisfação com o seu peso
corporal, muitas das vezes injustificadamente. Os pacientes anoréxicos
restringem ou até mesmo eliminam grande parte dos alimentos nos quais eles
julgam mais calóricos.
Uma equipe multidisciplinar é de suma importância para pacientes
em tratamento dos distúrbios alimentares, atendimento com psiquiatra, psicólogo
e nutricionista são indispensáveis, ressaltando sempre a importância da aliança
dessa equipe com o paciente, assim assegurando um bom tratamento e também
sempre priorizando um diagnóstico precoce para possibilitar um tratamento e
prevenção mais eficientes e eficazes.
A incidência no aumento de casos de anorexia e bulimia na
adolescência demonstra quão grande é a importância de estudar os transtornos
alimentares nessa fase da vida de transformação de muitos jovens,
principalmente no sexo feminino, pois, a preocupação com a imagem corporal e
práticas inadequadas com a alimentação vem sendo mais evidenciadas neste

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grupo. Uma vez estabelecida a insatisfação corporal, o medo de engordar e
chegar a obesidade vem tomando conta desses jovens assim comprometendo
até mesmo o desenvolvimento físico, mental e social dos indivíduos que
apresentam distúrbios alimentares. Se no ambiente escolar houver um
conhecimento mais amplo dos distúrbios da alimentação e suas complicações,
facilitará a percepção de novos casos através dos pedagogos, pais, sociedade
e até mesmo amigos que estão diretamente em contato com a população de
risco.

4. Conclusão do grupo

A algum tempo atrás, os transtornos alimentares eram discutidos


entre adolescentes na escola e recentemente vem sido mais abordados fora
delas, mas filmes e séries nas quais este era o tema central, eram poucos. Os
que existem são filmes antigos e documentários.
Felizmente, para além obviamente do filme que observamos,
existem algumas menções pontuais ao transtorno em episódios de séries, como
por exemplo a situação da personagem Pérola na novela Malhação da Rede
Globo, que acaba desenvolvendo um transtorno alimentar, no caso a anorexia,
por pressão de suas amigas da academia para emagrecer e aparecer nos vídeos
de sua digital influencer favorita.
Outra é a da série americana The Good Doctor. No episódio 05 da
segunda temporada, a paciente Louisa sofre de um problema cardíaco, a
regurgitação valvar mitral, que pode ocorrer em pessoas com transtornos
alimentares que perdem muita massa muscular no coração. Só que para fazer a
cirurgia e sobreviver ela precisa ganhar peso.
Quando todas as opções parecem não obter sucesso, então eles
decidem tentar uma cirurgia experimental, a DBS na sigla em inglês, que é a
estimulação cerebral profunda.
Na série, eles mexem na parte do cérebro de Louisa que controla
a fome e obtém o resultado esperado. Infelizmente, como fora avisado a ela
pelos médicos, há um efeito colateral já que o eletrodo dela ficou posicionado no
núcleo accumbens, responsável pelo vínculo materno liberando dopamina

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quando as mães interagem com os filhos, e como resultado da mudança de
personalidade da paciente, ela acaba justamente perdendo a capacidade de
sentir amor pela criança.
E aqui vale citar que a produção recebeu certas críticas acerca do
episódio, pois mesmo acertando em tratar de um tema tão delicado e cobrindo
as fragilidades deste, o método da estimulação cerebral profunda é realmente
algo que ainda está em estágio experimental, sendo aprovado somente em
distúrbios de movimento e relacionados, como o Parkinson. Sem contar que, ao
irem na área do cérebro de Louisa que é responsável pela fome, acabam
abarcando uma visão simplista da anorexia ao tratá-la como um problema de
fome, o ideal seria ter as áreas responsáveis pela compulsão como alvo do
procedimento.
Dentro da internet o TA é bem citado entre os jovens adultos e
adolescentes, existem diversos vídeos e textos nas redes sociais relatando como
eles lidam com o transtorno ou como estão muito melhores, seus passos curtos
porém importantes para uma eventual superação (se é que esta já não foi
alcançada). Histórias que acabam por incentivar outros em semelhante situação,
os inspirando a também lutarem contra seus transtornos através dos tratamentos
indicados.
O que nos trás inclusive para o próprio filme, que ao mesmo tempo
em que retrata uma história de superação (já que, ao final do filme, vemos Ellen
com atitudes mais positivas em relação ao seu tratamento) também cumpre o
papel de nos advertir para a sociedade que vivemos, os padrões de corpos que
impomos e toda essa glamourização acerca de se obter o corpo ideal (no caso,
o corpo magro) a qualquer custo. Além do que, não despersonaliza Ellen, a
transformando somente em seu transtorno já que não investiga cegamente um
motivo para que este tenha sido desenvolvido. O Mínimo para Viver é sobre Ellen
e trás um retrato de seu transtorno que, claro, acaba impactando grande parte
de sua vida, mas assim como qualquer outro tipo de transtorno ele não é uma
parte de sua personalidade e não devemos anulá-la, diminuindo toda a sua
existência somente a isso.
Assim, podemos analisar, tendo conhecimento destas e de outras
menções nas produções midiáticas —seja de natureza audiovisual, impressa ou
digital—, a importância de se falar a respeito dos transtornos alimentares (TA) e

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outros fatores que muitas vezes andam lado a lado com eles, como por exemplo
a dismorfia corporal, para a informação e prevenção destes, que podem levar as
pessoas que os desenvolvem a severos problemas de saúde e até mesmo a
morte.

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5. Referências bibliográficas

Marques, Jaqueline da S. Cunha, Rafaela L. de Morais. Anorexia e Bulimia em


Adolescentes. 2019, Brasília – DF. Acesso em 16/11/2021:
https://dspace.uniceplac.edu.br/bitstream/123456789/316/1/Rafaela_Lima_Jaq
ueline_Marques

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