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Introduções e apresentações

Depois de concluir uma entrevista Deve indicar a forma que a entre-


inicial, você deve ter: vista terá – quanto tempo levará,
que tipo de perguntas fará, e coi-
1. obtido informações de seu pa- sas do gênero.
ciente; e Deve dar uma noção do tipo de
2. estabelecido a base para um bom informações que espera que o
relacionamento de trabalho. paciente (ou outro informante)
lhe transmita.
As informações incluem os diversos Deve criar um ambiente confortá-
tipos de histórias (uma história é um re- vel e seguro, que propicie ao pa-
lato detalhado, com os sintomas atuais, ciente o máximo controle possível,
doenças anteriores, medicamentos, rela- nas circunstâncias em questão.
cionamentos familiares e sociais, riscos à
saúde – em suma, tudo o que influencia a A Tabela 1.1 lista o material básico
vida e os problemas de saúde mental do que deve ter sido alcançado quando você
paciente) e o exame do estado mental, concluir sua entrevista. Um clínico expe-
que é uma avaliação dos pensamentos e riente geralmente leva em torno de uma
dos comportamentos atuais do paciente. hora para examinar um paciente comum.
Ao longo deste livro, conduzo o lei- Um estudante provavelmente precise de
tor através de cada seção da história e do algumas horas para obter todas as infor-
exame do estado mental, na ordem mais ou mações relevantes. Independentemente
menos cronológica que se usaria ao falar do seu nível de experiência, sua ênfase
com o paciente. Em capítulos distintos, dis- deve ser em coletar o maior número pos-
cuto o conteúdo das informações que você sível de informações.
deve esperar obter e as técnicas de entre- Mesmo um entrevistador com práti-
vista que são mais apropriadas a esse con- ca, ocasionalmente, pode precisar de mais
teúdo. Quando indicado, discuto questões de uma sessão para a avaliação inicial, e
ligadas ao rapport. todos precisam de mais tempo com pa-
cientes mais falantes, vagos, hostis, des-
confiados ou difíceis de compreender, ou
Fatores temporais pacientes que tenham histórias compli-
cadas para contar. Certos pacientes sim-
Nos primeiros momentos da entre- plesmente não conseguem tolerar uma
vista inicial, você deverá cumprir algumas entrevista longa e, mesmo aqueles que es-
metas. tão hospitalizados, podem ter outras con-
Entrevista inicial em saúde mental 17

Tabela 1.1
Síntese da entrevista inicial

Queixa principal Número, idade e Traumatismo craniano Roupas


Histórico da doença atual sexo dos filhos Convulsões Arrumadas?
Estressores Enteados? Dor crônica Limpas?
Início Problemas conjugais? Perda da consciência Estilo/moda?
Sintomas Preferência sexual, Síndrome pré- Comportamento
Episódios anteriores adaptação -menstrual Nível de atividade
Tratamento Problemas com o ato Revisão para transtorno Tremores?
Consequências sexual? de somatização Maneirismos e
Curso Métodos História familiar estereótipos
Tratamento até aqui contraceptivos Descrever familiares Sorrisos?
Hospitalizações? Parceiros extraconjugais? Transtorno mental Contato visual
Efeitos sobre paciente, Abuso físico, sexual? em familiares? Humor
outros História ocupacional Uso indevido de Tipo
Histórico pessoal e social Ocupação atual substâncias Labilidade
Infância e desenvolvimento Número de empregos Tipo(s) de substância Adequação
Onde nasceu? Razões para mudança(s) Duração do uso Fluxo do pensamento
Número de irmãos e de emprego Quantidade Associação de palavras
posição Já foi despedido? Consequências Velocidade e ritmo da fala
Criado por um dos Atividades de lazer Problemas médicos Sotaque na fala
pais ou por ambos? Clubes, associações Perda de controle Conteúdo do pensamento
Relacionamento com os Interesses, Problemas pessoais Fobias
pais passatempos e interpessoais Ansiedade
Se adotado: Serviço militar Dificuldades no Obsessões, compulsões
Em que circunstâncias? Arma, patente trabalho Pensamentos sobre
Extrafamiliar? Anos de serviço Consequências legais suicídio
Saúde quando criança Problemas Problemas Delírios
Problemas relacionados disciplinares? financeiros Alucinações
com a puberdade Combate? Uso indevido de Língua
Abuso (físico ou sexual)? Já teve problemas legais? medicação Compreensão
Educação Registro criminal? Sob prescrição Fluência
Última série concluída Litígios? Sem prescrição Nomeação
Problemas escolares? Religião Traços de personalidade Repetição
Ativo demais? Denominação Padrões de comporta- Leitura
Rejeição da escola? Interesse mento durante a vida Escrita
Problemas de História médica Violência Cognição
comportamento? Doenças importantes Prisões Orientação
Suspensão ou expulsão? Cirurgias Tentativas de suicídio Pessoa
Sociável quando criança? Medicamentos não Métodos Lugar
Passatempos, interesse psiquiátricos Consequências Tempo
Vida como adulto Alergias Drogas ou álcool Memória
Situação de moradia atual Ambientais associados? Imediata
Com quem mora? Alimentares Gravidade Recente
Onde? Medicamentosas Psicológica Remota
Já morou na rua? Hospitalizações não Física Atenção e concentração
Rede de apoio psiquiátricas Exame do estado mental Séries de sete
Mobilidade Deficiências físicas Aparência Contagem inversa
Finanças Fatores de risco para Idade aparente Informações culturais
História conjugal AIDS? Raça Cinco presidentes
Idade ao casar Abuso físico ou sexual Postura Pensamento abstrato
Número de casamentos na vida adulta? Nutrição Semelhanças
Idade na separação e Revisão de sistemas Higiene Diferenças
como acabou Mudanças no apetite Estilo do cabelo Insight e julgamento
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sultas para fazer. As entrevistas múltiplas Independentemente da sua profis-


também propiciam tempo para o paciente são, recomendo que você tente obter a
refletir e recordar material que possa ter história completa no início da relação com
sido omitido inicialmente. É claro que, se o paciente. Depois das primeiras sessões,
entrevistar familiares ou outros informan- mesmo os clínicos experientes, às vezes,
tes, você precisará de sessões adicionais e tendem a supor que conhecem bem o pa-
de tempo para integrar as informações de ciente e ignoram certas informações vitais
todas as suas fontes. que podem ter lhes escapado.
Observo que, com o avanço do cui- É claro que, assim como ninguém
dado moderno em saúde, o tempo dispo- tem tempo ilimitado, nenhuma avaliação
nível está diminuindo cada vez mais. É pode jamais ser considerada completa.
por isso que expresso por meio de porcen- Enquanto continuar cuidando do seu pa-
tagens a quantidade de tempo que você ciente, você estará adicionando novos fa-
deve planejar para as diversas partes da tos e observações ao seu banco de dados
entrevista inicial: original. Porém, se tiver feito o seu tra-
balho corretamente no começo, isso será
15%: Determinar a queixa principal mais questão de detalhes confirmatórios,
e incentivar a fala livre. que não afetarão o diagnóstico ou o trata-
30%: Verificar determinados diag- mento de maneira substancial.
nósticos; questionar sobre sui- Os pacientes buscam ajuda para
cídio, história de violência e problemas sérios que consideram assus-
uso indevido de substâncias. tadores, avassaladores, ou mesmo fatais.
15%: Obter história médica; fazer Você deve evocar suas histórias de um
revisão de sistemas; obter a modo que os faça sentir que receberam
his­tória familiar. uma avaliação completa, imparcial e pro-
25%: Obter o resto da história pes­ fissional. Se o paciente for excessivamen-
soal e social; avaliar patolo- te dramático, lento ou discursivo, tente
gias do caráter. entender esse comportamento à luz dos
10%: Fazer exame do estado men- estresses e das ansiedades que qualquer
tal. paciente com problemas mentais enfren-
5%: Discutir o diagnóstico e o tra­ ta, e dê tempo extra.
tamento com o paciente; pla­
nejar o próximo encontro.
setting
Suas próprias necessidades profis-
sionais podem alterar um pouco o foco. Os primeiros momentos que qualquer
Por exemplo, os assistentes sociais talvez profissional passa com um paciente novo
passem mais tempo na história pessoal e estabelecem o tom para todas as intera-
social. (Algumas instituições e serviços ções posteriores. Ter atenção a questões
tin­ham o costume de atribuir a assistentes simples – como, por exemplo, apresenta-
sociais a responsabilidade de obter toda a ções, o nível de conforto e o sentido de
história social. Atualmente, a maioria das controle do paciente – ajuda a estabelecer
autoridades sustenta que todos os aspec- uma relação baseada em respeito e coope-
tos de toda a história devem ser reunidos ração. Se você tiver seu próprio consultó-
por pelo menos um clínico, que poderá rio, pode decorá-lo da melhor forma que
sintetizar as informações em um quadro quiser, mas os consultórios institucionais
clínico coerente.) costumam não ser tão decorados. Feliz-
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mente, a efetividade da entrevista não está 1. entrevistar em um lugar onde


relacionada com a elegância do entorno. haja outras pessoas por perto;
Já vi entrevistas excelentes serem feitas ao 2. criar um sistema de alerta emer-
pé da cama ou em um canto de uma sala gencial que seja facilmente dis-
movimentada de um hospital-dia (embora parado, como uma campainha;
algum grau de privacidade traga mais in- 3. quando estiver conduzindo a
formações). O fundamental é a sua preo- entrevista em uma sala fecha-
cupação com o conforto e a privacidade do da, sente-se de modo a ficar
paciente. mais próximo da porta do que
Faça o melhor com o que você tem o paciente, sem móveis (como
à disposição. Sentar-se em frente ao pa- uma escrivaninha) que possam
ciente, com uma mesa no meio, como é ser obstáculos se for necessária
tradicional em muitos consultórios, cria uma fuga rápida.
uma barreira inflexível entre os dois. Isso
não propicia muita chance de dar mais Independentemente de onde a en-
espaço ao paciente desconfiado ou de se trevista for realizada, sua aparência pode
aproximar de alguém cuja depressão exija afetar a sua relação com o paciente. O que
o conforto íntimo de outro ser humano. se considera “aparência profissional” pode
Tente, em vez disso, organizar as cadeiras depender da região do país e dos costu-
de modo que você possa dirigir-se ao pa- mes específicos da clínica ou do hospital
ciente junto ao canto da mesa. Dessa for- onde você trabalha. Esta observação pode
ma, a distância entre vocês pode variar, parecer óbvia, mas merece ser repetida:
conforme indicarem as necessidades do você será considerado mais profissional
momento. Se você for destro, ficará mais se prestar atenção às suas roupas, estilo
confortável para tomar notas se o pacien- e postura.
te sentar à sua esquerda. Certamente, De modo geral, os pacientes aceitam
duas cadeiras frente a frente também fun- roupas e cortes de cabelo conservadores,
cionam bem. ao passo que roupas ou maneiras exces-
Ao mesmo tempo, você terá outra ta- sivamente casuais podem sugerir indife-
refa para cumprir – cuja importância não rença em relação à importância do seu
vou perder tempo tentando transmitir. Essa encontro. De fato, uma pesquisa de 2005
tarefa é a de manter a sua segurança. A vas- revelou que, por uma margem enorme, os
ta maioria dos encontros envolvendo saúde pacientes preferiam que os médicos esti-
mental é totalmente livre de risco, mas, em vessem vestidos de modo formal e eram
casos raros, acontece algo que pode trazer mais inclinados a revelar informações
perigo para o clínico, para o paciente, ou pessoais para aqueles que usassem jalecos
para ambos. (Em 2006, Wayne Fenton, um do que para os que se vestissem de modo
psiquiatra – especialista no tratamento de casual. A maioria dos pacientes também
esquizofrenia pelo Instituto Nacional de disse que era mais possível de seguir os
Saúde Mental em Bethesda, Maryland –, conselhos de alguém que estivesse ves-
foi espancado até a morte por um dos seus tido de maneira profissional. Em média,
pacientes – uma agressão que causou man- os pacientes entrevistados eram de meia-
chetes em todo o país.) Deve ser instintivo, -idade. Embora adolescentes e crianças
no começo da entrevista com cada pacien- ainda sejam exceções significativas a essa
te, garantir a sua própria segurança e a de regra, esse estudo merece ser considerado
outras pessoas. Falando de forma prática, (e provavelmente também seja relevan-
isso significa seguir três princípios: te para outras pessoas que trabalham na
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área da saúde). Limite suas joias a algo sobre temas banais, minha recomendação
modesto, não intimide alguém, cuja co- é o contrário. Na maioria dos casos, o pa-
operação é necessária, com adornos que ciente procurou tratamento por causa de
sugiram riqueza ou status além do que o problemas perturbadores. Comentários
paciente espera alcançar. Se usar broches, sobre clima, futebol ou televisão podem
pingentes, ou roupas que indiquem uma parecer, na melhor hipótese, uma distra-
afiliação religiosa, considere se algum dos ção ou, na pior, a expressão de falta de
seus possíveis clientes poderá interpretar preocupação da sua parte. Geralmente, é
isso como um obstáculo para uma relação melhor ir direto à questão.
efetiva. Observe como outros profissionais Se você sentir que deve começar com
em seu ambiente de trabalho se vestem e assuntos triviais, faça uma pergunta que
agem. Deixe seus exemplos orientarem o exija mais que sim ou não como resposta.
seu juízo sobre o que é apropriado. Por exemplo:

– “Como estava o trânsito até aqui?”


estabelecendo o – “Como você tem aproveitado os
relacionamento meses do verão?”

Apresente-se, estenda a mão ao pa- No mínimo, essas perguntas mostram


ciente e indique o arranjo dos assentos que você respeita que o paciente participe
que preferir. (Quando junto à cama do ativamente. Especialmente durante a parte
paciente, ainda que pretenda ficar apenas inicial da sua entrevista, você deve incen-
alguns minutos procure sentar-se sempre. tivar o paciente a elaborar, em vez de res-
Mesmo que tenha de pegar um avião, você ponder com “sim” ou “não” enquanto você
não deve parecer com pressa demais para faz a maior parte do trabalho. (Considera-
se dedicar ao paciente.) Se acontecer de mos esse e outro aspecto do controle da en-
se atrasar para uma entrevista, reconhe- trevista novamente nos Capítulos 4 e 10.)
ça o fato com um pedido de desculpas. O Ocasionalmente, um familiar ou um
nome do paciente é incomum? Certifique- amigo íntimo desejará acompanhar o pa-
se de pronunciá-lo corretamente. Se for a ciente na sala de entrevista – uma situação
primeira vez que vocês se encontram, ex- à qual você pode responder de duas manei-
plique o seu status (estudante? residente? ras. Eu prefiro atender o paciente e o infor-
supervisor de ensino?) e o propósito da mante separadamente, pois isso aumenta a
entrevista. O que você espera descobrir? quantidade de informações obtida. Para re-
Quais informações já tem? Dê ao paciente forçar o sentido de autonomia do paciente,
uma estimativa de quanto tempo você es- quase sempre começo com ele, avisando
pera passar com ele. o informante que “você será o próximo”.
Muitas vezes, você já saberá algo so- Às vezes, porém, você pode precisar seguir
bre o paciente, a partir de anotações de ou- o outro caminho e atender os dois juntos.
tros profissionais, do prontuário do hospi- Isso geralmente ocorre quando o paciente
tal, ou do médico que o encaminhou. Você tem deficiências graves, como uma demên-
pode economizar tempo e aumentar a pre- cia avançada. Nesse caso, ter o familiar na
cisão da sua avaliação revisando esse mate- sala pode ajudar a economizar tempo. Ou-
rial antes de começar. Todavia, para os fins tra ocasião em que você precisa do formato
deste livro, partiremos da premissa de que de entrevista em dupla é quando o pacien-
você não tem acesso a essas informações. te pede muito, como no caso de alguém
Embora alguns entrevistadores ten- cuja ansiedade ou depressão graves exige
tem começar a relação com uma conversa apoio extra.
Entrevista inicial em saúde mental 21

Tomando notas novamente. Ter uma lacuna significativa


no banco de dados pode ser problemático,
Na maioria dos casos, você deve- especialmente se esse paciente for atendi-
rá tomar algumas notas. Poucas pessoas do por outros clínicos posteriormente.
conseguem lembrar-se, sequer brevemen- Revisar a gravação de uma sessão
te, de todo o material que escutam, e você pode ajudar a identificar dificuldades em
pode não ter a oportunidade de escrever a seu estilo de entrevistar. Com frequência,
sua entrevista imediatamente. Então, diga você pode enxergar deficiências que teria
que irá tomar notas, e certifique-se de que omitido com um registro menos completo
está tudo bem com o paciente. da conversa. Todavia, como prática diária,
Entretanto, você deve tentar fazer o isso tem certas limitações: revisar uma
mínimo de anotações, pois permitirá pas- gravação é algo que demora bastante, e os
sar mais tempo observando o comporta- pacientes são muito mais suscetíveis de se
mento e as expressões faciais do paciente sentirem desconfortáveis com gravações
em busca de pistas para seus sentimentos. do que com anotações. Se você decidir
Você não conseguirá anotar tudo ou escre- fazer uma gravação, comece somente de-
ver sentenças completas (além da queixa pois de explicar o seu propósito educativo
principal, que discutiremos no próximo e obter permissão.
capítulo). Em vez disso, anote palavras- Também pode ser necessário expli-
-chave que possam indicar quais ques- car que a lei e a ética profissional podem
tões devem ser exploradas mais adiante exigir que você relate certas informações
ou que possam servir como lembretes que afetem a segurança de outras pesso-
quando você fizer o seu relatório. Tente as. Esse princípio, formalizado em 1974
ficar com a caneta na mão, pois isso evita pela decisão Tarasoff na Califórnia, afirma
a distração de pegá-la repetidamente. O claramente que os profissionais da saúde
único momento em que você deve largá-la mental têm o dever de proteger a identi-
é quando discutir tópicos especialmente dade das pessoas que estiverem ameaça-
delicados que o paciente possa querer que das. Embora nem todos os estados tenham
não sejam registrados. aprovado tal estatuto, os clínicos em toda
Isso traz à tona o problema da “con- parte devem agir como se tivessem. É cla-
fidencialidade”. Às vezes, um paciente pe- ro que, se você é estudante, jamais deve
dirá para você guardar uma informação tomar alguma atitude por conta própria,
na memória e fora do prontuário. Quando devendo discutir quaisquer ameaças ou
esse pedido vem no início da relação, cos- outras preocupações que tiver imediata-
tuma ser melhor aceitar, especialmente mente com seu supervisor, que então as-
quando se aplica a uma parte limitada da sumirá a responsabilidade por cumprir o
entrevista. Se o paciente parecer extrema- dever de proteger.
mente desconfortável com as anotações,
você pode explicar que precisará de certas
notas para revisar mais adiante, para aju- Exemplos de introdução
dá-lo a entender tudo. No raro evento de o
paciente insistir, aceite, largue a caneta e Existem muitas variações possí-
transcreva depois o que puder lembrar. O veis de introduções efetivas. Eis um bom
que você precisa é concluir a entrevista, e exemplo.
não ganhar um torneio de vontades. Con-
tudo, em algum ponto – talvez não exata- Entrevistadora: Bom dia, Sr. Dean. Sou
mente agora, que está tentando concluir a Emily Watts, estudante
entrevista – você pode levantar a questão de medicina do terceiro
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ano. Eu gostaria de con- Eis outro exemplo de introdução:


versar com você por uma
hora para aprender o Paciente: Você é o estudante de
máximo que puder sobre que me falaram?
pessoas com problemas Entrevistador: Não, Sr. Holden, sou um
como o seu. Você tem estagiário de psicologia.
tempo para mim agora? Falei com seu terapeuta
Paciente: Sim, tudo bem. hoje de tarde, e gostaria
Entrevistadora: Quem sabe você senta de passar um pouco de
aqui? (Indica uma cadei- tempo com você para
ra.) Você se importa se eu ver o que podemos fazer
fizer algumas anotações? para ajudá-lo. Podemos
Paciente: Não, todos parecem fazer usar esta salinha.
isso. Paciente: (Concorda com a cabeça).
Entrevistador: Para ajudá-lo da melhor
Essa apresentação funciona porque maneira, vou precisar de
transmite rapidamente informações im- todas as informações que
portantes para o paciente: o nome e posi- puder obter. Eu gostaria
ção da entrevistadora, o propósito da en- de tomar algumas notas,
trevista, e o tempo que será necessário. A se estiver bem para você.
entrevistadora também lida com o arran- Paciente: Não tem problema.
jo dos assentos, e obtém permissão para
tomar notas. Todavia, alguns pacientes Às vezes, a fase de coletar informa-
podem se refrear frente à noção de que ções leva mais que uma única entrevista.
têm um problema. A Sra. Watts estava Você pode começar a sessão de seguimen-
entrevistando um paciente diagnosticado, to dizendo: “você pensou em algo mais
então a sua questão não foi discutida. Pa- para dizer em relação à nossa conversa
cientes novos podem responder melhor a anterior?” ou “o que você disse para sua
um simples: “diga-me por que você está esposa (ou marido, filha, etc.) sobre nos-
aqui”. so último encontro?”. Ou então, continue
onde parou na última sessão, quando o
tempo acabou.

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