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Capitulo 2 Fungao de Varidvel Complexa 2.1 Fungées complexas Seja D um subconjunto de C ¢ seja f uma lei que faz corresponder a cada niimero complexo 2 € D ume sé um mimero complexo w de um conjunto IC C, Neste caso diz-se que f 6 uma fungio de uma variével complexa z com dominio D e escreve-se w = f(z), sendo z argumento desta fungéo, O conjunto I chama-se imagem do dominio D pela fungao f ou, também, contradominio de f. Cada fungao w = f(z) de uma variavel complexa z = 2 + iy determina-se, ou seja descreve-se por duas fungées reias u(x, y) ¢ v(x, y) de varidveis reiais x ¢ y de modo que w = f(z) = u(s, y) + iv(, y), sendo u(x, y) = Ref(z), v(x, y)=Imf(z). Assim, uma fungio w = f(z) com dominio D faz corresponder a cada pondo z= 2 + iy de D um ponto w= u+iv do contradominio I. Uma fungio w = f(z) de uma variével complexa, como resulta da sua definigao, faz corresponder a cada valor de 2 € D um iinico valor de f(z) € I. Isto 6 correspondéncia univalente que representa tal chamada fungio univalente ou fungio uniforme. Exemplo 2.1. Achar a imagem da enrva T = {2 € C : Rez = 0 Alm > 0}, pela fungao Lee s@)=52 Resolugio: E fécil concluir que as relagdes Rez = 0, Imz > 0 determinam 0 sei-eixo imaginétio OY isto €, z = iy, y > 0. Para encontrar a sua imagem T” pela fungéo dada é preciso substituir 2 por iy na expresso de f(z) ltiy l-y+2iy wautiv = f@)hew = Ty tae ae: Dagui resultam as equagées paramétrieas escalares da mesma imagem I’ us u ae y20. (2a) nar o Pardmetro y das equagoes (2.1), obtem-se a equagio cartesiana da curva P!: u2-+u? = 1 v>0 Fazase a Conclusio que a fungio dada (2) transforma o semi-eixo imaginério em semiscireunferencia superior de raio r = 1 com centro no ponto tty = 0,cuja equagao pode ser dada na forma complexa: |u| = 1, Imw > 0. Resposta: Semi-circunferéncia |z| = 1, Imw > 0 2.1.1 Fungées clementares univalente, definidas sobre o plano complexo: © Fungao de potencia w= 2", n=0,41,42,.., Vb apa"? $+ any? + on ‘+ Fungéo polinomial w = Py(2), onde Pq(2 6 polinémio de z do grau n = 0,1,2,...sendo ag # 0,a = 1.az,....0q coeficientes constantes complexos, ‘* Fungao racional fraccionaria w = its onde Pa(2),Qm(2) so polinémios de z de graus ne m respectivamente, Caso particular representa fungdo bilinear ow homogréfica aztb td , 0.6 # 0.c # 0,d so constantes complexas. * Fungao exponencial w E valida, também, a representagéo w = € =e (cosy + isiny). Fungées trigonométricas tee & cos 2 sinz B valida a identidade: sin? 2+ cos? z= 1 46 ‘+ Puncées hiperbélicas w = sinh = 2 tanh: = Sh 5 = oth — £08 w= tanh: ===, w= cothz = = Jumpre-se a identidade: cosh? — sinh? 2 = 1 Verificamese, também, as as seguintes relagies entre as fungées trigonométricas hiperbélicas: sinz; cosh(iz) = cos sinh(iz) = cosh 2, sin(i2) = isin; cos(i2) Sao verdadeiras as formulas: cosh(21 + 22) = cosh 21 - cosh 22 + sinh 21 «sinh 22 sinh(2, + #) = sinh 2 - cosh 2 + sinh 2 - cosh 21 Em Anilise Complexa encontra-se, também, correspondéncia funcionais multivalente que associam, cada valor do argumento 2 dois ou mais valores distintos f(2). Cada uma destas correspondéncias nfo define uma fungao no sentido usual, representa o que se costuma denominar fungao multivalente ou multiforme. Para evitar qualquer ambiguidade que pode surgir no processo de estudo de uma fungao focos desta fungao sobre os quais a correspondéncia multivalente considera-se tal chamados ramos 1 funcional passa a ser univalente. 2.1.2 Fungées multivalentes, definidas sobre o plano complexo: * Funcao radical onde r=|2|, y= arge.n ‘* Fungao logaritmica w=Lnz=Inr+i(y+2nk), k= 0,+1,42, 47 Sao validas as relagdes: La(2 + 22) =Lnz+Lnz; Ln (2) = In -Lnz % ‘* Fungao de potencia generalizada ln: sendo a um mimero complexo. © Fungées trigonométricas inversas w = Arcos: = Exemplo 2.2. Resolver a equacio e~* + 2sinh 2 + 3i = 0. Reso: Atonndo gue sis = Het *), transformamos a equagao dada para a forma: €* +31 =0, ou seja, e* = 31, Daqui resulta Ln(-3i) = Ind+i(—J + 2nk) kez, Resposta: » = Ln(—3i) =n3-+i +2nk) » kEZ. 2.1.3. Limite Seja f(z) uma fungao de uma variavel complexa, definida num dominio D e seja z um ponto de acumulagio deste dominio, Diz-se que um niimero complex L ¢ limite de f(z) quando z tende para, zo escreve-se lim f(2) = L se, ¢ somente se, dado qualquer niimero real ¢ > 0 existe um 5 > 0. dependente de, tal que para todos os valores de 2, pertencentes ao dominio D e sujetos a condo 0 <|z 20] <6, cumprit-se-a a relagao |f(z) - L| 0,3M = M(e) > 0:¥z€ DA|z| > M|f(2)-L| 0, 8(K) > 032 € DADS |z— m0] <6 > [f(2)| > K Verifica-se uma importante relagao entre o limite de uma fungao de uma varidvel complexa ¢ 0s limites de suas partes reais e imaginarias, a saber, seja f(2) u(x, y) + év(e,y) uma fungdo definida num dominio De sejam 29 = x0-+ iy L = a+ ib, Bntio, para que lim f(z) = L € necessirio ¢ suficiente que Jim, u(y) =a e im v(x,y) =b. Neste caso tem-se: Jim, f(e) = im, (x.y) +4 lim, (a, y) = a + ib Definigdo 2.1. Uma fungéo f(z) com dominio D diz-se continua num ponto 2, se cla for definida em 2 € numa vizinhanca deste ponto, se existir o limite de f(z) quando => 29 ¢ se Jim = f(20) Lema 2.1. Uma funcao f(2) = u(x, y)+iv(x,y) seni continua num ponto 2 =sro-+iyo se, € somente se, as suas partes real u(:r,y) ¢ imaginaria v(x,y) forem continuas nesse ponto. 2.2 Funcées analiticas Seja f(z) uma fung . definida numa regio R (conjunto aberto ¢ conexo). Diz-se que f(z) é derivvel num ponto z € R, se existir o limite im Sf(2) _ JB "ar = ao df Eset degnese po (2) 00 ee canada dra dango Je) mo te 2 Asi lim Ase) Aso Az Pe) = tim LOD gy & azso Az d Teorema 2.1. Uma funcao f(z) derivavel num ponto 2 € continua neste ponto. Definigdo 2.2. Diz-se que uma funcdo f(2) € analitica numa regio R, se ela é derivével em cada ponto de R. Diz-se que f(2) é analitica num ponto 29, se ela € analitica numa regio contendo 29 As expresses fungao holomorfa, fungao regular, fingéo monégena sao usadas como sinonimas de fungao analitica 49 Para que uma fungao f(2) = u(z,y)+iv(x,y) seja analitica numa regiao R é necessério ¢ suficiente que nessa regio sejam deriviveis as fungdes u(x.y) = Ref(z), v(x. y) = lmf(2) e sejam satisfeitas em Ras equagées de Cauchy-Riemann: On 08, O_O Oz dy’ Oy ae Em coordenadas polares r, y as equagdes de Cauchy-Riemann tem a forma: Ou _1 dv dv _ Lau roe OF Uma fungi que satisfaz as equagies de Cauchy-Riemann s6 em certos pontos isolados nfo 6 analftica, Definigdo 2.3. Denomina-se ponto singular ou singularidade de wma fungdo f(2) a um ponto 29 no qual f(z) nao € analitica. Um ponto singular de uma funcao f(z) diz-se ponto singular isolado ou singularidade isolada desta fungao, se existe uma vizinhanca de 2 que ndo contem nenhum outro ponto singular, distinto do préprio 29. Caso contrario, diz-se que 2 € singularidade néo-isolada A derivada de uma fungao f(z) = u(e.y) + iv(x.y) que é analitica numa regiao R caleula-se conforme as regras: tio) OU OU a Bu PQ) = 9 t tgp on f'(z) Oy Cada uma das fungées elementares univalente, assim como qualquer ramo univoco de uma fungéo multivalente representa em seus dominios fungoes analiticas. As derivadas das fungies elementares de uma varidvel complexa sao calculadas pelas mesmas regras que se usam para as derivadas das mesmas fungoes de uma variavel real Uma fungao f(2) (x, y) + iv(x,y) analitica numa regiao R possui as derivadas de todas ordens em R ¢ essas derivadas, por sua vez, sao também, analfticas em R, Neste easo as fungdes u(z,y) = Ref(z), v(x.y) = lmf(z) possuem em R derivadas parciais continuas de qualquer ordem, ¢ representam fungdes harménicas conjugadas, satisfazendo a equagio de Laplace, isto 6, oe , oe or Esta propriedade permite encontrar uma fungao analftiea através da sua parte real ou imaginaria, a saber. Caso seja dada s6 a parte real u(r.y) de uma fungio analitica f(2) = u(x, y) + iv(x.y), a 50 sua parte imaginaria v(x,y) pode-se obter de u(r,y) de modo seguinte: ey 2 " (ey) = f jue + May +0 = - fate wo)de + [Sewn +e. (oa) % iv ‘onde C € constante de integragae, (29, yo) ¢ ponte inicial de integragao no qual a fungio f(x,y) € derivavel. Analogamente, a parte real u(r, y) pode ser encontrado através da imaginaria v(x,y) om u(z,y) = Fev c= fuiemlte— f landdy +e % i (san) Exemplo 2.3. Provar que a fungio u = sinhrsiny ¢ parte real de uma fungao analitica f(z) = u(x, y) +iv(e,y) € obter esta fungao de modo que (0) = Resolugao: Vamos verificar se a fungio dada u(:r,y) satisfaz a equagio de Laplace, isto 6, Fu, Pu a8 * ye Ao encontrar as segundas derivadas eu on Por consequéncia, a fungao u(r.y) satisfaz a equagao de Laplace e, entao, ¢ fungi harménica e, consequentemente, representa parte real de uma fungao analitica f(z) = u(x.y) +iv(x.y). A seguir, para obter f(z), é preciso determinar a sua parte imaginaria v(x, y). Utilizando a origem: do sistema das coordenadas coma panta inicial de integracio, teremos: 5 * ull, y)dytC = — [sonar [coon sin yay+c = 1-cosh r-cosy+C. a a v(x.y) =— | u,(2,0)dr+ [% Assim, achamos F(z) = u(x,y) + iv(x, y) = sinh x sin y + i(1 — cosh - cosy + C). Atendendo que f(0) =—i, obtem-se C= 1, Deste modo encontramos: J (2) =sinhrsiny — ieosh xcosy = —icosh 2. Resposta: f(2) = —icosh = a1 2.3 Exercicios Propostos 1. Achar as imagens das curvas dadas pelas fungées indicadas: a) D={2€ C:Imz=1ARez > 0}, w b) D C:Rez =0 Alm: <0), u 0) D=(2E 0:2 | = 1Alm: > 1}, w= f(2)= a) D= ©: |: +4] =1ARez <0}, w= f(z) = 2. Calcular os nimeros dados, apresentando-os na forma algébrica: a) Arctanl; —b) (v3—i)';_¢) Lali’) 3, Estudar a continnidade das seguintes funcdes: ti EF! ge ey ti ay , PH se afi a) w= f(z) = Sie b) w= f(2)= 2 342% se =i w= s(2)= 4d) w= f(2)= 4. Verificar, se sao analiticas as fungoes dad; a) f(2)=2; b) f(2)=Fsin2; ©) f(z) = 2m(2?- a); d) f(z) = (z+1-47 ©) f(z) = 22 + 4)?. 5. Provar que as fungées u(:,y) representam partes reias e as u(.y) partes imaginarias de fungées analiticas ¢ obter essas fungdes de modo que sejam satisfeitas as condigbes indicad: a) u(x, y) = 2(2? — y2) — 3x, f(0) = 0; b) u(x, y)a? —y? +2sinhx-coshy, f(0) = 0 ©) u(x, y) = ain? +9) — y arctg 5, r>0. f(l) 4) o(z,y) = 2xy +4y — Boose sinhy, (0) = 0: e) v(x, y) = n(x? + y?) +2 -2y, >0, Fl) =-2+ 5; n2+28 =2- arctg 4 2) = £) o(e,y) = 2 arcty 7, 2 >0, f(2) Solugées: 1 1. a) semi-pardbola u = 7-1, b) w > 0; semi-circunferéncia ju] = 1, Rew <0; e) semi- mw] < circunferéncia |w— 1] = 2, Rew > 1, d) segmento Re 2a) Take, kez by (29 fcos(in2) +isin(n2)], ke Zi 0) (3 +2kr) +2 hyn Z. . a) Descontinua em i; ¢) Descontinua, 4. a) Nao; ¢) Nao; e) Nao. 5. a) f(2) Rez > 0; £) {(2) jz nz, Rez >0. “Deus dé todos uma estrela, uns fazem da estrela um sol. Outros nem conseguem vé-la.” ‘Typeset by EXTEX 2c GMS 53

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