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INTERVENÇÕES CHAVE PARA A PROMOÇÃO DO DI

II CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO INFANTIL (DI)

2. FORMAR-SE:
O SABER DA EXPERIÊNCIA, AMPLIAÇÃO DAS
PRÁTICAS E MUDANÇA DO OLHAR PARA A
PRIMEIRA INFÂNCIA

Marcos Davi dos Santos


Médico, Clínico Geral, Mestre em Doenças Infecciosas e Parasitárias, Psicoterapeuta
Corporal Neorreichiano, Formador de Profissional para o Desenvolvimento Infantil na
Perspectiva Intersetorial, Idealizador do Instituto Primeiros Anos e da Rede A.tempo
Provocações a partir de
“notas sobre a experiência e o saber da experiência”, de Jorge
Larrosa Bondía
PROPOSTA

( re) pensar as práticas educativas para além dos pares


ciência/prática e teoria/prática:

experiência/sentido
PENSAR...PENSAR DEVAGAR...

Não é somente: raciocinar, calcular, argumentar

Pode ser: dar sentido ao que somos e ao que nos


acontece
experiência é...

“...o que nos passa, o que nos acontece, o que nos


toca...”

experiência não é...

“...o que se passa, o que acontece, o que toca...”


A EXPERIÊNCIA É CADA VEZ MAIS RARA

“...a pobreza que caracteriza nosso mundo...”

“...nunca se passaram tantas coisas...”


A EXPERIÊNCIA E A DESTRUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

Excesso de informação

“...informação não é experiência... ela é quase uma anti-


experiência.”

• O sujeito da informação sabe no sentido de “estar


informado” e não no sentido da “sabedoria”

• Vive numa “sociedade de informação” (...do conhecimento,


de aprendizagem)

• “...uma sociedade constituída sob o signo da informação é


uma sociedade na qual a experiência é impossível”
A EXPERIÊNCIA E A DESTRUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

Excesso de opinião

“...a obsessão pela opinião também anula nossas


possibilidades de experiência, também faz com que nada
nos aconteça.”

• “O periodismo é a fabricação da informação e a fabricação


da opinião”

• “O periodismo destrói a experiência; é mais profundo e mais


geral do que o efeito de comunicação de massas sobre a
conformação de nossas consciências”
A EXPERIÊNCIA E A DESTRUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

Excesso de falta de tempo

Velocidade com que nos são dados os acontecimentos e a


obsessão pelo novo:

• Impedem a conexão significativa entre acontecimentos e a


memória

• Sujeito moderno: consumidor voraz e insaciável de notícias,


de novidades, um curioso impenitente, eternamente
insatisfeito; permanentemente excitado, já se tornou incapaz
de...

...S-i-l-ê-n-c-i-o!
A EXPERIÊNCIA E A DESTRUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

Excesso de trabalho

“Nós somos sujeitos ultra informados, transbordantes de opiniões e


superestimulados, mas também sujeitos cheios de vontade e hiperativos. E
por isso, porque sempre estamos querendo o que não é, porque estamos
sempre em atividade, porque estamos sempre mobilizados, não podemos
parar.”

Se não podemos parar, nada nos acontece!


A EXPERIÊNCIA E A DESTRUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

O que a experiência requer?

“um gesto de interrupção: para pensar, olhar, escutar, pensar mais


devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar, parar para sentir,
sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião,
suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo,
cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o
que nos acontece, aprender a lentidão, escutar os outros, cultivar a arte do
encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.”
A palavra experiência

“Tanto nas línguas germânicas como nas latinas, a palavra


experiência contém inseparavelmente dimensão de travessia e
perigo.”
O sujeito da experiência

“é o que nos passa”, em espanhol: território de passagem,


afeta-se com aquilo que lhe acontece, produz alguns afetos,
inscreve marcas

“ce que nous arrive”, em francês: ponto de chegada, um


lugar a que chegam as coisas, que recebe o que chega e lhe
dá lugar

“aquilo que nos acontece, nos sucede” ou “happen to us”,


em português e inglês, respectivamente: espaço onde tem
lugar os acontecimentos
A experiência é um tipo de paixão

“Se a experiência é o que nos acontece, e se o sujeito da


experiência é um território de passagem, então a experiência
é uma paixão (heteronomia, certa responsabilidade em
relação ao outro).”
A experiência transforma

“Podemos ser assim transformados por tais experiências, de


um dia para o outro ou no transcurso do tempo.”
SABER DA EXPERIÊNCIA

Saber da experiência

“O que se adquire no modo como alguém vai respondendo ao


que vai lhe acontecendo ao longo da vida e no modo como vai
dando sentido ao acontecer do que nos acontece.”

“...o que faz impossível a experiência faz também


impossível a existência.”
O experimento é genérico, a experiência é singular

“Se o experimento é repetível, a experiência é


irrepetível.”
“A vida humana se fez pobre e necessitada e o
conhecimento moderno já não é o saber ativo que
alimentava, iluminava e guiava a existência dos
homens, mas algo que flutua no ar, estéril e
desligado da vida em que já não pode encarnar-se”
“As ações educativas no campo da saúde (mas não só)
são predominantemente do tipo informativo e de
caráter prescritivo”

“...muito pouco empoderamento para o exercício da


cidadania (dimensão emancipatória)

Paradigma biomédico x paradigma crítico


participativo
EDUCAÇÃO, ASSITÊNCIA SOCIAL E
PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA

- AMPLIAÇÃO DE PRÁTICAS (COMPONENTE


GRUPO/ORGANIZAÇÃO/INSTITUIÇÃO)

- MUDANÇA DO OLHAR (COMPONENTE MUDANÇA


DO OLHAR)
O SUJEITO DA
FORMAÇÃO
- Busca a experiência para si

- Busca proporcionar o espaço de experiência para o outro


(nosso público)

- Utiliza metodologia participativa, procurando sempre


valorizar e incentivar a participação de todos.
Usa vocabulário de fácil compreensão.

- Cria um ambiente acolhedor, organizando preferencialmente a


sala em circulo.
Aplicado às intervenções chave de DI,
formar formando-se tem a ver com adquirir
qualificações profissionais técnicas e éticas
do cuidado de si, do outro e do mundo,
sensível o bastante para ter ressonância com
as reais necessidades do desenvolvimento
humano em seus primeiros anos.
MENSAGEM
FINAL

A gente precisa de gente,


que entenda a gente,
que como gente,
fale com a gente,
o que é,
e, como é ser gente.

Marcos Davi
VER TAMBÉM APRESENTAÇÃO
N° 3

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1. Bondía JL. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista
Brasileira de Educação, n° 19, jan-fev, 2002. Disponível em:
www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pd. Acessado em 7 de abril de 2015.

2. Maricondi MA, Chiesa AM. A transformação das práticas educativas em saúde no


sentido da escuta como cuidado e presença. Cienc Cuid Saude 2010 Out/Dez;
9(4):704-712.
LEIA O TEXTO DE APOIO: NOTAS SOBRE A EXPERIÊNCIA E OS
SABER DA EXPERIÊNCIA.

VEJA TAMBÉM A APRESENTAÇÃO N° 3

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São Paulo, maio de 2019.

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