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Memorial do Convento

- retrata a época histórica do reinado de D. João V: a promessa do rei, a construção do convento de mafra e as
referências, acontecimentos e figuras a estes ligadas; caracter ficcional: a vida do par amoroso Baltasar e Blimunda e
o seu contributo fulcral para a construção e voo da passarola, o sonho do padre bartolomeu Lourenço.

Linhas de ação: A construção do convento; B sublimação do amor/ relação de Baltasar e Blimunda, C construção da
passarola

A Epopeia do trabalho: promessa a deus de que se a rainha lhe desse um herdeiro, o rei mandava contruir um
convento; cumprimento da promessa -> início da ação; alargamento do convento para albergar muitos mais frades: a
megalomania do rei; antecipação da data da sagração do convento pelo reu para a data do seu 41º aniversário por
ter medo de morrer antes de poder inaugurar a sua obra grandiosa

Repercussões económicas: compra/venda de terras em mafra; o esbanjamento e a falta de controlo financeiro


Repercussões sociais: aproveitamento da desgraça humana para lucro de alguns; a “epopeia da pedra”:
representação do esforço sobre-humano dos trabalhadores; as péssimas condições de trabalho (pragas, acidentes,
doença e morte); recrutamento brutal e desumano -> desmembramento familiar e perdição de muitos homens

C O elogio do sonho: o sonho de voar do Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão: a realização plena do trabalhador
em relação ao objeto do trabalho, de harmonia entre o desejo e a realização do desejo, de acordo entre a coisa
sonhada e o sonho realizado; a conjugação de saberes: o científico (padre Bartolomeu), artesanal (Baltasar),
sobrenatural (Blimunda) e artístico (Domenico Scarlatti): unidos pelo mesmo sonho

A concretização do sonho: voo da passarola: a conjugação dos sonhos, força do querer e a união das vontades: 2 mil
vontades, vontade de Bartolomeu, Baltasar e Blimunda, a trindade terrestre -> capacidade libertadora alicerçada na
vontade dos homens

Narrador: cruzamento de vozes entre narrador e personagens: narrativa polifónica. Assume vários papeis na
narrativa: movimenta-se entre o passado, o presente e o futuro; controla a ação e as personagens; faz juízos de valor,
opiniões, comentários e divagações, dá a sua voz a personagens, citações de obras, modifica-as com uma perspetiva
critica. Narrador critico e subjetivo: enfatiza a escravidão a que foram sujeitos os portugueses para o sonho do rei
megalómano a que se atribui a edificação do convento; resgate do esquecimento histórico dos heróis da construção.

Critica de costumes: casamentos por conveniência; poder absolutista e opositor; megalomania regia e a escravatura
do povo na edificação do convento; esbanjamento dos poderosos e a pobreza do povo; fanatismo religioso:
ignorância popular, perseguição e crueldade da inquisição: os autos de fé; a vida conventual e a hipocrisia clerical;
momentos de evasão: a quaresma, as procissões, o carnaval, a tourada

Simbolismo: sol/lua: masculino/feminino, luz/escuridão -> plenitude, perfeição magica do amor do casal: sete:
número sagrado, magico, símbolo da mudança e renovação constante; nove: gestação, renovação, renascimento,
eternidade fogo: simbolo de destruição, purificação e regeneração: libertação do condicionamento humano
trindade terrestre: padre Bartolomeu, Baltasar e Blimunda: união do homem e seu poder
infinito de contruir vontades humanas: aqueles que contribuem para o progresso do mundo
amputação da mão esquerda: “maneta é Deus e fez o universo”: “o homem que vive
num nível diferente de existência” passarola: concretização dos sonhos, capacidade libertadora
baseada na vontade dos homens música: associação à plenitude da vida cósmica,
harmonia das faculdades da alma e elementos do corpo: poder que propicia o regresso da vontade: a cura da doença
de Blimunda final do romance: perpetuação do herói e do
amor através da comunhão de Baltasar e Blimunda, a vida é efémera mas a vontade humana e os ideias perduram
O amor

Rei e rainha Baltasar e Blimunda


Respeito por convenções Libertação de convenções
Relação contratual Relação amorosa
Relação desequilibrada Relação equilibrada
Ausência de amor Amor verdadeiro
Papel subalterno da mulher Igualdade e respeito mútuo

CONTO GEORGE

- o conto centra-se nas três idades da vida: juventude, maturidade e velhice

Gi: 18 anos George: 45 anos Georgina: cerca de 70 anos


Passado, juventude Presente, vida adulta Futuro, velhice
Tentativa de fugir de si mesma: Vida vazia, solidão: Ausência de esperança:
- recusa da vida imposta pela - solidão, desamparo - consciência da passagem do
sociedade, casamento/maternidade - desvalorização das relações tempo, efemeridade da vida,
- ânsia de liberdade, descoberta e afetivas efemeridade do poder, importância
conhecimento - desapego dos objetos ligados a dos afetos
recordações

- no conto há um cruzamento entre a memória, a realidade e a imaginação. A infância está presente, no primeiro
encontro – Gi e George – na medida em que o regresso À terra natal constitui um retorno aos primeiros anos de vida,
mas também um ciclo que se fecha: George e Gi movem-se lentamente – simboliza a impossibilidade de George
ressuscitar o passado e despedir-se dele. No segundo encontro – George e Georgina – a velocidade do comboio e
pela sua marcha sem retorno – a morte definitiva do passado e a aceleração da marcha do tempo em direção à
velhice.

Metamorfose da figura feminina: a passagem do tempo deixa marcas a nível físico, mais a psicológico e social.
- Na juventude Gi parte da vila na ilusão de concretização do sonho de ser pintora, deixa uma vida simples.
- Na idade adulta George é uma mulher adulta que desvaloriza relações afetivas, é pintora, adota um nome
profissional masculino para se afirmar e ter sucesso, famosa, protótipo da mulher independente. Não tem razões
aparentes para lembrar o passado nem temer futuro, no entanto quando regressa à terra natal tem-nas.
- Na velhice Georgina é consciente da efemeridade da vida, valor ao afeto e liberta-se dos modelos impostos pela
sociedade

Complexidade da natureza humana: evolução da personagem


- Gi vive prisioneira das regras familiares
- George, independente: ausência de afeto e solidão
- Georgina verdadeira identidade da personagem

Intriga: regresso de uma artista de renome à terra natal depois de 23 anos; diálogo de mulheres que se cruzam:
confronto com a juventude – Gi e George/ confronto com a velhice – George e Georgina; partida de George no
comboio que a leva para longe da terra natal

Narrador: de terceira pessoa; focaliza os acontecimentos, conhece o passado e o mundo interior das personagens;
mistura a sua voz com pensamentos da personagem principal e suas falhas de memória; visão crítica e desprovida de
autopiedade que a protagonista tem de si mesma; reproduz as falas de Gi e Georgina em itálico.

Símbolos:
- vila: passado e retorno à infância
- fotografia: ligação passado, juventude perdida; imagem ideal da juventude intocada e dos sonhos por cumprir
- comboio: marcha rápida para a velhice
- quadros de George: autorretratos: projeto artístico da vida, garantia de imortalidade; materiais: fixação do
momento
- linguagem contemporânea: preocupação pictórica e escrita fragmentária
Miguel Torga:
- a sua obra reflete sobre o telurismo (amor à terra natal), a condição humana, o papel do homem/poeta
- aborda as contradições que decorrem da luta permanente com o mundo, com as palavras e com Deus
- usa linguagem sóbria, associada à terra, insere símbolos bíblicos e imagens cristãs e pagãs

Eugénio de Andrade:
- exaltação do sensualismo e afirmação da corporalidade
- vertente lírica da poesia vocacionada para o amor e para a natureza
- também aborda as grandes causas dos anos 40 numa vertente mais ética

Vasco Graça Moura:


- temas clássicos: passagem do tempo, fugacidade da vida, finitude da existência e espetro da morte
- forte pendor narrativo num registo coloquial próximo do quotidiano, conjugado com uma reflexão mediativa e
humanista herdada de Camões

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