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Índices são relações entre contas das demonstrações contábeis utilizados pelo analista para investigar a situação

econômico-financeira de uma entidade. De acordo com Matarazzo (2010, p. 82), “assim como um médico usa certos
indicadores, como pressão arterial e temperatura, para elaborar o quadro clínico de um paciente, os índices financeiros
permitem construir um quadro de avaliação da empresa”. Ou seja, os índices permitem que se tenha uma visão macro
da situação econômico-financeira da entidade. “Quando os indicadores genéricos não são suficientes, o médico solicita
exames e testes” (MATARAZZO, 2010, p. 82). Em outras palavras, os índices são indicadores semelhantes àqueles
gerados pelos exames laboratoriais que permitirão ao profissional traçar, com maior segurança, um diagnóstico da saúde
ou doença do paciente.

Nesse sentido, Martins, Diniz e Miranda (2018) alertam que o importante não é o uso de grande
quantidade de índices, mas somente daqueles necessários à compreensão da situação da entidade em análise. Caso
contrário, o analista corre o risco de perder o conjunto de vista e de se fixar em detalhes sem importância.

Nota-se também que os índices são mais bem compreendidos quando se estabelecem parâmetros de comparações.
Pode-se, por exemplo, analisar a evolução dos indicadores ao longo do tempo em uma mesma entidade, tendo como
parâmetro, nesse caso, períodos anteriores. Além disso, pode-se comparar os resultados com outras empresas do mesmo
setor, de forma isolada, ou indicadores setoriais.
Os índices de liquidez apresentam a situação financeira de uma empresa frente aos compromissos financeiros
assumidos, ou seja, demonstram sua capacidade de arcar com as dívidas assumidas, o que, em última instância, sinaliza
a condição de sua própria continuidade. Para a referida análise, os seguintes índices são apresentados: i) liquidez
corrente; ii) índice de liquidez seca; iii) liquidez imediata; e iv) liquidez geral.

5.1 ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE

O índice de liquidez corrente mostra o quanto a empresa possui de recursos de curto prazo (ativo circulante) para
cada real de dívidas de curto prazo (passivo circulante). Portanto, se o índice de liquidez for maior que 1, significa que
o capital circulante líquido (CCL) da empresa será positivo, portanto haverá compatibilidade entre os recursos que se
espera receber no curto prazo e aqueles que se espera pagar no curto prazo. Em outras palavras, o índice de liquidez
corrente mostra a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo, bem como o potencial de financiar suas
necessidades de capital de giro.

Esse indicador é bastante utilizado pelos analistas, e sua relevância aumenta quando é utilizado juntamente com
outros indicadores, podendo, nesse sentido, reforçar conclusões a respeito da liquidez da entidade. Como qualquer
indicador, sua utilidade também pode ser ampliada se comparado a índices de empresas do mesmo ramo. E, muito
importante, é vital analisar sua evolução: duas empresas podem estar com o mesmo índice, mas uma vir melhorando-o
nos últimos 3 anos, e outra pode estar piorando-o nesse mesmo período. A análise da tendência é sempre necessária.
Uma crítica comumente atribuída ao índice de liquidez corrente se refere aos efeitos das diferenças temporais
existentes entre as contas componentes do numerador (ativo circulante) e as contas componentes do denominador
(passivo circulante). Por exemplo, podem existir dívidas correntes que vencerão em um mês e contas a receber que
vencerão em três meses, ou vice-versa. Tais diferenças de prazo não são captadas pelo índice de liquidez corrente.
O índice também sofre os efeitos de diferentes formas de avaliação dos ativos (principalmente estoques). Assim,
é necessário que o analista fique atento à qualidade dos itens do ativo circulante (estoques, duplicatas a receber etc.) e à
sincronização entre prazos de recebimentos e pagamentos.
Como os estoques normalmente representam parte significativa do Ativo Circulante e estão sujeitos a riscos de
liquidez em virtude de diferentes formas de avaliação, roubos, obsolescência, deterioração etc. e ainda demoram,
normalmente, para virar dinheiro, foi criado o índice de liquidez seca, que elimina o efeito dos estoques e também das
despesas antecipadas no cálculo da liquidez.

5.2 ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA

O índice de liquidez seca mostra a parcela das dívidas de curto prazo (passivo circulante) que poderiam ser pagas
pela utilização de itens de maior liquidez no ativo circulante, basicamente disponível e contas a receber. Em outras
palavras, mostra quanto a empresa possui de ativos líquidos para cada real de dívida de curto prazo. Suponha que a
empresa sofra total paralisação de suas vendas, ou que seu estoque se torne obsoleto. Quais seriam suas chances de
pagar suas obrigações de curto prazo com o disponível e as duplicatas a receber? É o que mostra o índice de liquidez
seca.

Esse indicador também é bastante utilizado pelos analistas e sua utilidade aumenta quando é analisado juntamente
com outros indicadores, podendo, nesse sentido, reforçar conclusões a respeito da liquidez da entidade. Como qualquer
indicador, sua utilidade pode ser ampliada se comparado a índices de empresas do mesmo ramo e se verificada qual a
sua tendência ao longo do tempo.
O índice de liquidez seca também sofre os efeitos das diferenças temporais existentes entre as contas componentes
do numerador (contas a receber, por exemplo) e as contas componentes do denominador (passivo circulante).
Como as contas a receber, geralmente, também representam valores relevantes, pode-se questionar sobre sua
liquidez. Assim, o analista possui outro instrumento para eliminar esse efeito, o índice de liquidez imediata.

5.3 ÍNDICE DE LIQUIDEZ IMEDIATA

O índice de liquidez imediata mostra a parcela das dívidas de curto prazo (passivo circulante) que poderiam ser
pagas imediatamente por meio dos valores relativos a caixa e equivalentes de caixa (disponível). Ou seja, representa
quanto a empresa possui de disponível para cada real de dívidas vencíveis no curto prazo.

Como as empresas, geralmente, mantêm poucos recursos alocados no grupo disponível, pois eles poderiam estar
sujeitos aos efeitos inflacionários, o índice de liquidez imediata, quase sempre, é baixo.
Esse indicador é pouco utilizado pelos analistas, porque diz muito pouco em termos informacionais. Além disso,
apresenta diferenças temporais entre numerador e denominador, pois as disponibilidades, como o próprio nome diz, são
valores em espécie ou equivalentes; já o passivo circulante é composto por valores a serem exigidos dentro do período
de até um ano, ou mais, se o ciclo operacional for maior que 12 meses.

CURIOSIDADE: Esse índice é importante na análise dos bancos comerciais, já que a existência de uma
disponibilidade significativa é necessária para o caso de dias ou períodos em que os saques possam ser
bem superiores aos depósitos. Só que, nesse caso, normalmente se compara o valor das disponibilidades
e aplicações a curtíssimo prazo com o valor dos depósitos, por exemplo.
5.4 ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL

O índice de liquidez geral mostra o quanto a empresa possui de recursos de curto e longo prazo (ativo circulante +
realizável a longo prazo) para cada real de dívidas de curto e longo prazo (passivo circulante + passivo não circulante).
Ou seja, mostra a capacidade de pagamento atual da empresa com relação às dívidas a longo prazo; considera tudo o
que ela converterá em dinheiro (no curto e longo prazo), relacionando com todas as dívidas assumidas (de curto e longo
prazo). Em outras palavras, ele evidencia a capacidade de saldar todos os compromissos assumidos pela empresa.

O índice de liquidez geral, mais que os demais, sofre os efeitos das diferenças temporais existentes entre as contas
componentes do numerador e as contas componentes do denominador, pois mistura elementos de curto e longo prazo.
Para Martins (2005), o índice de liquidez geral não tem muito sentido, pois não apresenta qualquer relação de
temporalidade entre os elementos do numerador e do denominador. No entanto, outros autores advogam sua importância
na análise de liquidez da entidade a longo prazo (MATARAZZO, 2010).
No Quadro 14 é reproduzido o Balanço Patrimonial da Cia. Grega. Na sequência, são calculados os índices de
liquidez da entidade. Os índices setoriais de liquidez corrente e liquidez seca do setor de cosméticos no período “3”
foram 1,85 e 1,17, respectivamente.

QUADRO 14 – Balanço patrimonial da Cia. Grega


Partindo-se do Balanço Patrimonial, são calculados os índices de liquidez da Cia. Grega, conforme demonstra
o Quadro 15.
QUADRO 15 – Índices de liquidez da Cia. Grega
Interpretando os Índices de Liquidez da Cia. Grega

Como pode ser observado, os índices de liquidez imediata e liquidez geral da Cia. Grega vêm aumentando ao longo
dos três períodos analisados. Ou seja, a análise do índice de liquidez imediata revela que a empresa vem fortalecendo
sua capacidade de liquidar dívidas de curtíssimo prazo. Já o índice de liquidez geral mostra que a empresa também está
se fortalecendo em termos de liquidez de longo prazo.
Todavia, os índices de liquidez seca e liquidez corrente, que são os mais utilizados na prática e relevantes a curto
prazo, apresentam queda ao longo dos períodos analisados. Essa queda se justifica em função do aumento ocorrido no
passivo circulante de 48,3% entre os períodos “1” e “3”, notadamente na conta empréstimos (72,1%), contra um aumento
de apenas 27,8% no ativo circulante no mesmo período.
É importante salientar que os índices de liquidez seca e liquidez corrente do setor de calçados foram 2,25 e 2,65,
respectivamente, no período “3”. Portanto, mesmo apresentando queda nesses índices, a empresa ainda mantém índices
superiores ao do setor no qual está inserida, ou seja, 2,38 de liquidez seca e 2,85 de liquidez corrente para o período 3.

Exercícios

1) Com base no Balanço Patrimonial da Cia. Medusa, apresentado no Quadro 16, calcule os índices: liquidez imediata,
liquidez seca, liquidez corrente e liquidez geral.
Sabendo-se que os índices de liquidez corrente e liquidez seca do setor de cosméticos no período “3” foram 1,85 e 1,17
respectivamente, quais conclusões podem ser tiradas dos índices apurados?
QUADRO 16 – Balanço patrimonial da Cia. Medusa

2) Com base no Balanço Patrimonial da Cia. Zeus, apresentado no Quadro 17, calcule os índices: liquidez imediata,
liquidez seca, liquidez corrente e liquidez geral. Quais conclusões podem ser tiradas dos índices apurados?
QUADRO 17 – Balanço patrimonial da Cia. Zeus

Atividades sugeridas ao professor

1) Sugerimos ao professor que construa exemplos de balanços patrimoniais junto com os alunos (o que promove maior
envolvimento da classe) para explorar os indicadores apresentados. Durante a construção do exemplo, os conceitos
anteriormente vistos podem ser também explorados, de forma dinâmica e descontraída.1
2) Sites para acesso a indicadores setoriais:
•http://www.fiesp.com.br/competitividade/fiesp-serasa.aspx
•http://www.institutoassaf.com.br/assafii/site/quem.aspx
•http://exame.abril.com.br/negocios/melhores-e-maiores/

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