You are on page 1of 7
Modelos Estatisticos de Previsdo de Insolvéncia Pagar as suas obrigacées financeir Seus ativos forem inferiores ao val Buscando subsidiar as decisé. decisées estratégicas, alguns m dos a outras técnicas de anilis caracterizacao da situacdo ec Esses modelos tm por objetivo identificar, mediante Procedimentos estatisticos (em especial a analise discriminante), a telacao funcional entre Os indices financei- Tos eo estado de solvéncia (lucros, fluxos de Caixa, rentabilidade), ou deinsolvéncia (faléncia, incapacidade de cumprir com as Obrigacées) de uma organizacao. Por ter como base a utilizacao de indices de solvéncia, rentabilidadee lucratividade, devem ser adequados as Caracteristicas de organizacées de um mesmo setor. Estudo conduzido Por Bellovary, Giacomino e Akers (2007) identificou que as Pesquisas realizadas desde a déca ida de 1930 nos Estados Unidos, sobre a pre- visdo de faléncia, relatam a aplicacdo principalmente dos seguintes métodos: 1, redes neurais e os modelos lineares de Ppro- babilidades (logit analysis, probit analysis). O primeiro estudo de previsdo de fa- léncia identificado foi o conduzido em 1932 por Paul J. FitzPatrick. Ele comparou 13 indicadores de firmas falidas e bem-sucedidas entres os anos de 1920 a 1929 (38 no total, sendo 19 de cada status de empresa), identificando que as empre- sas bem-sucedidas, ao contrario das falidas, apresentaram indices favoraveis, to- mando como parametro padrées minimos Para os indicadores considerados na Pesquisa. FitzPatrick sugeriu que menos importancia deveria ser colocada sobre 0s indicadores de liquidez para as empresas com endividamento de longo prazo. iNcapacidade para ‘as na data de seu vencimento, bem como quando. lor dos seus passivos, es de concessées de crédito ou mesmo subsidiar lodelos tém sido desenvolvidos, e quando associa- '€ tornam-se instrumentos valiosos para permitir a ‘On6mico-financeira das empresas, 199 1. Dica: para saber mais sobre a Hi 200 Capitulo 15 wea i i so foi o desenvol- Porém o modelo de previsio de Tar aublieatuotem 1968'a artigo Financial vido por Edwards | Altman, através da publicacdo em 1868 do atlige Fran falas, discriminant angst tne tne Ore rastudos sobre a capacidade preditiva of Finance (EUA), inaugurando uma série c ia, Austria, Bél- indi ngos em diferentes paises, a exemplo de Australia, / ustria, Serena cnlandia, Franca, Alemanha, Grécia, teal, Japao, Coreia, Holanda, Singapura, Espanha, Suécia, Turquia e Reino Unido. No Brasil, no final da década de 1950, Lopes de Sa apresentou um estudo sobre oconceito do equilibrio do capital, cujo enunciado assim se apresenta: “Os valo- res que se combinam para a formacdo da estrutura do capital de funcionamento das empresas guardam entre sirelacées constantes" (SA, 1977, V. 1, P. 24-28). O enuncia- do foi feito apés 0 estudo de mais de 7.100 balancos, compreendendo o periodo de 1953 a 1957, a partir do qual foi possivel ao pesquisador apresentar indices de situa¢des normais, de empresas em equilibrio e expansao, demonstrando assim a relevancia do uso de indicadores-padrao setoriais (vide Se¢ao 8.5.2). 0 ponto de partida da pesquisa foi a identificacao da participacao de capital proprio e capital de terceiros. O estudo, segundo o autor, permitiu concluir que nao era possivel dispensar o mesmo tratamento ao balango de um banco e ao de uma industria pesada. Continuando, o autor aponta que a pesquisa realizada demonstrou que existe realmente um ponto de equilibrio real, e nao apenas tedrico, que permite a empresa obter uma remuneracdo justa de seu capital, dentro de uma estrutura que lhe possibilite a liquidacdo normal das suas obrigacées, protegendo-se con- tra o risco e garantindo a sua sobrevivéncia. Entretanto, em sua obra, Lopes de Sa nao adentra a metodologia aplicada em sua pesquisa. Alguns anos adiante, em 1974, Stephen Charles Kanitz, utilizando a técnica da analise discriminante, analisou 5.000 demonstrativos contabeis de empresas bra- sileiras, resultando no conhecido Termémetro de Insolvancia (vide Secao 15.2.2). -Devemos levar em consideracao a ressalva feita por Kanitz quando estudamos a situagao de solvéncia de uma empresa, Pois segundo ele “é preciso lembrar de que nem toda empresa vai obrigatoriamente 4 faléncia Por estar enfrentando dificuldades em determinado momento” (KANITZ, 1978, p. 2-3). A boa gestao pode contribuir para a reversdo de uma situacdo dificil, mas se nao forem tomadas as devidas providén- clas com vistas a sanear as financas da empresa, os indicadores apurados poderao sinalizar que dentro em breve ela entrara em um irreversivel processo de faléncia. Percebemos, Portanto, que o uso de modelos de Previsdo de insolvéncia é uma variacaéo dos modelos de anélise através de padrées setoriais, focando sua analise ‘a empresa em liquidar suas obrigagées para com terceiros. Entre- todo modelo, ha limitaces, conforme abordamos na Segao 15.3. listoria da Andlise de Previsao de Insolvéncia alé ie rediction Stadion im do artigo A re ‘bankrupt er eee A so present, de Bellovary, Giacomino e Akers (2007), recomendamos tatudos ce previsdode ‘evisGo das publicagées internacionais e brasileiras de 1930.4 2015, de Pereira e Martins (2015). Modelos Estatisticos de Previsdo de Insolvéncla 15.1 MODELO ESTATISTICO DISCRIMINANTE Aanilise discriminante constitui-se numa Poderosa técnica estatistica capaz de dizer © dete/minado elemento pertence a uma populagioX ou a uma PopulacaoY. Apli- cado a Anilise das Demonstracdes Contabeis, isso significa indicar se uma empresa Pertence a populacdo de solventes ou & populacio de insolventos, A anilise discriminante Permite descobrir as ligacées que existem entre um carater qualitativo a ser explicado e um Conjunto de caracteres quantitativos ex- plicativos e ainda Prever, por meio de um modelo, as modalidades do carater a ser explicado a partir dos valores tomados Pelos caracteres explicativos. ~se assim uma partido do Conjunto de individuos em q classes distintas, Além disso, medem-se p (p > 2) Caracteres quantitativos nos mesmos individuos, Prop6e-se 0 seguinte problema: as q classes diferem no conjunto dos caracteres quantitativos? O objetivo da anilise discriminante 6 responder a essa questao. Diversos estudos ja foram feitos no Brasil sobre a previsio de insolvéncia em empresas com base na anilise discriminante. Entre eles, destacam-se os modelos de insolvéncia de Kanitz, Elizabetsky, Matias e Silva. 15.2 ASPECTOS GERAIS DOS PRINCIPAIS MODELOS DE PREVISAO DE INSOLVENCIA Varias pesquisas foram realizadas com 0 objetivo de avaliar e detalhar cada um dos ia produzidos. Apresentamos a seguir as- pectos que merecem ser detalhados em alguns dos modelos estudados (MATARAZZO, 2010, p. 167-169; MATIAS, 2009, p. 277; SILVA, 201 2,p. 352-358; VASCONCELOS, 2005, p. 257-280). 15.2.1 MODELO DE ALTMAN O modelo de Altman foi desenvolvido em 1968 coma utilizagado de instrumentos @statisticos, como a analise discriminante multipla, entre um grupo de empresas ue tiveram problemas financeiros e outro grupo que nao os apresentou, baseando- “Se, para a andlise, nos balancos de trés exercicios. Esses valores sao combinados e ajustados com Pesos para produzir uma medida que melhor discrimine as empresas ue quebram e as que no quebram. ; 7 Em 1979, Altman, Baidya e Dias publicaram no Brasil, na Revista de Adminis- tracao de Empresas, o artigo Previsdo de problemas financeiros em empresas, um, 202 Capitulo 15 “ estudo sobre as faléncias de empresas no Brasil, propondo um modelo quanti- tativo para classificar e prever problemas financeiros nas mesmas, adaptando as condigées brasileiras as varidveis financeiras utilizadas no modelo original do proprio Altman. 15.2.2, MODELO DE KANITZ Em seu classico estudo Indicadores contdbeis e financeiros de previsdo de insolvéncia ~ a experiéncia da pequena e média empresa brasileira sobre previsao de faléncias, Kanitz (1976) considera que a capacidade de prever faléncias possui também a van- tagem imediata e dbvia de reduzir os prejuizos decorrentes de financiamentos que ndo poderao ser liquidados, e que a relativa incapacidade de prever insolvéncias de pessoas fisicas e juridicas, 4 época em que estudou o tema (1974), causava certa injustica na formagao de precos, na medida em que os custos com os maus paga- dores ja eram incorporados ao prego de venda como um dos custos necessarios no mundo dos negécios. O modelo é baseado na andlise do fator de insolvéncia das empresas, a partir de ponderagées de alguns indicadores de liquidez, de endividamento e de renta- bilidade. O seu modelo foi construido através de uma relacao linear multipla de indices financeiros (varidveis independentes padronizadas) e a varidvel dependente - fator de insolvéncia. Foram realizados testes de significancia estatistica (analise discri- minante) para igualdade de médias entre indices financeiros (indices do balango) de empresas saudaveis e empresas insolventes, identificando cinco variaveis discriminantes, quais sejam: Lucro Liquido/Patriménio Liquido, Liquidez Geral, Li- quidez Seca, Liquidez Corrente e Exigivel Total/Patriménio Liquido. Vale destacar que na busca dos indicadores que deveriam compor o modelo, Kanitz aplicou mais de 80 indicadores no universo de empresas analisadas (KANITZ, 1976, p. 178-195). A partir dessas varidveis, Kanitz construiu um modelo de regressao linear mul- tipla, obtendo os seguintes coeficientes Padronizados, que sao utilizados em sua formula de determinagao do fator de insolvéncia. Fator de Insolvéncia = (RSPL x 0,05) + (LG x 1,65) + (LS x 3,55) - (LC x 1,06) - (PCT x 0,33) de Kanitz Onde: RSPL — Rentabilidade do Patriménio Liquido LG - Liquidez Geral LS - Liquidez Seca LC - Liquidez Corrente PCT - Participagao de Capital de Terceiros Modelos Estatisticos de Previsdo de Insolvéncia 203 ‘ Partindo dos fatores apurados, Kanitz determinou faixas de solvéncia que se es- ‘endem de 0 a -7, estratificando-as no chamado Termémetro de Insolvéncia, ond eee Entre Oe 7 > Empresas que estdo na faixa de solvéncla. Entre 0 @ ~3 -> Empresas que estéo numa regio de penumbra, isto é, indefinida. ——_ istogindefinida, Entre -4 € -7 > Empresas que estéo na faixa de insolvén Trés beneficios sao apresentados por Kanitz (1974, p. 96-97) para o uso de uma metodologia que permita avaliacdo da capacidade de solvéncia de uma empresa: 1. descobrir empresas em estado de pré-insolvéncia; 2. hierarquizar as empresas numa escala de solvéncia/insolvéncia, a fim de selecio- nar clientes prioritérios; e 3. determinar previsées para a conta devedores duvidosos, segundo a probabili- dade de insolvéncia de cada cliente. Como foi preparado para a conjuntura de meados dos anos 1970, € impossivel utilizar com alguma chance de sucesso 0 termémetro de Kanitz para a realidade atual das empresas brasileiras. Sendo assim, poderemos utilizar sua metodologia para construir uma nova escala de classificacdo para seu termémetro. Nesse senti- do, alguns professores da Universidade de Sao Paulo (USP) divulgaram um estudo com 0 objetivo de demonstrar o ferramental estatistico utilizado por Kanitz, de uma forma simples e sem 05 rigores das formulagdes matematicas. Eles utilizaram a analise discriminante, uma técnica que permite realizar calculos de regressao linear com varidveis nao numéricas. O trabalho de Kassai e Kassai (1998) mostra, através de cinco passos basicos, como se monta um modelo proprio de previsao de insolvéncia nos moldes desenvolvidos por Kanitz, através de um caso pratico utilizando os recursos de calculos das conhecidas planilhas eletrénicas. No mes- mo trabalho é apresentada uma avaliacéo critica desse mais conhecido modelo brasileiro de previsdo de faléncias ao contrapé-lo com modelos mais recentes. 15.2.3 MODELO DE ELIZABETSKY Desenvolvido em 19762 partir de um modelo matematico utilizando a andlise discri- minante para um determinado ntimero de empresas, do mesmo ramo de atividade (confecgées), propondo uma classificagéo de empresas como boas e ruins. 15.2.4 MODELO DE MATIAS Seu trabalho foi desenvolvido em 1978 utilizando a técnica estatistica de analise discriminante, com empresas de diversos ramos de atividades, propondo uma clas- Heer dle empresas como solventes einsolventes sificagao 204 Capitulo 15 15.2.5 MODELO DE PEREIRA DA SILVA Eum modelo que tem caracteristica especifica para setores diferentes. Pode classificar ‘a empresa para o proximo ano ou para os dois anos seguintes e considera as carac- teristicas regionais, pois o modelo pode apresentar-se bom para uma determinada tegido e ruim para outra; testa indices ja tradicionais e outros que procuram medir os aspectos dinamicos da empresa. Nesse modelo, desenvolvido em 1982, o ponto de separacao entre empresas boas e ruins é zero. Calculam-se os indices que fazem parte do modelo e respec- tivos pesos. Se a soma final dos produtos dos pesos pelos indices for maior que zero, a empresa seré classificada como boa; se for menor que zero, sera classifi- cada como insolvente. Silva (1983, p. 76) efetuou testes comparativos entre os diversos modelos de previsdo de insolvéncia baseados na metodologia da anélise discriminante, inclu- sive 0 seu, apresentando as suas conclusdes conforme constantes no Quadro 15.1. Quadro 15.1 Comparativo de diversos modelos de previsdo de insolvéncia com base na anilise discriminante realizado por Silva Classificagéo correta das ‘empresas testadas nos modelos de Modelos previséo de Insolvéncia % de Acertos Boas (Solventes) Insolventes acs a ma Empresas Industriais SHA Emre Comerts ao a Fonte: Adaptado de Silva (1983, p. 76). 15.3 EFICIENCIA DOS MODELOS DE PREVISAO DE INSOLVENCIA Na avaliacao da eficiéncia dos modelos de previsdo de insolvéncia o fator tempo nao pode ser desconsiderado, pois quando da construcao de cada um dos modelos utilizaram-se demonstrag6es contabeis de empresas em determinado momento da economia, refletindo, portanto, a dinamica patrimonial e econémica de um conjun- to de empresas selecionadas em condicdes que necessariamente nao se repetem. Modelos Estatisticos de Previsao de Insolvéncia 205 Uma outra abordagem critica ao uso da anilise discriminante na previsao de insolvéncia apresentada por Matarazzo (2010, p. 169) pondera que: m Ouso da anilise discriminante na previsao de insolvéncia, através de demons- trades financeiras, tem levado a resultados nao consistentes, ou seja, variando- se a amostra (como aconteceu nos diferentes estudos), chega-se a parame- tros (pesos) e varidveis (indices) completamente diferentes. Isso significa que os modelos ou tém vida curta ou variam de acordo com a amostra. Nao con- vém, portanto, usd-los, m Os modelos nao substituem a anilise através dos indices tradicionais e devem ser usados apenas complementarmente as conclusdes desses ultimos. @ Amultiplicagaéo de parametros diretamente pelos indices (...) pode levar a re- sultados absurdos, uma vez que os indices decorrem da divisao entre dois va- lores absolutos e podem variar de menos infinito a mais infinito, distorcendo o valor final. Nesse sentido Bruni, Fama e Murray (1998) destacam que “O.uso de anilise discriminante requer certos cuidados, principalmente no que tange a contextualizacéo do modelo em relacao a época de de- senvolvimento e setores de atividades abordados. Como os resultados encontrados dependerao seriamente da amostra escolhida, variando-se seus componentes, variam-se os pesos e indices encontrados.” Uma das alternativas, portanto, para verificar a eficacia desses modelos seria repetir os calculos de cada um deles com uma amostra de demonstracées con- tdbeis mais atuais, e a partir dai identificar qual modelo estd mais aderente ao momento atual.

You might also like