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IMPACTOS DAS REDES SOCIAIS NA SAÚDE MENTAL

Não é novidade nenhuma para ninguém que hoje em dia as redes sociais estão cada vez mais
presentes na vida das pessoas, seja para acompanhar as notícias ou como meio de entretenimento.
Tornou-se algo tão natural que consideramos já esta ação como estritamente necessária no nosso dia
a dia.

Por exemplo, se pedisse agora para todos deixarmos de usar as redes sociais durante três dias a
maioria não seria capaz de o fazer, isto porque estão demasiado habituados a passar horas da vossa
vida em frente a um ecrã, desperdiçando tempo útil que bem poderiam utilizar para outros afazeres.

No entanto, este hábito para além de criar dependência tem um enorme impacto e influência na nossa
saúde mental, de entre os quais, ansiedade, depressão, sensação de isolamento e de perda de
acontecimentos, pressão, esgotamento, e obsessão com o corpo. E não nos esqueçamos do
cyberbulling que afeta negativamente a vida de muitos jovens e adultos através de práticas de
agressão virtuais.

Vou começar por falar da dependência das redes sociais que é o que nos mantém tão agarrados aos
equipamentos eletrónicos, o que, consequentemente, conduz a diversos impactos negativos.

As pessoas gastam cada vez mais tempo a utilizar as redes sociais ao invés de usufruir da vida, criando
assim um ciclo vicioso, do qual dificilmente conseguem sair. Tendem sempre a querer tirar boas fotos
e colocar boas publicações de maneira a acompanharem os padrões estabelecidos, o que por sua vez,
acaba com o nosso bem-estar mental, levando a inúmeros casos de ansiedade, conducente em
algumas situações, a uma depressão, que quando não tratada em casos mais extremos pode ainda
originar casos de suicídio.

Bastantes pessoas começam inevitavelmente a comparar a sua vida com a dos outros, que consideram
fantástica, o que ajuda a desenvolver ansiedade, através do confronto com a suposta perfeição dos
outros, visto que, muitas acreditam estarem estagnadas na vida, sem conseguirem alcançar a sua vida
de sonho. Para além disso, o acesso a quantidades enormes de notícias negativas e comentários
desagradáveis, acabam por destruir o psicológico de uma pessoa. Tal acontece, porque todos estes
estímulos negativos acabam por ficar presos nas nossas mentes, fazendo com que o indivíduo se
comece a questionar sobre o mundo e sobre a sociedade, criando uma ansiedade sobre o seu próprio
futuro e o dos outros.

Apesar de as redes sociais permitirem uma maior conexão e relacionamento de pessoas com as mais
variadas origens e personalidades, através da facilidade de comunicação, mesmo que estejam a
milhões de quilómetros de distância, fornecendo uma maior facilidade de encontrar pessoas com
interesses idênticos e possibilitando a construção de amizades nas redes sociais, as pessoas acabam
por passar tempo em excesso na internet, desperdiçando assim momentos da sua vida.

Este excesso de interações virtuais pode aumentar a sensação de solidão, gerando um isolamento
social cada vez maior com o objetivo de se viverem as “relações virtuais perfeitas”. E ainda a sensação
de se estar a perder algo, os tais bons momentos da vida e diversos acontecimentos, pois ao observar
a vida das outras pessoas é possível questionarmo-nos acerca de estarmos a aproveitar a vida
corretamente, criando um medo de perda de vivências importantes. Como por exemplo, uma pessoa
começar a pensar que não viajou, não foi a festas, não trabalhou, não se divertiu ou não amou o
suficiente na sua vida. Assim, encontramo-nos perante a situação ideal para o surgimento de uma
depressão, devido à sensação de medo que as pessoas começam a ter de não viver tais
acontecimentos, cobrando-se posteriormente a vivê-los.

Possivelmente, todos acompanhamos pessoas nas redes sociais, que mostram uma enorme
produtividade nas suas publicações. Desta forma, acabamos por ter a sensação de que também
precisamos de ser assim tão produtivos, começando por criar demasiados objetivos que nos
propomos a alcançar, sendo que isto não é algo saudável para nós, pois leva-nos a um limite, o
esgotamento. Esta pressão de “sair do lugar” enquanto os outros já alcançaram o sucesso afeta
principalmente estudantes e profissionais.

Outro impacto negativo do uso das redes sociais é na relação do indivíduo com a sua autoimagem.
Por causa das pessoas passarem imenso tempo nas redes sociais é quase inevitável que a certa altura
se comecem a comparar com o padrão estético que é estabelecido, uma vez que as pessoas apenas
publicam as suas melhores fotos. Desta maneira, entram numa procura incessante pelo físico perfeito,
sendo comum essa obsessão com o corpo resultar em transtornos alimentares, que afetam tanto a
saúde mental como a física.

O cyberbulling, muito perigoso e que atinge principalmente adolescentes, é uma prática de bullying
através das plataformas virtuais, na qual se identificam atos de violência verbal, psicológica e/ou física
motivados por preconceitos e estereótipos. Esta prática gera muitos impactos negativos na saúde
mental das vítimas, tais como, fobia social, redução de autoestima, prejuízo dos relacionamentos
interpessoais e da alimentação, ansiedade e depressão, transtorno de pânico, e em casos mais graves
e extremos, suicídio. Portanto, é importante estarmos sempre atentos, principalmente aos
adolescentes, e criar conversas onde estes se sintam seguros para desabafar sobre situações que se
vêm passando, possibilitando intervir e ajudar para que a vida de vítima não seja afetada
drasticamente.

Porém, as redes sociais também trazem benefícios para a saúde mental. Por exemplo, quando
conhecemos alguém que vai viajar ou muda de localidade, através das redes sociais podemos sempre
manter contacto com essas pessoas independentemente da distância, o que nos permite conectarmo-
nos com pessoas de diversas origens. Além disso, é possível encontrar espaços para desabafar sobre
situações difíceis onde se encontrem pessoas que tenham passado pelas mesmas situações, criando
assim um espaço de apoio. E ainda, fornecem diversos conteúdos informativos ou descontraídos,
podendo ser usadas para obter conhecimento e informações, ou como meio de entretenimento e
lazer.

Assim sendo, é possível utilizar as redes sociais sem prejudicar a saúde mental, desde que não seja em
excesso, ou seja, é necessário por vezes desconectarmo-nos das redes e tomarmos atenção às pessoas
que acompanhamos nas redes. Para tal podemos estabelecer horários para as utilizarmos e desativar
as notificações, seguir pessoas que compartilham conteúdos de amor próprio e hábitos, de forma a
não haver comparações com outras pessoas e criar transtornos psicológicos, e evitar ver muitas
páginas de notícias em excesso e fake news, que dão origem à angústia e preocupação.

Ora, este é um hábito que começa cada vez mais cedo, visto que, atualmente, as crianças já nascem
na era digital, tendo acesso a smartphones e tablets desde pequenas, servindo como uma maneira
para as crianças se divertirem, o que acaba por impactar negativamente as suas vidas, pois começam
cedo a adotar maus hábitos. Por isso, é extremamente importante delimitar o uso dos equipamentos
eletrónicos pelas crianças, devendo os responsáveis estar sempre atentos, verificando os conteúdos
que as crianças acompanham, de forma a averiguar se são conteúdos adequados à sua idade ou não.
Conclui-se então que as redes sociais trazem tanto benefícios como graves problemas, uma vez que a
sua utilização descontrolada pode tornar-se um vício, podendo desencadear uma má saúde mental e
não só.

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