You are on page 1of 50

VERSÃO.

REVISÃO 2020-2021

(C) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS DO CURSO.


MÓDULO III – LIBIDO, PULSÕES E
SEXUALIDADE

Índice

1.1. O entendimento da libido 7

1.2 As fases de desenvolvimento da libido 8

1.2.1 Fase oral 9

1.2.2 Fase anal 11

1.2.3 Fase fálica 12

1.2.4 Período de latência 15

1.2.5 Fase genital 16

1.3 Desdobramentos das fixações libidinais 17

2. As diferentes formas de organização psíquica 23

2.1 As neuroses 24

2.1.1 Fobia 28

2.1.2 Obsessão-compulsão 30

2.1.3 Histeria 32

2.2 As psicoses 35

2.2.1 Esquizofrenia 40

2.2.2 Paranoia 41

2.2.3 Melancolia (maníaco-depressivo) 42

2.3 As perversões 44

2.3.1 Fetichismo 47

2.3.2 Sadismo 48

2.3.3 Masoquismo 49

Referências bibliográficas 52

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 2


IMPORTANTE
Estamos constantemente revisando e melhorando nosso
material. Você está recebendo esta que é a nova versão da
apostila do Módulo 3.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 3


Introdução

Este é a apostila base referente ao módulo III da parte teórica do curso.

Nesse módulo, vamos aprofundar conceitos sobre Desejo, Libido e

Sexualidade, segundo Freud. Esta é uma temática central na obra de Freud, a

sexualidade. Portanto, as fases de desenvolvimento psicossexual (e da libido),

a repercussão e o impacto dessas etapas na vida do indivíduo, são alguns dos

conceitos e ideias que poderão ser encontrados nessa apostila.

A manifestação da sexualidade foi muito combatida. Para Freud, a

dimensão do desejo humano, da libido, do simbólico e da autoestima estão

relacionados ao desenvolvimento psicossexual. Portanto, a sexualidade em

Freud não é meramente a sexualidade genital.

Dedique-se ao máximo às leituras e demais materiais. Embora a

formação on-line possibilite uma autonomia de tempo e andamento para a

compreensão dos conteúdos, a qualidade da absorção e entendimento das

temáticas, fundamentais à formação e prática profissional, dependem muito

mais do comprometimento e seriedade com a qual você irá se dedicar.

Aproveite bem os materiais e bons estudos!

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 4


1. Uma teoria para a sexualidade

Certamente é possível associar Freud à temática da sexualidade, afinal,


foi seu olhar ao desenvolvimento sexual que proporcionou, além de uma
ruptura dos paradigmas da época, a possibilidade de desenvolver sua teoria
baseado na evolução e constituição da sexualidade nas fases iniciais da vida.

Contrapondo o conceito ligado ao senso comum da época, Freud


ressalta dois pontos importantes para a temática.

Em primeiro lugar, em suas investigações sobre a história da


sexualidade, constata que sua origem está em um período anterior àquele
atribuído e reconhecido socialmente (adolescência); em segundo lugar, que o
conceito de sexualidade, vai além de sua definição relativa ao sexo, como
costumeiramente se pensava.

“A opinião popular tem ideias muito definidas sobre a natureza e as


características do instinto sexual. Entende-se geralmente que ele está
ausente na infância, que começa na puberdade, em ligação com o
processo de desenvolvimento da maturidade, e que será revelado nas
manifestações de uma irresistível atração exercida por um sexo sobre
outro; enquanto a sua finalidade se presume ser a união sexual ou, tem
todo caso, as ações que conduzem nessa direção” (FREUD, 1905, p.
135)

É em “Três ensaios sobre a sexualidade (1905)” que Freud subverte,


discute e propõe um novo entendimento àquilo que é sexual. Essa é uma
característica típica da obra freudiana, pois é o que irá sustentar a dinâmica
evolutiva da psique desde os primórdios da vida, que recebeu o nome de
desenvolvimento psicossexual​.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 5


Uma temática que Freud vai defender até o fim de sua vida, e que vai lhe
custar, inclusive, o rompimento da relação com nomes como Jung e Adler, por
não aceitarem a conceituação de seu mestre.

1.1. O entendimento da libido

Para a compreensão sobre a teoria da sexualidade segundo Freud, é


preciso explorar alguns conceitos relativos à temática e que dão sustentação
ao desenvolvimento, e entendimento, da dinâmica psicossexual; estamos
falando do conceito de ​libido​.

Proveniente do latim cujo significado é desejo/prazer, libido é a


manifestação dinâmica, na vida psíquica, da pulsão sexual.

Ou seja, uma força instintiva e impulsiva que é “sexualizada” (recebe um


investimento energético) que movimenta o indivíduo no sentido de um objetivo
e na direção da satisfação (prazer) (VALENTE, 2002).

Vale lembrar aqui, que Freud, em um primeiro momento do seu


desenvolvimento teórico, coloca que a pulsão teria dois correspondentes, uma
pulsão de auto-conservação (do ego) e uma pulsão sexual.

Um exemplo simples para compreender esse pensamento está no fato


de o bebê, em um movimento pulsional de auto-conservação, buscar o seio
materno como fonte de alimento, na tentativa de satisfazer sua fome; contudo,
mesmo satisfeito, o bebê ainda continua “mamando”, movido pela pulsão
sexual, na busca por satisfação libidinal.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 6


Desse modo, e pensando nas fases de desenvolvimento da libido, é
possível compreender que ela irá se fixar em determinados órgãos (zonas
erógenas), na tentativa de encontrar satisfação (prazer).

É assim quando, por exemplo, o bebê tem a boca como sendo a zona
erógena (sexualizada, portanto, imbuída de energia sexual), e busca a
satisfação/prazer, motivada por um estímulo tensional (fome, por exemplo).

Desse modo, Freud propõe uma organização das fases de


desenvolvimento da libido, e que contemplam a evolução da sexualidade, com
origem na infância, e sugere diferentes fases para estruturar esse
desenvolvimento psicossexual: fase oral, anal, fálica, período de latência,
genital.

1.2 As fases de desenvolvimento da libido

Em um esforço de organizar e explicar sua teoria, Freud organiza o


entendimento do desenvolvimento psicossexual em cinco etapas ou fases que,
apesar de bem definidas, não são estanques.

Ou seja, apesar de se organizarem dentro de uma estrutura


cronologicamente evolutiva, as fases não são necessariamente lineares
podendo haver avanços ou retrocessos; de qualquer modo, cada fase é capaz
de deixar marcas permanentes.

A essas marcas visíveis ao longo das etapas psicossexuais, Freud deu o


nome de ​pontos de fixação​. Ou seja, ao longo do desenvolvimento dessas
fases, e por meio das experiências subjetivas vividas, certos conflitos podem se
instalar, impedindo o curso “normal” dessas etapas.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 7


Desse modo, são gerados “pontos” nodais que vão se fixar em
determinado estágio e que serão retomados quando um período de crise
(representação emocional) aparecer. Veremos exemplos ao longo das
explicações de cada estágio de desenvolvimento.

Zimerman (1999), explica e ilustra a dinâmica desse mecanismo, uma


vez que

“(...) diferentes momentos evolutivos deixam impressos no


psiquismo aquilo que Freud denominou de ​pontos de fixação,​ em
direção aos quais eventualmente qualquer sujeito pode fazer um
movimento de ​regressão.​ Os “pontos de fixação” formariam-se a partir
de uma exagerada gratificação ou frustração de uma determinada “zona
erógena”. No primeiro caso, o sujeito, diante de angústias insuportáveis,
tenta regredir para um tempo e um espaço que lhe foi tão protetor e
gratificante; no caso de uma excessiva frustração que foi a determinante
do ponto de fixação, a regressão dá-se, muitas vezes, sabemos hoje,
como uma tentativa de resgatar alguns ‘buracos negros’ existenciais”
(ZIMERMAN, 1999, p. 92).

Sendo assim, cada movimento de regressão (advindo dos pontos de


fixação) apresentarão diferentes referências e comportamentos em função das
diversas fases de desenvolvimento psicossexual, como veremos a seguir.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 8


1.2.1 Fase oral

A primeira fase do desenvolvimento psicossexual, a fase oral vai desde


o nascimento até próximo aos dois anos de idade. Como o próprio nome diz, é
a boca o órgão que recebe o investimento libidinal (zona erógena), que está
vinculado ao prazer, sobretudo pela amamentação e o uso da chupeta
(VALENTE, 2002).

É interessante notar que “​a finalidade da libido oral, além da gratificação


pulsional, também visa a ‘incorporação’, a qual, por sua vez, está a serviço da
‘identificação’.”​ (ZIMERMAN, 1999, p. 92).

Ou seja, é possível compreender que essas experiências corporais (aqui


representadas pela boca) vão ganhando registros subjetivos na mente, que
serão responsáveis pela formação da psique do bebê. É, em si, uma fase
auto-erótica. E, embora nessa fase a boca ganhe uma notória relevância no
âmbito do desenvolvimento, todos os outros sentidos são fundamentais para a
comunicação com o mundo externo.

Desse modo, é nessa fase que o bebê busca, em seu ato oral, introjetar
objetos, “colocá-los para dentro”, na tentativa de buscar uma identificação, uma
vez que nessa fase o bebê mostra-se totalmente dependente.

Cabe ressaltar ainda que essa etapa pode, ainda, ser dividida em 2
momentos, a sucção e a oral canibalística.

Representativamente, esse primeiro momento recebe o nome de ​fase


oral passivo-receptiva​, ou seja, o bebê recebe os conteúdos (como o leite
materno) e, portanto, busca a incorporação desses objetos tanto fisicamente,
como psiquicamente; já o segundo momento, recebe a alcunha de ​fase oral
ativo-incorporativa​, ou seja, o bebê já é capaz de agarrar objetos
espontaneamente, sobretudo com o nascimento dos dentes.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 9


É ainda neste momento que a agressividade se mostra evidente, num
sentido de lançar um domínio sobre o objeto, ou seja, um posicionamento mais
ativo.

Nessa fase a fixação, proveniente das experiências subjetivas nessa


faixa etária, remeterá a comportamentos que envolvam essa zona erógena
como meio de satisfação, por exemplo, hábitos de falar demais e/ou ser um
bom orador, fumar e/ou beber em excesso, mascar chicletes, entre outras
atividades que envolvam a boca como sendo alvo de prazer/satisfação.

Do ponto de vista simbólico, como correspondente da vida adulta, e por


se tratar de uma fase regredida (zero a dois anos) é possível verificar
características de personalidades que expressem grande dependência,
ansiedade de desamparo, baixa tolerância à frustração, entre outros.

1.2.2 Fase anal

Com uma predominância libidinal, embora também não sejam exclusivos


dessa zona erógena, os esfíncteres (de micção e evacuação) apresentam-se
altamente investidos de libido e irão dar nome a essa nova fase que contempla
o segundo e terceiros anos de vida. Importantes funções são desempenhadas
ao longo dessa fase, como traz Zimerman (1999), entre elas,

“(...) a aquisição da linguagem; engatinhar e andar; curiosidade e


exploração do mundo exterior; progressivo aprendizado do controle
esfincteriano; controle da motricidade e prazer com a atividade
muscular; ensaios de individuação e separação (por exemplo, comer
sozinho, sem a ajuda de outros); o desenvolvimento da linguagem e

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 10


comunicação verbal, com a simbolização da palavra; os brinquedos e
brincadeiras; a aquisição da condição de dizer “não”; etc.” (ZIMERMAN,
1999, p. 93).

Sendo assim, a criança passa a ter a importante experiência de


manipular os conteúdos excretores (urina e fezes), aprendendo a reter, expelir,
controlar e, portanto, essa vivência subjetiva explore seu prazer auto-erótico.

Essa fase também se divide em outras duas: ​fase anal expulsiva e


fase anal retentiva​.

Na primeira a criança começa a compreender, pela sensação de prazer,


sua função excretora que, além disso, também representa uma maneira de
“atingir” aos pais, daí a caracterização de um entendimento sádico-anal; na
segunda, com a descoberta da capacidade de retenção, o controle e a
manipulação também seriam aprendidos, configurando um caráter masoquista.

Aliás, é justamente nessa fase que essas experiências de sadismo e


masoquismo passam a ganhar significância, gerando indivíduos, quando
fixados nessa fase, ambivalentes (sentimentos de amor e ódio ao mesmo
tempo), altamente competidores, que tem a necessidade de controle e/ou
manipulação das pessoas/coisas, e, também, por caracterizar a formação de
neuróticos obsessivos compulsivos (tema melhor tratado nos próximos
capítulos.)

1.2.3 Fase fálica

Com duração do terceiro até o quinto ou sexto ano de vida, essa fase
concentra-se no ​falo (sendo o falo, na antiguidade greco-romana, a

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 11


representação simbólica do poder, concentrada no órgão anatômico pênis)
(ZIMERMAN, 1999, p.94), a instituição simbólica dos genitais como sendo a
zona erógena investida de libido.

É interessante salientar que, para Freud, até certa idade as crianças de


ambos os sexos supõem a existência de genitais masculinos em todas as
pessoas. Daí a representação “fálica” na descrição dessa fase do
desenvolvimento psicossexual.

Nessa fase é muito comum, e interessante, perceber a curiosidade das


crianças com relação às zonas genitais, às suas próprias e as dos outros que o
rodeiam.

Não é à toa que se percebe a inúmera quantidade de “por quês?”


relativos a essas e outras questões, na tentativa de encontrar alguma
explicação para essas novas percepções.

Fantasias dos meninos como, tenho pênis então sou igual meu pai... por
que minha mãe não tem... ela tinha e perdeu... será que posso perder o meu...
(que servirão da base para compreensão da angústia de castração, como
veremos mais a frente).

Outro importante acontecimento dessa fase refere-se ao ato


masturbatório. O encontro com essa nova experiência genital promove
sensações táteis prazerosas, daí a manipulação e exibição dos órgãos genitais,
sem, é claro, a malícia sugerida pelos adultos.

Da mesma maneira, a fantasia imaginária da criança é alimentada por


estímulos externos que fazem alusão à relação dos pais, barulhos noturnos,
cenas de televisão... Quando não são, literalmente, expostas ao coito dos pais
propriamente dito.

Portanto, essa “​cena primária​” (conceito cunhado por Freud) acaba por
produzir fantasias que, se não forem bem elaboradas e/ou conduzidas, podem

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 12


suscitar a formação de psicopatologias mais contundentes como a perversão
(discutido com mais detalhes no próximo capítulo).

E, é justamente nessa fase de grandes vivências e experiências com as


figuras parentais (pai e mãe) que se consolida o famoso conceito “​Complexo
de Édipo​”.

Em linhas gerais esse complexo “​designa o conjunto de desejos


amorosos e hostis que a criança experimenta com relação aos seus pais​”
(ZIMERMAN, 1999, p.94). Ou seja, ao longo do desenvolvimento psicossexual
o filho tende a buscar nas figuras parentais referências para seus sentimentos.

Desse modo, pensando em um desenvolvimento “normal”, o filho tende


a se identificar com a figura paterna, e, em outro movimento, percebe a mãe
como figura amorosa (objeto de desejo).

Assim, o filho quer ser como o pai, e deseja “possuir” a mãe. Esse
sentimento, dentro da dinâmica familiar fará com o que a criança olhe para o
pai como um rival, atacando-o, uma vez que ele deseja a mãe só para si.

É importante ressaltar que esse conceito psicanalítico, tema central na


estruturação da neurose, é um organizador da personalidade sob quatro
aspectos fundamentais:

- Permite o estabelecimento de uma relação triangular, inclusão do pai


na díade mãe-filho, pode possibilitar o entendimento da criança na
renúncia à onipotência e possessividade; compreender a diferença dos
sexos e, ainda, entender que os pais são figuras autônomas e possui
seus próprios espaços.

- Possibilidade da formação das identificações, ou seja, a busca por


sentimento da própria identidade.

- A criança, ao se perceber “fora” da relação pai-mãe, é acometida por


sentimentos de grande intensidade, relacionadas ao abandono, traição,

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 13


ódio, vingança, medo, culpa entre tantos outros. É nesse contexto que
pode se estabelecer a ​angústia de castração e, com isso, a dissolução
do complexo de Édipo. Podemos compreender essa fantasia de
castração, como sendo “​uma resposta ao enigma que a diferença
anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a
criança”​ (LAPLANCHE e PONTALIS, 1996). Enquanto no menino essa
angústia é vivida como a possibilidade da perda do falo, na menina é
vivida como uma ausência que é sentida como um dano sofrido e, daí, a
necessidade compensação, negação e reparação.

- A resolução do complexo edípico possibilita a o ingresso na


genitalidade adulta, que será retomada posteriormente na adolescência.
Do contrário, caso essa passagem não se estabeleça de maneira
adequada, haverá uma fixação nas fases anteriores (pré-edípicas)
desencadeando distintos distúrbios psicopatológicos.

Sendo assim, pensar a resolução do conflito edipiano, além de


possibilitar a continuidade do desenvolvimento psicossexual na direção da
genitalidade adulta, permite-nos compreender que a criança, de fato, introjetou
adequadamente as figuras de pai e mãe (identificação e desejo) e
compreendeu que seus pais possuem uma relação e, sua energia libidinal
vinculada ao desejo sexual, deverá ser dirigida a outra pessoa (após o período
de latência) e não mais com sua mãe, tirando, portanto, o pai da posição de
rival.

1.2.4 Período de latência

Esse período é marcado por um hiato na evolução da sexualidade. Com


início, em geral, após os seis anos de idade, a criança entra em um momento

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 14


de “amnésia relativa” em relação às experiências subjetivas vividas
anteriormente.

Ou seja, há uma espécie de repressão da sexualidade infantil até então


experimentada; outro importante ponto desse período estaria no
desenvolvimento das estruturas egóicas, graças às vivências que estão por vir.

Nesse momento, portanto, a criança dirige sua libido ao


desenvolvimento social, ou seja, o ingresso no período escolar formal, a
experiência com outras crianças, a prática de atividades físicas, como o
esporte, possibilita a formação e o amadurecimento do caráter, uma vez que é
exposta a aspirações morais e sociais (ZIMERMAN, 1999).

1.2.5 Fase genital

Esse período é marcado, inicialmente, pela puberdade e adolescência.

Nesse sentido, podemos pensar nesse momento como uma nova fase
de transformação. Ocorre, portanto, a maturação fisiológica do aparelho sexual,
além de mudanças anatômicas e fisiológicas.

É, por assim dizer, um “adoecimento” (do latim ​dolescere – crescer com


dores) um momento de crise, de redescoberta: a necessidade de afirmação
enquanto indivíduo, na busca por uma identidade individual, grupal e social
(ZIMERMAN, 1999).

Não é à toa que esse período é marcado por constantes atos de


afrontamento, rebeldias, incompreensões, medos, dúvidas.

Vale ainda ressaltar que a complexo edipiano é revivido nessa fase, ou


seja, questões relacionadas à busca por resolver esse conflito edípico, faz com
que os jovens encarem os sentimentos de abandono, traição, desejos

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 15


incestuosos, ódio, vingança contra os pais, na tentativa de constituir sua
identidade.

Portanto é preciso, para que se tenha um amadurecimento saudável,


abandonar as projeções eróticas para com a mãe, e a identificação com o pai
(o mesmo para as meninas, porém invertendo-se o aspecto da mãe e do pai)
para, assim, poder ingressar na vida genital adulta, tornando-se um indivíduo
capaz de relacionar-se integralmente com outras pessoas (VALENTE, 2002).

1.3 Desdobramentos das fixações libidinais

Como posto até então, pela visão freudiana, a libido se organiza em


fases de desenvolvimento que, apesar de deixarem marcas profundas no
psiquismo, não são necessariamente fixas, ou seja, não há uma rigidez ao
longo do desenvolvimento em virtude das experiências subjetivas de cada
indivíduo.

Assim, é possível pensar que, sobretudo considerando a ideia de pontos


de fixação, que o indivíduo irá se organizar de acordo com suas vivências em
cada uma das fases, o que pode promover gerar a constituição de um modo de
funcionamento específico.

Nesse sentido, em virtude das experiências infantis, seja de frustrações


angustiante, seja por uma hiperestimulação em busca de satisfação, o prazer
libidinal pode ficar vinculado a uma zona erógena específica, boca, ânus,
genitais…

E, essa fixação da libido pode, e vai, servir como referência, ao longo da


vida do indivíduo, na busca por estímulos de prazer, sobretudo em situações
de dificuldades extremas, onde há a incapacidade de elaboração.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 16


“Chupar os dedos, morder as unhas, fumar ou beber
exageradamente, em momentos de aborrecimento ou tensão
nervosa, poderia interpretar-se como manifestações de fixação à
fase de prazer oral, que sentiam ao serem amamentadas e pelo
uso excessivo da chupeta, quando crianças, ao qual voltam
quando se sentem inseguras. O prazer excessivo na acumulação
de riqueza seria um reflexo de fixação do prazer na retenção das
fezes, na fase anal, bem como certos tipos de constipação ou
prazer intenso no ato da evacuação. Do mesmo modo, algumas
formas de masturbação e de narcisismo poderiam ser
consideradas como efeitos da fixação da zona fálica” (VALENTE,
2002, p. 84).

Com isso, outro conceito pode ser claramente vinculado a esse


movimento, trata-se da ​regressão​.

Tomemos como exemplo os neuróticos que, ao vivenciarem, quando


adultos, barreiras e obstáculos difíceis de superar, ou ainda, sofrem profundas
frustrações, regridem ou retornam a uma forma passada de prazeres
libidinosos, como um meio de lidar com a situação posta. Desse modo, a
personalidade até então adulta, parece regredir em seu estado de madureza,
retomando antigos comportamentos infantis.

Uma vez compreendido a relevância e a repercussão das fixações


libidinais nas fases do desenvolvimento psicossexual, Freud, ao longo de sua
clínica, sugeriu que, alguns comportamentos presentes na vida adulta,
demonstravam correspondentes que convergiam a essas fases, o que
orientava a organização psíquica.

Desse modo, ao que Freud denominou aberrações sexuais, é possível


compreender que o direcionamento libidinal fixado em cada uma das fases de

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 17


desenvolvimento proposta, vai determinar uma série de comportamentos
marcantes, cada qual com suas características marcantes.

É nesse contexto que Freud vai tecer suas ideias sobre os desvios
sexuais, ou ​perversões​, tais como fetichismo, masoquismo, sadismo,
homossexualismo e narcisismo, voyeurismo, pedofilia, entre outros, como
forma de discutir a dinâmica o direcionamento e fixação da libido. Nesse
sentido o objeto sexual (alvo do prazer) e o objetivo (ato que visa o instinto
sexual) são, por algum motivo, desviados em relação ao “ato sexual normal”
(obtenção de prazer por penetração genital, como uma pessoa do sexo
oposto).

“Diz-se que existe perversão quando o orgasmo é obtido com


outros objetos sexuais (homossexualidade, pedofilia, bestialidade, etc.),
ou por outras zonas corporais (coito anal, por exemplo) e quando o
orgasmo é subordinado de forma imperiosa a certas condições
extrínsecas (fetichismo, travestismo, voyeurismo e exibicionismo,
sadomasoquismo); estas podem mesmo proporcionar, por si sós, o
prazer sexual” (LAPANCHE & PONTALIS, 1998, p. 341).

Desse modo é possível compreender que a perversão está submetida


ao funcionamento de pulsões sexuais parciais, ou seja, a obtenção do prazer
ocorre em função de uma organização dentro de uma zona genital específica, o
que determina seu objeto e objetivo para busca do prazer. Tomemos como
exemplo o sadomasoquista, onde o indivíduo sente prazer sexual na condição
de agressor, e assim ao ver a vítima sendo agredida; e, também, na condição
de vítima que sofre a violência.

“(...) sadismo é tomado ali no sentido de uma agressão contra


outrem; (...) o masoquismo corresponde a um retorno sobre a própria

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 18


pessoa, da atividade em passividade.” (LAPANCHE & PONTALIS, 1998,
p. 467).

Essa organização, portanto, se daria durante a fase anal, na qual a


experiência controle, dominação, agressividade e destruição são mais
evidentes tendo em vista o desenvolvimento psicossexual.

Desse modo, uma vez fixado a libido, por alguma experiência


traumática, por exemplo, a organização sexual desse indivíduo, na vida adulta,
será remetida a essa vivência simbólica (e parcial), onde o prazer seria obtido
pela agressão, violência e humilhação de outro e, ao mesmo tempo, sentir-se
na posição de oprimido.

INDICAÇÃO DE LEITURA

Algumas indicações contam com links disponíveis (leituras opcionais).

Para fins de estudos para o Curso, algumas obras não seriam para leitura
completa, mas apenas recomendações dos capítulos ou das páginas indicadas
abaixo.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 19


1. Um caso de histeria e três ensaios sobre sexualidade (1905) – Freud, Obras
Completas VOLUME VII.

Ler Texto​: ​Três ensaios sobre a sexualidade (1905)​.

Clique aqui para ler o texto​, ou acesse ​https://goo.gl/MaVE8w

2. A história do movimento psicanalítico (1914~1916) – Freud, Obras Completas


VOLUME XIV.

Ler texto​: ​Os instintos e suas vicissitudes (1915).

Clique aqui para ler o texto​, ​ou acesse​ https://goo.gl/AB1Xsz

3. O Ego e o Id (1923) – VOLUME XIX

Ler texto​: ​A organização genital infantil: uma interpolação na teoria da


sexualidade (1923)

Clique aqui para ler o texto​, ou acesse ​https://goo.gl/TBrtdG

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 20


2. As diferentes formas de organização
psíquica

Ao longo de sua obra Freud buscou investigar, elaborar e sugerir toda


uma ideia de como a estrutura psíquica se organiza e desenvolve ao longo da
vida. Foram anos e anos entre prática clínica e construção teórica que
culminaram no início do percurso psicanalítico.

Já tivemos a oportunidade de conhecer alguns dos elementos mais


importantes e cruciais da obra freudiana, o que não esgota sua teoria e demais
constructos. E, nesse momento, dedicaremos à investigação de algumas
formas de organização psíquica proposta por Freud.

Ou seja, dentro de vivência analítica, o autor pode perceber que cada


indivíduo dispunha de uma determinada (e predominante) subjetividade, o que
confere à psique uma forma de funcionamento, com suas defesas específicas,
modos de interagir com o mundo, modos e de sofrimento, entre outros.

Freud elenca, basicamente, três mecanismos de organização psíquica,


que ficaram conhecidas como ​neuroses, psicoses e perversões​.

É importante frisar e compreender que essas organizações (ou


subjetividades) irão conduzir o indivíduo em suas relações intrapsíquicas (seus
conteúdos internos) e interpsíquicas (relação com o outro).

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 21


Nesse sentido, apesar da ideia de que cada pessoa se estrutura sobre
uma dessas organizações, isso não exime o fato de que ela possa apresentar
traços de outro modo de funcionamento, uma vez que a psique humana é tão
complexa quanto pode esconder seus mistérios mais profundos.

A essas estruturas psíquicas dedicaremos às próximas páginas.

2.1 As neuroses

Principal objeto de estudo da psicanálise freudiana, a neurose marca,


digamos, o início do entendimento e concepções da mente, no que se refere às
patologias nervosas apresentadas na final do século XIX e início do século XX.

Nesse sentido podemos, em linhas gerais, compreender que a neurose


é uma...

“afecção psicogênica em que os sintomas são a expressão


simbólica de um conflito psíquico que tem raízes na história infantil do
​ esejo e a defesa.​ (...)
sujeito e constitui compromissos entre o d
atualmente tende-se a reserva-lo, quando isolado, para as formas
clínicas que podem ser ligadas à neurose obsessiva, à histeria e à
neurose fóbica” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998, p. 296).

Nessa fase, cabe o entendimento, quando se refere a “desejo e defesa”,


de um conflito entre o Ego e a libido (posteriormente assumido pela figura do
ID).

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 22


Ou seja, o grande conflito do neurótico encontra-se entre a necessidade
em obter a satisfação do seu desejo (pulsão libidinal), e a impossibilidade de
realizá-lo imediatamente (mecanismo de defesa do EGO).

No tocante ao entendimento sobre o funcionamento da estrutura


neurótica, é possível compreender que esses indivíduos apresentam “(...)
algum grau de sofrimento e de desadaptação em alguma, ou mais de uma,
área importante de sua vida: sexual, familiar, profissional ou social”​
(ZIMERMAN, 1999, p. 197-198).

Isso implica dizer que sintomaticamente o paciente sente esse conflito


psíquico como um algo estranho em si, que foge à sua percepção consciente e,
de alguma forma, causa algum sofrimento.

Esse sofrimento por sua vez é responsável por manifestar alterações


comportamentais, como por exemplo, o alcoolismo, o uso de drogas, inibições,
desenvolvimento de fobias, etc.

“No entanto, apesar de que o sofrimento e prejuízo, em


alguns casos, possa alcançar níveis de gravidade, os indivíduos
neuróticos sempre conservam uma razoável integração do self,
além de uma boa capacidade de juízo crítico e de adaptação à
realidade. Outra característica dos estados neuróticos é a de que
os mecanismos defensivos utilizados pelo ego não são tão
primitivos como, por exemplo, aqueles presentes nos estados
psicóticos.” (ZIMERMAN, 1999, p. 198).

Com isso, é possível compreender que o neurótico possui uma estrutura


psíquica, digamos, mais evoluída, mais bem estruturada, onde o EGO está
fortalecido e é capaz de se estabelecer, de uma maneira mais organizada,
fazendo com que o indivíduo tenha a capacidade de tolerar certas vivências
angustiantes.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 23


Nesse sentido, o EGO lança mão de seus mecanismos de defesa,
pensando na estrutura neurótica, como forma de proteger a estrutura psíquica
dos conflitos psíquicos.

Desse modo, o neurótico utiliza defesas, digamos, mais elaboradas,


(falamos sobre mecanismos de defesa em módulos anteriores). No módulo
anterior, já falamos sobre os mecanismos de defesa. Agora, estamos
mostrando como Freud concebia que essas defesas mantinham uma condição
neurótica. Cabe trazer uma breve revisão desses mecanismos antes
abordados, para exemplificarmos com eles a dinâmica neurótica:

· Recalcamento ou repressão​: o recalque nasce do conflito entre duas


instâncias “opostas”, as exigências do ID e a censura do SUPEREGO. Ora, se
ao EGO coube o trabalho de proteger a psique das energias destrutivas, é
nesse contexto que conteúdos potencialmente nocivos (representações e
afetos, atuais ou mnêmicos) e/ou intoleráveis são, inconscientemente,
reprimidos pelo EGO e jogados ao obscuro do inconsciente, em uma constante
luta, cujo objetivo é o de fugir ao desprazer causado pelo conflito.

· Regressão​: essa defesa se manifesta quando o EGO consciente não é


capaz de manter o controle de uma situação que lhe ofereceu ameaça à
integridade. Desse modo, uma regressão, aos chamados pontos de fixação
(determinados estágios definidos pelas fases de desenvolvimento
psicossexual), fazendo com que o sujeito remete a um funcionamento
primitivo/infantil, de acordo com seu ponto de referência infantil.

· Conversão orgânica​: nessa defesa os conflitos psíquicos provenientes


de algum impedimento (realização de desejo) e/ou trauma advindos de
experiências (ou fantasias) afetivamente aflitivas, buscam no soma (corpo) a

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 24


possibilidade de descarga dessa pulsão reprimida. Nesse contexto, o sintoma
físico apresenta um correspondente simbólico associado ao fato traumático (de
origem sexual).

· Projeção: um dos mecanismos mais comumente encontrados consiste


em transferir tudo àquilo que, por meio dos conflitos internos, não é aceitável
pelo EGO. Desse modo, as pulsões (agressivas ou sexuais) são projetadas
para o exterior, atribuindo essas características intoleráveis a outros objetivos
(pessoas ou coisas).

· Deslocamento​: podemos pensa-lo como um variante da projeção;


nesse mecanismo os impulsos sexuais e de agressividade gerados na relação
com algum objeto, e por algum motivo não podem ser direcionados a ele, são,
então, deslocados a outros objetos, que viram alvos dessas “descargas não
realizadas”.

· Racionalização​: Frequentemente utilizada pelo EGO consciente, essa


defesa consiste em uma elaboração racional, lógica, de eventos, percepções
ou experiências que não podem ser compreendidas pelo psiquismo. Desse
modo, todo um constructo racional é elaborado para dar cabo desses
conteúdos incompreendidos.

· Formação reativa​: nessa defesa uma manifestação que fora recalcada,


em virtude do potencial sofrimento, é substituída por uma reação oposta, como
forma de lidar com a dificuldade em enfrentar esse sentimento. Como uma

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 25


pessoa, cruelmente violenta (inconscientemente reprimida) age de maneira
extremamente dócil.

· Sublimação​: nesse mecanismo as pulsões potencialmente destrutivas


são, por assim dizer, modificadas ou sublimadas e, com isso, passam a adquirir
uma realização positiva, socialmente aceita pela sociedade.

Como todo o avanço no campo psicanalítico, certas denominações e


conceitos vão sendo complementados, alterados ou revistos, uma vez, e pela
primeira vez, que ideias ligadas a essa área do conhecimento vinham sendo
pouco a pouco descobertas.

Como visto no módulo anterior do nosso curso, Freud divide a neurose


em dois aspectos, as ​neuroses atuais (neurastenia e neurose de angústia) e
as ​psiconeuroses​, também chamadas de neuroses de transferência (​fobia,
histeria e obsessão​).

Mais adiante Freud sugere uma ​neurose narcísica (remetendo ao


funcionamento psicótico), porém o conceito logo se perde dentro do quadro
neurótico, uma vez que pertence ao conjunto das psicoses.

Desse modo, é importante reforçar que, uma vez que a transferência é o


principal mecanismo para análise freudiana, somente as neuroses de
transferência (ou psiconeuroses), podem ser consideradas como passíveis de
análise pelo método freudiano.

Nesse ponto cabe, portanto, a exploração mais cuidadosa das


psiconeuroses, haja vista que são marcadamente componentes da estrutura
neurótica e, embora contenham características e dinâmicas próprias, não
podem ser isoladas, do ponto de vista da clínica, mas sim entendidas como
predominantes dentro da subjetividade do indivíduo.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 26


2.1.1 Fobia

Também chamada por Freud de histeria de angústia (não confundir com


histeria de conversão), essa modalidade da neurose tem como tema central a
fobia, caracterizando-se por uma “​combinação de pulsões, fantasias, angústias,
defesas do ego, e identificações patógenas​ (...)” (ZIMERMAN, 1999, p. 199).

Nesse sentido, a caracterização dessa patologia pode ser determinada


por vários aspectos, e seu grau de comprometimento pode ser tamanho que é
capaz de incapacitar ou paralisar o indivíduo dentro de suas ações.

Podendo ser facilmente se assimilar ao quadro clínico relacionado ao


“pânico”, as fobias apresentam uma circunstância bem delimitada, um objeto,
local, cenário, contexto... Bastando evitar essas vivências para que a angústia
cesse seu ímpeto.

Já nos transtornos relacionados ao pânico, a origem que desencadeia a


crise não pode ser tão claramente determinada.

Do ponto de vista etiológico, e pensando nas fases de desenvolvimento


psicossexual estudadas nesse capítulo, fica difícil discernir exatamente em que
fase a fixação pode desencadear essa psicopatologia (neurótica fóbica), uma
vez que vários critérios influenciam sua constituição.

Contudo, há que se pense, segundo Zimerman (1999), que uma


possível e válida gênese estaria calcada nas experiências durante a fase fálica
e os conflitos edipianos.

De fato, é nesse contexto que o complexo de castração se mostra


evidente e, com isso, os representantes ligados aos processos de individuação

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 27


e identificação ficam comprometidos, podendo-se vincular à representações
fóbicas.

Soma-se a isso, o sentimento vinculado ao desamparo, à angústia de


aniquilamento comumente verificado nessa fase do desenvolvimento. Um
exemplo, por meio do processo primário (simbolização e deslocamento), seria
a associação do medo do escuro ao sentimento da perda mãe e/ou de seu
amor.

Inevitavelmente são as experiências subjetivas, e a relação que a


criança tem com os sentimentos e vivências que lhe são proporcionadas, que
vão contribuir para o desenvolvimento dessa organização psíquica.

Às experiências nessa (ou em outras) fases podem, ou não, ser


atribuído um sentido, ou significado, a uma potencial experiência traumática,
como podemos ver no exemplo:

“(...) se diante de um trovão em dias de chuva a mãe se apavora


e cria um cenário de terror em casa, com mil recomendações para os
filhos, ela está criando um excelente caldo de cultura para a construção
de uma fobia. Se, pelo contrário, essa mãe encarar o trovão com
naturalidade e, melhor ainda, puder explicar que ele sempre acompanha
o relâmpago que resulta das leis da natureza, quando ocorre o encontro
de cargas eletromagnéticas positivas com as negativas, e que o trovão
vem depois do raio porque a luz se propaga com uma velocidade
muitíssimo superior que a do som, a criança fica tranquila, pelo menos
dessa fobia ela está livre, e, de “lambuja”, ainda fez um aprendizado.”
(ZIMERMAN, 1999, p. 201).

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 28


2.1.2 Obsessão-compulsão

Notoriamente conhecida por neurose obsessiva, dentro do meio


psicanalítico, essa psiconeurose constitui, juntamente à histeria, como um dos
principais quadros psicopatológicos dentro da clínica psicanalítica. No âmbito
da psiquiatria é conhecida como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Tais quais outras formas de organização psíquica neurótica, a obsessão


apresenta diversos níveis de impacto na vida do indivíduo, passando desde a
compor a subjetividade por traços obsessivos, o que sadiamente pode
determinar características positivas como disciplina, ordem, respeito, moral e
ética; até seu “aprisionamento” dentro da constante repetição de rituais,
obstinações, além de atos compulsivos sem nunca acabar, incapacitando a
vida do indivíduo.

Como aponta Zimerman (1999, p. 202) que relembra “(...) ​uma jovem
paciente, internada, que estava com as suas mãos em carne viva de tanto que,
o tempo todo, lavava-as, esfregando nelas energicamente um sabão”​ .

Nesse sentido é cabível pensarmos que o conflito psíquico encontra-se


no acometimento de pensamentos obsessivos (que ocorrem de forma
invasiva), sem compreensão consciente desses, e que confronta o EGO
(caráter egodistônico), o que faz com que haja uma mobilização, por meio de
comportamentos compulsivos, com a intenção de reparar esse conflito
psíquico, uma vez que esses conflitos estão relacionados conteúdos
angustiantes (relativos a valores morais, sexuais, traumáticos, entre outros) e
que se encontram inacessíveis ao consciente.

Do ponto de vista etiológico, apesar das imprecisões para determinar


exatamente a fase de desenvolvimento psicossexual atribuída às neuroses

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 29


obsessivas, é, em geral, uma fixação na fase anal em que se organização essa
estrutura.

É, de fato, um momento de muito delicado para o EGO, lidar com o


sentimento de ambivalência, de controle e, até mesmo, de uma relação
sadomasoquista interiorizada sob a forma de uma tensão entre EGO e
SUPEREGO cruel.

Com isso, nos é permitido pensar que a estrutura organizada dentro das
experiências subjetivas encontrar-se-á vinculada a marcas provenientes de:

· ​Pais ​com um superego demasiadamente rígido e/ou punitivo;

· ​Agressões ao EGO que não permitiram o desenvolvimento de sua


capacidade de síntese ou entendimento de contradições;

· Estruturalmente o EGO se vê em um ​conflito intra-sistêmico


(ID-EGO-SUPEREGO), uma vez que sofre, ao mesmo tempo, uma
submissão superegóica cruel e a pressão das demandas energéticas do
ID.

2.1.3 Histeria

Reconhecidamente encontrada na gênese da psicanálise, a histeria,


também conhecida como neurose histérica, é, talvez, a organização neurótica
que mais chega perto de uma “normalidade convencional” (vale ressaltar que
Freud possuía essa visão bem nítida entre o normal e o patológico).

Assim como outras estruturas neuróticas, a histeria apresenta uma


ampla variação em seu espectro, caminhando desde traços histéricos na
personalidade, até acometimentos mais severos e limitantes à vida do
indivíduo.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 30


Conceitualmente a histeria evoluiu desde sua compreensão inicial.
Advinda do grego ​histeros​, que significa útero, acreditava-se que as histéricas
seriam portadoras de transtornos psicológicos que foram acometidas por “maus
espíritos” e, portanto, eram submetidas a rituais de exorcismo por meio de
tortura (ZIMERMAN, 1999).

A influência do médico Charcot sobre o tratamento das histéricas


possibilitou a Freud o desenvolvimento de técnicas de tratamentos (entre a
hipnose e a associação livre) para o acometimento dessa patologia.

Etiologicamente falando a fixação libidinal para o acometimento histérico


estaria relacionado à fase fálica (ainda que tenha correspondentes na fase oral
e anal), atravessando, sobretudo, as questões edípicas. Nesse sentido o
“trauma sexual” é vivenciado de maneira passiva (como vimos de maneira real
ou fantasiosa).

Além disso, seria possível verificar um acentuado aspecto narcísico


dentro da formação da sua personalidade, o que resultaria em algumas
consequências, tais como,

“Uma preferência da histérica em ser amada, ao invés de


amar; logo, um exagerado culto ao corpo. A escolha do homem
seria conforme o ideal do homem que ela gostaria de ser. A
constante existência de uma “inveja do pênis”; de onde se origina
um “complexo de masculinidade”. Que a mulher procuraria
satisfazer por meio de algum filho; além de outros aspectos afins”
(ZIMERMAN, 1999, p. 208).

Como posto, a histeria apresenta um espectro vasto, sendo que os


quadros clínicos mais bem delimitados são a ​histeria de conversão e a
histeria dissociativa​.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 31


Na histeria de conversão os conflitos psíquicos são “convertidos” no
soma (corpo), tanto nos órgãos do sentido, acometendo-se cegueiras, surdez,
entre outros; como no sistema nervoso, gerando-se contraturas musculares,
paralisia de membros, etc.

Desse modo, dentro da organização psíquica, o corpo transparece, na


forma do sintoma, uma simbologia de seu conflito psíquico, tal qual ocorre nos
sonhos. Ou seja, o acometimento físico possui um, ou mais, representantes do
universo da psique.

“Um determinado sintoma conversivo pode conter muitos significados,


como pode servir de exemplo a tosse que acometia a célebre paciente Dora, e
que representava três aspectos: um simbolismo de sentimentos sexuais,
agressivos, narcisistas e melancólicos, uma forma de identificação com a tosse
da sra. K., sua rival sexual, e a aquisição de um ganho secundário”
(ZIMERMAN, 1999, p. 209).

Vale ressaltar, nesse momento, a ideia de ​ganho secundário​. Esse


conceito pode ser lido como uma espécie de “vantagem” que o indivíduo
adquire uma vez que seu comportamento (em geral patológico) pode gerar
uma espécie de ganho positivo.

Na histeria, por exemplo, o acometimento físico pode fazer com que a


pessoa receba cuidados extremos e/ou tenha a complacência dos outros. Por
trás dessa ação, a necessidade/desejo de assumir o papel de vítima, que
implora por atenção, carinhos, cuidados; e, graças aos sintomas, essa
realização é alcançada sendo, portanto, um ganho secundário.

A histeria dissociativa, como seu próprio nome diz, remete “​ao fato de
que diversas representações distintas coexistem dentro do ego, dissociadas
entre si, e que emergem separadamente na consciência de acordo com
determinadas necessidades e circunstâncias”​ (ZIMERMAN, 1999, p.209).

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 32


Ou seja, o estímulo é sentido de uma maneira tamanha que, atitudes
desconexas e que não apresentam certo “sentido lógico” (e, portanto,
dissociadas) levando-se a estados extremos sensações de despersonalização,
ataques epiléticos, desmaios, entre outros.

Um exemplo claro, e rotineiro, poderia ser atribuído ao medo de barata.

A sensação repulsiva e asquerosa sentida é de uma magnitude tão


grande (e certamente advém de uma vivência passada, mantendo-se seu
representante inacessível ao consciente), que se sobe em uma cadeira, por
exemplo, e grita-se incessantemente, em um desespero, quase que
enlouquecedor, como se a ameaça fosse atentada à própria vida.

Do ponto de vista psiquiátrico, além do entendimento dessas histerias


(conversiva e dissociativa), compreende-se um conceito mais amplo,
abrangente, que aborda a ideia de transtornos, cada qual com suas
características específicas, tais como transtorno de personalidade histérica,
personalidade infantil-dependente, transtorno de personalidade histriônica,
entre outras que, uma vez consideradas do ponto de vista médico, não serão
abordadas em detalhes nesse curso.

2.2 As psicoses

Uma ideia conceitual, e fundamental, para iniciarmos o entendimento


dessa organização psíquica para a psicanálise, pode ser encontrada nas
palavras de Laplanche & Pontalis (1998).

“Fundamentalmente, é numa perturbação primária da relação


libidinal com a realidade que a teoria psicanalítica vê o denominador
comum das psicoses, onde a maioria dos sintomas manifestos

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 33


(particularmente construção delirante) são tentativas secundárias de
restauração do laço objetal” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998, p. 390).

Nesse sentido nos é permitido pensar que o principal conflito


encontra-se entre o EGO e a realidade. Ou seja, o EGO está tão
desorganizado e/ou fragmentado que há um sério comprometimento de seu
funcionamento e, dentro de sua angústia, o EGO passa a ficar sob o domínio
do ID (na neurose, o EGO busca atender as exigências da realidade, enquanto
busca satisfazer as pulsões do ID – conflito desejo x defesa) que, através de
seus desejos, em um segundo esforço (o delírio), uma nova realidade seria
criada para que o sujeito pudesse suportar seu sofrimento.

No tocante às definições conceituais, sob o ponto de vista psicanalítico,


as ideias ligadas à psicose apareceriam na obra Freudiana na alcunha de
parafrenia (certas psicoses delirantes crônicas que não traziam
comprometimento intelectual), num sentido que englobasse a paranoia e a
esquizofrenia, como posto em “Sobre o Narcisismo: uma introdução, 1914”.

Outro termo que caiu em desuso, e que também fazia alusão às


estruturas psicóticas é a neurose narcísica, que consistia em uma doença
mental que caracterizada a retirada da libido sobre o EGO. (LAPLANCHE &
PONTALIS, 1998).

Vale ressaltar, nesse ponto, que dois importantes autores da psicanálise


dedicaram e investiram seu tempo em versar sobre a estrutura psicótica, cada
qual em seu percurso profissional e a sua maneira, falo de Melanie Klein e
Wilfred Bion.

Dizemos, em linhas gerais, que a psicose é uma organização muito


primitiva, isso nos implica pensar que, assim como os pontos de fixação
abordados na etiologia das neuroses, as experiências subjetivas e os eventos
traumáticos rementem às fases de desenvolvimento mais iniciais.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 34


Não entraremos, como fizemos nas neuroses, na estratificação das
faixas etárias, pois há uma diversidade de entendimentos (variável pelo ponto
de vista e teoria de diferentes autores) sobre esses “momentos iniciais” e a
repercussão das experiências na formação da organização psíquica.

Fato é que, retomando a ideia central do conceito, sobretudo sob a ótica


freudiana, existem duas etapas dentro do processo da organização psicótica.

Em um primeiro momento há um distanciamento do EGO, graças aos


estímulos vividos, da realidade, como forma de evitar o contato com essas
sensações/sentimentos angustiantes (e inomináveis); em um segundo
movimento, como forma de reparar esse distanciamento, o ID é responsável
por proporcionar uma nova possibilidade de vivência com a realidade que o
cerca, criando, portanto, uma nova realidade.

Tal qual a neurose, a psicose também se encontra “espalhada” sobre


um grande espectro de manifestações, tanto da personalidade (pensando em
formas de funcionamento psíquico), como psicopatológicas (sintomática).
Nesse sentido, sob a base clínica, é possível compreendê-la em três
subcategorias, os ​estados psicóticos​, as ​condições psicóticas​, as ​psicoses
propriamente ditas​ (ZIMERMAN, 1999).

Na compreensão dos estados psicóticos podemos pensar que seriam


pessoas apresentam uma relativa capacidade de adaptação com o mundo
exterior. Estão, portanto, mais “próximos” à neurose o que nos faz entender
que algumas “áreas” da estrutura egóica estão preservadas.

É o caso, por exemplo dos pacientes conhecidos como ​borderline​, ou


seja, àqueles que se encontram numa condição limite, quase que como em
uma fronteira entre as neuroses e as psicoses.

Nas condições psicóticas os pacientes mantêm, em sua estrutura,


alguns “núcleos psicóticos”. Isso em implica compreender que há uma

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 35


organização mais elaborada em que o paciente se mostra aparentemente bem
adaptado ao meio social.

Contudo, devido à presença considerável desses núcleos psicóticos, há


uma tendência a recorrer à mecanismos mais primitivos (de ordem psicótica),
quando se estabelece uma angústia ou uma ansiedade.

Bion denominou essas condições como sendo “parte psicótica da


personalidade”, ou seja, determinados comportamentos e/ou defesas psicóticas
podem compor a personalidade do sujeito, deixando-o suscetível a crises
dessa ordem.

Nas psicoses propriamente ditas temos, portanto, toda a organização


psíquica calcada nesse modelo. Tal qual a neurose, podemos compreendê-la
como sendo dotada de mecanismos de comunicação e linguagem com o
mundo externo, além de mecanismos de defesas próprios, justamente para que
seja possível lidar com as ameaças ao EGO.

Dentro da clínica, sob o ponto de vista psicanalítico (principalmente


pensando em Freud), podemos elencar três organizações específicas ou
subestruturas psicóticas, a esquizofrenia, a paranoia e a melancolia (e sua
condição maníaco-depressiva)

Nesse sentido podemos compreender, assim como a fase de


organização psíquica da psicose, que os mecanismos de defesa são
igualmente primitivos, e mobilizam com mais intensidade, por assim dizer, a
demanda que deve ser suportada pelo frágil EGO. Entre elas estão:

· ​Forclusão (repúdio)​: conceito incutido por Lacan é, talvez, um dos


mecanismos mais primitivos de defesa, na qual há uma ​“negação extensiva à
realidade exterior e substituí-la pela criação de uma outra realidade ficcional”
(ZIMERMAN, 1999, p. 128). Está relacionada à alucinação, uma vez que os
conteúdos representativos (significantes, em Lacan) não foram integrados ao

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 36


inconsciente do sujeito e, portanto alucina-se, como forma de preenchimento
da ausência angustiante.

· ​Recusa​: também compreendida como um processo de negação, essa


defesa “menos agressiva” que a forclusão, é realizada de modo parcial pelo
EGO, ou seja, seria uma negação feita por uma das partes da estrutura egóica.
Isso implica em compreender que o sujeito nega o entendimento da verdade
mas compreende que, bem no seu âmago, ela existe. É uma defesa que
acomete tanto a estrutura psicótica, como a perversa, dentro do fetichismo.

· ​Dissociação​: é uma defesa resultante da combinação de uma


onipotente capacidade do EGO em realizar dissociações, no sentido de romper
com determinadas pulsões, objetos, afetos e também, partes do próprio EGO.
A partir desse movimento do sujeito, essa defesa segue na forma de projeção,
introjeção, idealização ou identificação projetiva, como veremos a seguir.

· ​Projeção​: graças à dissociação, os sentimentos, qualidades, desejos


do sujeito e que são desconhecidos ou recusados por ele, são expulsos de si e
depositadas em outro (pessoa ou coisa). É muito comum pessoas atacarem
alguém, por exemplo, extremamente autoritário, quando na verdade, há uma
negação dessa sua característica e o reconhecimento dela no outro.

· ​Introjeção​: como forma de não sentir as angústias e todo mal que á


dentro do sujeito (de maneira representativa) há uma introjeção (movimento de
fora para dentro) de conteúdos extremamente bons, como forma de se
defender das ameaças dos objetos internos ruins.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 37


· ​Idealização​: na tentativa de defender o psiquismo do desamparo e
impotência, vividas e registradas inconscientemente, há um processo de
idealização de si em suas instâncias ideais, ideal do ego e ego ideal (conceitos
que serão discutidos mais amplamente quando tratarmos do narcisismo); ou a
idealização do outro. Desse modo, parte do EGO ou do outro são
extremamente enaltecidas, como forma de suprimir o sentimento angustiante
do abandono e da fragilidade.

· ​Identificação projetiva​: conceito cunhado por Melanie Klein, trata-se


de um mecanismo fantasmático de projeção dos conteúdos intoleráveis e que
introduz sua própria pessoa, parcial ou totalmente, no interior do objeto (o
outro), na tentativa de lesá-lo, possuí-lo ou controlá-lo. Nesse sentido, não
haveria diferenças entre o sujeito e o objeto, entre a realidade externa e
interna.

2.2.1 Esquizofrenia

O termo esquizofrenia advém do grego, cujo significado está em clivar


(dividir) o espírito. É, portanto uma subjetividade caracterizada pelo movimento
de dissociação, na qual há

“(...) a incoerência do pensamento, da ação e da afetividade


(designada pelos termos clássicos discordância, dissociação,
desagregação), o afastamento da realidade com um dobrar-se sobre si
mesmo e predominância de uma vida interior entregue às produções
fantasísticas (autismo), uma atividade delirante mais ou menos
acentuada e sempre mal sistematizada” (LAPLANCHE & PONTALIS,
1998, p. 158).

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 38


É parte, portanto, de uma estrutura psíquica bastante regredida, que tem
sua etiologia marcada pelas fases mais iniciais da vida.

Como posto, alguns autores dedicaram, mais do que Freud, a investigar


mais e melhor sobre essa subjetividade o que implica pensarmos em
diferenças, tanto de organização psíquica como na prática clínica.

Algumas ideias trazidas por Bion podem ajudar a compreender melhor


alguns mecanismos das psicoses, a exemplo da existência de uma poderosa
pulsão destrutiva (pulsão de morte) dirigida ao próprio sujeito, fazendo emanar
uma intensa angústia de aniquilamento (termo cunhado por Klein e que remete
à angustia experienciada pelo bebê ao se deparar com a pulsão de morte;
seria, assim, a primeira angústia vivida pela criança.

Ainda nesse sentido, verifica-se um grande ódio à realidade, tanto


interna como externa, a psique “prefere” manter-se imersa ao mundo das
ilusões, escolhendo os estados ilusórios à constituição de vínculos.

Com isso, há uma perda na discriminação do que é real e do que é


“falso”, tanto do próprio Eu, como de tudo que está fora dele.

A exemplo de quando o esquizofrênico alucina (ouve vozes por


exemplo), como pensar que essa experiência não é real?

Cabe ainda pensarmos na dificuldade no processo de simbolização, ou


seja, uma dificuldade no processo do pensamento/conhecimento/linguagem, na
qual o universo simbólico não seria devidamente organizado, adquirindo-se,
portanto, uma literalidade no entendimento das coisas.

Por exemplo, ao pensarmos na expressão “chover canivete”, para a


estrutura neurótica, em geral, há um entendimento de uma simbolização de
algo muito improvável de acontecer; porém, para os psicóticos pensar essa

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 39


estrutura seria acreditar que, de fato, canivetes poderiam cair do céu, de
maneira literal.

2.2.2 Paranoia

Nessa subestrutura psicótica temos uma organização mais ou menos


sistematizada, ou seja, pelo predomínio da interpretação e pela ausência de
enfraquecimento intelectual, quando comparada, por exemplo, à esquizofrenia.

O delírio, distorção na interpretação dos estímulos externos,


vivenciando-os de maneira diferentes (perda de contato com a realidade), é
uma característica bastante presente nos paranoicos, tal como aponta Freud
nos delírios de perseguição, ciúme e grandeza, entre outros (LAPLANCHE &
PONTALIS, 1998).

Nesse sentido é comum, nos momentos de crise, que o delírio acometa


o paranoico, no sentido de despertar e acentuar suas ansiedades. Por
exemplo, no delírio de perseguição, o indivíduo tem a convicção de que está
sendo perseguido constantemente, seja como forma de observação, seja com
o intuito de matá-lo.

Ou nos delírios de grandeza, no qual o sujeito sente-se e acredita ser a


pessoa mais importante do mundo, sendo sua existência essencial para a
sociedade.

2.2.3 Melancolia (maníaco-depressivo)

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 40


No ano de 1917, Freud escreve o célebre texto “Luto e Melancolia”, no
qual discorre sobre essas temáticas, conceituando-as e assinalando suas
convergências e divergências.

Nesse sentido, há um entendimento que, nos quadros melancólicos, nas


palavras de Freud, “a sombra do objeto cai sobre o ego”; isso nos permite
compreender que há uma identificação com determinado objeto (pessoa,
situação, experiência) de tal maneira que o sujeito sente esse objeto como
parte de si.

Ou seja, ao invés de estabelecer uma relação de investimento objetal


(forma natural de se relacionar com pessoas e situações), há uma profunda
identificação. Por exemplo, em uma relação mãe-filho, as falhas presentes na
construção do sujeito (filho) foram tão grandes e arcaicas que, fatalmente, ele
precisará de outro para realizar suas funções egóicas, criando-se, por
identificação, certa simbiose com esse objeto (mãe).

Nesse sentido, quando há a perda desse objeto, em nosso exemplo a


mãe, parte do EGO também se vê perdido, ocasionando seu enfraquecimento
e empobrecimento, acarretando em uma profunda e angustiante dor, como
partes de si também morressem, constituem, portanto, um estado melancólico.

Desse modo, de maneira inconsciente, o sujeito não sabe o que se


perdeu nesse processo (da perda do objeto) e, com isso entra em um profundo
desanimo e inibição da realidade, a perda da capacidade de amar, e um
desinteresse generalizado do mundo externo, buscando, em casos extremos, o
suicídio.

Além disso, volta-se ao ego uma constante força de auto recriminação,


como se a própria pessoa fosse culpada pela perda do objeto.

Ainda nesse contexto, para avançarmos no entendimento dessa


estrutura psicótica, é preciso conceituarmos algumas ideias, propostas por

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 41


Freud, justamente para que possamos compreender a dinâmica do sujeito
melancólico.

Cabe então compreendermos a ideia de ​ideal do ego (ou ideal do eu):


“​formação intrapsíquica relativamente autônoma que serve de referência ao
ego para apreciar as suas realizações afetivas”​ (LAPLANCHE & PONTALIS,
1998, p. 222).

Sua origem está na convergência do narcisismo secundário (retorno ao


ego da libido retirada dos seus investimentos objetais). Isso nos permite pensar
que, tal qual o superego, instancia reguladora pelo castigo, o ideal do ego se
caracterizaria por uma instância, também balizadora, mas que carrega em si as
bases e referências para a construção de imagens e modelos ideais de
desenvolvimento, como uma referência inatingível.

A melancolia é, em si, o que Freud chamou (mas que logo perdeu-se


como conceito) de neurose narcísica, denotando uma dificuldade ou
impossibilidade de transferência libidinal.

E, em termos de dinâmica das instâncias psíquicas, podemos


compreender essa organização melancólica como sendo um conflito entre o
EGO e o IDEAL DO EGO.

Nos processos depressivos temos que o ego se subjuga ao ideal do


ego, deixando o sujeito com baixa autoestima, sentimentos de culpa, alto nível
de exigência consigo próprio, sentimento de perda de amor e de que seus
desejos são inalcançáveis.

Por outro lado, quando o ideal do ego se subjuga ao ego, há uma


supervalorização egóica como se o sujeito fosse superior a tudo e a todos.
Busca, portanto, aceitação, prestígio e necessidade de grandeza.

Desse modo, no estado conhecido como maníaco-depressivo, há uma


alternância desses dois estados, por meio da disputa conflituosa entre o ego e

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 42


o ideal do ego. Ou ainda, na linguagem psiquiátrica, transtorno de
personalidade bipolar.

2.3 As perversões

Esse conceito, ao longo da história, sofre inúmeras modificações


enquanto entendimento dentro da área da psicanálise.

O que Freud define e tenta elaborar enquanto constructo se refere a


desvios sexuais que foge àquilo dito como “normal” (obtenção do orgasmo a
partir do coito genital), como forma de obtenção de prazer.

Sendo assim, como posto, o orgasmo (satisfação/prazer) poderia estar


vinculado a ​outros objetos sexuais​, tais como a homossexualidade, a
pedofilia, entre outros; por ​outras zonas corporais​, a exemplo do coito anal; e,
também, quando a obtenção de prazer está ​subordinada de forma imperiosa
a determinadas situações externas, como o fetichismo, o exibicionismo, o
sadomasoquismo, entre outros (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998).

Desse modo, a ideia de perversão foge ao senso comum do que


entendido como perversidade, uma vez que a perversão é entendida como
uma estrutura psíquica própria, tais quais as neuroses e psicoses.

Ou seja, existe, na perversão, um modo de se relacionar com o mundo,


de estabelecer relações, de apresentar modos de sofrer, e, também, modos de
obtenção de prazer.

Sendo assim, é uma estrutura psíquica, dentro da clínica psicanalítica


responsável por organizar a personalidade do individuo. Diferentemente da

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 43


ideia de perversidade que carrega, em si, uma ideia de conceito moral, que, em
suas atitudes são repudiadas enquanto pactos/leis sociais.

Uma ideia incutida por Freud traz a noção de que “​as neurose são, por
assim dizer, o negativo das perversões​” (FREUD, 1905, p. 168). Essa ideia
surge como forma de compreender a relação de ambas as estruturas psíquicas
com a satisfação.

Enquanto o neurótico, através do ego, atende as exigências do


ambiente, reprimindo/recalcando as ideais angustiantes, o perverso realiza, de
fato, seu desejo (sexual) sem sentimento de culpa. É, portanto, capaz de saber
o que quer (o que dá prazer) e assim realiza-lo, enquanto, para o neurótico,
esse desejo de satisfação acaba por ser reprimido.

Não é incomum a admiração do perverso pelo neurótico, uma vez que é


possível ver, na figura do outro, a realização literal do seu desejo recalcado.

Já mais amadurecido nas investigações acerca dessa temática Freud


escreve “O Fetichismo” em 1927, estabelecendo a ideia de uma gênese para o
funcionamento psíquico da perversão.

A perversão estaria ligada, sobretudo, às defesas de renegação (ou


recusa) vinculadas à angústia de castração. Nesse sentido, haveria uma
recusa perceptível, uma recusa de saber reconhecer a ausência do falo no
outro (representada pela ideia do corpo da mãe, na qual, simbolicamente,
haveria a ausência do pênis/falo).

E, na dificuldade de elaborar esse entendimento simbólico, o perverso


colocaria, nesse lugar, outra forma de subjetivação que seria o fetiche. Sendo
assim,

“(...) o sujeito sabe que a mulher não tem pênis; no entanto, para
negar a sua fantasia de que esta falta deve-se a uma castração que, de
fato, tenha ocorrido, ele renega a verdade com um pensamento tipo
“não, não é verdade que a mulher não tem pênis” e reforça essa falsa

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 44


crença com a criação de algum fetiche, como pode ser uma adoração
por sapatos, etc.” (ZIMERMAN, 1999, p. 128).

Ou seja, como forma de negar/recusar essa angústia o perverso tende a


precisar do outro para que sua organização, sobretudo no sentido do prazer, se
constitua de maneira satisfatória.

Contudo, esse lugar que o outro assume não está integrado, mas sim
submetido ao funcionamento de pulsões parciais. Desse modo, a exemplo do
fetichismo, a busca de prazer está vinculada a parcialidades, como àqueles
que são capazes de sentir prazer na relação com os pés da outra pessoa.

Vale ressaltar, nesse ponto, um conceito importante e que considera a


fase de desenvolvimento psicossexual, toda criança é uma ​perversa
polimorfa​.

Isso implica pensarmos que a busca por satisfação na criança está


vinculada às parcialidades, como posto, conforme o capítulo das fases de
desenvolvimento psicossexual, ora a erotização está na boca, ora no ânus, e
assim por diante.

Do ponto de vista da estruturação clínica a perversão pode ser dividia,


também, em subestruturas que apresentam relações específicas com às
formas de organização e relacionamento com o outro, sobretudo na busca pelo
prazer. São elas o fetichismo, o sadismo e o masoquismo.

2.3.1 Fetichismo

O fetichismo pode ser caracterizado, como verificamos, a uma produção


proveniente à recusa da angustia de castração.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 45


A dificuldade dessa elaboração na fase fálica, perceptível com a
diferença dos sexos (presença e ausência do falo) é evidenciada e vivenciada
como uma experiência de horror, uma vez que a possibilidade da castração é
real, e sentida tal qual a perda de seu objeto de amor (mãe), assim como seu
pênis.

“O horror da castração ergueu um monumento a si próprio na


criação deste substituto, fazendo do fetiche um indício do triunfo sobre a
ameaça da castração e uma proteção contra ela... Na vida posterior, o
fetichista sente desfrutar de ainda outra vantagem de seu substituto de
um órgão genital. O significado do fetiche não é conhecido por outras
pessoas, de modo que não é retirado do fetichista; é facilmente
acessível e pode prontamente conseguir a satisfação sexual ligada a
ele. Aquilo pelo qual os outros homens têm de implorar e se esforçar
pode ser tido pelo fetichista sem qualquer dificuldade” (FREUD, 1927)

Nesse sentido, essa simbolização não é realizada na estrutura do


perverso, fazendo com que outra “coisa” assuma o lugar desse objeto de
desejo.

Considerando a ideia de “pulsões sexuais parciais” para a obtenção do


prazer, seja o fetiche por objetos (peças íntimas, roupas diferenciadas, entre
outros), por partes do corpo (mãos, pés, nádegas...) ou ainda por situações
extrínsecas (como o voyeurismo ou observação, o exibicionismo, o travestimos,
entre outros).

A partir a ideia do fetichismo é possível compreendermos as outras suas


modalidades clínicas da perversão.

Quando o sujeito assume-se, digamos “ao lado” do fetichismo temos


uma organização masoquista e, ao contrário, quando o outro assume essa
posição temos, portanto, o sadismo.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 46


2.3.2 Sadismo

Nessa organização específica da perversão, a outra pessoa é objeto do


fetiche e, para tanto, o sádico terá sua satisfação/prazer alcançada por meio do
sofrimento/humilhação dirigida ao outro.

De maneira fantasiosa, o desejo de dar vazão a uma pulsão sexual que


vai ao sentido da dominação, de admitir-se como posse e/ou a submissão à
força.

2.3.3 Masoquismo

O masoquismo, por sua vez, está ligado à ideia do sofrimento e


humilhação ao qual o sujeito se submete como forma de obter prazer. Ou seja,
é uma busca de prazer pelo desprazer. Assumir a posição de dominado, de
quem sofre a dor para, assim, sentir prazer sexual.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 47


INDICAÇÃO DE LEITURA

Algumas indicações contam com links disponíveis (leituras opcionais).

Para fins de estudos para o Curso, algumas obras não seriam para leitura
completa, mas apenas recomendações dos capítulos ou das páginas indicadas
abaixo.

1) Freud. Primeiras publicações psicanalíticas (1893-1899) – VOLUME III.

Ler texto​: ​A sexualidade na etiologia das neuroses (1898).

Clique aqui para ler​, ou acesse https://goo.gl/WPoeGz

2) Freud. O futuro de uma ilusão (1927-1931) – VOLUME XXI

Ler texto​: ​Fetichismo (1927).

Clique aqui para ler​, ou acesse ​https://goo.gl/2pfXnf

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 48


3) Artigo: ​A psicopatia a partir da Psicanálise: desmistificando a mídia
(2015).

Clique aqui para ler​, ​ou acesse ​https://goo.gl/AhS4pQ

4) Artigo: ​Melancolia e Depressão: Um estudo psicanalítico (2014).

Clique aqui para ler​, ​ou acesse​ https://goo.gl/iBhcsU

5) Filme: ​Melhor é impossível (1997).

Não encontramos o filme disponível no Youtube ou em outras plataformas


abertas de vídeo. O filme é opcional, portanto. Ainda assim, recomendamos que
o aluno o encontre em site de filmes ou em aplicativos de ​streaming.​

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 49


Referências bibliográficas

FINE, R; ​A história da psicanálise​. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e


Científicos, 1981.

FREUD, S. ​Três ensaios sobre a sexualidade (1905)​. Obras completas de


Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

________ Fetichismo (1927). Obras completas de Sigmund Freud. Rio de


Janeiro: Imago, 1996.

LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. ​Vocabulário da Psicanálise​. São Paulo:


Martins Fontes, 1996.

MANNONI, O; ​Freud: uma biografia ilustrada​. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,


1994.

VALENTE, N; ​Psicanálise freudiana: uma análise atual ao alcance de todas


as mentes.​ São Paulo: Ed. Panorama, 2002.

VENTURA, Rodrigo. ​Os paradoxos do conceito de resistência: do mesmo à


diferença.​ Estud. psicanal., Belo Horizonte, n. 32, nov. 2009 .

ZIMERMAN, D. E. ​Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica​.


Porto Alegre: Artmed, 1999.

WOLLHEIN, R. ​As ideias de Freud​. São Paulo: Círculo do Livro, 1971.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 50

You might also like